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Espelhos e seções cônicas Paolino Roberto Rosi SERVIÇO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO ICMC-USP Data de Depósito: Assinatura:_____________________ Paolino Roberto Rosi Espelhos e seções cônicas Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências – Programa de Mestrado Profissional em Matemática. VERSÃO REVISADA. Área de Concentração: Matemática. Orientador: Prof. Dr. Miguel Vinícius Santini Frasson USP – São Carlos Fevereiro de 2017 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Achille Bassi e Seção Técnica de Informática, ICMC/USP, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) R819e Rosi, Paolino Roberto Espelhos e seções cônicas / Paolino Roberto Rosi; orientador Miguel Vinícius Santini Frasson. -- São Carlos, 2017. 56 p. Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional) -- Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, Universidade de São Paulo, 2017. 1. Cônicas. 2. Aplicações das cônicas. 3. Propriedade reflexiva das cônicas. 4. Esferas de Dandelin. I. Frasson, Miguel Vinícius Santini, orient. II. Título. Paolino Roberto Rosi Mirrors and conic sections Master dissertation submitted to the Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC- USP, in partial fulfillment of the requirements for the degree of the Master Program in Professional Master’s Program in Mathematics. FINAL VERSION. Concentration Area: Mathematics. Advisor: Prof. Dr. Miguel Vinícius Santini Frasson USP – São Carlos February 2017 Dedico este trabalho à minha esposa, Flavia, companheira amada e incentivadora deste projeto, aos meus amados filhos Vinícius e Maria Fernanda, por entenderem a necessidade dos momentos de ausência e aos meus pais que tanto amo Francisco e Edna. 1 2 Agradecimentos A Deus por me proporcionar paciência e coragem; À minha esposa por me auxiliar de diversas maneiras; Aos meus colegas de turma, companheiros de luta; E ao Prof. Miguel, pela paciência, dedicação e incentivo. 3 4 Resumo Esta pesquisa tem por objetivo investigar as aplicações das cônicas no pro- cesso de ensino e aprendizagem, dando uma ampla visão histórica e aplicada do conteúdo em questão. Serão dadas as definições, propriedades, equações e conceitos das cônicas. Classificaremos cônicas a partir de sua equação geral. Apresentaremos as esferas de Dandelin e daremos algumas aplicações das cônicas. Palavras-chave: cônicas; aplicações das cônicas; propriedade reflexiva das cônicas; esferas de Dandelin. 5 6 Abstract This research aims to investigate conic sections in the process of teaching and learning, providing a broad historic and applied view of the subject. It will be discussed definitions, properties, equations and concepts of the conic sections. We classify them from their general equation. We present the Dandelin spheres and provide applications of the conics. Keywords : conics; applications of the conics; reflexive property of the conics; Dandelin spheres. 7 8 Sumário Introdução 11 1 Surgimento das cônicas 13 2 A parábola 17 2.1 Definição geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.1.1 Elementos de uma parábola . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.2 Equação reduzida da parábola . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.2.1 Parábola com eixo de simetria sobre o eixo x, vértice na origem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.2.2 Parábola com eixo de simetria sobre o eixo y, vértice na origem e foco acima do vértice . . . . . . . . . . . . 20 2.2.3 Parábola com vértice fora da origem e diretriz vertical 21 2.2.4 Parábola com vértice fora da origem e diretriz horizontal 21 2.3 Função quadrática e a parábola . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 3 Elipse 25 3.1 Definição geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.1.1 Elementos de uma elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.2 Equação reduzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3.2.1 Elipse com centro na origem e focos sobre o eixo x . . . 26 3.2.2 Elipse com centro fora da origem e eixo maior paralelo ao eixo x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4 Hipérbole 29 4.1 Definição geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 4.1.1 Elementos de uma hipérbole . . . . . . . . . . . . . . . 29 4.2 Equação reduzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 9 4.2.1 Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo x 30 4.2.2 Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo y . 32 4.2.3 Hipérbole com centro fora da origem e eixo real para- lelo ao eixo x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.2.4 Hipérbole com centro fora da origem e eixo real para- lelo ao eixo y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 5 Equação geral das cônicas 37 5.1 Eliminando o termo misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 5.2 Eliminando os termos lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 5.3 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 6 As esferas de Dandelin 41 6.1 Elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 6.2 Hipérbole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 6.3 Parábola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 7 Aplicações das cônicas 47 7.1 Espelhos parabólicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 7.2 Espelhos elípticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 7.3 Espelhos hiperbólicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 7.4 Sistema de navegação LORAN . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 10 Introdução A presente pesquisa buscou investigar as aplicações das cônicas no processo de ensino e aprendizagem do correspondente conteúdo matemático e pretende auxiliar os professores a dar uma ampla visão histórica e principalmente apli- cada do conteúdo em questão. Ao pesquisar sobre o assunto na bibliografia, nota-se o fato de que no documento Proposta Curricular do Estado de São Paulo, disciplina matemática – ensino fundamental, ciclo II e ensino mé- dio (2008), está proposta a organização dos conteúdos contribuindo para a discussão e reflexão, norteando desse modo a prática docente nos diferentes ciclos do ensino; expõe que, para a 3ª série do ensino médio, deve haver a noção e aplicação das cônicas, e o que queremos é explorar principalmente as aplicações da parábola, da elipse e da hipérbole, despertando assim o inte- resse dos alunos, que muitas vezes questionam para que servem determinados conteúdos. Esse trabalho apresenta-se assim estruturado: No Capítulo 1, farei uma descrição da história das cônicas e dos grandes pensadores que as estudaram já desde séculos antes de Cristo, tentando fazer uma ligação sobre o que é pesquisar, que pode parecer não muito impor- tante em um primeiro momento mas fica evidente pelas inúmeras aplicações cotidianas. No Capítulo 2, relatarei sobre a parábola, definindo e mostrando as prin- cipais propriedades e conceitos que são estudados no ensino médio, para posteriormente no capítulo final poder tratar algumas de suas aplicações. No Capítulo 3, tratarei a respeito da elipse, também definindo e mos- trando suas principais propriedades que são discutidas no ensino médio, para poder relatar posteriormente no Capítulo 7 algumas de suas aplicações. No Capítulo 4, discutirei sobre a hipérbole, definindo e mostrando os principais conceitos que são vistos no ensino médio, para dessa forma poder tratar de suas aplicações. 11 No Capítulo 5, analisarei uma cônica por sua equaçãogeral, transfor- mando essa equação na forma reduzida, conseguindo assim identificar de qual cônica se trata. No Capítulo 6, demonstrarei como Germinal Dandelin e Adolphe Que- telet mostraram que a elipse, a hipérbole e a parábola podem ser obtidas seccionando-se um cone duplo por meio de um plano de inclinação variável em relação ao seu eixo. No Capítulo 7, demonstrarei a propriedade reflexiva das cônicas e exem- plificarei esse fato mostrando algumas de suas principais aplicações. O sis- tema de navegação LORAN também será estudado. 12 Capítulo 1 Surgimento das cônicas If I have seen further it is by standing on the shoulders of Giants. (Se vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.) Isaac Newton. Nosso principal objetivo no capítulo que se segue é desenvolver um breve panorama histórico acerca dos mais diferentes estudos matemáticos já reali- zados sobre o tema. Procuraremos sobretudo, apontar e discutir brevemente as origens das cônicas e a trajetória do seu desenvolvimento na longa história da matemática. Como início deste percurso histórico, gostaríamos de referenciar o impor- tante artigo de Venturi, intitulado “O segundo problema clássico da Geome- tria: a duplicação do cubo” [19]. No artigo, o autor narra um antigo problema com o qual se depararam os atenienses e a sua insatisfatória resposta diante da exigência do Oráculo. Segundo Venturi: Conta uma lenda que, em 429 a.C., durante o cerco espartano na Guerra do Peloponeso, uma peste dizimou um quarto da popu- lação de Atenas, matando inclusive Péricles, e que uma plêiade de sábios fora enviada ao oráculo de Apolo, em Delfos, para in- quirir como a peste poderia ser eliminada. O oráculo respondeu que o altar cúbico de Apolo deveria ser duplicado. Os atenienses celeremente dobraram as medidas das arestas do cubo. Apesar da presteza dos atenienses em obedecer às vontades do deus Apolo, deus da verdade, da ordem e da medida, a solução por eles encontrada não 13 era a fiel execução da exigência. O que está errado, pois, a solução de do- brar as arestas do cubo, tendo em vista que ao invés de dobrar o altar, eles octuplicaram o volume do cubo. A mesma questão de duplicação de um cubo aparece envolvendo um ou- tro problema na antiguidade, dessa vez envolvendo o túmulo do filho do rei Minos. Conforme relata Eves, em “Introdução a história da matemática”: “Há indícios de que o problema da duplicação do cubo possa ter se originado nas palavras de algum poeta grego antigo (talvez Eurí- pedes), ignorante em matemática, ao descrever a insatisfação do mítico rei Minos com o tamanho do túmulo erguido para seu filho Glauco. Minos ordenou que o tamanho do túmulo fosse dobrado. O poeta fez então Minos aduzir, incorretamente, que isso poderia ser feito dobrando-se cada uma das dimensões do túmulo. Essa falha matemática da parte do poeta levou os geômetras a abra- çar o problema de como dobrar um dado sólido mantendo-se sua forma” [5, p.135]. O fato é que não se sabe ao certo o verdadeiro problema de dobrar o volume de um paralelepípedo, seja ele um cubo ou não. O mais interessante, em todas essas histórias é que, finalmente, Menaecmus, por volta de 350 a.C. foi o inventor das curvas parábola, elipse e hipérbole. Tais invenções seriam aquelas empregadas por ele na resolução do problema da duplicação do cubo. Menaecmus obteve, geometricamente, o ponto de interseção da parábola x2 = 2y com a hipérbole xy = 1, a solução é x = 3 √ 2. Euclides de Alexandria (325 a.C.–265 a.C.), autor do mais antigo livro de matemática ainda utilizado nos dias de hoje, só perdendo em número de edições para a Bíblia, escreveu sobre as seções cônicas em uma de suas obras, intitulada “Cônicas”, infelizmente perdida. Arquimedes, nascido em 287 a.C. na cidade de Siracusa, escreveu entre muitas outras obras o tratado “A Quadratura da Parábola”, no qual realizou a grande proeza de mostrar como calcular, pelo método da exaustão, a área de qualquer segmento de parábola, que é a superfície delimitada por um arco de uma parábola e um segmento de reta que intersecta esse arco em dois pontos. Além disso, no seu tratado “Sobre Conoides e Esferoides”, Arquime- des estudou elipses, hipérboles e parábolas. O livro possui 32 proposições, e em uma dessas (a Proposição 4), mostra que a área da elipse de semieixos a e b é piab, fato desconhecido até então. 14 Três gigantes da matemática, Euclides, Arquimedes e Apolônio, todos eles ligados à Universidade de Alexandria, marcaram um período que, mais tarde, seria chamado de Idade de Ouro do contexto do mundo ocidental clássico. Apolônio nasceu em 262 a.C., na cidade de Perga, conhecido como “o grande geômetra” e faleceu em Alexandria por volta de 190 a.C.. Apolônio fez muitos trabalhos e sabe-se que muitos deles foram perdidos. Ele é mais lembrado, no entanto, pela sua obra-prima “Cônicas”, contendo 8 livros, dos quais 7 chegaram até nós, sendo três em árabe e quatro em grego, contendo mais de 480 proposições sobre elipse, hipérbole e parábola. Essa obra foi es- crita de forma muito abrangente e excepcional, tanto que trabalhos escritos anteriormente a cerca desse tema, foram praticamente esquecidos pelos ma- temáticos, interessando talvez aos historiadores mais atentos à história desse tão importante problema matemático. Apolônio foi o primeiro a adotar a termologia elipse, hipérbole e parábola. Segundo Silva em seu artigo “Porque elipse, parábola e hipérbole?” [15], essa terminologia foi inspirada na lingua- gem pitagórica (VI séc. a.C.), usada pelo também matemático grego para a definição específica de triângulos. Quando os pitagóricos, montando seus problemas, faziam com que uma extremidade de um lado do triângulo (base), coincidisse com uma extremidade de um segmento de reta, eles tinham os ca- sos de parábola, elipse ou hipérbole, se a base fosse igual ao segmento seria uma parábola, quando a base fosse menor que o segmento seria uma elipse e sendo a base maior que o segmento uma hipérbole. Tal termologia é o pró- prio significado dos termos parábola, elipse e hipérbole: parábola é o mesmo que igual, elipse significa falta, hipérbole quer dizer excesso. Apesar de ou- tros matemáticos já terem utilizado seções de cone para mostrar as cônicas, Apolônio foi o primeiro a utilizar o cone duplo seccionado para a obtenção das cônicas (Figura 1.1). Deixando para trás a Antiguidade Clássica, temos que referenciar Johan- nes Kepler, matemático alemão, nascido em 1571 e falecido em 1630, respon- sável por um excelente e reconhecido trabalho sobre a trajetória elíptica dos planetas. Kepler considerou que o Sol estava em um dos focos da elipse, e partir disso estudou sobre as aplicações óticas das cônicas, e entre outros es- tudos, foi capaz de demonstrar importantes aplicações às cônicas. No mesmo período, Pierre de Fermat, nascido em 1601 e falecido em 1665, criou as equa- ções cartesianas da reta, da circunferência e as equações simplificadas sobre as cônicas, que visavam pensar como estabelecer que a função do primeiro grau é uma reta e a função do segundo grau é uma parábola. O importante matemático e físico Isaac Newton, nascido em 1643 e falecido em 1727, se- 15 ria o responsável por continuar os importantes avanços dos estudos elípticos realizados por Kepler. Newton tornou possível, então, o estudo das cônicas analiticamente. Apesar de Apolônio ter sido o primeiro a provar que as cônicas podem ser geradas a partir do cone duplo, feito que inscreveu para sempre seu nome na história da matemática, no final do século XVIII dois matemáticos, Ger- minal Dandelin (1794–1847) e Adolphe Quetelet (1796–1874), encontraram maneiras mais simples e elegantes de fazê-lo, tema conhecido como Esferas de Dandelin, conteúdo esse que será tratado no Capítulo 6. elipse parábola hipérbole Figura 1.1: Seções cônicas. 16 Capítulo 2 A parábola2.1 Definição geométrica A parábola é o lugar geométrico no plano dos pontos que estão equidistantes a uma reta d (diretriz) e a um ponto F (foco) não pertencente a d (Figura 2.1). d F Figura 2.1: Parábola: lugar geométrico dos pontos equidistantes a d e a F . 17 2.1.1 Elementos de uma parábola d P ′ Q′ R′V ′ S ′ P Q V F R S p Figura 2.2: Elementos principais de uma parábola. Pela definição temos na Figura 2.2 que V F = V V ′, PF = PP ′, QF = QQ′, RF = RR′ e SF = SS ′. E temos como elementos principais, o foco F , a diretriz d, o vértice V , o eixo de simetria é a reta que passa por V F , o parâmetro p e a relação notável V F = p 2 18 2.2 Equação reduzida da parábola 2.2.1 Parábola com eixo de simetria sobre o eixo x, vértice na origem Seja λ uma parábola com eixo de simetria sobre o eixo x e vértice V (0, 0). Pela Figura 2.3 temos que o foco tem coordenadas F (p 2 , 0) e a reta diretriz tem equação x = −p/2. Seja P (x, y) ∈ λ e P ′(−p 2 , y) a projeção ortogonal de P sobre d. y d P ′ P (x, y) F xV p 2 p 2 Figura 2.3: Vértice na origem e foco a direita da diretriz. Como P ∈ λ, temos pela definição que PF = PP ′, isto é,√( x− p 2 )2 + (y − 0)2 = √( x+ p 2 )2 + (y − y)2. Elevando ao quadrado membro a membro e desenvolvendo, temos x2 − px+ p 2 4 + y2 = x2 + px+ p2 4 . 19 Rearranjando os termos, teremos a equação y2 = 2px. Na verdade, fizemos o caso em que o foco está à direita do vértice. O caso do foco à esquerda do vértice é análogo, resultando na equação reduzida y2 = −2px. 2.2.2 Parábola com eixo de simetria sobre o eixo y, vértice na origem e foco acima do vértice Seguindo a linha da seção anterior, pela Figura 2.4, temos os pontos V (0, 0), F (0, p 2 ), P ′(x,−p 2 ) e P (x, y). Como P pertence à parábola, pela definição temos que PF = PP ′:√ (x− 0)2 + (y − p 2 )2 = √ (x− x)2 + (y + p 2 )2 Desenvolvendo, x2 + y2 − py + p 2 4 = y2 + py + p2 4 . Dessa forma, teremos a equação x2 = 2py. O caso com foco abaixo do vértice é análogo, levando à equação x2 = −2py. y x d V P (x, y) P ′ F p 2 p 2 Figura 2.4: Vértice na origem e foco acima da diretriz. 20 2.2.3 Parábola com vértice fora da origem e diretriz vertical Quando a reta diretriz é vertical, se o vértice V (x0, y0) não estiver na origem, podemos reduzir ao caso anterior (Seção 2.2.1) aplicando a todos os pontos a translação que leva o vértice na origem. Assim, o ponto P da parábola terá coordenadas P (x− x0, y − y0) e portanto (veja a figura 2.5) (y − y0)2 = ±2p(x− x0). y d 0 y0 x0 x P (x, y) p 2 p 2 FV P ′ Figura 2.5: Vértice fora da origem e diretriz vertical 2.2.4 Parábola com vértice fora da origem e diretriz horizontal Analogamente ao que fizemos na seção anterior, quando a reta diretriz é horizontal e o vértice V (x0, y0) não estiver na origem, podemos reduzir ao caso anterior (Seção 2.2.2) aplicando a todos os pontos a translação que leva o vértice na origem. Assim, o ponto P da parábola terá coordenadas P (x− x0, y − y0) e portanto (x− x0)2 = ±2p(y − y0). 21 y xx0 y0 0 V F p 2 p 2 P P ′ d Figura 2.6: Vértice fora da origem e diretriz horizontal. 2.3 Função quadrática e a parábola No currículo do estado de São Paulo inicia-se o ensino da equação do segundo grau no 9º ano do ensino fundamental, dando um enfoque na construção de gráficos por meio de tabelas de pontos, e posteriormente no 1º ano do ensino médio a construção de gráficos começa a ter mais detalhes, como encontrar ponto de máximo ou de mínimo, assim como apresentando ao aluno aquele gráfico como uma parábola, deixando de lado a definição geométrica da pa- rábola até sua abordagem em geometria analítica no 3º ano do ensino médio. É aceitável que isso aconteça pois de certo modo tem-se que levar em conta o desenvolvimento intelectual do discente perante determinado conteúdo, para que dessa forma possa-se dar sequência a outro tema. No entanto, parece haver uma certa displicência em relação a esse fato, pois quando é definida a parábola nem sempre é feita a conexão entre esses assuntos. E é por esse mo- tivo que nesse momento faço essa ligação, mostrando que a função do segundo 22 grau é de fato uma parábola. Para isso, vamos completar quadrados. y = ax2 + bx+ c = a ( x2 + bx a + c a ) = a ( x2 + 2 b 2a x+ b2 4a2 + c a − b 2 4a2 ) = a (( x+ b 2a )2 − b 2 − 4ac 4a2 ) . Sendo ∆ = b2 − 4ac, a equação acima pode ser reescrita como( x+ b 2a )2 = 1 a ( y + ∆ 4a ) . (2.1) Seguindo a Seção 2.2.4, vemos que (2.1) é a equação da parábola com vértice(− b 2a ,−∆ 4a ) , foco (− b 2a , 1−∆ 4a ) e reta diretriz y = −1+∆ 4a . Além disso, fazendo y = 0 em (2.1) e isolando x, chega-se à fórmula das raízes, conhecida como Fórmula de Bhaskara x = −b±√∆ 2a . 23 24 Capítulo 3 Elipse 3.1 Definição geométrica A elipse é o lugar geométrico dos pontos no plano onde a soma das distâncias a certos pontos F1 e F2 (chamados de focos) é constante. A1 A2 P F1 F2 Figura 3.1: PF1 + PF2 = A1A2, para todo P na elipse. 3.1.1 Elementos de uma elipse Temos como elementos da elipse os focos F1 e F2, o centro O, o eixo maior A1A2, o eixo menor B1B2, a distância focal 2c, a medida do eixo maior 2a, a medida do eixo menor 2b. Além disso, não podemos esquecer da relação pitagórica a2 = b2 + c2. Veja a Figura 3.2. A excentricidade da elipse que é um indicador de sua forma, poderia ser definido como o quociente entre a distância focal e a medida do eixo maior 25 da elipse, é dada por e = c/a. Na elipse, tem-se 0 < e < 1. Note que uma circunferência é uma elipse onde os focos degeneram-se para um único ponto, e portanto e = 0. Também, quanto mais achatada é a elipse, isto é, quando b é próximo de zero, temos que c fica próximo de a e a excentricidade fica próxima de 1. A1 A2 B1 B2 F1 F2O ab c Figura 3.2: Elementos de uma elipse. 3.2 Equação reduzida 3.2.1 Elipse com centro na origem e focos sobre o eixo x y P (x, y) xF1 F2A1 A2 B1 B2 O Figura 3.3: Elipse com centro na origem e focos sobre o eixo x. 26 Seja � uma elipse com centro O(0, 0), focos F1(−c, 0), F2(c, 0) e extremos A1(−a, 0), A2(a, 0), B1(0, b), B2(0,−b). Seja P (x, y) ∈ �. Pela definição, temos que PF1 + PF2 = 2a. Com o auxílio da Figura 3.3, vemos que√ (x+ c)2 + (y − 0)2 + √ (x− c)2 + (y − 0)2 = 2a√ (x+ c)2 + y2 = 2a− √ (x− c)2 + y2 Elevando membro a membro ao quadrado, temos (x+ c)2 + y2 = 4a2 − 4a √ (x− c)2 + y2 + (x− c)2 + y2 x2 + 2xc+ c2 + y2 = 4a2 − 4a √ (x− c)2 + y2 + x2 − 2xc+ c2 + y2 4xc = 4a2 − 4a √ (x− c)2 + y2 a √ (x− c)2 + y2 = a2 − xc Elevando membro a membro ao quadrado novamente e desenvolvendo a2x2 − 2a2xc+ a2c2 + a2y2 = a4 − 2a2xc+ x2c2 a2x2 − c2x2 + a2y2 = a4 − a2c2 (a2 − c2)x2 + a2y2 = a2(a2 − c2) Substituindo(a2 − c2) por b2, pois a2 = b2 + c2, b2x2 + a2y2 = a2b2 Dividindo membro a membro por a2b2, teremos a equação reduzida da elipse x2 a2 + y2 b2 = 1 No caso em que o eixo maior da elipse fica sobre o eixo y, basta trocar os papéis de x e y para obtermos uma equação reduzida análoga. 3.2.2 Elipse com centro fora da origem e eixo maior paralelo ao eixo x Caso o centro (x0, y0) da elipse � não esteja na origem, a mudança de variáveis x′ = x− x0 e y′ = y − y0, que é uma translação que leva (x0, y0) na origem, 27 leva a elipse � numa outra elipse �′ com as mesmas medidas e centro na origem no sistema de coordenadas (x′, y′). Então, x′2 a2 + y′2 b2 = 1 Desfazendo a mudança, temosa equação da elipse para este caso: (x− x0)2 a2 + (y − y0)2 b2 = 1 y x O 0 F1 F2 A1 A2 B1 B2 x0 y0 P (x, y) Figura 3.4: Elipse com centro fora da origem e eixo maior paralelo ao eixo x 28 Capítulo 4 Hipérbole 4.1 Definição geométrica A hipérbole é o lugar geométrico dos pontos do plano tais que o módulo da diferença das distâncias a dois pontos F1 e F2 (focos) seja constante. Veja a a Figura 4.1. F1 F2 P A1 A2 a Figura 4.1: Hipérbole: |PF1−PF2| = |A1F1−A1F2| = |A2F1−A2F2| = 2a. 4.1.1 Elementos de uma hipérbole Temos como elementos da hipérbole os focos F1 e F2, o centro O, o eixo transverso ou eixo real A1A2, o eixo imaginário B1B2, a distância focal 2c, 29 a medida do eixo real 2a, a medida do eixo imaginário 2b e a excentricidade c/a, além da importante relação pitagórica c2 = a2 + b2. F1 F2A1 A2 aO b c c Figura 4.2: Elementos de um hipérbole: Focos F1, F2, centro O, distância focal 2c e eixo transverso A1A2 = 2a. As retas assíntotas estão tracejadas. 4.2 Equação reduzida 4.2.1 Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo x Pela Figura 4.3 temos os pontosO(0, 0), F1(−c, 0), F2(c, 0), A1(−a, 0), A2(a, 0) e P (x, y). Como P ∈ a hipérbole temos pela definição que |PF1−PF2 = 2a|, então segue da Figura 4.3, que:√ (x+ c)2 + (y − 0)2 − √ (x− c)2 + (y − 0)2 = ±2a√ (x+ c)2 + y2 = √ (x− c)2 + y2 ± 2a elevando ao quadrado membro a membro, temos: (x+ c)2 + y2 = (x− c)2 + y2 ± 4a √ (x− c)2 + y2 + 4a2 30 4cx− 4a2 = ±4a √ (x− c)2 + y2 cx− a2 = ±a √ (x− c)2 + y2 elevando novamente membro a membro ao quadrado, temos: c2x2 − 2a2cx+ a4 = a2x2 − 2a2cx+ a2c2 + a2y2 (c2 − a2)x2 − a2y2 = a2(c2 − a2) substituindo (c2 − a2) por b2, pois c2 = a2 + b2, temos: b2x2 − a2y2 = a2b2 dividindo membro a membro por a2b2 teremos a equação x2 a2 − y 2 b2 = 1 F1 F2 P (x, y) A1 A2O y x Figura 4.3: Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo x Assim, a equação x2 a2 − y 2 b2 = 1 representa a hipérbole de foco nos pontos (±c, 0) com c = √a2 + b2. 31 4.2.2 Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo y Pela Figura 4.4 temos os pontos O(0, 0), F1(0, c), F2(0, c), A1(0,−a), A2(0, a) e P (x, y). Como P ∈ a hipérbole temos pela definição que |PF1−PF2 = 2a|, então segue da Figura 4.4, que: √ (x− 0)2 + (y + c)2 − √ (x− 0)2 + (y − c)2 = ±2a √ x2 + (y + c)2 = √ x2 + (y − c)2 ± 2a Elevando ao quadrado membro a membro, temos: x2 + (y + c)2 = x2 + (y − c)2 ± 4a √ x2 + (y − c)2 + 4a2 4cy − 4a2 = ±4a √ x2 + (y − c)2 cy − a2 = ±a √ x2 + (y − c)2 elevando novamente membro a membro ao quadrado, temos: c2y2 − 2a2cy + a4 = a2x2 − 2a2cy + a2c2 + a2y2 (c2 − a2)y2 − a2x2 = a2(c2 − a2) substituindo (c2 − a2) por b2, pois c2 = a2 + b2, temos: b2y2 − a2x2 = a2b2 dividindo membro a membro por a2b2 teremos a equação y2 a2 − x 2 b2 = 1 32 F1 F2 A1 A2 P (x, y) x y O Figura 4.4: Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo y 4.2.3 Hipérbole com centro fora da origem e eixo real paralelo ao eixo x Pela Figura 4.5 temos os pontos O(x0, y0), F1(x0 − c, y0), F2(x0 + c, y0), A1(x0 − a, y0), A2(x0 + a, y0) e P (x, y). Como P ∈ a hipérbole temos pela definição que |PF1−PF2 = 2a|, então segue da Figura 4.5, que:√ [(x− x0) + c]2 + (y − y0)2 − √ [(x− x0)− c]2 + (y − y0)2 = ±2a√ [(x− x0) + c]2 + (y − y0)2 = √ [(x− x0)− c]2 + (y − y0)2 ± 2a Elevando ao quadrado membro a membro, temos: [(x−x0)+c]2+(y−y0)2 = [(x−x0)−c]2+(y−y0)2±4a √ [(x− x0)− c]2 + (y − y0)2+4a2 4c(x− x0)− 4a2 = ±4a √ [(x− x0)− c]2 + (y − y0)2 c(x− x0)− a2 = ±a √ [(x− x0)− c]2 + (y − y0)2 elevando novamente membro a membro ao quadrado, temos: c2(x−x0)2−2a2c(x−x0)+a4 = a2(x−x0)2−2a2c(x−x0)+a2c2 +a2(y−y0)2 33 (c2 − a2)(x− x0)2 − a2(y − y0)2 = a2(c2 − a2) substituindo (c2 − a2) por b2, pois c2 = a2 + b2, temos: b2(x− x0)2 − a2(y − y0)2 = a2b2 dividindo membro a membro por a2b2 teremos a equação (x− x0)2 a2 − (y − y0) 2 b2 = 1 F1 F2A1 A2O 0 P (x, y) x y x0 y0 Figura 4.5: Hipérbole com centro fora da origem e eixo real paralelo ao eixo x 4.2.4 Hipérbole com centro fora da origem e eixo real paralelo ao eixo y Pela Figura 4.6 temos os pontos O(x0, y0), F1(x0, y0 − c), F2(x0, y0 + c), A1(x0, y0 − a), A2(x0, y0 + a) e P (x, y). 34 Como P ∈ a hipérbole temos pela definição que |PF1−PF2 = 2a|, então segue da Figura 4.6, que: √ (x− x0)2 + [(y − y0) + c]2 − √ (x− x0)2 + [(y − y0)− c]2 = ±2a √ (x− x0)2 + [(y − y0) + c]2 = √ (x− x0)2 + [(y − y0)− c]2 ± 2a Elevando ao quadrado membro a membro, temos: (x−x0)2+[(y−y0)+c]2 = (x−x0)2+[(y−y0)−c]2±4a √ (x− x0)2 + [(y − y0)− c]2+4a2 4c(y − y0)− 4a2 = ±4a √ (x− x0)2 + [(y − y0)− c]2 c(y − y0)− a2 = ±a √ (x− x0)2 + [(y − y0)− c]2 elevando novamente membro a membro ao quadrado, temos: c2(y−y0)2−2a2c(y−y0)+a4 = a2(x−x0)2−2a2c(y−y0)+a2c2 +a2(y−y0)2 (c2 − a2)(y − y0)2 − a2(x− x0)2 = a2(c2 − a2) substituindo (c2 − a2) por b2, pois c2 = a2 + b2, temos: b2(y − y0)2 − a2(x− x0)2 = a2b2 dividindo membro a membro por a2b2 teremos a equação (y − y0)2 a2 − (x− x0) 2 b2 = 1 35 F1 F2 A1 A2 O 0 P (x, y) x0 y0 x y Figura 4.6: Hipérbole com centro fora da origem e eixo real paralelo ao eixo y 36 Capítulo 5 Equação geral das cônicas Nesse capítulo vamos analisar uma cônica por sua equação geral. Esse tema é abordado em qualquer bom texto de geometria analítica, dessa forma uti- lizaremos um procedimento apenas em linhas gerais. Para nós, uma cônica é uma forma geométrica obtida da seção de um cone de folha dupla cortado por um plano que não passa pelo vértice do cone (a fim de evitar os casos degenerados), ou seja, temos a elipse, a circunferência, a hipérbole e a parábola. Segundo Boulos [3], uma cônica é o conjunto dos pontos que satisfazem uma equação do segundo grau em duas variáveis da forma ax2 + bxy + cy2 + dx+ ey + f = 0 (5.1) em relação ao eixo ortogonal de coordenadas, onde ax2, bxy e cx2 são cha- mados de termos quadráticos, bxy o termo quadrático misto, dx e ey são os termos lineares e f é o termo independente. Faz assim para facilitar sua análise. Note que nem sempre as soluções de (5.1) são cônicas. Os outros casos serão chamados de cônicas degeneradas, podendo ser um ponto, uma reta, retas paralelas, retas concorrentes ou até um conjunto vazio, como veremos nos exemplos a seguir: • Conjunto vazio: a equação x2 +y2 +10 = 0 não é satisfeita por nenhum (x, y). • Conjunto formado por um ponto: (x − 1)2 + (y − 1)2 = 0, ou seja, x2 + y2 − 2x− 2y + 2 = 0, admite apenas a solução (1, 1). 37 • Reta: a equação (x− y)2 = 0, isto é, x2− 2xy+ y2 = 0, descreve a reta r : x = y. • Retas paralelas: (x+y+1)(x+y−1) = 0, ou seja, x2 +2xy+y2−1 = 0, descreve as retas r : x+ y + 1 = 0 e s : x+ y − 1 = 0. • Retas concorrentes: (x+ y)(x− y) = 0, isto é, x2− y2 = 0, descreve as retas r : x = −y e s : x = y. 5.1 Eliminando o termo misto As equações reduzidas das cônicas não apresentam o termo misto. Podemos eliminá-lo da equação geral por meio de um rotação de eixos, ficando com a equação geral da forma ax2 +by2 +cx+dy+e = 0. Para isso, utilizaremos as fórmulas de rotação que estabelecem as relações entre as coordenadas (x, y) de um ponto P , em relação ao sistema xy, com suas coordenadas (x˜, y˜) em relação ao sistema x˜y˜. Veja a Figura 5.1. x y x˜ y˜ θ Figura 5.1: O sistema x˜, y˜ é obtido pela rotação de ângulo θ no sentido anti-horário. As coordenadas de P no sistema x, y são obtidas das coordenadas no sistema x˜, y˜ pela rotação de ângulo θ no sentido anti-horário. As relações são x = x˜ cos(θ)−y˜ sen(θ), (5.2) y = x˜ sen(θ) + y˜ cos(θ). (5.3) 38 Aplicando as fórmulas (5.2)–(5.3) à equação geral de uma cônica obtemos sua equação em relação ao sistema de eixos x˜y˜ : a˜x˜2 + b˜x˜y˜ + c˜y˜2 + d˜x˜+ e˜y˜ + f˜ = 0, com b˜ = b cos(2θ)− (a− c) sen(2θ). Fazendo b˜ = 0 acima, obtemos b cos(2θ) = (a− c) sen(2θ). (5.4) Se a 6= c, então calculamos tan(2θ) = b a− c e podemos tomar θ = 1 2 arctan( b a−c). Se a = c, (5.4) está satisfeita se θ = 45°. Para deixar mais leve a leitura, após aplicarmos essa mudança de coorde- nadas, continuaremos a utilizar as letras a, c . . . , x, y em vez de a˜, c˜, . . . , x˜, y˜. Assim, (5.1) pode sempre ser colocada na forma sem o termo misto ax2 + cy2 + dx+ ey + f = 0. (5.5) Cabe observar que a rotação é uma isometria, isto é, uma transformação que mantém distâncias, preservando a forma dos conjuntos. 5.2 Eliminando os termos lineares Se for necessário eliminar termos lineares, quando a 6= 0 ou c 6= 0, podemos fazê-lo por completamento de quadrado, o que nos dá a translação que reduz a equação à equação reduzida de alguma cônica, vista nos capítulos anteriores, ou numa equação de cônica degenerada. A partir daí, fica fácil classificarmos a cônica em questão. 5.3 Exemplos Exemplo 5.1. O gráfico da função y = 1 x . 39 Podemos reescrever a equação do gráfico como xy − 1 = 0. (5.6) Como a = c = 0, aplicamos a rotação de 45°, ou seja, x = √ 2 2 (x˜− y˜), y = √ 2 2 (x˜+ y˜). (5.7) Aplicando (5.7) em (5.6), ficamos com 1 2 (x˜− y˜)(x˜+ y˜)− 1 = 0 =⇒ x˜ 2 2 − y˜ 2 2 = 1, que é a equação reduzida da hipérbole de focos (x˜, y˜) = (±2√2, 0). Retor- nando às variáveis x, y, mostramos que o gráfico da função y = 1 x é uma hipérbole com focos (2, 2) e (−2,−2). Exemplo 5.2. Equação 16x2 + 25y2 − 96x− 200y − 144 = 0. Não será necessário aplicar a rotação, pois a equação não apresenta termo misto. Então para encontrarmos a equação reduzida, vamos completar qua- drados. 16x2 + 25y2 − 96x− 200y − 144 = 0 16x2 − 96x+ 144 + 25y2 − 200y + 400− 400 = 0 16(x− 3)2 + 25(y − 4)2 = 400 (x− 3)2 25 + (y − 4)2 16 = 1, que é a equação reduzida da elipse de centro (3, 4), eixo maior 5 e eixo menor 4. Exemplo 5.3. Equação y2 + 2x − 6y + 1 = 0 Vamos aplicar a translação completando quadrado. y2 + 2x− 6y + 1 = 0 y2 − 6y + 9− 9 + 2x+ 1 = 0 (y − 3)2 = −2(x− 4), que é a equação reduzida da parábola com vértice em (4, 3). 40 Capítulo 6 As esferas de Dandelin Nesse capítulo demonstraremos como Germinal Dandelin (1794–1847) e Adolphe Quetelet (1796–1874) mostraram que a elipse, a hipérbole e a pará- bola podem ser obtidas seccionando-se um cone duplo por meio de um plano de inclinação variável em relação ao seu eixo. Seguiremos como Gilberto Geraldo Garbi em “A Rainha das Ciências” [6]. 6.1 Elipse Sejam, como na Figura 6.1, uma das folhas de um cone duplo reto, α um plano que intercepta esse cone em todas as suas geratrizes e as esferas E1 e E2, que se apresentam em semiespaços distintos em relação a α, inscritas no cone e tangentes a α. Sejam F1 e F2, respectivamente, os pontos de tangência E1 e E2 com o plano α e C1 e C2 as circunferências geradas pelas interseções de E1 e E2 com a superfície do cone. Tomando um ponto P qualquer da interseção do cone com o plano α e ligando P ao vértice V do cone, teremos a reta PV se intersectando com C1 e C2 nos pontos T1 e T2, tangentes às esferas E1 e E2 respectivamente. Os segmentos PT1 e PF1 são tangentes à esfera E1 e, por potência de ponto1, eles são congruentes. Pelo mesmo motivo, PT2 e PF2 também são congruentes. 1O plano β que contém os pontos P , T1 e F1 intersecta a esfera E1 numa circunferência λ que tem segmentos tangentes PT1 e PF1, congruentes pela potência do ponto P em relação a λ. 41 Logo, temos: PT1 = PF1, PT2 = PF2 =⇒ PF1 + PF2 = PT1 + PT2. Como PT1 + PT2 é constante para qualquer P pertencente à interseção do cone com o plano α, pois as duas circunferências C1 e C2 estão contidas em planos paralelos, tal interseção do plano α com o cone é uma elipse. V α E1 C1 F1 T1 F2C2 E2 P T2 Figura 6.1: Esferas de Dandelin da elipse. 6.2 Hipérbole Sejam, como na Figura 6.2, um cone duplo reto, um plano α seccionando suas duas folhas e as esferas E1 e E2 inscritas uma em cada folha do cone e tangentes ao plano. Sejam C1 e C2 as circunferências geradas pelas interse- ções de E1 e E2 com superfície do cone e F1 e F2 os pontos de tangência das esferas com o plano. 42 Tomando um ponto P qualquer pertencente à interseção do plano α com o cone e ligando P ao vértice V do cone, teremos a reta PV intersectando as circunferências C1 e C2 nos pontos T1 e T2, tangentes às esferas E1 e E2, respectivamente. Os segmentos PT1 e PF1 são tangentes à esfera E1 e por potência de ponto (ver nota de rodapé na página 41), eles são congruentes, pelo mesmo motivo, PT2 e PF2 também são congruentes. Logo, PT1 = PF1, PT2 = PF2 =⇒ |PT1 − PT2| = |PF1 − PF2| = T1T2 Como T1T2 = V T1+V T2 que é constante, pois as circunferências C1 e C2 estão contidas em planos paralelos, temos |PF1−PF2| constante para qualquer P pertencente à interseção do plano α com cone, assim tal interseção é uma hipérbole. α P E1F1 C1 T1 V F2 T2 C2 E2 Figura 6.2: Esferas de Dandelin da hipérbole. 43 6.3 Parábola Vamos agora ao caso em que o plano α secciona o cone paralelamente a uma e somente uma das geratrizes g de um cone duplo reto. Sejam, como na Figura 6.3, uma das folhas de uma superfície cônica circular e sobre ela uma geratriz qualquer g. Sendo E uma esfera inscrita em um cone e α um plano que secciona esse cone, tangenciando a esfera no ponto F , de modo que esse plano seja paralelo a uma e somente geratriz desse cone, a saber g. Seja C1 a circunferência gerada pela interseção da esfera E com o cone, e tome um plano γ que contém a circunferência C1, onde a interseção de α com γ é uma reta r1. Na interseção de α com o cone, considere um ponto P qualquer e por esse ponto tome um plano β paralelo ao plano γ. Seja C2 a circunferência formada pela interseção do plano β com o cone e seja r2 a interseção do plano α com o plano β, sendo assim, temos a reta r1 paralela à reta r2. Imaginando um plano tangente à superfície do cone e que contenha a geratriz g, teremos esse plano paralelo ao plano α e assim a interseção desse plano com β será uma reta s paralela à reta r2 e tangente à circunferência C2 no ponto S. Traçando um segmento PQ perpendicular a r1 e r2 e por F um segmento RG que também é perpendicular a r1 e r2, teremos PQ = RG. A geratriz g e a reta do segmento RG são paralelas por serem, respectivamente, per- pendiculares às paralelas s e r2, de forma que, sendo I ∈ C1 ∩ g, IS = RG. Ligando P a V , seja T a interseção de V P com a circunferência C1. Como IS e PT são geratrizes do tronco de cone formado por planos paralelos, temos IS = PT e por potência de ponto na esfera E temos PT = PF , logo PQ = GR = SI = PT = PF, então PQ = PF. Portanto, a curva formada pela interseção do plano α com o cone é a parábola com diretriz r1 e foco F . 44 α β γ C1 C2 P Q G R S S ′ F I T r1 r2 s g V E Figura 6.3: Esfera de Dandelin da parábola. 45 46 Capítulo 7 Aplicações das cônicas Daremos aqui algumas das aplicações mais imediatas e úteis das cônicas. Suas propriedades geométricas permitem deduzir propriedades notáveis de reflexão em sua superfície. Aqui estaremos pensando em superfícies de revo- lução geradas pela rotação das cônicas em torno de seus eixos de simetria, e estudaremos os espelhos obtidos por estas superfícies. Ao final veremos também o sistema de navegação marítima LORAN que apesar de não ter relação com as propriedades reflexivasdas cônicas, apre- senta uma aplicação muito importante da hipérbole. 7.1 Espelhos parabólicos Os sinais captados pela antena parabólica podem ser considerados todos pa- ralelos por conta da grande distância que percorrem para chegar à superfície do planeta. As antenas parabólicas fazem com que esses sinais recebidos sejam concentrados em um único ponto, que é o foco da parábola, onde se encontra o receptor dos sinais de TV. 47 Com dois espelhos parabólicos, podemos construir um espelho acústico, como o espelho do CDCC de São Carlos. As ondas sonoras emitidas por uma pessoa em um foco de uma das parábolas são refletidas paralelamente ao eixo de simetria comum, sendo captadas pelo outro espelho, que as concentra em seu foco, onde outra pessoa pode ouvir perfeitamente o que a primeira sussurra. Agora vamos mostrar esse fato, usando uma adaptação das ideias de [20]. Consideremos um ponto P da parábola de foco F e diretriz d, e a reta t, bissetriz do ângulo FPˆD. Vamos mostrar geometricamente que t é tangente à parábola. Veja a Figura 7.1. F P α α d DE Q te Figura 7.1: Reta tangente à parábola. 48 No triângulo 4PFD, como PF = PD, a reta t, bissetriz do ângulo FPˆD, é também mediana e altura. Em outras palavras, a reta t é mediatriz do segmento FD. Seja agora Q, um ponto qualquer da reta t, distinto de P . Se E é a projeção de Q sobre d, temos: QF = QD > QE Portanto, Q é exterior à parábola. Ora, o ponto P da reta t pertence à parábola e todos os outro ponto de t são exteriores. Logo, t é tangente à parábola em P . F P α α d D te α Y Figura 7.2: Reta tangente a parábola Observe, na Figura 7.2, a semirreta PY , prolongamento do segmento DP . Como a tangente à parábola em P é bissetriz do ângulo FPˆD, temos que PY e PF fazem ângulos congruentes com essa tangente. Por isso, todo sinal recebido na direção do eixo da parábola toma a direção do foco após a reflexão. 7.2 Espelhos elípticos As luminárias odontológicas de cabeça são feitas de refletores elípticos que focam a luz em um ponto específico da arcada dentária, de modo a não ofuscar a visão do paciente. 49 Um outro aparelho interessante, que se utiliza da elipse, é o da prática da Litotripsia, tratamento que é feito para eliminar pedras nos rins, por meio de um refletor elíptico, de modo a não danificar os tecidos e órgãos vizinhos. Desse modo o paciente não passa por cirurgia e sua recuperação é muito rápida. O refletor elíptico emite ondas sonoras de alta intensidade em um dos focos da elipse e a pedra fica no outro foco. A mesa de bilhar elíptica é um interessante experimento que mostra na prática o que acontece nos dois equipamentos anteriores, onde a bola que sai de um foco, ao bater na “tabela”, sofre reflexão cai na caçapa que se apresenta no outro foco da elipse. 50 As galerias de sussurros são uma divertida aplicação de uma superfície elíptica. O teto da sala tem forma de elipsoide com focos à altura de uma pessoa marcados no chão. Duas pessoas nesses pontos podem conversar sus- surrando e escutam-se perfeitamente, enquanto que as outras não as escutam. Há galerias de sussurros como, por exemplo, na Sala de Estátuas do Capitólio estadunidense. A demonstração dessa propriedade de reflexão dos espelhos elípticos é dada a seguir, baseada em [18]. Seja P um ponto na elipse E e tomemos a reta r bissetriz de um dos ângulos formados pelas retas F1P e F2P (o externo ao triângulo 4F1PF2) de tal forma que o ângulo entre entre F1P e r seja igual ao ângulo entre F2P e r. Queremos mostrar que r é tangente à elipse. F1 F2 P Q r α α α F ′1 E Figura 7.3: Reta tangente à elipse. Seja k = PF1 + PF2, a constante que determina a elipse, junto com seus focos. Tomemos sobre r um ponto Q 6= P e consideremos o ponto F ′1, simétrico de F1 em relação a r. A reta r é então mediatriz de F1F ′1. Logo, PF1 = PF ′1 e também QF1 = QF ′1. Por construção, a reta r faz ângulos congruentes com PF1 e PF2 e, pela simetria, os ângulos QPˆF1 e QPˆF ′1 são também congruentes. Daí, os segmentos PF2 e PF ′1 fazem ângulos congruentes com r e, portanto, os pontos F ′1, P e F2 são colineares. Então, k = PF1 + PF2 = PF ′ 1 + PF2 = F1 ′F2 < QF ′1 +QF2 = QF1 +QF2, 51 onde a desigualdade acima vem da condição de existência do triângulo4F ′1QF2. Como QF1 +QF2 > k, concluímos que P é o único ponto de r que pertence à elipse, o que mostra que essa reta é tangente em P a essa elipse. Um raio que parte de um foco a P incide na reta r tangente à elipse com ângulo α e deve refletir com mesmo ângulo, passando consequentemente pelo outro foco. Veja a Figura 7.3. 7.3 Espelhos hiperbólicos Os espelhos hiperbólicos são amplamente utilizados na construção de telescó- pios refletores. Esses telescópios são uma evolução proposta pelo astrônomo francês Cassegrain dos telescópios produzidos por Isaac Newton, que resol- veu o problema da imagem que era refletida dentro do tubo do telescópio, colocando um espelho plano e refletindo a imagem para o observador fora do tubo. No entanto, apesar de funcionar perfeitamente, esse espelho plano prejudicava a captação de luz, por ter um tamanho relativamente grande para as condições, enquanto que a proposta de Cassegrain era de utilizar um espelho hiperbólico que, como vamos mostrar, possui uma maior flexibilidade de movimentos, se ajustando melhor às necessidades do observador. Agora vamos mostrar a propriedade de reflexão na hipérbole de um raio incidindo na direção de um ponto focal. Seja H uma folha de hipérbole com focos F1 e F2, mais próxima a F2. Seja P um ponto de H e a constante k = PF1 − PF2 que determina a hipérbole. A hipérbole divide o plano nas regiões R1 : QF1 − QF2 < k e R2 : QF1 −QF2 > k. 52 Sejam λ a circunferência de centro F1 e raio k e A o ponto de interseção do segmento F1P com λ. Então, por construção, PA = PF2 e P pertence à mediatriz do segmento AF2. Seja r tal mediatriz, e queremos mostrar que r é tangente à hipérbole no ponto P . Para isso, seja Q 6= P sobre r. Assim, QF2 = QA e pela condição de existência do triângulo 4F1AQ, QF1 < F1A+QA = k +QF2 =⇒ QF1 −QF2 < k. Então toda r, com exceção de P , está contida na mesma região R1 delimitada por H e portanto r é tangente a H. Veja a Figura 7.4. F1 F2 A P Q r Figura 7.4: Reta tangente a hipérbole Como r é mediatriz de AF2, os ângulos ente as retas PF1 e PF2 com r são congruentes. Assim, se algum raio vier por uma das retas na direção de um dos focos, independente da região R1 ou R2 em que estiver, será refletido em P na direção do outro foco, mantendo-se na mesma região. 53 7.4 Sistema de navegação LORAN Uma outra aplicação para hipérbole se encontra no sistema de navegação LO- RAN (Long Range Navigation), onde duas estações de rádio de localizações conhecidas emitem sinais ao mesmo tempo a um navio ou avião, e o compu- tador de bordo calcula a diferença de tempo na recepção, transformando-a em diferença de distâncias. Assim, o navegador determina uma equação de hipérbole onde deve localizar-se, com focos nas estações. Com uma terceira estação, determina outra hipérbole. Logo, sua localização é determinada pela interseção entre tais hipérboles. 54 Referências Bibliográficas [1] Ávila, G., A Hipérbole e os Telescópios, Revista do Professor de Mate- mática, n. 34. [2] Boyer, C., História da matemática. 2ª ed. São Paulo: Edgar Blun- cher/Edusp, 1996. 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Universidade Estadual de Santa Cruz: Departamento de Ci- ências Exatas e Tecnológicas. Ilhéus-2013. [12] Oliveira, Oswaldo Rio Branco de O., Cônicas (propriedades de reflexão), acesso em 19 de outubro de 2016, disponível em https://www.ime.usp. br/~oliveira/conicaspubli.pdf. [13] Proposta curricular do estado de São Paulo (2008)/ Coord. Maria Inês Fini - São Paulo: SEE, 2008 1.Matemática (ensino fundamental e médio - estudo e ensino. I. Fini, Maria Inês. II. São Paulo (estado) Secretaria da Educação. CDD22ed. 510.7 [14] Sato, Jocelino, Fórmula de redução e classificação de uma cônica, acesso em 30 de setembro de 2016, disponível em http://www.sato.prof.ufu. br/Conicas/node12.html. [15] Silva, G. S., Por que elipse, parábola e hipérbole?, Revista do professor de matemática, n. 7. [16] Simões, George. Cálculo com geometria analítica. Vol 2. São Paulo: Mc Graw Hill, 1985. [17] Souza Jr., J. C. e Cardoso, Andréa, Estudo das cônicas com Geometria Dinâmica, Revista do Professor de Matemática, n. 68. [18] Valladares, Renato J. C., Elipse, Sorrisos e Sussurros, Revista do Pro- fessor de Matemática, Revista do Professor de Matemática, n. 36. [19] Venturi J. J., O segundo problema clássico da Geometria: a du- plicação do cubo, acesso em 11 de dezembro de 2015, dispo- nível em: www.educacional.com.br/articulistas/outrosOutros_ artigo.asp?artigo=artigo0057 [20] Wagner, E., Por que as antenas são parabólicas, Revista do Professor de Matemática, n. 33. 56 Introdução Surgimento das cônicas A parábola Definição geométrica Elementos de uma parábola Equação reduzida da parábola Parábola com eixo de simetria sobre o eixo x, vértice na origem Parábola com eixo de simetria sobre o eixo y, vértice na origem e foco acima do vértice Parábola com vértice fora da origem e diretriz vertical Parábola com vértice fora da origem e diretriz horizontal Função quadrática e a parábola Elipse Definição geométrica Elementos de uma elipse Equação reduzida Elipse com centro na origem e focos sobre o eixo x Elipse com centro fora da origem e eixo maior paralelo ao eixo x Hipérbole Definição geométrica Elementos de uma hipérbole Equação reduzida Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo x Hipérbole com centro na origem e focos sobre o eixo y Hipérbole com centro fora da origem e eixo real paralelo ao eixo x Hipérbole com centro fora da origem e eixo real paralelo ao eixo y Equação geral das cônicas Eliminando o termo misto Eliminando os termos lineares Exemplos As esferas de Dandelin Elipse Hipérbole Parábola Aplicações das cônicas Espelhos parabólicos Espelhos elípticos Espelhos hiperbólicos Sistema de navegação LORAN
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