Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Sobre a natureza e especificidade da educação Dermeval Saviani Contexto da obra Teoria histórico-crítica: primeiras aproximações 1994 Debates pedagógicos da década de 1980 marcados pelo pensamento marxista. Postura crítica ao que chama de modismos intelectuais. Parte de uma pesquisa ampla: rastrear o percurso da educação desde suas origens remotas tendo como guia o conceito de “modo de produção”. Contexto da obra Repensar a validade da interpretação marxista sobre a história atualmente. Obra como continuidade de “Escola e democracia” de 1983. Compreender a lenta predominância da escola ao longo da história. Sobre a natureza e especificidade da educação NATUREZA Se a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos, compreender a natureza do homem leva a compreender a natureza da educação. O homem necessita produzir continuamente sua própria existência o trabalho ocupa uma posição central nessa visão. Sobre a natureza e especificidade da educação O que diferencia o homem dos outros animais é o trabalho atividade voltada para uma determinada finalidade. De acordo com Saviani o mundo da cultura surge com o trabalho. Ou seria o contrário? Sobre a natureza e especificidade da educação “Dizer, pois, que a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos significa afirmar que ela é ao mesmo tempo, uma exigência do e para o processo de trabalho, bem como é, ela própria, um processo de trabalho.” (p. 15) Transformação da natureza em bens materiais: trabalho material. Sobre a natureza e especificidade da educação Essa produção depende da capacidade de antecipar em ideias os objetivos da ação. Representação dos objetivos reais cultura. Como ao homem é imperativo representar, surge a necessidade de produzir ideias: trabalho não-material. Trabalho não-material é a produção do saber. Sobre a natureza e especificidade da educação A educação é um trabalho não-material. A questão da separação entre o ato de produzir e o produto final. A educação é um trabalho não-material diferente de um livro, um quadro, um filme. “Se a educação não se reduz ao ensino, é certo, entretanto, que ensino é educação e, como tal, participa da natureza própria do fenômeno educativo” (p. 16). Sobre a natureza e especificidade da educação O ato de dar aula é inseparável do ato de produção do próprio ato: o que produzo como professor (a aula) é produzida e consumida ao mesmo tempo. Sobre a natureza e especificidade da educação Especificidade Embora a educação seja um trabalho não-material, ela não se interessa pelos produtos como sendo exteriores ao homem. A pedagogia como ciência da educação se interessa não pelos saberes, mas pelo processo de assimilação desses saberes pelo homem. Sobre a natureza e especificidade da educação O homem se produz, ele não é natural. “O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. (p. 17) O objeto da educação diz respeito à seleção do conteúdo (currículo) e ao estabelecimento da melhor forma de transmissão (didática). Sobre a natureza e especificidade da educação Primeiro aspecto (currículo): quais os critérios de seleção (o autor propõe a ideia de clássico: o que resiste ao tempo). Segundo aspecto (didática): reprodução individual da humanidade histórica. Educação não se reduz ao ensino, mas o ensino é educação. A educação escolar se tornou um paradigma. Sobre a natureza e especificidade da educação “A escola configura-se numa situação privilegiada, a partir da qual podemos detectar a dimensão pedagógica que subsiste no interior da prática social global” (p. 18). “A escola é uma instituição cujo papel consiste na socialização do saber compartilhado”. (p. 18). Sobre a natureza e especificidade da educação Cultura erudita X Cultura popular. Na ótica do autor, a escola se preocupa com a “ciência” e volta aos gregos para pensar a questão. Doxa (senso comum), sofia (sabedoria da experiência) e episteme (ciência). A ênfase contemporânea no saber sistematizado traz a necessidade do conhecimento de natureza epistemológica, o que torna a escola cada vez mais imprescindível. Sobre a natureza e especificidade da educação Mas não seria a escola um local de compartilhamento de outros tipos de saberes que não apenas o científico? A preocupação com esse saber sistematizado é que conduz à elaboração do currículo. Básico: aprender a ler, aprender a linguagem dos números, aprender a linguagem da natureza, aprender a linguagem da sociedade. Sobre a natureza e especificidade da educação As teorias procuram desnaturalizar o óbvio para que seja possível uma atitude reflexiva sobre o conteúdo trabalhado. O autor dá como exemplo a questão do currículo: não transformar em secundário o que é principal comemorações. Quem define essas instâncias? Não seria possível transformar todas as atividades secundárias em atividades nucleares? Sobre a natureza e especificidade da educação O autor então passa a avaliar possíveis críticas de matriz escolanovista que indicariam o caráter tradicional dessa pedagogia histórico-crítica. A Escola Nova foi um movimento do início do Século XX que criticava a Escola Tradicional: disciplinadora, conteudista, erudita, não-pragmática. Sobre a natureza e especificidade da educação O autor recorre a Gramsci (Os intelectuais e a organização da cultura) para propor a passagem de uma fase romântica da caracterização da escola para uma fase clássica. Não apenas idealizar uma mudança, mas propor caminhos para que a escola mude. Novamente a ênfase no clássico: hierarquizante. Sobre a natureza e especificidade da educação “Clássico na escola é a transmissão-assimilação do saber sistematizado” (p. 23) SERÁ? Na sociedade pedagógica que vivemos, será que o aluno depende da transmissão-assimilação do saber sistematizado escolar? Logo, além da existência do saber sistematizado, a escola deve elaborar os mecanismos para que esse saber possa ser transmitido (organização didática). Sobre a natureza e especificidade da educação Concordância: os fins definem os métodos. Os objetivos definem a metodologia. O “para quê?” antecede o “como?” A Escola Tradicional perdera de vista os fins e mecanizou os métodos. A Escola Nova acabou abolindo a transmissão do conteúdo por não ser um processo criativo, empobrecendo o conteúdo. Sobre a natureza e especificidade da educação O autor defende a necessidade de automatismos para que se possa ser efetivamente livre. “O aprendiz, no exercício daquela atividade que é o objeto de aprendizagem, nunca é livre” (p. 24). Integração dos saberes ao próprio ser. O exemplo da alfabetização: o bom educador é aquele que desnaturaliza o processo de ensino e tenta compreender as dificuldades de automação para assimilação dos saberes. Sobre a natureza e especificidade da educação Importância de se recordar do seu próprio processo de aprendizagem. “Pela mediação da escola dá-se a passagem do saber espontâneo ao saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita” (p. 27) faz uma ressalva para a dinâmica dialética dessas duas dimensões. Sobre a natureza e especificidade da educação “Em conclusão: a compreensão da natureza da educação enquanto um trabalho não-material cujo produto não se separa do ato de produção nos permite situar a especificidade da educação como referida aos conhecimentos, ideias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos sob o aspecto de elementos necessários à formação da humanidade em cada indivíduo singular, na forma de uma segunda natureza, que se produz, deliberada e intencionalmente, através de relações pedagógicas historicamente determinadas que se travam entre os homens” (p. 28). Sobre a natureza e especificidade da educação Estudos pedagógicos: “preocupa-se com a identificação dos elementos naturais e culturais necessários à constituição da humanidade em cada ser humano (conteúdo) e à descoberta das formas adequadas ao atingimento desse objetivo (didática)” (p. 28).
Compartilhar