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O TURISMO DE INTERCÂMBIO, GLOBALIZAÇÃO E A INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO Madeleine Huaman1 RESUMO O presente estudo tem como objetivo compreender os benefícios que o Turismo de Intercâmbio oferece ao indivíduo, de forma com que se destaque no mercado de trabalho. Através da pesquisa qualitativa descritiva, realizou-se uma revisão bibliográfica de leitura seletiva o intuito de verificar a relevância dos achados referentes ao tema. Hoje, a influência da globalização e internacionalização da educação e do mercado de trabalho tornou o Turismo de Intercâmbio (aprender uma segunda língua, fazer estágios no exterior, se preparar em uma universidade estrangeira, etc.) reconhecido como uma ferramenta necessária para que o indivíduo desenvolva um conjunto de habilidades, competências, atitudes e conhecimentos, a fim de melhor intervir em um mundo cada vez mais competitivo. Observou-se que as pessoas que possuem experiência de intercâmbio são mais valorizadas profissionalmente, sendo sua experiência vista como um diferencial pelas empresas. E, que consequentemente esse segmento de Turismo tem tido um aumento relevante nos últimos anos, principalmente por facilitar aos aspectos de mobilidade estudantil e o processo de internacionalização do processo educativo. PALAVRAS-CHAVE: Turismo de Intercâmbio; Globalização; Mobilidade Estudantil; Internacionalização; Processo Educativo. INTRODUÇÃO Com o advento da globalização (ela multidimensional, abrangendo a área econômico, política, social, cultural e educacional) empresas das mais diversas áreas da indústria trabalham com parceiros e clientes internacionais. Com isso, atualmente, encontra-se no mercado de trabalho pessoas de diferentes culturas em um mesmo ambiente, o tornando ainda mais competitivo, onde existe a necessidade de ser um profissional com um currículo diferenciado, que se destaque, fale vários idiomas e que conheça diferentes culturas. 1 Graduanda em Turismo da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, Brasil. Orientadora: Profa Ms. Erika Gelenske. Hoje, através de programas de intercâmbio, a pessoa tem oportunidade de viver durante vários meses ou anos em um outro país, sendo acolhida por uma família local, praticando o idioma e frequentando aulas regulares em uma faculdade ou escola. Tais programas são baseados nas mudanças ocorridas no ambiente empresarial através do processo de globalização, impulsionando uma grande interação entre pessoas de diferentes culturas e países, onde se compreende que as sociedades vivem e pensam de formas diferentes. Assim, o problema que se apresenta é: quais os benefícios que o turismo de intercâmbio oferece aos que o fazem? A hipótese levantada é que o turismo de intercâmbio permite que os visitantes tenham a oportunidade de construir novas amizades e relações, de forma a aprender como falar e interagir com pessoas de diferentes culturas, além do idioma. Quando se tem a oportunidade de vivenciar um cotidiano em um novo lugar, com culturas ainda desconhecidas, não somente o visitante se beneficia em criar uma relação pessoal, aprendendo sobre a cultura com uma perspectiva local, mas também acontece uma troca mútua com quem se interage, onde os locais aprendem com os visitantes, ganhando o respeito e o entendimento de novas culturas. Desta forma, a presente pesquisa tem como objetivo compreender os benefícios que o turismo de intercâmbio oferece ao indivíduo, de forma com que se destaque no mercado de trabalho. Apresentando-se os seguintes objetivos específicos: estudar o conceito de turismo de intercâmbio e suas modalidades, mostrar o perfil do intercambista e suas motivações e destacar o intercâmbio como ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional. É de grande interesse que o estudo mostre o significado que o intercâmbio proporciona na vida profissional do indivíduo, assim como nas razões que o motivaram a tomar esta decisão e os desafios que ele enfrenta. Mostrando-se que esse tipo de turismo tem sido reconhecido como uma ferramenta necessária para que se possam enfrentar os desafios que são impostos pela sociedade em que se vive, onde os intercambistas desenvolvem um conjunto de habilidades, competências, atitudes e conhecimentos, a fim de melhor intervir em um mundo cada vez mais globalizado. Quanto a metodologia, o tipo de pesquisa caracteriza-se quanto a sua natureza como qualitativa; quanto a finalidade descritiva. A coleta de dados foi realizada através da revisão bibliográfica de leitura seletiva de artigos, livros e trabalhos de conclusão de curso com o intuito de verificar a relevância dos achados referentes ao tema. GLOBALIZAÇÃO E TURISMO Hoje, a globalização dentro de um processo de atividades econômicas, sociais, culturais, tecnológicas e políticas, abre as fronteiras internacionais e interfere no turismo. Ocorrendo o aumento da comunicação e interdependência entre os países do mundo, unindo os seus mercados, pessoas e culturas, onde "a mobilidade galga ao mais alto nível dentre os valores cobiçados (..)" (BAUMAN, 1999, p. 06). Então, qual é o papel do turismo na economia mundial globalizada? Estas e outras perguntas nos levam a identificar o turismo como um modelo autônomo ou parte de um modelo geral imposto pela globalização. Globalmente, o turismo é considerado o setor em ascensão mundial (é o segundo setor mais globalizado), o que gera mais empregos, tornando-se um dos maiores contribuintes para a economia do planeta. O que tem permitido a abertura de novas zonas econômicas, como foi o caso da Península da Flórida, o deserto de Nevada (onde fica Las Vegas), e em outros casos, permitiu a reengenharia urbana como Londres (hoje considerada a capital da Europa) e Paris, que passaram do posto de cidades industriais para ocupar espaço de verdadeiras cidades históricas, onde turismo cultural é um grande campo de expansão. Na concepção de Portuguez; Seabra & Queiroz (2012, p. 07), o turismo é também uma "atividade carregada de signos, representações, resistência e de valores sociais" que traz o desenvolvimento e o crescimento dos lugares. Em países cuja riqueza está em suas grandes cidades, o turismo também desempenha um papel importante, porque ele consegue recriá-los em sua essência. Hoje, muitas cidades deixaram de ser um lugar para viver e são hoje um lugar para idealizar. Por exemplo, Nova York, Roma, entre outros lugares são propostos como destinos turísticos, fábricas de experiências, aventuras, grandes centros de entretenimento grandes, museus, etc. Nessas localidades, o turismo se torna um elemento chave na mudança da estrutura econômica, tendo um peso significativo em suas economias. O turismo2 configura-se como um conjunto de atividades ou negócios que geram direta ou indiretamente produtos e serviços baseados em atividades de transporte, cuidado, alimentação, hospedagem e entretenimento, por motivos profissionais e outros relacionados com pessoas que estão fora da sua residência habitual. Para Beni (1998, p. 37) o turismo se trata de um: elaborado e complexo processo de decisão sobre o que visitar, onde, como e a que preço. Nesse processo intervém inúmeros fatores de realização pessoal e social, de natureza motivacional, econômica, cultural, ecológica e científica. Que ditam a escolha dos destinos, a permanência, os meios de transportes e o alojamento, bem como o objetivo da viagem em si para a fruição tanto material como subjetiva dos conteúdos de sonhos, desejos, de imaginação projetiva, de enriquecimento existencial histórico-humanístico, profissional, e de expansão de negócios. Esse consumo é feito por meio de roteiros interativos espontâneos ou dirigidos, compreendendo a compra de bens e serviços da oferta originale diferencial das atrações e dos equipamentos a ela agregados em mercados globais com produtos de qualidade e competitivos. Muito tem sido dito sobre a importância do turismo, particularmente do seu papel no crescimento econômico e também para atração de investimentos em certas localidades. Do ponto de vista socioeconômico, o turismo "é uma atividade de suma importância, provendo renda e emprego, tanto diretamente quanto indiretamente, para a população autóctone da região na qual a prática é realizada" (MONTEIRO, 2012, p. 17). Com estas novas dinâmicas, o turismo tornou-se uma das atividades de maior relevância econômica global. Deve-se lembrar que a mudança tecnológica consequente da globalização dos mercados e mudanças nos parâmetros de consumo que influenciam o ambiente de trabalho, onde novas exigências de capacidade de produzir bens e serviços são exigidos. Nesse cenário mundializado 3 , os avanços na tecnologia de comunicação enriqueceram o desenvolvimento do conhecimento, onde a cooperação internacional 2 Pode-se verificar, portanto, que o turismo, de forma geral, é uma prática em que o sujeito tem as oportunidades de conhecer novos lugares e de vivenciar experiências diversas de acordo com sua predisposição, desde aquelas mais simples e básicas, até as mais complexas e alternativas. O intercâmbio se adequa nesse contexto, uma vez que é uma atividade cultural e intensa, com a experiência proporcionando desenvolvimento pessoal e evolução profissional sem precedentes (SANTOS et. al., 2014, p. 66). 3 Entende-se, aqui, a mundialização como um fenômeno de larga extensão, e o desenvolvimento do modo de produção capitalista é reconhecido de forma intrínseca a esse mesmo processo. A expansão do capitalismo é, portanto, um fator presente nesse processo que lhe concede novos contornos. Faz- se necessário ressaltar esse aspecto, pois, embora a mundialização seja reconhecida como um movimento mais extenso, é, até certo ponto, um movimento que conjuntamente “mundializa” o capitalismo (SOARES, 2007, p. 64-65). se tornou uma realidade. Segundo Castells (1999, p. 87), informação e conhecimento “sempre foram elementos cruciais no crescimento da economia, e a evolução da tecnologia determinou em grande parte a capacidade produtiva da sociedade e os padrões de vida (...)”. O conhecimento hoje representa um fator produtivo, onde a demanda surge de acordo com as contínuas mudanças e descobertas. Dentro dessa perspectiva, o indivíduo precisa desenvolver as habilidades de gerenciamento de informações, análise e síntese que se tornaram fundamentais para programas de ensino. Conforme observa Vasconcellos (2014, p. 17): Um dos efeitos da globalização é o avanço tecnológico, em que indivíduos em qualquer lugar do mundo podem se comunicar e trocar informações. Esse fenômeno, entendido como catalisador do processo de internacionalização, desencadeou um novo segmento na indústria do turismo. Esse segmento inovador é denominado como turismo virtual, o qual pode ser compreendido como fruto do turismo internacional, já que essa nova modalidade possibilita que pessoas de todo o mundo viagem para qualquer destino, através da internet. Dada a velocidade com que o conhecimento se torna obsoleto, os alunos precisam incorporar em suas habilidades de ensino e aprendizagem processos que lhes dão a capacidade de adaptação permanente. Visto que, "o espaço deixou de ser obstáculo, não há mais fronteiras naturais nem lugares óbvios a ocupar" (BAUMAN, 1999, p. 85). A sociedade do conhecimento (LEVY, 1999) não é apenas caracterizada pelo aumento ou pela aplicação de conhecimento, mas também pelo sentido de institucionalizar mecanismos reflexivos que transformam o conhecimento em ferramentas de aprendizagem sociais. Dessa forma, "a competitividade estimulou a agressividade dos agentes operadores e a utilização de tecnologias avançadas e de sistemas de comercialização altamente sofisticados" (TULIK, 1994, p. 10). Pode-se afirmar que uma das grandes vantagens da globalização no aspecto educativo é a ocorrência de uma melhoria significativa na qualidade do mesmo, porque em um mundo competitivo em que todos se esforçam em ser "o melhor", a educação torna-se a principal ferramenta para alcançar este objetivo. Ao ver de Dalmolin et al (2013, p. 443), Os programas de intercâmbio buscam promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e da inovação técnico-científica. E uma oportunidade de conhecer novas culturas, sistemas políticos e organizações sociais, aprender, aprimorar e/ou conhecer as variantes linguísticas de um novo idioma. Entre as inúmeras metas destes programas destaca-se a necessidade de investir na formação de pessoal altamente qualificado nas competências e habilidades necessárias para o avanço da sociedade do conhecimento; aumentar a presença de pesquisadores e estudantes de vários níveis em instituições de excelência no exterior e promover a inserção internacional das instituições brasileiras pela abertura de oportunidades semelhantes para cientistas e estudantes estrangeiros. Em tempos atuais, as pessoas buscam obter melhores oportunidades de trabalho, uma vez que as portas do mundo estão abertas a novos profissionais especializados que falam línguas diferentes 4 . Em uma sociedade que preza a internacionalização e as competências linguísticas, motivou muitas pessoas à procura de enriquecimento do currículo e a vivência de uma experiência única, em um ambiente multicultural, através do turismo de intercâmbio. Buscando a oportunidade de se tornar competitivo internacionalmente. Conforme destaca Victer (2009, p. 15), as empresas "(...) precisam de profissionais versáteis e adaptáveis, que possam ser transferidos para outros setores da empresa ou até mesmo outros estados e países, sem sofrer com a mudança". Essa vivência internacional vem ganhando cada vez mais respaldo e sendo crucial no momento em que uma empresa busca profissionais qualificados para contratação. Para Monteiro (2012, p. 24), a economia globalizada desfaz "(...) as fronteiras presentes no meio comercial, a necessidade de interatuar com profissionais das mais diversas áreas acadêmicas e segmentos mercadológicos e, sobretudo, de nacionalidades, distintas é um fator preponderante e uma realidade indiscutível". De fato, esse é um perfil profissional cada vez mais valorizado pelas empresas, o que torna o turismo de intercâmbio uma atividade em expansão (TOMAZZONI & OLIVEIRA, 2013). A literatura tem percebido vantagens de o indivíduo viver durante vários meses/anos em uma realidade alternativa (DALMOLIN et. al., 2013; TOMAZZONI & OLIVEIRA, 2013). Dentre algumas das lições de vida que são normalmente aprendidas pelos participantes em programas de intercâmbio vida que não costumam ser aprendidos na sala de aula, pode-se destacar: o desenvolvimento de habilidades interpessoais (aprender a fazer as próprias escolhas, enfrentar os desafios de novas situações, etc.), redução de preconceitos e estereótipos, o interesse em fenômenos globais, capacidade de comparar diferentes realidades ou fenômenos sociais, maior 4 Apesar da vasta gama de opções que existem para intercâmbios, ainda há preferência por certos destinos, em especial onde a língua a ser estudada é o inglês (BRAGA, 2015, p. 17). orientação internacional, etc. (BRAGA, 2015; MONTEIRO, 2012; VASCONCELLOS, 2014). A INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E MOBILIDADE ACADÊMICA É comum pessoas de diferentes países visitar outros lugares, talvez para fortalecer os laços entre eles ou para melhorar as habilidades em línguas estrangeiras. Santos et. al. (2014, p. 59) consideram que “o turista viaja motivadopelo interesse de conhecer algo novo e desconhecido. Ou seja, o interesse estimula o homem a enfrentar novas situações”. A globalização é um processo de interação e integração entre as pessoas, de governos de países e regiões diversas. Configurando-se em um processo inicialmente pensado exclusivamente para o setor comercial e empresarial, bem como o investimento na área internacional, que tem o apoio da tecnologia da informação. Por este motivo, O turismo é comumente associado à globalização – à intensificação dos fluxos turísticos internacionais e à queda das fronteiras culturais promovidas pelo encontro entre o visitante e o visitado. Soma-se, ainda, a constante relação com a entrada de investimentos, a abertura de mercados, a influência da tecnologia da informação e dos transportes e a ativação de novos parâmetros administrativos e políticos internacionais, transnacionais e supranacionais que influenciam em seu andamento (SOARES, 2007, p. 64). Em meio à globalização do século XXI, a troca de culturas é fortemente exercitada, principalmente pela indústria do turismo. Com isso, os estudantes são incentivados a viajar para outros destinos a fim de não só estudar, mas também, conhecer novos hábitos e costumes. Dessa forma, "o intercambista acaba por promover o turismo na destinação escolhida para estudos, pois além de estudar, esse tipo de turista busca conhecer os atrativos e as culturas locais" (VASCONCELLOS, 2014, p. 11). Além de facilidades que existem hoje ligadas as novas tecnologias da informação e comunicação5 (permitem que estrangeiros possam manter contato com suas famílias, estudar e se mover rapidamente para situações que exigem isso). O que se pode perceber, desde o princípio da globalização, é que as principais razões para esses padrões de comportamento estão na necessidade crescente de recursos 5 De acordo com Lévy (1993), as novas tecnologias da comunicação colocam o homem diante de si mesmo, em nível planetário. humanos altamente qualificados no cenário econômico capitalista globalizado. Para Castells (1999, p. 469), a economia global/informacional é organizada em torno de centros de controle e comando capazes de coordenar, inovar e gerenciar as atividades interligadas das redes de empresas. Serviços avançados, inclusive finanças, seguros, bens imobiliários, consultorias, serviços de assessoria jurídica, propaganda, projetos, marketing, relações públicas, segurança, coleta de informações e gerenciamento de sistemas de informação, bem como P&D e inovação científica, estão no cerne de todos os processos econômicos, seja na indústria, agricultura, energia, seja em serviços de diferentes tipos. A isto acrescenta-se que na "sociedade do conhecimento" onde cada vez mais são exigidas habilidades e competências das pessoas. Isso é o que explica em grande parte, a crescente expansão do ensino superior e também o desenvolvimento de áreas específicas projetadas para novas elites globais, surgindo uma economia global que possui novas necessidades. Para Beni (2004, p.27-28): A globalização provocou uma mais ampla disponibilização e acessibilidade em amplitude mundial dos produtos, das instalações e dos serviços turísticos (...). O turismo, que antes parecia ater-se a um punhado de países altamente especializados na excelência da oferta diferencial, passou há pouco a ser visto como o único meio de permitir às nações mais pobres viabilizarem sua integração à economia mundial. Considerando os efeitos ampliadores da globalização, surgiram estratégias globais para identificar, desenvolver e comercializar o turismo de base local em clusters e redes corporativas de empresas, como, por exemplo, operadoras turísticas, empresas de transporte aéreo, cadeias hoteleiras e um pool promocional de pequenas e médias empresas agregadas à cadeia produtiva do turismo. A internacionalização do ensino superior é uma resposta aos desafios colocados pela globalização, pois esse processo além de ser caracterizado por atividades econômicas e sociais em escala globais, também influenciou significativamente o ensino nas últimas décadas. A aproximação entre instituições de ensino superior de várias organizações e nações podem aprofundar a compreensão mútua e fortalecer os laços a procura de soluções conjuntas para os desafios comuns em um ambiente globalizado, diversificado e complexo. Diferentes formas de cooperação e mobilidade são desenvolvidas com o objetivo de contribuir para a formação acadêmica e cultural da de todos. Através da mobilidade dos estudantes e professores, o desenvolvimento de projetos de pesquisa, entre outras atividades se consolida o processo de internacionalização da educação. Globalização e internacionalização do ensino, longe de ser limitada ao crescimento a mobilidade dos estudantes, tornou-se um fenômeno notório que engloba um processo mais sofisticado. Ele inclui a interligação das instituições de ensino superior, presença comercial das mesmas em diferentes países e de novas formas de acesso através do progresso tecnologia de comunicação, incluindo a possibilidade de abertura do ambiente educacional a partir de sistemas de educação virtual. Entretanto, pode-se afirmar que o "Turismo de Estudos e Intercâmbio nos últimos anos ganhou destaque no Brasil e no mundo. Em um cenário globalizado e em constantes mudanças, a busca pelo novo e pelo diferente, tornou-se cada vez mais comum" (COELLI, 2014, p. 735) e, que, "o perfil e a idade desse público também podem variar, sejam estudantes do ensino fundamental, médio ou superior, professores, pesquisadores, profissionais ou até mesmo aposentados" (BRASIL, 2010, p. 30). Observa-se que muitos estudantes buscam na experiência do processo de mobilidade estudantil o enriquecimento da sua formação profissional e pessoal. Na opinião de Vasconcellos (2014, p. 13), "milhares de pessoas em todo o mundo se deslocam a todo o momento por uma determinada motivação". Existem diversos "tipos de turistas, muitas motivações e variados destinos para se escolher". Entretanto, há que se considerar que os alunos e profissionais que procuram o intercâmbio são capazes de aprender sobre outras culturas e realidades através da mobilidade internacional, sendo esta uma experiência enriquecedora. Em se tratando de experiência, (...) não existe melhor forma de conhecer e aprender sobre o mundo ao redor do que o visitando pessoalmente. Nesse âmbito, o intercâmbio é uma atividade que possibilita uma experiência única, em que o aprendizado adquirido é válido para o crescimento pessoal e desenvolvimento profissional do ser humano, especialmente no contexto da atualidade globalizada. Durante o programa, o intercambista tem a oportunidade de adquirir qualidades distintas, que não são ensinadas em casa, na escola ou na academia, mas essenciais à vida (SANTOS et. al., 2014, p. 64). Essa mobilidade implica na participação de um indivíduo em um programa de estudos em uma universidade (graduação e pós-graduação) estrangeira. Hoje, o turismo, visto como um produto de âmbito mundial, tem no Turismo de Estudos e Intercâmbio6 uma de suas atuais segmentações, "a qual visa movimentar turistas através de atividades e programas de aprendizagem. A partir desses intercâmbios estudantis, há promoção do destino, uma vez que os próprios estudantes divulgam o local em seu país de origem" (VASCONCELLOS, 2014, p. 10). As vantagens dos estudantes que participam de programa de estudos em outros países são numerosas. Além do conhecimento, é inevitável o contato com várias pessoas e suas culturas, o intercambista tem a oportunidade de pôr em prática a fluência de uma língua estrangeira, adquirir novas experiências e, o mais importante: ter oportunidades empregomuito melhor no país ou no exterior. Para Victer (2009, p. 28), A educação é o instrumento pelo qual um indivíduo, ou o seu conjunto, adquire conhecimentos de todos os tipos, sejam eles gerais, científicos, artísticos, técnicos ou especializados, com o objetivo de desenvolver sua capacidade ou aptidões. Além de conhecimentos, a pessoa obtém também, pela educação, certos hábitos e atitudes. A humanidade está se movendo cada vez mais para uma sociedade do conhecimento - em rede7 (CASTELLS, 1999), tendo importantes consequências no processo de aprendizagem, especialização, dando vez aos programas intercâmbio, à mobilidade, mecanismos de convergência, novas formas de avaliação e processos educativos inovadores. Segundo Bauman (1999, p. 75), Hoje em dia, todos estão em movimento. Muitos mudam de lugar — de casa ou viajando entre locais que não são o da sua residência. Alguns não precisam sair para viajar: podem se atirar à Web, percorrê-la, inserindo e mesclando na tela do computador mensagens provenientes de todos os cantos do globo. Mas a maioria está em movimento mesmo se fisicamente parada — quando, como é hábito, estamos grudados na poltrona e passando na tela os canais de TV via satélite ou a cabo, saltando para dentro e para fora de espaços estrangeiros com uma velocidade muito superior à dos jatos supersônicos e foguetes interplanetários, sem ficar em lugar algum tempo suficiente para ser mais do que visitantes, para nos sentirmos em casa. A sensação que se passa na mais recente fase da globalização é de que se torna cada vez mais possível transformar qualquer coisa, tudo se torna cada vez mais 6 O movimento turístico gerado por essa atividade, consiste no deslocamento do turista motivado pela busca de conhecimento e entendimento sobre os aspectos culturais e sociais de uma localidade, adquiridos por meio de experiências participativas (DI DONÉ; GASTAL, 2012, p. 04-05). 7 Tais redes representam um conjunto de nós interligados por relações aleatórias que permitem o fluxo de bens materiais e imateriais, como matéria-prima, mercadorias, pessoas ou informações (CASTELLS, 1999). acessível. É este processo que conduz a onda de internacionalização8 (sociedade em rede) e, acima de tudo, a transnacionalização da educação. Esta, por sua vez, pode- se vista como a "interculturalidade de saberes, sem hierarquização, sem aniquilação das significações simbólicas do contexto do lugar (...)” ocorrendo “(...) a complementaridade, a partilhada de conhecimentos, que possibilita a construção de diálogos e de novos saberes" (BRASILEIRO; MEDINA & CORIOLANO, 2012, p. 93). Desta forma, o programa de mobilidade estudantil propõe o processo de construção de diálogos e de novos saberes, a medida que oferece a oportunidade do estudante se destacar dos outros e oferecendo-lhes vantagens que são geralmente reconhecidas por empresas de grande porte. Ao ver de Monteiro (2012, p. 11) o perfil do turista vem se transformando gradualmente com o passar do tempo. E por este motivo, O mercado se depara cada vez mais com a necessidade de inovar e oferecer um produto diferenciado a esse novo tipo de consumidor moldado através do advento da globalização. Esse é um fato que se faz presente em diversos segmentos do âmbito turístico, sobretudo quando se trata da esfera do Intercâmbio Cultural. O conhecimento se tornou um fator de produção. Na última década, o número de profissionais que se mobilizam internacionalmente para fins de estudos de pós- graduação e aperfeiçoamento apresentou um aumento significativo, atingindo uma magnitude espantosa e estabelecendo-se como um fluxo específico de migração de trabalhadores qualificados. Na opinião de Braga (2015, p. 16), o intercâmbio está profundamente interligado ao setor do "turismo e por ser tão valorizado no mercado de trabalho, ainda é altamente procurado como forma de melhorar o currículo, adquirir proficiência na língua e obter uma 'visão de mundo' mais ampla”. A este respeito, atualmente a mobilidade internacional de estudantes do ensino superior é parte da emergente e os fluxos de migração de trabalhadores qualificados dinâmicos tornou-se significativo em todos os países. Assim, o turismo "no mundo globalizado torna-se uma ferramenta para alcançar novos patamares de 8 Ressalta-se que a internacionalização o foi o período de intensificação das influências, direcionadas para a composição de uma economia mundial capaz de sustentar o capitalismo dentro das decisões do Estado interventor, em muitos casos regulador das ações do mercado. Nesses termos, ambos os processos, mesmo que compreendidos em conceitos distintos, apontam para a intensificação das relações entre povos e Estados mediadas pela extensão de influências, principalmente econômicas – movimentos que intrinsecamente promoveram mudanças na sociedade e formataram, entre outros resultados, um sistema capitalista de escala mundial (SOARES, 2007, p. 65). competitividade, que, consequentemente, proporcionariam uma série de benefícios aos núcleos turísticos" (SOARES, 2007, p. 66). TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO O intercâmbio começou a ser pensado após constatar e conhecer verbalmente as experiências de "estudantes que já haviam passado por este mundo de oportunidades, percebendo-se o quanto uma mobilidade internacional capacita os acadêmicos para a vida pessoal, social e profissional" (DALMOLIN et. al., 2013, p. 443). Nesse sentido, o Turismo de Estudos e Intercâmbio passou a ser tratado como um segmento de relevante importância para o crescimento e fortalecimento do turismo. Além de estar em franco "crescimento e de se mostrar um mercado bastante promissor, esse segmento pode ser trabalhado como atrativo para os lugares que ainda não possuem roteiros turísticos consolidados" (VICTER, 2009, p. 24). Os principais programas e atividades educacionais apresentados que poderão ser oferecidos para estudantes estrangeiros no Brasil são: o ensino médio (high school), os programas de educação superior, programas de curta duração, o ensino de idiomas e os estágios profissionalizantes e trabalho voluntário. Esses tipos de Turismo de Intercâmbio estão descritos no Caderno de orientações básicas do Turismo de Estudos e Intercâmbio (BRASIL, 2010, p. 46-53) com a caracterização a seguir: 1 - Programa de estudos de/no Ensino Médio: voltado para alunos entre 14 e 18 anos, tradicionalmente de um ou dois semestres acadêmicos em escolas (ensino médio) públicas ou particulares, residindo em casas de famílias pagas ou voluntárias, ou no alojamento estudantil da escola. Consistindo na complementação da série do ensino médio em que o aluno esteja em curso no país de origem, com as devidas adaptações curriculares. 2 - Programas de Ensino Superior: são divididos em cursos técnicos de graduação ou extensão universitária, graduação e pós-graduação, pesquisa científica e intercâmbio de estudantes9 – semestre ou ano acadêmico10. Normalmente, os estudantes estrangeiros cursam disciplinas da mesma área de conhecimento da formação que cursam em sua instituição de origem. 3 - Programas de estudos de curta duração: são os cursos livres, visitas técnicas, entre outros. O grande objetivo é oferecer aos interessados a oportunidade de vivenciar uma experiência no exterior, ao mesmo tempo em que desenvolvem a aprendizagem em diferentes áreas do conhecimento. Como por exemplo, intercâmbio esportivo, cursos de artes, etc. 4 - Cursos de idiomas: destina-se a pessoas de todas as idades com interesse em aprender e aprimorar o idioma, seja para fins de trabalho, passeio, seja para uso cotidiano. Podem ser combinados com atividades complementares ou para interesses específicose são divididos de acordo com o nível de proficiência, a carga horária de acordo com a disponibilidade de tempo e recurso do estudante. 5 - Estágio profissionalizante ou Trabalho voluntário: são aqueles em que os estudantes (universitários maiores de 18 anos) colocam em prática os conhecimentos teóricos aprendidos, por meio de estágios ou programas de treinamento em empresas no Brasil e no exterior (a atividade não é remunerada). INTERCÂMBIO E COMPETITIVIDADE O comportamento do consumidor de turismo vem mudando e, com isso, surgem novas motivações de viagens e expectativas que precisam ser atendidas. Em um mundo globalizado, "onde se diferenciar adquire importância a cada dia, os turistas 9 Existem duas modalidades: exchange program, onde o estudante desenvolve estudos de graduação por meio de Programas de Cooperação mantidos pela instituição de ensino de origem. Esta modalidade geralmente é oferecida em base de reciprocidade, em termos de número de estudantes enviados e recebidos, e prevê a possibilidade de aproveitamento dos estudos realizados no exterior. Na modalidade study abroad, os estudantes se inscrevem em programas de graduação de forma independente, sem acordo institucional entre as instituições de origem e de destino e sem garantia de reaproveitamento dos estudos cursados (BRASIL, 2010, p. 48). 10 A orientação e o acompanhamento do processo devem ser realizados pelos coordenadores de curso de graduação das duas instituições, como responsáveis pelo programa de estudo a ser cumprido pelo intercambista. Este estudante também pode ser orientado por um agente de intercâmbio no seu país de origem, especializado em educação superior e reconhecido e autorizado pela IES estrangeira para tal função (BRASIL, 2010, p. 47). exigem, cada vez mais, roteiros turísticos que se adaptem às suas necessidades, sua situação pessoal, seus desejos e preferências" (BRASIL, 2010, p. 09). Como já foi afirmado, não há como ignorar que a globalização tem influenciado no desenvolvimento de muitas inovações acadêmicas, como a educação a distância, onde surgem parcerias acadêmicas e de pesquisas colaborativas, melhorando a qualidade e incentivando a transparência educativa. Sabe-se que a educação envolve mais do que apenas a transmissão de conhecimento e a estimulação de processos mentais. A experiência educacional deve incluir também o desenvolvimento cultural e social, bem como a formação de liderança em um ambiente que promova o ideal democrático e o conceito de responsabilidade social. Entretanto, ter flexibilidade de criar um ambiente onde se obtenha o desenvolvimento do aluno é uma consideração importante. Para se manterem competitivas, as universidades estão oferecendo combinações mais atrativas de cursos e programas. Conferindo uma atenção especial em programas multidisciplinares e opções de intercâmbio para atender às mudanças das necessidades da sociedade e da evolução da exigência de recursos humanos de uma economia globalizada influenciada pela era digital. Segundo Dalmolin et. al. (2013, p. 443), Um conceito simples aproxima a palavra intercâmbio de troca, permuta. Num sentido amplo, o intercambio pode ser entendido como forma de trocar informações, crenças, culturas, conhecimentos. Nesse sentido, a experiência de viver em outro país proporciona conhecer hábitos diferentes e específicos, abre novas perspectivas, auxilia na superação de dificuldades, pois o intercambista precisa se adaptar ao ambiente, enfrentar desafios e crescer sobretudo na perspectiva de fortalecimento emocional, haja vista que a distancia dos laços afetivos de origem propicia a vulnerabilidade no processo de tomada de decisões da vida pessoal e profissional. O mundo contemporâneo precisa de pessoas que enxerguem além do estritamente profissional, sejam conscientes da interdependência social da realidade atual e enfrentem os desafios com sensibilidade, ética, tolerância, compromisso e respeito a diversidade. Devendo-se também citar a importância do turismo de intercâmbio “para a formação de mercado, a promoção da cultura de paz e a promoção do país no exterior, já que os turistas desse segmento em geral disseminam as experiências vivenciadas em seu país de origem" (BRASIL, 2010, p. 11). Portanto, a internacionalização da educação não se dirige estritamente ao desenvolvimento de perfis profissionais competitivos, mas também busca facilitar o descobrimento de recursos intra e interpessoais a partir dos quais se tornem possíveis as constantes adaptações sociais e processos de troca. Para Tomazzoni & Oliveira (2013, p. 390), O intercâmbio proporciona experiência para ambas as partes, tanto para a pessoa que conhece outra realidade quanto para quem recebe o intercambista. Além disso, o intercâmbio promove desenvolvimento pessoal em ambiente desconhecido. Um dos desafios é manter o próprio bem estar no local de destino. Com as diversas modalidades de intercâmbio, o participante desenvolve competências que contribuem para ascensão em sua carreira. Entretanto, o intercâmbio (estudo, trabalho, esporte) promove e fortalece o processo de construção de um espaço incomum de aprendizagem através da mobilidade internacional de pessoas, com a convicção de que através da interação e convivência entre elas ocorrerá não somente a troca acadêmica e cultural, mas também uma melhor compreensão da diversidade11 e particularidades dos diferentes sistemas de aprendizagem e sociais que existentes. Segundo o Ministério do Turismo o intercâmbio "constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional". (MTUR, 2006, p. 15 apud MONTEIRO, 2012, p. 19). Estes programas são oferecidos em muitas partes do mundo, o que torna o programa uma oportunidade única para conhecer12 outros lugares como Inglaterra, EUA, Canadá, Irlanda, Alemanha, França, Austrália, etc. De acordo com o Ministério do Turismo (2012), (...) os campos das contribuições do intercâmbio para os destinos classificam- se em: econômico (competividade do mercado de trabalho); político (segurança nacional, relações internacionais, promoção da paz); sociocultural (fortalecimento da identidade regional e nacional); e educacional (cooperação intelectual, comércio de serviços educativos, ampliação de horizontes pedagógicos, melhoria da qualidade dos sistemas de ensino) (TOMAZZONI; OLIVEIRA, 2013, p. 390). Pode-se afirmar que o turismo de intercâmbio se tornou um fenômeno global, não só por causa de magnitude que atingiu, mas porque ocorre em todas as regiões 11 Isso é alcançado, por exemplo, com cursos de idiomas ou colegial no exterior, estágios, programas de au pair, partilhamento em casa de família (recebendo-se estrangeiros e ganhando, em troca, a chance de se hospedar também gratuitamente na casa deles num futuro próximo) (DI DONÉ & GASTAL, 2012, p. 03). 12 Conhecer os costumes, as diferentes tradições, o idioma do país receptor, além de um dos fatores mais interessantes que é o de se hospedar na casa de uma família autóctone o que intensifica o êxito em tomar conhecimento das atividades supracitadas. Comumente o estudante desconhece a família que o receberá e também não tem fluência no idioma falado por seus anfitriões (MONTEIRO, 2012, p. 25). do mundo. No entanto, a mobilidade desses estudantes possui diferenças e motivações relevantes observadas que caracterizam este fenômeno atual. Conforme esclarecerem Di Doné & Gastal (2012, p. 5) o intercâmbio pode ser para: Atividades e programas de aprendizagem e vivência: Realização de experiências, cursos para finseducacionais para formação. Vivenciando, experimentando de forma participativa esses conhecimentos sociais e culturais de um determinado lugar. Fins de qualificação e ampliação de conhecimento: A qualificação deve ser entendida como o aumento no grau de aptidão ou instrução do turista, em uma atividade já praticada anteriormente, e ainda a ampliação de conhecimento deve-se entender o desenvolvimento de uma atividade correlata a um conhecimento adquirido anteriormente. Conhecimento: São ideias, informações e experiências acerca de alguma atividade específica, que abrangem tanto a área técnica como a área acadêmica. O conhecimento técnico seria aquele relativo a uma profissão, um ofício, uma ciência ou uma arte determinada. Abrange por exemplo, cursos esportivos, de idiomas, intercâmbios de ensino médio, entre outros. Desenvolvimento pessoal e profissional: O desenvolvimento pessoal é o ganho dos conhecimentos, com motivação particular. O desenvolvimento profissional é sem dúvida alguma, todo o ganho qualitativo e quantitativo de conhecimentos que, posteriormente, serão utilizados em uma profissão ou ofício. O Turismo de Estudos e Intercâmbio deve ser tratado como um segmento de relevante importância para o crescimento e fortalecimento do turismo brasileiro. Por estar em crescimento e mostrando-se um mercado bastante promissor, esse segmento pode ser trabalhado como uma solução para os períodos de baixo fluxo turístico. Além disso, os programas de estudos e Intercâmbio podem ser usados como atrativo para os lugares que ainda não possuem roteiros turísticos consolidados. Viver em outro país permite que o indivíduo conheça a si mesmo em um ambiente estranho, do qual se constitui num convite e uma oportunidade para o próprio crescimento e amadurecimento. A experiência "é composta quase sempre por novas descobertas, novos amigos, novos paladares e até mesmo novas revelações sobre si mesmo (...)" (COELLI, 2014, p. 750). Como já foi afirmado, o intercâmbio além de permitir que o indivíduo aprenda um segundo idioma, possibilita a vivência de outra cultura, de modo que aspectos tanto cognitivos quanto emocionais sejam desenvolvidos por meio dessa experiência contribuindo para a formação tanto profissional quanto pessoal. O indivíduo que participa de um intercâmbio se envolve na aprendizagem e na interação dentro de um ambiente multicultural, partilhando semelhanças e diferenças. Essa experiência vivenciada promoverá ou facilitará sua vida profissional. É muito provável que irá aprender as diferentes abordagens para um futuro que pode abrir as portas de uma carreira profissional (VICTER, 2009, p. 15). A mobilidade internacional para aperfeiçoamento é importante não só para os próprios alunos e profissionais, no sentido de aprender novas maneiras de pensar, se adaptar às novas formas de instrução, mas também como forma de permitir se tornar mais competitivo a nível global. Como exemplo do investimento dessa demanda, a Disney reconhecendo a vontade que muitas pessoas têm de trabalhar na empresa, "criou os International Programs, programas de intercâmbio que possibilitam a estudantes e jovens de diversos países fazer parte do que eles chamam de the art of creating happiness" (BRAGA, 2015, p. 12). Como parte dos programas de intercâmbio da Disney, a pessoa interessada tem a oportunidade de experimentar e aprender trabalhando dentro de uma das empresas de entretenimento mais inovadoras do mundo. Viver e trabalhar no Walt Disney World Resort permite que a pessoa tenha contato com indivíduos de todas as partes do mundo, crie memórias para a vida, pratique a pronuncia da língua inglesa, adquira habilidades de liderança, relacionamento interpessoal e atendimento ao cliente; entre todas outras coisas pelas quais a Disney é mundialmente conhecida. CONSIDERAÇÕES FINAIS A globalização é simplesmente uma nova forma de capitalismo. De certo, não poderia ser assim tão simples. Tornando-se um conceito muito mais complexo, de grande alcance, influenciando quase todos os aspectos da vida cotidiana. Pode-se dizer que a globalização é uma espécie de normalização ou de harmonização entre os países, onde o mundo dos negócios e a indústria internacional padronizaram a garantia da qualidade como um preceito básico de excelência profissional. É importante destacar que a influência da globalização não se limita apenas as situações governamentais e econômicas. Áreas tão diversas como moda, linguagem, educação, valores culturais, arte, legislações e sociedades podem ser significativamente influenciadas, e uma influência mais sutil pode ser sentida em todos os aspectos das atividades diárias. A globalização faz com que a internacionalização ocorra, ou mais precisamente, de que ela apareça como resultado da globalização. O resultado desse cenário é a aproximação de culturas, pessoas, economias e governos que possuem a interação direta, tornando-se coagidos a preparar seus países para se ajustarem às mudanças associadas à globalização. Hoje tornou-se relevante profissionalmente aprender uma segunda língua, fazer estágios no exterior, preparar em uma universidade estrangeira, etc. As pessoas que possuem experiência de intercâmbio são mais valorizadas no mercado de trabalho pelas empresas. Como principal vantagem de concorrência, o segmento de Turismo de Estudos e Intercâmbio tem tido aumento relevante, e, os aspectos da mobilidade estudantil no mundo e no Brasil e as tendências de internacionalização da Educação tem sido bastante discutidos no âmbito acadêmico. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Tradução de Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: SENAC/SP, 1998 ______. Globalização do Turismo: megatendências do setor e realidade brasileira. São Paulo: Aleph, 2004. BRAGA, Mariana Barata Meireles. Turismo e intercâmbio: Disney International Programs. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2015. 53f (Trabalho de conclusão de curso de Graduação em Turismo) BRASIL. Turismo de Estudos e Intercâmbio: orientações básicas. 2.ed. 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