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O TURISMO DE INTERCÂMBIO, GLOBALIZAÇÃO E A INTERNACIONALIZAÇÃO 
DO ENSINO 
 
Madeleine Huaman1 
 
RESUMO 
 
O presente estudo tem como objetivo compreender os benefícios que o Turismo de 
Intercâmbio oferece ao indivíduo, de forma com que se destaque no mercado de 
trabalho. Através da pesquisa qualitativa descritiva, realizou-se uma revisão 
bibliográfica de leitura seletiva o intuito de verificar a relevância dos achados 
referentes ao tema. Hoje, a influência da globalização e internacionalização da 
educação e do mercado de trabalho tornou o Turismo de Intercâmbio (aprender uma 
segunda língua, fazer estágios no exterior, se preparar em uma universidade 
estrangeira, etc.) reconhecido como uma ferramenta necessária para que o indivíduo 
desenvolva um conjunto de habilidades, competências, atitudes e conhecimentos, a 
fim de melhor intervir em um mundo cada vez mais competitivo. Observou-se que as 
pessoas que possuem experiência de intercâmbio são mais valorizadas 
profissionalmente, sendo sua experiência vista como um diferencial pelas empresas. 
E, que consequentemente esse segmento de Turismo tem tido um aumento relevante 
nos últimos anos, principalmente por facilitar aos aspectos de mobilidade estudantil e 
o processo de internacionalização do processo educativo. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Turismo de Intercâmbio; Globalização; Mobilidade Estudantil; 
Internacionalização; Processo Educativo. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Com o advento da globalização (ela multidimensional, abrangendo a área 
econômico, política, social, cultural e educacional) empresas das mais diversas áreas 
da indústria trabalham com parceiros e clientes internacionais. Com isso, atualmente, 
encontra-se no mercado de trabalho pessoas de diferentes culturas em um mesmo 
ambiente, o tornando ainda mais competitivo, onde existe a necessidade de ser um 
profissional com um currículo diferenciado, que se destaque, fale vários idiomas e que 
conheça diferentes culturas. 
 
1 Graduanda em Turismo da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, Brasil. Orientadora: Profa Ms. 
Erika Gelenske. 
Hoje, através de programas de intercâmbio, a pessoa tem oportunidade de 
viver durante vários meses ou anos em um outro país, sendo acolhida por uma família 
local, praticando o idioma e frequentando aulas regulares em uma faculdade ou 
escola. Tais programas são baseados nas mudanças ocorridas no ambiente 
empresarial através do processo de globalização, impulsionando uma grande 
interação entre pessoas de diferentes culturas e países, onde se compreende que as 
sociedades vivem e pensam de formas diferentes. Assim, o problema que se 
apresenta é: quais os benefícios que o turismo de intercâmbio oferece aos que o 
fazem? 
A hipótese levantada é que o turismo de intercâmbio permite que os visitantes 
tenham a oportunidade de construir novas amizades e relações, de forma a aprender 
como falar e interagir com pessoas de diferentes culturas, além do idioma. Quando se 
tem a oportunidade de vivenciar um cotidiano em um novo lugar, com culturas ainda 
desconhecidas, não somente o visitante se beneficia em criar uma relação pessoal, 
aprendendo sobre a cultura com uma perspectiva local, mas também acontece uma 
troca mútua com quem se interage, onde os locais aprendem com os visitantes, 
ganhando o respeito e o entendimento de novas culturas. 
Desta forma, a presente pesquisa tem como objetivo compreender os 
benefícios que o turismo de intercâmbio oferece ao indivíduo, de forma com que se 
destaque no mercado de trabalho. Apresentando-se os seguintes objetivos 
específicos: estudar o conceito de turismo de intercâmbio e suas modalidades, 
mostrar o perfil do intercambista e suas motivações e destacar o intercâmbio como 
ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional. 
É de grande interesse que o estudo mostre o significado que o intercâmbio 
proporciona na vida profissional do indivíduo, assim como nas razões que o motivaram 
a tomar esta decisão e os desafios que ele enfrenta. Mostrando-se que esse tipo de 
turismo tem sido reconhecido como uma ferramenta necessária para que se possam 
enfrentar os desafios que são impostos pela sociedade em que se vive, onde os 
intercambistas desenvolvem um conjunto de habilidades, competências, atitudes e 
conhecimentos, a fim de melhor intervir em um mundo cada vez mais globalizado. 
Quanto a metodologia, o tipo de pesquisa caracteriza-se quanto a sua natureza 
como qualitativa; quanto a finalidade descritiva. A coleta de dados foi realizada através 
da revisão bibliográfica de leitura seletiva de artigos, livros e trabalhos de conclusão 
de curso com o intuito de verificar a relevância dos achados referentes ao tema. 
 
GLOBALIZAÇÃO E TURISMO 
 
Hoje, a globalização dentro de um processo de atividades econômicas, sociais, 
culturais, tecnológicas e políticas, abre as fronteiras internacionais e interfere no 
turismo. Ocorrendo o aumento da comunicação e interdependência entre os países 
do mundo, unindo os seus mercados, pessoas e culturas, onde "a mobilidade galga 
ao mais alto nível dentre os valores cobiçados (..)" (BAUMAN, 1999, p. 06). 
Então, qual é o papel do turismo na economia mundial globalizada? Estas e 
outras perguntas nos levam a identificar o turismo como um modelo autônomo ou 
parte de um modelo geral imposto pela globalização. 
Globalmente, o turismo é considerado o setor em ascensão mundial (é o 
segundo setor mais globalizado), o que gera mais empregos, tornando-se um dos 
maiores contribuintes para a economia do planeta. O que tem permitido a abertura de 
novas zonas econômicas, como foi o caso da Península da Flórida, o deserto de 
Nevada (onde fica Las Vegas), e em outros casos, permitiu a reengenharia urbana 
como Londres (hoje considerada a capital da Europa) e Paris, que passaram do posto 
de cidades industriais para ocupar espaço de verdadeiras cidades históricas, onde 
turismo cultural é um grande campo de expansão. Na concepção de Portuguez; 
Seabra & Queiroz (2012, p. 07), o turismo é também uma "atividade carregada de 
signos, representações, resistência e de valores sociais" que traz o desenvolvimento 
e o crescimento dos lugares. 
Em países cuja riqueza está em suas grandes cidades, o turismo também 
desempenha um papel importante, porque ele consegue recriá-los em sua essência. 
Hoje, muitas cidades deixaram de ser um lugar para viver e são hoje um lugar para 
idealizar. 
Por exemplo, Nova York, Roma, entre outros lugares são propostos como 
destinos turísticos, fábricas de experiências, aventuras, grandes centros de 
entretenimento grandes, museus, etc. Nessas localidades, o turismo se torna um 
elemento chave na mudança da estrutura econômica, tendo um peso significativo em 
suas economias. 
O turismo2 configura-se como um conjunto de atividades ou negócios que 
geram direta ou indiretamente produtos e serviços baseados em atividades de 
transporte, cuidado, alimentação, hospedagem e entretenimento, por motivos 
profissionais e outros relacionados com pessoas que estão fora da sua residência 
habitual. Para Beni (1998, p. 37) o turismo se trata de um: 
 
elaborado e complexo processo de decisão sobre o que visitar, onde, como 
e a que preço. Nesse processo intervém inúmeros fatores de realização 
pessoal e social, de natureza motivacional, econômica, cultural, ecológica e 
científica. Que ditam a escolha dos destinos, a permanência, os meios de 
transportes e o alojamento, bem como o objetivo da viagem em si para a 
fruição tanto material como subjetiva dos conteúdos de sonhos, desejos, de 
imaginação projetiva, de enriquecimento existencial histórico-humanístico, 
profissional, e de expansão de negócios. Esse consumo é feito por meio de 
roteiros interativos espontâneos ou dirigidos, compreendendo a compra de 
bens e serviços da oferta originale diferencial das atrações e dos 
equipamentos a ela agregados em mercados globais com produtos de 
qualidade e competitivos. 
 
Muito tem sido dito sobre a importância do turismo, particularmente do seu 
papel no crescimento econômico e também para atração de investimentos em certas 
localidades. Do ponto de vista socioeconômico, o turismo "é uma atividade de suma 
importância, provendo renda e emprego, tanto diretamente quanto indiretamente, para 
a população autóctone da região na qual a prática é realizada" (MONTEIRO, 2012, p. 
17). Com estas novas dinâmicas, o turismo tornou-se uma das atividades de maior 
relevância econômica global. 
Deve-se lembrar que a mudança tecnológica consequente da globalização dos 
mercados e mudanças nos parâmetros de consumo que influenciam o ambiente de 
trabalho, onde novas exigências de capacidade de produzir bens e serviços são 
exigidos. 
Nesse cenário mundializado 3 , os avanços na tecnologia de comunicação 
enriqueceram o desenvolvimento do conhecimento, onde a cooperação internacional 
 
2 Pode-se verificar, portanto, que o turismo, de forma geral, é uma prática em que o sujeito tem as 
oportunidades de conhecer novos lugares e de vivenciar experiências diversas de acordo com sua 
predisposição, desde aquelas mais simples e básicas, até as mais complexas e alternativas. O 
intercâmbio se adequa nesse contexto, uma vez que é uma atividade cultural e intensa, com a 
experiência proporcionando desenvolvimento pessoal e evolução profissional sem precedentes 
(SANTOS et. al., 2014, p. 66). 
3 Entende-se, aqui, a mundialização como um fenômeno de larga extensão, e o desenvolvimento do 
modo de produção capitalista é reconhecido de forma intrínseca a esse mesmo processo. A expansão 
do capitalismo é, portanto, um fator presente nesse processo que lhe concede novos contornos. Faz-
se necessário ressaltar esse aspecto, pois, embora a mundialização seja reconhecida como um 
movimento mais extenso, é, até certo ponto, um movimento que conjuntamente “mundializa” o 
capitalismo (SOARES, 2007, p. 64-65). 
se tornou uma realidade. Segundo Castells (1999, p. 87), informação e conhecimento 
“sempre foram elementos cruciais no crescimento da economia, e a evolução da 
tecnologia determinou em grande parte a capacidade produtiva da sociedade e os 
padrões de vida (...)”. 
O conhecimento hoje representa um fator produtivo, onde a demanda surge de 
acordo com as contínuas mudanças e descobertas. Dentro dessa perspectiva, o 
indivíduo precisa desenvolver as habilidades de gerenciamento de informações, 
análise e síntese que se tornaram fundamentais para programas de ensino. Conforme 
observa Vasconcellos (2014, p. 17): 
 
Um dos efeitos da globalização é o avanço tecnológico, em que indivíduos 
em qualquer lugar do mundo podem se comunicar e trocar informações. Esse 
fenômeno, entendido como catalisador do processo de internacionalização, 
desencadeou um novo segmento na indústria do turismo. Esse segmento 
inovador é denominado como turismo virtual, o qual pode ser compreendido 
como fruto do turismo internacional, já que essa nova modalidade possibilita 
que pessoas de todo o mundo viagem para qualquer destino, através da 
internet. 
 
Dada a velocidade com que o conhecimento se torna obsoleto, os alunos 
precisam incorporar em suas habilidades de ensino e aprendizagem processos que 
lhes dão a capacidade de adaptação permanente. Visto que, "o espaço deixou de ser 
obstáculo, não há mais fronteiras naturais nem lugares óbvios a ocupar" (BAUMAN, 
1999, p. 85). 
A sociedade do conhecimento (LEVY, 1999) não é apenas caracterizada pelo 
aumento ou pela aplicação de conhecimento, mas também pelo sentido de 
institucionalizar mecanismos reflexivos que transformam o conhecimento em 
ferramentas de aprendizagem sociais. Dessa forma, "a competitividade estimulou a 
agressividade dos agentes operadores e a utilização de tecnologias avançadas e de 
sistemas de comercialização altamente sofisticados" (TULIK, 1994, p. 10). 
Pode-se afirmar que uma das grandes vantagens da globalização no aspecto 
educativo é a ocorrência de uma melhoria significativa na qualidade do mesmo, 
porque em um mundo competitivo em que todos se esforçam em ser "o melhor", a 
educação torna-se a principal ferramenta para alcançar este objetivo. Ao ver de 
Dalmolin et al (2013, p. 443), 
 
Os programas de intercâmbio buscam promover a consolidação, expansão e 
internacionalização da ciência e da inovação técnico-científica. E uma 
oportunidade de conhecer novas culturas, sistemas políticos e organizações 
sociais, aprender, aprimorar e/ou conhecer as variantes linguísticas de um 
novo idioma. Entre as inúmeras metas destes programas destaca-se a 
necessidade de investir na formação de pessoal altamente qualificado nas 
competências e habilidades necessárias para o avanço da sociedade do 
conhecimento; aumentar a presença de pesquisadores e estudantes de 
vários níveis em instituições de excelência no exterior e promover a inserção 
internacional das instituições brasileiras pela abertura de oportunidades 
semelhantes para cientistas e estudantes estrangeiros. 
 
Em tempos atuais, as pessoas buscam obter melhores oportunidades de 
trabalho, uma vez que as portas do mundo estão abertas a novos profissionais 
especializados que falam línguas diferentes 4 . Em uma sociedade que preza a 
internacionalização e as competências linguísticas, motivou muitas pessoas à procura 
de enriquecimento do currículo e a vivência de uma experiência única, em um 
ambiente multicultural, através do turismo de intercâmbio. Buscando a oportunidade 
de se tornar competitivo internacionalmente. Conforme destaca Victer (2009, p. 15), 
as empresas "(...) precisam de profissionais versáteis e adaptáveis, que possam ser 
transferidos para outros setores da empresa ou até mesmo outros estados e países, 
sem sofrer com a mudança". 
Essa vivência internacional vem ganhando cada vez mais respaldo e sendo 
crucial no momento em que uma empresa busca profissionais qualificados para 
contratação. Para Monteiro (2012, p. 24), a economia globalizada desfaz "(...) as 
fronteiras presentes no meio comercial, a necessidade de interatuar com profissionais 
das mais diversas áreas acadêmicas e segmentos mercadológicos e, sobretudo, de 
nacionalidades, distintas é um fator preponderante e uma realidade indiscutível". De 
fato, esse é um perfil profissional cada vez mais valorizado pelas empresas, o que 
torna o turismo de intercâmbio uma atividade em expansão (TOMAZZONI & 
OLIVEIRA, 2013). 
A literatura tem percebido vantagens de o indivíduo viver durante vários 
meses/anos em uma realidade alternativa (DALMOLIN et. al., 2013; TOMAZZONI & 
OLIVEIRA, 2013). Dentre algumas das lições de vida que são normalmente 
aprendidas pelos participantes em programas de intercâmbio vida que não costumam 
ser aprendidos na sala de aula, pode-se destacar: o desenvolvimento de habilidades 
interpessoais (aprender a fazer as próprias escolhas, enfrentar os desafios de novas 
situações, etc.), redução de preconceitos e estereótipos, o interesse em fenômenos 
globais, capacidade de comparar diferentes realidades ou fenômenos sociais, maior 
 
4 Apesar da vasta gama de opções que existem para intercâmbios, ainda há preferência por certos 
destinos, em especial onde a língua a ser estudada é o inglês (BRAGA, 2015, p. 17). 
orientação internacional, etc. (BRAGA, 2015; MONTEIRO, 2012; VASCONCELLOS, 
2014). 
 
A INTERNACIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E MOBILIDADE ACADÊMICA 
 
É comum pessoas de diferentes países visitar outros lugares, talvez para 
fortalecer os laços entre eles ou para melhorar as habilidades em línguas estrangeiras. 
Santos et. al. (2014, p. 59) consideram que “o turista viaja motivadopelo interesse de 
conhecer algo novo e desconhecido. Ou seja, o interesse estimula o homem a 
enfrentar novas situações”. 
A globalização é um processo de interação e integração entre as pessoas, de 
governos de países e regiões diversas. Configurando-se em um processo inicialmente 
pensado exclusivamente para o setor comercial e empresarial, bem como o 
investimento na área internacional, que tem o apoio da tecnologia da informação. Por 
este motivo, 
 
O turismo é comumente associado à globalização – à intensificação dos 
fluxos turísticos internacionais e à queda das fronteiras culturais promovidas 
pelo encontro entre o visitante e o visitado. Soma-se, ainda, a constante 
relação com a entrada de investimentos, a abertura de mercados, a influência 
da tecnologia da informação e dos transportes e a ativação de novos 
parâmetros administrativos e políticos internacionais, transnacionais e 
supranacionais que influenciam em seu andamento (SOARES, 2007, p. 64). 
 
Em meio à globalização do século XXI, a troca de culturas é fortemente 
exercitada, principalmente pela indústria do turismo. Com isso, os estudantes são 
incentivados a viajar para outros destinos a fim de não só estudar, mas também, 
conhecer novos hábitos e costumes. Dessa forma, "o intercambista acaba por 
promover o turismo na destinação escolhida para estudos, pois além de estudar, esse 
tipo de turista busca conhecer os atrativos e as culturas locais" (VASCONCELLOS, 
2014, p. 11). 
Além de facilidades que existem hoje ligadas as novas tecnologias da 
informação e comunicação5 (permitem que estrangeiros possam manter contato com 
suas famílias, estudar e se mover rapidamente para situações que exigem isso). O 
que se pode perceber, desde o princípio da globalização, é que as principais razões 
para esses padrões de comportamento estão na necessidade crescente de recursos 
 
5 De acordo com Lévy (1993), as novas tecnologias da comunicação colocam o homem diante de si 
mesmo, em nível planetário. 
humanos altamente qualificados no cenário econômico capitalista globalizado. Para 
Castells (1999, p. 469), 
 
a economia global/informacional é organizada em torno de centros de 
controle e comando capazes de coordenar, inovar e gerenciar as atividades 
interligadas das redes de empresas. Serviços avançados, inclusive finanças, 
seguros, bens imobiliários, consultorias, serviços de assessoria jurídica, 
propaganda, projetos, marketing, relações públicas, segurança, coleta de 
informações e gerenciamento de sistemas de informação, bem como P&D e 
inovação científica, estão no cerne de todos os processos econômicos, seja 
na indústria, agricultura, energia, seja em serviços de diferentes tipos. 
 
A isto acrescenta-se que na "sociedade do conhecimento" onde cada vez mais 
são exigidas habilidades e competências das pessoas. Isso é o que explica em grande 
parte, a crescente expansão do ensino superior e também o desenvolvimento de 
áreas específicas projetadas para novas elites globais, surgindo uma economia global 
que possui novas necessidades. Para Beni (2004, p.27-28): 
 
A globalização provocou uma mais ampla disponibilização e acessibilidade 
em amplitude mundial dos produtos, das instalações e dos serviços turísticos 
(...). O turismo, que antes parecia ater-se a um punhado de países altamente 
especializados na excelência da oferta diferencial, passou há pouco a ser 
visto como o único meio de permitir às nações mais pobres viabilizarem sua 
integração à economia mundial. Considerando os efeitos ampliadores da 
globalização, surgiram estratégias globais para identificar, desenvolver e 
comercializar o turismo de base local em clusters e redes corporativas de 
empresas, como, por exemplo, operadoras turísticas, empresas de transporte 
aéreo, cadeias hoteleiras e um pool promocional de pequenas e médias 
empresas agregadas à cadeia produtiva do turismo. 
 
A internacionalização do ensino superior é uma resposta aos desafios 
colocados pela globalização, pois esse processo além de ser caracterizado por 
atividades econômicas e sociais em escala globais, também influenciou 
significativamente o ensino nas últimas décadas. 
A aproximação entre instituições de ensino superior de várias organizações e 
nações podem aprofundar a compreensão mútua e fortalecer os laços a procura de 
soluções conjuntas para os desafios comuns em um ambiente globalizado, 
diversificado e complexo. Diferentes formas de cooperação e mobilidade são 
desenvolvidas com o objetivo de contribuir para a formação acadêmica e cultural da 
de todos. 
Através da mobilidade dos estudantes e professores, o desenvolvimento de 
projetos de pesquisa, entre outras atividades se consolida o processo de 
internacionalização da educação. 
Globalização e internacionalização do ensino, longe de ser limitada ao 
crescimento a mobilidade dos estudantes, tornou-se um fenômeno notório que 
engloba um processo mais sofisticado. Ele inclui a interligação das instituições de 
ensino superior, presença comercial das mesmas em diferentes países e de novas 
formas de acesso através do progresso tecnologia de comunicação, incluindo a 
possibilidade de abertura do ambiente educacional a partir de sistemas de educação 
virtual. 
Entretanto, pode-se afirmar que o "Turismo de Estudos e Intercâmbio nos 
últimos anos ganhou destaque no Brasil e no mundo. Em um cenário globalizado e 
em constantes mudanças, a busca pelo novo e pelo diferente, tornou-se cada vez 
mais comum" (COELLI, 2014, p. 735) e, que, "o perfil e a idade desse público também 
podem variar, sejam estudantes do ensino fundamental, médio ou superior, 
professores, pesquisadores, profissionais ou até mesmo aposentados" (BRASIL, 
2010, p. 30). 
Observa-se que muitos estudantes buscam na experiência do processo de 
mobilidade estudantil o enriquecimento da sua formação profissional e pessoal. Na 
opinião de Vasconcellos (2014, p. 13), "milhares de pessoas em todo o mundo se 
deslocam a todo o momento por uma determinada motivação". Existem diversos "tipos 
de turistas, muitas motivações e variados destinos para se escolher". Entretanto, há 
que se considerar que os alunos e profissionais que procuram o intercâmbio são 
capazes de aprender sobre outras culturas e realidades através da mobilidade 
internacional, sendo esta uma experiência enriquecedora. Em se tratando de 
experiência, 
 
(...) não existe melhor forma de conhecer e aprender sobre o mundo ao redor 
do que o visitando pessoalmente. Nesse âmbito, o intercâmbio é uma 
atividade que possibilita uma experiência única, em que o aprendizado 
adquirido é válido para o crescimento pessoal e desenvolvimento profissional 
do ser humano, especialmente no contexto da atualidade globalizada. 
Durante o programa, o intercambista tem a oportunidade de adquirir 
qualidades distintas, que não são ensinadas em casa, na escola ou na 
academia, mas essenciais à vida (SANTOS et. al., 2014, p. 64). 
 
Essa mobilidade implica na participação de um indivíduo em um programa de 
estudos em uma universidade (graduação e pós-graduação) estrangeira. Hoje, o 
turismo, visto como um produto de âmbito mundial, tem no Turismo de Estudos e 
Intercâmbio6 uma de suas atuais segmentações, "a qual visa movimentar turistas 
através de atividades e programas de aprendizagem. A partir desses intercâmbios 
estudantis, há promoção do destino, uma vez que os próprios estudantes divulgam o 
local em seu país de origem" (VASCONCELLOS, 2014, p. 10). 
As vantagens dos estudantes que participam de programa de estudos em 
outros países são numerosas. Além do conhecimento, é inevitável o contato com 
várias pessoas e suas culturas, o intercambista tem a oportunidade de pôr em prática 
a fluência de uma língua estrangeira, adquirir novas experiências e, o mais importante: 
ter oportunidades empregomuito melhor no país ou no exterior. Para Victer (2009, p. 
28), 
 
 
A educação é o instrumento pelo qual um indivíduo, ou o seu conjunto, 
adquire conhecimentos de todos os tipos, sejam eles gerais, científicos, 
artísticos, técnicos ou especializados, com o objetivo de desenvolver sua 
capacidade ou aptidões. Além de conhecimentos, a pessoa obtém também, 
pela educação, certos hábitos e atitudes. 
 
A humanidade está se movendo cada vez mais para uma sociedade do 
conhecimento - em rede7 (CASTELLS, 1999), tendo importantes consequências no 
processo de aprendizagem, especialização, dando vez aos programas intercâmbio, à 
mobilidade, mecanismos de convergência, novas formas de avaliação e processos 
educativos inovadores. Segundo Bauman (1999, p. 75), 
 
Hoje em dia, todos estão em movimento. Muitos mudam de lugar — de casa 
ou viajando entre locais que não são o da sua residência. Alguns não 
precisam sair para viajar: podem se atirar à Web, percorrê-la, inserindo e 
mesclando na tela do computador mensagens provenientes de todos os 
cantos do globo. Mas a maioria está em movimento mesmo se fisicamente 
parada — quando, como é hábito, estamos grudados na poltrona e passando 
na tela os canais de TV via satélite ou a cabo, saltando para dentro e para 
fora de espaços estrangeiros com uma velocidade muito superior à dos jatos 
supersônicos e foguetes interplanetários, sem ficar em lugar algum tempo 
suficiente para ser mais do que visitantes, para nos sentirmos em casa. 
 
A sensação que se passa na mais recente fase da globalização é de que se 
torna cada vez mais possível transformar qualquer coisa, tudo se torna cada vez mais 
 
6 O movimento turístico gerado por essa atividade, consiste no deslocamento do turista motivado pela 
busca de conhecimento e entendimento sobre os aspectos culturais e sociais de uma localidade, 
adquiridos por meio de experiências participativas (DI DONÉ; GASTAL, 2012, p. 04-05). 
7 Tais redes representam um conjunto de nós interligados por relações aleatórias que permitem o fluxo 
de bens materiais e imateriais, como matéria-prima, mercadorias, pessoas ou informações 
(CASTELLS, 1999). 
acessível. É este processo que conduz a onda de internacionalização8 (sociedade em 
rede) e, acima de tudo, a transnacionalização da educação. Esta, por sua vez, pode-
se vista como a "interculturalidade de saberes, sem hierarquização, sem aniquilação 
das significações simbólicas do contexto do lugar (...)” ocorrendo “(...) a 
complementaridade, a partilhada de conhecimentos, que possibilita a construção de 
diálogos e de novos saberes" (BRASILEIRO; MEDINA & CORIOLANO, 2012, p. 93). 
Desta forma, o programa de mobilidade estudantil propõe o processo de 
construção de diálogos e de novos saberes, a medida que oferece a oportunidade do 
estudante se destacar dos outros e oferecendo-lhes vantagens que são geralmente 
reconhecidas por empresas de grande porte. Ao ver de Monteiro (2012, p. 11) o perfil 
do turista vem se transformando gradualmente com o passar do tempo. E por este 
motivo, 
O mercado se depara cada vez mais com a necessidade de inovar e oferecer 
um produto diferenciado a esse novo tipo de consumidor moldado através do 
advento da globalização. Esse é um fato que se faz presente em diversos 
segmentos do âmbito turístico, sobretudo quando se trata da esfera do 
Intercâmbio Cultural. 
 
O conhecimento se tornou um fator de produção. Na última década, o número 
de profissionais que se mobilizam internacionalmente para fins de estudos de pós-
graduação e aperfeiçoamento apresentou um aumento significativo, atingindo uma 
magnitude espantosa e estabelecendo-se como um fluxo específico de migração de 
trabalhadores qualificados. 
Na opinião de Braga (2015, p. 16), o intercâmbio está profundamente 
interligado ao setor do "turismo e por ser tão valorizado no mercado de trabalho, ainda 
é altamente procurado como forma de melhorar o currículo, adquirir proficiência na 
língua e obter uma 'visão de mundo' mais ampla”. 
A este respeito, atualmente a mobilidade internacional de estudantes do ensino 
superior é parte da emergente e os fluxos de migração de trabalhadores qualificados 
dinâmicos tornou-se significativo em todos os países. Assim, o turismo "no mundo 
globalizado torna-se uma ferramenta para alcançar novos patamares de 
 
8 Ressalta-se que a internacionalização o foi o período de intensificação das influências, direcionadas 
para a composição de uma economia mundial capaz de sustentar o capitalismo dentro das decisões 
do Estado interventor, em muitos casos regulador das ações do mercado. Nesses termos, ambos os 
processos, mesmo que compreendidos em conceitos distintos, apontam para a intensificação das 
relações entre povos e Estados mediadas pela extensão de influências, principalmente econômicas – 
movimentos que intrinsecamente promoveram mudanças na sociedade e formataram, entre outros 
resultados, um sistema capitalista de escala mundial (SOARES, 2007, p. 65). 
competitividade, que, consequentemente, proporcionariam uma série de benefícios 
aos núcleos turísticos" (SOARES, 2007, p. 66). 
 
TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO 
 
O intercâmbio começou a ser pensado após constatar e conhecer verbalmente 
as experiências de "estudantes que já haviam passado por este mundo de 
oportunidades, percebendo-se o quanto uma mobilidade internacional capacita os 
acadêmicos para a vida pessoal, social e profissional" (DALMOLIN et. al., 2013, p. 
443). 
Nesse sentido, o Turismo de Estudos e Intercâmbio passou a ser tratado como 
um segmento de relevante importância para o crescimento e fortalecimento do 
turismo. Além de estar em franco "crescimento e de se mostrar um mercado bastante 
promissor, esse segmento pode ser trabalhado como atrativo para os lugares que 
ainda não possuem roteiros turísticos consolidados" (VICTER, 2009, p. 24). 
Os principais programas e atividades educacionais apresentados que poderão 
ser oferecidos para estudantes estrangeiros no Brasil são: o ensino médio (high 
school), os programas de educação superior, programas de curta duração, o ensino 
de idiomas e os estágios profissionalizantes e trabalho voluntário. Esses tipos de 
Turismo de Intercâmbio estão descritos no Caderno de orientações básicas do 
Turismo de Estudos e Intercâmbio (BRASIL, 2010, p. 46-53) com a caracterização a 
seguir: 
1 - Programa de estudos de/no Ensino Médio: voltado para alunos entre 14 e 
18 anos, tradicionalmente de um ou dois semestres acadêmicos em escolas (ensino 
médio) públicas ou particulares, residindo em casas de famílias pagas ou voluntárias, 
ou no alojamento estudantil da escola. Consistindo na complementação da série do 
ensino médio em que o aluno esteja em curso no país de origem, com as devidas 
adaptações curriculares. 
2 - Programas de Ensino Superior: são divididos em cursos técnicos de 
graduação ou extensão universitária, graduação e pós-graduação, pesquisa científica 
e intercâmbio de estudantes9 – semestre ou ano acadêmico10. 
Normalmente, os estudantes estrangeiros cursam disciplinas da mesma área 
de conhecimento da formação que cursam em sua instituição de origem. 
3 - Programas de estudos de curta duração: são os cursos livres, visitas 
técnicas, entre outros. O grande objetivo é oferecer aos interessados a oportunidade 
de vivenciar uma experiência no exterior, ao mesmo tempo em que desenvolvem a 
aprendizagem em diferentes áreas do conhecimento. Como por exemplo, intercâmbio 
esportivo, cursos de artes, etc. 
4 - Cursos de idiomas: destina-se a pessoas de todas as idades com interesse 
em aprender e aprimorar o idioma, seja para fins de trabalho, passeio, seja para uso 
cotidiano. Podem ser combinados com atividades complementares ou para interesses 
específicose são divididos de acordo com o nível de proficiência, a carga horária de 
acordo com a disponibilidade de tempo e recurso do estudante. 
5 - Estágio profissionalizante ou Trabalho voluntário: são aqueles em que os 
estudantes (universitários maiores de 18 anos) colocam em prática os conhecimentos 
teóricos aprendidos, por meio de estágios ou programas de treinamento em empresas 
no Brasil e no exterior (a atividade não é remunerada). 
 
INTERCÂMBIO E COMPETITIVIDADE 
 
O comportamento do consumidor de turismo vem mudando e, com isso, 
surgem novas motivações de viagens e expectativas que precisam ser atendidas. Em 
um mundo globalizado, "onde se diferenciar adquire importância a cada dia, os turistas 
 
9 Existem duas modalidades: exchange program, onde o estudante desenvolve estudos de graduação 
por meio de Programas de Cooperação mantidos pela instituição de ensino de origem. Esta modalidade 
geralmente é oferecida em base de reciprocidade, em termos de número de estudantes enviados e 
recebidos, e prevê a possibilidade de aproveitamento dos estudos realizados no exterior. Na 
modalidade study abroad, os estudantes se inscrevem em programas de graduação de forma 
independente, sem acordo institucional entre as instituições de origem e de destino e sem garantia de 
reaproveitamento dos estudos cursados (BRASIL, 2010, p. 48). 
10 A orientação e o acompanhamento do processo devem ser realizados pelos coordenadores de curso 
de graduação das duas instituições, como responsáveis pelo programa de estudo a ser cumprido pelo 
intercambista. Este estudante também pode ser orientado por um agente de intercâmbio no seu país 
de origem, especializado em educação superior e reconhecido e autorizado pela IES estrangeira para 
tal função (BRASIL, 2010, p. 47). 
exigem, cada vez mais, roteiros turísticos que se adaptem às suas necessidades, sua 
situação pessoal, seus desejos e preferências" (BRASIL, 2010, p. 09). 
Como já foi afirmado, não há como ignorar que a globalização tem influenciado 
no desenvolvimento de muitas inovações acadêmicas, como a educação a distância, 
onde surgem parcerias acadêmicas e de pesquisas colaborativas, melhorando a 
qualidade e incentivando a transparência educativa. 
Sabe-se que a educação envolve mais do que apenas a transmissão de 
conhecimento e a estimulação de processos mentais. A experiência educacional deve 
incluir também o desenvolvimento cultural e social, bem como a formação de liderança 
em um ambiente que promova o ideal democrático e o conceito de responsabilidade 
social. Entretanto, ter flexibilidade de criar um ambiente onde se obtenha o 
desenvolvimento do aluno é uma consideração importante. 
Para se manterem competitivas, as universidades estão oferecendo 
combinações mais atrativas de cursos e programas. Conferindo uma atenção especial 
em programas multidisciplinares e opções de intercâmbio para atender às mudanças 
das necessidades da sociedade e da evolução da exigência de recursos humanos de 
uma economia globalizada influenciada pela era digital. Segundo Dalmolin et. al. 
(2013, p. 443), 
 
Um conceito simples aproxima a palavra intercâmbio de troca, permuta. Num 
sentido amplo, o intercambio pode ser entendido como forma de trocar 
informações, crenças, culturas, conhecimentos. Nesse sentido, a experiência 
de viver em outro país proporciona conhecer hábitos diferentes e específicos, 
abre novas perspectivas, auxilia na superação de dificuldades, pois o 
intercambista precisa se adaptar ao ambiente, enfrentar desafios e crescer 
sobretudo na perspectiva de fortalecimento emocional, haja vista que a 
distancia dos laços afetivos de origem propicia a vulnerabilidade no processo 
de tomada de decisões da vida pessoal e profissional. 
 
O mundo contemporâneo precisa de pessoas que enxerguem além do 
estritamente profissional, sejam conscientes da interdependência social da realidade 
atual e enfrentem os desafios com sensibilidade, ética, tolerância, compromisso e 
respeito a diversidade. Devendo-se também citar a importância do turismo de 
intercâmbio “para a formação de mercado, a promoção da cultura de paz e a 
promoção do país no exterior, já que os turistas desse segmento em geral disseminam 
as experiências vivenciadas em seu país de origem" (BRASIL, 2010, p. 11). 
Portanto, a internacionalização da educação não se dirige estritamente ao 
desenvolvimento de perfis profissionais competitivos, mas também busca facilitar o 
descobrimento de recursos intra e interpessoais a partir dos quais se tornem possíveis 
as constantes adaptações sociais e processos de troca. Para Tomazzoni & Oliveira 
(2013, p. 390), 
 
O intercâmbio proporciona experiência para ambas as partes, tanto para a 
pessoa que conhece outra realidade quanto para quem recebe o 
intercambista. Além disso, o intercâmbio promove desenvolvimento pessoal 
em ambiente desconhecido. Um dos desafios é manter o próprio bem estar 
no local de destino. Com as diversas modalidades de intercâmbio, o 
participante desenvolve competências que contribuem para ascensão em sua 
carreira. 
 
Entretanto, o intercâmbio (estudo, trabalho, esporte) promove e fortalece o 
processo de construção de um espaço incomum de aprendizagem através da 
mobilidade internacional de pessoas, com a convicção de que através da interação e 
convivência entre elas ocorrerá não somente a troca acadêmica e cultural, mas 
também uma melhor compreensão da diversidade11 e particularidades dos diferentes 
sistemas de aprendizagem e sociais que existentes. Segundo o Ministério do Turismo 
o intercâmbio "constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e 
programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de 
conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional". (MTUR, 2006, p. 15 apud 
MONTEIRO, 2012, p. 19). 
Estes programas são oferecidos em muitas partes do mundo, o que torna o 
programa uma oportunidade única para conhecer12 outros lugares como Inglaterra, 
EUA, Canadá, Irlanda, Alemanha, França, Austrália, etc. De acordo com o Ministério 
do Turismo (2012), 
 
(...) os campos das contribuições do intercâmbio para os destinos classificam-
se em: econômico (competividade do mercado de trabalho); político 
(segurança nacional, relações internacionais, promoção da paz); 
sociocultural (fortalecimento da identidade regional e nacional); e educacional 
(cooperação intelectual, comércio de serviços educativos, ampliação de 
horizontes pedagógicos, melhoria da qualidade dos sistemas de ensino) 
(TOMAZZONI; OLIVEIRA, 2013, p. 390). 
 
Pode-se afirmar que o turismo de intercâmbio se tornou um fenômeno global, 
não só por causa de magnitude que atingiu, mas porque ocorre em todas as regiões 
 
11 Isso é alcançado, por exemplo, com cursos de idiomas ou colegial no exterior, estágios, programas 
de au pair, partilhamento em casa de família (recebendo-se estrangeiros e ganhando, em troca, a 
chance de se hospedar também gratuitamente na casa deles num futuro próximo) (DI DONÉ & 
GASTAL, 2012, p. 03). 
12 Conhecer os costumes, as diferentes tradições, o idioma do país receptor, além de um dos fatores 
mais interessantes que é o de se hospedar na casa de uma família autóctone o que intensifica o êxito 
em tomar conhecimento das atividades supracitadas. Comumente o estudante desconhece a família 
que o receberá e também não tem fluência no idioma falado por seus anfitriões (MONTEIRO, 2012, p. 
25). 
do mundo. No entanto, a mobilidade desses estudantes possui diferenças e 
motivações relevantes observadas que caracterizam este fenômeno atual. Conforme 
esclarecerem Di Doné & Gastal (2012, p. 5) o intercâmbio pode ser para: 
 
Atividades e programas de aprendizagem e vivência: Realização de 
experiências, cursos para finseducacionais para formação. Vivenciando, 
experimentando de forma participativa esses conhecimentos sociais e 
culturais de um determinado lugar. 
Fins de qualificação e ampliação de conhecimento: A qualificação deve ser 
entendida como o aumento no grau de aptidão ou instrução do turista, em 
uma atividade já praticada anteriormente, e ainda a ampliação de 
conhecimento deve-se entender o desenvolvimento de uma atividade 
correlata a um conhecimento adquirido anteriormente. 
Conhecimento: São ideias, informações e experiências acerca de alguma 
atividade específica, que abrangem tanto a área técnica como a área 
acadêmica. O conhecimento técnico seria aquele relativo a uma profissão, 
um ofício, uma ciência ou uma arte determinada. Abrange por exemplo, 
cursos esportivos, de idiomas, intercâmbios de ensino médio, entre outros. 
Desenvolvimento pessoal e profissional: O desenvolvimento pessoal é o 
ganho dos conhecimentos, com motivação particular. O desenvolvimento 
profissional é sem dúvida alguma, todo o ganho qualitativo e quantitativo de 
conhecimentos que, posteriormente, serão utilizados em uma profissão ou 
ofício. O Turismo de Estudos e Intercâmbio deve ser tratado como um 
segmento de relevante importância para o crescimento e fortalecimento do 
turismo brasileiro. Por estar em crescimento e mostrando-se um mercado 
bastante promissor, esse segmento pode ser trabalhado como uma solução 
para os períodos de baixo fluxo turístico. Além disso, os programas de 
estudos e Intercâmbio podem ser usados como atrativo para os lugares que 
ainda não possuem roteiros turísticos consolidados. 
 
Viver em outro país permite que o indivíduo conheça a si mesmo em um 
ambiente estranho, do qual se constitui num convite e uma oportunidade para o 
próprio crescimento e amadurecimento. A experiência "é composta quase sempre por 
novas descobertas, novos amigos, novos paladares e até mesmo novas revelações 
sobre si mesmo (...)" (COELLI, 2014, p. 750). Como já foi afirmado, o intercâmbio além 
de permitir que o indivíduo aprenda um segundo idioma, possibilita a vivência de outra 
cultura, 
 
de modo que aspectos tanto cognitivos quanto emocionais sejam 
desenvolvidos por meio dessa experiência contribuindo para a formação tanto 
profissional quanto pessoal. O indivíduo que participa de um intercâmbio se 
envolve na aprendizagem e na interação dentro de um ambiente multicultural, 
partilhando semelhanças e diferenças. Essa experiência vivenciada 
promoverá ou facilitará sua vida profissional. É muito provável que irá 
aprender as diferentes abordagens para um futuro que pode abrir as portas 
de uma carreira profissional (VICTER, 2009, p. 15). 
 
A mobilidade internacional para aperfeiçoamento é importante não só para os 
próprios alunos e profissionais, no sentido de aprender novas maneiras de pensar, se 
adaptar às novas formas de instrução, mas também como forma de permitir se tornar 
mais competitivo a nível global. 
Como exemplo do investimento dessa demanda, a Disney reconhecendo a 
vontade que muitas pessoas têm de trabalhar na empresa, "criou os International 
Programs, programas de intercâmbio que possibilitam a estudantes e jovens de 
diversos países fazer parte do que eles chamam de the art of creating happiness" 
(BRAGA, 2015, p. 12). 
Como parte dos programas de intercâmbio da Disney, a pessoa interessada 
tem a oportunidade de experimentar e aprender trabalhando dentro de uma das 
empresas de entretenimento mais inovadoras do mundo. 
Viver e trabalhar no Walt Disney World Resort permite que a pessoa tenha 
contato com indivíduos de todas as partes do mundo, crie memórias para a vida, 
pratique a pronuncia da língua inglesa, adquira habilidades de liderança, 
relacionamento interpessoal e atendimento ao cliente; entre todas outras coisas pelas 
quais a Disney é mundialmente conhecida. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A globalização é simplesmente uma nova forma de capitalismo. De certo, não 
poderia ser assim tão simples. Tornando-se um conceito muito mais complexo, de 
grande alcance, influenciando quase todos os aspectos da vida cotidiana. Pode-se 
dizer que a globalização é uma espécie de normalização ou de harmonização entre 
os países, onde o mundo dos negócios e a indústria internacional padronizaram a 
garantia da qualidade como um preceito básico de excelência profissional. 
É importante destacar que a influência da globalização não se limita apenas as 
situações governamentais e econômicas. Áreas tão diversas como moda, linguagem, 
educação, valores culturais, arte, legislações e sociedades podem ser 
significativamente influenciadas, e uma influência mais sutil pode ser sentida em todos 
os aspectos das atividades diárias. 
A globalização faz com que a internacionalização ocorra, ou mais 
precisamente, de que ela apareça como resultado da globalização. O resultado desse 
cenário é a aproximação de culturas, pessoas, economias e governos que possuem 
a interação direta, tornando-se coagidos a preparar seus países para se ajustarem às 
mudanças associadas à globalização. 
Hoje tornou-se relevante profissionalmente aprender uma segunda língua, 
fazer estágios no exterior, preparar em uma universidade estrangeira, etc. As pessoas 
que possuem experiência de intercâmbio são mais valorizadas no mercado de 
trabalho pelas empresas. 
Como principal vantagem de concorrência, o segmento de Turismo de Estudos 
e Intercâmbio tem tido aumento relevante, e, os aspectos da mobilidade estudantil no 
mundo e no Brasil e as tendências de internacionalização da Educação tem sido 
bastante discutidos no âmbito acadêmico. 
 
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