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1
DIREITO CIVIL I – PARTE GERAL 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE II – DAS PESSOAS NATURAIS 
 
1. CONCEITO DE PESSOA NATURAL: 
 
O Título I do Livro I do Código Civil de 2002, concernente às pessoas, dispõe sobre 
as “pessoas naturais”, reportando-se tanto ao sujeito ativo como ao sujeito passivo da relação jurídica. 
 
Pessoa natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. 
 
Ver: Art.1º CC/2002 
 
Para qualquer pessoa assim designada, basta nascer com vida e, desse modo, adquirir 
personalidade. 
 
2. COMEÇO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: 
 
A Personalidade jurídica (também conhecida por personalidade natural) é o 
conjunto de poderes conferidos ao homem para figurar nas relações jurídicas como titular de direitos 
ou detentor de obrigações. Isto é, aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou 
deveres na ordem civil. 
 
Prescreve o Código Civil que a personalidade natural da pessoa começa do 
nascimento com vida. 
 
Ver: Art. 2º CC/2002 
 
No instante em que há o funcionamento do aparelho cárdio-respiratório, clinicamente 
aferível por exame chamado “docimasia hidrostática de Galeno”, o recém-nascido adquire personalidade 
natural, tornando-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer segundos depois. 
 
Na mesma linha, a Resolução nº 1/88 do Conselho Nacional de Saúde, dispõe que o 
nascimento com vida é: 
 
“a expulsão ou extração completa do produto da concepção quando, após a separação, respire e tenha 
batimentos cardíacos, tendo sido ou não cortado o cordão, esteja ou não desprendida a placenta”. 
 
O Código Civil, na esteira de outros diplomas contemporâneos, NÃO faz quaisquer 
outras exigências além do “nascimento com vida”. Perante nosso direito, qualquer ser humano 
que venha a nascer com vida será uma pessoa (no sentido jurídico), não importando as anomalias, as 
deformidades ou a falta de órgãos essenciais. Em uma perspectiva constitucional de respeito à 
dignidade da pessoa, não importa que o feto tenha forma humana ou tempo mínimo de sobrevida. 
 
A importância da averiguação do nascimento do feto com vida se dá em vários 
aspectos da vida civil, como, por exemplo, no direito sucessório. Onde, se o feto nascido com vida - 
cujo pai já tenha morrido - falece minutos após o parto, terá adquirido, todos os direitos sucessórios 
do seu genitor, transferindo-os logo em seguida para a sua mãe, uma vez que se tornou, ainda que por 
breves instantes, sujeito de direito. Caso contrário, se o feto nasceu morto, não adquiriu personalidade 
natural e, portanto, não chegou a receber nem a transmitir a herança deixada por seu pai, ficando esta 
com os avós paternos. 
 
 
 2
Malgrado a personalidade natural da pessoa comece do nascimento com vida, a lei põe 
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (parte final do art.2º CC/2002). 
 
Nascituro é o “ser” que está por nascer, mas já concebido no ventre materno. Cuida-
se do “ser” concebido, ainda não nascido, dotado de vida intrauterina. 
 
A lei não lhe concede personalidade, a qual só lhe será conferida se nascer com vida. 
Mas, como provavelmente nascerá com vida, o ordenamento jurídico, desde logo, preserva seus 
interesses futuros, tomando medidas para salvaguardar os direitos que, com muita probabilidade, em 
breve serão seus. É razoável o entendimento no sentido de que, não sendo pessoa, o nascituro possui 
mera expectativa de direito. 
 
Os adeptos da teoria concepcionista1 defendem que, na vida intrauterina, tem o 
nascituro “personalidade jurídica formal” no que atina aos direitos da personalidade, visto ter carga 
genética diferenciada desde a concepção. Passando a ter “personalidade jurídica material”, 
alcançando os direitos patrimoniais e obrigacionais, que se encontravam em estado potencial, somente 
com o nascimento com vida. Isto é, o Nascituro, desde a concepção, já é titular de direitos da 
personalidade (sem conteúdo patrimonial). Ao passo que adquirirá os direitos patrimoniais no momento 
do nascimento com vida. 
 
A proteção legal ao nascituro apresenta-se em diversos aspectos, tais como: 
 
• O nascituro é titular de direitos personalíssimos (direito à vida, o direito à proteção pré-natal, etc.); 
• O nascituro pode receber doação (expectativa de direito); 
• O nascituro pode ser beneficiado por legado e herança (expectativa de direito); 
• Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses; 
 
Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça – STJ já teve a oportunidade de se posicionar 
sobre o tema, reconhecendo ao nascituro o direito à reparação de danos morais, em claro acolhimento 
à teoria concepcionista: 
 
DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO 
FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO 
INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. 
PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. 
DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nos termos da orientação da Turma, o direito à 
indenização por dano moral não desaparece com o decurso de tempo (desde que não transcorrido o lapso 
prescricional), mas é fato a ser considerado na fixação do quantum. II - O nascituro também tem 
direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido 
em vida tem influência na fixação do quantum. III - Recomenda-se que o valor do dano moral seja 
fixado desde logo, inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e 
retardamento da solução jurisdicional. (REsp 399.028/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO 
TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 26/02/2002, DJ 15/04/2002) 
 
 
 
 
1 Importante lembrar que, diante da complexidade da questão quanto à personalidade jurídica do nascituro, existem outras teorias explicativas, 
tais como a “Teoria Natalista” ou a “Teoria da Personalidade Condicional”. 
 
 
 3
3. CAPACIDADE: 
 
O art. 1º do Código Civil entrosa o conceito de capacidade com o conceito de 
personalidade, ao declarar que “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. 
 
Afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele tem 
capacidade para ser titular de direitos. 
 
Embora entrosados, os conceitos de personalidade e capacidade não se confundem. 
Enquanto a personalidade é um valor, a capacidade seria a projeção desse valor. Isto é, ter 
personalidade jurídica significa ter direitos da personalidade e gozar de proteção, ao passo que ter 
capacidade é ter aptidão para ser titular e exercer tais direitos e obrigações. 
 
Por sua vez, a capacidade se divide em 2 espécies: Capacidade de Direito e 
Capacidade de Fato (ou de Exercício). 
 
Adquirida a personalidade natural (oriunda do nascimento com vida), toda pessoa passa a ser 
capaz de contrair direitos e obrigações. Possui, portanto, capacidade de direito. 
 
Assim, capacidade de direito, atributo decorrente da personalidade jurídica, é a 
aptidão para alguém ser titular de direitos e deveres, em seu sentido subjetivo. Todo ser humano tem 
capacidade de direito, pelo simples fato de que a personalidade natural é um atributo inerente à sua 
condição de ser humano. 
 
Já a capacidade de fato ou de exercício é a aptidão de exercer por si os atos da vida 
civil. Os pilares do sistema de capacidade de fato (ou de exercício) da pessoa natural são a 
cognoscibilidade e a autodeterminação, de forma que é plenamente capaz para os atos da vida 
civil aquele que compreende e se autodetermina, e que, portanto, tem pleno poder de gerenciar sua 
vida, seus negócios e seus bens. Isto é, essa capacidade remete ao discernimento, à higidez psíquica, 
à capacidade mental de mensurar as consequências dos atos realizados. Daí, conclui-se que acapacidade de exercício é instrumento de realização da autonomia privada, por estar estreitamente 
ligada à prática de atos jurídicos, que criam, modificam ou extinguem relações jurídicas. 
 
No direito brasileiro, todos têm capacidade de direito, embora nem todos 
tenham a capacidade de fato. 
 
Se a pessoa compreende seus atos e se autodetermina, podemos afirmar que ela reúne 
tanto a capacidade de direito e como a capacidade de fato. Ou seja, ela é detentora da Capacidade 
Civil Plena: 
 
CAPACIDADE CIVIL PLENA = CAPACIDADE DE DIREITO + CAPACIDADE DE FATO 
 
Outrossim, aquele que não compreende e/ou nem se autodetermina, precisa ser 
rigorosamente protegido, até mesmo de si próprio. O Código Civil volta à atenção, assim, para esses 
indivíduos que, por variadas causas, não têm o necessário discernimento de seus atos, revelando-se 
sua Capacidade Civil Limitada(ou Incapacidade): 
 
CAPACIDADE CIVIL LIMITADA = CAPACIDADE DE DIREITO – CAPACIDADE DE FATO 
 
 
 
 
 4
A “vontade” e o “entendimento” são as guias da ação humana, cuja 
manifestação a lei considera necessária para que os atos emanados de um indivíduo 
produzam efeitos jurídicos. Por conseguinte, a incapacidade de querer e de entender o ato conduz à 
impossibilidade do indivíduo assumi-lo validamente. 
 
Nesta ordem de pensamento, a Incapacidade seria a restrição legal ao exercício dos 
atos da vida civil, imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção (devido 
à falta ou à debilidade de vontade e de entendimento), pois a capacidade é regra e a incapacidade é a exceção. 
 
Essa incapacidade poderá ser “absoluta” ou “relativa” de acordo com o grau de 
maturidade, deficiência física ou mental da pessoal. 
 
Devemos salientar que estamos tratando da falta da capacidade de exercício, e não 
da capacidade de direito (já que esta última, todos possuem). 
 
Assim, quem possui as 2 espécies de capacidade (de direito e de fato) tem capacidade 
civil plena para realizar sozinho os atos da vida em sociedade. Já quem ostenta somente a capacidade 
de direito, por fragilidade em sua capacidade de exercício, será considerado com capacidade civil 
limitada, necessitando de uma outra pessoa que substitua ou complemente sua manifestação de 
vontade (são os chamados incapazes). 
 
Lembre-se que, em regra, toda pessoa natural é tida por capaz, salvo as exceções legais. 
Isto é, a incapacidade é então considerada situação excepcional, sendo o rol dos incapazes taxativo. 
 
Cumpre ainda ressaltar que recentemente o regime legal para as incapacidades 
(adotada no Código Civil) passou por uma profunda transformação com a Lei nº 13.146/2015 
(que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência), norma publicada em julho de 2015 e 
que entrou em vigor em janeiro de 2016. 
 
Redação anterior do Código Civil Nova Redação do Código Civil (Lei nº 13.146/15) 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática 
desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade. 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à 
maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os 
que, por deficiência mental, tenham o discernimento 
reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental 
completo; 
IV - os pródigos. 
 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada 
por legislação especial. 
 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 
(dezesseis) anos. 
 
 
 
 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à 
maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não 
puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada 
por legislação especial. 
 
 
 
 5
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), em razão das diretrizes 
delimitadas na Convenção Internacional das Pessoas com Deficiência, modificou a estrutura e os 
parâmetros legais de definição de incapacidade civil para retirar os “deficientes em geral” desse rol, na 
medida em que o paradigma para essas pessoas é o da inclusão2, despontando, assim, uma concepção 
moderna de que tais deficiências não se traduzem, por si, em doença ou enfermidade psíquica, mas em 
uma diversidade funcional. 
 
Com efeito, as alterações produzidas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência 
excluíram a “deficiência” como critério redutor da capacidade. 
 
Em termos práticos, não existe mais, no sistema legal privado brasileiro, pessoa 
absolutamente incapaz que seja maior de idade. Ao passo que todas as pessoas com deficiência (neste 
sentido também inclusas as pessoas com alguma deficiência psíquica), das quais o Código Civil tratava antes da 
alteração pela Lei nº 13.146/2015, passam a ser, em regra, plenamente capazes para os atos da vida 
civil, medida esta que visa a plena inclusão social dessas pessoas, tutelando-se a sua dignidade e a sua 
interação social. 
 
Assim, em consequência direta e imediata dessa alteração legislativa, a pessoa 
com deficiência (aquela que tem impedimento de longo prazo, de natureza física, mental, 
intelectual ou sensorial, nos termos do art. 2º da Lei nº 13.146/2015) não deve ser mais 
tecnicamente considerada civilmente incapaz, na medida em que a mera constatação de 
deficiência não afeta, por si só, a plena capacidade civil da pessoa: 
 
Lei nº 13.146/2015 
Art. 6o - A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e 
planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de 
oportunidades com as demais pessoas. 
 
Alerte-se que mesmo com as mudanças implementadas pelo Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, manteve-se a possibilidade de que o portador de transtorno mental (cujo discernimento ou 
capacidade cognitiva possam estar comprometidos) venha a ser submetido ao regime da curatela3. Não 
obstante, a curatela passa a ter o caráter de medida excepcional, extraordinária, a ser adotada somente 
quando e na medida em que for necessária4. 
 
2 Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) - Art.1º -“... a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos 
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”. 
3 A Curatela, que se estabelece a partir de um processo judicial de interdição, visa determinar os limites da incapacidade do sujeito para a 
prática de certos atos, bem como constituir um curador que venha a representá-lo ou assisti-lo nos atos jurídicos a serem praticados. 
4 Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência): 
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais 
pessoas. 
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. 
(...) 
§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária,proporcional às necessidades e às circunstâncias 
de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
 
 
 6
Ademais, existe agora a determinação legal de que a curatela afetará apenas os atos 
relacionados aos aspectos patrimoniais e negociais, mantendo o portador de transtorno mental no 
controle sobre os aspectos existenciais da sua vida, a exemplo do "direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao 
matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto".5 
 
Inseriu-se também no sistema do Código Civil, através do novo artigo 1.783-A, um 
modelo alternativo ao regime da curatela, que é o da tomada de decisão apoiada. Neste 
procedimento judicial, por iniciativa da própria pessoa com deficiência, são nomeadas pelo menos 2 
(duas) pessoas idôneas “com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na 
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer 
sua capacidade”. É um modelo que guarda certa similaridade com a ideia da assistência. 
 
Ver: art. 1.783-A CC/2002 
 
A par destas mudanças que tratam especificamente da incapacidade, muitos outros 
reflexos ainda podem ser observados no Código Civil, como a possibilidade do portador de 
transtorno mental agora servir como testemunha, ou de poder se casar. 
 
Noutro aspecto, ainda sob a ótica do Código Civil de 2002, a capacidade de fato da 
pessoa natural pode ser limitada, total ou parcialmente, por variadas circunstâncias atreladas à ausência 
ou comprometimento de discernimento. A incapacidade de agir por si é mensurada de forma gradual, 
razão pela qual a presença de tais fatores pode gerar uma incapacidade absoluta (que impediria totalmente 
a prática de atos da vida civil pelo indivíduo) ou uma incapacidade relativa (que demandaria a assistência de um 
terceiro para acompanhar a maioria dos atos do individuo incapaz). 
 
3.1. INCAPACIDADE ABSOLUTA: 
 
É absoluta a incapacidade quando a lei considera um indivíduo totalmente inapto ao 
exercício dos atos da vida civil. Os absolutamente incapazes podem adquirir direitos, pois possuem a 
capacidade de direito, mas não são habilitados a exercê-los por si, porque lhes falta a capacidade de 
fato. 
 
Como são proibidos totalmente do exercício de qualquer atividade no mundo jurídico, 
nos atos que se relacionam aos seus direitos/interesses, procedem por via dos representantes, que 
agem, no caso, em nome destes incapazes. Por exemplo: se a casa de um absolutamente incapaz for alugada, 
quem realizará o ato contratual em nome do incapaz será o seu representante. 
 
Segundo as disposições do Código Civil, são considerados absolutamente incapazes de 
exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de dezesseis anos. Tratam-se dos menores 
impúberes. Abaixo deste limite etário, o legislador considera que a pessoa é inteiramente imatura para 
atuar na órbita jurídica. Isto é, não teria discernimento suficiente para dirigir sua vida e seus negócios 
e, por essa razão, deve ser representada nos atos jurídicos pelos pais ou tutores. 
 
Ver: art. 3º CC/2002 
 
5 Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com Deficiência): 
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. 
§ 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao 
trabalho e ao voto. 
§ 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do 
curatelado. 
 
 
 7
3.2. INCAPACIDADE RELATIVA: 
 
Além dos absolutamente incapazes, destacam-se dentre os incapazes aqueles que NÃO 
são totalmente privados da capacidade de fato (tem certo grau de discernimento). Para tanto, entendeu o 
legislador que, em razão de certas circunstâncias e para sua proteção, devem ser colocadas certas 
pessoas em um termo médio entre a incapacidade e o livre exercício dos direitos. Estão nessa 
categoria os chamados Relativamente Incapazes. 
 
Eles não são privados de ingerência ou participação na vida civil. Ao contrário, o 
exercício de seus direitos se realiza com a sua presença, exigindo-se, apenas, que sejam assistidos por 
seus responsáveis. 
 
Assim, são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
 
Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos – São os chamados menores púberes. O 
ordenamento jurídico não despreza a sua vontade, pois atribui ao ato praticado pelo relativamente 
incapaz todos os efeitos jurídicos, desde que esteja assistido por seu representante (pais ou tutores). Os 
referidos menores figuram nas relações jurídicas e delas participam pessoalmente, inclusive, assinando 
os respectivos documentos. Contudo, não podem fazê-lo sozinhos, mas acompanhados, ou seja, 
assistidos por seu representante legal. 
 
Ver: Art. 4º, I, CC/2002 
 
Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos – São os casos da embriaguez habitual e do vício por 
tóxicos, quando considerados como causas incapacitantes de discernimento (reduzindo consideravelmente a 
capacidade de discernimento do indivíduo). 
 
Ver: Art. 4º, II, CC/2002 
 
Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade – São 
aquelas situações que acarretam a impossibilidade do indivíduo expressar sua vontade. É o caso da 
pessoa em estado de coma, ou acometida de paralisia total. Tratam-se de hipóteses de supressão total 
da vontade da pessoa, ainda que transitoriamente. 
 
Ver: art. 4º, III, CC/2002 
 
Os pródigos - A prodigalidade é um desvio comportamental por meio do qual o indivíduo 
desordenadamente dilapida o seu patrimônio, podendo reduzir-se à miséria. Para a sua própria 
proteção (e para evitar que bata às portas de um parente ou do Estado) e, eventualmente, de seus credores, o 
pródigo poderá ser interditado. Segundo a legislação em vigor, a curatela do pródigo somente o 
privará de, sem respectivo curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou 
ser demandado, e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração. 
 
Ver: Art. 4º, IV; e Art. 1.782 CC/2002 
 
Os Indígenas – O Código Civil remete a disciplina normativa dos indígenas para legislação especial. 
O diploma legal que atualmente regula a situação jurídica dos índios no país é a Lei nº 6.001/73 
(Estatuto do índio). Referida lei considera nulos os negócios celebrados entre um índio e uma pessoa 
estranha à comunidade indígena, sem a participação da FUNAI, enquadrando-o como absolutamente 
incapaz. Entretanto, o Estatuto do índio excepciona que se considerará válido tal ato se o índio revelar 
consciência e conhecimento do ato praticado e, ao mesmo tempo, tal ato não o prejudicar. 
 
Ver: Parágrafo único do Art. 4º CC/2002; Art. 8º da Lei nº 6.001/73. 
 
 
 8
3.3. EFEITOS DA INCAPACIDADE: 
 
A incapacidade absoluta acarreta a proibição total, pelo incapaz, do exercício de atos 
jurídicos. Fica ele inibido de praticar qualquer ato jurídico ou de participar de qualquer negócio 
jurídico. Estes atos regularmente praticados ou celebrados pelo representante legal do absolutamente 
incapaz, sob pena de NULIDADE.6 
 
Ver: Art. 166, I, CC/2002 
 
Já a incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde 
que assistido, por seu representante legal, sob pena de ANULABILIDADE.7 
 
Ver: Art. 171, I, CC/2002 
 
3.4. SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE (representação e assistência): 
 
O suprimento da incapacidade absoluta dar-se-á através da representação, e o da 
incapacidade relativa, por meio da assistência. Cuidam-se de institutos protetivos dos incapazes. 
 
Para o absolutamente incapaz os atos são exclusivamentepraticados ou celebrados 
pelo representante legal do incapaz (isoladamente). 
 
Já para o relativamente incapaz os atos são realizados com a presença de ambos: o 
relativamente incapaz e o seu representante assistente (se for necessária a assinatura em algum documento, ambos 
assinarão). 
 
4. CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE: 
 
Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos que a determinaram. Assim, quando a 
causa é a menoridade, desaparece a incapacidade pela maioridade ou pela emancipação. Já para os 
demais casos de incapacidade previstos no art.4º (incisos II ao IV), quando desaparece a enfermidade 
físico-psíquica que as determinou. 
 
4.1. MAIORIDADE: 
 
A maioridade começa aos 18 anos completos, tornando-se a pessoa apta para as 
atividades da vida civil que não exigirem limite especial, como as de natureza política. O critério é 
unicamente etário (biológico): leva-se em conta somente a idade, mesmo havendo, em determinados 
casos, maturidade precoce. 
 
Ver: Art. 5º CC/2002 
 
4.2. EMANCIPAÇÃO: 
 
Emancipação é definida como a aquisição da capacidade civil antes da idade legal. 
Consiste, desse modo, na antecipação da maioridade. Pode decorrer de concessão dos pais ou de 
sentença do juiz, bem como de determinados fatos a que a lei atribui esse efeito. 
 
6 A Nulidade tem por consequência, em regra, que o ato praticado não produza qualquer efeito jurídico. 
7 Já a Anulabilidade traz por consequência que o ato produz todos os efeitos até ser julgado em sentença. 
 
 
 9
E, conforme a sua causa ou origem, a emancipação pode ser: 
 
Emancipação voluntária – É a emancipação que ocorre pela concessão de ambos os pais, ou de um 
deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, 
desde que o menor haja completado 16 anos. Se houver divergência entre os pais, deverá ser dirimida 
pelo Juiz. É ato unilateral irrevogável praticado pelos pais que reconhecem ter seu filho a maturidade 
necessária para reger sua pessoa e seus bens. 
 
Ver: Art. 5º, parágrafo único, I (parte inicial) CC/2002 
 
Emancipação judicial – É a emancipação deferida por sentença, ouvido o tutor, em favor do 
tutelado que já completou 16 anos. Entendeu o legislador que tal espécie de emancipação deve ser 
submetida à análise do juiz, para evitar emancipações destinadas apenas a livrar o tutor dos ônus da 
tutela. O tutor, desse modo, não pode emancipar o tutelado. O procedimento é disciplinado no 
Código de Processo Civil (art.1.103 e seguintes) 
 
Ver: Art. 5º, parágrafo único, I (parte final) CC/2002 
 
Emancipação legal – É a emancipação que decorre de determinados fatos previstos na lei, como o 
casamento, o exercício de emprego público efetivo, a colação de grau em curso de ensino superior e o 
estabelecimento com economia própria. Independe de registro e produzirá efeitos desde logo, isto é, a 
partir do ato ou do fato que a provocou. 
 
Ver: Art. 5º, parágrafo único, II, III, IV e V CC/2002 
 
Didaticamente, podemos resumir as formas de emancipação do menor em: 
 
 
 
 
 
 
5. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL: 
 
A identificação da pessoa se dá pelo NOME, que a individualiza; pelo ESTADO, que 
define a sua posição, na sociedade política e na família, como indivíduo; e pelo DOMICÍLIO, que é o 
lugar de sua atividade social. 
 
 
 
 10
5.1. NOME: 
 
O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa, se 
individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade. Daí a sua proteção legal. O 
nome completo de uma pessoa compõe-se de 2 elementos: 
 
NOME COMPLETO = PRENOME + SOBRENOME 
 
O prenome é o nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir membros da 
mesma família. Pode ser simples (José, João ...) ou composto (José Roberto, Antônio Carlos ...). O prenome 
pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo. 
 
Em regra o prenome é imutável. Todavia, admite-se excepcionalmente a sua mudança 
em caso de evidente erro de grafia; exposição ao ridículo de seu portador; utilização de apelido público notório; fundada 
coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime; e adoção de menor. 
 
Ver: Arts. 55 e 58 da Lei nº 6.015/73; 
 
Já o sobrenome é sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando a sua filiação 
ou estirpe. Enquanto o prenome é a designação do indivíduo, o sobrenome é o característico de sua 
família, transmissível por sucessão. 
 
Igualmente o sobrenome só deve ser alterado em casos excepcionais e se não 
prejudicar os apelidos de família. 
 
Ver: Arts. 56 e 57 da Lei nº 6.015/73 
 
O nome completo pode também sofrer alterações no casamento e na separação 
judicial e divórcio. 
 
Ver: Art. 1.565, §1º; e Art.1.571, §2º CC/2002 
 
5.2. ESTADO DA PESSOA: 
 
O estado das pessoas constitui a soma das qualificações que a pessoa reúne na sua vida 
em sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. O estado das pessoas pode ser encarado sob o 
aspecto individual, familiar e político: 
 
Estado individual (ou estado físico) – É o modo de ser da pessoa quanto à idade (maior e menor), ao 
sexo (feminino e masculino) e à saúde mental (são, insano e incapaz). 
 
Estado familiar – É o que indica a situação da pessoa na família, em relação ao matrimônio (solteiro, 
casado, viúvo, separado, divorciado) e ao parentesco (pai, filho irmão, sogro, cunhado...). 
 
Estado político – É a qualificação jurídica que advém da posição da pessoa na sociedade política, 
caso em que poderá ser nacional, naturalizada ou estrangeira (Art. 12 CF/88) 
 
5.3. DOMICÍLIO: 
 
A noção de domicílio é de grande importância no direito, levando-se em consideração 
as relações jurídicas que se formam entre pessoas, é necessário que estas tenham um local onde 
possam ser encontradas para responder por suas obrigações. 
 
 
 11
Domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde estabelece residência com ânimo 
definitivo, convertendo-o, em regra, em centro principal de suas relações jurídicas ou de sua atividade 
profissional. 
 
Para uma efetiva compreensão da matéria, é necessário também fixar e distinguir as 
noções de morada, residência e domicílio: 
 
Morada - É o lugar onde a pessoa natural se estabelece provisoriamente. A estada passageira de 
alguém por um hotel caracterizaria moradia e não a residência. 
 
Residência - É o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente. A residência pressupõe 
maior estabilidade. 
 
Domicílio – A noção de domicílio abrange a de residência, e, por consequência, a de morada. Para ser 
caracterizado como domicílio, não basta, pois, o simples ato de residir. Requer o ato de residir, aliado 
ao propósito de permanecer, convertendo-se aquele local em centro de suas atividades. 
 
Em outros termos, podemos ainda classificar as espécies de domicílio em: 
 
Domicílio Voluntário (regra) - É o fixado de acordo com a vontade exclusiva do voluntário. 
Qualquer pessoa, não sujeita ao domicílio necessário, tem a liberdade de estabelecer o local em que 
pretende instalar a sua residência com ânimo definitivo, bem como mudá-lo, quando lhe convier. 
 
Ver: Art. 70 CC/2002 
 
Domicílio Plúrimo – Nossa legislação admite a pluralidade domiciliar, pelo qual se a pessoa natural 
tiver diversas residências, onde alternadamente viva, considerar-se-á seu domicílio qualquer uma delas. 
 
Ver: Art. 71 CC/2002 
 
Domicílio Profissional – É o domicílio da pessoa considerado quanto ao local onde suas relações 
profissionais são então exercidas. 
 
Ver: Art. 72 CC/2002 
 
Domicílio aparente ou ocasional - Considera excepcionalmente como domicílio da pessoa natural 
que NÃO tenha residência habitual o lugar onde for encontrada. Cria-seuma “aparência de domicílio”. É 
o caso de profissionais de circo, caixeiros viajantes e outros profissionais que vivem em trânsito e não 
têm domicílio certo. 
 
Ver: Art. 73 CC/2002 
 
Domicílio legal ou necessário (exceção) - Decorre de mandamento da lei, em atenção à condição 
especial de determinadas pessoas (como os militares, servidores públicos etc.). Nesses casos, deixa de existir a 
liberdade de escolha do domicílio. 
 
Ver: Art. 76 CC/2002 
 
Domicílio de eleição - Decorre do ajuste entre as partes de um contrato (fruto de um acordo de vontades). 
A lei permite aos contratantes a escolha do local onde se promoverá o cumprimento do ato negocial 
efetivado por eles. Esse domicílio gera a competência para solução de eventual conflito entre 
contratantes, determinando o foro em que a demanda deverá ser julgada. 
 
Ver: Art. 78 CC/2002 
 
 
 12
6. DIREITOS DA PERSONALIDADE: 
 
O reconhecimento dos direitos da personalidade como categoria de direito subjetivo é 
relativamente recente. 
 
O grande passo para a proteção dos direitos da personalidade foi dado com o advento 
da Constituição Federal de 1988, que expressamente a eles se refere, como, por exemplo: 
 
Art.5º ... 
(...) 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
Por sua vez, o Código Civil dedicou um capítulo inteiro aos direitos da personalidade 
(art. 11 ao art. 21), visando à sua salvaguarda, sob múltiplos aspectos, desde a proteção ao nome e à 
imagem até o direito de dispor do próprio corpo para fins científicos ou altruísticos. 
 
Mas o que seriam os “Direitos da personalidade” ? 
 
A doutrina define os Direitos da Personalidade como direitos subjetivos que têm 
por objeto os bens e valores essenciais ao ser humano, no seu aspecto físico, moral e intelectual. 
 
Assim, os direitos da personalidade defenderiam aquilo que é próprio da condição de 
pessoa humana: a sua integridade física (vida; alimentos; próprio corpo vivo ou morto; corpo alheio vivo ou 
morto; partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento; autorias 
científica, artística e literária); e sua integridade moral (honra; recato; segredo pessoal, profissional e doméstico; 
imagem; identidade pessoal, familiar e social). 
 
Importante apontar algumas características inerentes aos direitos da 
personalidade, que por interpretação ao Art.11 do Código Civil, seriam: 
 
Absolutos – São tão relevantes e necessários que impõem a todos um dever de respeito. Em outro 
aspecto, têm o caráter geral, porque são inerentes a todo ser humano. 
 
Intransmissíveis – Não podem ser transferidos à esfera jurídica de outrem. Nascem e se extinguem 
com o seu titular, por serem dele inseparáveis. Ninguém pode desfrutar em nome de outrem bens 
como a vida, a honra, a liberdade, etc. Contudo, alguns atributos da personalidade admitem a cessão de 
seu uso, como a imagem, que pode ser explorada comercialmente. 
 
Irrenunciáveis – Não pode o seu titular renunciar ao seu uso ou abandoná-los, pois nascem e se 
extinguem com ele, dos quais são inseparáveis. 
 
Inexpropriáveis – Por serem inatos, adquiridos no exato instante da concepção, não podem ser 
retirados da pessoa enquanto ela viver por dizerem respeito à qualidade humana. 
 
Impenhoráveis – Pela razão de serem indisponíveis e insuscetíveis de aferição econômica, os direitos 
da personalidade não podem ser penhorados. 
 
 
 
 13
Imprescritíveis – Não se extinguindo pela falta de uso ou pelo decurso do tempo, nem pela inércia 
do titular na pretensão de defendê-los. 
 
Vitalícios – São adquiridos no instante da concepção e acompanham a pessoa até sua morte. Todavia, 
mesmo após a morte, alguns desses direitos são ainda resguardados, como, por exemplo, o respeito 
aos mortos, à sua honra ou memória e ao seu direito moral de autor. 
 
Ilimitados – É ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o Código Civil, nos artigos 
11 a 21, tenha se referido expressamente apenas a alguns. Reputa-se tal rol meramente exemplificativo, 
pois não esgota o seu elenco. 
 
 
Igualmente importante é falar sobre os direitos da personalidade na espécie, e o 
primeiro a ser objeto de estudo é o Direito à Vida Digna, que se encontra positivado no Pacto de 
San José da Costa Rica e em nossa Constituição Federal: 
 
Pacto de San José da Costa Rica 
 
Art. 4º - Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei, 
em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 
 
Constituição Federal de 1988 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios 
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
(...) 
III - a dignidade da pessoa humana. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
Dessas normas iniciais surge forte corrente doutrinária, denominada de “Princípio do 
Primado do Direito à Vida”, segundo o qual a vida do ser humano tem prioridade sobre todas as 
coisas, uma vez que a dinâmica do mundo nela se contém e sem ela nada teria sentido e, por corolário, 
o direito à vida (digna) prevalecerá sobre qualquer outro direito da personalidade. 
 
O novo Código Civil, em referido capítulo, também disciplinou algumas situações em 
que se coloca em xeque tais direitos da personalidade, tais como: 
 
Atos de disposição do próprio corpo – O direito à integridade física compreende a proteção jurídica 
à vida, ao próprio corpo vivo ou morto, quer na sua totalidade, quer em relação a tecidos, órgãos e 
partes suscetíveis de separação. Assim, a regra é a de preservação do corpo, sendo defeso o ato de sua 
disposição quando importar em qualquer limitação permanente da integridade física ou contrária aos 
bons costumes, com exceção de exigência médica. Já em relação ao corpo humano sem vida (cadáver) é 
coisa fora do comércio, insuscetível de apropriação. 
 
Ver: Arts. 13 e 14 CC/2002 
 
 
 
 14
Tratamento médico de risco – Obrigam-se os médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem 
prévia autorização do paciente, que tem a prerrogativa de se recusar a se submeter a um tratamento 
médico perigoso. Na impossibilidade de o doente manifestar a sua vontade, deve-se obter a 
autorização escrita, para o tratamento médico ou a intervenção cirúrgica de risco, de um familiar. 
 
Ver: Art. 15 CC/2002 
 
Direito ao nome – O direito ao nome é espécie dos direitos da personalidade, pertencente ao gênero 
do direito à integridade moral, pois todo indivíduo tem o direito à identidade pessoal, de ser 
reconhecido em sociedade por denominação própria. 
 
Ver: Arts. 16 a 19 CC/2002 
 
Proteção à imagem e aos direitos a ela conexos – A imagem é a individualização figurativa da 
pessoa, que pode ser subentendida em “imagem-retrato” (referindo-se à representação de uma pessoa pelo 
seu aspecto visual, implicando no reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, escultura, desenho, pintura, filmes, 
televisão, redes sociais, etc. ) e em “imagem-atributo” (referindo-se ao conjunto de características peculiares de 
apresentação e identificação social de uma pessoa, por meio de seus qualificativos sociais ou de seus comportamentos 
reiterados, tais como: competência, lealdade, pontualidade, honestidade. Enfim, é a forma pela qual a pessoa é vista pela 
sociedade, através dos atos que pratica, da maneira como se comporta). O direito à imagem consubstancia o 
direito de ninguém ter suaimagem exposta em público ou mercantilizada sem o seu consentimento 
e/ou o direito de não ter seus qualitativos sociais alterados de maneira a gerar redução da estima ou do 
prestígio. Nestes termos, segundo o Código Civil, havendo o uso “não autorizado” de sua imagem 
e/ou de sua representação, o ofendido pode obter ordem judicial restringindo esse uso e condenando 
o infrator a reparar os prejuízos causados. Todavia, há certas limitações ao direito à imagem, com a 
dispensa da anuência do titular para sua divulgação, quando se tratar de fatos relacionados: à garantia 
da segurança pública; à administração ou serviço da justiça/polícia; ao atendimento de interesse público (cultural, 
científico ou didático); ao resguardo da saúde pública; à cobertura de algum evento social, onde o indivíduo é considerado 
apenas parte do cenário, etc. 
 
Ver: Art. 20 CC/2002 (ADI/STF nº 4.815) 
 
Proteção à Privacidade – A intimidade é a zona espiritual, íntima e reservada, de uma pessoa no que 
diz respeito aos aspectos internos do viver desta, tais como: recolhimento em sua própria residência sem ser 
molestada, escolha do modo de viver, hábitos pessoais, relacionamentos amorosos, etc. A proteção à vida privada, 
como direito da personalidade, visa resguardar o direito das pessoas contra intromissões indevidas em 
seu lar, em sua família, em sua correspondência, em seu modo de viver, etc. Ou seja, protege todos os 
aspectos da intimidade da pessoa, concedendo ao prejudicado a prerrogativa de pleitear que cesse o 
ato abusivo/ilegal e, de acordo com as circunstâncias, exigir a reparação de danos (morais e/ou 
patrimoniais) que lhe foram causados. 
 
Ver: Art. 21 CC/2002 (ADI/STF nº 4.815) 
 
Observação: O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.815, 
deu nova interpretação, conforme a Constituição Federal de 1988, aos artigos 20 e 21 do Código Civil, sem 
redução/alteração de seu texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua 
expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente 
a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de pessoas retratadas como 
coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). 
 
 
 
 15
7. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL: 
 
Cessa a personalidade da pessoa natural com a morte real ou presumida, deixando de 
ser sujeito de direitos e obrigações. 
 
Ver: Art. 6º CC/2002 
 
7.1. MORTE DO INDIVÍDUO: 
 
A morte real (com o cadáver) é apontada na primeira parte do art. 6º do Código 
Civil como responsável pelo término da existência da pessoa natural. Assim, com a morte termina a 
personalidade jurídica, não sendo mais o “morto” considerado sujeito de direitos e obrigações, 
acarretando ainda: a extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo matrimonial, a abertura da sucessão, a 
extinção dos contratos personalíssimos, a extinção de usufruto, etc. 
 
Entretanto, a morte não significa o aniquilamento completo dos direitos da pessoa, 
porque, apesar do morto não possuir mais os direitos da personalidade, não significa dizer que o 
ordenamento jurídico deixa de protegê-lo, garantindo a ele o respeito ao seu cadáver (existem dispositivos 
que preveem crimes atos cometidos contra o cadáver do morto – artigo 209 a 212 do CP), garante também que sua 
vontade seja respeitada através do testamento. 
 
A prova da morte real se dá com o atestado de óbito. 
 
Já a morte presumida (sem o cadáver) é destacada na segunda parte do art. 6º do 
Código Civil. De fato, em algumas situações, tendo em vista o desaparecimento injustificado de 
alguma pessoa por vasto período de tempo, ou ainda, o conhecimento de que o indivíduo se 
encontrava no local onde ocorreu alguma catástrofe, donde houveram muitos óbitos, necessário se faz 
declarar a morte do indivíduo, para se poder administrar seus bens e dissolver alguns vínculos que ele 
possuía em vida. 
 
Para se obter a declaração de óbito sem o cadáver do indivíduo, o ordenamento 
jurídico prevê 2 (duas) possibilidades judiciais: 
 
- A declaração de morte presumida SEM decretação de ausência - Há efetiva presunção da 
morte, tendo em vista algumas situações ou lugares em que se encontrava o indivíduo antes de 
desaparecer, e que denotam que o mesmo estava em perigo de vida (sendo extremamente provável a sua 
morte). 
 
Ver: Art. 7º CC/2002 
 
- A declaração de morte presumida COM decretação de ausência - A pessoa desaparece, por 
tempo prolongado, sem dar notícias, ou sequer deixar um representante ou procurador para cuidar de 
seus interesses. É o caso, por exemplo, do marido que saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou. 
Este declaração autoriza aos herdeiros administrarem os bens e interesses do desaparecido, enquanto 
este não voltar ao convívio comum. 
 
Ver: Arts. 22 ao 25 CC/2002 
 
 
 
 16
OBSERVAÇÃO: A Ausência é, antes de tudo, um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu 
domicilio, sem deixar qualquer notícia e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens (art. 
22 CC/2002). E nesse aspecto, visa a legislação proteger, através de medidas acautelatórias, inicialmente o patrimônio 
do desaparecido, pois quer esteja ele vivo, quer esteja ele morto, é importante considerar o interesse social de preservar os 
seus bens, impedindo que se deteriorem ou pereçam (arts. 22 a 25 CC/2002). Prolongando-se a ausência e crescendo as 
possibilidades de que realmente haja falecido, a proteção legal volta-se então para os respectivos herdeiros, cujos interesses 
passam a ser considerados (arts. 25 a 28 CC/2002). 
 
7.2. COMORIÊNCIA OU MORTE SIMULTÂNEA: 
 
Cumpre ressaltar que é importante estabelecer o momento da morte ou fazer sua 
prova para que ocorram os efeitos inerentes ao desaparecimento jurídico da pessoa humana (como por 
exemplo, a abertura da sucessão hereditária). 
 
O fenômeno jurídico da Comoriência ocorre quando duas ou mais pessoas morrem 
ao mesmo tempo, ou quando não é possível concluir qual delas morreu primeiro, razão pela qual o 
direito trata como se elas tivessem morrido no mesmo instante. 
 
Ver: Art. 8º CC/2002 
 
O fato tem especial interesse no Direito das Sucessões — parte do direito que dispõe 
sobre as regras aplicáveis ao destino do patrimônio das pessoas falecidas. 
 
O assunto é de vital importância, já que a pré-morte de um casal, por exemplo, tem 
implicações no direito sucessório. Se faleceu primeiro o marido, transmitiu a herança à mulher; se 
ambos não tivessem descendentes e a mulher falecesse depois, transmitiria a herança a seus herdeiros 
ascendentes (pais). O oposto ocorreria se se provasse que a mulher faleceu primeiro. A situação prática 
pode ocorrer em catástrofes ou acidentes. 
 
O principal efeito da morte simultânea é que, não tendo havido tempo ou 
oportunidade para a transferência de bens entre os comorientes, um não herda do outro. 
Assim, se em um acidente marido e mulher morrem juntos, um não herda do outro, e se não tiverem 
filhos, serão seus respectivos ascendentes que herdarão suas heranças (os pais da mulher ficarão com a 
meação dela, enquanto que os pais do marido ficarão com a meação dele). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17
QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
 
01. (TJ/PR 2005) No que tange às pessoas, no Código Civil, assinale a alternativa correta: 
a) Somente as pessoas naturais são capazes de titularizar relações jurídicas na esfera do Direito; 
b) Os animais são sujeitos de direito que gozam de primazia na legislação ambiental; 
c) O nascituro possui personalidade civil, restando protegidos seus direitos desde a concepção; 
d) Personalidade e capacidades jurídicas são conceitos idênticos parao Direito Civil; 
e) Toda pessoa natural é dotada de personalidade. 
 
02. (OAB/PR 2007) Sobre a personalidade jurídica e a capacidade de exercício, assinale a alternativa 
CORRETA: 
a) sabendo que a capacidade de exercício é a medida da personalidade jurídica, pode-se afirmar que, sendo os menores de 16 (dezesseis) anos 
absolutamente incapazes, não são eles dotados de personalidade jurídica; 
b) todas as pessoas naturais, mesmo as absolutamente incapazes, são dotadas de direitos da personalidade, conceito este que não é sinônimo de 
personalidade jurídica; 
c) afirmar-se que os viciados em tóxicos são relativamente incapazes é o mesmo que afirmar que eles são dotados de personalidade condicional; 
d) a personalidade jurídica do absolutamente incapaz sem discernimento para os atos da vida civil somente é subtraída após a sentença de 
interdição. 
 
03. (FCC – MPE/SE 2009) Maria, João, Pedro e Samanta são vizinhos e grandes amigos. Maria e João possuem 
16 anos completos e Pedro e Samanta possuem 17 anos completos. Maria é casada legalmente com Douglas; 
João exerce emprego público temporário; Pedro colou grau em curso de ensino médio e Samanta é proprietária 
de estabelecimento empresarial que lhe gera economia própria. Neste caso, cessou a incapacidade relativa para 
exercer certos atos da vida civil, APENAS para: 
a) Maria e Samanta; 
b) João e Pedro; 
c) Maria, João e Samanta; 
d) João, Maria e Pedro. 
 
04. (FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO/DF 2006) Maria é artista circense. Sua vida é viajar pelo Brasil fazendo 
espetáculos. Considerando que Maria nasceu no Rio de Janeiro, que seus pais residem em São Paulo e que seus 
filhos residem em Salvador, de acordo com o Código Civil brasileiro, ter-se-á como domicilio civil de Maria: 
a) O lugar em que for encontrada; 
b) Rio de Janeiro ou Salvador; 
c) Rio de Janeiro, somente; 
d) Salvador, somente; 
e) São Paulo, somente. 
 
05. (FCC – TRT/SE 2006) Pode ser declarada a morte presumida sem decretação de ausência se alguém 
desaparecer: 
a) em campanha, após ter sido feito prisioneiro e não for libertado no prazo de 5 anos, ainda que a guerra não tenha terminado; 
b) de seu domicílio e não for encontrado no prazo de 10 anos; 
c) em campanha e não for encontrado na constância da guerra; 
d) de seu domicílio, quando estava em perigo de vida e for extremamente provável a sua morte. 
 
06. QUESTÃO SUBJETIVA - Sobre as características inerentes aos direitos da personalidade, explique a razão 
de serem considerados “irrenunciáveis”. 
 
07. QUESTÃO SUBJETIVA – O Direito à imagem, como direito inerente à personalidade da pessoa, é tido pela 
doutrina como um direito de caráter não absoluto. Nestes termos, pergunta-se: Quais seriam as limitações 
impostas ao direito de imagem ?

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