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1 PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter Capa: Tela óleo - “Temis a Deusa da Justiça.” Autora: Gláucia Scherer, Venâncio Aires, RS. www.glauciascherer.blogspot.com Geraldo Cossalter PASSEI NA OAB! E AGORA? Direção Editorial: Marco Aurélio Lucchetti Edição: Marco Aurélio Lucchetti Rubens Francisco Luchetti Direção de Arte: Fabio Moraes Copidesque e Revisão do Texto: Marco Aurélio Lucchetti Ilustração da Capa: Gláucia Scherer Geraldo Cossalter 7 Geraldo Cossalter 7 SUMÁRIO PREFÁCIO I .....................................................................................15 PREFÁCIO II ...................................................................................17 POR ONDE COMEÇAR? .............................................................19 PARTICIPE ATIVAMENTE DA ADVOCACIA ....................23 FATORES PERMANENTES PARA O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA............................................................................27 AS PRERROGATIVAS SÃO FERRAMENTAS DE TRABALHO?...................................................................................31 O HONORÁRIO É A BASE DA ADVOCACIA? ...................35 EM QUAL RAMO MILITAR? ...................................................39 SER EMPREGADO X SER ASSOCIADO? ............................43 COMO MONTAR UM BOM ESCRITÓRIO? .........................51 TER SÓCIOS X NÃO TER SÓCIOS? .......................................55 COMO CONSTRUIR UMA SOCIEDADE DE SUCESSO? .... .............................................................................................................59 DOIS INVESTIMENTOS INDISPENSÁVEIS .......................63 É PRECISO SABER EMPREENDER? .....................................67 COMO CRIAR UMA REDE DE RELACIONAMENTOS? ..............................................................71 . É POSSÍVEL ADVOGAR PELA GESTÃO DE RESULTADOS?...............................................................................74 PORQUE É PRECISO ADVOGAR EXTRAJUDICIALMENTE? ......................................................78 PASSEI NA OAB! E AGORA? 8 RESPONSABILIDADE CIVIL PELO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA ..........................................................................82 APRENDA COMO ABSORVER INFLUÊNCIAS ................85 AS INFLUÊNCIAS E OS INFLUENCIADORES .................88 AS SEIS QUALIDADES ESSENCIAIS ....................................91 OS INFLUENCIADORES NATURAIS ...................................95 OS INFLUENCIADORES ARTIFICIAIS ...............................97 OS INFLUENCIADORES DIRETOS .....................................100 OS INFLUENCIADORES INDIRETOS ...............................102 O NAZISTA DA MODERNIDADE ........................................104 A ALTERIDADE .........................................................................106 A RESILIÊNCIA ..........................................................................109 A IGUALDADE ............................................................................117 A ADVOCACIA PELA VOCAÇÃO .........................................121 EPÍLOGO .......................................................................................124 POSFÁCIO .....................................................................................128 PASSEI NA OAB! E AGORA? 8 11 Geraldo Cossalter 11 Geraldo Cossalter “No dia que fiz amizade comigo, jamais deixei de visitar-me todos os dias.” Geraldo Cossalter Ao caro amigo dr. Pablo Esteban Fernando Cáceres Vera. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 12 13 Aos colegas da CEAJOVEM e da OAB de Ribeirão Preto, SP. Em especial às dras. Marília Constantino Vaccari Polverel e Thais Helena Cabral Kourrouski. Gratidão! PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 12 13 SOBRE A QUEDA DO PROVIMENTO DA JOVEM ADVOCACIA Por força de Lei Municipal, todo dia 18 de fevereiro tor- nou-se o dia da celebração da Jovem Advocacia. “Quando fizemos essa proposta ao Presidente dr. Marcos da Costa, apontamos que era premente que a Jovem Advocacia estivesse prestigiada dentro da Ordem. Não podíamos compac- tuar com esse tipo de segregação, porque o nosso compromisso era fazer uma gestão plural, somando os advogados mais ex- perientes com o novo, com a Jovem Advocacia. Confesso que nossa proposta era visando oxigenar a Subseção. Mas a queda do provimento mudou toda a Secção do Estado. Quero repetir a todos os jovens colegas o que sempre digo: sejam bem-vindos! A Ordem é de todos nós!” Dr. Domingos Assad Stocco – Presidente da 12ª Subseção da OAB, Ribeirão Preto, SP. 18 de fevereiro de 2014. Este livro é dedicado ao dr. Domingos Assad Stocco, defensor incansável da Justiça e da Advocacia una. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 14 15 PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 14 15 PREFÁCIO I Conheci Geraldo em uma dessas reuniões acadêmicas na qual estávamos a prestigiar o lançamento do livro de um grande amigo em comum. Tempos depois, nos vimos no lançamento do meu livro já como colegas e trocando algumas palavras, ain- da que rápidas, de desejos recíprocos de sucesso e prosperida- de. Qual não foi minha surpresa quando me deparei com ele em sala de aula sendo meu aluno no curso de Direito? Nascia ali uma amizade e uma admiração pelo excelente aluno questio- nador, preparado e cada vez mais apaixonado pelo Direito, até que veio o convite para que eu pudesse “apresentar” esta sua obra. Ele é um escritor há tempos! E dos bons! Sinto-me hon- rado e orgulhoso por estar aqui. E mais orgulhoso ainda em ver você lançando mais um livro. Devorei o livro em pouquíssimo tempo. Identifiquei-me comigo mesmo, aquele menino que aos 22 anos saía da faculdade e, tendo passado na OAB, tinha que enfrentar o mundo. E agora? É sobre isso e muito mais que você vai achar nesta obra. Didática, objetiva, divertida e, o melhor, escrita por alguém que está vivenciando este momento. Portan- to, mais verdadeiro e real, impossível. Aos alunos de Direito, aos ex-alunos, aos que virão: Leiam esta obra! PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 16 17 Ao público em geral: Conheça Geraldo Cossalter, o amigo, o eterno aluno, o ad- vogado, o escritor, o questionador… A você, Geraldo: Minha sincera admiração, carinho, respeito e amizade. Que venham outras obras, outros desafios novos e maiores con- quistas na sua vida. Sucesso! Dr. Jaime Bulos, advogado, escritor, professor universitá- rio e Presidente da Comissão do Advogado Professor da OAB, 12ª Subseção de Ribeirão Preto, SP. Outono de 2017 PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 16 17 PREFÁCIO II Desde que iniciamos nossas atividades junto à Comissão da Jovem Advocacia da OAB 12ª Subseção em 2013, todas as nossas atenções foram sempre voltadas a auxiliar os (as) cole- gas recém ingressos na carreira, de forma a amenizar os obs- táculos desse árduo caminho desde o seu início. Isso porque, além de todas as dúvidas e inseguranças, todo aquele que se engendra por esse percurso toma conhecimento muito cedo de que os bancos das universidades nos moldam na matéria do Direito, mas não na arte de advogar. Apesar de toda a dedicação e empenho da maioria dos (as) advogados (as), comumente, as respostas necessárias à manu- tenção de um escritório e de suas atividades diárias era algo que só o tempo conseguiria esclarecer. E essa regra prevaleceu até a publicação desta magnífica obra, que trouxe verdadeiro alento aos (às) jovens advogados (as) e estudantes de Direito. Agora, esses profissionais podem ter, ao alcance das mãos e em curto espaço de tempo, respostas às tantas dúvidas cruciais. Eisso tudo através de um texto didático e de fácil aplicação ao quotidiano de qualquer escritório. Parabéns ao autor e amigo, Geraldo Cossalter, e nossa gra- tidão pela missão de auxílio à Advocacia, transcrita nesta obra. Dra. Marília Constantino Vaccari Polverel, advogada e PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 18 19 Diretora Secretária Geral Adjunta da OAB 12ª Subseção, Ri- beirão Preto, SP. \\\ PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 18 19 POR ONDE COMEÇAR? “Se te disserem que você não é capaz, não responda e seja capaz apenas para si mesmo.” Geraldo Cossalter Estudar por cinco anos parece ser a maior dificuldade en- frentada pelos acadêmicos, durante o curso de Direito. Ape- nas parece. Porque, após o Bacharelado, o Exame de Ordem da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil torna-se para muitos uma barreira instransponível. O fato é que a quantidade e a complexidade das matérias do Direito exigem muitas horas de pesquisa e estudo. Na verdade, são duas etapas bastante difíceis. Todavia, a grande verdade é que a maior dificuldade será enfrentada após a aprovação na OAB. É exatamente isso que acontece. Com a aprovação no Exame de Ordem da OAB e o exercício da Advo- cacia é que se torna possível começar a enxergar a realidade e a verdade deste complexo mundo. Conquistar o Bacharelado em Direito e a carteira da OAB são etapas difíceis que duram no mínimo cerca de cinco anos. No entanto, aqueles que demoram mais tempo, necessitam um esforço extra por conta das repe- tidas provas. Destarte, tal lapso temporal acaba postergando o tão sonhado exercício jurídico. Muitos até acabam desistindo e migrando para outras profissões. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 20 21 Quero lhes falar agora que o principal objetivo desta obra é apresentar ideias e sugestões que levem a um caminho seguro. O intuito é fundamentar passos que irão lhes ajudar a construir uma carreira estável desde o início da atividade jurídica que você tanto deseja desenvolver. Mesmo porque advogar é muito mais que conhecer a lei. Na verdade, advogar vai muito além do conhecimento jurídico que se aprende na faculdade. Não há uma regra exata para ter sucesso na Advocacia. Inclusive, jamais acredite em regras prontas acerca do exercí- cio da Advocacia. Elas não existem! Porém, os caminhos que lhes apresento podem levar ao sucesso, se bem compreendidos e aplicados. Na fase inicial da carreira a insegurança é natural e as dúvidas são muitas. A grande pergunta que surge após re- ceber a carteira da OAB é o título desta obra: “Passei na OAB! E agora?” Para poder responder tive que fazer um esforço bastante considerável. Porque, quando comecei a analisar a minha pró- pria trajetória de acadêmico e estagiário de Direito, percebi que grandes dificuldades surgem na fase prática. Então, passei a observar e a conversar com os profissionais iniciantes e com os profissionais experientes. Foram muitas horas de pesquisa; e acabei por concluir que as maiores dificuldades começam, na verdade, após a aprova- ção no exame de Ordem. Diria que se trata de um “estágio con- tinuado pós-formatura e aprovação no exame da OAB”. Ter a carteira da OAB não significa que o sucesso profissional esteja garantido. E muito trabalho deverá ser empregado, para que o tão desejado reconhecimento e sucesso profissional se tornem realidade. A carteira da OAB é sem dúvida alguma o passaporte para o exercício profissional. Todavia, não haverá bom desempenho, PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 20 21 sem dedicação e, principalmente, se você não fizer investimen- tos e não praticar exercícios diários de atitudes e posturas ade- quadas à profissão. Eu lhes peço que não leiam este livro! Não leiam apenas, tentem refletir e compreender o conteúdo, inter- pretando à sua maneira cada parágrafo e cada capítulo. Digo isso, porque você é o (a) único (a) responsável pelo caminho que desejar seguir e pelo resultado que desejar atingir. Tudo depende exclusivamente de você. Portanto, comece a perseguir a realização profissional. Permita-me sugerir que faça da seguinte forma: - Trabalhe com criatividade e otimismo. - Tenha vontade de vencer, planejando o futuro. - Faça tudo com ética, dentro da moralidade e com responsabilidade. - Faça tudo com humildade e sabedoria. - Crie uma rede de relacionamentos forte e sadia. - Não acredite que existe Advocacia isolada. - Cultue a generosidade. Exercitando esses tópicos e fazendo com que eles se tornem um costume diário, você estará ampliando suas chances de su- cesso. Entretanto, não esqueça jamais que, independentemente do sucesso profissional, você estará lapidando a si mesmo (a). Acredite que a lapidação poderá fazer de você um profis- sional admirado (a) e um ser humano especial. O ideal é come- çar pelas pequenas coisas, já que a complexidade no exercício da Advocacia é grande. Inclusive, da mesma forma que o curso de Direito é dividido por matérias (áreas) para que se obtenha compreensão, assim deve ser o exercício da Advocacia. Não queira realizar tudo de uma só vez. Isso evitará que erros se- PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 22 23 jam frequentes e muitas vezes fatais. Empregar bom senso e perseverança é uma forma sábia de obter consistência dia por dia. Inclusive, nada deve ser feito com demasiada rapidez e sem reflexão. Agindo sempre com cautela e perseverança, você poderá ter sucesso e prosperidade, até porque os honorários serão uma consequência natural, por razões óbvias. Acredite em sua capa- cidade de começar uma carreira sólida e estruturada. Dê sempre o primeiro passo, depois o segundo e assim por diante. Tenha certeza e principalmente vontade e planejamento para atingir o que almeja. “Seja como um viajante noturno que enxerga apenas o li- mite que o farol de seu veículo pode alcançar. Entretanto, certo de que, metro por metro, quilometro por quilometro, acabará chegando ao destino, apesar da escuridão.” É bem provável que você tenha muitas dúvidas durante toda a sua vida profissional. Porém, em início de carreira elas parecem ser ainda maiores, tanto no tamanho quanto na quantidade. Por isso, não deixe que elas o façam refém da imaginação e do medo. Porque para advogar é preciso coragem, determinação e fé! PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 22 23 PARTICIPE ATIVAMENTE DA ADVOCACIA “Valorizar a Advocacia com sabedoria é respeitar a inex- periência e saber reconhecer a experiência. Para ser experiente e ter maturidade, tivemos que ser inexperientes. Aprender com o experiente é um privilégio para o inexpe- riente e aprender com o inexperiente é uma espécie de recicla- gem para o experiente.” I Semana da Jovem Advocacia – OAB, Ribeirão Preto – Geraldo Cossalter Afinal, como faço para participar da Advocacia ativamen- te? Isso não é tão complicado assim, até porque você já é um (a) advogado (a). Na verdade, para participar ativamente da Advo- cacia, depende mais de você do que de outrem. Frequentar a Casa da Advocacia – OAB é um passo im- portante, porque a maioria dos profissionais costuma não voltar com muita frequência após a cerimônia de entrega da carteira. Outros (as) costumam frequentar apenas na época de descontos na livraria; e outros, apenas quando necessita de auxílio médi- co, farmácia etc. Também é verdade que muitos (as) frequentam palestras e outras atividades, tais como comemorações, inaugurações e desagravos. Todavia, é essencial que o (a) recém-aprovado (a) PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 24 25 frequente com certa regularidade a Casa da Advocacia, com o objetivo de se tornar conhecido (a) e também conhecer colegas de profissão. Até porque a troca de experiências, a formação de novas opiniões e a ajuda mútua viabilizam-sedurante os encon- tros, reuniões e eventos. Não é incomum as parcerias formadas por colegas de áreas distintas. É também muito comum tomar conhecimento de ideias e meios que ajudam a fomentar negócios e angariar clientes novos, além de formas de fonte de renda. Participar ativamente também faz com que a classe dos (as) advogados (as) seja fortalecida e isso gera um bem comum para toda a Advocacia. A OAB tem diversas comissões. Aliás, são centenas. Cos- tumo dizer que a CEAJOVEM - Comissão da Jovem Advocacia é, sem dúvida alguma, a porta de entrada para todos (as) os (as) recém-formados (as). Inclusive, participando da comissão, você terá oportunidades de aprendizado e relacionamento com ou- tros (as) recém-formados (as). O engajamento talvez seja a ati- tude mais acertada, porque é exatamente disso que necessitam os (as) jovens advogados (as). A inexperiência, que é natural no início de carreira, gradualmente irá desaparecendo, visto que a participação e o engajamento gera certa tranquilidade para atravessar essa fase tão difícil. A princípio, parecemos estar em um mundo estranho, já que tudo é novo e ainda não estamos acostumados. Entretan- to, se essa fase for enfrentada em grupo e com ajuda mútua, certamente todos serão beneficiados. Participar ativamente da Advocacia nada mais é que fazer parte e atuar em prol de um grupo de profissionais que deseja crescer e formar uma classe forte e respeitada. É praticar a Advocacia, em prol da socieda- de. É buscar soluções e novos rumos para a sociedade, e para a Advocacia. Participando ativamente da Advocacia faz com que o tempo de adaptação se torne menos oneroso e mais prazeroso. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 24 25 Participar ativamente da Advocacia é relacionar-se com colegas de profissão dentro e fora da OAB. Participar ativamen- te da Advocacia é defender a classe e lutar pelas prerrogativas. Também é não se abster, é não ter medo de atuar em prol da Justiça. Participar ativamente da Advocacia é fazer da profissão um verdadeiro sacerdócio. Não queira apenas participar como se você estivesse em um clube recreativo ou apenas em busca de notoriedade. Parti- cipe pela vontade de crescer e de fazer o melhor pela socieda- de e pela Advocacia. Participe para poder contribuir para com a sua própria carreira e para com a carreira dos colegas, que também necessitam ser ajudados. Participe com a ambição de se tornar um profissional íntegro e, acima de tudo, para ser um profissional que deseja militar durante toda a carreira em prol da Justiça e por uma sociedade justa. Além, é claro, da realiza- ção como pessoa humana. Talvez você não tenha pensado que, para participar ativa- mente da Advocacia, é preciso vontade, perseverança e cora- gem. Digo isso porque é uma tarefa árdua. Todavia, é uma tarefa dignificante e necessária para o desenvolvimento profissional. Participar ativamente da Advocacia, também é ter convicção do papel do (a) advogado (a), perante a Justiça e o cidadão comum. Lembre-se de que, o conhecimento é o maior patrimônio do (a) advogado (a). Por isso, participe ativamente de palestras, reuniões, debates etc. Lembre-se de que, ao participar ativa- mente, você estará se beneficiando. É importante lembrar que ao participar ativamente você também poderá se tornar referên- cia. Inclusive, você estará acumulando conhecimento e muitas vezes também estará se antecipando a fatos e notícias da área jurídica. Não deixe de participar, não deixe de se engajar. Não im- porta se o engajamento será em um pequeno grupo ou em um grupo muito grande. Não importa a sua idade, o tempo de car- PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 26 27 teira ou o tempo que você tem disponível para participar. O mais importante é o engajamento. Não tenha receio de partici- par e muito menos de se engajar, porque o engajamento é essen- cial para todo (a) jovem advogado (a). Quero ainda lembrar que para participar ativamente da Ad- vocacia requer um esforço e desprendimento. É fundamental você ter esse entendimento, visto que você estará direcionando o tempo e trabalho em prol de toda a Advocacia. Para tanto, não esqueça jamais de medir e organizar o seu tempo. Você também deve partilhar isso com aqueles que te rodeiam. Tanto faz se for dentro do lar ou dentro do ambiente de trabalho. Partilhe, para receber ajuda. Partilhe, para receber admira- ção. Afinal, não é todo dia que encontramos pessoas dispostas a dividir o próprio tempo em prol de outrem. Ademais, participar ativamente da Advocacia é uma forma de doação. Destarte, ape- sar das dificuldades e do trabalho intenso, participar ativamente da Advocacia também fará bem para a sociedade e para a própria alma. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 26 27 FATORES PERMANENTES PARA O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA “Advogar também é estreitar relacionamentos que possam cul- minar em resultados úteis, de modo a compartilhar ideias e propostas que levem o exercício da Advocacia a patamares de execelência.” Geraldo Cossalter Exercer Advocacia, para alguns, se confunde com isolamen- to ou autosuficiência. Tanto o isolamento quanto a autosuficiência são um engano enorme. No exercício da Advocacia, o isolamento e a pseudo-autosuficiência talvez sejam alguns dos maiores erros que se pode cometer. Mesmo porque existe uma dependência na- tural do ser humano para com outros seres humanos. Na verdade, para obter o máximo do conhecimento que irá proporcionar resultados úteis e satisfatórios, dependemos uns dos outros. Tal dependência tem ligação direta com relaciona- mentos, já que não há sequer um ser humano capaz de dominar todo tipo de atividade. Não existe autosuficiência em qualquer meio, seja na Advocacia ou qualquer outro tipo de atividade praticada pelo ser humano. Para tanto, é preciso que atitudes positivas sejam tomadas e praticadas em prol da Advocacia e do cliente. Isolar-se, acre- ditando na autosuficiência, só servirá para criar expectativas que podem se transformar em frustração. Isso é muito comum, PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 28 29 porque o ser humano precisa relacionar-se, para poder viver em sociedade e por consequência para poder evoluir. Na Advocacia, o relacionamento com colegas não deve li- mitar-se às conversas informais ou apenas nos breves encontros nos fóruns e audiências. É obvio que cada um tem sua prefe- rência e não são todos os colegas que farão parte dos relaciona- mentos que cada um deseja ter. Porém, é de suma importância que sejam eleitos colegas que possam se tornar fonte de ideias a ser compartilhadas. Para aprimorar a atividade da Advocacia é necessário que haja co- municação e relacionamentos acerca da própria atividade. No cotidiano, relacionar-se com colegas é tão importante quanto aprender novas leis. Quando ainda estamos na faculdade, é comum a troca de ideias e de favores para atingir notas que proporcione seguir ao próximo semestre. Da mesma forma, no exercício da Advocacia, a troca de ideias e de experiências deve ser uma atividade permanente, mesmo porque tal atividade acaba fortalecendo parcerias de negócio e amizades. O respeito mútuo também acaba surgindo a partir dos bons relacionamentos. Digo isso porque, quando surgem novas oportunidades no mercado da Advocacia, geral- mente a ideia é a de preservar em prol de si a oportunidade. Então, com o passar do tempo, acabamos por compreender que de nada adiantou preservar. Não adianta nada! Porque outros profissionais acabarão tomando conhecimento da mesma oportunidade, ou por mé- rito, ou por manter uma rede de relacionamentos. Isso é muito comum! Isso pode soar como algo estranho, mas é necessá- rio manter bons relacionamentos com colegas. É preciso com- preender que a Advocacia compartilhada promove resultados úteis.Isso não significa abrir a carteira de clientes para outros colegas. Significa estreitar relacionamentos que possam culmi- nar em resultados úteis para todos os interessados, de modo a PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 28 29 compartilhar entre si ideias e propostas que levem o exercício da Advocacia a patamares de execelência. Significa dividir ideias para somar resultados positivos e fortalecer a própria Advocacia. Em toda atividade desenvolvida pelo homem, sempre haverá a necessidade de compartilhamen- to. Mesmo porque não somos eternos! De uma forma ou de outra o compartilhamento acaba disseminando boas ideias. Se as grandes invenções da humanidade tivessem sido escondidas por seus inventores, talvez ainda estariamos morrendo por cau- sa de uma simples gripe. Talvez, ainda hoje, não seria possivel conhecer outros continentes. Ou até mesmo o nosso país, já que os aviões proporcionam isso. No exercício da Advocacia não é diferente. É preciso pensar o Direito com uma visão ampla e voltada para todas as possibi- lidades. A troca de experiências e a troca de ideias talvez sejam o ponto de partida para a conquista de grandes resultados. As oportunidades surgem a todo momento. É essencial estar conec- tado para poder absorver a demanda. O Direito sempre estará passando por transformações. É muito comum, por exemplo, o surgimento de novas teses e por consequência novas decisões dos tribunais. O ser humano evolui e com ele surgem novas necessidades, razão da evolução do Direito. As leis são escritas e positivadas pelo homem, mas não têm o condão da eternidade ou da perfei- ção. Isso porque o homem evolui e necessita de novas soluções que são ditas pela lei. A transformação do homem é constante e a lei deve se transformar e evoluir de forma a atender aos an- seios da sociedade. A prática da Advocacia deve ser evolutiva e formadora de opiniões. Para isso, seus operadores devem atuar em prol dela, compartilhando com os seus pares as soluções e ideias que surgem constantemente. Desse modo, todos estarão colaborando para o fortaleci- mento da Advocacia. Não há como se exilar na Advocacia, até PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 30 31 porque sempre existirá a parte adversa. Aliás, não há como confundir o colega que representa a parte adversa com um ini- migo. Isso é muito comum acontecer! Na verdade, aquele (a) que encontramos representando a par- te adversa pode ser fonte de informação e de ideias. Digo que de uma maneira ou de outra sempre aprendemos algo com alguém. Pense a respeito e não tente praticar a Advocacia isoladamente. Pode ter certeza de que o isolamento só servirá para atrasar o pensamento e a sua própria atividade. Toda atividade necessita de aprendizado constante e não é diferente com a Advocacia. Digo inclusive que é uma necessidade básica o constan- te aprendizado na arte de advogar. Permita-se compartilhar e aprender, até porque muitas vezes a atitude de isolamento não seria uma forma implícita, do medo? Podemos inclusive pensar em uma forma implícita de arrogância. Por que não? Pense a respeito e pondere sempre, já que não há como praticar a Advo- cacia acreditando no isolamento e na autosuficiência. O isolamento e autosuficiência não podem jamais fazer parte do exercício da Advocacia, a não ser que você pretenda advogar para fantasmas. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 30 31 AS PRERROGATIVAS SÃO FERRAMENTAS DE TRABALHO? “O operário que quer fazer o seu trabalho bem deve começar por afiar os seus instrumentos.” Confúcio É bem provável que você tenha estudado pouco ou quase nada sobre as Prerrogativas da Advocacia. Por ser um tabu para muitos (as) ou até mesmo por ser considerado por outros um tema um tanto quanto “delicado”, geralmente as prerrogati- vas são confundidas e acabam sendo até distorcidas. É muito comum haver equívocos, como por exemplo, con- fundi-las com vantagens, benefícios e, até mesmo, regalias para os (as) advogados (as). Tal confusão promove um entendimento equivocado, porque, na verdade, as prerrogativas da Advocacia existem única e exclusivamente para serem utilizadas em prol do cidadão comum, o cliente. Muitos até chegam a acreditar que as prerrogativas são um conjunto de imunidades que são concedidas à Advocacia como forma de privilégio próprio, como forma de benefícios próprios, como se fosse uma espécie de imunidade que garantisse ao (à) advogado (a) liberdade para praticar o que lhe mais convier em benefício próprio. Isso é uma crença que não é verdade, já que as prerrogativas têm função social e de equilíbrio. Sem as prerrogativas, a Advocacia sofreria muito mais PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 32 33 retaliações e abusos, visto que muitos agentes do Estado, que deveriam cuidar das normas vigentes, acabam por embaraçar, dificultar ou até mesmo retaliar a atividade do (a) advogado (a). As prerrogativas são ferramentas que a Advocacia tem para combater abusos contra os clientes. Afinal, advogar é com- bater, é ter combatividade, é poder atuar de forma combativa em prol do cliente. A Advocacia é combativa, e as prerrogativas são instrumentos de combate que visam proteger o Direito do cliente e não o (a) advogado (a). As prerrogativas da Advocacia garantem a liberdade e a preservação da independência da ati- vidade da Advocacia, que visa defender os direitos do cidadão. Defender as prerrogativas da Advocacia é defender os di- reitos da sociedade e mais precisamente os direitos do cidadão, que terá os seus direitos defendidos pelo (a) advogado (a). Exa- tamente por essa razão, a Constituição Federal de 1988 asseve- ra que a Advocacia é função indispensável à administração da Justiça. A inviolabilidade do (a) advogado (a) por seus atos é ga- rantida, ante os atos e manifestações no exercício da profissão. As Comissões de Prerrogativas da OAB têm trabalhado de forma incansável na defesa das prerrogativas, com o objetivo de resguardar a autonomia e a independência dos (as) advogados (as), de forma a impedir que os abusos, afrontas e o desrespei- to aconteçam, até porque preservar o exercício da profissão é fundamental para o alcance da Justiça. As prerrogativas visam também garantir dignidade ao (à) advogado (a). Não é incomum que profissionais despreparados se tornem alvo de abusos pelo desconhecimento acerca das prerrogativas da Advocacia. Então, é essencial conhecer e compreender as suas finalidades, porque elas devem ser ferramentas usuais e diárias. Pois não há dia ou hora marcada para que o abuso acon- teça. Também é muito comum encontrar agentes do Estado des- preparados que abusam da autoridade que lhe foi conferida. É também bastante comum por parte de determinados agentes do PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 32 33 Estado, que conhecem muito bem as prerrogativas tentar fazer prevalecer a própria vontade, desrespeitando as prerrogativas da Advocacia, como se elas não existissem. A advocacia é indispensável e a sua função social deve proteger os interesses do cidadão, bem como a defesa dos direi- tos humanos, a Constituição Federal, o processo justo, a ampla defesa, o contraditório e a ordem jurídica. Isso deve emanar da própria Advocacia. As prerrogativas existem porque a Advo- cacia é a única proteção que o cidadão comum tem diante do poder do Estado, que é representado pelo Ministério Público e pela Magistratura, além da Polícia Administrativa e a Polícia Judiciária, que também exercem o poder do Estado. Sem as prerrogativas da Advocacia, fatalmente não have- ria um mínimo de equilíbrio, porque o (a) advogado (a) não te- ria garantia alguma para poder defender o cliente diante de todo o poder do Estado. O cidadão comum confia no (a) advogado (a) e acaba por confiar o próprio interesse aos (às) advogados(as), quando lhes dão poder de representação. Os interesses do cida- dão são defendidos pelo (a) advogado (a), diante das autoridades do Estado, com igualdade, autonomia e independência. Afinal, a Advocacia tem função social e pública, além de ter garantidas as prerrogativas, de acordo com a lei 8.906/94. Muitas são as queixas da Advocacia. Talvez a maior delas seja o acesso aos magistrados e aos processos de seus clientes. To- davia, qualquer ocorrência de desrespeito, abusos ou tentativas de impedir o exercício da Advocacia deve ser comunicada de imediato às Comissões de Prerrogativas da OAB. Lembro ainda que não há hierarquia entre a Advocacia, a Magistratura e o Ministério Público. Todos devem se tratar com respeito recíproco e com consideração. A dignidade, aci- ma de tudo, deverá ser a forma de tratamento entre todos. Por- que não há como promover a Justiça, sem dignidade. Todo (a) advogado (a) deve receber tratamento à altura da dignidade da PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 34 35 profissão. Inclusive, tem o direito de exercer a profissão com li- berdade e autonomia em todo o território nacional. O cotidiano da Advocacia não é fácil, já que os abusos praticados dificultam fazer valer as prerrogativas. Em nosso país, não é incomum encontrar cidadãos que estão presos sem que a Advocacia sai- ba a razão. Em todo o território nacional, diariamente, muitos (as) advogados (as) são constrangidos (as) por representantes do Estado e autoridades. Também não é incomum advogados (as) receberem grosserias ou tratamento inadequado e sem digni- dade, chegando ao ponto de receberem voz de prisão pelo fato de fazerem uso das prerrogativas em defesa de seu cliente. Tal- vez a informação seja o princípio de uma mudança. Somente, quando houver conscientização por parte do Estado e de seus agentes que as prerrogativas são direito de todo cidadão, pode- remos iniciar uma ampla modificação do Estado, visando uma sociedade equilibrada, digna e, acima de tudo, justa. Entretan- to, para fazer valer as prerrogativas, depende muito da coragem da Advocacia. Ter coragem de combater abusos também depen- de de conhecimento. Então, conhecer as prerrogativas profun- damente para poder praticá-las é objetivo básico para advogar. Caso contrário, todo trabalho poderá se tornar ineficaz. Lem- bre-se de que o objetivo é utilizar as prerrogativas como meio eficaz de promover a Justiça e a paz social. Para que isso possa se concretizar é necessário ter familiaridade com as prerroga- tivas. Também é preciso coragem e inteligência, se algo errado vier a acontecer. Até porque a coragem sem inteligência poderá provocar um desastre e não é isso que desejamos. Ao contrá- rio, porque ter familiaridade com as prerrogativas e coragem exacerbada nem sempre será a fórmula mais adequada. É ne- cessário saber utilizar as prerrogativas com inteligência e com sabedoria. Afinal, não podemos aceitar tipo algum de afronta que venha colocar em xeque o exercício pleno da Advocacia. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 34 35 O HONORÁRIO É A BASE DA ADVOCACIA? “O honorário deve ser o resultado útil e prazeroso advindo de atos praticados pelo (a) advogado (a), visando satisfação do cliente, equilíbrio social e justiça.” Geraldo Cossalter Como assim? O honorário é mesmo a base da Advocacia? Para resolver esse questionamento, será preciso avaliar caso a caso, porque tudo irá depender do tipo de cliente, do tipo de ação e o momento que o cliente está vivenciando. Esse questionamento talvez seja o mais comum entre os (as) jovens advogados (as) em início de carreira, visto que existe avilta- mento de honorários no mercado e isso é um verdadeiro “tiro no próprio pé”. Obviamente que os honorários devem ser a base da Advo- cacia sob o aspecto da manutenção/evolução, já que ele é a fonte de renda para o negócio. É muito comum haver muitas dúvidas em início de carreira, quando o assunto são os honorários. In- clusive, porque o receio de perder o cliente acaba sendo muitas vezes exagerado. Tudo vai depender de uma análise que deve ser feita no início do contato com o cliente. É importante observar e analisar os clientes, porque exis- tem muitos tipos diferentes espalhados por aí. Geralmente, o cliente que deseja saber “quanto custa?”, antes de saber a viabi- PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 36 37 lidade da ação, certamente é um cliente que pechincha e acaba por inviabilizar o negócio. Exatamente por estar preocupado apenas no valor que irá desembolsar. Geralmente, esse tipo de cliente acaba leiloando a própria necessidade. Sim, porque ele fará o mesmo com outros profis- sionais, até que consiga encontrar o “menor preço.” A tabela da OAB é a base dos honorários sempre, porque ela dá parâmetros que permitem valorizar o trabalho do pro- fissional. Certos tipos de ação também costumam ser alvo de clientes leiloeiros, já que para eles o trabalho do (a) advogado (a) se resume em uma assinatura apenas. Um exemplo muito comum é o divórcio consensual extra- judicial, que pode ser feito diretamente no cartório. Desde que cumpridos alguns requisitos por parte dos cônjuges que dese- jam se divorciar, tal modalidade se aperfeiçoa, visando a des- judicialização de casos consensuais. Entretanto, acaba havendo um entendimento equivocado de que o (a) advogado (a) apenas precisa assinar e nada mais. Na verdade, a responsabilidade do (a) advogado (a) em uma situação como essa é a mesma, da mesma forma que em um caso contencioso ou até mesmo em casos consensuais que tenham que passar pelo Judiciário pelo não cumprimento de algum requisito. É um equívoco muito grande acreditar que o (a) advogado (a) em nada se responsabiiza e apenas assina para poder tornar legal o divórcio consensual extrajudicial. Na verdade, é exatamente o inverso, visto que tal modalidade de divórcio veio ao encontro do clamor da sociedade que desejava uma celeridade maior para esses casos. Na verdade, essa modalidade de divórcio não necessita de homologação junto ao Judiciário e é exatamente o (a) advogado (a) e o cartorário, por meio de escritura pública, que são os que tornam a vida do cidadão mais prática, sem a necessidade de trâmites como os dos outros casos. Os honorários, na verdade, PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 36 37 compensam o conhecimento jurídico, a pesquisa, o acompa- nhamento, a consulta e todo o trabalho que é desenvolvido pelo (a) advogado (a). Afinal, o honorário é a base da Advocacia? Pode-se dizer que sim. Entretanto, não deve ser o primeiro ítem a ser considerado, quando houver o primeiro contato com o cliente, já que satisfazer a necessidade do cliente por meio de soluções farão do honorário uma consequência, a ponto do cliente sentir satisfação em pagá-los. Não é comum encontrar, durante a militância, clientes que querem apenas pechinchar. Todavia, os clientes que desejam encontrar soluções honestas, que satisfaçam suas necessidades, costumeiramente são os clientes que sentem prazer em remunerar bem o profissional que atingiu as expectativas e os requisitos por ele pretendidos. Lembro que não estou falando em garantia de sentença fa- vorável, já que a profissão é de meio, e não de resultado. Atingir expectativas nem sempre é vencer uma determinada demanda. Atingir expectativas é deixar o cliente consciente de que exis- tem possibilidades de vitória e derrota. E filosofando um pouco, pode-se dizer que: “O honorário é o fruto maduro e doce de uma árvore cul- tivada com perseverança, assiduidade e fertilizantes éticos e honestos. Aquele (a) que cultiva tais árvores assim jamais terá falta de frutos maduros e doces.” Praticar Advocacia sem honorários honestos não faz va- ler o resultado útil. Por outro lado, honorários percebidos pela satisfação do clientetêm valor agregado, porque o cliente os pagará com satisfação e a satisfação do (a) advogado (a) será dobrada. Primeiramente, por ter feito um trabalho honesto que prossibilitou a satisfação do cliente. Em segundo lugar, por sentir realização profissional, ante PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 38 39 o resultado obtido diante do problema que lhe foi apresentado. Por último, pela manifestação do cliente perante outras pes- soas. Ou seja, o famoso boca a boca. Assim, jamais acredite que o honorário deva ser o princípio de tudo. Acredite que o honorário é a consequência de uma série de fatores, como a confiança, a perseverança, a assiduidade, a honestidade, a ética e tantas outras qualidades que devem ser empregadas em prol do cliente. Lembre-se sempre de que para advogar são necessários honorários. Entretanto, para receber honorários é preciso advogar! PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 38 39 EM QUAL RAMO MILITAR? “A militância requer boas doses de coragem e doses extremas de sabedoria.” Geraldo Cossalter Outrora, atuar em muitos ramos da Advocacia era comum. Até porque a quantidade de profissionais era menor. Na atuali- dade, a especialização passou a ser necessidade básica, porque a concorrência é muito acirrada. É verdade que a grande maio- ria dos (as) bacharéis em Direito acaba (m) desistindo ainda no início da carreira ou até mesmo antes do exame de ordem da OAB. Porém, os que ingressam no mercado de trabalho com o objetivo de se aperfeiçoar podem se tornar concorrentes res- peitados. O aperfeiçoamento é uma fase de vital importância para a carreira, porque acaba promovendo aprimoramento profissio- nal. Entretanto, devo esclarecer que, quando falo em aperfei- çoamento, não significa que o profissional deva atuar em um único ramo do Direito. Até porque tudo vai depender do perfil profissional e pessoal de cada indivíduo. Trata-se de uma deci- são personalíssima. Ao ingressar na militância, todo (a) advogado (a) deve estar preparado (a) para escolher o (s) ramo (s) que pretende seguir. É importante ter afinidade com o ramo, pois não é incomum PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 40 41 escolhas equivocadas. A afinidade é o primeiro passo para o sucesso. Sem afinidade, o aperfeiçoamento poderá se tornar uma tarefa desagradável que poderá não chegar ao final. Quando falo em aperfeiçoamento, quero dizer que uma pós-graduação em de- terminado ramo pode ser uma maneira eficaz de se aperfeiçoar. Entretanto, não há pós-graduação alguma que irá proporcio- nar especialização, se não houver pesquisa e determinação por horas a fio em busca do grande objetivo que é conhecer profun- damente o (s) ramo (s) que o profissional irá atuar. Muito mais que ter um diploma de pós-graduação em determinado (os) ramo (os), ter vontade em apender as vertentes do (s) ramo (s) escolhido (s) deve ser o grande objetivo. O intuito é atingir a especialização no (s) ramo (s) que você tem mais afinidade. Não adianta escolher um determinado ramo apenas pela remuneração. Nada adiantará almejar apenas a remuneração, se não hou- ver identificação com o (s) ramo (s) escolhido (s). É comum em tempos de faculdade que todo (a) aluno (a) tenha facilidade em determinadas matérias e dificuldade em outras. Talvez essa seja a forma mais simples de identificar qual ramo ou quais ramos do Direito serão os escolhidos pelo (a) advogado (a) nessa fase. É verdade que também é comum haver uma adaptação com matérias que antes eram consideradas difíceis. É verdade também que, com o passar do tempo, o (a) aluno (a) acaba elegendo quais as matérias preferidas. Esse fenômeno certamente contribui com a escolha do (s) ramo (s) que se pre- tende atuar, porque é uma maneira descomplicada de escolher, com base em experiências vivenciadas ainda em sala de aula. Outra forma de descomplicar a escolha é relembrar a época de estágio. É comum que alguns gostem de interagir com pessoas, já outros não gostam tanto assim. Isso pode significar que o primeiro possa gostar de Direito de Família; já o segundo, de Direito Tributário. São apenas hipóteses, mas é importante analisar o próprio PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 40 41 comportamento e as próprias preferências. Apesar de tudo, a militância exige que o (a) advogado (a) interaja com o cliente, com a parte adversa, com o Ministério Público, com a Magis- tratura, com as polícias, agentes e pessoas, de modo geral e dia- riamente. Militar também é uma forma prática e descomplicada de encontrar o (s) ramo (s) que você pretende atuar. Eu me lembro de um advogado iniciante que atuou em al- guns casos e acabou por concluir que o Direito Penal não era o seu forte, devido às dificuldades que tinha com o processo. Um dia, ele concluiu que tinha afinidade com o Direito Ambiental. Assim, especializou-se nessa área e hoje é um profissional res- peitado e realizado pela escolha que fez. Escolher em qual (ais) ramo (s) atuar é o primeiro passo para poder se tornar especialista na (s) área (s) que escolheu. Outra maneira de facilitar a escolha é saber aceitar as próprias dificuldades, almejando entender que não é possível saber cem por cento de tudo e de todos os ramos do Direito. É muito me- lhor ser competente e especialista no (s) ramo (s) que você es- colheu do que ser mais ou menos competente e especialista em muitos ramos. É impossível ser especialista em todos os ramos ou na maioria deles. É humanamente impossível, até porque a vida física é finita e o dia tem apenas vinte e quatro horas. Se algum dia alguém lhe disser que é especialista em tudo, em todos os ramos ou na grande maioria dos ramos do Direito, pode ter a absoluta certeza de que você estará diante de um Deus ou dian- te de um (a) grande mentiroso (a). Por outro lado, procure ouvir os teus sentimentos e a tua consciência. Procure descobrir com qual (is) ramo (s) você tem afinidade. Procure saber de você mesmo (a) o (s) ramo (s) que te dão prazer e te fazem buscar a solução que o cliente tanto deseja e precisa. Entenda que uma pós-graduação é importan- tíssima. Porém, escolha antes também o (s) ramo (s). Não se PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 42 43 deixe levar por modismos ou por oportunidades momentâneas, porque elas acabam. Procure firmar-se naquele (s) ramo (s) que te fazem sen- tir inspiração e desejo de encontrar a solução jurídica que irá satisfazer o cliente e, que irá te dar imensa satisfação. Não há uma fórmula mágica para encontrar o (s) ramo (s) que são os melhores. Também não há melhor ou pior. Ao contrário, todos os ramos do Direito são desafiadores e basta você encontrar qual deles te trará satisfação. Finalizando, digo que você também deve frequentar pales- tras promovidas pela OAB/ESA, porque lá, certamente, você encontrará respostas para muitas perguntas que frequentemen- te não sabemos responder. Não deixe jamais de procurar e tri- lhar o caminho da especialização. Seguindo para o final desse tema, esclareço ainda que o profissional de sucesso deve ser especialista em tudo aquilo que fizer. Toda pessoa que ocupa um ramo particular de uma ciên- cia ou de uma arte é um especialista ou perito. O título da espe- cialização é conferido aos que concluem um curso de pós-gra- duação em sentido lato sensu. Entretanto, os profissionais que se empenham em uma determinada matéria também se tornam especialistas. Portanto, independentemente da pós-graduação, torne-se especialista em tudo aquilo que fizer, senão o caminho será ainda mais duro e longo. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 42 43 SER EMPREGADO X SER ASSOCIADO? “As pessoas não sabem, e tampouco os juristas, que aquilo que se pede ao advogado é a dádiva da amizade, antes de qualquer outra coisa.” Francesco CarneluttiÉ muito comum que o (a) advogado (a) em início de car- reira tente conseguir um emprego em um grande escritório. Por outro lado, a lei 8906/94, que é Regulamento Geral da Advo- cacia ou Estatuto da Advocacia, prevê a ausência de vínculo trabalhista conforme o Art. 39: Art. 39. A sociedade de advogados pode associar-se com advo- gados, sem vínculo de emprego, para participação nos resulta- dos. Já no Capítulo V, do Art. 18 ao Art. 21, vemos: CAPÍTULO V Do Advogado Empregado Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência profis- PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 44 45 sional inerente a Advocacia. Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego. Art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sentença normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acor- do ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. § 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu es- critório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação. § 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito. § 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento. Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pes- soa por este representada, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados. Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebi- dos por advogado empregado de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo. Temos duas situações distintas que merecem uma análise minuciosa, visto que a oferta de profissionais em busca de uma PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 44 45 vaga no mercado é muito maior que a demanda de vagas. Isso acontece pelo fato de o Brasil ter se tornado o país que mais tem faculdades de Direito no Mundo. O número de bacharéis em Direito é assustador, porque sozinho o Brasil forma mais que o resto do mundo em conjunto. Essa talvez seja a principal razão porque a grande maioria dos bacharéis em Direito acabam ficando pelo caminho. Por outro lado, existem duas formas que são previstas pela lei. Todavia, a análise deverá ser o início de tudo, porque existem diferenças entre uma forma e a outra. Ser empregado implica certa estabilidade. Entretanto, im- plica certa restrição, visto que o empregado terá que seguir normas, horários e demais ordens vindas de superiores. Por outro lado, ser associado pode ser uma forma de “mascarar” o vínculo trabalhista, como se o empregado fosse associado. Na verdade, o associado tem participação nos resultados do escri- tório. No entanto, o termo associado não deve ser usado para garantir o beneficio previsto no Art. 39 e assim fugir do vínculo trabalhista. Em início de carreira, geralmente e por conta da alta oferta de profissionais, é comum o aviltamento de salários e, infeliz- mente pela necessidade, a maioria dos (as) advogados (as) se sujeita a condições de trabalho ruins e mal remuneradas. Na verdade, o (a) advogado (a) acaba inferiorizando a si mesmo e por consequência a Advocacia, em razão da neces- sidade de obter renda. Muitos anos atrás, a quantidade de ad- vogados (as) era bem menor, até porque o curso era acessível geralmente aos filhos de famílias que tinham algum poder fi- nanceiro e que podiam mantê-los estudando, ao contrário dos filhos de famílias menos favorecidas financeiramente. Era comum que as famílias de jovens advogados (as) os (as) ajudassem na montagem de um escritório e até mesmo na formação da carteira de clientes que muitas vezes era garantida PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 46 47 pelo prestígio da família a que pertenciam. Também é verdade que existem diversos casos de sucesso de pessoas de origem humilde que conquistaram sucesso na Advocacia, Magistratura e Ministério Público. Também é comum gerações de advogados (as) que se tor- nam tradicionais. Mudando o tópico, quero contar que em 1971 foi aplicado o primeiro Exame de Ordem no estado de São Pau- lo, o que veio coroar a luta da Advocacia, que desejava uma regulamentação do ingresso nos quadros da OAB, advinda da lei 4615/1963. Apesar disso, os bacharéis formados até 1973 ficaram isen- tos do Exame de Ordem. Já em 1974, 154 bacharéis de um total de 211 foram aprovados no estado de São Paulo. A verdade é que o Exame de Ordem passou a ser obrigatório, em razão de um fato ocorrido em 1968. Em março daquele ano, o juiz de Direito Ennio Bastos de Barros, da 10ª Vara Cível de SP, devolvia à seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil a petição subscrita por um profissional despreparado para o ofício da Advocacia. Havia er- ros grotescos de Português, e a petição foi considerada inepta. Então, sob o manto do Art. 1º, o juiz questionou a seleção dis- ciplinar em defesa da classe dos (as) advogados (as), conforme: Art. 1º A Ordem dos Advogados do Brasil, criada pelo art. 17 do Decreto nº 19.408, de 18 de novembro de 1930, com persona- lidade jurídica e forma federativa, é o órgão de seleção disci- plinar e defesa da classe dos advogados em toda a República. [1] Em 2014, o Exame de Ordem completou quarenta anos de sua implantação obrigatória na Secional Paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB SP), onde surgiu por iniciativa do então presidente Cid Vieira de Souza, em 1971. Os bacha- réis em Direito formados até 1973 ficaram isentos de prestar o PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 46 47 Exame. Mas, em 1974, a prova passou a ser obrigatória em todo o Estado. Naquela época, o Exame era realizado em duas fases (es- crita e oral) na própria sede da OAB SP e reunia poucos candi- datos. Eram realizadas quatro edições do Exame por ano (mar- ço, julho, setembro e dezembro). Hoje, são três edições anuais. Atualmente, o número de inscritos para as três edições anuais do Exame supera cem mil candidatos/ano em todo o País. Somente no Estado de São Paulo a prova é aplicada a mais de vinte mil bacharéis em Direito em trinta e cinco cida- des e a média de aprovação nacional fica no patamar de 20%. “Criado em São Paulo, o Exame de Ordem se expandiu para todo o País e se aprimorou. Diante da massificação dos cursos jurídicos e da queda da qualidade do ensino, vem de- monstrando ser um instrumento cada vez mais necessário para mensurar o conhecimento jurídico básico do bacharel em Di- reito que deseja ser advogado. É uma proteção para a Advocacia, que somente aceita em seus quadros bacharéis com comprovado conhecimento técni- co-jurídico, e para a cidadania, que terá advogados capacitados para patrocinar suas causas”, explica Marcos da Costa, presi- dente da OAB SP. O conselheiro Cid Vieira de Souza Filho lem- bra que o ministro da Educação, da época, Jarbas Passarinho, era contra o Exame de Ordem que, no entanto, recebeu apoio da sociedade, da imprensa e dos estudantes de Direito da USP e da PUC-SP. Em 2010, o Conselho Federal da OAB concluiu a unifica- ção nacional do Exame de Ordem, que anteriormente era orga- nizado de forma independente pelas Seções estaduaisda OAB. Atualmente, em todo o Brasil o Exame de Ordem é aplicado na mesma data, com a mesma prova e os mesmos critérios de avaliação e de correção, o que assegura uma avaliação única da qualidade do ensino jurídico no País. O Exame de Ordem PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 48 49 atualmente é aplicado em duas fases. Na primeira fase, o can- didato deve responder oitenta questões objetivas (múltipla esco- lha) sobre Direitos Humanos, Código de Defesa do Consumi- dor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Direito Ambiental, Direito Internacional, Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, Regulamento Geral e Código de Ética e Disciplina da OAB. A prova prático profissional, na segunda fase, consiste na redação de uma peça profissional e resposta escrita a outras quatro questões. A aprovação no Exame de Ordem é obrigató- ria para o bacharel em Direito ingressar na Ordem dos Advoga- dos do Brasil e exercer legalmente a Advocacia, como previsto na Lei Federal 8.906-94 (Estatuto da Advocacia). O Exame pode ser prestado pelo bacharel em Direito (ain- da que esteja pendente apenas a sua colação de grau), formado em instituição de ensino superior regularmente credenciada. Os acadêmicos de Direito do nono e décimo semestres também podem fazer as provas. Em 2014, para comemorar os quarenta anos da implantação do Exame, a OAB SP reeditou - em edição fac-símile - o livro O Exame de Ordem como Instrumento de Defesa do Interesse Pú- blico, de Cid Vieira de Souza, publicado inicialmente quando da implantação do Exame em São Paulo. Uma das curiosidades da obra é a reprodução de documentos, como provas corrigidas e ofícios de juízes de Direito apontando que os advogados esta- vam maltratando o Português em suas petições. Na obra, também fica claro que os questionamentos feitos contra o Exame na década de 1970 são bastante similares aos de hoje: “Trata-se de um segundo vestibular”, “cria discrimina- ção para os candidatos à Advocacia”, “promove reserva de mercado”, “desacredita as faculdades de Direito”. “Nenhum PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 48 49 desses argumentos se sustentou ao longo dos quarenta anos, a demonstrar a importância e fundamentação jurídica do Exame de Ordem”, finaliza Costa. [1] Voltando a 1994, com a Lei 8.906, a OAB atualizou seu estatuto outra vez; e a aprovação no Exame de Ordem conti- nuou a ser exigida dos candidatos. Assim, o Exame de Ordem continua a ser obrigatório. Isso significa que os aprovados estão aptos a praticar a Advocacia. Todavia, existe uma reflexão que se faz oportuna: "O Estágio e o Exame de Ordem, que são obrigatórios, devem se transformar em prestígio para as faculdades sérias, até porque as faculdades de Direito não formam advogados (as), formam bacharéis em Direito, porque, o (a) advogado (a) nasce advogado (a). Portanto, não precisa ser formado (a), mas moldado. Enquanto o (a) advogado (a) se torna bacharel em Direito, a maioria dos bacharéis jamais será advogado (a).” Pode parecer ter havido uma radical mudança no assunto desse capítulo. Todavia, tudo contribui para que se compreenda que a maioria dos bacharéis em Direito, está advogado (a) e não é advogado (a). Os que se sujeitam receber salários aviltantes e insignificantes, tanto como associado ou funcionário, esta- rá praticando uma Advocacia inexpressiva, sem sentido e sem paixão. Obviamente que todos têm o direito de optar pelo que entender ser o melhor para a própria carreira. Todavia, os (as) que se destacarem, mesmo como empre- gado (a) ou associado (a), advogando por um salário digno, com expressividade e paixão, certamente conseguirão galgar patamares altos e atingirão sucesso. Se um dia o exercício da [1] Matéria veiculada em 22 de abril de 2014, http://www.oabsp.org.br/notícias. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 50 51 Advocacia não lhe trouxer satisfação e paixão e você não sentir coragem para a combativa profissão de advogado (a), é melhor repensar e decidir se o exercício da Advocacia é o caminho que te fará feliz. Entenda que não basta ser empregado (a) ou associado (a), porque advogar é muito mais que cumprir prazos, horários e me- tas. Advogar é buscar soluções não só para o cliente, até porque, você já parou para pensar por qual razão um (a) associado (a) ou empregado (a) consegue resolver problemas de muitos clientes e, ao mesmo tempo, não consegue resolver o seu próprio? PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 50 51 COMO MONTAR UM BOM ESCRITÓRIO? “A esperança é o sonho do homem acordado.” Aristóteles Antes de montar um bom escritório, alguns fatores devem ser levados em conta, já que, para ter sucesso não basta ter co- nhecimento, especialização e um bom nome. Algumas conside- rações devem ser feitas, porque, apesar da atividade da Advo- cacia ser social, não deixa de ser um negócio. Aliás, existem pessoas que jamais pensaram nessa hipóte- se, pois enxergam a Advocacia como se fosse apenas uma ati- vidade que envolve necessidades jurídicas do cliente. Isso não é verdade. O cliente sempre procura um (a) profissional que tem conhecimento, especialização e um bom nome. Todavia, a localização do escritório é fundamental, já que de nada adiantará ter qualidades profissionais e estar fora do alcance dos olhos do cliente. Até porque as regras da Advocacia impedem propagandas que ferem o código de ética. Então, de nada adiantará contar com a publicidade, por conta de um local inadequado. Por outro lado, o valor do aluguel e do condomínio ou até mesmo a aquisição de uma sala devem ser levados em conta, na hora de montar um bom escritório. A localização é fundamental e deve ser condizente com a especialidade e o público que se deseja atingir. Um escritório PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 52 53 especializado em Direito Trabalhista, por exemplo, pode captar clientes mais facilmente, se estiver localizado em uma rua de grande movimento. Por outro lado, se estiver localizado dentro de um edifício a dificuldade aumenta, em razão da não exposição visual do es- critório. Em outras palavras, o escritório que estiver localizado dentro de um edifício está “escondido”, se comparado ao que está em uma rua movimentada. Ao contrário desse exemplo, um escritório que atua no ramo do Direito Empresarial poderá ter sucesso em ambas. O perfil do cliente também deve ser considerado, porque nem sempre a localização atingirá todo tipo de cliente. O cus- to-benefício entre a localização e o valor que será pago pelo aluguel e pelo condomínio devem ser levados em conta, porque o ramo e o perfil do cliente que se deseja atingir é que irá deter- minar onde será a melhor escolha. Considere também, da mesma forma, se for adquirir um determinado imóvel, porque nem sempre é vantajosa a aqui- sição. A falsa ideia da segurança em razão da aquisição nem sempre é vantajosa. É preciso ter cuidado com a avaliação do custo-benefício, porque cada caso é um caso. Não adianta ter um belo escritório, muito bem equipado e localizado em local inadequado. Pense que o aspecto do exercício da Advocacia é social. Entretanto, a montagem de um escritório deve ser empresarial, já que, sem clientes que pagam honorários, não haverá como manter o negócio. A não ser que se tenha uma reserva financei- ra que possa absorver por um bom tempo os custos iniciais de funcionamento, até que uma carteira de clientes tenha sido for- mada. Ultrapassada essa fase, comece por adaptar os móveis, decoração e conforto. Os clientes costumam ter admiração por escritórios que têm um sofá ou uma poltrona confortável en- quanto esperam pelo atendimento. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 52 53 Café, água, ar condicionado e alguns outros confortos também ajudam a formar uma imagem positiva.Alguma decoração deve ser utilizada. Todavia, com cautela e bom gosto, porque o cliente deseja encontrar um ambiente que seja agradável e confiável. Contratar um (a) arquiteto (a) de interiores nem sempre é possível, porque o início de carreira é bastante difícil. Toda- via, existem revistas e muito material na internet que podem ajudar a montar o escritório com bom gosto e pouco dinheiro. Outra forma de montar um bom escritório é visitar escritórios de colegas. Pergunte a eles, peça ajuda, opiniões e indicações. Afinal, todos passaram por essa fase e os que buscaram ajuda certamente puderam evoluir com menos dificuldade. Inclusive com relação à localização, peça uma opinião aos colegas que já militam, porque eles podem dar boas ideias e informações que nunca havíamos pensado. Um bom escritório deve ter, além do conforto e decoração: - Computadores. - Uma impressora que faça digitalização rápida. - Internet. - Linha telefônica (fixo). - Livros técnicos. - Sala reservada, para ser utilizada no atendimen- to de clientes. Lembre-se de que o cliente deseja sigilo, e essa sala é primordial para garanti-lo. - Pequeno estoque de material de consumo, como papel, canetas, clips, grampos, pastas etc. - Escrivaninhas. - Armário-arquivo de pastas e documentos. - Sistema operacional de controle de clientes e processos, contrato de prestação de serviços e procuração. - Controle – fluxo de caixa (despesas e receitas). PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 54 55 Não deixe de aplicar boas ideias. Porém, acompanhe dia- riamente as necessidades do escritório e faça adaptações e no- vas implantações. De maneira alguma, tome essas dicas como definitivas. Afinal, ninguém melhor que você mesmo (a) para saber qual é a melhor localização, quais as necessidades dos clientes e quais as soluções que melhor irão surtir efeito para o escritório. Obtenha formas novas de otimizar sempre lembrando que o aspecto social não sobrevive sem receita. Pois as despesas para manter um bom escritório são altas e necessárias para o sucesso, independentemente do ramo que for militar. Faça um projeto, analise e execute com critérios e com bom senso. Isso poderá lhe trazer credibilidade, sucesso e satisfação pelo exer- cício da Advocacia. Todavia, se você desejar iniciar com uma estrutura menor, parabéns, porque você já começou e isso é o mais importante! PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 54 55 TER SÓCIOS X NÃO TER SÓCIOS? “Não te suponhas tão grande, ao ponto de pensares ver os ou- tros menores que ti.” Confúcio Trabalhar sozinho é uma tarefa árdua. Mas pode ser a op- ção daqueles que desejam realizar um trabalho artesanal ou um trabalho com pouco volume de clientes e processos. Entretanto, não significa que não seja possivel realizar um trabalho artesa- nal com muitos clientes e muitos processos. Afinal, é possível contratar advogados (as), estagiários (as) e até mesmo formar um quadro de associados. O maior desafio talvez seja administrar o escritório, até porque as contratações, avaliações e correções relativas ao de- sempenho devem ser feitos pelo (a) dono (a) do escritório, sem contar a administração geral, que é dispendiosa. A não ser que se contrate um profissional para tal cargo. Entretanto, vale le- brar que um profissional desses geralmente custa caro e, mes- mo assim, o (a) dono (a) do escritório terá que supervisionar tal profissional. Quando se faz a opção de trabalhar sem um sócio, pode- mos notar algumas vantagens e algumas desvantagens. A pri- meira vantagem, aparentemente, é a vantagem financeira, já que não haverá divisão de honorários com o sócio. Por outro PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 56 57 lado, as despesas serão suportadas integralmente pelo dono do escritório. É matemática pura. Afinal, o bônus sempre vem acompanhado do ônus. Outra vantagem é o poder de decisão. Porém, a desvantagem é a de não poder contar com a segurança de uma segunda opinião acerca das decisões a serem tomadas. Geralmente em início de carreira, os (as) jovens advogados (as) procuram encontrar soluções para esse grande desafio. Porque a inexperiência e a insegurança acabam muitas vezes levando o profissional até a desistir da carreira. Ter sócio (s) não significa ter sucesso; e não ter sócio (s), também não. Por outro lado, o início de carreira pode exigir uma sociedade que irá amparar o (s) sócio (s) diante das dificul- dades e necessidades diárias relativas ao exercício da Advoca- cia. Uma sociedade também pode ser temporária, ou seja, pode ser avençado um prazo de validade, até porque servirá como uma espécie de teste de adaptação para todos. O tempo poderá dizer se valerá a pena continuar ou não. O tempo também irá dizer se houve aprendizado suficiente para que os sócios continuem juntos ou não. Antes de decidir se irá trabalhar sozinho ou com sócio (s), pense bastante acerca das dificuldades que terá no dia a dia no exercício da Advocacia. Pense que o telefone tem que ser atendido e um retorno terá que ser dado ao cliente. Pense que terá prazos para cumprir. Pense que terá audiências, diligências, despachos, reuniões, além da administração geral do escritório e mais uma centena de outras atividades relativas ao cotidiano da Advocacia. Além de tudo, pense que a continuidade dos estudos deve ser mantida, porque o Direito não é estático e novas mudanças ocorrem com alta frequência. Caso não queira formar uma so- ciedade, pense então em formar uma parceria que poderá lhe dar oportunidades de ganho. Nem sempre todos estão prepa- rados para ter sócio (s). Todavia, poderemos também concluir que nem sempre estamos preparados para assumir uma enorme PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 56 57 carga de responsabilidade e de trabalho isoladamente. O mais importante é ter a certeza de que a escolha não trará prejuízos. Não apenas o prejuizo financeiro, mas o prejuízo de relaciona- mentos e principalmente o prejuízo moral e ético. Esses dois últimos são muito difíceis de ser esquecidos e apagados da carreira, até porque a profissão de advogado (a) não permite erros de tal magnitude. É importante atentar que uma sociedade poderá muitas vezes promover o crescimento financeiro. No entanto, poderá não promover o crescimento do relacionamento humano. O inverso também é verdadeiro, até porque o crescimento fi- nanceiro tende a ter a preferência individual, porque é uma meta que todos desejam atingir. A grande verdade é que o sonho da independência financeira não deve afetar o relacionamento hu- mano e muito menos a moral e a ética profissional. Também é conveniente lembrar que mesmo sem sócio (s) tal verdade tam- bém deve ser considerada. Afinal, lidamos com pessoas a todo momento. E um (a) advogado (a) que não tem (têm) sócio (s) cer- tamente atingirá (ão) outras pessoas que o rodeiam. Mesmo o (s) que têm sócio (s) também atingirá outras pes- soas, afinal a sociedade não é fechada e nem tampouco secreta e, sendo assim, “respingos” podem atingir até terceiros. Quan- do for decidir qual será a forma que irá trabalhar, faça uma análise acerca de tudo que está disponível. Analise o lado financeiro, o lado prático e faça uma auto-a- nálise para entender que tipo de trabalho mais se assemelha ao seu perfil profissional. Faça também um estudo detalhado das tuas virtudes e dos teus defeitos. Pense que ninguém é perfeito (a) ou imperfeito (a). Pretenda encontrar soluções e não ter pro- blemas, até porque nem sempre um (uns) sócio (s) trará (trarão) soluções, pode ser que ele (s) traga (m) problemas. Lembre-se sempre dos possíveis colegas de faculdade que talvez estejam procurando a mesma coisa. Pode ser que surja PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 58 59 uma sociedade que terá sucesso, em razão doscinco anos que juntos passaram pelo curso de Direito. Em certa ocasião, co- nheci um aluno de Direito do terceiro ano que estava estagian- do em um escritório de Advocacia com um renomado advogado da área cível. Tal advogado passou a confiar naquele estagiário e aos poucos foi lhe dando autonomia dentro da legalidade. Um ano depois, o escritório havia crescido em razão do trabalho que era realizado em equipe. Todos trabalharam de forma a atingir o objetivo principal que era: “Atender a todos os requisitos dos clientes, com ética, den- tro da moralidade, com qualidade, presteza e amizade.” Certo dia, o advogado e o ex-estagiário, que se tornou ad- vogado, tornaram-se sócios. Vejam que nem sempre as coisas acontecem como imaginamos, porque, em sã consciência, qual advogado (a) experiente faria sociedade com um novato? A princípio, nenhum (a) advogado (a) experiente faria isso, não é mesmo? Essa história é real, portanto, pense que tudo depende de você. Então, comece já a construir o seu negócio, não importan- do se individualmente ou em sociedade. Apenas faça benfeito, sem medo de mudar ou tentar uma forma diferente que possa dar certo. Por fim, lembre-se da perseverança e da vontade de aprender do ex-estagiário, que foram somadas à humildade e confiança daquele advogado experiente, que formaram os pila- res do altruísmo e da alteridade daquela sociedade, que conti- nua prosperando até hoje, em sentido lato sensu. Ao meu grande amigo dr. Cristiano Jacob Shimizu. Obrigado por acreditar em mim! PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 58 59 COMO CONSTRUIR UMA SOCIEDADE DE SUCESSO? “Advogar, é satisfazer a necessidade do cliente com ética e dentro da moralidade, para poder concretizar a própria satis- fação profissional.” Geraldo Cossalter Construir uma sociedade de sucesso não é uma tarefa das mais fáceis. Até porque os interesses individuais costumam ge- rar conflitos. O conflito dos interesses talvez seja o maior im- pedimento que uma sociedade pode enfrentar rumo ao sucesso. Quando tais interesses ficam acima do interesse comum, possi- velmente estaremos diante de uma sociedade frustrada, porque deve haver interesses comuns que levem a sociedade ao sucesso de forma equilibrada e harmoniosa. Quando há a prevalência do interesse deste ou daquele só- cio, pode apostar que a sociedade já estará a caminho da derro- cada. A não ser que um dos lados não se importe em se subor- dinar aos interesses do outro. A verdade é que, ainda que um dos lados acabe se subordinando, tal situação dificilmente irá perdurar por muito tempo, já que a natureza humana irá emer- gir em algum momento da relação societária. Porque, suportar uma situação de inferioridade não é da natureza humana, visto que haverá uma reação intempestiva ou até mesmo planejada, porque ninguém conseguirá manter uma PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 60 61 sociedade desequlibrada por anos a fio. Pode até ser que haja sociedades que estejam passando por isso há muitos anos ou até mesmo sociedades que funcionem dessa forma por longos anos, mas é bem próvável que sejam casos raros. Mesmo porque o ser humano é dotado de sentimentos e razão. Exatamente por esses motivos, muitas relações societárias acabam ruindo em razão de motivos egoísticos. Normalmente, o ser humano costuma agir em prol de si e dos próprios interesses. Então, a dificuldade para harmoni- zar a sociedade pode chegar ao cúmulo do impossível, já que a prevalência do ego, do poder e da inveja dentre tantos outros sentimentos intrínsecos ao homem, acabam comprometendo a estabilidade da sociedade. É muito comum em uma sociedade a prevalência dos interesses individuais. O Direito nos mostra claramente isso, já que para viver em sociedade é preciso haver um equilíbrio que visa obrigar deve- res para garantir direitos. Na verdade, a sociedade que tratamos aqui não é exatamente a que vivemos. Todavia, a que tratamos faz parte da sociedade que vivemos. Lembrando Jean-Jacques Rousseau, que foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço (1712-1778), o homem nasceria bom, mas a sociedade o corrom- peria. Da mesma forma, o homem nasceria livre, mas por toda parte se encontraria acorrentado por fatores como sua própria vaidade, fruto da corrupção do coração. O indivíduo se tornaria escravo de suas necessidades e daqueles que o rodeiam, o que em certo sentido refere-se a uma preocupação constante com o mundo das aparências, do orgulho, da busca por reconheci- mento e status. Apesar de Rousseau tratar da sociedade como um todo, podemos usar o pensamento dele em uma sociedade de advo- gados, visto que, apesar de ser uma sociedade formada por um número limitado de pessoas, as aparências, o orgulho e a bus- PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 60 61 ca pelo reconhecimento e status são comuns a todos os envol- vidos, bem como em todo tipo de sociedade. Doravante, o (a) advogado (a), exatamente por ter conhecimento e entendimen- to acerca do pensamento não só de Rousseau, mas também de tantos outros pensadores, deve atentar para o fato de que uma sociedade de sucesso, antes de tudo, tem como objetivo princi- pal o coletivo e não o individual, por meio da moral, da ética e da cooperação mútua. Para preservar uma sociedade visando garantir o sucesso, acima de tudo, todos devem observar que os atos e desejos de- vem ser em prol da sociedade e não de determinado indivíduo. Uma sociedade de sucesso deve ser, acima de tudo, pautada no respeito, na cooperação, na vontade de se obter resultados em conjunto, já que não há como ser de outra forma. Uma socieda- de de sucesso, além do pensamento em prol do conjunto, tam- bém deve ser pautada na tolerância, na perseverança e no al- truísmo. Diria que uma sociedade de sucesso nada mais é que: “A reunião de pessoas dotadas de conhecimento jurídico, necessariamente advogados (as), que estejam engajados (as) na militância do Direito, que têm pensamentos comuns e indi- viduais e que buscam obter a justiça para satisfazer a necessi- dade de seus clientes por meio da atividade da Advocacia, com ética e dentro da moralidade, para finalmente concretizar a própria satisfação profissional.” Uma sociedade de sucesso não depende de investimento fi- nanceiro apenas, depende muito mais de atitudes que garantam a própria evolução, desde que seja pautada na ética e no desejo de aprendizado mútuo e constante. O respeito, acima de tudo, deve imperar, até porque ele é o alicerce de uma sociedade sau- dável e duradoura. Uma sociedade de sucesso deve estar emba- sada no respeito, na cordialidade, na amizade, na tolerância, na PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 62 63 alteridade, na humildade e no altruísmo. Não haverá sociedade pautada apenas no interesse financeiro que possa perdurar por muito tempo. Mesmo porque dinheiro algum poderá comprar a lealdade, já que talvez seja ela a concentração de todas as necessidades e qualidades que uma sociedade de sucesso necessita ter. Não desperdice tempo acreditando que apenas o valor financeiro será suficiente para obter uma sociedade de sucesso. Assim, lembro uma importante lição do apóstolo Tiago, Capítulo 5:2 “Vossas riquezas apodreceram, e vossas roupas finas des- vaneceram, roídas pela traça.” Ademais, toda sociedade de sucesso deve ser pautada nas riquezas que jamais podem ser roubadas, e as riquezas que po- dem ser roubadas devem ser aproveitadas por todos os que fa- zem parte da sociedade. PASSEI NA OAB! E AGORA? Geraldo Cossalter 62 63 DOIS INVESTIMENTOS INDISPENSÁVEIS “Respeitar os próprios limites é necessário! Antes de aceitar uma causa, reflita e considere o ônus e o bônus. Porque nem sempre deixar de aceitar uma
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