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Ronaldo Gotlib MARKETING JURÍDICO TÉCNICAS PARA CONQUISTAR E FIDELIZAR CLIENTES DE ADVOGADO PARA ADVOGADO Segunda Edição www.gotlib.com.br Editora Gotlib Projeto e Produção Gráfica Effort Comunicação Todos os direitos desta edição são reservados à Editora Gotlib Travessa do Paço 23, sala 1204 Centro - Rio de Janeiro - RJ (21) 2292-8645 www.gotlib.com.br Dados de Catalogação Gotlib, Ronaldo Marketing Jurídico: De Advogado para Advogado / Ronaldo Gotlib. - Rio de Janeiro: Editora Gotlib, 2012. Bibliografia ISBN 978-85-61826-01-7 SUMÁRIO • APRESENTAÇÃO .................................................................... 05 • CONHECENDO SEUS DIREITOS ......................................... 08 • CONHECIMENTO ............................................................... 14 • CLÍNICA GERAL OU ADVOCACIA ESPECIALIZADA .............. 19 • ESCOLHENDO SUA ESPECIALIDADE ................................. 20 • O DIREITO COMO UM NEGÓCIO ....................................... 28 • FALE A MESMA LÍNGUA DE SEUS CLIENTES ...................... 34 • ATENDIMENTO .................................................................. 40 • CONTRA OS MAUS PROFISSIONAIS ................................... 44 • VOCÊ É UM VENDEDOR .................................................... 48 • PEQUENAS REGRAS PARA O SUCESSO .............................. 62 • MARKETING PESSOAL ....................................................... 68 • O GRANDE SEGREDO DA VENDA ...................................... 76 • CUIDADOS ........................................................................ 80 • ISTO É CAUSA GANHA ....................................................... 84 • COMO DIZER AO SEU CLIENTE QUE ELE GANHOU OU PERDEU UMA CAUSA ............................. 86 • MANUAL DE ESTRATÉGIA .................................................. 90 • PARA LEMBRAR SEMPRE ................................................... 98 • SOBRE O AUTOR ............................................................. 105 5Marketing Jurídico APRESENTAÇÃO Advogados são propensos a se preocupar demais com o distanciamento entre o status de sua profissão e a realidade do dia a dia, qual seja o negócio em que se propuseram investir. Alguns, após lerem o título deste livro, certamente o tomaram às mãos, vitimados pela curiosidade do binômio Empresa- Advogado. Impossível impedir pensamentos da estirpe: “Como ousam vincular o nobre exercício da advocacia, ofertado por profissionais liberais, ao de uma pseudoempresa do ramo do Direito, cujo mote ordinário e fundamental será, por certo, o trabalho de venda e massificação da atividade jurídica?” 6 Marketing Jurídico Impossível fugir de reações como: “Que absurdo! O próprio Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB (art. 5º.) denuncia a chamada mercantilização do exercício da profissão. Como, então, tratar sob a mesma ótica assuntos tão distintos?” Outros, mais advogados ainda, decidiram: “Será preciso interpor uma demanda, para proibir a venda deste material, que atenta contra tão nobre profissão.” Verdade. Faço ideia de que isto ocorreu, em especial, por parte de quem não se interessa pelo tema, por já dispor de uma confortável carteira de clientes. Estes tomaram conhecimento do livro, por mera curiosidade, nas prateleiras de alguma livraria, ou o avistaram na mesa de algum desavisado estagiário ou advogado contratado. Como não precisam matar seu leão, dia após dia, não há por que explorar o tema, apenas repudiá- lo, talvez temendo a futura concorrência. Mas você, interessado neste material, não é esta pessoa, pois, creio eu, pertence à gigantesca e verdadeiramente simples massa de advogados que luta brava e diariamente, para conquistar clientes, pagar seu aluguel e tentar seguir em frente na eterna luta pela sobrevivência profissional e pessoal. São os advogados que, ao sair para o almoço, colocam pequenas placas nas portas de seus escritórios, informando que estarão fora por um par de horas, pois não têm secretárias para atender a campainha. Ocorre que (terminologia, propositalmente utilizada, pois tão admirada pelos colegas) este livro demonstra realmente como o advogado precisa aprender a se comportar como um empreendedor do ramo jurídico, vendendo seus serviços e sua imagem, para construir uma sólida carreira. 7Marketing Jurídico Pretende ensinar técnicas de atendimento, fechamento de contratos e utilização de serviços conhecidos como pós-venda, que permitam ao profissional que se lança no mercado, ou que neste já se encontre, sem alcançar porém o merecido sucesso, colidir frontalmente com este. Isto tudo, sem atinar contra os preceitos do Código de Ética da OAB, ou seja, sem que qualquer destas dicas, afrontem tais dispositivos. Aliás, muito ao contrário, o objetivo deste livro é ensinar ao advogado como vender seus serviços dentro das regras que ordenam o exercício de sua profissão. Obrigado por dispor de seu tempo para a leitura de minhas palavras. Espero, sinceramente, que elas cumpram seu objetivo. Ronaldo Gotlib CONHECENDO SEUS DIREITOS “Divulgar o conhecimento do Direito e não seu nome: esta é a chave da questão.” 9Advogado S/A Título polêmico o deste capítulo, vez que trata de assunto cujo teor, aparentemente, não deveria merecer qualquer abordagem aprofundada em um estudo direcionado a profissionais cuja premissa básica do exercício de seu ofício seja o conhecimento de direitos. Mas a verdade é que grande parte dos advogados e estagiários não se preocupa em conhecer direitos que lhes são apontados pela legislação que regulamenta o exercício da própria profissão, e, em nosso caso, não há como iniciar esta conversa sem abordar tal assunto, vez tratar-se de premissa básica para o desenvolvimento deste estudo. Atingidos pelo problema e, muitas vezes, esquecendo-se de que teses são o verdadeiro ganha-pão do advogado, muitos deixam de lado a possibilidade de efetivamente crescerem em sua profissão, ajudando a sociedade e, por consequência direta, o País onde vivem, acuados por não visualizarem, efetivamente, uma forma de se apresentar ao mundo, sem violar aqueles, em minha particular opinião, antiquados preceitos que regulamentam a publicidade na advocacia. Então, por que não iniciarmos demonstrando que é possível, sim, divulgar, sem atentar contra preceitos legais? Nosso primeiro obstáculo está no artigo 7º. do Código de Ética e Disciplina da OAB, que trata diretamente do assunto. Conjugando- se este ao artigo 5º. do mesmo diploma, resta determinada uma proibição clara ao advogado em propagar indistintamente seus serviços. Observe: (art. 7) “É vedado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta ou indiretamente, inculcação* ou captação de clientela.” 10 Marketing Jurídico (* Inculcar – apontar, citar, recomendar, propor, indicar, aconse- lhar – Dicionário Aurélio) (art. 5) “O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização.” Assim, observemos as seguintes peças de publicidade: Atenção! Esta semana, promoção de divórcio no escritório do Dr. X. 50% de desconto! Se a questão for resolvida em acordo, aumentamos para 60%. Não percam! Pensando em se divorciar? O momento é agora! Atenção consumidor: se você trouxer três amigos, sua ação é gratuita. Sofreu dano moral? Chega de sofrimento. Vamos contra-atacar! Se sua indenização for maior de que R$10.000,00, você ganha um desconto de 30% em passagens pela Cia. Voando o Brasil S/A. Deste jeito, meus amigos, nem pensar! Deixemos a apelação de lado e trabalhemos a publicidade e o crescimento de sua empresa jurídica na forma correta. Divulgar o conhecimento do Direito, e não seu nome: eis a chave da questão. Confira, observando o que aponta o mesmo diploma legal (Código de Ética e Disciplina da OAB), em seu artigo 2º, caput: “O advogado, indispensável à administração da Justiça, é11Marketing Jurídico defensor do estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce.” (grifos nossos) Citando ainda o mesmo artigo, vamos a seu Parágrafo único, inciso V: “São deveres do advogado: Contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis.” (grifos nossos). Conjugando isto à nossa lei maior: Constituição Federal, artigo 5º. (dos Direitos e Garantias Fundamentais), inciso IX: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” (grifos nossos). Percebe-se, cristalinamente, que o advogado, mais do que o interesse particular, tem o dever de divulgar seu conhecimento, a fim de que a sociedade, como um todo, usufrua deste, com a finalidade específica de se aperfeiçoar. Quer provas? 1 - O que seria de tantos milhões de aposentados e pensionistas do INSS, não fossem profissionais advogados a informá-los que existem meios legais de corrigir seus parcos rendimentos mensais, massacrados por insensíveis distorções legais? R. Sofreriam em silêncio, resignados, no momento de maior fragilidade profissional de suas vidas, aceitando seu destino como uma condição fatídica e imutável. 12 Marketing Jurídico 2 - O que seria de outros tantos milhões de consumidores, em especial aqueles vitimados pelas instituições financeiras e de serviços públicos, recordistas de reclamações em Procons e demais instituições especializadas, não fossem, da mesma forma, advogados a nutrir os meios de comunicação acerca da incidência de irregularidades e das formas de correção destas? R. Não conheceriam seus direitos e, por consequência direta, não poderiam exercê-los, sendo prejudicados, possivelmente, em grande parte dos negócios que realizam diariamente no comércio. 3 - O que seria das centenas de milhares de mutuários, espalhados por este país, acaso não houvesse profissionais especializados em detectar as gritantes irregularidades que norteiam os leoninos contratos que os aprisionam? R. Perderiam seus imóveis, suas economias e esperanças em proporcionar um teto seguro à sua família. A lista de perguntas não tem fim; no entanto, tem o livro. Portanto, sigamos adiante. Impedir que profissionais divulguem soluções e direitos a desesperados brasileiros seria, este sim, um verdadeiro crime e atentado contra as regras que norteiam o sadio exercício deste ofício. Indo além, é óbvio que o dever de informar tem a ver não somente com combater a irregularidade verificada, mas, principalmente, proporcionar sua prevenção, evitando que mal maior venha a ocorrer. Leis são criadas, regulamentadas, sancionadas e, muitas vezes, exaustivamente divulgadas por nossos legisladores. Qual seria, 13Marketing Jurídico portanto, a lógica de reprimir a voz de profissionais que, conforme visto, têm a obrigação legal de participar da administração da justiça, entre outras medidas, discutindo, publicamente, as leis, seus efeitos e possíveis irregularidades? Retornando ao embasamento legal, podemos perceber que o Código de Ética e Disciplina da OAB trata ostensivamente do assunto, em seu capítulo IV – DA PUBLICIDADE: “O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra finalidade.” (grifos nossos) Ratificando: Divulgar o conhecimento do Direito, e não seu nome: eis a chave da questão. Vencidas tais assertivas, vamos em frente, buscando mostrar como o caminho da divulgação de seu trabalho pode, e deve, ser trilhado. CONHECIMENTO “Escritórios de Advocacia devem se tornar empresas jurídicas.” 15Advogado S/A Para começar, você deve proceder a uma avaliação sobre o conhecimento que detém relativo ao exercício de sua profissão. Por favor, mais uma vez insisto: não se assuste ou ofenda com isto, a advocacia é um eterno aprendizado, e mesmo este deve ser encarado sob a ótica do mundo dos negócios, onde cada minuto deve ser aproveitado e cada passo dado em velocidade condizente com a capacidade de seu empreendimento, sem perda de tempo. Segure o que você puder aproveitar e deixe passar pressupostos que não lhe trarão qualquer vantagem, entre estes, e principalmente, a vaidade. A advocacia tradicional, aquela em que o profissional tinha tempo para avaliar detalhadamente o caso de um cliente, confeccionar uma petição exclusiva, separar boa parte de seu tempo para um caso específico, está com os dias contados. O sucesso profissional advém de um necessário ajuste às novas regras do jogo, quais sejam, escritórios de advocacia devem tornar-se empresas jurídicas, independentemente de seu tamanho. A expressão “EMPRESA JURÍDICA” em substituição a “escritório de advocacia” transmite com mais veracidade o novo universo profissional do advogado. A velocidade, tanto do cliente, quanto do mundo de hoje, não permite mais que as coisas aconteçam do modo como deu certo em outras épocas. Nosso tempo é diferente e ainda continuará mudando e se modernizando, a cada instante. Você precisa, portanto, adequar-se a esta realidade, sob pena de ser extinto, ao menos para o mercado de trabalho. A primeira medida eficaz para trabalhar seu conhecimento é reconhecer a necessidade de estar atualizado. As notícias, em especial aquelas advindas do mundo virtual, são muitas e 16 Marketing Jurídico praticamente não representam qualquer custo. Desta forma assinar ou solicitar gratuitamente o recebimento de mensagens a respeito das decisões proferidas pelos tribunais, sejam superiores ou de outras partes de nosso imenso País, é uma obrigação. Claro que não custa lembrar: receber notícias por si só não aumenta o grau de conhecimento de ninguém. Adquira o hábito de ler o material pesquisado, em determinado horário que lhe proporcione a tranquilidade necessária para seleção e avaliação do que realmente lhe interessa aprender. Ler demais, tanto quanto apenas passar os olhos no que tem às mãos, certamente não resolverá seu problema de conhecimento. Assim lembre-se sempre destes passos: • Separe um horário tranquilo (preferencialmente no início ou fim do dia; alguns preferem, ainda, o horário de almoço; enfim, a escolha é sua); • Selecione por grau de interesse os títulos que serão avalia- dos; • Proceda à leitura imediata, ou o mais breve possível, do ma- terial escolhido, e não espere muito tempo – isto somente vai aumentar o volume de notícias a serem estudadas, transformando-as em obrigação futura, que somente por essa característica já o cansarão e desmotivarão. Saber o resultado de uma demanda, antes de seu trânsito em julgado (encerramento definitivo de um processo), não é possível; porém deter a informação da verdadeira viabilidade ou não desta, antes mesmo do ingresso de uma petição inicial, já é praticamente um fato, e você não se pode dar ao luxo de fechar- se a essa realidade. Todo conhecimento adquirido beneficia imediatamente seus 17Marketing Jurídico clientes e futuros clientes, seja em contratações que ocorram imediatamente, seja por simplesmente o advogado usar as informações que detém, até mesmo negando-se a aceitar determinada causa que sabe não trará resultados positivos. A título de exemplo, imagine a situação em que você é consultado a respeito da intenção de um determinado cidadão em propor uma causa cuja jurisprudência seja francamente contrária. Sua melhor postura diante da situação seria informá-lo: – Minha avaliação, com base em pesquisas sobre o assunto, é que suas chances de sucesso são muito pequenas. Tenho certeza de que outros profissionais lhe dirão que é perfeitamente viável ingressar com a causa, mas a verdade é que as decisões proferidas pelos tribunais apontamexatamente na direção contrária. Este cliente, na maioria esmagadora dos casos, não fechará com você, nem com outro advogado, porém na primeira necessidade irá procurá-lo, pelo simples motivo de haver passado a confiar em você. Caso a consulta verse sobre assunto sem que existam entendimentos firmados pelo Poder Judiciário, você tem em mãos mais uma chance de conquistar um cliente, agora ou em breve futuro. Peça um tempo, expresse a realidade da dificuldade em simplesmente opinar sem a base de um estudo complexo. Realize este trabalho e, só depois, em nova consulta, apresente o resultado. Seja este qual for, tenha a certeza de que quem lhe trouxe o problema tornou-se seu cliente, imediatamente, ou, conforme já asseverado, na primeira oportunidade futura. 18 Marketing Jurídico Lembrando, ainda, por demais importante, que uma pessoa agradecida se tornará, gratuitamente, um divulgador de seus serviços. O conhecimento, aliado ao comportamento ético, sempre trará resultados positivos, ainda que a médio prazo. A segunda medida, por consequência direta, é avaliar qual ramo da advocacia você abraçará. 19Marketing Jurídico CLÍNICA GERAL OU ADVOCACIA ESPECIALIZADA “Crescer além da sua capacidade de absorver os resultados pode ser tão ruim quanto não crescer e estagnar.” 21Advogado S/A Surge, portanto, a primeira dúvida: o advogado generalista, aquele que atende vários clientes em várias causas de matérias distintas, está errado? A resposta mais simples seria: sim; o futuro é daqueles que se especializarem e mantiverem atualizado seu conhecimento, inclusive, para detectar o exato momento em que mudanças deverão ser realizadas. A resposta mais complexa absorve a primeira, mas compreende que não é possível, de um momento para o outro, simplesmente parar de atuar como “clínico geral”, recusando novas causas, somente porque leu um livro que lhe dizia que isso não tem futuro. Lembre-se: mudanças devem ser realizadas respeitando-se seus momentos, ou seja, observados tanto os laços financeiros atuais, quanto as expectativas de novas e definitivas receitas futuras. Você deve iniciar a mudança a partir de agora e seguir, passo-a- passo, desde este momento, escolhendo a área para a qual serão direcionados seus esforços, até que possa viver, exclusivamente, de sua exploração. Tenha em mente que inexiste qualquer obrigação no sentido de que a escolha abranja apenas uma área. Não há limite, nem um teto, porém é de suma importância respeitar sua capacidade de bem trabalhar os nichos escolhidos, sob pena de vivenciar um terrível drama, o da absoluta confusão em sua pequena empresa jurídica. Crescer além de sua capacidade de absorver os resultados pode ser tão ruim quanto não crescer e estagnar. 22 Marketing Jurídico Por favor, não se esqueça daqueles que confiaram em seus serviços, quando ainda um profissional não especializado. Eles são por demais merecedores de sua atenção, que pode ser direta, ou ofertada por intermédio de profissionais ou estagiários contratados para este fim específico (isso dependerá de sua avaliação do caso). Uma vez escolhida(s) a(s) especialidade(s), dedique boa parte de seu tempo ao investimento na aquisição de todo o conhecimento possível desta(s). Lembre-se, sempre, de que você é o condutor da empreitada, e ao titular desta qualidade a regra fundamental é uma só: Saber tudo a respeito do produto que você vende, no caso, a(s) especialidade(s) escolhida(s). 23Marketing Jurídico ESCOLHENDO SUA ESPECIALIDADE “As pessoas estarão sempre inclinadas a gastar dinheiro com advogados, seguindo a mesma lógica dos investimentos: quanto eu gastarei e o que terei de retorno.” 25Advogado S/A Não pode haver dúvidas, busque áreas que realmente lhe aprazam estudar, uma ou diversas, mas não abuse destas, sob o risco de tornar-se, sem perceber, novamente um profissional que já denominei de clínico geral, aquele em extinção. Limite sua escolha. Lembre-se, não é uma superestrutura que você está formando, mas um direcionamento do foco que pretende dar à empresa jurídica, representada por você. Na definição desta especialidade, leve em consideração sua importância, sob a ótica financeira do cliente. Exemplifico: você resolve que trabalhará com o Direito Ambien- tal, protegendo as florestas que permeiam sua cidade. Excelente escolha, sob o aspecto social; porém, quando algum de seus futuros clientes denunciar a você que determinada empresa está atuando de forma a desrespeitar a legislação, cortando árvores sem qualquer escrúpulo, e, após criteriosa análise do caso, você concluir que é preciso iniciar urgentemente um processo, apresentando a este grupo o custo de seus honorários para atuar na questão, estes, certamente, se lembrarão de outros compromissos financeiros e talvez mesmo passem a perceber que a tal empresa não é assim tão ruim… Será bem diferente dos casos em que você resolva defender mutuários da casa própria dos abusos das instituições financeiras que, concreta e diretamente, ameacem a manutenção do teto destes e de suas famílias. As pessoas estarão sempre inclinadas a gastar dinheiro com advogados seguindo a mesma lógica dos investimentos: quanto eu gastarei e o que terei de retorno. A forma de o cliente avaliar a importância do desembolso de 26 Marketing Jurídico recursos é simples e perfeitamente ilustrada pelos exemplos expostos. Ambas as questões apresentam situações de inegável repercussão social; no segundo caso, porém, é lógico que ele não ficará contente em lhe pagar honorários, ninguém fica; no entanto, a necessidade do gasto é perfeitamente avaliada e digerida. Na primeira situação, ao contrário, após rápida avaliação, o cliente chegará à conclusão de que seus recursos não retornarão, e seu único ganho será o da certeza de estar fazendo a coisa certa. Contudo, o bolso pesará em sua decisão de renunciar à ideia de ajudar o meio ambiente. Sua consciência lhe mostrará outros meios de fazê-lo. Assim, é importante você escolher uma área que lhe traga prazer no exercício de seu ofício, mas que tenha aplicação prática e de resultados para seus clientes, sem esquecer que é perfeitamente possível, também, dedicar-se a questões de cunho absolutamente social, seja por meio da chamada “advocacia pro bono” (gratuita), ou mesmo participando de ou fundando associações para este fim específico. 27Marketing Jurídico O DIREITO COMO UM NEGÓCIO “Advogados, que vivem estritamente dos honorários pagos por seus clientes, não trabalham para mudar o mundo, mas exclusiva- mente a fim de obter resultados positivos que tragam vantagens concretas a quem os contrata.” 29Advogado S/A Pode parecer estranho o binômio citado, mas os novos tempos demonstram com total clareza essa realidade. Conforme demonstrado no capítulo anterior, a contratação do advogado, na maioria dos casos, nada tem a ver com o exercício da cidadania, mas, sim, pura e simplesmente, com o resultado que o cliente entende o beneficie individualmente. Advogados que vivem estritamente dos honorários pagos por seus clientes não trabalham para mudar o mundo, mas exclusivamente a fim de obter resultados positivos que tragam vantagens concretas a quem os contrata. Para perfeita compreensão deste capítulo, é preciso que o advogado amplie seus horizontes, deixando de entender a conquista de um resultado positivo, exclusivamente, como a obtenção de uma sentença procedente, com trânsito em julgado, no Judiciário. Nunca se esqueça: existem VITÓRIAS e vitórias. O que as pessoas esperam, quando da contratação do advogado, é um parceiro que lute a seu lado, compreenda seu problema e trabalhe uma estratégia para a solução deste. Sua obrigação é ser este profissional. Somente aquele que se torna um verdadeiro conhecedor das armas que estão à sua disposição no exercício de seu ofício pode utilizá-las em exclusivo benefíciode seus contratantes. Portanto, estude, torne-se um profundo expert no manejo dos utensílios que estão ao seu dispor, e esteja atento às reais necessidades de seu cliente; trabalhe em estrita obediência ao básico objetivo de satisfazê-las. Vejamos os seguintes exemplos: 30 Marketing Jurídico Problema I Um devedor, pessoa física ou jurídica, que não disponha de recursos imediatos para quitar suas dívidas procura um advogado e lhe informa o problema: – Dr.(a), devo, não nego, mas só pago quando puder. E acrescenta: – E a maior injustiça: eles não param de me cobrar. (?????) I - Análise do problema sob a ótica puramente jurídica A visão do advogado: Não tem jeito, temos que impetrar uma ação, com o objetivo específico de combater irregularidades, tais como juros excessivos, multas e taxas aplicadas indevidamente, visando a reduzir sua dívida, o quanto antes. O resultado, ainda que positivo, não satisfaria o cliente, pois este, como deixou bem claro, não dispõe de recursos no momento. A vitória, nesse processo, não tem porque ser comemorada. 31Marketing Jurídico II - Análise da questão com foco no problema, e não simplesmente na legislação: Em suma, avaliação do caso sob o prisma jurídico conjugado à real necessidade do cliente – A visão da Empresa Jurídica: Vencer uma demanda relativa a juros abusivos lançados em determinado negócio de empréstimo não resolve os problemas do devedor, pois a decisão não extingue a dívida, apenas corrige a distorção citada, mas o valor devido, e a incapacidade de pagamento, permanecem. Exemplo de estratégia: Preliminarmente, exigir de seu cliente informações verídicas e precisas. Para ilustrar o exemplo citado, saber quanto tempo ele considera necessário para se capitalizar. Este dado determinará a estratégia a ser desenvolvida. O posicionamento eficaz dentro da realidade da situação permite a seu cliente conseguir tempo para a recuperação de seu “fôlego financeiro”, partir para tratativas visando à obtenção de um acordo satisfatório, reduzindo dívidas e ampliando prazos de pagamento, adequando-os à realidade de quem pretende, e efetivamente poderá, quitar seu débito. 32 Marketing Jurídico Na prática: Abrir um canal para negociação via administrativa, pela emissão de notificações extrajudiciais, requerendo preliminarmente a suspensão de atitudes restritivas ao crédito de seu cliente; ingresso de ação judicial visando à correção da dívida; ingresso de ação indenizatória no âmbito civil, requerendo a suspensão de cobranças indevidas (uma vez existentes) e ainda, se for o caso, aplicar a parte criminal do Código de Defesa do Consumidor contra cobranças que afrontem os preceitos legais. Caso a hipótese do exemplo citado seja basicamente improvável, a alternativa seria modificar o direcionamento para a proteção patrimonial, procedendo a um estudo dos riscos envolvidos e do que, legalmente, pode ser trabalhado para minimizar inevitáveis prejuízos. A estratégia de uma negociação, judicial ou administrativa, deve seguir um rumo previamente definido, sob pena de transformar-se em verdadeira aventura jurídica, condenada, antecipadamente, ao fracasso. Todas essas condutas procedimentais são de conhecimento do advogado, porém é preciso saber manejá-las com a exclusiva determinação de proteger seu cliente, alcançando um resultado que o satisfaça, dentro de sua realidade. Tenha sempre em mente que a verdade dos fatos deve ser integralmente de seu conhecimento, a fim de que o resultado pretendido possa ser alcançado, mediante a obediência a um plano estratégico previamente traçado, fundamentado na confiabilidade das informações de que você recebeu do caso. 33Marketing Jurídico Tanto um médico não pode diagnosticar ou tratar pacientes que lhe ocultem sintomas, quanto um advogado não pode representar clientes que lhe faltem com a verdade dos fatos. FALE A MESMA LÍNGUA DE SEUS CLIENTES “Por favor, juridiquês deve ser considerada um língua morta, ‘falar difícil’ não aproxima, ao contrário, somente afasta as pessoas e dificulta a conquista da confiança.” 35Marketing Jurídico Parece bobagem, somos todos brasileiros, falamos o português, então é claro que nos comunicaremos na mesma língua. Porém também sabemos que existe uma enorme diferença entre ouvir uma narrativa e, verdadeiramente conhecer um problema. Então, a questão não pode ser tratada de forma tão simplória. É preciso conhecer tanto a matéria jurídica, quanto a verdade palpável dos fatos, tornando-se, verdadeiramente, um defensor do direito de seus clientes. Peça que o problema seja apresentado de forma detalhada. Primeiro, palavras; depois, documentos. Avalie o que está sendo dito, buscando encaixar os fatos no universo jurídico. Estabeleça de imediato se está diante de uma questão que realmente tenha a ver com a necessidade de sua intervenção, ou de outra que, por sua relevância ou fundamento, esteja distantes desta possibilidade. Vencida esta etapa, tome as rédeas da consulta, devolva sua avaliação do caso, deixando claro que esta não representa sua opinião pessoal, mas está pautada em seu conhecimento jurídico. Traduza seu parecer em palavras que o seu potencial contratante venha a entender com clareza. Por exemplo, quando ele diz que quer iniciar um processo criminal contra determinada pessoa com a qual se indispôs, procure saber se houve algum tipo de agressão cometida pelo narrador dos fatos e demonstre as consequências desta. Todos sempre acreditamos que a razão nos assiste exclusiva- mente, mas a experiência na advocacia demonstra que a realidade não é bem assim. Já dizia um velho amigo, “a verdade tem três versões, a de um, de outro e a verdadeira”. 36 Marketing Jurídico Com base em pesquisas efetivamente realizadas, aponte, per- centualmente, ainda que de forma aproximada, as chances de sucesso e de derrota; explique as consequências de cada uma delas. Faça um resumo do passo-a-passo de um processo judicial, apon- tando as obrigações que o cliente terá de cumprir (comparecer a audiências ou apresentar testemunhas). O advogado deve sempre estar atento ao grau de conhecimento de seu cliente – que, relativamente a matérias jurídicas, geral- mente é pequeno. Conhecer este detalhe pode ajudá-lo, e muito, na forma de abordar o problema e suas soluções. Por favor, “juridiquês” deve ser considerada uma língua morta. “Falar difícil” não aproxima, ao contrário, somente afasta as pessoas e dificulta a conquista da confiança. Explique detalhada e simplificadamente, sob a ótica jurídica, o que pode ocorrer a partir do início de um procedimento judicial ou mesmo extrajudicial. Vejamos os seguintes exemplos: 37Marketing Jurídico Problema I Mutuários do Sistema Financeiro da Habitação, muitas vezes, temem ingressar com ações judiciais visando a corrigir as distorções incidentes sobre os valores de seus financiamentos, com receio de perder seus imóveis. Solução: Explique que tais ações não discutem a propriedade do imóvel, mas sim, exclusivamente, os valores do contrato de compra e venda, e que, se o Agente Financeiro pretende tomar o imóvel, deverá ingressar com o procedimento judicial competente. Deixe claro que “uma coisa é uma coisa e outra coisa, é outra coisa” . 38 Marketing Jurídico Sugestão: Acrescente o fato de que o verdadeiro risco de perder o imóvel está em ficar inerte, deixando o problema crescer. Deixe claro ao mutuário que ele tem dois caminhos a escolher: o primeiro, mais fácil, porém desaconselhável, é deixar para lá e perder tanto seu imóvel, quanto as economias investidas em sua aquisição; e o segundo é partir para a solução, que somente poderá ser conquistada por meio de ação judicial, restando-lhe apenas escolher quem o representará. Resista à tentação, neste momento, de apresentar suas vantagens, deixe a conversa fluir e espere que ele esclareça suas dúvidas e o contrate.Não se preocupe, quando ele entrou em seu escritório, já havia decidido por você como seu advogado; faltava apenas o conhecimento pessoal, para ter certeza de que haveria uma interação, e, é claro, que ele poderia pagar seu preço. 39Marketing Jurídico Problema II Muitos aposentados e pensionistas do INSS temem buscar na justiça a correção das distorções que reduzem seus parcos rendimentos mensais, receando que esses sejam ainda mais reduzidos, em caso de perda da ação. Solução: Explique detalhadamente que “pior não pode ficar” , em uma ação desta estirpe. O máximo que poderá acontecer é, perdendo-se o processo, a pensão ou aposentadoria manter-se nos mesmos patamares. Voltamos à mesma questão, são apenas duas opções: deixar como está, ou tentar melhorar a situação. ATENDIMENTO “O momento da consulta é muitíssimo importante e, por esse motivo, não merece ser desperdiçado.” 41Advogado S/A Antes de mais nada, é preciso que você conheça seu interlocutor e trace seu perfil. Nos instantes iniciais da consulta, evite falar do problema em si, converse sobre outros temas. A profissão ou hobbies preferidos são excelentes assuntos, que geralmente as pessoas gostam de abordar. Isto, além de lhe permitir traçar um perfil de quem está na sua frente, também ajudará a pessoa a relaxar e tratá-lo com mais respeito e confiança. Cuidado, não investigue: você não está interrogando ninguém, apenas buscando saber como melhor se comportar durante o assunto que logo virá. Aconselho sempre as pessoas a evitarem temas polêmicos ou delicados, como crenças religiosas e convicções políticas. Ambas podem destroçar qualquer tentativa de um contato amigável, caso as partes não compartilhem das mesmas opiniões – o que, em um país do tamanho do nosso, com muitos milhões de habitantes, convenhamos, não é tão difícil. Lembre-se, ainda, de que um cliente, muitas vezes, não conhece realmente os direitos que tem, e você, a partir de um atendimento eficaz e interessado, pode identificar situações que este desconhecia e que podem se transformar em novos contratos de honorários. Veja o exemplo: 42 Marketing Jurídico Mutuário do Sistema Financeiro de Habitação, desesperado com o problema de seu financiamento, procura seus serviços para corrigir tal situação. Após uma conversa tranquila, você descobre que o imóvel está repleto de danos estruturais e, sabedor da jurisprudência relativa ao assunto, informa a este que lhe assiste o direito a, em demanda paralela, pretender uma reparação por prejuízos, de ordem tanto material, quanto moral. 43Marketing Jurídico O momento da consulta é muitíssimo im- portante e, por esse motivo, não merece ser desperdiçado. O cliente lhe contratará, simplesmente, pela credibilidade e segurança transmitida nesta hora. Dificilmente ele poderá reconhecer seus méritos profissionais, pois estarão cerrados em páginas e mais páginas do que usualmente chamamos de corpo de um processo. A este o cliente dificilmente tem acesso e, quando o tem, não compreende com clareza o que ali se passa. Então, só lhe resta a confiança, e você tem a obrigação de mantê-la viva. CONTRA OS MAUS PROFISSIONAIS “O que?! Três anos de processo, e ainda não acabou? Eu tenho muita experiência nisto e costumo resolver tudo em no máximo um ano.” 45Advogado S/A Você, advogado(a), certamente, já vivenciou fatos como este: seu cliente participa de um churrasco com amigos e, depois de algumas muitas latinhas de cerveja consumidas por todos, sabe-se lá por que motivo, alguém cita um problema jurídico, que é exatamente o que ele vive e cuja condução está sob sua responsabilidade. A partir daí, a conversa toma o rumo do debate sobre o problema. É quando o mau profissional se aproxima e vende seu peixe, com duvidosa embalagem, mas no momento propicio. Nem é preciso falar no argumento que toca o coração de seu cliente: – O quê?! Três anos de processo, e ainda não acabou? Eu tenho muita experiência nisso e costumo resolver tudo em no máximo um ano. Se o churrasco foi no domingo, tenha uma certeza: já na segunda-feira você estará recebendo a visita de seu cliente, aborrecido, achando que você o está enganando. Se sua credibilidade for frágil perante os olhos de quem o contratou, o trabalho de convencimento não será fácil. Porém se, ao contrário, você mantiver uma postura firme desde o princípio da contratação, mostrar ao irado visitante que alguém estava tentando ludibriá-lo para angariar causas não será tarefa das mais árduas. Não minta para seu cliente, seja sempre realista e tenha a verdade como bússola a nortear este relacionamento. Seguindo essa premissa, você verá que os problemas, que inevitavelmente surgirão, serão rapidamente dissolvidos. Desculpe, mas é verdade. Você, além de um profissional 46 Marketing Jurídico formado, com escolaridade de nível superior, conquistada a custa de tempo, dinheiro, sacrifício e dedicação, precisa também tornar-se um profissional de vendas. 47Marketing Jurídico “Ao contrário do que aduz conhecido dito popular, a verdade é que, quem espera nunca alcança.” VOCÊ É UM VENDEDOR! 49Advogado S/A Antes mesmo que os mais reticentes fechem seus semblantes e mesmo o livro que tem em mãos, já imaginando se o Código de Defesa do Consumidor permite que ele seja trocado por obras de qualidade muito superior e menos ofensivas, pense o seguinte: Grandes fortunas foram conquistadas por vendedores, algumas por pessoas sem qualquer formação acadêmica. Quer exemplos? Vamos lá: • Sam Walton – WAL MART • Ray Kroc – McDonald’s • Samuel Klein – CASAS BAHIA • David McConnell – AVON • Comandante Rolim – TAM A lista é imensa, e você deve sonhar fazer parte dela. Cada vez que inicia o atendimento de um novo cliente, você está predisposto a vender a ele seus serviços. Então não há porque temer vincular seu nome a essa atividade. Na realidade, o objetivo deste livro é aprimorar sua capacidade de vender e criar condições para que você a exerça muitas centenas de vezes. Isto mesmo: aprimorar. Não criar ou ensinar como se faz. Acredito que o ato de exercer o ofício de vender seja inerente à vida em sociedade, na qual, a todo instante, estamos vendendo ou comprando alguma coisa. Desvincule, porém, seus pensamentos da imagem pré-concebida de que vender seja única e exclusivamente a atividade juridicamente tratada no Código Civil e, em especial, no Código de Defesa do Consumidor. Nada disso. Consulte o dicionário e encontrará algumas surpreendentes definições para o verbo vender: 50 Marketing Jurídico “Trair por interesse”; “ceder sua própria liberdade por certo preço”; “negociar com”; “dispor, a troco de dinheiro, do que possui ou lhe foi confiado.”* São muitas as definições alternativas ao que costumamos entender do ato de vender: “alienar ou ceder por certo preço”*. (* Dicionário Aurélio) Advogado, grave esta mensagem em sua mente e acredite nela: você é um vendedor. Não se preocupe e afaste a sensação de se sentir diminuído ao imaginar ser tratado por esta qualificação. Muitos negam o título, mesmo aqueles que exercem diretamente a profissão de vendas. Será que você nunca ouviu falar em “executivo de vendas”; “agente de negócios”, “consultor comercial”? Pomposos títulos para negar o óbvio: são todos vendedores. Reconheça: todos nós exercemos a atividade de vender, ainda que, profissionalmente, estejamos utilizando títulos outros, tais como advogado, médico, deputado, gerente, diretor, enfermeiro etc. Vender, para o advogado, está diretamente relacionado a receber pelos serviços que presta. Então, estamos diante de uma verdade daquelas que afrontam qualquer tentativa de negação: você trabalha e deve receber pelo suor que derrama em nome de seu cliente. Respirou mais tranquilo? Então volte a pensar sobre o assunto: todo advogado espera que umcandidato a cliente entre em sua empresa e contrate seus serviços, quase que por acaso, o que significa que já existe uma expectativa profissional da venda dos serviços àquele que ingressa em um escritório ou empresa jurídica. Concluímos, então, que vender é inerente ao exercício de qualquer profissão, e a advocacia não é exceção. Porém o 51Marketing Jurídico assunto deste livro diz respeito a mais do que a venda em si; falamos especialmente em como driblar o acaso e efetivamente fazer com que a chegada de candidatos a clientes torne-se uma rotina em sua empresa jurídica. A procura por um advogado, em tese, acontece por indicação, ou seja, o profissional pode ficar esperando, até que alguém repentinamente precise e busque seus serviços. Infelizmente, não é possível pedir que as contas a serem pagas e seu próprio desejo de crescer profissional e financeiramente esperem por esse momento. Torna-se óbvio que, para a maioria dos advogados, a chegada do cliente no escritório se dá de modo aleatório, sem que qualquer trabalho possa ser realizado no sentido de controlar este movimento. A boa notícia é que isso não é verdade. Tanto a chegada de novos contratantes, quanto o aumento do número destes, precisa, para acontecer, apenas que o advogado passe a investir na divulgação de seu conhecimento e na construção de sua imagem. Aliás, ao contrário do que aduz conhecido dito popular, a verdade é que quem espera nunca alcança. Então, é preciso agir. A partir daí, você se torna divulgador de seus próprios serviços – quanto a isso não restam mais dúvidas. Mas a pergunta continua: como fazer? A resposta é simples: Você precisa vender (divulgar) sua imagem e seu conhecimento. Vender não é um bicho de sete cabeças, nem mesmo, como já dissemos, uma qualificação profissional da qual você não deva se orgulhar. Quem domina essa ciência, com a mais absoluta certeza, vencerá em seu mercado de trabalho, seja ele qual for. 52 Marketing Jurídico Vamos listar, de modo ilustrativo, as estratégias que podem ser utilizadas para conquistar os resultados planejados. 1 - Assessoria de Impresa Já definimos que se tornar especialista em uma determinada matéria e realmente estudar profundamente o assunto é uma regra a ser observada, que, uma vez seguida à risca, ou seja, considerando que você já seja um profissional que realmente entende a área que abraçou, leva à pergunta fundamental: De que adianta ser o melhor se ninguém sabe disso? Antes de mais nada, tenha a certeza de que nem você, nem ninguém, efetivamente, será o melhor em determinada área, ou mesmo em determinada atividade na vida. O segredo é fazer com que as pessoas realmente acreditem que você é. Muitos sempre serão considerados os melhores, nunca apenas um. Estes serão sempre escolhidos por determinados grupos, que os elegerão como tal. Então, é lógico que é preciso parecer ser “o cara” para o grupo que elegerá você como o verdadeiro defensor de seus direitos. Acredite, eles o farão. O serviço de assessoria de imprensa é fundamental nestes casos, para buscar tanto a divulgação de seus sucessos, quanto a construção de sua imagem pessoal e profissional. 53Marketing Jurídico Existem pessoas tanto físicas quanto jurídicas que prestam tal serviço, e, se lhe assiste qualquer dúvida quanto ao custo deste investimento, lembre-se de que existe um amplo mercado, com valores distintos e, é claro, potencial de sucesso a ser obtido, também. Geralmente, o custo mensal de uma assessoria de imprensa é menor do que a colocação de um bom anúncio em jornais de grande circulação, com a vantagem de que anúncios são mais simples: basta pagar e fazer; já uma matéria que eleja você como fonte ou consultor o tornará um profissional diferenciado aos olhos dos leitores. Muitos profissionais, em especial mas não necessariamente os que atuam em sociedade, podem fazer um investimento conjunto na contratação de uma assessoria de imprensa, reduzindo ainda mais os custos dessa operação. Enfim, escolher quem irá assessorá-lo tomará parte de seu tempo, mas vale dedicar-se a isso, pois pior do que gastar dinheiro é gastá-lo mal. Prepare um amplo campo para seu assessor trabalhar, vez que ele terá a obrigação de conquistar espaço na mídia para divulgar seu trabalho e isso demandará demonstrar que este merece ser divulgado. Confira o exemplo: 54 Marketing Jurídico Sua especialidade é o Direito Previdenciário e você atua, principalmente, na correção de pensões e aposentadorias. Caso I - Teses Estude e descubra possibilidades de impetrar demandas com reais chances de sucesso, que venham a trazer resultados positivos para seus potenciais clientes. Caso existam, neste sentido, decisões procedentes conquistadas por outros profissionais, divulgue-as como jurisprudência, a reforçar sua tese. Este material por certo interessa à mídia, vez que aposentados e pensionistas constituem um elevado número de cidadãos consumidores de tais notícias. Caso II - Seus Sucessos Uma decisão efetivamente conquistada por você, trazendo reajuste de benefícios previdenciários a um determinado cliente seu, e que, por consequência, pode ser estendida a outros que venham a pleitear o mesmo direito é, da mesma forma, um excelente material a ser divulgado. Regra Importante Ao contrário do que muitos pensam, jurisprudência não é representada por decisões finais, mas por qualquer decisão proferida no curso de um processo. Assim, não há por que esperar que uma lide transite em julgado (termine) para divulgar seu resultado. Uma liminar, por exemplo, já pode merecer a atenção do público. você já deve ter observado, em muitas matérias que versam sobre assuntos jurídicos, após a chamada para determinada conquista obtida, a utilização da seguinte frase: “Fulano de Tal (pessoa física ou jurídica) informou que irá recorrer da decisão.” 55Marketing Jurídico Perceba que o fato de ainda caber recurso, e o perdedor informar que irá fazer uso desta possibilidade, não tira o mérito (nem o impacto) da decisão conquistada. À medida que você der início a seu projeto de divulgação do seu trabalho, perceberá que parte da imprensa começará a utilizá-lo para comentar decisões que não são suas, mas dizem respeito à área em que você atua, ou seja, sempre que houver uma grande notícia sobre sua especialidade, haverá grandes chances de participar dela – você se tornará uma fonte. Portanto, mais uma vez, reitero: estude e mantenha-se atualizado, pois quando os jornalistas começarem a procurá-lo você precisará saber o que responder. 2 - Comportamento em Entrevistas A velocidade de trabalho dos jornalistas é muito rápida, pois os prazos são extremamente exíguos para a entrega de matérias, então não os faça perder tempo, procure estar antenado, antecipando seu conhecimento aos contatos que receberá. Pense, conquiste resultados. Seu trabalho será divulgado e você crescerá profissionalmente, enquanto ajuda muitas pessoas a vencerem suas dificuldades. Converse com esses profissionais em linguagem acessível, do mesmo modo como deve ser feito com seus clientes. O interesse do jornalista está focado, exclusivamente, em informar claramente seus leitores, portanto ajude-o a cumprir esse papel. 3 - Agência de Publicidade Não se preocupe, contratar uma agência de publicidade não significa necessariamente querer comercializar seu 56 Marketing Jurídico produto, que é representado pela venda de seus serviços como advogado. Uma boa agência atuará na construção de sua imagem profissional, fornecendo-lhe ferramentas essenciais para uma boa apresentação, por exemplo: • Construção do site de seu escritório (home page); • Elaboração de folder; • Sugestão para cartões de visita; • Criação de um informativo pessoal; • Mailing; • Material para eventual divulgação específica. Não se assuste com os custos de tal contratação. O mercado, da mesma forma que tratamos quandoapontamos a contratação de uma assessoria de imprensa, é bem amplo, e você encontrará uma agência cujos preços se ajustem ao seu bolso. Conte também com o fato de que não há necessidade de se montar toda essa estrutura de uma só vez. Ela poderá ser preparada em conformidade à sua capacidade financeira. A própria agência poderá ajudá-lo com um passo-a-passo, para que você dê início ao seu projeto de trabalho, sem comprometer suas finanças. É importante lembrar que todos esses custos podem ser rateados por vários profissionais, unidos por sociedade profissional ou que, mesmo não dividindo um negócio, tenham um laço de amizade. 4 - Informativo Crie um informativo para clientes e interessados, contendo notícias correlacionadas à sua especialidade. Não se esqueça de 57Marketing Jurídico incluir sua opinião e valorizar as suas próprias conquistas. Defina uma periodicidade (mensal, bimensal, trimestral) e respeite-a. Com este trabalho, você manterá viva para seus clientes a lembrança de sua existência e divulgará informações que, por certo, serão do interesse destes e, é claro, deverão resultar em novas contratações e honorários. Lembre-se de que um cliente satisfeito acaba lhe prestando o serviço de divulgar gratuitamente tais informativos. Uma assessoria de imprensa qualificada, ou a própria agência de publicidade, pode ajudá-lo na confecção deste material. Lembre- se, contudo de acordar a inclusão deste serviço na contratação de seu assessor ou agência, evitando aborrecimentos futuros e respeitando a máxima: “O combinado nunca é caro.” 5 - Folder Este é um material que considero essencial. Trata-se da apresentação resumida de seu trabalho e seu escritório, em um modelo bem elaborado, que oferte credibilidade e seriedade à sua imagem. Utilize boas imagens e palavras essenciais, que apontem suas especialidades, bem como parte de seu currículo, que podemos considerar, para este fim específico, importante. Por exemplo, não diga apenas que você é formado em tal lugar. Somente utilize dados de sua formação se eles forem realmente importantes, como especialidades cursadas em renomadas instituições ou no exterior. Revele dados que indiquem sua capacitação profissional: 58 Marketing Jurídico • Consultor do site... • Consultor do Sindicato/Associação... • Consultor do programa de rádio/TV/jornal... Seu folder sairá nas mãos de um cliente, ou candidato a se tornar um, e, possivelmente, será utilizado como uma apresentação de quem é você (ou seu escritório), para a tomada da esperada decisão relativa à sua contratação. 6 - Site (Home Page) Ferramenta extremamente importante e relativamente barata, um site pode ajudar muito a construção de sua imagem. Uma boa página na Internet pode ser considerada verdadeira extensão de seu trabalho e empresa jurídica. Cuide para que esse espaço se transforme em uma movimentada vitrine do que você pretende divulgar. Tenha em mente que um site nada representa se ninguém souber que ele existe ou como chegar a ele. Invista em divulgação de seu “escritório virtual”. Trabalhe para atrair visitantes. Defina palavras-chave, que facilitem a chegada ao seu endereço virtual, sempre pensando no público que procura um profissional na especialidade que você escolheu. Aqueles que conhecem seu nome não terão dificuldades em 59Marketing Jurídico encontrá-lo. Concentre-se, então, em quem ainda não o conhece. Por exemplo: Aposentados / Pensionistas Para aqueles especializados em Direito Previdenciário. Mutuários/Leilões/Habitação Para aqueles especializados em Sistema Financeiro da Habitação. Aproveite para manter um canal de comunicação direta com seus clientes, por meio de um “Fale conosco” ou “Informe-se sobre seu processo”. Amplie sua estrutura física, pela efetiva utilização deste espaço virtual. 7 - Mailing Uma vez que você já tenha um site, nada mais justo que manter uma correspondência eletrônica direcionada aos seus clientes, vez que aquela, além de uma opção bem mais barata que a impressão de informativos, permite o encaminhamento de notícias de forma mais ágil. Caso deseje investir um pouco mais nesse canal de notícias, coloque à sua disposição um pequeno software de controle das mensagens encaminhadas, passando a saber, exatamente, quantas chegaram, foram abertas e/ou respondidas, dentre outras informações que considere importante. 8 - Chats, Blogs e Grupos de Discussão Apresentar-nos ao mundo sem gastarmos nada é uma das 60 Marketing Jurídico oportunidades que determinados espaços na Internet oferecem. Você somente precisa dedicar um pouco de tempo para buscar os endereços acessados por pessoas realmente dispostas a provocar debates que acrescentem conhecimento a seus participantes e passar a frequentá-los com regularidade. Tenha a certeza de que, em pouco tempo, você passará a ser reconhecido e terá à sua disposição uma ampla rede de contatos. 9 - Distribuição de Material Publicitário Diante do material confeccionado e de sua ampla visão do nicho de mercado que decidiu abocanhar, o desejo de distribuí-lo indistintamente fatalmente lhe atormentará os pensamentos; no entanto, este deve ser controlado. Lembre-se do conhecimento que tem do Código de Ética e Disciplina da OAB, que regulamenta o exercício de sua profissão: Artigo 29, parágrafo 3º: “Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre constituição, colaboração, composição e qualificação de componentes de escritório e especificação de especialidades profissionais, bem como boletins informativos e comentários sobre legislação, somente podem ser fornecidos a colegas, clientes, ou pessoas que os solicitem ou os autorizem previamente.” Desta forma, resta claro que você pode distribuir seu informativo para comunidades, sindicatos, clubes, condomínios, associações e outros, desde que este seja solicitado previamente. 61Marketing Jurídico Voltando a lembrar nosso ditado – “Quem espera nunca alcança” –, nada o impede de procurar os líderes das instituições supracitadas, apresentar-se e informar o motivo que o levou a visitá-los. Deixe claras as vantagens que poderão ser usufruídas por todos os atingidos, e aguarde o convite para distribuir seu material. Além de ser proibida, a distribuição indiscriminada atenta diretamente contra seu desejo de transmitir uma imagem de confiança e sucesso profissional. Quem, afinal, acredita na capacidade de um advogado que conheceu através de “papeizinhos” distribuídos no meio da rua? PEQUENAS REGRAS PARA O SUCESSO “O trabalho feito, mas não divulgado, toma o efeito contrário.” 63Advogado S/A Estas, realmente, surtem efeito. Entretanto, apesar de extremamente simples e baratas, poucos profissionais as utilizam. Então, bastante atenção: 1 - Atenda o telefone e dê retorno a todos os que lhe pro- curarem. Isso mesmo! Simples, mas poucos fazem uso desta pequena regra, perdendo excelentes oportunidades de encantar seus clientes. Note que as pesquisas apontam ser muito mais caro conquistar novos clientes do que manter os que você já tem. Todos sabem, também, que um cliente bem atendido divulgará com parcimônia este fato, mas sempre em oportunidades de inegável valor para você. Já um cliente mal atendido vai berrar o ocorrido para quem quiser, e também para quem não quiser, ouvi-lo. Por exemplo, muitas vezes o advogado recebe a ligação de um cliente preocupado com determinada situação. Ele então se compromete a, naquele mesmo dia, buscar uma resposta. Parte para o fórum, despacha o processo e recebe a informação de que deverá voltar na próxima semana, quando já estará à sua disposição uma decisão sobre o problema. Isto o tranquiliza e ele entende sua missão cumprida, decidindo ligar para o cliente apenas quando obtiver a resposta solicitada. O cliente, por sua vez, como não recebeu qualquer contato posterior, percebe sua preocupação colocada de lado e imagina queo advogado nada fez. Gigantesco e desnecessário erro. O trabalho feito, mas não divulgado, toma o efeito contrário, e o cliente começa a ligar desesperadamente, ou decide ir ao 64 Marketing Jurídico escritório saber o que está acontecendo, e, o que é pior, não ficará nem um pouco satisfeito com a explicação de que o trabalho havia sido realizado, mas o retorno é que foi deixado para depois. O cliente deve ser informado dos passos tomados, e não apenas do resultado da decisão, pois é isso que ele espera. 2 - Pós-Venda O comércio já descobriu as enormes vantagens do chamado serviço pós-venda, que consiste em manter uma linha direta com o cliente conquistado, buscando saber se ele está satisfeito e, caso haja algum problema, ofertando imediatamente uma solução. As empresas jurídicas podem dispor também de serviço semelhante, eficaz, de extrema importância e, ainda, boa notícia para seu bolso, extremamente barato. Sugestão: Uma vez distribuído o processo para o qual foi contratado, remeta uma correspondência física ou virtual para seu cliente, agradecendo, mais uma vez, a confiança depositada em seu trabalho e informando a data em que o processo foi distribuído, bem como o número que este recebeu. Caso ache importante, informe o endereço eletrônico para a consulta do andamento do processo. Mantenha essa rotina de mala direta durante todo o curso do processo, a cada movimento que surgir. No momento em que seu escritório tiver um número grande de clientes, você já poderá investir em um software específico para gerenciar este contato. 65Marketing Jurídico Caso deseje, esse trabalho pode ser realizado por meio de telefonemas, o que aconselho seja feito em paralelo a uma das modalidades supra-apresentadas, pois o contato telefônico apresenta variáveis que muitas vezes dificultam sua plena realização, como recados para retorno que não surtem efeitos e celulares eternamente fora de área ou desligados. 3 - Cartões de Visita Tenha-os sempre à mão! Nada pior do que aquela desculpa esfarrapada: “Estou sem cartões neste momento, mas deixe- me passar meu telefone...”, ou então: “Eu anoto seu número e retorno…” Um cartão de visitas deve ser simples, com visual agradável e basicamente cumprir sua missão de transmitir as informações necessárias, como nome, endereço, telefone, e-mail e home page. Mais do queisso pode transformar seu cartão de visitas em um outdoor de bolso, deixando de cumprir sua missão e transformando-o em uma verdadeira tragédia visual. Importante: se você não pretende utilizar seu número de celular para o contato com seus clientes, não o coloque nos cartões, nem em qualquer outro material, e seja firme nesta determinação, ou seja, contatos profissionais devem ser realizados pelos canais ofertados. Poucas coisas incomodam mais do que receber uma ligação para consulta processual em meio a um fim de semana com a família. Penso que somente advogados que precisam socorrer clientes nos horários mais diversos precisam divulgar seu número de celular. 66 Marketing Jurídico 4 - Escritório Seu escritório não precisa ser luxuoso, basta ser organizado, limpo e, efetivamente, transmitir ao cliente a sensação de que ali se trabalha com Direito. Sei que parece simplória tal afirmação, mas imagem é muito importante, e como se diz por aí: “Não basta ser, tem que parecer.” Uma recepção agradável, somada a oferta de água e café, é algo barato, que surte bastante efeito. Sua sala, individual ou dividida com colegas, deve reservar a possibilidade de uma conversa privada, pois determinados assuntos demandam o ingresso na intimidade do cliente, e este não se sentirá à vontade de contar a todos seus problemas. Se hoje isso é difícil, sua postura pode ajudar. Ao perceber constrangimento em assuntos delicados, aproxime-se, sente- se ao lado de seu cliente, abandone a distância que sua mesa oferece às palavras de quem precisa de sua discrição. Lembro-me, certa vez, após assinatura de um contrato de honorários, de ouvir do cliente a seguinte pergunta, imediatamente respondida pelo próprio: – Dr., sabe por que o contratei? Porque na sua sala tem muitos livros, e meu antigo advogado (ele estava me contratando para levar adiante um processo já em curso) só tinha dois em cima da mesa. Eu realmente mantinha, em minha sala, algumas prateleiras com muitas coleções de livros técnicos, que quase nunca eram 67Marketing Jurídico utilizados, vez que, nesta época, a maior fonte de consultas já era a Internet. Talvez fosse esse o motivo que levou o antigo advogado a perder o cliente. Ele podia conhecer o assunto, mas o cliente não identificou em seu escritório esta realidade. Seu escritório, endereço físico de sua empresa jurídica, deve, tanto quanto você, aparentar segurança, conhecimento e res- ponsabilidade profissional. 5 - Tenha um Book de Sucessos Esta é mais uma estratégia simples, porém de forte impacto para o candidato a cliente decidir escolher você para representá- lo. Um book de sucessos significa juntar diversas cópias de decisões favoráveis (inclua todas as obtidas, não precisam ser transitadas em julgado), em um caderno espiral ou grampeadas, de modo a simplesmente se prestarem ao seu papel de apresentar seus resultados. É certo que essa estratégia deve ser adotada por aqueles que escolherão a advocacia de massa, que significa atuar em determinada área, direcionando seus esforços para a correção de uma determinada distorção que lhe permita representar centenas ou mesmo milhares de pessoas. Demonstrar a esse grupo que você, além de um expert no assunto, já é dono de muitos sucessos, concretamente obtidos, facilitará o fechamento do negócio. Tenha esse book sempre à mão, para mostrá-lo ao cliente, e outro, igual, na recepção de seu escritório. Existem muitos livros e palestras que podem ajudá-lo neste quesito, e não é nosso objetivo aprofundar a discussão a este respeito. MARKETING PESSOAL “Lembre-se de não aparentar ser um angariador de causas desesperado por encontrar clientes.” 69Advogado S/A Devemos, porém, por absoluta necessidade, vez tratar-se de parte essencial de nosso estudo, abordar alguns quesitos: 1 - Modo de vestir-se O modo de vestir-se de um profissional está diretamente relacionado ao que o cliente espera ver e, por certo, proporciona a este um sentimento de conforto e confiança em sua presença. Seus colegas de profissão, sejam Advogados, juízes, desembargadores, ministros, defensores, promotores, escreventes, delegados, enfim, todos aqueles com quem você está obrigado, por força de seus afazeres, a relacionar- se diariamente, irão, da mesma forma, julgá-lo pelo seu modo vestir. Andar bem arrumado não significa gastar rios de dinheiro em etiquetas mais caras ou estar sempre na última moda. Cuidar de sua imagem pessoal demanda, simplesmente, ter a certeza de que suas roupas e acessórios estão condizentes com seu perfil profissional e transmitem a imagem de alguém bem sucedido. Atente-se à limpeza e à combinação de cores, e tenha a certeza de que suas roupas estejam bem lavadas e passadas. Nada pior, para a sua imagem, do que a impressão causada pela aparência de quem passou a noite acordado e foi trabalhar. Evite chegar a reuniões, em dias de muito calor, após percorrer a pé boa parte do centro da cidade, por exemplo, a fim de economizar o preço do táxi. Seu futuro cliente perceberá sua imagem como a de alguém esbaforido, suado e bagunçado, isso sem contar aquele “agradável” cheirinho de quem caminhou 70 Marketing Jurídico vários minutos, sob sol escaldante, equipado com roupas soci- ais. Economizou o táxi e perdeu os honorários. Conquistar um cliente sempre significa um investimento, lembre- se disso. 2 - Pontualidade Ser pontual é uma obrigação. Todos sabem que um dos bens mais valorizados nos dias atuais é o tempo. Então, não desperdice o patrimônio alheio.Atrasos ou adiamentos podem acontecer. O errado é você tratá-los como se fossem acidentes imprevisíveis. A diferença entre eles é óbvia, e você tem a obrigação de avisar, antecipadamente, a quem o aguarda em dia e hora marcadosqualquer mudança. Defendo, ainda, a tese de que também pequenos atrasos devem ser informados, a fim de evitar má impressão, sempre difícil de ser limpa. Adquira o hábito de, percebendo um atraso, ainda que pequeno, ligar e informar que chegará alguns minutos após o horário marcado. Isto ofertará ao outro a oportunidade de aproveitar esse tempo e não apressar sua reunião, quando esta tiver início. 3 - Utensílios de uso pessoal Você não precisa comprar uma caneta MontblancTM ou um RolexTM para transmitir a imagem de sucesso profissional. Porém sacar uma caneta daquelas de um real, compradas para serem perdidas sem lamentação, ou usar relógios que claramente são imitações de outros, não trará nenhum benefício à sua imagem. Lembre-se: seus colegas de profissão e seus clientes repararão nisso. Compre coisas boas, respeitando sua capacidade financeira, mas levando em conta que se trata de investimento em sua carreira profissional. 71Marketing Jurídico Caso tenha dúvidas sobre estes pontos, procure ajuda. Sempre há quem possa orientá-lo ar na escolha destes utensílios. 4 - Sua Marca Considero este um item deveras importante dentro deste tópico. A marca pessoal servirá para identificá-lo perante seus colegas e clientes. E o melhor de tudo, seu investimento neste ponto em particular é quase nulo. Veja como exemplo os advogados que hoje comparecem aos fóruns utilizando chapéus, objeto de adorno praticamente abandonado há muitas décadas, mas que vem retornando, no dia-a-dia, na cabeça de poucos. Todos sempre passarão a se lembrar de determinado advogado por este hábito. – Você conhece o dr. Fulano? Não? É aquele que está sempre de chapéu... Posso utilizar como exemplo minha própria estratégia pessoal. Sempre gostei muito de usar suspensórios no lugar de cintos, e isto virou minha marca; da mesma forma, tenho certeza de que a conversa acima também já se passou com referência a mim: – Lembra o Dr. Gotlib? Não? É aquele que está sempre de suspensório. 5 - Apresentação Poucos se preocupam com este detalhe que, no entanto, é reproduzido diversas e importantíssimas vezes durante nosso dia-a-dia. 72 Marketing Jurídico Existem, porém, algumas regras que devem ser respeitadas, para transmitir a seu interlocutor a certeza de que está sendo apresentado a alguém merecedor de respeito. Fale seu nome e sobrenome (se tiver muitos, escolha um, no máximo dois) Exemplo: Ricardo de Almeida Peixoto Machado. Use Ricardo Peixoto ou Ricardo Almeida ou ainda Ricardo Machado, o que a seus ouvidos soar como uma melhor apresentação de quem você é profissionalmente. Nada de se apresentar usando Doutor(a) antes do nome, isto caracteriza um comportamento esnobe e antipático. Deixe o outro usar tal tratamento. Quanto a você, da mesma forma, utilize-o quando alguém lhe for apresentado. Por exemplo: – Muito prazer, sou sua colega, Maria Eduarda. – O prazer é meu, Dra. 6 - Compromissos Sociais Veja os casos a seguir: 73Marketing Jurídico Caso I Muitas vezes, reuniões ou encontros profissionais acontecem fora de seu espaço de trabalho, em ambientes como restaurantes, por exemplo. Voltamos a um dos nossos motes favoritos: “Quem espera nunca alcança”. Então, por que esperar? Escolha um ou dois estabelecimentos próximos a seu local de trabalho e que você frequente com regularidade. Se não o faz, passe a considerá-lo. Escolha o círculo de mesas servidas por um determinado garçom com quem você simpatize. Dê-lhe boas gorjetas. Uma vez preparado o terreno, você passa a dispor de um lugar onde é reconhecidamente respeitado – o espaço ideal para reuniões com clientes, ou mesmo, se for o caso, para simplesmente impressionar alguém. Não se preocupe com luxo excessivo, não é necessário. O que importa realmente é que ele tenha a ver com você, pois, caso o lugar o faça sentir um peixe fora da água, todo o esforço terá sido em vão. Caso II É extremamente comum o advogado, logo que identificado como tal, ser fuzilado por pequenas dúvidas em encontros sociais (aniversários, casamentos, batizados, jantares). Contudo, o que, inicialmente, muitas vezes provoca uma sensação de desconforto, vez que compromissos sociais são feitos para relaxar, e não para trabalhar, pode ser visto como uma excelente oportunidade de realizar bons negócios. Basta que você saiba exatamente a diferença entre aqueles que estão querendo economizar o preço de uma consulta e querem somente esclarecer uma dúvida, dos que realmente precisam contratar um advogado e estão tateando seu conhecimento. 74 Marketing Jurídico É claro que o motivo dessa pesquisa tem respaldo no fato de já existir um fator de aproximação entre vocês. Afinal, seu encontro se deu no mesmo compromisso social, significando existir uma afinidade entre vocês, com fulcro em sua rede de amizades. Isso já cria no candidato a cliente uma sensação de segurança e conforto que, como sabemos, são sentimentos primordiais para a realização de um contrato jurídico. Aviso Importante: Lembre-se de não aparentar ser angariador de causas, desesperado por encontrar clientes. A pergunta relativa à profissão que você exerce virá, e, por consequência direta, o questionamento sobre sua especialidade. Tenha paciência. Em breve, trabalhando com afinco, você começará a escutar, após a pronúncia de seu nome e a referência à sua profissão, aquelas encantadoras palavras: - Eu já ouvi falar de você. Bem! 7 - Palestras, artigos, entrevistas Você ficará surpreso com a facilidade em conquistar espaço para apresentar suas ideias. Existem muitos grupos de pessoas, unidos por associações, sindicatos e outros, que produzem jornais ou informativos, além de organizarem reuniões periódicas para tratar de determinados assuntos. Crie a oportunidade, apresente-se, ofereça seus préstimos. Por exemplo, se você escreve bem, redija artigos e veja se é possível publicá-los. Se gosta e tem facilidade de falar em público, prepare palestras e busque as oportunidades de realizá- 75Marketing Jurídico las. Existem muitos querendo conhecer sua palavra, escrita ou falada. Sua assessoria de imprensa também poderá trabalhar a divulgação deste material. Um artigo publicado em jornal de ampla circulação pode surtir os dois essenciais efeitos de que você precisa e que procura: apresentá-lo a seus colegas de profissão e a seus futuros clientes. Isso sem contar o orgulho de seus atuais clientes em saber que seu advogado tem trabalho reconhecido na imprensa. O GRANDE SEGREDO DA VENDA “O cliente precisa ler em seus olhos a paixão pelo exercício da profissão e, em especial, a verdadeira obstinação na busca de um resultado positivo.” 77Advogado S/A Este é um capítulo que deve ser lido com calma, para que seja sorvida toda a sua essência. Faça a qualquer advogado, e principalmente a você mesmo, a seguinte pergunta: O QUE VOCÊ VENDE? A resposta parecerá óbvia, mas não é. A grande maioria dirá: – Vendo meus serviços, meu conhecimento. Ou ainda: – Minha competência profissional, nesta incluída, meu nome e o respeito adquirido nos corredores dos fóruns de justiça. As respostas citadas representam a verdade, mas podem não surtir o efeito esperado. O advogado precisa aprender a vender mais do que isto, ele precisa compreender que a verdadeira arte de conquistar clientes e contratos está em Vender sonhos e esperanças, não somen- te possíveis resultados favoráveis em processos. O cliente precisa ler em seus olhos a paixão pelo exercício da profissão e, em especial, a verdadeira obstinação na busca de um resultado positivo em sua demanda específica. Isto não porque você quer ganhar. Tem que ser mais do que isto. O advogado tem que compreendere mostrar as vantagens que advirão da vitória obtida. 78 Marketing Jurídico Não analise os dados de receitas mensais de um aposentado dizendo simplesmente: – Parece que o senhor tem direito a uma revisão de “tantos por cento” em sua aposentadoria. É frio e feio. Faça melhor: – Posso lhe assegurar que, segundo as diversas decisões procedentes em casos como o do senhor, as chances de sucesso são grandes. Caso confirmadas, representarão um possível aumento de ___% em sua renda mensal. Sem contar que, vencendo a demanda, o senhor terá direito também a receber os atrasados desde ________ (depende de cada caso, individualmente). Isto representa muito (fale com paixão). O senhor vem sendo aviltado em sua renda já há muitos anos. Isso nada mais é do que total desrespeito a quem cumpriu sua parte, pagando o que era devido, durante todo o tempo em que exerceu sua atividade profissional, esperando se aposentar e ser tratado, ao menos, com dignidade. Esteja ao lado dele, participe de sua insatisfação, compreenda a extensão do problema. Não é só um cliente, é um cidadão aviltado, e você é sua tábua de salvação. Quem procura um advogado o faz, geralmente, por já haver buscado todas as formas de solução administrativas. Então, agora é só você. Compreenda isso e lute ao lado de seu cliente. 79Marketing Jurídico CUIDADOS “Todo profissional que se preza, trabalha para ter lucro, tanto financeiro quanto emocional.” 81Advogado S/A 1 - A Tentação da “Economia Porca” Pequenos detalhes podem fazer muita diferença. Portanto, supere a tentação de improvisar as dicas relativas ao trabalho de criar e solidificar sua imagem profissional. Muito se utilizou neste livro a palavra “profissional”, e não foi à toa. O mercado de trabalho, em nossos dias, demanda, cada vez mais, a obrigação, por quem nele decidiu se inserir, de se destacar e comportar-se estritamente em consonância com a regra de deixar o amadorismo de lado. Então, descarte a ideia de contratar um sobrinho, seus filhos, amigos ou outros parentes que você acredita estejam aptos a lhe “quebrar este galho”, pois “vivem sentados na frente do computador” ou “são muito criativos e podem me ajudar”. Da mesma forma, afaste a ideia de que é fácil conhecer os e-mails de jornalistas e os telefones das redações onde trabalham, pois “se é só encaminhar notícias, não preciso pagar por isto”. Seja um profissional, comporte-se desta maneira e os resultados aparecerão. Não pense nesses recursos como gastos, pois não são. Representam um dos maiores investimentos que você, caso realmente queira crescer profissionalmente, deverá fazer. 2 - Síndrome da Audição Seletiva As pessoas entram em sua empresa jurídica para resolver um problema e você é a esperança delas. Isto representa uma faca de dois gumes, vez que, caso o sucesso seja alcançado, terá nascido um herói; caso contrário, um vilão. 82 Marketing Jurídico Quando falo de não conquistar a vitória para o cliente, mais uma vez, não me refiro somente ao resultado transitado em julgado de uma demanda. O advogado pode ganhar uma indenização de alguns milhares de reais, e o cliente ficar insatisfeito, pois contava com algumas dezenas de milhares de reais. Portanto, muita atenção ao que diz a seu cliente, pois este pode haver desenvolvido o que passei a chamar de “síndrome da audição seletiva”, ou seja, escuta apenas o que lhe interessa, e não o conteúdo completo do que foi dito. Imagine o exemplo: seu cliente entra em sua empresa, relata uma situação em que se encontra devedor das prestações de um empréstimo já há alguns meses. Você explica que a medida a ser tomada é o ingresso da ação competente, pedindo a consignação dos valores incontroversos. Neste momento, fatalmente chega a pergunta: – Dr., eles estão me cobrando, o que devo fazer? Você se sentirá tentado a dizer que ele deve esperar a decisão do juiz, autorizando o depósito, e não firmar o pagamento neste momento. Não resistindo à tentação e dizendo a frase acima, o cliente, portador da síndrome de audição seletiva, ouvirá somente: Não firmar o pagamento neste momento. Caso alguma coisa não de certo e o cliente sofra qualquer espécie de prejuízo, não hesitará em dizer que foi você quem MANDOU não realizar o pagamento. Portanto, cuidado! Deixe sempre claro que a decisão é dele, não sua. No exemplo citado, é seguro “entrar no jogo do cliente”. Ele 83Marketing Jurídico já estava inadimplente quando chegou até você, e, por óbvio, não dispõe de recursos para realizar o pagamento; a saída, mais aconselhável seria dizer: – Esta decisão é sua. Se quiser realizar o pagamento, pedimos em juízo a correção da dívida e a devolução dos valores pagos a maior ao final da ação. Caso sua escolha seja a de não pagar neste momento, pediremos a consignação dos valores e a proteção de seu nome e patrimônio. Mas lembre-se, existem riscos. (Relate-os de forma pormenorizada.) A “síndrome da audição seletiva” não tem cura, mas pode ser tratada: a cada encontro com o portador da doença, seja firme e dose suas palavras. Para casos graves, é aconselhável, ainda, ao final da explicação, perguntar ao cliente se ele compreendeu o que foi dito e, delicadamente, conseguir que ele repita, palavra por palavra, o que compreendeu e decidiu. 3 - Instrumento de Guerra Outro dado, também merecedor do máximo cuidado, é quando a contratação tem o objetivo de incomodar ou atrapalhar a vida de terceiros, muito comum em problemas de vizinhança, em que o resultado favorável quase nunca impõe o sofrimento pretendido à parte vencida. Não entre em guerras que não são suas. Estas somente demandam forte desgaste emocional e energético, trazendo prejuízos a você. Todo profissional que se preza trabalha para ter lucro, tanto financeiro, quanto emocional. ISTO É CAUSA GANHA! “Esta é a maior mentira que se pode contar na advocacia.” 85Advogado S/A Importante reservar um espaço deste livro para comentar a afirmação que empresta o título a este capítulo: “Isto é causa ganha! Muitas vezes, o próprio cliente o provoca com questionamentos, pretendendo que você lhe assegure a vitória, sob pena de não contratar seus serviços. Resista. Se for o caso, negue-se a representar tal cliente. Agir contrariamente a essa premissa tende a lhe proporcionar severos problemas. Aja de acordo com a ética e a realidade, explicando ao cliente que uma causa somente está ganha quando de seu efetivo trânsito em julgado, nunca, em nenhuma hipótese, por mais que todos os indicadores apontem para isto, antes de seu término. Um relacionamento que começa com mentiras não tende a terminar bem. Portanto, se for o caso, nem comece. Em meus programas de rádio, praticamente todos os dias eu dizia aos ouvintes a seguinte frase: – Se um advogado, antes de ingressar com um processo, disser para você “Isto é causa ganha!”, saia correndo do escritório dele, pois esta é a maior mentira que se pode contar na advocacia. Um processo só está ganho quando termina com efetiva decisão sobre a qual não cabe mais qualquer recurso. COMO DIZER A SEU CLIENTE QUE ELE GANHOU OU PERDEU UMA CAUSA “Quando informamos a alguém o direito de receber uma determinada quantia, a pessoa, feliz, começa mentalmente a gastar esse recurso.” 87Marketing Jurídico A verdade é sempre o melhor caminho. Muitas vezes, o advo- gado se preocupa em noticiar ao cliente a perda de uma causa. Na há por que existir este receio. O problema é inevitável. No entanto, pior do que a perda em si é o cliente descobri-la por conta própria. Pense de forma positiva: se você se comportou como um verdadeiro profissional durante todo o relacionamento com este cliente, deixando claro, antes de assinada a contratação, que seu papel não é uma atividade de resultados garantidos, mas, ao contrário, de risco e o manteve informado dos desdobramentos do processo em todas as suas fases, não há nada a ser temido. Você não deixará seu
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