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0 UUUNNNIIIVVVEEERRRSSSIIIDDDAAADDDEEE EEESSSTTTAAADDDUUUAAALLL DDDOOO OOOEEESSSTTTEEE DDDOOO PPPAAARRRAAANNNÁÁÁ CCCAAAMMMPPPUUUSSS DDDEEE TTTOOOLLLEEEDDDOOO ALINE ROSSA SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO TOLEDO 2011 1 ALINE ROSSA SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Ms. Carmen Pardo Salata. TOLEDO 2011 2 ALINE ROSSA SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Profª Orientadora: Ms Carmen Pardo Salata Universidade Estadual do Oeste do Paraná ___________________________________ Profª Universidade Estadual do Oeste do Paraná ___________________________________ Profª Universidade Estadual do Oeste do Paraná Toledo, Novembro de 2011. 3 Dedico este trabalho á minha família, meu pai Euclides, minha mãe Mari e minhas irmãs Jéssica e Gabriela. Também ao meu namorado Michel, minha orientadora professora Carmen, aos sujeitos de minha pesquisa e a todos que colaboraram para sua materialização. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me iluminado durante todo o processo de graduação e ter possibilitado a concretização deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A minha família, meu pai Euclides, minhas irmãs Jéssica e Gabriela e em especial, minha mãe Mari, que me apoiou e deu forças nos momentos em que pensei que a única alternativa fosse à desistência. É difícil expressar em palavras toda a gratidão que tenho por vocês. Talvez a melhor maneira de agradecê-los seja através de um canto intitulado É BOM TER FAMÍLIA: Como é bom ter a minha família, como é bom! Vale a pena vender tudo mais para poder comprar. Esse campo que esconde um tesouro, que é puro dom, é meu ouro, meu céu, minha paz, minha vida, meu lar. (Pe: Antônio Maria) Só tenho a dizer a vocês Muito Obrigada, eu os Amo. Ao meu namorado, que foi compreensivo e tolerante para comigo nos períodos de crise, me auxiliando sempre que possível. Obrigada por todas as vezes que estudou junto de mim, aqueles conteúdos “chatos” dos quais não entendia uma palavra. Por estar comigo em todos os momentos da minha vida, nas vitórias, conquistas, nas derrotas e obstáculos. Obrigada, Te Amo Muito. As minhas amigas: Andréia, Claudete, Fábia, Jéssica e Josiane. Nesses quatro anos de curso foram tantos os resumos que fazíamos juntas para estudar para as provas, conversas jogadas fora, momentos de diversão, de desabafos e orientações que levarei sempre comigo. Obrigada meninas por esses e tantos outros momentos de alegria e muitas vezes de angústia que compartilhamos e que me fizeram crescer na vida pessoal e profissional. A todos os meus colegas de classe. Todos vocês tem um lugar especial no meu coração. Jamais os esquecerei. A você Carmen Pardo Salata, que além de orientadora deste TCC, é minha amiga que me entendeu e auxiliou da melhor forma possível nos momentos de dificuldade e desespero na ânsia de concluir o presente Trabalho. Saiba que você contribuiu significativamente para minha formação, não apenas na elaboração deste TCC, mas em todo o processo de formação profissional. Foi difícil, mas conseguimos. Muito Obrigada. A todos os professores do curso de Serviço Social que, em maior ou menor grau fizeram parte da história e da concretização da minha graduação, alguns durante os quatro anos de curso, outros por um pequeno espaço de tempo. Jamais esquecerei de vocês que 5 diziam incansavelmente que a formação profissional em Serviço Social não se esgota na graduação, ser Assistente Social requer permanente aprimoramento intelectual. Muito Obrigada a todos. Estendo meus sinceros agradecimentos aos sujeitos de minha pesquisa, pela colaboração e o tempo que disponibilizaram para as entrevistas. Sem seus depoimentos não seria possível materializar este TCC. A todos que contribuíram para minha formação profissional, expresso aqui minha gratidão. Ressalto que este TCC é a primeira de muitas conquistas que ainda estão por vir enquanto profissional. 6 “[...] educadores e assistentes sociais são profissionais que compartilham desafios semelhantes, ambos têm na escola seu ponto de encontro. Dentro desses possíveis espaços de atuação profissional apresenta-se como ponto fundamental no contexto da profissão a dimensão educativa, procurando direcionar o processo de trabalho do assistente social através de ações interdisciplinares de orientação e informação, incentivando gestões participativas e contribuindo para a construção de novos sujeitos sociais.” (MICHELI KLAUBERG FAUSTINO). 7 ROSSA, Aline. Serviço Social na Educação. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus - Toledo, 2011. RESUMO A presente pesquisa tem como tema: Serviço Social na Educação. Como objetivo geral: Conhecer os limites e possibilidades da atuação profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo - Paraná. Os objetivos específicos são: 1- Contextualizar historicamente a atuação profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo – Paraná; 2- Caracterizar os recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis para a educação municipal de Toledo no ano de 2011; 3- Verificar as demandas postas para o Serviço Social na Secretaria Municipal da Educação do município de Toledo – Paraná no ano de 2011; 4- Identificar limitações e possibilidade da atuação profissional do assistente Social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo – Paraná, com base na Lei de Regulamentação da Profissão, Código de Ética Profissional do Assistente Social e Resolução CFESS. O problema da pesquisa é: Como se efetiva a prática profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo? Em relação a estrutura do trabalho estáassim dividida: 1. Introdução, 2. A inserção de assistentes sociais na educação, subitem 2.1: Atribuições específicas do Serviço Social na Educação pelo CFESS. O segundo capítulo trata do Serviço Social na Educação no município de Toledo, trazendo a caracterização do ambiente da pesquisa. 3. A prática profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo; 3.1. Projeto Escola de Pais; 3.2 Projeto Sexualidade nas Escolas; 3.3 Caracterização do Ambiente da Pesquisa; 3.3.1 A Secretaria Municipal da Educação (SMED); 3.3.2 Histórico do Centro de Atenção Psicossocial (Centrinho) ao atual Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação (NEPE); No terceiro capítulo apresenta-se os procedimentos metodológicos da pesquisa; 4.1 Contextualização histórica da prática profissional do assistente social na SMED Toledo; 4.1.2 Condições éticas e técnicas para o exercício profissional do assistente social: limites e possibilidades da SMED; 4.1.3 Recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis versus oferta e demanda dos serviços; 4.2 . Representação gráfica e análise dos dados coletados da pesquisa de campo. A pesquisa foi de natureza bibliográfica e documental e a coleta de dados realizada por meio da entrevista mediante roteiro, que foi aplicado com assistentes sociais que atuam ou já atuaram na SMED desde a sua criação. Palavras-chave: Atuação profissional, Educação, Serviço Social. 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Tempo de trabalho de assistentes sociais prestado na Secretaria Municipal da Educação de Toledo 38 Gráfico 2 - Receitas e despesas da educação municipal de Toledo para o ano de 2011 50 Gráfico 3- O Projeto ético-político profissional do Serviço Social: efetividade na área educacional 54 Gráfico 4 - Limites na atuação profissional 55 Gráfico 5 - Possibilidades na atuação profissional 56 Gráfico 6 - Existência de autonomia dos assistentes sociais na educação pública 57 Gráfico 7 - Demanda dos serviços sociais na educação municipal de Toledo 58 Gráfico 8 - Oferta dos serviços sociais na educação municipal de Toledo 58 Gráfico 9 - Disponibilidade dos recursos materiais 59 Gráfico 10 - Disponibilidade de recursos financeiros 60 Gráfico 11 - Disponibilidade de recursos humanos 60 Gráfico 12 - Existência de condições administrativas, éticas e técnicas para o exercício profissional do assistente social na SMED 61 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIDS – Síndrome de Deficiência Imunológica Adquirida BPC – Benefício de Prestação Continuada CAIC – Centro de Atenção Integral a Criança CBAS – Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais CENTRINHO – Centro de Atenção Psicossocial CEP – Comitê de Ética e Pesquisa CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CMEIs – Centros Municipais de Educação Infantil CRAS - Centro de Referência de Assistência Social CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social CRESS – Conselho Regional de Serviço Social DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente ENPESS – Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social ES – Espírito Santo IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Social LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social MEC – Ministério de Educação NEPE - Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação PDT – Partido Democrático Trabalhista PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PEC - Proposta de Emenda à Constituição PL – Projeto de Lei PLC – Projeto de Lei da Câmara PME – Plano Municipal de Educação PNE – Plano Nacional de Educação SMED – Secretaria Municipal da Educação TCC - Trabalho de Conclusão de Curso TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 2 A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO ....................................13 2.1 ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO PELO CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL - CFESS .................................................. 17 3 A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE TOLEDO .................................................................. 21 3.1 PROJETO ESCOLA DE PAIS..........................................................................................22 3.2 PROJETO SEXUALIDADE NAS ESCOLAS ................................................................. 24 3.3 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA PESQUISA ............................................... 26 3.3.1 A Secretaria Municipal da Educação (SMED) ............................................................... 29 3.3.2 Histórico do Centro de Atenção Psicossocial (Centrinho) ao atual Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação (NEPE) ............................................................................................... 30 4.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .......................................... 35 4.1CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SMED TOLEDO........................................................................38 4.1.1 Condições éticas e técnicas para o exercício profissional do assistente social: limites e possibilidades da SMED...........................................................................................................44 4.1.2Recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis versus oferta e demanda dos serviços sociais..........................................................................................................................49 4.2 Representações gráfica e análise dos dados coletados da pesquisa de campo....................54 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................62 REFERÊNCIAS......................................................................................................................64 APÊNDICES............................................................................................................................67 APÊNDICES A-Formulário de entrevista................................................................................68 APÊNDICES B-Termo de consentimento livre e esclarecido..................................................71 ANEXOS..................................................................................................................................73 ANEXO A-Quadro das escolas municipais de Toledo.............................................................74 ANEXO B-Quadro de identificação dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) 2011...........................................................................................................................................76ANEXO C-Orçamento 2011 - Aplicação dos recursos na política municipal de educação de Toledo.......................................................................................................................................78 ANEXO D-Quadro de recursos humanos disponíveis para a educação municipal de Toledo 2011...........................................................................................................................................81 ANEXO E-Relatório de aprovação do CEP.............................................................................83 11 1 INTRODUÇÃO O tema da pesquisa é: Serviço Social na Educação. Este tema se justifica pela experiência do Estágio Supervisionado em Serviço Social I e II realizado no Núcleo de Estudo e pesquisa em Educação (NEPE), junto à Secretaria Municipal da Educação de Toledo (SMED). Em se tratando da SMED de Toledo, a bibliografia e quantidade de material produzido sobre Serviço Social na Educação é escasso. Por isso, se deu a busca pela produção de novos conhecimentos que possibilitem instrumentalizar a atuação profissional do assistente social neste campo interventivo e dar maior visibilidade à sua atuação em equipes multiprofissionais. Pretende-se através deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dar visibilidade a atuação do Serviço Social, particularmente na política de educação para a comunidade escolar (diretores, professores, funcionários, famílias) para que estes adquiram conhecimento e compreendam a importância das competências e atribuições profissionais do assistente social no espaço educacional. O problema da pesquisa é: como se efetiva a prática profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo? Para dar respostas ao problema proposto foi definido como Objetivo geral: conhecer os limites e possibilidades da atuação profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo - Paraná. Os objetivos específicos são: 1 - Contextualizar historicamente a atuação profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo – Paraná; 2 - Caracterizar os recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis para a educação municipal de Toledo – Paraná no ano de 2011; 3 - Verificar as demandas postas para o Serviço Social na Secretaria da Educação do Município de Toledo – Paraná no ano de 2011; 4 - Identificar limitações e possibilidades da atuação profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo – Paraná, com base na Lei de Regulamentação da Profissão, Código de Ética Profissional do Assistente Social e Resolução CFESS. A pesquisa foi de natureza bibliográfica e documental e a coleta de dados foi realizada por meio da entrevista mediante roteiro, conforme apêndice A. As entrevistas foram aplicadas a sete1 profissionais assistentes sociais que atuam ou 1 Inicialmente seriam entrevistadas oito assistentes sociais para o presente trabalho, não havendo seleção de amostra entre as profissionais. Mas, uma das Assistentes Sociais não pôde participar da entrevista por motivos de saúde. 12 atuaram junto a SMED – Toledo no período de 1991 a 2011. A entrevista mediante roteiro permite um contato maior entre entrevistador e entrevistado, não se perdendo o foco do objetivo a ser atingido. Através da entrevista, podem ser verificadas algumas reações dos sujeitos da pesquisa, possibilitando uma contribuição na análise e interpretação dos dados. A fundamentação teórica deste trabalho teve como base alguns autores principais, dentre eles: Almeida (2003 e 2011), Souza (2005), Salata (2007) que contribuíram na contextualização histórica do Serviço Social na Educação. Quanto à estrutura do trabalho, está assim organizada: Capítulo 2 A inserção de assistentes sociais na Educação, subitem 2.1: Atribuições específicas do Serviço Social na Educação pelo Conselho Federal de Serviço Social – CFESS. Em relação ao segundo capítulo, trata especificamente do Serviço Social na Educação no município de Toledo, além de traçar um contexto geral do ambiente da pesquisa. Capítulo 3. A prática profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo; 3.1. Projeto Escola de Pais; 3.2 Projeto Sexualidade nas Escolas; 3.3 Caracterização do ambiente da pesquisa; 2.3.1 A Secretaria Municipal da Educação (SMED); 3.3.2 Histórico do Centro de Atenção Psicossocial (Centrinho) ao atual Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação (NEPE). No capítulo 4 Procedimentos metodológicos da pesquisa; 4.1 Contextualização histórica da prática profissional do assistente social na SMED Toledo; 4.1.2 Condições éticas e técnicas para o exercício profissional do assistente social: limites e possibilidades da SMED; 3.1.3 Recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis versus oferta e demanda dos serviços sociais. No capítulo 5. Análise gráfica dos dados coletados junto aos sujeitos da pesquisa para possibilitar a compreensão e visualização da totalidade dos dados obtidos. Neste TCC foi possível concluir com especial destaque a relevância social que tem o Serviço Social na área da Educação. Ainda quanto à necessidade do acompanhamento por parte do profissional assistente social junto às equipes multiprofissionais em processo de trabalho interdisciplinar, atendendo as expressões da “questão social” que se particularizam nesse campo. Observou-se que na área educacional existem entraves e possibilidades para o desenvolvimento do trabalho profissional, os quais são originados na relação entre os profissionais da equipe, bem como pelos recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis para a área da educação, em específico no município de Toledo. 13 2 A INSERÇÃO DE ASSISTENTES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO A presença do/a assistente social na área da educação 2 é anterior à década de 1930, originando-se nos processos sócio-históricos que constituíram a profissão Serviço Social. Mas foi a partir da década de 1990 que se realizou o adensamento da discussão sobre as políticas sociais 3 como um lócus de trabalho específico do Serviço Social. A partir daí, o amadurecimento do Projeto ético-político profissional 4 foi fundamental para o crescimento do espaço do Serviço Social na Educação e frente a essa nova realidade, é que a requisição desse profissional obteve uma considerável demanda. Em 2001, no 30º Encontro Nacional do Conselho Federal e Conselhos Regionais de Serviço Social é que se constituiu o primeiro grupo de estudos sobre o Serviço Social na Educação. Entre janeiro a setembro de 2011, o trabalho do conjunto CFESS/CRESS produziu um relatório 5 específico a partir de uma pesquisa nacional junto aos assistentes sociais inseridos no campo educacional, estando sob a responsabilidade e coordenação dos CRESS, os grupos de estudos a respeito desta área de trabalho. 2 Conforme o artigo 205 da Constituição Federal de 1988: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Para Gadotti (1983), a educação é considerada, um processo cultural, que faz parte do conteúdo global da sociedade. É uma prática social em intensa relação com o contexto sócial-político-econômico, e somente a partir deste, pode ser interpretada, uma vez que é ali que ela obtém seu significado e tornam-se inteligíveis suas finalidades e métodos,por ser um fenômeno intimamente ligado às situações histórico-culturais. A educação deve ser compreendida como um processo político, exatamente por traduzirem objetivos e interesses de grupo social economicamente diferente”. 3 De acordo com Vieira (1992, p.19), a política social aparece no capitalismo construída a partir das mobilizações operárias sucedidas ao longo das primeiras revoluções industriais na Inglaterra, a partir de 1848. A política social compreendida com estratégia governamental de intervenção nas relações sociais, unicamente pôde existir com o surgimento de movimentos populares do século XIX. E para Behring (2006, p.37), “ [...] pelo ângulo político, as políticas sociais são vistas como mecanismos de cooptação e legitimação da ordem capitalista[...]” 4 Trata-se de uma projeção coletiva que envolve sujeitos individuais e coletivos em torno de uma determinada valoração ética que está intimamente vinculada a determinados projetos societários presentes na sociedade que se relacionam com os diversos projetos coletivos (profissionais ou não) em disputa na mesma sociedade. 5 Mapear as experiências e práticas profissionais existentes e promover a reflexão sobre o Serviço Social na Educação, visando possibilitar a qualificação da inserção profissional nesta política; Apresentar produções teóricas sobre a Política Social de Educação e sobre as particularidades da inserção do Serviço Social nesta política que subsidiem a pesquisa e o trabalho profissional na área: apresentações de trabalho no ENPESS, CBAS, publicações na revista “Serviço Social e Sociedade” e outras revistas acadêmicas vinculadas ao debate da profissão, dissertações, teses e livros publicados; Apresentar orientação para a proposição de projetos de Lei sobre a inserção do Serviço Social na Educação; Contribuir para a intensificação da luta pela Educação como direito social e a consolidação do Serviço Social nesta Política Pública, a partir da participação em Conferências, Conselhos de Educação e Conselhos da Criança e do Adolescente e articulação com os Conselhos profissionais, sindicatos, executivo, legislativo, Ministério Público e outras forças políticas; Apontar as reflexões teóricas e políticas que permearam a constituição e história do Grupo de Trabalho do Conjunto CFESS/CRESS sobre o Serviço Social na Educação. (CFESS/CRESS – setembro de 2011) 14 Particularmente para este trabalho, foi realizada uma pesquisa com base na atuação de assistentes sociais na Educação municipal de Toledo entre os anos de 1991 a 2011 para, conhecer os limites e possibilidades da atuação profissional do assistente social na Secretaria Municipal da Educação de Toledo – Paraná. Este é, portanto o objetivo deste trabalho. Para isso buscou-se em Almeida (2003 e 2011), o embasamento teórico para a discussão deste tópico. Conforme o autor, nos últimos anos se intensificaram os encontros e demandas para discutir a inserção do assistente social no campo educacional. O interesse pela inserção do profissional na Educação não é exclusivamente deste, mas, também, das Secretarias Municipais de Educação, professores dos diversos níveis de ensino, Conselhos Regionais de Serviço Social e os acadêmicos de graduação deste campo de atuação. A necessidade de inserção do assistente social no campo educacional se coloca na última década como foco de rediscussão: [...] Caudatária dos avanços e acúmulos teóricos da profissão nas discussões em torno das políticas sociais como lócus privilegiado da ação profissional, assim como da própria organização política da categoria e das estratégias de articulação aos movimentos sociais que atuam na construção de um novo projeto societário, onde a luta pela conquista da cidadania se tornou um componente fundamental para sua unidade. (ALMEIDA, 2003) 6 . Ainda, conforme Almeida (2003) em sua palestra proferida no I Encontro de Assistentes Sociais na área da Educação em 28 de março do mesmo ano em Belo Horizonte, o campo de atuação do assistente social que abrange as políticas sociais passa a ser foco de interesse teórico e político deste profissional. Assim, as possibilidades de atuação do Serviço Social no campo educacional é mediado por movimentos inerentes às relações políticas e institucionais, travadas pela categoria profissional enquanto sujeito coletivo na própria dinâmica social. As contradições existentes na relação público-privado colocam a necessidade de inserção do assistente social na política educacional, este terá a possibilidade de garantir o direito a educação para a cidadania, que vá para além do cotidiano, das ações repetitivas e impensadas, que se caracterize como uma educação transformadora das relações e da dinâmica posta. De modo que o aluno se reconheça como sujeito escritor e construtor de sua própria história diante da educação recebida. Além disso, sendo a educação um direito 6 ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira de. Serviço Social e política educacional: um breve balanço dos avanços e desafios desta relação. Palestra apresentada no 1° Encontro de Assistentes Sociais na Área da Educação. Belo Horizonte, 2003. 15 garantido em lei, esta deve ser ofertada pela esfera pública, e com qualidade, o que deve ser motivo de luta da categoria profissional dos assistentes sociais e da sociedade como um todo. Cabe reforçar o comentário acima, à luz de Ney Almeida, (2011, p.26) 7 , conforme o autor as desigualdades sociais é o que vem dificultando o acesso a educação em nosso país, deixando de ser uma “política efetivamente pública”. Outros autores dão sua contribuição, como Souza (2005), que afirma que, o assistente social tem na realidade social o foco de suas ações as quais variam de acordo com as múltiplas representações e linguagens. Neste sentido, o profissional possui competências dispostas em seu Código de Ética - (CFESS Resolução 273/93) para planejar, propor, elaborar e executar projetos sociais em defesa do respeito à diversidade, fortalecimento da cidadania e democracia. O assistente social se fortalece no campo da educação por atuar em um espaço onde a diversidade humana, cultural e econômica estão presentes, as relações interpessoais estão em constante processo de ruptura e aliança, a competição, o individualismo, a dualidade de poderes reclamam ações que transformem o ser humano enquanto autor e ator de uma história com posturas éticas. Apesar de a educação escolar ainda não ser um campo fértil de trabalho dos assistentes sociais são as próprias alterações processadas no mundo educacional, da informação e da tecnologia que demandam a sua inserção em articulação com os demais profissionais. (SOUZA, 2005, p. 38-39). Neste sentido, verifica-se que o assistente social é requisitado para atuar na política educacional devido à dinâmica social posta pelo capitalismo (mudanças trabalhistas e culturais) e não unicamente pelo desejo da categoria profissional em conquistar novos espaços de trabalho. E, retornando a Almeida (2003), além das mudanças do mundo do trabalho e culturais que deflagram rebatimentos significativos na política educacional, também outros fenômenos são alvos de preocupações em especial dos assistentes sociais. Por isso, tem aumentado a presença desses profissionais na política educacional, como ressalta este autor: O primeiro fenômeno relaciona-se a uma tendência no campo das políticas governamentais voltadas para o enfrentamento da pobreza e para a garantia de uma renda mínima que tomam a inserção e a participação no ensino regular das criançasdas famílias atendidas. [...] O que tenho observado é que a própria diversificação e ampliação dos programas e projetos sociais sejam eles de corte municipal, estadual ou federal, voltados para o enfrentamento da pobreza acabam reforçando esta tendência e criando vínculos institucionais entre as diversas secretarias e instâncias as quais se subordinam com a rede de ensino fundamental por todo o país. (ALMEIDA, 2003). 7 ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira de. Apontamentos sobre a política de educação no Brasil hoje e a inserção dos assistentes sociais. In: CAMPOS, Edival Bernardino et al. Subsídios para o debate sobre Serviço Social na educação.: Brasília: CFESS/CRESS, jun. 2011a, p.12-27. 16 O assistente social enquanto profissional inserido na política de educação tem a possibilidade de garantir o acesso aos direitos de crianças e famílias em vulnerabilidade social, desde que atendidas as condicionalidades exigidas para recebimento dos benefícios sociais. Um segundo fenômeno que exige a presença cada vez maior dos profissionais de Serviço Social na Educação de acordo com Almeida (2003), se relaciona às manifestações da “questão social” 8 que se apresentam no cotidiano escolar e neste sentido colocam a necessidade de dialogo e aproximação do professor com as demais áreas profissionais e serviços sociais como estratégias de enfrentamento das problemáticas que se manifestam no cotidiano escolar. [...] A escola pública e, mesmo, a particular, na esfera do ensino fundamental, se vê atravessada, hoje, por uma série de fenômenos que, mesmo não sendo novos ou estranhos ao universo da educação escolarizada, hoje se manifestam de forma muito mais intensa e complexa: a juventude e seus processos de afirmação e reconhecimento enquanto categoria social, exacerbadamente, mediado pelo consumo; a ampliação das modalidades e a precoce utilização das drogas pelos alunos; a invasão da cultura e da força do narcotráfico; a pulverização das estratégias de sobrevivência das famílias nos programas sociais; a perda de atrativo social da escola como possibilidade de ascensão social e econômica; a desprofissionalização da assistência no campo educacional com a expansão do voluntariado; a gravidez na adolescência tomando o formato de problema de saúde pública e a precarização das condições de trabalho docentes são algumas das muitas expressões da questão social. (ALMEIDA, 200-?, p.4-5) 9 . A atuação do assistente social em qualquer área de intervenção profissional tem como objeto as expressões da “questão social”, as quais estão se apresentando cada vez mais complexas devido às transformações oriundas do modo de produção capitalista e que exigem articulação profissional com as diversas áreas do saber. Mas para Almeida, “[...] a complexificação da “questão social” tem sido acompanhada da fragmentação de uma de suas principais estratégias de enfrentamento: as políticas sociais”. (ALMEIDA, 2003). As políticas sociais nos moldes capitalistas se apresentam fragmentadas, ou seja, a interlocução entre elas (saúde, educação, assistência social) é mínima, o que dificulta uma intervenção de totalidade com vistas à ampliação dos direitos sociais e transformação da 8Segundo Netto (2001, p, 42), a expressão “questão social”, surge como denominação do fenômeno do pauperismo da população trabalhadora na Europa Ocidental que vivia os impactos da Revolução Industrial que teve início na Inglaterra por volta do século XVIII. Netto afirma, que pela primeira vez na história registrada, a medida que aumentava a capacidade social de produzir riquezas, crescia a pobreza, tornando-se claro para os observadores da época, independente de sua posição ídeo - política, que tratava-se de um novo fenômeno. 9 ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira de. A educação como direito social e a inserção dos assistentes sociais em estabelecimentos educacionais. In: QUINTÃO, André. O Serviço Social e a política pública de educação. Belo Horizonte,[200?].Disponívelem:<http://docentes.ismt.pt/~eduardo/supervisao_estagio/documents/13_ServicoSoc ialnaEducacao.pdf> Acesso em: 12 de abr. 2011. . 17 realidade social. Voltando a Almeida (2003), “existem nítidos sinais de estrangulamento e redimensionamento deste relacionamento indicando novos espaços ocupacionais, assim como novas dinâmicas interinstitucionais estão sendo forjadas à nova realidade social.” Para o autor, os espaços educacionais demandam “novos aportes sociais e profissionais” para desenvolver seu trabalho. Assim, “[...] as instituições e os profissionais da rede de proteção social passam a formular projetos e ações exclusivamente dirigidas para as escolas” (ALMEIDA, 2003). Vale ressaltar que, para que o trabalho profissional do assistente social ganhe visibilidade, particularmente na política de educação, é necessário que este envolva em sua execução a capacidade crítica, criativa e propositiva. Assim, poderá propor, elaborar, implementar e executar programas e projetos que visem o enfrentamento das expressões da “questão social”. A atuação do profissional na referida área requer além do enfrentamento das problemáticas postas, é preciso que este também se antecipe aos encaminhamentos e, neste sentido realize um trabalho de prevenção para que determinadas situações não se apresentem. Certamente as ações profissionais não trarão resultados imediatos no sentido de transformar a realidade, mas por meio da cooperação e articulação entre os profissionais e políticas sociais será possível. Após conhecer e analisar realidade social até modificar ou transformar a vida de alunos e famílias demanda um longo espaço de tempo, já que exige conhecimentos, habilidades e competência técnica de assistentes sociais. 2.1 ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO PELO CONSELHO FEDERAL DE SEVIÇO SOCIAL - CFESS A inserção do profissional assistente social na política de educação é também tratada pelo Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) - em seu livro intitulado “O Serviço Social na Educação” (2001). De acordo com este órgão de defesa e fiscalização da profissão o assistente social na área educacional pode atuar na: Pesquisa de natureza sócio–econômica e familiar para a caracterização da população escolar; Elaboração e execução de programas de orientação sócio familiar visando prevenir a evasão escolar e melhorar o desempenho e rendimento do aluno e sua formação para o exercício de cidadania; Participação em equipe, da elaboração de programas que visem prevenir a violência, o uso de drogas e o alcoolismo, bem como que visem prestar esclarecimentos e informações sobre doenças infecto-contagiosa e demais questões de saúde pública; Articulação com instituições públicas, privadas, assistenciais e organizações comunitárias locais, com vistas ao encaminhamento de pais e alunos para 18 atendimento de suas necessidades; Realização de visitas sociais com o objetivo de ampliar o conhecimento acerca da realidade sócio-familiar do aluno, de forma a possibilitar assisti-lo e encaminhá-lo adequadamente; Elaboração e desenvolvimento de programas específicos nas escolas onde existam classes especiais; empreender e executar as demais atividades pertinentes ao Serviço Social, previstas pelos artigos 4º e 5º da Lei 8662/93, segundo Parecer Jurídico 23/00 de vinte e dois de outubro de 2000, do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 2001, p.13). É necessário que o assistente social inserido no espaço educacional ou escolar,conheça a dinâmica da instituição, dos alunos e das famílias para os quais é solicitado a prestar atendimento. Pois, só conhecendo a totalidade das relações sociais que envolvem o aluno será possível intervir na realidade de forma a transformá-la. Para uma atuação profissional mais abrangente é preciso que o assistente social mantenha interlocução com as demais políticas setoriais. Deste modo, o profissional pode fazer encaminhamentos quando for necessário, para que alunos e famílias tenham acesso aos direitos sociais que por vezes desconhecem. A partir das atribuições reconhecidas pelo CFESS, o assistente social inserido na política de educação não deve deixar de se embasar em seu Código de Ética Profissional e realizar a prática de acordo com os princípios 10 nele dispostos. Os assistentes sociais têm como objeto de intervenção em sua atuação profissional as mais variadas expressões da “questão social”, e trabalham no sentido de esclarecer a população no que diz respeito ao usufruto dos direitos sociais, proporcionando mediações de acesso aos mesmos. Para atender a demanda que se manifesta no cotidiano profissional, o assistente social formula propostas, programas e projetos de intervenção para minimizar os conflitos sociais existentes. O Código de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da 10 “Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras; Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; Posicionamento em favor da eqüidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática; Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual; Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação exploração de classe, etnia e gênero; Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores; Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física”. (CFESS, 1993). 19 Profissão e o Projeto ético-político determinam uma direção à atuação profissional. Retornando especificamente para a política de educação enquanto espaço de atuação do Serviço Social, para Salata (2007), a maior fonte empregadora pública de assistentes sociais no campo educacional tem sido as creches municipais, com uma recente abertura das Secretarias Estaduais de Educação. É nesse espaço que se encontra a adoção do Programa Bolsa Família que viabiliza vários benefícios sociais para famílias em situação de pobreza, desde que seus filhos tenham frequência no ensino fundamental. As demandas por assistentes sociais na perspectiva profissional têm se ampliado e o Serviço Social na Educação está sendo estruturado com maior legitimidade também nas Secretarias Municipais de Educação, atuando junto a outros profissionais em equipes multidisciplinares. Outra autora que trás sua contribuição para o Serviço Social na Educação, ressaltando a função sócio-educativa do trabalho do assistente social nesta área interventiva é Marilda Iamamoto, segundo seu entendimento, o assistente social têm funções de intelectual e de um educador político que o caracteriza como um profissional da coerção e do consenso. Assim, sua atuação se dá em organizações públicas e privadas dos quadros dominantes da sociedade. E o assistente social através da prestação de serviços sociais exerce uma ação "educativa" e "organizativa" das classes trabalhadoras. Os autores trabalhados até o momento mencionam a necessidade cada vez maior da inserção profissional do assistente social na política de educação e a importância deste profissional realizar seu trabalho interagindo com os demais profissionais de áreas diversas, (pedagogos, psicólogos), que atuam na equipe multidisciplinar. O assistente social deve também manter articulação com as demais políticas setoriais para a garantia efetiva dos direitos sociais de alunos e de suas famílias. Interpretando Souza (2005), a educação escolar ainda não se constitui em um campo legitimado da atuação do assistente social, porém, as alterações processadas na área da educação com alterações da tecnologia e da informação demandam um trabalho articulado de equipes multidisciplinares e com capacidade ética para tornar o aluno autor e sujeito de sua própria história. A necessidade de se “criar vínculos institucionais e com as diversas Secretarias” é também mencionada por Almeida (2003), como forma de minimizar as conseqüências causadas pelas expressões da “questão social” na vida de crianças e famílias. Mas, para o mesmo autor, está se perdendo a articulação entre as políticas sociais setoriais (educação, assistência e saúde) o que aumenta a demanda por um profissional capaz de restabelecer essas relações. É importante ressaltar ainda a visão apresentada pelo CFESS (2001), com relação às 20 atribuições profissionais do assistente social na educação. Como os demais autores, menciona a importância de o profissional conhecer o contexto que envolve os educandos e posteriormente, “elaborar e executar programas de orientação sócio-familiar”. Além de realizar trabalho multidisciplinar para prevenir manifestações da “questão social”, tais como: “violência, uso de drogas e alcoolismo, evasão escolar, entre outras”. O que pode se destacar como ponto positivo e que diverge dos outros autores, é que o CFESS, aponta para a importância e necessidade do profissional ter como base para nortear suas ações o Código de Ética Profissional dos assistentes sociais, além do Parecer Jurídico 23/00 específico para a prática do profissional na política de educação. Atualmente o conjunto CFESS/CRESS está aprofundando a luta política para o avanço de mais espaço de trabalho na área da educação. Na realidade há um movimento profissional em torno do Serviço Social nessa área iniciado em 2000. Nesse âmbito há projetos de lei encaminhados pelo CFESS desde 2000, ou seja, PL 3688/2000 (transformado em PLC 060/2007 no Senado), PEC 13/2007, PL 6478/2009 e PL 6874/2010 o PL 6874/2010. Propõe a alteração da LDB para garantir a criação de um núcleo psicossocial, formado por assistente social e psicólogo nas escolas públicas de ensino fundamental para atendimento às vítimas de violência doméstica, maus tratos e dependência química e foi apresentado na Câmara dos deputados em março de 2010 pela deputada Sueli Vidigal (PDT/ES). Finalmente em 7/4/2011, o PL 060/2011 está recebendo nova designação pelo novo relator quanto à obrigatoriedade dos serviços de psicologia e Serviço Social na própriarede pública de educação básica. Assim, pela morosidade do processo formal-legal, a categoria profissional dos assistentes sociais aguarda que o senado federal aprove finalmente. Neste sentido, o trabalho dos assistentes sociais na educação aguarda o reconhecimento legal. 21 3. A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE TOLEDO No capítulo anterior foi apresentada a atuação profissional do assistente social num contexto geral. A partir deste capítulo, passaremos a uma abordagem particularizada da sua atuação no município de Toledo, com enfoque na SMED-NEPE. Atualmente a assistente social vinculada a SMED que atua no NEPE, juntamente com a equipe multidisciplinar que o compõe atende a demanda de tinta e cinco escolas mmunicipais relacionadas em anexo A. Além das trinta e cinco escolas, a equipe multidisciplinar da SMED através do NEPE presta atendimento a vinte e dois Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), também vinculado à SMED. A relação dos CMEIs de Toledo com os respectivos nomes estão dispostos em anexo B. De acordo com a assistente social da SMED de Toledo que atua no NEPE, as atribuições do assistente social neste espaço profissional são: atendimento individualizado para família, a criança, o professor, o coordenador, o diretor das escolas e o psicopedagogo; capacitações; desenvolvimento e execução de projetos, palestras; elaboração de cartilhas e revistas para realização do trabalho de assistentes sociais; participação nos conselhos de direitos como: Assistência Social, Criança e Adolescentes, Antidrogas, Comissões do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e Benefício da prestação Continuada (BPC) na escola. Além das atribuições dispostas acima, a assistente social realiza ainda: “Treinamento avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social” (Inciso VI, art.5º - Lei – 8662/93. Sendo responsável também por: “Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social” (inciso I, art.5º - Lei– 8662/93). Em sua atuação profissional, a assistente social da SMED – NEPE busca embasamento no Código de Ética Profissional do assistente social vigente desde 1993, além de legislações tais como: Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9394/96), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8069/90 com alterações em 2010). Ainda, Lei 8742/93 – Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) para realizar os atendimentos e encaminhamentos dos usuários. Nas escolas municipais e CMEIs, são realizadas visitas institucionais para atendimento de crianças e famílias de acordo com as solicitações do psicólogo, coordenação ou direção das instituições de ensino. As expressões da “questão social” que mais se 22 apresentam no cotidiano escolar são: violência física, violência psicológica, violência sexual e negligência em sua maioria originária da família. Além do atendimento realizado nos CMEIs, o assistente social e a equipe multidisciplinar da SMED desenvolvem alguns programas e projetos os quais são ofertados visando prevenir as expressões manifestadas pela “questão social”. Os programas e projetos de maior destaque para o Serviço Social são: o Projeto Escola de Pais e o Projeto Sobre Sexualidade, os quais abrangem a totalidade das escolas e CMEIs do município. 3.1 PROJETO ESCOLA DE PAIS Desde o ano de 2010 vem sendo desenvolvido pelos profissionais da SMED o Projeto Escola de Pais. Este é um projeto criado pelas assistentes sociais Inês Terezinha Pastório e Íres Damian Scuzziato, mas, conta com a colaboração de todos os profissionais envolvidos no NEPE dentre eles, além da assistente social, pedagogas com especialização em psicopedagogia, psicólogas e fonoaudióloga. A Escola de Pais tem por objetivo: “[...] integrar a escola, a família e a comunidade, oportunizar discussões e instrumentos para pais e educadores que auxiliem o processo do educar fortalecendo o vínculo família e escola.” (REVISTA ESCOLA DE PAIS, 2009, p.2). A Escola de Pais se constitui em um espaço aberto e permanente de reflexão. A efetivação deste projeto dependerá do desejo e do esforço individual e coletivo. Conforme a mesma revista, a proposta da Escola de Pais vem de encontro com a proposta do Ministério de Educação (MEC) de mobilização social pela educação visando aproximar a família do espaço escolar para uma educação de qualidade. A demanda deste projeto se deu em razão da necessidade de se atender as famílias, considerando as transformações sociais e culturais na última década. A responsabilidade de educar está se tornando cada vez mais difícil e se tem a impressão de que os pais perderam a autoridade sobre seus filhos. Não conseguem impor limites e não há respeito no relacionamento. A finalidade da Escola de Pais é a de orientar e oferecer subsídios aos pais e responsáveis na atividade de educar, oportunizando o relacionamento entre pais e filhos, procurando conscientizá-los de sua responsabilidade e do seu papel específico. O projeto prevê o envolvimento da comunidade escolar em temas de interesse dos alunos e da escola. Neste ano serão trabalhados seis temas com os pais das tinta e cinco escolas municipais de Toledo e incluída uma programação específica para os 23 pais dos vinte e dois Centros de Educação Infantil (CMEIs). 11 Conforme a revista Escola de Pais (2009, p.4), a palestra de abertura da Escola de Pais foi ofertada no dia 14 de maio 2009, no Centro Cultural Ondy Hèlio Nyederauer tendo como palestrante a assistente social Dilce Claudino da Silva Lisowiski Atualmente (ano de 2011), conforme disposto no site oficial do município de Toledo, as oficinas ofertadas pelo Projeto Escola de Pais nas escolas, abordam as seguintes temáticas: Violência contra criança e adolescente embasado no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA; Influência da mídia e da internet no comportamento da criança; A importância da alimentação saudável no desempenho escolar; A importância dos pais no desenvolvimento da criança; Drogas: uma preocupação dos pais e escola; Bullying: consequências para o desenvolvimento da criança. (TORRES, 2011) Com os pais dos CMEIs, as temáticas tratadas serão diferentes: “Serão abordadas questões relacionadas à psicomotricidade, negligência e as suas conseqüências no desenvolvimento infantil, alimentação saudável e desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida.” (TORRES, 2011) No ano de 2010, os pais dos alunos dos CMEIs eram convidados a participar das Oficinas na Escola mais próxima. Já em 2011, as atividades relacionadas à Escola de Pais tiveram início na Escola Ivo Welter e terão continuidade no decorrer do ano, abrangendo as tinta e cinco escolas municipais e vinte e dois CMEIs. O projeto Escola de Pais visa uma maior integração entre os pais, a escola e a creche. Dessa forma os pais têm a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento dos filhos no processo de aprendizagem e conhecerem as problemáticas postas no cotidiano escolar que necessitam serem encaminhadas e/ou tratadas. A cada semana, a equipe multidisciplinar da SMED visita uma escola ou creche para apresentar e debater uma ou mais das temáticas propostas de acordo com a demanda das escolas e CMEIs. “A equipe também se dispõe a discutir temáticas diferenciadas de acordo com as necessidades que se apresentam no cotidiano das instituições de ensino. Conforme a assistente social coordenadora do Projeto, “a experiência apresentou bons resultados com uma participação ativados pais entre 2010-2011”. 11 TORRES, Eliane Cargnelutti. Escola de Pais. Portal Municipal. Disponível em: < http://www.toledo.pr.gov.br/?q=noticia/palestra-na-ivo-welter-marca-inicio-da-programacao-de-2011-da-escola- de-pais >. Acesso em: 14 de maio 2011. 24 3.2 PROJETO SEXUALIDADE NAS ESCOLAS De acordo com Cimarostti, Linhares, Pastório, Scuzziato ( 2009), as questões que envolvem a sexualidade são alvo de tabus e preconceitos por parte da sociedade. Como conseqüência, na escola esse preconceito também se manifesta por ser tradicionalmente conservadora, verifica-se em seus discursos preconceitos, pudores e temores. Já que estamos inseridos em uma sociedade que mascara o assunto utilizando apenas a informação, quando o que se faz necessário é a orientação. Orientar significa mostrar um caminho que leve a um determinado objetivo. Para Cimarostti, et al. 2009, apesar de a temática sexualidade ser de suma importância para a construção do sujeito, este tema passa a ser muitas vezes excluído das discussões do cotidiano escolar. Porém, este assunto deve ser tratado em conjunto com as disciplinas tradicionalmente conhecidas, já que a escola não pode criar uma disciplina especifica para discutir sexualidade. Tratar da sexualidade não é uma tarefa fácil, pois a ação pedagógica deve respeitar o limite e não invadir a intimidade do aluno. Devem ser fornecidas orientações com o objetivo de identificar através do posicionamento do aluno, o seu comportamento e as identidades sexuais. Dessa forma, a educação sexual fornecida pela escola passa a ser uma ação complementar na educação familiar, possibilitando o auxilio na orientação sobre este tema. Sexo nas instituições escolares é assunto proibido. Conforme Cimarostti, et al. 2009, as várias questões que envolvem a sexualidade: o conhecimento do corpo, a curiosidade sobre gravidez precoce, o erotismo, o uso de métodos anticoncepcionais, são reprimidos e silenciados. Para responder às suas inquietações os alunos buscam “lugares” reservados para mergulhar no campo da sexualidade, de forma que as instituições, tais como, a escola e a família, não possam saber o que está sendo discutido pelos mesmos. Quando a escola discute sexualidade, muitas vezes é vista como incentivadora do sexo ou de pornografias. Ao trabalhar o tema no ambiente escolar a família logo se manifesta muitas vezes rejeitando as discussões e a interferência escolar e familiar no desenvolvimento sexual das crianças, e esse fato acaba por provocar um sentimento de aversão por parte dos educadores e da escola. Como a escola trás pouca ou nenhuma discussão referente à sexualidade, os alunos buscam informações sobre o assunto na internet, onde dificilmente encontramos algo que oriente as crianças de forma correta. 25 “Considerando que a família é a base na qual os sujeitos recebem as primeiras informações sobre a sexualidade é a partir dela homens e mulheres passam a construir socialmente as suas identidades sexuais”. (CIMAROSTTI, et al. 2009). Na família é que surgem as bases das atitudes sexuais, e que as contradições acontecem de forma mais intensa, tornando-se formadora das primeiras experiências referentes à sexualidade da criança. Por isso, os discursos promovidos na escola passam a incomodar os pais, que em sua maioria, entendem a sexualidade como algo que não deve ser discutido, pois a compreendem como um assunto que não deve ser refletido no contexto escolar, mas pela própria família. Porém, não é o que acontece, pois a maioria dos núcleos familiares não se sente a vontade, não têm conhecimento para conduzir tais assuntos dentro de seus lares. Portanto, a educação sexual deve ser desenvolvida em um processo educativo positivo, de valorização humana, com uma intervenção pedagógica adequada que possibilite à criança compreender a sua sexualidade através das mais diversas formas de aprendizagem. Este projeto tem como objetivo geral: “Instrumentalizar educadores e pais ou responsáveis a respeito do desenvolvimento da sexualidade da criança.” E seus objetivos específicos são: Levar o educador a refletir a respeito de seus conceitos sobre o tema sexualidade; Fornecer à instituição escolar subsídios a respeito da orientação sexual para o educando; Orientar o educador responsável de sua escola para que dissemine tais saberes e conhecimentos para todos os profissionais da escola bem como pais, responsáveis e comunidade; Desenvolver temas que tragam aos professores subsídios sobre sexualidade, possibilitando-os desenvolver a oficina; Conhecer e compreender as fases de desenvolvimento da criança (fases da sexualidade); Promover o envolvimento da comunidade escolar, para que todos possam contribuir para o desenvolvimento deste projeto; Trabalhar conceitos tais como: sexo e sexualidade, gênero, métodos contraceptivos, DST, outros. Conhecer a anatomia do corpo humano para melhor trabalhar com os educandos; Orientar para a prevenção das DSTs/AIDS; Trabalhar com o educador sinais e atitudes que possibilitem ao mesmo a percepção em relação à criança que esteja sofrendo abuso sexual; Orientar a criança a fim de que esta possa proteger-se de relacionamentos sexuais coercitivos e exploradores; Reconhecer como determinações culturais, as características socialmente atribuídas ao masculino e feminino, posicionando-se contra discriminações a eles associadas. (CIMAROSTTI, et al. 2009). A metodologia do projeto compreende a realização de oficinas nas quais são 26 desenvolvidas atividades como: elaboração de materiais didáticos, confecção de materiais, leituras e discussões sobre temáticas específicas de sexualidade e suas diferentes realidades. O público preferencial para participar são: um educador indicado pela instituição escolar – ensino fundamental; um educador indicado pelo CMEI – Educação Infantil; de preferência que tenha carga horária de 40 horas. O projeto abrange as escolas públicas municipais e CMEIs de Toledo - PR. 3.3 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DA PESQUISA O ambiente escolhido para realizar a pesquisa e concretizar este TCC, foi a SMED/NEPE localizada no município de Toledo – PR. Neste sentido é pertinente fazer uma breve contextualização histórica do Município de Toledo, situar dados atuais de 2011 e para em seguida falar sobre a SMED – Toledo e o NEPE. De acordo com o Plano Municipal de Educação de Toledo 12 , (Lei nº 2.004/2009 p. 23-24), a Fazenda Britânia era uma grande extensão de terra pertencente aos ingleses que necessitou ser vendida devido às grandes dificuldades políticas e econômicas geradas pela passagem da coluna prestes em 1924. Assim houve a revenda das terras para um grupo de pessoas ligadas ao comercio atacadista gaúcho, que introduziu a Indústria Madeireira Colonizadora Rio Paraná S/A – MARIPÁ, com o objetivo de transformar o grande latifúndio em pequenas propriedades de dez alqueires. Colonizando a região com o objetivo de explorar as riquezas naturais ali existentes principalmente a madeira. Foi neste período que a área da Fazenda Britânia foi efetivamente povoada. Os primeiros diretores da colonizadora Maripá foram: Alfredo Paschoal Ruaro, diretor-gerente; e os diretores comerciais Egon Werner Bercht, encarregado da representação política da empresa e representação comercial para venda de madeiras no exterior e Julio Gertum de Azevedo Bastian, engenheiro civil responsável pela organização das medições das subdivisões das terras. Impossibilitado de residir em Toledo, Alfredo Paschoal Ruaro delegou a tarefa ao seu irmão ZulmiroAntônio Ruaro, que veio a Toledo comandando o primeiro caminhão com 14 trabalhadores, que chegaram às margens do Arroio Toledo em 27 de março de 1946. (PASTÓRIO;SALVADOR, 2009, p. 24). Em virtude de doença o diretor-geral Alfredo Paschoal Ruaro deixa o cargo, sendo substituído por Zulmiro Antônio Ruaro, que administrou os serviços por três anos. Em 25 de 12 PASTÓRIO, Inês Terezinha; SALVADOR, Janice Aparecida de Souza (Coord.). Plano municipal de educação: Lei nº 2004/2009. 1º Readequação do Plano Municipal de Educação Toledo: Secretaria Municipal da Educação, 2009. 275 p. Quando no texto aparecer a referência do Plano Municipal de Educação ou Pastório e Salvador, refere-se ao mesmo documento. 27 março de 1949, ocorreu a Assembléia Geral da Maripá que elegeu como novo diretor gerente Willy Barth. Anos mais tarde, o Conselho Municipal de Cultura de Toledo como consequência de vários estudos realizados, deliberou considerar Fundador de Toledo, o pioneiro Zulmiro Antonio Ruaro, desbravador que enfrentou os primeiros e mais difíceis anos da implantação da colonizadora, a construção da cidade, as primeiras estradas, as primeiras exportações e início efetivo da colonização. (PASTÓRIO; SALVADOR, 2009, p. 25). O município teve como seus primeiros moradores trabalhadores que vieram com finalidade de trabalhar na fazenda Colonizadora MARIPÁ. Segundo Pastório e Salvador(2009), a chegada desses trabalhadores ao Arroio Toledo se deu no “dia 27 de março de 1946”, data que se comemora a fundação da cidade que passou a ser chamada de Toledo. O nome Toledo provém do Arroio Toledo, um rio que atravessa a cidade. Segundo relato dos pioneiros, este rio recebeu o nome de Toledo muitos anos antes da colonização do município, quando haviam pousos instalados na região para extração da erva-mate, um destes pousos, localizado a beira do rio, era administrado por um senhor chamado Toledo, que deu origem a este nome. Não se pretendia naquela época criar uma cidade, mas os trabalhadores da Colonizadora MARIPÁ/AS formaram próximo ao Arroio Toledo um povoado que não era sequer distrito. Começaram a se instalar no local paraguaios e poloneses vindos de São João, próximo a Cascavel estes vieram em busca de trabalho e constituíram mão-de-obra indispensável para a Colonizadora. A Colonizadora fez então a planta de uma pequena vila logo a Oeste da margem direita do Arroio Toledo. As ruas foram traçadas no sentido norte-sul e leste-oeste, com praças e logradouros, tendo, desde logo, sido fixados alguns pontos, como igrejas, escritório da empresa, casa comercial, hotel, etc. Os trabalhadores que pretendiam fixar-se na sede adquiriam um lote, tendo este apenas um valor simbólico, a ser pago em parcelas. Ao longo das estradas que foram sendo estendidas para o interior foram fundadas outras vilas, distando, mais ou menos, 20 quilômetros uma da outra. A Colonizadora fundou diversas vilas, das quais, atualmente, algumas são Distritos e sete são Municípios. Dentro da mesma área da antiga Fazenda Britânia, existem hoje duas Comarcas: Toledo e Marechal Cândido Rondon. (PASTÓRIO; SALVADOR, 2009, p. 25-26). O Plano Municipal de Educação (2009) ainda aponta que, Toledo, antes de tornar-se município pertencia a Foz do Iguaçu, sua emancipação político - administrativa ocorreu com a Lei nº 790, de 14 de novembro de 1951, a qual foi sancionada pelo governador Bento Munhoz da Rocha Neto. A primeira eleição ocorreu em 9 de novembro de 1952, porém a 28 Administração Municipal teve inicio com a posse do primeiro Prefeito Ernesto Dall‟ Óglio e Câmara dos Vereadores composta por nove vagas, para o cargo foram eleitos: José Ayres da Silva, Clécio Zenni, Ondy Helio Niederauer, Leopoldo João Schimidt, Rubens Stresser, Alcebíades Formighieri, Waldi Winter, Willibaldo Finkler e Güerino Antônio Viccari, este último sendo eleito o primeiro presidente da Câmara de Toledo. Assim, no dia 14 de dezembro de 1952, ocorreu à posse do prefeito e vereadores e Toledo foi elevado à condição oficial e solene de município. Nesta data, atualmente é comemorado o aniversário da Cidade. Atualmente o município de Toledo, conforme dados do IPARDES (2011) possui um território 1.198,607 km 2, altitude que corresponde a 547 metros e a distância da capital é de 536,60 km. Além disso, o município conta com um total de distritos, são eles: Bom Princípio, Concórdia d‟Oeste, Dez de Maio, Dois Irmãos, Novo Sarandi, Novo Sobradinho, São Luiz d‟Oeste, São Miguel, Vila Ipiranga e Vila Nova. No que tange ao aspecto político, ainda de acordo com o mesmo site, em 2010 o número de eleitores do município correspondia a 85.846 pessoas e o prefeito do município José Carlos Schiavinato. Informações extraídas do Plano Municipal de Assistência Social (JUNHO DE 2011) apontam que a taxa de pobreza é de 14,26% e o total de famílias nessa situação é de 4.190, além de que são 19 as pessoas em situação de Rua no Município 13 . No que se refere à área da educação no município de Toledo, no ano de 2009, as matrículas na Creche eram de 1872 alunos, já na Pré-Escola o número de matrículas era de 2.653. No ensino fundamental, eram 18.476 alunos, o ensino médio contava com 5.917 matrículas e o ensino superior 6.786. Ainda em relação à área da educação, a SMED através dos profissionais que elaboraram o Plano Municipal de Educação realizou um diagnóstico da educação em Toledo abrangendo as instituições de ensino públicas e privadas. Dos aspectos constantes neste diagnóstico vale destacar que, de acordo com o Plano Municipal de Educação (2009, p.106), as instituições que ofertam a educação infantil na modalidade creche 0 a 3 anos realizam esses serviços em período integral e a pré–escola 3 a 5 anos também é ofertada em algumas instituições de ensino em tempo integral, porém nas escolas esta ainda é uma experiência recente que se iniciou na Escola Municipal Vereador Waldyr Luiz Becker. No ano de 2009, a experiência se ampliou pra as Escolas Municipais Vereador José Pedro Brum (CAIC) e São Francisco de Assis, em 2010 para a Escola Ivo Welter. 13 Estes dados foram obtidos por meio da análise de documentos sobre os beneficiários do Cadastro Único, da Política de Saúde, da Política de Educação, dados estaduais disponíveis e dados da rede SUAS. 29 Conforme o Plano Municipal de Educação de Toledo, (2009, p.108) quarenta e seis instituições em âmbito municipal ofertam educação infantil na modalidade Pré- Escola, porém, não todas em tempo integral e conforme análise dos profissionais da SMED, no período de 2005 -2008, a procura por vagas para crianças de 4 a 5 anos vem crescendo significativamente tanto nas instituições públicas quanto privadas. Com relação aos aspectos sócio–econômicos de Toledo, vale destacar que, de acordo com o Plano Municipal de Educação (2009, p.37), a produção agrícola e a pecuária foram e são os mais importantes elementos que mantém sua economia. A agricultura em consonância com a agroindústria são as principais fontes de renda do município, isto é, devido às tecnologias e às técnicas empregadas na produção, sendo estas derivadas da mecanização agrícola a partir do plantio de conservação de solo através do sistema de microbacias. Os produtos agrícolas que se destacam em âmbito municipal são soja e milho. De acordo com dados do IPARDES, a produção de soja em Toledo no ano de 2009 correspondeu a um total de 145.120 toneladas enquanto a produtividade do milho no mesmo ano foi de 236.400 toneladas. Ainda no âmbito econômicoe conforme o mesmo Instituto e ainda baseado em dados da SMED do ano de 2009, no que tange as receitas municipais estas tinham um valor de 165.964.157,05. No mesmo ano as despesas do município chegaram ao montante de 160.648.579, com pouca diferença entre receita e despesa. Mantendo o município em equilíbrio. 3.3.1 A Secretaria Municipal da Educação (SMED) A SMED de Toledo é o órgão gestor da política de educação. Sendo pessoa jurídica de direito público interno. De acordo com o site 14 oficial do município de Toledo, são atribuições da SMED: coordenar, orientar, assistir, acompanhar, gerenciar a educação no município nos seguintes níveis de ensino: educação infantil, ensino fundamental, educação especial e educação de jovens e adultos. Neste sentido, a SMED responsabiliza-se com a qualidade do ensino público das escolas e CMEIs. Ainda conforme o mesmo site, a preocupação dos profissionais da SMED não é unicamente com o ensino, mas também com a infra-estrutura das escolas e CMEIs além da 14 TOLEDO. Secretaria Municipal da Educação. Disponível em: <http://www.toledo.pr.gov.br/?q=portal/portal-municipal-da-educacao/secretaria-da-educacao > Acesso em: 27/maio /2011> 30 capacitação continuada de forma a proporcionar o “fortalecimento da gestão democrática” e “atualização dos recursos didático-metodológicos” visando uma maior qualidade do ensino. A SMED através de sua equipe tem como meta: Assessorar continuamente as escolas e CMEIS. Os coordenadores de área e o setor administrativo procuram estar o maior tempo possível, apoiando, acompanhando, discutindo, fornecendo material teórico – prático de modo a intervir imediatamente nas dificuldades encontradas. (TOLEDO, 2011) A SMED conhece a necessidade de permanente inovação e implementação de programas e a demanda pela produção de material de apoio pedagógico e por isso vem se empenhando para alterar de forma positiva a organização das escolas e CMEIs, além de intervir na relação dos profissionais com a comunidade, (nas escolas especificamente na relação pais, professores e alunos). A educação tem sofrido alterações significativas em função de mudanças na estrutura social, na organização das famílias, na educação dos filhos, da forte influência dos meios de comunicação e dos recursos tecnológicos, fatores que indicam a necessidade de se investir tanto na formação profissional, quanto na formação pessoal do professor. É de consenso que o profissional da educação sofre um acentuado desgaste emocional, o que impõe a necessidade de propor alternativas que fortaleçam o professor, sua capacidade de administrar conflitos, dificuldades e diferenças, atendendo os alunos nas suas especificidades, sem perder de vista o fim último da educação: A formação ética, intelectual e social do cidadão. (TOLEDO, 2011) A equipe da SMED em sua intervenção profissional utiliza como base as seguintes legislações: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96 - LDB), Lei Orgânica do Município de Toledo, Plano Nacional de Educação (2001-2010) (PNE) e Plano Municipal de Educação 2009 (PME). De acordo com o site do município, as preocupações centrais da equipe SMED são: “a paixão de ensinar, o prazer de aprender e o dever de investir, assim assumindo o lema: Plantando Conhecimento, Colhendo Educação.” 3.3.2 Histórico do Centro de Atenção Psicossocial (Centrinho) ao atual Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação (NEPE) 15 Para dar um atendimento educacional especializado a crianças com deficiência, 15 As assistentes sociais desde 1991 até 2009 atuaram na SMED, mas a partir de 2009, com a criação do NEPE, as mesmas foram incluídas a este, sendo que o espaço físico do NEPE está instalado junto a SMED, e vinculado ao Departamento de Ensino da SMED. 31 déficit de aprendizagem ou com superdotação, a SMED de Toledo criou no ano de 2007, o Centro Multidisciplinar de Atendimento à Criança – Centrinho, visando proporcionar o intercâmbio entre a família e a escola. Este Centro, de acordo com o Plano Municipal de Educação tinha por objetivo geral: Atender alunos com problemas de agressividade, dificuldades de relacionamento com a equipe escolar, com acentuados problemas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento, que dificultam o acompanhamento das atividades escolares. (PASTÓRIO; SALVADOR, 2009, p. 178) Conforme o Plano Municipal de Educação (2009, p. 179), para serem atendidas pelos profissionais do “Centrinho”, as crianças deveriam ser encaminhadas pela coordenação ou direção das escolas municipais. O trabalho era desenvolvido tanto com as crianças encaminhadas quanto com suas famílias em busca da inserção das mesmas nas relações sociais mais amplas, participando da formulação, execução e controle dos programas e ações que eram desenvolvidos, exercendo suas funções de afeto, socialização, e educação. Procurando sempre resgatar nas famílias e nas crianças uma qualidade de vínculo com a equipe que pudesse permitir o atendimento com qualidade e dignidade. O Centrinho contava com uma equipe multiprofissional, composta por assistente social, psicólogo e fonaudiólago e um funcionário do quadro geral de servidores para realizar os atendimentos ao público e agendamento de horários. Com o desenrolar das discussões sobre a inclusão, e a necessidade de dar conta de situações inerentes à educação especial no município e nas escolas que faziam o atendimento especializado, compreendeu-se que não se estava dando conta da demanda da rede. E, ainda havia as diversas situações que se apresentavam no cotidiano de atendimento na rede em sua integralidade. Isso foi atribuído à insuficiente formação docente para alcançar competência profissional, sendo necessário maior conhecimento sobre o processo de aprendizagem, o desenvolvimento, os modos de se ensinar e aprender. Ao proceder a uma análise atual, observa-se que estas são questões que não silenciavam no cotidiano docente e, apesar de possuir aparato teórico, a demanda busca por um saber que compreenda a dimensão de totalidade das relações e a dinâmica social. Isto exige que o profissional esteja sempre buscando aprimorar-se de acordo com as exigências postas pela sociedade e proporcione o diálogo entre a teoria e a prática já que só assim será possível dar acesso aos direitos sociais para estas crianças e famílias. E, na ânsia de dar conta destas situações ou poder auxiliar os profissionais das 32 escolas, em 2009, o Centrinho transformou-se em Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação - NEPE, para aprofundarem-se os estudos e formas de intervenção junto às crianças que freqüentavam as classes especiais, salas de recursos e salas de conduta típicas. Cabe destacar que este projeto busca superar a educação como uma visão tradicional de transmissão de conteúdos e torná-la um núcleo de produção e multiplicação de conhecimento. O NEPE visa promover o diálogo entre a teoria e a prática na busca por construir uma educação de qualidade para todos. Em sua constituição, de acordo com o projeto de implantação, (TOLEDO, 2008, p.7) 16 tem por objetivo: Assegurar o conjunto de recursos teórico-práticos organizados institucionalmente, a partir da pesquisa, estudo e aplicação para apoiar, complementar, potencializar os serviços educacionais comuns, de modo a garantir uma educação de qualidade para todos em detrimento à classificação e exclusão. De acordo com a Revista Escola de Pais (2009, p.28), o NEPE é um espaço de
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