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Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão 
de Pequenas Empresas - 2012
A IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO 
FINANCEIRA NAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO 
SETOR
Loriberto Starosky Filho
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB
starosky@terra.com.br
Sodemir Benedito Carli
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
sodemir@unisep.edu.br
Jorge Ribeiro Toledo Filho
UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
jtoledo@usp.br
Florianópolis - Março/2012
 
 
 
 
Patrocínio Realização 
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo 
e Gestão de Pequenas Empresas - 2012 
 
1 
 
A IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA NAS 
ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR 
 
 
RESUMO 
Este estudo, realizado em entidades sem fins lucrativos (ESFL), com atuação em 
diversos segmentos da sociedade, tais como assistência social, área ambiental, de 
educação e cultural, clientes de uma empresa de serviços contábeis, objetiva verificar a 
utilização de instrumentos de administração financeira nas mesmas. As organizações 
sem fins lucrativos, em sua maioria, não realizam, de maneira profissional, a gestão do 
negócio. Em grande parte, recebem ajuda de voluntários, que na melhor das intenções 
possíveis, nem sempre dispõem dos conhecimentos necessários para realizar a gestão 
financeira dessas organizações. Neste sentido, pretendeu-se, ao longo do estudo, 
demonstrar a importância da utilização eficiente da gestão financeira nas entidades sem 
fins lucrativos. Com esta pesquisa, realizada em algumas entidades, procurou-se 
identificar quais as ferramentas já utilizadas e quais as que necessitam de uma maior 
atenção por parte dos gestores dessas organizações. Verificou-se, no final da pesquisa, 
que a maioria das entidades não utiliza ferramentas de administração financeira, por 
desconhecimento, ou por não conhecer a funcionalidade delas. 
Palavras-chave: Organizações do Terceiro Setor. Administração Financeira. Finanças. 
 
THE IMPORTANCE OF FINANCIAL MANAGEMENT IN NONPROFIT 
ORGANIZATIONS 
ABSTRACT 
This study, conducted in nonprofit organizations, operating in various segments of 
society such as social assistance, the environmental , educational and cultural areas, the 
clients from a financial service company, aims at verifying the use of management tools 
in the same companies. The non-profit organizations mostly do not realize, in a 
professional manner, the managing business. In large part, they receive help from 
volunteers, which with the best possible intentions, not always have the necessary 
knowledge to perform the financial management of these organizations. In this sense, it 
was intended, throughout the study, to demonstrate the importance of efficient use of 
financial management in nonprofit organizations. With this survey, conducted in some 
organizations, we have tried to identify which tools have been already used and which 
need further attention by the managers of such organizations. It was found towards the 
end of the research, that most entities do not use financial management tools, by lack 
knowledge or by not knowing their functionality of them. 
Key-words: Third Sector organizations. Financial Management. Finance. 
 
1 INTRODUÇÃO 
A competição no mundo corporativo tem se acirrado nos dias atuais. E não há espaço 
para organizações que não estejam preparadas. Neste sentido, a gestão financeira 
 
 
 
 
Patrocínio Realização 
Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo 
e Gestão de Pequenas Empresas - 2012 
 
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constitui-se em um processo administrativo importante para melhorar o gerenciamento 
de recursos de que as organizações dispõem. 
A maioria das pessoas tem na gestão financeira uma fonte de preocupação, pois 
geralmente é vista como uma atividade difícil, que exige conhecimento de alto nível. É 
fato que de forma geral, exige conhecimento especializado, no entanto, com um mínimo 
de informações técnicas e muito bom senso, pode ser desenvolvida uma alta capacidade 
de gestão financeira prática. Reflexo disso são as finanças pessoais, que são tratadas 
sem planejamento: as pessoas gastam sem refletir sobre, ou sem considerar taxas de 
juros e financiamento. Não conseguindo controlar as finanças pessoais, levam essa falta 
de organização para um ambiente empresarial. 
As organizações ou entidades sem fins lucrativos representam, no Brasil e no mundo, 
uma alternativa que a sociedade encontrou diante das dificuldades do Estado em atender 
a demandas que lhe seriam obrigatórias, mas que, por carência de recursos humanos e 
financeiros, fenômeno este crescente, se veem impedidas de prover essas necessidades. 
No âmbito das entidades sem fins lucrativos (ESFL), representantes do “terceiro setor”, 
constituído por associações e fundações, existe uma dificuldade muito grande no uso de 
instrumentos de administração financeira, o que por vezes impossibilita muitas delas de 
se manterem, ou de manterem seus programas e projetos por um tempo maior, afetando 
assim, sua razão de existência – a doação em favor de terceiros. 
Parte disso porque, em muitos casos, a gestão destas entidades não é realizada de 
maneira profissional, e sim pelo trabalho de voluntários que, embora tenham as 
melhores intenções possíveis, nem sempre dispõem dos conhecimentos necessários para 
efetuar a gestão financeira destas organizações. 
Com o presente estudo, pretendeu-se responder à seguinte questão de pesquisa: Na 
percepção das organizações do terceiro setor, a utilização da administração financeira é 
importante? 
Neste sentido, o objetivo geral do presente trabalho é verificar a importância da 
utilização da administração financeira pelas entidades sem fins lucrativos. Como 
objetivos específicos destacam-se: Identificar quais instrumentos de administração 
financeira são utilizados pelas organizações; verificar, na percepção do gestor da 
organização, se o uso de ferramentas de administração financeira contribuem para a 
gestão da organização. 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Este espaço está dedicado ao conhecimento dos conceitos das expressões importantes 
neste estudo, que servirão de suporte para a pesquisa. 
2.1 Terceiro Setor 
O terceiro setor é entendido, segundo Tavares (2000), como todas as ações do setor 
privado que não possuem vínculo com o Estado e que também não distribuem os lucros 
auferidos. Salamon (1994) destaca que o terceiro setor é composto por organizações que 
apresentam as seguintes características que facilitam sua identificação: a) estão fora do 
 
 
 
 
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aparato formal do Estado, b) não distribuem lucros com suas atividades e c) envolvem 
indivíduos em um esforço voluntário. 
O termo terceiro setor começou a ser utilizado na década de 70 por pesquisadores 
americanos. Posteriormente, foi adotado pelos europeus nos anos 80, “com o intuito de 
caracterizar um conjunto de organizações que se apresentam como uma alternativa para 
as desvantagens apresentadas pelo mercado, em relação à maximização do lucro e pelo 
governo em relação à sua burocracia” (BETTIOL JUNIOR, 2005, p.25). 
No Brasil, de acordo com Coelho (2002), muitas das instituições que hoje fazem parte 
do Terceiro Setor no Brasil, tiveram sua origem na Igreja Católica, identificada por 
valores de caridade cristã. Nesta época, há 4 séculos, havia uma simbiose na relação 
entre a igreja e o Estado, ou seja, um dependia do outro. Destaca o autor que no período 
pós-colonial, com o rompimento entre a igreja e Estado e a proibição de subvenções 
governamentais aos templos e à educação religiosa, houve a necessidade de se buscar 
umaação mais efetiva na área social. 
Segundo o entendimento de Coelho (2002), no Brasil a denominação Terceiro Setor é 
utilizada para identificar as atividades da sociedade civil que não se enquadram na 
categoria das atividades estatais ou de atividades mercantis, representada pelas 
empresas com finalidade econômica ou lucrativa. Em linhas gerais, o Terceiro Setor é o 
espaço ocupado especialmente por entidades privadas sem fins econômicos, que 
realizam atividades que contribuam para a solução de problemas sociais e em prol do 
bem comum. Ou seja, são entidades privadas de finalidade pública (COELHO, 2002). 
Na obra publicada pelo Conselho Federal de Contabilidade (2004), apresentam-se as 
seguintes características inerentes às organizações que compõem o Terceiro Setor: 
- a promoção de ações voltadas para o bem estar comum da 
coletividade; 
- manutenção de finalidades não lucrativas; 
- adoção de personalidade jurídica adequada aos fins sociais 
(associação ou fundação); 
- atividades financiadas por subvenções do Primeiro Setor 
(governamental) e doações do Segundo Setor (empresarial, de 
fins econômicos) e de particulares; 
- aplicação do resultado das atividades econômicas que 
porventura exerça nos fins sociais a que se destina; 
- desde que cumpra requisitos específicos, é fomentado por 
renúncia fiscal do Estado. (CFC, 2004, p.31) 
É comum o uso de várias expressões para identificar o Terceiro Setor, tais como 
entidade, ONG, instituição, instituto, sociedade, rede, associação, organização social, 
OSCIP, entre outras, mas elas servem apenas para designar uma associação ou 
fundação (grifo nosso). A observação de Coelho (2002) é que: 
Na sociedade atual, é frequente acontecer que algumas palavras 
comecem a surgir no noticiário e de tal maneira nele insistam 
que afinal se impõem. É o caso das ONG’s, que compõem o 
que muitos já reconhecem como o Terceiro Setor, diferenciado 
do público (o governo), e do privado (a iniciativa particular). 
(COELHO, 2002, p.7) 
Tavares (2000) já destacou que apesar do interesse crescente de teóricos nacionais sobre 
o assunto, é frequente o desencontro na identificação e categorização dos diferentes 
 
 
 
 
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segmentos de entidades sem fins lucrativos no Brasil. Isso se deve ao elevado número 
de organizações sem fins lucrativos inseridas no Terceiro Setor, o que dificulta chegar a 
uma definição clara e aceita para este segmento social (BETTIOL JUNIOR, 2005). 
Existindo um terceiro setor, deduz-se que também existam um primeiro e um segundo 
setor, os quais merecem estudo e compreensão. Encontramos em Coelho (2002) as 
diferenças e características existentes entre os três setores, descritas no Quadro 1. 
Setor Características 
Primeiro setor ou governo Distingue-se, sobretudo, pelo fato de legitimar e 
organizar suas ações por meio de poderes 
coercitivos. Tem sua atuação limitada e regulada 
por um arcabouço legal, fato esse que torna sua 
atuação previsível a todos os atores da sociedade. 
Segundo Setor ou mercado A demanda e os mecanismos de preços baseiam a 
atividade de troca de bens e serviços, cujo objetivo 
principal é a obtenção de lucro. Comparativamente 
ao Governo, o mercado atua sob o princípio da não 
coerção legal, ou seja, os clientes têm liberdade para 
escolher o que e onde comprar. 
Terceiro Setor Nesse segmento da sociedade, as atividades não têm 
característica coercitiva ou lucrativa, objetivando o 
atendimento de necessidades coletivas ou públicas. 
Quadro 1 – Características dos setores da sociedade 
Fonte: adaptado de Coelho (2002, p.39) 
 
Segundo Bettiol Júnior (2005, p.35) “as entidades que compõem o terceiro setor podem 
apresentar variadas formas legais ou organizacionais, como por exemplo, associações e 
fundações”. Azevedo e Senne (2006) ensinam a definição clássica para associação, 
como sendo uma entidade que surge da vontade de um grupo de pessoas unidas por uma 
causa ou objetivos sociais comuns, e que seu propósito seja sem finalidade lucrativa. 
Já Szazi (2000) ensina que: 
[...] tem-se a associação quando não há fim lucrativo ou 
intenção de dividir o resultado, embora tenha patrimônio, 
formado por contribuição de seus membros para obtenção de 
patrimônio, formado por contribuição de seus membros para 
obtenção de fins culturais, educacionais, esportivos, religiosos, 
recreativos, morais, etc. Não perde a categoria de associação 
mesmo que realize negócios para aumentar ou manter seu 
patrimônio, sem, contudo, proporcionar ganhos aos associados, 
por exemplo, associação esportiva que vende aos seus 
associados uniformes [...] embora isso traga, como 
consequência, lucro para a entidade. (SZAZI, 2000, p.27) 
Apesar de seu caráter sem fim lucrativo, não se quer dizer que ela não possa ter 
resultados positivos. A sustentabilidade financeira da organização precisa ser 
viabilizada garantindo o atendimento dos grupos beneficiados (BETTIOL JUNIOR, 
2005). Neste sentido, a organização deve aplicar suas sobras, ou superávit, para manter 
ou aumentar o seu patrimônio. A expressão “sem finalidade lucrativa” significa, para 
Azevedo e Senne (2006), que a organização não deve distribuir entre seus associados a 
 
 
 
 
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sobra ou resultado, ou ainda remunerar por qualquer forma seus dirigentes pelos 
serviços prestados. 
Os recursos financeiros que são utilizados pelas organizações podem ter várias origens, 
dependendo da área de sua atuação. Alguns provêm de acordos estabelecidos com o 
Estado, através de convênios, subvenções ou outras formas de remuneração. Mas 
também há os recursos provenientes de empresas privadas, organismos estrangeiros, 
doações de bens e recursos monetários, além da geração própria de recursos, o 
autofinanciamento (BETTIOL JUNIOR, 2005). 
Estudo apresentado por Bettiol Júnior (2005) realizado pelo projeto MAPA do 3º 
SETOR demonstrou que apenas 4% das organizações que compõem a base de dados 
recebem e sobrevivem exclusivamente de recursos governamentais; outros 11% de 
organizações, apenas com recursos privados, e a grande maioria, 74%, sobrevive de 
recursos provenientes de receitas próprias, ou seja, o autofinanciamento. 
Diante da diversidade de recursos gerados pelas organizações, é imperioso o devido 
controle sobre os mesmos, através de ferramentas de gestão financeira, que objetiva-se 
demonstrar na próxima seção. 
2.2 Administração Financeira 
A administração financeira é um campo das finanças e envolve a efetiva administração 
de uma empresa (BRIGHAM, 1999). Pode ser definida como uma técnica ou ciência 
para administrar recursos, ou seja, ela está voltada para a gestão do dinheiro, dos 
relacionamentos com as instituições, mercados e instrumentos envolvidos na 
transferência de fundos entre pessoas, empresas e governo. A gestão financeira detém a 
tarefa de gerir o relacionamento de instituições, mercados e instrumentos envolvidos na 
transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos (GITMAN 2002). 
As funções típicas da administração financeira estão relacionadas às atividades da 
organização, e segundo Hoji (2008) são: “análise, planejamento e controle financeiro, 
tomadas de decisões de investimentos e tomadas de decisões de financiamentos”. Todas 
as atividades da organização, sejam elas operacionais ou não, envolvem recursos, e, 
portanto, precisam ser conduzidas para a satisfação dos objetivos. 
A administração financeira integra-se à contabilidade quando se utiliza dos instrumentos 
por esta produzidos, como os relatórios e demonstrações financeiras(HOJI, 2008). A 
função de análise, planejamento e controle da administração financeira encontra 
subsídios nos documentos produzidos pela contabilidade, e segundo Gitman (2002), 
elas precisam andar de forma simétrica, evitando o desperdício de recursos. 
Os profissionais ligados à administração financeira precisam ter o domínio das técnicas 
de gestão dos recursos disponíveis. Segundo Maximiliano (2004), o processo de 
administrar envolve a tomada de decisão sobre a utilização dos recursos disponíveis, 
tais como quantidade de estoques, condições de crédito, escolha de títulos, para o 
alcance dos objetivos. Gitman (2002) destaca que a administração financeira é orientada 
por objetivos, sendo que cada organização possui os seus. 
Conhecidos os objetivos da organização, a administração financeira preocupa-se em 
compreender a dinâmica dos ciclos que a organização possui, a saber: ciclo operacional, 
 
 
 
 
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econômico e financeiro. O ciclo operacional, que abrange toda a atividade da 
organização, inicia com a compra de matéria prima e se encerra quando do recebimento 
da venda. “Durante esse período, ocorrem vários outros eventos que caracterizam o 
ciclo econômico e o ciclo financeiro” (HOJI, 2008, p.9). 
A Figura 1 demonstra como os ciclos econômicos e financeiros estão interligados ao 
ciclo operacional de uma organização, o que possibilita de forma visual identificar em 
que momento a organização estará mais ou menos dependente de recursos. 
 
Mês 0 Mês 1 Mês 2 Mês 3 
 
Compra de Venda Pagamento de Recebimento 
Matéria Prima Fornecedores Vendas 
 
 
Ciclo Econômico 
 Ciclo Financeiro 
 
 
Ciclo Operacional 
 
Figura 1: Ciclos: econômico, financeiro e operacional. 
 Fonte: Adaptado de Hoji (2008). 
 
Numa organização que visa lucro, o objetivo é maximizar seu valor de mercado, pois 
assim estará aumentando a riqueza dos proprietários, ou seja, há um objetivo econômico 
(HOJI, 2008). Já nas organizações do terceiro setor, não há uma mercadoria em troca 
gerando riqueza, mas há um ser humano sendo transformado, e este é o objetivo destas 
organizações, transcendendo ao econômico (DRUCKER, 2002). 
As entidades do terceiro setor possuem uma estrutura financeira baseada em doações 
por terceiros. Desta forma, existem períodos programados das entradas de recursos. 
Essa dependência de recursos de terceiros exige das organizações um contínuo 
aperfeiçoamento e controle da administração financeira (BETTIOL JUNIOR, 2005). A 
dependência de recursos externos exige planejamento dos momentos dos gastos, das 
aplicações, e especialmente o controle e acompanhamento rígidos das despesas a serem 
realizadas em determinado período. 
Para auxiliar as organizações do terceiro setor a organizar sua administração financeira, 
a ABONG (2003) destaca os instrumentos que devem ser adotados para iniciar uma 
administração financeira com eficiência. Um processo simplificado compreende a 
elaboração de um orçamento, a abertura de conta corrente específica para cada agente 
de cooperação, possuir um fundo de caixa para pagamento de pequenos gastos, possuir 
um fluxo de caixa mensal, controle dos gastos com contas a pagar, conciliação dos 
saldos de contas correntes, manutenção de escrita contábil e relatórios financeiros por 
agente de cooperação. 
No Quadro 2 detalham-se os principais instrumentos e seus conceitos em relação às 
organizações do Terceiro Setor. 
 
 
 
 
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Orçamento O orçamento é um instrumento de natureza econômica 
elaborado com o objetivo de prever determinadas quantias 
que serão utilizadas para determinados fins. Expressa o plano, 
os programas, os projetos e as atividades da organização. 
Conta Corrente específica Serve para exercer um controle efetivo do fluxo de valores 
nas Entidades sem Fins Lucrativos. 
Evita que recursos liberados e vinculados a projetos sejam 
misturados a recursos não vinculados. 
Fundo Fixo de caixa para 
pequenos gastos 
O controle das contas a pagar deve ser bastante rígido, de 
modo a evitar os pagamentos após a data de vencimento, e 
com isso, onerar com juros e multa, ou dependendo do caso, o 
protesto ou ajuizamento do título vencido. 
Conciliação mensal dos saldos 
das contas bancárias 
É importante fazer pelos menos uma vez por mês a 
verificação dos cheques emitidos, depósitos realizados, 
débitos e créditos efetuados pelo banco, para confirmação do 
saldo bancário constante do extrato de contas. 
Escrituração Contábil A escrituração é obrigatória para todas as organizações, com 
ou sem fins lucrativos. E nas entidades sem fins lucrativos, é 
condição para manutenção de seus benefícios tributários, 
como já mencionamos anteriormente. 
A utilização da escrituração contábil poderá ser importante 
ferramenta para a gestão financeira na entidade. 
Relatório financeiro O relatório financeiro é a forma pela qual se demonstram os 
recursos obtidos e sua aplicação. 
As ESFL convivem basicamente com repasses de recursos de 
terceiros ou com pequenos projetos de geração de renda, que 
exigem dos seus gestores, relatórios financeiros periódicos 
sobre recursos administrados em determinado período. 
Quadro 2 - Instrumentos para Administração Financeira no Terceiro Setor. 
Fonte: Adaptado de ABONG (2003). 
 
De modo semelhante às organizações comerciais, a administração financeira nas 
organizações do terceiro setor precisa compreender e dimensionar os seus ciclos de 
atividade, para um adequado planejamento financeiro. Um dimensionamento mal 
calculado pode comprometer a atuação da organização, e trazer implicações que podem 
refletir tanto na saúde financeira quanto no atendimento aos beneficiários destas 
organizações (HUDSON, 1999). 
 
 
3 ESTUDOS ANTERIORES 
O terceiro setor tem despertado estudos sob os mais variados enfoques, devido a sua 
diversidade de atuação e suas particularidades de ação. Apresentam-se no Quadro 3, 
estudos realizados no Brasil, que dizem respeito à gestão administrativa de organizações 
do Terceiro Setor, sinalizando ser um tema de grande importância na visão dos 
estudiosos. 
Autores/Ano Resultados 
Roesch (2002) Buscou delinear a diversidade das organizações e especificar 
os desafios gerenciais que elas enfrentam. Verificou que as 
práticas de gestão devem partir dos problemas que 
circundam as organizações e precisam ser negociadas com os 
seus stackeholders. 
 
 
 
 
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Vidal e Menezes (2004) Analisaram a gestão organizacional de uma ONG, e 
concluíram que peculiaridades da gestão sinalizam a 
emergência de uma administração diferenciada no terceiro 
setor. 
Alves, Souza e Slomski (2005) Com o objetivo de mensurar e demonstrar o resultado 
econômico gerado por uma entidade do terceiro setor, os 
autores concluíram que a organização mostrou-se eficiente, 
pois os recursos consumidos nas atividades foram menores 
do que a receita gerada. 
Fregonezi e Araújo (2006) Buscaram, através da adaptação de modelos empresariais, 
calcular o valor econômico de uma entidade filantrópica. 
Constataram ser possível mensurar o valor econômico da 
entidade para a sociedade, com o uso de receita econômica 
em vez de receita de doações e o cálculo da alavancagem por 
doações da entidade. 
Andrade (2007) Apresentou em seu estudo a construção de um modelode 
gestão baseado em competências, utilizando conceitos de 
gestão estratégica adotados em organizações comerciais. A 
percepção da autora é que cada organização deve 
desenvolver seu próprio modelo, levando em consideração 
seus valores, sua missão e sua realidade organizacional 
Tude e Rodrigues (2008) Estudaram a sustentabilidade de ONGs a partir da geração de 
recursos próprios, e que no caso analisado, a independência 
financeira de uma ONG com base na geração de recursos 
próprios é falsa, pois sujeita-se às regras de mercado, 
levando em consideração apenas aspectos econômicos. 
Quadro 3 – Estudos realizados em organizações do Terceiro Setor 
Fonte: os autores. 
 
Percebeu-se a importância que o tema relacionado à administração e gestão de 
organizações do terceiro setor tem levantado junto aos pesquisadores. E esta pesquisa 
quer contribuir com uma visão específica de um grupo de entidades, não sendo possível 
torná-la generalista, dadas as diversidades entre as organizações, como já destacado por 
estudos como os realizados por Roesch (2002), Vidal e Mendes (2004) e Andrade 
(2007). 
 
 
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
Nesta seção descrevem-se os procedimentos metodológicos utilizados no presente 
trabalho. 
Para Gil (2006), toda classificação ocorre mediante algum critério. As pesquisas 
normalmente são classificadas com base nos objetivos gerais, ou seja, podem ser 
pesquisas exploratórias, descritivas ou explicativas. 
A presente pesquisa tem característica descritiva, pois ‘tem como objetivo primordial a 
descrição de determinada população ou fenômeno ou então o estabelecimento entre 
variáveis’ (GIL, 2006, p.42). 
Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa é considerada qualitativa, pois segundo 
Beuren, (2003, p.91) “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem 
descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas 
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. A 
 
 
 
 
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abordagem qualitativa caracteriza-se pela compreensão das situações e fatos expostos 
pelos entrevistados. 
Assim, a trajetória metodológica adotada segue duas fases. Na primeira, denominada 
“Fundamentação teórica”, são estudados os temas relacionados ao estudo: Terceiro 
Setor e Administração Financeira. A segunda fase trata da “Apresentação e Análise dos 
Dados”, onde primeiramente faz-se um breve comentário das instituições e, após, 
estuda-se a análise da pesquisa realizada. 
Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um questionário enviado a 19 
entidades do terceiro setor, clientes de um escritório de contabilidade em Blumenau, de 
forma intencional, por não existir um organismo que congregue as organizações do 
terceiro setor na cidade de Blumenau. Das 19 entidades, 10 delas retornaram o 
questionário preenchido, representando 53% do total enviado. O questionário foi 
preenchido pelo principal gestor da organização. 
O critério utilizado para seleção das organizações e envio dos questionários foi com 
relação à atividade da entidade, ou seja, o questionário foi aplicado apenas em entidades 
que mantêm uma atividade regular. Aquelas consideradas inativas não foram 
selecionadas para participar da pesquisa. 
 
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 
Com vistas a responder o objetivo deste trabalho, que consistiu em verificar a 
importância da utilização da administração financeira pelas entidades sem fins 
lucrativos, foi aplicado um questionário junto a associações sem fins lucrativos, clientes 
de um escritório de contabilidade em Blumenau, de forma intencional. As entidades 
atuam em diversas áreas, tais como assistência social, educação, proteção ambiental e 
manifestações culturais. 
Assim, foi enviado um total de 19 questionários, sendo que 10 entidades retornaram o 
questionário preenchido, representando 53% do total enviado. O questionário, constante 
no apêndice, foi dividido em 4 grandes grupos, a saber: Grupo 1: Pensando Finanças, 
Grupo 2: executando Finanças, Grupo 3: Relatando finanças e no grupo 4: Avaliação, 
onde cada pesquisado pode exprimir seu sentimento em relação ao assunto questionado. 
Os respondentes tinham como opções de resposta: D = Desconhece, NA = Não Aplica, 
GA = Gostaria de Aplicar, AP = Aplica Parcialmente e AT = Aplica Totalmente. 
No primeiro bloco de perguntas, relacionado ao tema ‘pensando finanças’, as perguntas 
foram direcionadas com a intenção de identificar se as entidades possuíam algum tipo 
de planejamento na organização, em âmbito geral em nível financeiro. Na tabela 1 é 
possível verificar de modo amplo as respostas. 
PENSANDO FINANÇAS D NA GA AP AT Total 
Possui planejamento estratégico? 20% 10% 0 40% 30% 100% 
Possui planejamento financeiro? 0 0 30% 20% 50% 100% 
Orçamento geral da entidade? 20% 0 30% 30% 20% 100% 
Possui estimativa mensal de gastos? 10% 0 20% 30% 40% 100% 
Orçamento por projetos? 10% 0 50% 20% 20% 100% 
Sabe quais recursos materiais a entidade 20% 0 0 30% 50% 100% 
 
 
 
 
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possui? 
Sabe quais recursos humanos a entidade 
possui? 
0 0 0 20% 80% 100% 
Tabela 1: Resultados Pensando Finanças 
Fonte: dados da pesquisa. 
 
Gitman (2010) sugere as finanças como uma ciência de gerir o dinheiro, e a 
administração implica planejamento por parte de quem o utiliza. Analisando as questões 
relacionadas ao grupo 1, que de maneira geral trouxeram questões relacionadas ao 
planejamento, surgem as primeiras surpresas, as quais merecem relato. 
Observou-se que poucas organizações utilizam o planejamento como instrumento de 
gestão. Quando questionadas sobre possuir planejamento estratégico, apenas 30% delas 
responderam que possuem, aplicando de forma total, e outras 40% de forma parcial, 
totalizando 70% que utilizam estes planos de alguma maneira. Este mesmo percentual 
de 70% é verificado em relação ao planejamento financeiro. 
Com relação ao orçamento geral, 30% gostariam de aplicar e outros 20% desconhecem 
o instrumento. Estas mesmas organizações são as que não possuem planejamento 
estratégico, por desconhecimento. Percebeu-se que algumas organizações utilizam de 
forma parcial o orçamento geral, que está geralmente associado a algum projeto. 
Quando perguntadas se conhecem os recursos materiais de que dispõem, 50% diz 
conhecer plenamente o que possui, e quando o assunto era relacionado a recursos 
humanos, todas responderam que sabem exatamente de quais recursos dispõem. 
Percebeu-se que é muito comum não haver planejamento. Quando apenas uma parte das 
organizações pesquisadas trabalha de forma planejada em termos de finanças, a 
pergunta e a dúvida que suscita é: como as outras fazem para atender e cumprir os 
objetivos da sua organização? 
No segundo bloco de perguntas, ‘executando finanças’, o foco das questões foi a parte 
operacional da gestão financeira, com questões relacionadas a planos de contas, centros 
de custo, fluxo de caixa, conta bancária, controles relacionados a entradas e saídas, e 
livro caixa. A tabela 2 mostra o panorama das respostas encontradas. 
EXECUTANDO FINANÇAS D NA GA AP AT Total 
Possui um plano de contas 30% 10% 10% 0 50% 100% 
Possui centros de custo 30% 20% 10% 0 40% 100% 
Trabalha com Fluxo de caixa 30% 0 10% 30% 30% 100% 
Possui Conta bancária 0 0 0 0 100% 100% 
Tem controle do contas a pagar e receber 0 0 20% 0 80% 100% 
Possui Livro Caixa 0 0 10% 10% 80% 100% 
Tabela 2 – Executando Finanças 
Fonte: dados da pesquisa. 
 
Neste bloco, o que chamou a atenção é que 30% dos entrevistadosresponderam 
desconhecer o que é um plano de contas e centros de custo. Sabe-se que um plano de 
contas elaborado de conformidade com as necessidades da instituição resolve boa parte 
dos problemas com prestação de contas a órgãos financiadores. 
 
 
 
 
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Outro dado interessante é perceber que 100% das entidades possuem conta corrente, 
mas nem todas, apenas 80% utilizam o livro caixa para registro de suas operações. Este 
dado leva o pesquisador a questionar de que forma os outros 20% controlam suas 
entradas de recursos e seus desembolsos. 
Com relação ao fluxo de caixa, ferramenta que ajuda o gestor a enxergar a situação 
financeira futura da organização, aquelas mesmas 30% que possuem planejamento 
responderam trabalhar também com a ferramenta fluxo de caixa. 
No terceiro bloco de perguntas, denominado ‘relatando finanças’, a verificação consistia 
em como é feita a comunicação das operações que envolvem finanças dentro das 
entidades. 
RELATANDO FINANÇAS D NA GA AP AT Total 
Possui relatórios financeiros de 
acompanhamento orçamentário 
40% 20% 0 0 40% 100% 
Possui relatórios financeiros gerenciais 50% 20% 0 0 30% 100% 
Possui escrituração contábil 0 0 0 40% 60% 100% 
Recebe balancetes 0 0 0 50% 50% 100% 
Possui relatórios de atividades 0 0 20% 40% 40% 100% 
Tabela 3 – Relatando Finanças 
Fonte: dados da pesquisa. 
 
Observou-se que 100% dos respondentes mantêm escrituração contábil, parcial ou 
totalmente, e recebem balancetes contábeis emitidos mensalmente. Mas apenas 40% 
disseram utilizar a informação disponibilizada pela contabilidade, em forma de 
relatórios financeiros de acompanhamento orçamentário. Para fins gerenciais, o índice 
ficou em 30% das organizações. 
Percebeu-se que praticamente as mesmas organizações que responderam possuir 
planejamento estratégico e financeiro, no primeiro bloco de perguntas, utilizam as 
ferramentas de gestão financeira na sua organização. A utilização de ferramentas está 
associada ao planejamento, ou seja, as organizações fazem comparação entre aquilo que 
foi planejado, com o que efetivamente foi realizado. Assim, o simples fato de receber 
relatórios contábeis não garante utilização eficiente das informações lá contidas. 
No último bloco do questionário, intitulado ‘avaliação’, foi perguntado ao gestor da 
organização se ele acha que os relatórios financeiros ajudam na gestão da entidade e se, 
na sua opinião, poderia melhorar a gestão da entidade caso tivesse em mãos 
instrumentos de controle financeiro. 
AVALIAÇÃO D NA GA AP AT Total 
Em sua opinião você acha que os relatórios 
financeiros ajudam na gestão 
0 0 0 0 100% 100% 
Você acha que poderia melhorar a gestão da 
entidade se tivesse em mãos instrumentos de 
controle financeiro 
0 0 0 0 100% 100% 
Tabela 4 – Avaliação Final 
Fonte: dados da pesquisa. 
 
 
 
 
 
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Nas duas perguntas, a resposta foi unânime. Todos os respondentes concordam que os 
relatórios ajudam na gestão financeira e que com mais instrumentos de controle 
financeiro poderiam, inclusive, melhorar a gestão. 
Aqui é necessário tecer algumas observações sobre as informações levantadas através 
do questionário. Apesar de as respostas apresentarem uma unanimidade em relação ao 
questionado, ressalta-se que algumas opiniões expressas no questionário são 
contraditórias, quando comparadas a perguntas feitas em outros blocos. 
É o caso, por exemplo, dos 30% que afirmam que gostariam de utilizar um orçamento 
geral para a instituição. No entendimento dos pesquisadores, estes não poderiam afirmar 
que os relatórios financeiros ajudam na gestão da entidade, pois eles não os possuem. 
Ou ainda, na mesma questão, observar que 50% dos entrevistados desconhecem 
relatórios financeiros gerenciais. Como justificar que os relatórios financeiros ajudam 
na gestão da entidade? 
Acredita-se que houve uma interpretação equivocada da questão. E que em ambos os 
casos, o que o entrevistado quis dizer é que poderia melhorar a gestão da entidade, caso 
tivesse em mãos instrumentos de controle financeiro. 
 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Através do presente estudo, observou-se que as organizações do Terceiro Setor não 
possuem o hábito de trabalhar com instrumentos de administração financeira, apesar de 
considerarem ser importante a utilização de tais instrumentos para a gestão das suas 
organizações. 
Quando questionadas sobre o uso de instrumentos, em alguns casos não sabiam como 
utilizar, nem tampouco por onde começar. A principal ferramenta utilizada é o livro 
caixa. As demais, embora mencionadas na pesquisa, são pouco ou nada utilizadas. 
Diante das respostas apresentadas, conclui-se, de forma não genérica, que há muito o 
que trabalhar com as organizações do terceiro setor, a fim de supri-las com 
instrumentos de administração financeira. E, de certa forma, é uma necessidade 
urgente, pois, como mencionado anteriormente, essas organizações dependem da boa 
vontade de terceiros que as sustentam no seu dia a dia. 
A maneira como essas entidades trabalham sua gestão financeira na atualidade, à espera 
de doações, sem ter um mínimo de planejamento, leva a uma consideração inusitada e 
com razoável convicção, de que vivem num iminente risco de colapso financeiro. 
Assim, respondendo à questão de pesquisa, apesar de os gestores praticamente não 
utilizarem ferramentas financeiras para a gestão das entidades pesquisadas, eles são 
unânimes em explicitar que, se utilizadas de forma eficiente, estas ferramentas serão 
muito importantes no seu cotidiano. 
Como sugestão para futuros trabalhos, aponta-se a possibilidade de fazer um 
benchmarking com organizações ou empresas que utilizam as ferramentas de gestão 
 
 
 
 
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financeira, a fim de propiciar às ESFL a possibilidade de buscar melhorias em sua 
administração. 
 
6 REFERÊNCIAS 
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organizações não-governamentais – São Paulo: Peirópolis, 2003. 
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