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Modelos de Desenvolvimento Motor: Ampulheta e Pirâmide. Profª. Ms. Gisela Vicentini Elas explicitam o que muda e quando muda no repertório motor dos indivíduos e, de acordo com Manoel (2005), apresentam uma finalidade teórica e uma prática. Nesse modelo, fatores como a hereditariedade e o ambiente são considerados como a “areia” dentro da ampulheta. A influência hereditária é fixa, já está traçada no código genético, por isso tem tampa. A influência do ambiente não tem “tampa”, podendo-se acrescentar areia inúmeras vezes durante o processo de desenvolvimento. São essas duas dimensões (genética e meio) que movem os debates há décadas no campo do desenvolvimento motor, não havendo consenso entre os pesquisadores acerca de qual dessas dimensões tem a prerrogativa sobre o desenvolvimento. Ao considerarmos que movimento é diferente de ação, pois o primeiro refere-se apenas ao deslocamento do corpo no espaço, enquanto o segundo é um movimento constituído de sentidos, de significados, de cultura e de intersubjetividade, ou seja, é um fenômeno tipicamente humano, torna-se necessário, na abordagem sobre a cultura de movimento no contexto escolar, considerar a intencionalidade do sujeito e o ethos5 da comunidade em que ele está inserido. Dessa forma, em vez de trabalhar com movimentos estereotipados, preconcebidos e mecanizados, as intervenções da Educação Física, deveriam valorizar as ações em que os indivíduos resolvam problemas e tomem decisões em situações relacionadas com as suas experiências motoras. Para Manoel (2008, p. 482-483), uma nova perspectiva para compreensão do processo de desenvolvimento motor deve considerar os seguintes aspectos: 1 · Desenvolvimento é um processo de construção em que o sujeito é ator do seu próprio desenvolvimento. Para a visão sinergética do desenvolvimento, a questão central para o estudo e a intervenção sobre o desenvolvimento é a compreensão de como a experiência é construída pelo bebê, pela criança, pelo jovem, pelo adulto e pelo idoso. 2 · Não há desenvolvimento motor, mas sim, desenvolvimento da ação. O enfoque muda do movimento, dos padrões fundamentais de movimento para a ação motora, trazendo à cena a intencionalidade, o significado e o contexto. 3 · Não há uma sequência de desenvolvimento, mas trilhas desenvolvimentistas. Surge um novo elemento de peso no estudo e na intervenção: o contexto do desenvolvimento, dando vazão à necessidade de se considerar a intersubjetividade nas ações, juntamente com o ethos de cada comunidade. 4 · A ideia de progresso no desenvolvimento é equivocada, a ubiquidade é a essência do desenvolvimento e nela há diversidade.
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