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DIREITO CIVIL IV AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE Aula 4 Objetivos Ao final da sessão o aluno deverá ser capaz de: • Estudar as formas de perda e aquisição da posse CONTEÚDO DA AULA Unidade 2 – POSSE (Continuação) 2.7. Aquisição 2.7.1. Momento de início da posse 2.7.2. Espécies de aquisição 2.7.3. Meios de tradição da posse 2.7.4. Acessão da posse 2.8. Extinção AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE Assim que a pessoa puder exercer, em nome próprio, os poderes inerentes da propriedade, ela a adquire. Com a apropriação da coisa, tendo condições de dela dispor, usar ou gozar de suas vantagens, livremente, excluindo ação de terceiro, mediante o emprego de interditos possessórios. AQUISIÇÃO DA POSSE Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. ESPÉCIES DE AQUISIÇÃO DA POSSE • Posse adquirida por qualquer ato que possibilite visibilidade e uso econômico da propriedade (art. 1204 CC). • Todos os meios juridicamente possíveis para aquisição de direitos são válidos para aquisição da posse. • Direitos adquiridos por fatos jurídicos, aplicando requisitos de validade do art. 104, CC/02. (agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei) Pode ser: Aquisição Originária Aquisição Derivada ESPÉCIES DE AQUISIÇÃO DA POSSE Aquisição originária • Não há relação jurídica com o antecessor da posse. • Aquisição por ato unilateral. • Sem relação de causalidade entre posse atual e anterior. • Não há consentimento do possuidor precedente. • Posse apresenta-se livre dos vícios que a contaminavam. • Se antigo possuidor tinha uma posse injusta, tais vícios desaparecem ao ser esbulhado. ESPÉCIES DE AQUISIÇÃO DA POSSE Aquisição derivada ou bilateral: • Posse decorre de um negócio jurídico. • Causalidade entre posse atual e anterior. • Adquirente recebe posse com mesmos vícios que tinha com alienante. • Se posse anterior era violenta, clandestina ou precária, conserva (em regra) mesmo caráter com novo possuidor. • Ocorre pela tradição e sucessão inter vivos e mortis causa. TRADIÇÃO DA POSSE • Tradição pressupõe acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação. Tradição real • Envolve entrega efetiva e material da coisa. • Pressupõe causa negocial. > Requisitos: a) Entrega da coisa (corpus); b) Intenção das partes em efetuar a tradição (do tradens em transferir à outra parte a posse da coisa entregue e a de adquirir a posse por parte do accipiens); c) Justa causa – precede de um negócio jurídico, que a fundamenta. TRADIÇÃO DA POSSE Tradição simbólica • Atitudes, gestos, condutas indicativas da intenção de transferir a posse. Ex: ato de entrega das chaves de imóveis ou automóveis. Tradição consensual ou ficta, • Decorre exclusivamente de ato de vontade, independente de atos simbólicos de transferência da posse Ex: Constituto possessório. • Ocorre tradição consensual nas hipóteses do constituto possessório e da traditio brevi manu. • Cláusula "constituti". • Convenção entre contratantes, entendendo promovida a tradição, apesar de continuar a coisa em poder de outrem. • Requisitos: a) Vontade do possuidor atual em não possuir a coisa para si, mas para outrem. b) Vontade do adquirente ou novo possuidor em ter a coisa como sua, embora em posse de outrem. c) Relação de causalidade entre ato de apreensão da coisa, que passa de uma para outra posse, e o animus possidendi, em razão de que há a consciência deste direito e a evidência de uma coisa determinada, res certa. CONSTITUTO POSSESSÓRIO • Traditio brevi manu é o inverso do constituto possessório. • Possuidor de coisa alheia passa a possuí-la como própria. Exemplo do locatário que adquire o bem. • No constituto e na traditio não ocorre exteriorização da tradição. • Ocorre pura e simplesmente inversão no animus do sujeito. • Modificação subjetiva na compreensão da posse pelos sujeitos envolvidos. • Aplicável aos móveis quanto aos imóveis. Traditio brevi manu Pelo constituto, adquire-se ou se perde a posse. • Constituto pode resultar tacitamente, desde que por atos inequívocos se revele. • Não pode ser presumido. • Constituto possessório não se confunde com cláusula "de precario". CLÁUSULA "DE PRECARIO" • Designa cláusula que se estabelece no contrato, para concessão de um direito ou de uma posse, a título temporário - sem caráter definitivo ou estável. ACESSÃO DE POSSES • Posse pode ser adquirida por sucessão inter vivos ou mortis causa, a título singular ou universal. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Art. 1.207. O sucessor universal continua com direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. (Art. 1.207, 2ª parte) -> exceção à regra de que posse mantém caráter da aquisição (art. 1.203 CC.) Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. ACESSÃO DE POSSES • Sucessão causa mortis Transmissão da posse -> princípio da saisine Herdeiros entram na posse da herança no instante do falecimento do de cujus. •Sucessão inter vivos > a título singular - adquire bem certo e determinado, > a título universal - adquire uma universalidade (Ex: estabelecimento comercial). • Sucessor a título singular pode unir sua posse à do antecessor, permanecendo com vícios da posse anterior. (art. 1.207 CC) • Desliga posse atual da do antecessor, serão expurgados vícios que a maculavam, iniciando novo prazo para usucapião. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Transmissão "causa mortis" da posse. Aberta a sucessão, a posse da herança adquire-se ope legis. Nessa transmissão causa mortis os herdeiros e legatários tomam o lugar do de cujus, continuando a sua posse, com os mesmos caracteres (vícios ou qualidades). Art. 1.207. O sucessor universal continua, de direito, a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. Posse na sucessão universal. • Sucessor universal continua na posse de seu antecessor. • Continuidade na posse, prolongada na pessoa do sucessor universal • Objeto da transferência é uma universalidade (patrimônio, ou parte de uma universalidade) União das posses. • Hipótese da sucessão singular (C/V, doação, dação, legado) • Objeto adquirido constitui coisa certa ou determinada. • Aquisição da posse a título singular constitui uma nova posse para o adquirente , embora a receba de outrem. • Adquirente pode unir sua posse à do antecessor, visando obter propriedade pela usucapião, -> Soma as posses para completar o prazo para usucapir. Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Atos de mera tolerância. • Não induz a posse -> decorres de um consentimento expresso ou de concessão do dono • Revogáveis pelo concedente. • Ante precariedade da concessãonão se pode falar em posse. Ex: se alguém tolera que vizinho retire água de sua fonte, será simples licença ou autorização revogável. Atos violentos ou clandestinos. • Atos violentos ou clandestinos -> Não induz posse, senão após cessação da violência ou da clandestinidade. • Se adquirente a título violento ou clandestino provar que a violência ou clandestinidade cessaram há mais de ano e dia, sua posse passará a ser reconhecida, convalescendo-se dos vícios que a maculavam. • Não ocorre com posse precária -> precariedade não cessa jamais. * Posse de móveis encontrados no imóvel possuído. • Princípio : Acessório segue o principal • Relação possessória entre móveis e possuidor do imóvel, uma vez que são acessórios deste. Presunção juris tantum • Posse do imóvel presume a dos móveis que nele estiverem. • Presunção relativa, vencida com apresentação de prova em contrário, pelo dono da coisa móvel, que deve demonstrar que não constitui acessório do imóvel. Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem. Extinção da Posse • Posse jurídica, no sistema brasileiro, inspirado na teoria objetiva de Ihering. (utilização da coisa como proprietário) • Perde-se a posse quando cessa o poder sobre a coisa ou a faculdade de exercer alguns dos poderes inerentes a propriedade. • Posse pode ser perdida por: a) perda da coisa; b) perecimento da coisa; c) abandono (derrelição); d) transmissão da posse para outra pessoa; e) tomada da posse por outrem (v. art. 1.224); f) classificação da coisa como bem fora do comércio. Extinção da Posse a) perda da própria coisa • Privação da posse sem querer. • No abandono a privação se dá por ato intencional, deliberado. b) perecimento da coisa Destruição pode resultar de: a) Acontecimento natural ou fortuito (Ex: morte de um animal) b) Fato do próprio possuidor (Ex: acidente de carro por direção imprudente) c) Fato de terceiro, em ato atentatório à propriedade. • Perda da posse também quando a coisa deixa de ter as qualidades essenciais à sua utilização ou valor econômico (Ex: campo invadido pelo mar e submerso permanentemente) • Perda da posse também quando impossível distinguir uma coisa da outra (Ex casos de confusão, comistão, adjunção e avulsão). Extinção da Posse c) abandono (derrelição); d) transmissão da posse para outra pessoa; e) tomada da posse por outrem (v. art. 1.224); f) classificação da coisa como bem fora do comércio • Pode alguém possuir bem que, por razões de ordem pública, moralidade, higiene ou segurança coletiva, passe à categoria de extra commercium – perda da posse por impossibilidade do possuidor ter o poder físico sobre o objeto da posse. Ex: governo decide proibir o cigarro ou o uso de arma (art. 104, II CC). • Consequência limitada às coisas tornadas insuscetíveis de apropriação (possível ter a posse de áreas públicas) Extinção da Posse Parâmetros legais de perda da posse: Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recupera-la, é violentamente repelido. Caso Concreto Ana Paula vendeu a Sergio o seu apartamento, recebendo desde logo todo o preço ajustado, efetuando - se o registro da escritura no RJ. Como ainda não estava pronto o novo apartamento de Ana Paula, para o qual pretendia se mudar, Sergio permitiu que Ana Paula continuasse a morar no imóvel que lhe vendeu, por mais dois meses, pagando apenas as despesas de condomínio, IPTU, luz e gás. Em face do exposto, responda: a) Ana Paula continua sendo proprietária do imóvel que ocupa? b) Ana Paula continua sendo possuidora? Se positiva a resposta, a que título? c) Sergio é possuidor do imóvel que adquiriu? d) Se Ana Paula, ao término dos dois meses, não entregar o imóvel a Sergio, o que poderá este fazer? Questão objetiva Dá-se o traditio brevi manu, quando: a. o possuidor de uma coisa em nome alheio passa a possuí-la como própria. b. o sucessor universal continua a posse do antecessor. c. a posse puder ser continuada com a soma do tempo do atual possuidor com a posse de seus antecessores. d. o possuidor de um imóvel em nome próprio passa a possui-lo em nome alheio. e. se exerce a posse em razão de uma situação de dependência econômica ou de um vínculo de subordinação.
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