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PROCEDIMENTO NO TRIBUNAL DO JURI CONCEITO: É o procedimento adequado a julgar os crimes dolosos contra a vida, bem como os crimes conexos. Obs: são crimes dolosos contra a vida: Homicídio (doloso), infanticídio, aborto e instigação ao suicídio. Obs: Crime conexo - Delito relacionado a outro porque é praticado para a realização ou ocultação do segundo. Possuem relação de causa e efeito, ou porque um é cometido durante a execução do outro. Ex: o crime de homicídio, executado para eliminar a testemunha de um roubo. Obs: Vale lembrar que a ordem dos crimes é importante. Ex: Roubou e depois matou, não é competência do Tribunal do Júri, e sim do Juiz singular. ATENÇÃO: Não é competência do tribunal do júri: Latrocínio, genocídio, Tortura. ORGANIZAÇÃO: É um órgão colegiado heterogêneo e temporário, constituído por um juiz presidente e 25 jurados (art. 433 CPP); desses 25, serão sorteados 07 para formar o conselho de sentença; para que seja instalada a sessão é necessário ao menos 15 jurados; Anualmente o juiz organiza a lista geral dos jurados (art. 425 CPP), a convocação do júri é feita por edital, mas os jurados serão intimados pessoalmente. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DE 1988: É disciplinado no art. 5º, XXXVIII, da CF. são princípios do Júri. *plenitude de defesa: é ainda mais abrangente do que a ampla defesa, pois compreende a defesa técnica, a auto defesa e a defesa metajuridica (além do direito – EX:clemência). obs:defesa técnica fiscalizada pelo Juiz Presidente – Art. 497, V. *Sigilo nas votações: jurados são levados a uma sala secreta para decidirem. Respondem Sigilosamente às perguntas formuladas pelo Juiz Presidente (quesitos) por meio de cédulas contendo “sim” e “Não”. Note que o sigilo é tanto no ambiente, quanto na própria votação, o jurado não pode informar seu voto e nem se comunicar com as demais pessoas e jurados. Deve-se evitar a unanimidade (se atingir quatro votos interrompe-se a leitura). Obs: representa uma segurança jurídica, pois não serão coagidos pelo juiz , pela acusação ou pela defesa. *Soberania dos vereditos, impossibilita ao tribunal técnico modificar a decisão do Júri. A decisão proferida no âmbito do Conselho de Sentença possui um caráter de imodificabilidade. As decisões proferidas pelo Tribunal Popular não podem ser alteradas quanto ao mérito pela Instância Superior, podendo ser anuladas para que, em novo julgamento o Conselho de Sentença reveja a decisão. Isso ocorre no caso do inciso III, alinea D do artigo 593 do CPP. Obs: a garantia da soberania dos veredictos não exclui a recorribilidade de suas decisões; porém, as decisões do júri não poderão ser alteradas, quanto ao mérito, pelo tribunal do Poder Judiciário; podem apenas ser anuladas quando se mostrarem contrárias à prova dos autos, assegurando-se a devolução dos autos ao tribunal do júri para que profira novo pronunciamento (novo juri). O procedimento do Júri é dividido em duas fases: na primeira, estão abrangidos os atos praticados do oferecimento da denúncia até a decisão de pronúncia; na segunda, estão abrangidos os atos praticados entre a pronúncia e o julgamento pelo Tribunal popular. 1) Primeira fase – Juizo de Admissibilidade Também denominada Sumário de culpa e judicium acusationes. Possui basicamente a mesma estrutura do procedimento comum ordinário; verifica-se a plausibilidade da acusação, referindo-se tão-somente aos elementos de prova quanto a ocorrência real do crime e indícios de autoria. 1- OFERTA DA DENÚNCIA (art.41 CPP) - Possível até 8 testemunhas. 2- RECEBIMENTO OU REJEIÇÃO DA DENÚNCIA (art.395, 396 CPP): 3- CITAÇÃO DO RÉU (art.406 CPP): a relação processual penal tornou- se válida. Pode ser real (art.351 e 352 CPP), editalícia (art.361 CPP) e por hora certa (art.362 CPP). : 4 – RESPOSTA À ACUSAÇÃO (art.406 §3°, 407 e 408 CPP): Peça processual da defesa para arrolar testemunhas e oferecer as primeiras linhas de defesa, bem como alegar as nulidades no prazo de 10 dias. -Possível até 8 testemunhas. -O MP terá 5 dias para impugnar a defesa (art. 409 CPP). -O juiz ainda determinará a inquirição das testemunhas e a realização de diligências no prazo de 10 dias (art. 410 CPP). 5- AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO ORAL (art. 411 CPP): Terá que obedecer a ordem descrita no artigo sob pena de nulidade. - O prazo máximo para o encerramento desta fase são de 90 dias ( art 412 CPP). 6 - ALEGAÇÕES FINAIS (art 411 §3° c/c art 384 - CPP): 7 - SENTENÇA : Decisão onde o juiz encerrará a primeira fase, podendo ser quatro possiveis: 1ª-Pronúncia: é a única decisão que dá prosseguimento ao feito, inaugurando a segunda fase e levando até o julgamento perante o Tribunal do Júri. -o juiz considera que restou provada a materialidade do fato e indícios suficientes de autoria por parte do acusado; -não entra no mérito da questão; -É indispensável que o juiz classifique o dispositivo em que o acusado será julgado pelo júri, quer como simples ou qualificado; -Não pode fazer menção a concurso de crimes, causas de aumento e diminuição pena, bem como atenuantes e agravantes (art. 413 CPP); -É decisão interlocutória não terminativa, pois apenas encerra uma fase do procedimento, mas não encerra o processo. 2º-Desclassificação: ocorre quando o juiz se convencer da existência de crime não doloso contra a vida, devendo remeter os autos para o juiz competente. Esta decisão não põe fim ao processo, devendo o feito ser encaminhado a outro juízo para continuidade e conclusão (art 418 e 419 CPP). Aury Lopes Junior, divide a desclassificação em: 1. Própria: quando o juiz dá ao fato uma nova classificação jurídica, excluindo da competência do júri, e com isso remete para o juiz singular. 2. Imprópria: quando o juiz desclassifica, mas o crime continua da competência do júri. Ou seja, ele desclassifica, mas pronuncia. Ex: desclassifica de infanticídio para homicídio simples. O novo crime continua na esfera de competência do tribunal do júri, o juiz presidente desclassifica, mas pronuncia”. 3ª-Impronúncia: é a decisão de rejeição para o julgamento perante o Júri, sendo necessário que não haja prova de materialidade ou indício de autoria, trata-se de decisão interlocutória que não analisa o mérito, mas encerra o processo, portanto, é decisão interlocutória terminativa.(art 414 e 416 CPP). Obs: Como a decisão pela impronúncia não analisa o mérito da causa, se surgirem novas provas o processo poderá ser reaberto a qualquer tempo, respeitando a extinção da punibilidade. 4ª-Absolvição sumária, ocorre em razão de estar comprovada a existência de excludente de ilicitude ou de culpabilidade ou quando PROVADO a inexitência de crime ou PROVADO a inocência. Trata-se de decisão de mérito, que analisa a prova e declara a inocência do acusado (art 415 CPP). Algumas observações quanto à 1 ª fase. Não confundir impronúncia com a despronúncia. A despronúncia ocorre quando a decisão de pronúncia, após recurso em sentido estrito, é reformada pelo Tribunal. IMPRONUNCIA x ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - Na impronúncia o juiz não se convence da existência do crime ou de indicio suficiente de autoria ou participação, não julga o mérito. Na absolvição sumária a decisão proferida pelo juiz é decisão de mérito e se dá nos casos em que é demonstrada causa de exclusão do crime ou de isenção da pena. EXCESSO DE LINGUAGEM – quando da decisão de pronúncia, o juiz não pode antecipar elementos de convicção, ou seja, não pode fazer um prejulgamento do acusado, nem mesmo afastar peremptoriamente as teses defensivas,sob pena de incorrer em excesso de linguagem. Isso quer dizer, na sentença de pronúncia é crucial o uso de linguagem moderada. Não pode o juiz aprofundar o exame do caso. COISA JULGADA – Na decisão que pronuncia o réu o conteúdo da acusação não poderá mais ser modificado após a preclusão das vias impugnativas. Há apenas uma exceção, quanto aos casos em que circunstância superveniente altera a classificação do crime (ex: pronunciado o réu por tentativa de homicídio, após a pronúncia a vítima vem a falecer). Assim, a pronúncia faz coisa julgada formal. 2) Segunda fase -Juízo de mérito Também denominada de judicium causae É onde ocorre o plenário É a fase de julgamento definitivo da causa. 1 - PREPARAÇÃO DO PROCESSO: intimação das partes para indicarem testemunhas (até 5) e requerem documentos e diligências, no prazo de 5 dias (art.422 CPP). -Apresentado os requerimentos o juiz proferirá despacho saneador, além de elaborar um relatório que juntamente com a decisão de pronúncia será entregue aos jurados (art.423 CPP). -O juiz designa a data da audiência e encaminha o processo para o julgamento perante o júri. Obs: Serão julgados preferencialmente os réus presos, dentre estes o mais antigo e por último o que tiver sido pronunciado a mais tempo (art.429 CPP). 2 - INSTALACÃO DA SESSÃO: Em data anterior à sessão serão sorteados e convocados 25 jurados (art 425 e 432 CPP). -No dia e hora designados para julgamento, o juiz - presidente verificará se apresentam-se os 25 jurados, se tiverem comparecidos pelo menos 15 o juiz declarará aberta a sessão, sendo anunciado o julgameto (art. 463 CPP). obs: Se não houver ao menos 15 jurados, haverá sorteio de jurados e suplentes e remarcação da data da sessão. 3 - FORMACÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA: Instalada a sessão, será feito o sorteio de sete jurados dentre os 25 que compareceram. Antes do sorteio deve o juiz advertir os jurados sobre os impedimentos e suspeição (art 448,449,466 CPP). Podem as partes recusar até três jurados sem justificar (art 467 e 468 CPP) podendo ainda recusar sem limites os outros jurados desde que justifique. obs:“estouro de urna” – adiamento - suplentes Em seguida os escolhidos prestarão o compromisso da verdade. (art.453 a 472 CPP). 4– INSTRUÇÃO: Será o ouvido o ofendido, se possível, e em seguida as testemunhas de acusação e defesa, acareação, reconhecimentos de pessoas e coisas, esclarecimentos dos peritos, e por fim o interrogatório do acusado (art.473 a 475 CPP). Os jurados também podem fazer perguntas às testemunhas e ao acusado. 5 – DEBATES - O promotor promoverá a acusação no prazo de 1h30 (havendo mais de um réu, 2h30). Em seguida a defesa falará no mesmo prazo. Após, a acusação terá direito a réplica por 1h (2h mais de um réu). Encerrada a replica a defesa por igual prazo terá direito tréplica (nesta não pode haver inovação de tese pela defesa). Obs: Durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura de documento que não tiver sido comunicado a parte contrária com antecedência de pelo menos três dias do julgamento (art.476 a 481 CPP). 6 - FORMULAÇÃO DE QUESITOS: Deve o juiz indagar aos jurados se estão habilitados para julgar ou se precisam de esclarecimentos, em seguida fará a leitura do questionário. (art.482 CPP); 7 - VOTACÃO: Lidos e explicados os quesitos os jurados serão levados para a sala secreta e o réu será retirado da sessão. Os votos SIM ou NÃO serão depositados em uma urna. caso a votação esteja em contradição o juiz submetera a nova votação em seguida será lavrado um termo que será assinado pelo juiz e jurados. (art.483 a 491 CPP). 8- SENTENÇA: Encerrada a votação dos quesitos o juiz prolatará sentença: de absolvição, devendo ser colocado em liberdade imediatamente; ou de condenação ou de desclassificação (art.492 a 493) Algumas observações quanto à 2 ª fase DESAFORAMENTO: É o deslocamento de competência territorial do júri, para a comarca mais próxima, sempre que houver interesse de ordem pública, duvida sobre a imparcialidade do júri, sobre a segurança do réu ou quando por excesso de serviço e passado 6 meses da sentença de pronúncia não tiver sido realizado. Sendo possível após o trânsito em julgado da sentença de pronúncia. (art.427 e 428 CPP). Reaforamento é o retorno a comarca original. Se a maioria dos votos for atinginda na resposta de um quesito(4votos) o juiz não deve prosseguir com a leitura dos demais votos, em nome do sigilo das votações. Eventuais agravantes e atenuantes não serão quesitadas, mas valoradas pelo juiz no momento da setença. DESCLASSIFICAÇÃO NA 2ª FASE A desclassificação própria se dá quando, em plenário, os jurados consideram que o crime não é da competência do Tribunal do Júri, sem especificar qual é o delito. Neste caso, o juiz presidente assume total capacidade decisória para julgar a imputação, podendo inclusive absolver o acusado. Exemplo: os jurados negam ter havido intenção de matar (animus necandi). Nesse caso o julgamento passa para o juiz presidente, que dará a devida classificação jurídica aos fatos (lesão corporal culposa, perigo de vida etc.). A desclassificação imprópria ocorre quando os jurados reconhecem sua incompetência para julgar o crime indicando qual teria sido o delito praticado. Nesta hipótese, o juiz presidente é obrigado a acatar a decisão dos jurados, condenando o acusado pelo delito por eles indicado. Exemplo: os jurados desclassificam o crime doloso (contra a vida) para crime culposo (homicídio culposo). Essa desclassificação vincula o juiz, que não pode decidir de forma distinta (dando outra classificação). RESUMINDO O PROCEDIMENTO NO TRIBUNAL DO JURI 1 – Procedimento do júri 1ª fase - do sumário da culpa (Judicium accusationis) a)oferecimento da denúncia ou queixa; b)recebimento da denúncia ou queixa; c)citação; d) Resposta à acusação; e) oitiva do Ministério Público ou ofendido; f) audiência de instrução e alegações finais; g)decisão. 2ª fase – do Juízo da causa (judicium causae) a)requerimento de diligências / rol de testemunhas; b)relatório e designação de julgamento; c)sessão plenária.
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