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Aula 10: Equac¸o˜es diferenciais lineares de 2a ordem. Disciplina: Equac¸o˜es Diferenciais To´pico: Equac¸o˜es diferenciais de 2a ordem Professora: Luiza Vidigal Gonc¸alves Uma equac¸a˜o diferencial linear de segunda ordem tem a forma: d2y dx2 + P (x) dy dx +Q(x)y = G(x), onde P,Q e G sa˜o func¸o˜es cont´ınuas num dado intervalo I. Inicialmente vamos estudar o caso em que, nesta equac¸a˜o, G(x) = 0 para todo x. Tais equac¸o˜es sa˜o chamadas equac¸o˜es lineares homogeˆneas. Assim a forma de uma equac¸a˜o diferencial linear homogeˆnea de segunda ordem e´: d2y dx2 + P (x) dy dx +Q(x)y = 0. Se G(x) 6= 0 para algum x, a equac¸a˜o dada acima e´ na˜o homogeˆnea. Dois fatos ba´sicos permitem-nos resolver equac¸o˜es lineares homogeˆneas. O primeiro e´ que se conhecermos duas soluc¸o˜es y1 e y2 de tal equac¸a˜o, enta˜o a combinac¸a˜o linear y = c1y1 + c2y2 tambe´m sera´ uma soluc¸a˜o. Teorema: Se y1(x) e y2(x) forem ambas soluc¸o˜es da equac¸a˜o linear ho- mogeˆnea d2y dx2 +P (x) dy dx +Q(x)y = 0 e se c1 e c2 forem constantes quaisquer, enta˜o a func¸a˜o y(x) = c1y1(x) + c2y2(x) tambe´m sera´ uma soluc¸a˜o. Demonstrac¸a˜o: Uma vez que y1 e y2 sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o d2y dx2 + P (x) dy dx +Q(x)y = 0, temos: 1 y′′1 + P (x)y ′ 1 +Q(x)y1 = 0 e y′′2 + P (x)y ′ 2 +Q(x)y2 = 0 Portanto, usando as regras ba´sicas de derivac¸a˜o: y′′ + P (x)y′ +Q(x)y = = (c1y1 + c2y2) ′′ + P (x)(c1y1 + c2y2)′ +Q(x)(c1y1 + c2y2) = (c1y ′′ 1 + c2y ′′ 2) + P (x)(c1y ′ 1 + c2y ′ 2) +Q(x)(c1y1 + c2y2) = c1[y ′′ 1 + P (x)y ′ 1 +Q(x)y1] + c2[y ′′ 2 + P (x)y ′ 2 +Q(x)y2] = c1(0) + c2(0) = 0 Assim y = c1y1 + c2y2 e´ uma soluc¸a˜o de d2y dx2 + P (x) dy dx +Q(x)y = 0. Vamos verificar o segundo fato. Seja agora o problema de valor inicial: y′′ + P (x)y′ +Q(x)y = 0 y(x0) = y0 y′(x0) = y′0 em que y0 e y ′ 0 sa˜o condic¸o˜es iniciais dadas no problema. Vamos determinar condic¸o˜es sobre duas soluc¸o˜es y1(x) e y2(x) para que exis- tam constantes c1 e c2 tais que y(x) = c1y1(x) + c2y2(x) seja soluc¸a˜o do problema de valor inicial dado. Substituindo x = x0 na soluc¸a˜o y(x) = c1y1(x) + c2y2(x) e na derivada de y(x), y′(x) = c1y′1(x) + c2y ′ 2(x) obtemos o sistema de equac¸o˜es lineares: 2 c1y1(x0) + c2y2(x0) = y0c1y′1(x0) + c2y′2(x0) = y′0 que pode ser escrito na forma AX = B em que A = y1(x0) y2(x0) y′1(x0) y ′ 2(x0) , X = c1 c2 e B = y0 y′0 Se a matriz do sistema A e´ invert´ıvel, enta˜o para todo par de condic¸o˜es iniciais (y0, y ′ 0) o sistema tem uma u´nica soluc¸a˜o (c1, c2). (A soluc¸a˜o e´ X = A −1B). Mas uma matriz quadrada e´ invert´ıvel se, e somente se, o seu determinante e´ diferente de zero. Ou seja, se det y1(x0) y2(x0) y′1(x0) y ′ 2(x0) 6= 0, enta˜o para todo par de condic¸o˜es iniciais (y0, y ′ 0) existe um u´nico par de constantes (c1, c2) tal que y(x) = c1y1(x) + c2y2(x) e´ soluc¸a˜o do problema de valor inicial dado. Definic¸a˜o: a) O determinante W [y1, y2](x0) = det y1(x0) y2(x0) y′1(x0) y ′ 2(x0) e´ chamado wronskiano ds func¸o˜es y1(x) e y2(x) em x0. b) Se duas soluc¸o˜es y1(x) e y2(x) de y ′′+P (x)y′+Q(x)y = 0 em um intervalo aberto I onde P (x) e Q(x) sa˜o cont´ınuas, sa˜o tais que o seu wronskiano e´ diferente de zero em um ponto x0 ∈ I dizemos que elas sa˜o soluc¸o˜es fundamentais de y′′ + P (x)y′ +Q(x)y = 0 no intervalo I. Teorema: Se y1(x) e y2(x) sa˜o soluc¸o˜es fundamentais de y ′′ + P (x)y′ + Q(x)y = 0 em um intervalo I enta˜o a famı´lia de soluc¸o˜es y(x) = c1y1(x) + 3 c2y2(x), para constantes c1 e c2 arbitra´rias e´ a soluc¸a˜o geral de y ′′+P (x)y′+ Q(x)y = 0 em I. Teorema: Se y1(x) e y2(x) sa˜o func¸o˜es tais que W [y1, y2](x0) = det y1(x0) y2(x0) y′1(x0) y ′ 2(x0) 6= 0 para algum x0 ∈ I enta˜o y1(x) e y2(x) sa˜o linearmente independentes (l.i.) em I. Dizemos que duas func¸o˜es y1(x) e y2(x) sa˜o linearmente dependentes (l.d.) em um intervalo I se uma das func¸o˜es e´ um mu´ltiplo escalar da outra, ou seja, se y1(x) = αy2(x) ou y2(x) = αy1(x), para todo x ∈ I. Caso contra´rio dizemos que elas sa˜o linearmente independentes (l.i.). Se duas func¸o˜es sa˜o l.d. em um intervalo I enta˜o W [y1, y2](x0) = det y1(x0) y2(x0) y′1(x0) y ′ 2(x0) = 0 para todo x ∈ I pois uma coluna da matriz acima e´ mu´ltiplo escalar da outra. Logo outro fato que precisamos e´ que a soluc¸a˜o geral seja uma combinac¸a˜o linear de duas soluc¸o˜es linearmente independentes y1 e y2. Exemplo: Seja b um nu´mero real na˜o nulo. Vamos mostrar que y1(t) = cos bt e y2(t) = sen bt sa˜o soluc¸o˜es fundamentais da equac¸a˜o y ′′ + b2y = 0 Como y′1(t) = −b sen bt, y′′1(t) = −b2 cos bt, y′2(t) = b cos bt e y′′2(t) = −b2sen bt, enta˜o: y′′1 + b 2y1 = −b2 cos bt+ b2 cos bt = 0 4 y′′2 + b 2y2 = −b2 sen bt+ b2 sen bt = 0. Assim y1(t) e y2(t) sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o y ′′ + b2y = 0. Ale´m disso, det y1(t) y2(t) y′1(t) y ′ 2(t) = det cos bt sen bt −b sen bt b cos bt = b 6= 0 para todo t ∈ R. Portanto y1(t) = cos bt e y2(t) = sen bt sa˜o soluc¸o˜es fundamentais de y′′ + b2y = 0 e a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o diferencial e´ y(t) = c1 cos bt+ c2sen bt. 5
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