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TJSC Apelação Cível n. 2011.101228 2 USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA 1.836.786 m² X 170 campos de futebol

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Apelação Cível n. 2011.101228-2, de Canoinhas
Relator: Des. Domingos Paludo
APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA.
PROCEDÊNCIA NA ORIGEM. CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO
SUFICIENTE AO RECONHECIMENTO, EM FAVOR DOS
AUTORES, DA POSSE MANSA, PACÍFICA E ININTERRUPTA,
COM ANIMUS DOMINI, POR PERÍODO SUPERIOR A 20 ANOS.
CONFIGURAÇÃO DO LAPSO TEMPORAL NECESSÁRIO À
PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. REQUISITOS DO ART. 550 DO
CÓDIGO CIVIL DE 1916 DEVIDAMENTE PREENCHIDOS.
ATENDIMENTO À FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. VERSÃO
DA APELANTE, DE QUE O AUTOR TERIA SIDO SEU PREPOSTO,
NÃO DEMONSTRADA. CONFRONTANTES QUE RECONHECEM
OS AUTORES COMO DONOS DO IMÓVEL. INADMISSIBILIDADE
DE DISCUSSÃO ACERCA DO TÍTULO DOMINIAL COMO FORMA
DE ILIDIR A POSSE. SENTENÇA MANTIDA.
MANIFESTAÇÃO DO INSS REQUERENDO QUE A REFERIDA
AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA FOSSE SUBSTITUÍDA PELA
UNIÃO-FAZENDA NACIONAL.
PETIÇÃO DA FAZENDA NACIONAL EM QUE EXPRESSA NÃO
POSSUIR INTERESSE NO PROCESSO E PEDE A SUA
EXCLUSÃO DO FEITO.
RECURSO DESPROVIDO.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n.
2011.101228-2, da comarca de Canoinhas (2ª Vara Cível), em que é apelante Abrahao
Mussi S/A Indústria e Comércio, e apelados Artur Carlos de Castro e outros:
A Primeira Câmara de Direito Civil decidiu, por votação unânime, conhecer
e negar provimento ao recurso. Custas legais.
Participaram do julgamento, realizado nesta data, os Exmos. Srs. Des.
Domingos Paludo – Relator – , Des. Raulino Jacó Brüning – Presidente – e Des.
Gerson Cherem II.
Florianópolis, 23 de outubro de 2014.
Domingos Paludo
RELATOR
Gabinete Des. Domingos Paludo
RELATÓRIO
Trata-se de recurso de Apelação interposto por Abrahao Mussi S/A
Indústria e Comércio contra a sentença que, em Ação de Usucapião, julgou procedentes
os pedidos formulados na inicial e reconheceu a prescrição aquisitiva em favor dos
autores Artur Carlos de Castro e outros, de um imóvel rural com área de 1.836.786,00
m², situado na localidade de Pinhalzinho – Serra do Lucindo, município de Bela Vista do
Toldo.
A apelante alega que é a legítima proprietária da área, parte de um todo
maior com 3.927.126,66 m², matriculado no CRI de Canoinhas sob o nº 7.267. Os
autores estariam no terreno na qualidade de meros detentores, com autorização da
empresa, sendo que o autor Artur Carlos de Castro era seu funcionário, conforme
depoimentos prestados pelas testemunhas, razão por que não subsistiria o requisito do
animus domini para fins de usucapião.
As contrarrazões estão às 568/582.
A Procuradoria da Fazenda Nacional manifestou-se às fls. 528/529,
asseverando a inexistência de interesse da Fazenda Nacional e, por conseguinte, do
INSS no feito.
Este é o relatório.
Gabinete Des. Domingos Paludo
VOTO
Presentes os pressupostos que regem a admissibilidade, conheço do
recurso, e adianto: a sentença há que ser mantida, por seus próprios fundamentos.
Insurge-se a empresa apelante contra a sentença de fls. 530/544, que
reconheceu em favor dos autores a prescrição aquisitiva de um imóvel rural com área de
1.836.786,00 m², situado na localidade de Pinhalzinho – Serra do Lucindo, município de
Bela Vista do Toldo.
Sustenta que os autores não teriam preenchido os requisitos para a
usucapião, na medida em que não possuem a área, com animus domini, por período
superior a 20 anos, notadamente em razão de o autor Artur Carlos de Castro ter sido seu
funcionário, usufruindo da propriedade por ato de mera liberalidade da empresa.
Contudo, a insurgência não merece prevalecer.
Inicialmente, importante frisar que, em 28 de agosto de 1998, o processo foi
sentenciado (fls. 236/241), tendo sido indeferido o pedido da ação por que a magistrada
entendeu, na oportunidade, que o fato de a empresa apelante ter retirado madeira do
imóvel com a ciência dos autor Artur Carlos de Castro, sem qualquer objeção do mesmo
e independentemente de sua anuência, além de importar interrupção do prazo da
prescrição aquisitiva, configurou o reconhecimento, por parte dos autores, de que não
eram os legítimos donos da área.
Referida sentença, todavia, foi anulada por acórdão proferido por esta
Egrégia Primeira Câmara de Direito Civil (fls. 291/294), sob o fundamento de que o
direito à ampla defesa dos autores foi cerceado, pois indeferido o pedido de prova
pericial, cuja realização seria imprescindível à demonstração de que a área usucapienda
não estaria inserida naquela de matrícula nº 7.267, de propriedade da empresa Abrahao
Mussi S/A , ora apelante.
Baixados os autos, a perícia foi realizada (laudo às fls. 421/434), mas
restou inconclusiva quanto à inserção, ou não, da área usucapienda dentro da matrícula
nº 7.267:
Apesar de ter sido possível identificar as porções de área ocupadas pelos
Autores (favor vide levantamento topográfico, constante do Anexo II do presente Laudo
Pericial), a conclusão sobre a determinação se a área usucapienda pretendida pelo
Autor faz parte ou está contida na área descrita na Matrícula nº 7.267 do
Requerido, restou prejudicada, uma vez que analisando-se somente as informações /
dados do imóvel descrito na Matrícula nº 7.267, constante às fls. 22 dos Autos, não é
possível aferir a localização exata da área pertencente aos Requeridos e, ainda,
some-se o fato de que os Réus (ou qualquer representante deles) não estiveram
na diligência "in loco", ou seja, não contribuíram com informações que levassem a
perfeita localização da área em questão. (fl. 429, grifo nosso)
Em face dessas conclusões o Juízo formou sua convicção, mediante o
Gabinete Des. Domingos Paludo
cotejo das demais provas acostadas ao caderno processual, no sentido de que os
requisitos necessários à procedência da usucapião extraordinária estariam configurados
nos autos.
Em relação às dúvidas expostas na prova pericial sobre a inserção da área
usucapienda no imóvel de propriedade da empresa apelante, de matrícula nº 7.267,
entendeu ser dispensável tal informação, por tratar-se a usucapião de modo originário de
aquisição da propriedade.
Em outras palavras, ainda que a área requerida esteja inserida no imóvel
dos Apelados, por que presentes os requisitos que configuram a usucapião,
especialmente a posse mansa e pacífica por mais de 20 anos, isso não representa
empecilho à aquisição da propriedade pelo Apelado.
A sentença, da lavra da douta Juíza de Direito Janine Stiehler Martins,
analisou os pontos controvertidos da presente demanda, no que tange ao preenchimento
dos requisitos necessários à usucapião, de maneira singular, senão vejamos:
[...] Como se entrevê do relatório supra apresentado, há uma contestação nos
autos, opondo alegação de propriedade relativamente ao alegado pelos requerentes.
Em audiência instrutória, foram ouvidas quatro testemunhas, a maioria ouvida no
ano de 1993. Apresenta-se a seguir os principais pontos, destacados, dos referidos
depoimentos.
Depoimento pessoal do autor Artur Carlos de Castro – fls. 145: "nunca trabalhou
para Abrahão Mussi. (...) Lá em Pinhalzinho entrou num terreno que estava meio
abandonado e foi trabalhando; depois apareceu uma pessoa que disse que era dono,
chamado Mussi. Dezoito anos depois que o depoente entrou no imóvel é que essa
pessoa apareceu lá dizendo que era dono do imóvel. Depois que o requerente requereu
usucapião é que Mário Mussi está tentando tirar o depoente de lá. (...) Nenhuma pessoa
de sua família trabalhou para Abrahão Mussi. A mãe do depoente morou alguns anos
naquele lugar, antes do depoente ir para lá. O terreno está todo cercado. Quando o
depoente entrou no imóvel o Mussi lá entrou para retirar madeiras, mas o depoente
revela que não podia fazer ele parar e explicou dizendo que era porque não tinha o
usucapião. Mussi tirou toda a madeira de lei, retirou pinheiro, imbuia, canela. Mussi ficou
retirando a madeira torno de um ano e pouco. (...) O depoente construiu casa no imóvel.
(...) O terreno inteiro é utilizado. Mussiretirou madeira e nunca mais voltou no imóvel. O
depoente nunca tentou impedir a entrada dos caminhões do Mussi.(...)Inquirido pelo juiz
sobre o fato de João Maria Neves ter dito que o depoente já trabalhara para Abrahão
Mussi, o depoente disse que isso não é verdade".
Miguel Carlos de Castro Neto (fls. 151), filho de Artur: "(...) O pai do depoente
nunca trabalhou para Abrahão Mussi. O depoente cresceu, casou-se e teve filhos, em
número de cinco, e tudo isto no imóvel usucapiendo. (...)Todo o terreno é utilizado.
Antes do requerimento do usucapião ninguém havia contestado a posse do imóvel. Na
região as pessoas sabem que os autores são donos do imóvel(...)".
Maria Lucidia Corrêa (fls. 153): "Conhece Artur há mais de 20 anos e há 14 é
vizinha dele. A depoente é esposa de José Corrêa. Para a depoente os autores são
proprietários do imóvel usucapiendo. O único imóvel que os autores possuem é este do
Gabinete Des. Domingos Paludo
usucapião. Ao que a depoente saiba, nunca ninguém tentou tirar as terras de Artur.
Nunca viu e não sabe se a empresa Mussi entrou no terreno de Artur. Bem certo não
sabe quem são os confrontantes de Artur. João de Deus Bueno, Otacílio Custódio de
Melo fazem divisas, digo, faziam divisas com o terreno dos autores, mas hoje a
depoente não sabe. Quatro ou cinco filhos casados de Artur trabalham no imóvel. (...) As
pessoas da comunidade respeitam Artur como dono do imóvel".
José Corrêa (fls. 154): "Faz 14 anos que o depoente mora em Pinhalzinho –
Serra do Lucindo e quando foi para lá iniciou a vizinhança com Artur Carlos de Castro,
vizinhança esta que existe até hoje. (...) Faz 27 ou 30 anos que Artur está no imóvel
usucapiendo. Ao que o depoente disse, ninguém contestou a posse dos autores.
(...) Nunca viu caminhão do Mussi puxando madeira do terreno usucapiendo. (...) Não
conhece terreno da Mussi na localidade de Pinhalzinho".
Octacílio Custódio de Melo (fls. 155): "Há perto de 40 anos conhece Artur. De
25 anos para cima Artur está no imóvel usucapiendo. Artur nunca saiu dali e
continua com a família dele até hoje no local. (...) Há mais ou menos sete anos o
depoente vendeu o imóvel que fazia divisa com Artur (...) Não comprou o imóvel nem da
Mussi nem de João Sgário.O depoente chegou a vender madeira para Mussi. Abrahão
Mussi ficou tirando madeira durante muito tempo do terreno do depoente. Não sabe se
Abrahão Mussi entrou no terreno usucapiendo para retirar madeira. (...)".
Maria Karvat (fls. 156): "Faz 28 anos que conhece Artur. Artur sempre morou
no imóvel usucapiendo. Com ele moram hoje cinco filhos que são casados e
vivem da agricultura e da pecuária. Não se lembra se Abrahão Mussi retirou alguma
árvore do terreno usucapiendo. (...) Não se lembra de firmas tirando madeira das terras
de Artur. Para a depoente, Artur sempre foi dono do terreno onde mora. Não sabe se
Abrahão tinha algum terreno na localidade".
João Maria de Deus Bueno (fls. 157): "(...) Faz uns vinte e poucos anos que
Artur está sobre o imóvel. Não sabe se a posse de Artur foi ou não contestada.
Artur sempre morou no imóvel. Artur e família exploram o imóvel até hoje. (...) Ao que
o depoente saiba, Abrahão Mussi não tinha terreno na região (a não ser que fosse em
algum canto que eu não conhecia) (...)"
Mário Selbmann (fls. 158): " Apesar do nome Mário Selbmann constar no mapa de
fls. 06, o terreno é da Safrobrás empresa da qual o depoente é sócio gerente. (...) o
depoente teve o terreno de sua propriedade que faz divisa com o imóvel destes autos
adquirido através de compromisso de compra e venda; (...) tal documento negociou
apenas a posse do imóvel, tanto que foi ajuizada pela Safrobrás ação de usucapião(...)
Uma parte do imóvel usucapiendo no qual estão os autores, é explorado – agropecuária
e agricultura e a outra parte é ainda de floresta. Não sabe se na parte de floresta é ou
não extraída erva-mate. Segundo o autor, ele está há mais de vinte anos no imóvel. Não
sabe se o primeiro autor trabalhou para Abrahão Mussi. O imóvel usucapiendo está
cercado com arame farpado. (...) Ao que saiba, Abrahão Mussi não fez nenhuma
benfeitoria no imóvel usucapiendo. (...) O depoente não conhece nenhum terreno de
Abrahão Mussi na localidade do imóvel usucapiendo (...) a ação de usucapião que o
depoente se referiu acima já foi julgada, inclusive pelo Tribunal, tendo o usucapião sido
indeferido. Desde o tempo em que o depoente está na região do imóvel usucapiendo,
Gabinete Des. Domingos Paludo
desconhece invasão de terras. Existe uma ação de Reintegração de Posse ajuizada por
Abrahão Mussi depois que o usucapião foi indeferido (...)".
Germano Lisboa (fls. 163): "Há mais de 15 anos conhece Artur Carlos de Castro e
sua família; quando conheceu Artur de Castro ele já se encontrava no imóvel onde hoje
está; (...)Nunca viu caminhões da Abrahão Mussi retirando madeira de dentro das terras
dos autores. Ao que o depoente saiba a posse dos autores nunca foi contestada.(...)".
Agenor Rocha de Almeida (fls. 164): "Faz uns cinquenta anos que o depoente
conhece Artur (...) Faz mais ou menos 28 anos que Artur mora em
Pinhalzinho.(...)No terreno moram quatro famílias: a de Artur, a de Augusto, Davino,
Miguel e João Maria Castro. O depoente nunca viu ninguem perturbando a posse dos
autores, nem mesmo qualquer empresa. Artur sempre permaneceu no mesmo local,
nunca tendo saído dali (...)que o terreno é cercado com cerca de arame.(...)Toda a área
é aproveitada pelos autores. (...) Antes de Artur entrar no imóvel as terras estavam
abandonadas".
Augusto Barbosa (fls. 165): "Há vinte e cinco anos por si assim mais ou
menos o depoente conhece Artur. Nesta época Artur já morava no imóvel
usucapiendo. (...)Também moram no imóvel Miguel, Davino e Augustinho, os quais são
casados. (...); o terreno é cercado com quatro fios de arame (...)eles plantam milho e
feijão no imóvel (...)Não conhece a empresa Abrahão Mussi. (...) Conhece Henrique
Castro. Não conhece João Allionso. Não sabe se Henrique Castro trabalhava para
Abrahão Mussi".
Alfredo Alves dos Santos (fls. 166): "Faz mais de vinte anos que o depoente é
vizinho de Artur. (...) Quando o depoente entrou no imóvel onde hoje se encontra
Artur já estava ali no imóvel vizinho e por isto não saber dizer como fora que Artur
ingressara no terreno dele. Nunca soube que alguém tivesse contestado a posse de
Artur. Nunca viu a empresa Abrahão Mussi tirar madeira do terreno de Artur".
Henrique Castro (fls. 167): "Conhece Artur desde criança; o depoente começou a
trabalhar na empresa Abrahão Mussi em 1977 e nesta época já fazia uns três anos que
Artur estava no imóvel usucapiendo. O depoente trabalhou até 1982 para Abrahão
Mussi. (...)O depoente trabalhava como motorista e atendia criação (...) Foi o próprio
Artur quem contou para o depoente que ali ele se encontrava no imóvel há três anos. O
depoente não foi tirar madeira para Abrahão Mussi tirar no imóvel de Artur, mas a
empresa tirou madeiras de lá. O depoente viu ser retirada madeira do imóvel
usucapiendo. O depoente conhece Otacílio Custódio de Melo. Para ir no terreno de
Otacílio Custódio de Melo tem que se passar por dentro do imóvel de Artur. (...) Não
sabe dizer a que título Artur se encontrava no imóvel. Artur nunca se opôs a que
empregados de Abrahão Mussi retirasse madeira. (...) O depoente trabalhava em todas
as fazendas da firma Mussi. Perto do imóvel usucapiendo, antigamente, Abrahão Mussi
também tinha uma fazenda, mas não sabe dizer se hoje tem-na ou não. (...) O depoente
não sabe dizer como está o imóvel de Artur hoje em dia. Quando veio de Palmas o
depoente ficou uns três meses na Fazenda dos Mussi que fica perto do terreno
usucapiendo".
João Maria de Souza (fls. 188): "Eu trabalhei muitos anos com a empresa Abrahão
Mussi como encarregado de mato e praticamente conheci todos os imóveis que eles
Gabinete Des. Domingos Paludo
possuíam, inclusive a área usucapienda. Em 1975 eu contratei o Arturde Castro para
ele cuidar da área onde posteriormente se localizou e veio a pedir usucapião. Eu me
lembro que nós chegamos a fazer uma escrita com o Sr. Artur sobre essa situação. Ele
poderia plantar sobre o imóvel e entregava metade da colheita para a empresa Mussi.
Ele também fez nesta área várias cercas por empreitada, e eu levava para ele o
material, acertava o preço e levava o pagamento. Na época o Sr. Artur já era casado e
tinha filhos. (...)Quando a área foi sequestrada eu estive lá junto com o Oficial de Justiça
para identificar o imóvel. Sob as minhas ordens o Artur permaneceu na área até que eu
saí da empresa Mussi e eu não me lembro quando foi isto, mas esta situação ficou por
aproximadamente 14 ou 15 anos. Depois que eu saí da empresa eu não sei quem foi
que ficou no meu lugar. Eu não sei se foi designado outro supervisor para as áreas da
empresa. Neste período muitas vezes o Artur chegou a comunicar invasão de terceiros
nesta área e mesmo em outras vizinhas, sendo que sempre foram tomadas providências
por parte da empresa. Faz muitos anos que eu não vou àquele local. (...) Durante
aqueles quinze anos o Artur sempre respeitou a área como sendo da empresa Mussi.
Nunca houve problema nenhum nos acertos feitos com a empresa e o Artur referentes
às colheitas de cereais (...) Ele sempre entregava o percentual devido à empresa. As
cercas que o Artur fazia eram a mando da empresa e esta sempre pagava tais
serviços(...)".
Conforme se pode observar da prova testemunhal, portanto, não se olvida que a
posse dos requerentes remonta há mais de 20 anos, e que a comunidade os reconheça
como proprietários da área.
Uma única testemunha ouvida mencionou a que a empresa Mussi era proprietária
da área, e que o autor Artur trabalhou para a referida empresa. Porém, apesar de
mencionar a existência de contrato escrito acerca deste trabalho, nada foi acostado aos
autos.
Frise-se que, mesmo que vingasse a tese de que o autor trabalhou para a referida
empresa, o testigo João Maria de Souza admite que Artur e sua família permaneceram
no imóvel mesmo depois de rompido o vínculo contratual.
As demais testemunhas desconhecem que a empresa Mussi fosse proprietária de
imóvel na mesma região, salientando que nunca a viram exercendo atos de posse na
área. Apesar de admitir o autor Artur que a empresa retirou madeiras na área
usucapienda, denoto que se tratou de ato isolado, inexistindo provas de que, durante
todo o tempo de posse, tenha isso ocorrido.
O testigo Otacílio de Mello, a fls. 155, inclusive mencionou que chegou a vender
(ele, a testemunha) madeiras para a empresa Mussi, mas a prova oral nada esclarece
acerca de propriedade da referida empresa no local.
Outrossim, apesar do documento de propriedade acostado pela ré, tivesse
esta explorado economicamente seu imóvel, haveria no mínimo um início de prova
nos autos, fosse ele documental ou testemunhal, o que não ocorre.
De outra banda, as próprias famílias cujas confrontações coincidem com a
área usucapienda e com o imóvel de matrícula de fls. 22 (famílias Karvat e Otacílio
de Mello), comprovam que o autor sempre deteve a posse mansa, pacífica e
ininterrupta do imóvel, com animus domini.
Gabinete Des. Domingos Paludo
Assim, não vejo outra solução, diante da dúvida na prova pericial acerca da
coincidência das localizações dos imóveis, e considerando que tal ônus nesse sentido
também é da requerida, cuja tese invocou (art. 333, II, CPC), que não a procedência da
demanda.
A própria informação de que a empresa requerida retirou madeiras da área
ocupada pelo autor, isoladamente em um período, não pode comprovar oposição
à posse dos requerentes, pois a prova testemunhal verte justamente no sentido de
que isso ocorreu há muito tempo, não se prolongando a situação no tempo. Há
testigos, inclusive, que desconhecem essa ação da requerida.
Assim, trata-se de adoção dos princípios da função social da propriedade e
também da função social da posse, esta também vigente no meio jurídico. E, no cotejo
de ambos os princípios, fica evidente que dentre as partes, somente os autores
comprovaram a utilização econômica do imóvel para fins de moradia e sustento.
Nesse sentido, colhe-se da doutrina:
"(...) a função social da posse implica uma visão mais ampla do conteúdo da posse
e, ainda que não altere a sua qualificação como direito real, dá mais consistência aos
argumentos dos que assim a qualificam. Não são os efeitos da posse ou os elementos
da posse que se ampliam com a função social da posse, mas sim o seu próprio
conteúdo. A posse deixa assim simplesmente de ser uma relação material do homem
com a coisa decorrente do poder da vontade. Passa a ser visualizada como uma relação
material, decorrente da vontade dotada de função social. Daí a necessidade de proteção
da posse por si mesma e a convicção de que se trata de um direito, que entendemos
tratar-se de direito real de natureza especial (...)" (ALBUQUERQUE, Ana Rita Vieira. Da
função social da posse. Ed. Lumen Juris, 2002, p.199).
É este o caso dos autos. De um lado, a dignidade da pessoa humana e o direito à
moradia, perpassando ao mesmo tempo pelo reconhecimento, daí em diante, do direito
de propriedade e a conservação e aproveitamento da posse por parte do
proprietário/possuidor.
Neste tocante, necessário distinguir que o legislador constituinte, mais
precisamente no art. 182 da Constituição Federal, erigiu a ordenação da função social
urbana através de diretrizes urbanísticas a serem instituídas pelo poder municipal.
Distinguem-se, assim, as propriedades estáticas, não destinadas à produção, das
dinâmicas, estas organizadas com objetivo de produzir e distribuir o consumo de bens.
Embora haja muita discussão doutrinária do assunto, o jurista italiano Pietro Perlingieri
admite que a propriedade estática possui função social, ao dizer:
"'Seria obrigatório reservar à função social uma interpretação pela qual o social se
contrapõe ao pessoal-individual, prevalecendo assim uma postura econômica e
produtivista, ainda que atenuada, relativamente àquela condicística, pela referência à
atuação das eqüânimes relações sociais e à noção de solidariedade social. A afirmação
generalizada de que a propriedade privada tem função social não consente
discriminações e obriga o intérprete a individualizá-la em relação à particular ordem de
interesses juridicamente relevantes. Assim, tem função social não somente a
propriedade da empresa mas também a da casa de habitação e dos bens móveis que
ela contém, a da oficina de artesão e da propriedade do pequeno produtor (...) Cada
Gabinete Des. Domingos Paludo
uma com uma diversa intensidade de utilidade geral e individual, sem que entre elas
devam encontrar-se lacerantes contrastes, com a consciência de que pode-se realizar a
função social, como em todas as hipóteses de propriedades ditas pessoais, ao satisfazer
exigências merecedoras de tutela, não necessariamente exclusivamente do mercado e
da produção, mas também somente pessoais e existenciais individuais ou comunitárias"
(apud COSTA, Cássia Celina Paulo Moreira da. A constitucionalização do direito de
propriedade privada. Ed. América Jurídica, 2003, p. 195).
A jurisprudência do TJSC não discrepa deste entendimento, ex vi da Apelação
Cível n. 2007.040453-9, de Lages, Relator: Des. Sérgio Izidoro Heil, julgada em
18.06.10 (grifei):
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. INEXISTÊNCIA DE
CONTROVÉRSIA SOBRE A UTILIZAÇÃO DO IMÓVEL, DE FORMA MANSA,
PACÍFICA E ININTERRUPTA POR PRAZO SUPERIOR A 30 (TRINTA) ANOS.
DISCUSSÃO RESTRITA À EXISTÊNCIA DE ANIMUS DOMINI. REQUISITO
COMPROVADO POR PROVA TESTEMUNHAL E CORROBORADO PELO CONJUNTO
PROBATÓRIO. VERSÃO DOS REQUERIDOS, DE QUE O BEM TINHA SIDO
RECEBIDO PELOS AUTORES EM VIRTUDE DE COMODATO VERBAL, NÃO
COMPROVADA. FRAGILIDADE DAS DECLARAÇÕES DO INFORMANTE OUVIDO A
PEDIDO DOS REQUERIDOS. RELATO DOS FATOS QUE NÃO ENCONTRA
RESPALDO NAS DEMAIS PROVAS PRODUZIDAS NOSAUTOS. PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Neste diapasão, a Apelação cível n. 2007.055216-0, da Capital, Relator: juiz Jânio
Machado, julgada em 16.07.08:
APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. POSSE VINTENÁRIA,
MANSA, PACÍFICA E ININTERRUPTA. REQUISITOS DO ART. 550 DO CÓDIGO CIVIL
DE 1916 PREENCHIDOS. DECLARAÇÃO, PELO JUIZ, DE UMA SITUAÇÃO JURÍDICA
PREEXISTENTE. CERTIDÕES IMOBILIÁRIAS AFIRMANDO A IMPOSSIBILIDADE DE
IDENTIFICAÇÃO DE ANTERIOR PROPRIETÁRIO DA ÁREA USUCAPIENDA.
REQUISITO DO ART. 942 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ATENDIDO.
ALEGAÇÃO DE BURLA À LEI DE PARCELAMENTO DO SOLO URBANO. ART. 37 DA
LEI N. 6.766, DE 19.12.1979. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. ART. 39 DA LEI
N. 10.257, DE 10.7.2001. IMÓVEL QUE É ATENDIDO POR ENERGIA ELÉTRICA E
ÁGUA TRATADA. COBRANÇA DE IMPOSTO MUNICIPAL. RECURSO DESPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA. Na ação de usucapião, porque modalidade de aquisição
originária da propriedade, o juiz limita-se a declarar uma situação jurídica preexistente. E
uma vez preenchidos os requisitos estabelecidos pelo legislador ordinário, não pode o
Município insurgir-se contra a pretensão sob o argumento, desarrazoado, de que há
burla ao parcelamento do solo urbano, notadamente se a área é servida por energia
elétrica e água tratada, inclusive sendo cobrado o imposto de competência municipal.
E ainda:
USUCAPIÃO - REQUISITOS PRESENTES - PROVAS TESTEMUNHAIS - LAPSO
TEMPORAL COMPROVADO - CLANDESTINIDADE AFASTADA - FUNÇÃO SOCIAL
DA PROPRIEDADE DEMONSTRADA - SUBSTITUIÇÃO DA PLANTA POR CROQUI -
VALIDADE - DESCRIÇÃO DETALHADA DO BEM - RECURSO DESPROVIDO "Adquire
Gabinete Des. Domingos Paludo
o domínio do imóvel, por usucapião extraordinário, aquele que comprovar a posse
mansa, pacífica e ininterrupta, por mais de 20 (vinte anos), independentemente de justo
título e boa fé. Na usucapião, a comprovação do prazo prescricional para aquisição do
domínio sobre o imóvel é feita com a verificação do decurso do tempo de posse e se
utilizada com animus domini, sendo certo que a prova para o seu reconhecimento, mais
das vezes, é depositada exclusivamente na testemunhal que, lídima, externa um juízo
de segurança à procedência da ação". (AC n. 2005.027497-8, de Criciúma, rel. Des.
Fernando Carioni, j. em 14-6-2006)." (Apelação Cível n. 2006.015755-8, de Araquari,
rela.Desa. Salete Silva Sommariva, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 14-11-2006).
[...] (fls. 537/543, grifamos).
A sentença está irretocável, devendo ser mantida na íntegra, por seus
próprios fundamentos.
Acrescento que os argumentos trazidos em sede recursal em nada
modificam as conclusões a que chegou o Juízo. É despicienda a alegação da apelante
de que o autor Artur Carlos de Castro era seu preposto e estava na propriedade por ato
de mera tolerância sua, haja vista a inexistência de qualquer prova documental desse
vínculo, ônus que lhe competia. Não há nos autos um contrato de trabalho. Não há um
contrato de arrendamento. Não há, enfim, qualquer documento que forneça algum indício
desse vínculo que a empresa alega ter possuído com o autor.
Importante salientar que o fato de o autor Artur Carlos de Castro ter
reconhecido que a empresa apelante entrou no imóvel e ali permaneceu, por cerca de
um ano, retirando a madeira nativa, não implica interrupção da posse e da prescrição
aquisitiva em favor dos autores, porquanto não representou privação ao uso que faziam
da propriedade.
Tratam-se os autores de pessoas humildes, que trabalham a terra como
forma de garantir a própria subsistência, que muito provavelmente não dispunham de
meios e nem de conhecimento – acerca de seus direitos enquanto possuidores – para
impedir que a empresa entrasse no imóvel para retirar a madeira nativa, notadamente ao
se considerar que, como relatou o autor à fl. 150, a apelante dispunha de funcionários
armados.
Forçoso concluir, portanto, que a ocupação da área pelos autores decorreu
do abandono do imóvel por seu proprietário, que não deu ao bem a devida destinação.
Ainda que a área usucapienda esteja inserida naquela de propriedade da
empresa apelante, de matrícula nº 7.267, o direito a propriedade – a exemplo de todos
os demais direitos fundamentais encartados no rol do art. 5º da CF/88 – não é absoluto,
impondo-se seu exercício em consonância com a função social da propriedade,
conforme dispõe o art. 5º, inc. XXIII, c/c art. 186, ambos da Carta Maior.
É assim que o fundamento do instituto da usucapião, de acordo com
Benedito Silvério Ribeiro, decorre do interesse social, ou interesse da coletividade,
relativo à propriedade, isto é:
Gabinete Des. Domingos Paludo
[...] desde que presentes os requisitos daquele que está na posse mansa, pacífica
e incontestada pelo legítimo proprietário, titular do domínio, a sua negligência ou inércia
acarreta um sacrifício do particular, em favor do bem comum, isto é, ao possuidor que
trabalha a terra ou a ela se ligue, produz riqueza e é útil na sociedade (Tratado de
Usucapião. Vol. 1. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 167).
A higidez do título dominial em nome de terceiros não obsta a possibilidade
de usucapião do imóvel, desde que cumpridos os requisitos legais: in casu, o disposto no
art. 550 do Código Civil de 1916, porquanto aplicável na espécie a norma de transição
inserida no art. 2.028 do CC/2002 (mais da metade do período relativo à prescrição
aquisitiva transcorreu sob a égide do diploma legal revogado), sendo necessário à
configuração da prescrição aquisitiva para a usucapião extraordinária o exercício da
posse mansa, pacífica e ininterrupta pelo prazo de 20 anos.
Não obstante a multiplicidade de medidas judiciais e extrajudiciais que
poderiam ser tomadas com o intuito de proteger a sua propriedade, a apelante quedou
inerte, isto é, não ofereceu oposição à posse exercida pelos apelados sobre a área
objeto da lide, ao longo de mais de 20 anos de duração.
Nesse sentido assinala o entendimento jurisprudencial há muito
consolidado nesta Corte, inclusive no que tange à inadmissibilidade da discussão
dominial com o intuito de ilidir a posse:
Usucapião extraordinário - Requisitos do art. 550 do CCB cumpridos - Ação
procedente. Verificado o exercício da posse ad usucapionem por mais de 20 anos
ininterruptos com animus domini defere-se perante o direito positivo brasileiro a
aquisição pacífica dominial de caráter extraordinário, dispensando-se o justo título e a
boa-fé do adquirente, bem como inadmite-se a discussão dominial para ilidir a posse.
[...] (AC n. 1988.042282-8, rel. Des. Anselmo Cerello, em 14-04-1994).
Acrescento que há manifestação do INSS requerendo que a referida
autarquia previdenciária fosse substituída pela União-Fazenda Nacional (contra-capa dos
autos) e petição da Fazenda Nacional em que expressa não possuir interesse no
processo e pede a sua exclusão do feito (fls.528/529).
Ante o exposto, considerando que os Apelados comprovaram ter exercido
sobre a área em questão a posse mansa, pacífica e ininterrupta, com animus domini, por
prazo superior a 20 anos e que a Apelante não logrou demonstrar os fatos
desconstitutivos do direito dos Apelados à aquisição da propriedade mediante usucapião,
merece ser mantida incólume a sentença recorrida.
Este é o voto.
Gabinete Des. Domingos Paludo