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Trabalho ADMINISTRATIVO (1)

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Direito Administrativo III
Mandado de Segurança
- Contexto Histórico
	O mandado de segurança consiste em uma ação constitucional prevista pelo artigo 5º inciso LXIX da Constituição Federal Brasileira e sua regulamentação se dá por meio da Lei 12.016/09.
Artigo 5º - LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
	No Direito brasileiro o mandado de segurança individual encontra previsão desde a Constituição de 1934, sendo considerado uma espécie evoluída de habeas corpusfundido ao recurso de amparo mexicano. Aludido remédio constitucional permaneceu nas constituições brasileiras, com exceção da constituição de 1937 devido ao autoritarismo do regime. Ao que tange a modalidade coletiva do referido recurso podemos aferir que esta é fruto das considerações tragas pela Constituição de 1988.
- Conceito do mandado de segurança.
	Em sentido mais puro podemos aferir que o mandado de segurança é a ação constitucional que visa proteger um direito certo e liquido daquele interessado que encontras se contra algum ato do Poder Público ou agente de pessoa privada no exercício de uma função delegada.
	Cabe salientar que aludido recurso, visa resguardar direitos fundamentais, combatendo atos omissivos do poder público que encontram se permeados pela ilegalidade ou abuso de poder.
- Espécies de Mandado.
	As espécies de mandado de segurança consistem em duas modalidades, em prima face o mandado de segurança individual, cujo objetivo é defender o direito do próprio impetrante, um direito individual, mas que o resultado não abrange apenas seus próprios interesses. 
Já a Constituição de 1988 trouxe para o ordenamento jurídico uma segunda modalidade do referido recurso, qual seja o MS coletivo quem em suma possui a mesma função do individual, porém, a diferença encontra-se quando se trata dos legitimados para a impetração do mandado, onde só são legitimados os mencionados no artigo 5º, LXX, da Constituição Federal.
Artigo 5º - LXX – O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
- Impetrante.
	Na modalidade individual do recuso o impetrante é quem tem o receio de sofrer uma violação a seus direitos por meio da ação de uma autoridade coatora, lembrando que a ofensa já pode ter ocorrido ou pode estar próxima de ocorrer. É de extrema importância manter a coerência com o que prescreve a Constituição federal no artigo 5º inciso LXIX e na lei 12.016/09 em seu artigo primeiro.
- Impetrado.
Impetrado será o agente público ou o agente de pessoa privada com função delegada, cujo tenha praticado o ato lesivo que de ensejo ao mandado de segurança em qualquer que seja sua modalidade.
- Tutela e suas formas
O objeto de tutela de ambas as espécies do mandado de segurança são os direitos líquidos e certos, cabendo ressaltar que carece de uma análise, uma vez que não é todo e qualquer direito líquido e certo que virá a ser protegido pelo mandado de segurança. Como por exemplo em se tratando do direito de locomoção a ação pertinente será o habeas corpus, assim é preciso analisar se não há uma ação específica que venha a regulamentar o direito líquido e certo, para então impetrar o mandado.
Duas serão as formas de tutela do direito líquido e certo, em prima face será o mandado em sua forma repressiva, que é quando o impetrante visar a defesa de seu direito contra um ato do poder público que já se encontrar vigente e eficaz, ou seja o ato já aconteceu, já lesou, visando a correção. A segunda forma de tutela será através do modo preventivo, que é quando o impetrante visa prevenir as consequências do ato lesivo, ou seja o ato já foi praticado e o risco de lesão é certo, ou até mesmo nem casos que o ato não foi praticado, entretanto se nada for feito, existe o risco certo de lesão por possível prática.
- Do não cabimento.
Não será em todas as situações que o mandado de segurança será cabível, dentre essas situações podemos destacar que o mesmo não caberá contra lei em tese, expressão que indica o ato legislativo com efeito geral, abstrato e impessoal, ainda não caberá mandado contra decisão judicial transitada em julgado e nem contra atos intercorporis uma vez que são atos produzidos no âmbito da competência reservada a órgãos do Estado. Por fim, não caberá mandado de segurança contra a decisões judicial que cabe recurso com efeito suspensivo
- Da Liminar
Em alguns casos é necessário a tutela de urgência, com o objetivo de evitar um dano irreparável, nessa situação pretende-se suspender as consequências do ato violador do direito líquido e certo.
 A Lei n° 12.016/2009 manteve o procedimento da lei anterior, permitindo que o magistrado ao despachar a inicial, suspenda o ato impugnado quando apresentar fundamento relevante e desse mesmo ato possa resultar a ineficácia da segurança, caso seja deferida ao final. Esses elementos legais valem como requisitos para a concessão da medida liminar, uma apontando que o pedido tem plausibilidade jurídica, isto é, justificativa suficiente e presumidamente verídico (fumus boni iuris) e a outra apontando que a demora na solução final pode não assegurar o direito do impetrante, em outras palavras, mesmo que o requerente vença a ação, de nada terá adiantado promovê-la (periculum in mora), vindo assim a violar o princípio da efetividade do processo. 
	Em situações que a concessão imediata possa causar resultado extremamente grave para o Poder Público, o juiz antes de decidir sobre a liminar, poderá aguardar as informações do impetrado. Seja como for, o objeto da liminar deve coincidir, total ou parcialmente, com o objeto da impetração.
A concessão da medida liminar encontra restrições na lei, sendo cinco os casos de vedação à liminar: a) compensação de créditos tributários; b) entrega de mercadorias e bens oriundos do exterior; c) reclassificação ou equiparação de servidores; d) concessão de aumento; e) extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza (art.7°, § 2°).
	A medida liminar pode ser objeto de cassação ou de revogação diante de elementos supervenientes ocorridos no processo. Ocorrendo a revogação quando o juiz forma nova convicção em virtude de dados posteriores vindos ao processo.
Como forma de evitar que o impetrante , desonestamente, se socorra dos efeitos da concessão da liminar, a lei dispõe que criando obstáculo à tramitação do feito ou deixando de promover, por mais de três dias, os atos e as diligências que lhe incumbem será decretado a perempção ou caducidade. Sendo que com a perempção, o ato estatal que foi suspenso volta a ter eficácia.
- Da Competência
	Por tratar-se de remédio constitucional ao impetrar o mandado de segurança é importante indicar a autoridade judicial competente para julgá-lo. No que diz respeito à matéria de competência, algumas regras são essenciais e devem ser analisadas, principalmente as que trazem observações quanto à posição da autoridade coatora na estrutura estatal. 
	Desse modo, o julgamento caberá ao:
	STF: quando versar de ato do Presidente da República, das Mesas da Câmara e do Senado, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio STF (art. 102, I,”d”, CF); não lhe compete, porém, reconhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros Tribunais; o mesmo se passa com atos de Turmas Recursais;
	STJ: quando tratar de ato de Ministro de Estado ou do próprio STJ (art. 105, I, “b”, CF); não tem competência no caso de atos de outros Tribunais; 
TRIBUNAIS REGIONAIS: atos do próprio Tribunal ou de Juiz Federal (art. 108, I, “c”, CF) ;JUIZES FEDERAIS: quando se cuida de atos de outras autoridades federais (art. 109, VIII, CF); idêntica é a competência quando se refere de atos estaduais realizados por delegação da União, é da Justiça Federal, e não da Estadual, a competência para mandado de segurança impetrado por autarquia federal, mesmo sendo coatora autoridade estadual ou municipal: aplica-se no caso o art. 109, I, CF.
	Existe também as hipóteses contempladas pelas Constituições Estaduais, regimentos dos Tribunais e códigos de organização judiciária podendo traçar outras regras sobre competência para processar e julgar mandado de segurança.
- Dos Prazos
O prazo para impetração do mandado de segurança é de 120 dias contados da data que o interessado tomou conhecimento do ato impugnado, conforme estabelece o art. 23 da LMS. Embora existam algumas divergências com relação a esse prazo, prevalece o entendimento de que ele seja decadencial e não prescricional, por isso, não se suspende nem se interrompe. 
Há controvérsia a respeito da constitucionalidade, ou não, da fixação do prazo para o mandamus. Alguns autores acreditam ser inconstitucional pelo fato de ter criado restrições não prevista na Constituição. Entretanto, predomina o pensamento de que o legislador federal pode fixar prazo extintivo para ajuizamento de ação judicial. Esse entendimento já foi consagrado pelo Supremo Tribunal Federal.
A nova lei não modificou o já consolidado entendimento de que o pedido de reconsideração na via administrativa, por não ter efeito suspensivo, não interrompe o prazo para a impetração do mandado de segurança. Se o interessado formula esse recurso administrativo e fica aguardando a resposta da Administração até depois dos 120 dias, perderá o direito à impetração. Para não o perder, deve ajuizar a ação mesmo que a Administração não se pronuncie sobre o recurso.
Na hipótese de haver decisão que não tenha apreciado o mérito, pode o interessado renovar o pedido dentro do prazo decadencial. Não é habitual esse pressuposto, mas acontecendo, permite nova impetração com o mesmo pedido, oferecendo-se nova oportunidade para o interessado.
- Da Sentença
A sentença que julga o mandado de segurança pode decidir a causa em três sentidos. Inicialmente, a sentença pode julgar no sentido da procedência do pedido: o juiz concede a segurança. Nessa situação, o juiz reconhece o prejuízo ao direito líquido e certo podendo tomar uma de duas decisões: a) anulação do ato lesivo; b) determinação à autoridade coatora para que faça, deixe de fazer ou tolere alguma coisa.
	A sentença pode decidir também pela improcedência do pedido: nesse caso o juiz denega a segurança. O julgamento decide o próprio mérito da controvérsia, atestando que o impretante não tem direito subjetivo de que supõe ser titular. A sentença, então, é declaratória negativa. Enfim, a sentença pode extinguir o processo sem resolução do mérito.
	A sentença que solucionar a demanda com resolução de mérito, concedendo ou denegando a segurança, faz coisa julgada material, consequentemente, não mais poderá ser reapreciada a lide em outro juízo. Se a extinção se der sem resolução de mérito, ocorrerá coisa julgada formal, tendo o interessado a oportunidade de promover outra ação, ou impetrar novo mandado de segurança, desde de que, dentro do prazo decadencial. Não ocorrendo direito líquido e certo, o interessado também terá o direito de renovar o pedido na via comum.
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
De acordo com o artigo 1º da Lei nº 9.096, de 19-9-95, “o partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos humanos fundamentais, definidos na Constituição Federal”.
Dessa maneira, o sindicato só pode agir no interesse da categoria profissional que o compõe, a entidade de classe só pode defender interesses de seus associados e essa associação deverá ser constituída legalmente há pelo menos um ano para evitar a impetração de mandados de segurança coletivos por entidades coletivas aleatória e transitoriamente apenas com esse objetivo.
Quanto à norma do artigo 5º, XXI, da Constituição, que atribui às entidades associativas, “quando expressamente autorizadas”, legitimidade para representar os seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
Essa norma veio pôr fim a uma controvérsia que gravitava especialmente em torno do mandado de segurança, sobre a possibilidade de a pessoa jurídica propor a ação na defesa de direito dos seus associados. Porém não permite a conclusão de que haverá mandado de segurança coletivo, mesmo que a entidade represente, em um só mandado, vários de seus associados. Ou seja, haverá mandado de segurança individual, em que a entidade, devidamente autorizada pior cada um dos interessados, agirá como substituto processual, defendendo direito alheio.
Se a associação de classe só pode defender interesses pertinentes aos membros que a integram, esses interesses já estão definidos nos objetivos sociais da entidade, independendo de autorização expressa essa defesa; se os interesses não estão incluídos nos objetivos sociais da entidade, esta não poderá defendê-los por via do mandado de segurança coletivo, salvo em casos de alteração estatutária pelos meios legais.
Vale ressaltar que o mandado de segurança coletivo é instrumento utilizável apenas para a defesa do interesse coletivo da categoria integrante da entidade de classe ou do sindicato, o que leva a entender que o interesse coletivo é aquele que pertence ao todo e que se torna indisponível, por colocar-se acima dos direitos individuais.
Quanto aos partidos políticos, a decisão produzirá efeitos em relação a todos os atingidos pelo ato lesivo impugnado por via do mandado de segurança coletivo e quanto ao processo, deve ser observado o mesmo estabelecido para o mandado de segurança individual, pela Lei nº 12.016/09. A competência vem sendo definida nos mesmos dispositivos concernentes ao mandado de segurança individual, uma vez que os dispositivos não distinguem entre o individual e o coletivo.

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