Buscar

Memoriais em Ação Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA – DISTRITO FEDERAL 
	MARIANO PEREIRA, já qualificado nos autos da ação penal nº..., que lhe move a Justiça Pública, por seu Advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar 
MEMORIAIS
Com fundamento no artigo 403, §3º, do Código de Processo Penal (CPP), pelas razões de fato e de direito que passa a expor.
DOS FATOS 
O Acusado foi denunciado como incurso no crime previsto no art. 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal (CP), pois supostamente teria subtraído, mediante o emprego de arma de fogo, em conjunto com outras duas pessoas, a quantia de aproximadamente R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de agencia do banco Zeta, localizada em Brasília – DF.
Durante a fase de inquérito policial, o vigia do referido banco, Manoel Alves, foi ouvido.
Regularmente denunciado e citado, a defesa não apresentou alegações preliminares. Durante a instrução criminal, o Acusado negou a autoria do crime, sendo ouvida, também, a bancária Maria Santos, não sendo ouvido Manoel pois teria falecido.
Em face da complexidade do feito foi deferida a conversão dos debates orais em memorias, tendo a acusação pedido a condenação nos termos da denúncia.
DO DIREITO
Primeiramente, cumpre demonstrar a ocorrência de nulidade.
Conforme aduz o art. 396-A, §2º, do CPP, após o oferecimento da denúncia, se o juiz não a rejeitar, o Acusado é citado para apresentar resposta à acusação. Não sendo a resposta oferecida em 10 dias (CPP, art. 396), ou se o Acusado, citado, não constituir defensor, o juiz deverá nomear defensor para oferecê-la.
No caso dos autos, embora regularmente denunciado e citado, a defesa não apresentou alegações preliminares, e mesmo assim o juiz prosseguiu com o andamento do processo.
Ora, Excelência, sendo a resposta à acusação peça processual indispensável à garantia da ampla defesa e do contraditório, garantias estas constitucionalmente previstas no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, não se poderia admitir que o processo prosseguisse sem que fosse oportunizada ao Réu a chance de refutar as alegações a ele imposta.
Na hipótese de não ser apresentada a referida peça processual, o juiz deveria ter nomeado defensor para oferecê-la, mas assim não fez, ensejando a nulidade prevista no art. 564, inciso IV, do CPP.
Desse modo, requer seja anulado o processo desde a citação, nos termos do art. 564, IV, do CPP, abrindo-se prazo para que seja apresentada resposta à acusação. 
Caso não seja acolhida a tese de nulidade acima demonstrada, imperioso se faz que no mérito absolva o Acusado, tendo em vista que não existe prova de ter o Réu concorrido para a infração penal.
Nos termos do art. 386, V, do CPP, o juiz deve proferir sentença absolutória se não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal.
No caso dos autos, durante a fase de inquérito, o vigia do Banco, Manoel Alves, foi ouvido e dentre outros fatos, declarou que que abriu a porta para um dos ladrões pensando tratar-se de irmão da única funcionária presente na agência, e que os demais comparsas entraram em seguida. Além disso, foi relatado que só um deles portava arma e ficou apontando para ele, mas que nenhum disparo foi dado, nem sofreram qualquer violência.
A partir do retrato falado dos ladrões feito pelo Vigia, o qual foi divulgado pela imprensa, a polícia conseguiu chegar até Mariano por meio de uma denúncia anônima, sendo reconhecido por Manoel que faleceu antes de ser ouvido em juízo.
Ocorre, Excelência, que durante a instrução criminal a bancária Maria Santos afirmou, dentre outros fatos, que não conseguia reconhecer o Réu, pois teria ficado muito nervosa. Além disso, também relatou que não houve violência, nem viu arma, que Manoel era distraído e que sempre ficava até mais tarde no banco e um de seus 5 irmãos ia buscá-la após às 18:00 horas; que o sistema de vigilância estava com defeito e por isso não houve filmagem. 
Pois bem, Nobre Julgador, diante das declarações feitas pela bancária e a impossibilidade de se ouvir o vigia Manoel, falecido antes mesmo da fase instrutória, que como bem se sabe é o momento oportuno para colheita de provas, resta claro que não há nos autos qualquer prova de que o Acusado seja o autor do crime. 
Além disso, como bem asseverou a bancária, Manoel era uma pessoa distraída, fato este que poderia fazer com que ele confundisse o verdadeiro autor do crime com o Acusado.
Ademais, é consolidado na doutrina e na jurisprudência que o depoimento do policial tem o mesmo valor de qualquer outro testemunho, desde que aufira credibilidade.
No caso dos autos, o policial Pedro Domingos também foi ouvido e dentre as declarações feitas em juízo, relatou que o retrato falado foi muito divulgado pela imprensa; que por uma denúncia anônima chegou até o Acusado; que não recuperaram o dinheiro; que nenhuma arma foi apreendida em poder de Mariano, mas que pela sua experiência tem plena convicção da participação do acusado no roubo. 
Ora, Excelência, falta credibilidade no depoimento do policial uma vez que imputa ser Mariano o autor do crime com base somente em sua “experiência”, não havendo provas consideráveis a amparar a procedência dessa alegação. Sequer foi encontrada a arma do crime ou qualquer quantia na posse do Acusado para que se pudesse considerar, ao menos, indícios de autoria.
Portanto, o depoimento do policial, ainda que tenha o valor de qualquer outro testemunho, não deverá ser considerado como prova uma vez que não aufere credibilidade. 
Ainda nessa senda de exposição, conforme exposto no art. 155 do CPP, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação. Se não há provas de ter o Réu concorrido para a infração penal, este deverá ser absolvido nos termos do art. 386, V, do CPP.
Por outro lado, caso Vossa Excelência entenda pela condenação, em face do que dispõe a Súmula 444 do STJ, para fins de fixação de pena base não poderão ser considerados inquéritos em curso, devendo pois a pena base ser fixada no patamar mínimo. 
Na segunda fase da dosimetria da pena, uma vez que o Acusado era menor de 21 anos na data dos fatos, deverá ser reconhecida a circunstância atenuante prevista no art. 65, I, do CP. 
Na terceira fase da dosimetria da pena, deverá ser afastada a causa de aumento de pena pelo emprego de arma, uma vez que esta não foi encontrada, pois o art. 158 do CPP, claro ao aduzir que é necessário a perícia da mesma a fim de ser constatada a sua objetiva periculosidade.
No mesmo sentido, deverá ser afastado a causa de aumento de pena pelo concurso de pessoas, tendo em vista que não há provas de que agiu em concurso de agentes. 
DOS PEDIDOS 
Diante o exposto, requer, preliminarmente, que seja anulado o processo desde a citação, nos termos do art. 564, IV, do CPP, abrindo-se prazo para que seja apresentada resposta à acusação. Caso Vossa Excelência assim não entenda, deverá ser o Acusado absolvido nos termos do art. 386, V, do CPP, diante a ausência de provas de ter ele concorrido para a infração penal. Caso entenda pela condenação, que seja a pena base fixada no mínimo legal, em observância a Súmula 444 do STJ; na segunda fase da dosimetria, que seja reconhecida a atenuante da menoridade relativa prevista no art. 65, I, do CP; na terceira fase, que seja afastada as causas de aumento de pena pelo emprego de arma e pelo concurso de agentes previstas nos incisos I e II do art. 157, do CP. Requer ainda a fixação do aberto, nos termos do art. 33, § 2º, “c”, do CP. Por fim, requer que seja arbitrado o valor a título indenizatório no patamar mínimo, nos termos do art. 387, IV, do CPP e que seja concedido o direito do Réu de recorrer em liberdade.
Termos em que, 
Pede deferimento.
Brasília – DF, data...
Advogado...
OAB nº ...

Outros materiais