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O nome Osteogenesis Imperfecta em latim significa: Osteo= osso + Gênesis= criação + Imperfecta= Imperfeita Osteogenesis Imperfecta = Criação dos Ossos Imperfeita A Osteogenesis Imperfecta (OI), ou Osteogênese Imperfeita, é uma doença genética rela tivamente rara (atinge em média 1 a cada 21.000 nascidos) que provoca principalmente a fragilidade dos ossos. Uma deficiência do colágeno (proteína que dá consistência e res istência, principalmente ao osso, mas também à pele, veias e outros tecidos do corpo) do organismo é a responsável pelas características da doença. Os ossos das pessoas que têm Osteogenesis Imperfecta se quebram com facilidade, ou s eja, com elas acontecem fraturas por traumas simples, que não seriam suficientes para p rovocá- las em outras pessoas: uma pequena queda ou pancada, um esbarrão em algum obstácul o e até mesmo, nos casos mais graves da doença, um movimento do corpo mais brusco. Existem ainda as fraturas espontâneas, que ocorrem sem nenhuma causa aparente. Como conseqüência de fraturas e microfraturas pode haver o encurvamento dos ossos d as pernas, braços e às vezes da coluna. Mesmo sem fraturas isso também pode acontecer , pelas características da formação óssea do portador. Outra característica importante da OI é que apesar da sua fragilidade, os ossos se consolidam normalmente, a não ser em c asos em que exista alguma deformidade muito grande. A OI é uma patologia (doença) que, segundo se sabe, existe desde a Antigüidade. Foi en contrada, inclusive, uma múmia egípcia, portadora de Osteogenesis Imperfecta, datada d o ano 1000 a.C. Estima- se que no Brasil existam pelo menos 12.000 portadores de Osteogenesis Imperfecta. Classificações: Sob o nome Osteogenesis Imperfecta existem alguns tipos diferentes da doença, marcad as por sintomas, hereditariedade e expectativa de evolução também diferentes. O que há de comum entre os tipos é pela impossibilidade dos osteoblastos (as células que constro em os ossos) produzirem osso de boa qualidade. É natural, portanto, que para entender as diferentes formas de OI alguns pesquisadores v enham procurando colocá- las em alguma ordem, separando formas parecidas de acordo com características recorre ntes. Algumas classificações da Osteogenesis Imperfecta, baseadas nos modernos critér ios clínicos, genéticos e bioquímicos foram feitas nos últimos anos. Mas devemos estar cientes de que servem apenas como referências e de que não constituem um fato para to dos os portadores de OI, cuja variabilidade em termos de manifestações e sintomas da d oença é imensa. Veja, abaixo, essas classificações: 1. Classificação de Sillence O Dr. Sillence é conhecido como uma das autoridades mundiais no que diz respeito à O steogenesis Imperfecta. Há alguns anos ele classificou a OI em quatro tipos que se conv erteram em referência para os especialistas. Tipo I É o tipo mais freqüente. Transmite- se geneticamente como gene dominante, mas também pode resultar de uma mutação es pontânea. Em média os indivíduos têm de vinte a trinta fraturas antes da puberdade, mas elas podem também acontecer em menor número. O número de fraturas diminui após a puberdade. Em alguns destes casos é possível realizar um diagnóstico prenatal. As mulh eres adultas com tipo I de O.I. costumam voltar a ter fraturas depois da menopausa. Ap esar disso, o tipo I de Osteogênesis Imperfecta é considerado "leve". As pessoas com tip o I de OI podem apresentar uma ou mais das seguintes características: · Fragilidade óssea. · Rosto de forma triangular. · Esclerótica (parte branca do olho) azulada. · Perda progressiva de audição entre os vinte e os trinta anos. · Escolioses. · Pele delicada. · Dentinogênese Imperfeita. · Estatura média. Tipo II Aproximadamente 10% das pessoas afetadas pela OI são do tipo II, que é resultado de uma nova mutação e é a forma mais severa da doença (causando muitas vezes a morte d a criança durante a gestação). Os bebês que nascem com este tipo de O.I. apresentam fra turas mesmo antes de nascerem, braços e pernas pouco desenvolvidos e curvos e têm os ossos extremamente frágeis. Com freqüência morrem pouco depois de nascer (uma das r azões desta mortalidade prematura são as hemorragias internas que acontecem em conse qüência das numerosas fraturas). O diagnóstico pré-natal é possível: na ultra- sonografia pode-se notar a curvatura dos membros e algumas fraturas. Tipo III Aproximadamente 20% das pessoas com OI têm o tipo III. Os portadores deste tipo cos tumam sofrer fraturas espontâneas. Não é raro encontrar pacientes do tipo III que tenha m sofrido mais de vinte fraturas durante os três primeiros anos de vida. Ao chegar à pub erdade, a pessoa pode já ter tido mais de cem. Apresentam com muita frequência articul ações hiperflexíveis e um desenvolvimento muscular fraco. O diagnóstico pré- natal pode ser possível através da ultra-sonografia. O prognóstico da Osteogenesis Imperfecta tipo III é geralmente severo. Devido à curvat ura dos membros inferiores e à sua fragilidade, a maioria dos afetados por este tipo não pode andar. Os afetados pelo tipo III podem apresentar uma ou mais das seguintes características: · Ossos muito frágeis que não apenas quebram-se mas também se curvam. · Compressão nas vértebras e escoliose severa. · Deformações na cavidade torácica (peito) que podem ocasionar problemas respirat órios (perigo de pneumonia). · Desenvolvimento pobre da dentina (Dentinogênese Imperfeita), devido ao que os dentes são acinzentados e frágeis. · Surdez moderada ou total na idade adulta, em alguns casos. · Estatura baixa (há portadores que medem menos de um metro). Tipo IV O prognóstico da Osteogenesis Imperfecta tipo IV vai de leve a moderado. A maioria d as fraturas acontecem durante a infância, mas também existe a recorrência no caso de m ulheres na menopausa. A fragilidade óssea dos afetados por este tipo se manifesta com f reqüência através da curvatura dos ossos longos, especialmente os ossos das pernas. As pessoas com OI tipo IV podem apresentar ainda uma ou mais das seguintes característic as: · Esclerótica de cor azul claro que se vai clareando progressivamente até chegar à id ade adulta. · Escolioses. · Hiperextensibilidade das articulações. · Dentinogênese Imperfeita. · Estatura baixa, um pouco maior que a do Tipo III. 2. Classificações Mais Recentes A equipe do Dr. Glorieux, do Shriner's Hospital do Children, de Montreal, Canadá, defi niu recentemente um novo tipo de OI, que se junta aos quatro de Sillence. O grupo IV d e Sillence era o mais heterogêneo, com uma gama de características muito variadas. De ntro deste grupo, Glorieux e equipe detectaram um subgrupo com características comun s. Entre elas, a formação de calo hipertrófico nas zonas de fratura ou de osteotomia (ciru rgia no osso). O tipo V de OI vem sendo apresentado, ainda, pelos médicos do Shriner's Hospital, entre eles o Dr. Horácio Plotkin. Além deste, pelo menos mais cinco tipos de OI já foram observados. Hereditariedade e Genética A Osteogenesis Imperfecta é uma doença devida a uma alteraçãodo patrimônio genétic o da pessoa e é, por isso, na maioria dos casos, hereditária. A herança genética é em algumas formas dominante e em outras recessiva. No primeiro caso, para transmitir a doença aos filhos é suficiente que um dos pais seja portador da d oença. No segundo, devem ser portadores dos genes anômalos, ambos os genitores. As possibilidades de um casal ter um filho afetado por O.I e ter um segundo filho atingi do pela mesma doença é, para as formas dominantes, de 50% de probabilidade. Para as f ormas recessivas a probabilidade é de 25%. E para as formas esporádicas, sem preceden tes familiares, a probabilidade é muito modesta (2 a 5%). Por mais que seja útil um diagnóstico pré- natal, apenas se conseguem dados que podem deixar margem para uma dupla interpreta ção. É certo que apenas as formas mais graves de OI, as do Tipo II e III, que apresentam graves deformidades e fraturas já no útero, se prestam ao diagnóstico pré- natal, que é seguido pelo exame de radiografia e ultra-sonografia. Tendo em conta, porém que os casos de Tipo III são muito freqüentemente esporádicos, conclui- se que a sondagem é justificada sobretudo para as formas do Tipo II. É óbvio que cada a conselhamento genético pressupõe uma perfeita diagnose, para a qual a colaboração entr e o geneticista e o clínico se faz necessária. Sintomas A maioria dos portadores de Osteogenesis Imperfecta costuma ter dezenas de fraturas, o ssos que se curvam e outras duas características marcantes: a esclerótica (a parte branca do olho) azulada e o rosto em formato aproximadamente triangular. Alguns também têm dentes acinzentados e frágeis, com a ocorrência da Dentinogênese Imperfeita, e outros, em torno de 50%, apresentam alguma deficiência auditiva devido a problemas nos ossin hos do ouvido médio. Muitos também têm dificuldade para andar, e por isso usam cadei ras de rodas, andadores ou muletas. A estatura dos portadores de Osteogenesis Imperfecta é quase sempre reduzida, devido ao pouco crescimento dos ossos e aos encurvamentos que sofrem ao longo do crescimen to. Os problemas de crescimento podem chegar causar graves formas de nanismo, inclus ive uma estatura de 60 ou 70 centímetros. A coluna pode encurvar e os braços podem ser curtos e também curvos. As pernas são g eralmente mais atingidas, devido ao peso que devem suportar. As várias formas de OI apresentam grandes diferenças em relação à sua gravidade: a do ença pode acontecer em formas que variam da gravíssima, que causa a morte do bebê já dentro do útero materno, até as formas muito leves, que se manifestam tardiamente, com menor diminuição da resistência óssea. Nas formas graves e gravíssimas existe o perigo de sérias complicações de coração e de pulmões, devidas às deformações da coluna e da caixa torácica que podem comprimir es tes órgãos vitais. Atualmente há tratamentos médicos que previnem com eficiência esses efeitos da OI, principalmente se administrados desde a infância: a fisioterapia respiratór ia e fisioterapia em geral. A maior parte dos portadores de OI, contudo, está situada entre os dois extremos: são pe ssoas de constituição física pequena, com alguma dificuldade para andar e que sofrem m uitas fraturas ao longo da vida, principalmente na infância e antes da puberdade, depois da qual os sintomas se tornam menos intensos. Principalmente nas formas mais leves existe uma notável melhora na fase da puberdade. Deste período em diante a situação costuma se estabilizar em níveis quase normais para agravar- se novamente durante o envelhecimento. Nas mulheres, a menopausa causa uma brusca recaída da doença. Paralelamente aos problemas nos ossos, freqüentemente outros sintomas podem se apres entar, como. a excessiva mobilidade das juntas, devida à flacidez dos ligamentos, a exce ssiva sudorese (suar muito) e hipotonia muscular (músculos mais fracos). Em nenhum dos casos da OI, é importante ressaltar, há o comprometimento da inteligên cia. Pelo contrário: muitos dos portadores se destacam entre os melhores em suas áreas de atividade escolar e profissional. A Osteogenesis Imperfecta não é uma doença contagiosa. Fraturas As fraturas são o principal problema para quem tem Osteogenesis Imperfecta. São elas q ue às vezes causam as deformidades (encurvamentos) nos braços e pernas e que podem, no caso da coluna e tórax, vir a prejudicar - com o passar do tempo e se não houver trata mento específico - o sistema os pulmões e o coração do portador. Dor Para as pessoas com Osteogenesis Imperfecta (OI), a dor associada às várias fraturas po de levar a um desnecessário sofrimento e, quando não tratadas, podem resultar numa co ndição crônica, ou seja, podem durar muito mais tempo e incomodar frequentemente. C omo as dores podem impedir a capacidade de se levar uma vida produtiva, a dor crônica é um dos mais sérios problemas de saúde como também econômicos e financeiros. No caso da Osteogenesis Imperfecta, as dores agudas e crônicas podem estar associadas às várias fraturas, achatamento das vértebras da coluna e pescoço, deformação das junta s, osteoartrites, contraturas, deformidade ou mau alinhamento dos membros e recorrente s dores abdominais. O controle da dor em portadores de Osteogenesis Imperfecta, tanto adultos como crianç as, requer avaliação adequada e a implementação de um critério que leve em conta as vá rias formas de dor aguda e crônica. Com o aumento da longevidade de indivíduos com OI, a incidência de síndromes dolorosas relacionadas às mudanças conseqüentes da velh ice aparecem mais fortemente. Nestes casos uma abordagem interdisciplinar na administ ração da dor é a atitude mais recomendada. Tratamentos Clínicos: 1 - Hormônios Sexuais Propostos a partir da observação de que na puberdade ocorre uma diminuição na incid ência de fraturas, ocorrendo um aumento das mesmas após a menopausa. A administraç ão de estrógenos ou andrógenos, entretanto, não resultou nos efeitos esperados e també m produziu efeitos indesejáveis. 2 - Fluoreto de Sódio Sua administração promoveu uma diminuição de fraturas em alguns pacientes, a curto prazo. Estes resultados, entretanto, não se prolongaram. Acredita- se que o fluoreto de sódio inicialmente promova o aumento da densidade óssea (períod o em que diminuem as fraturas) e que, a médio prazo, leve a uma depressão na formaç ão do colágeno, dificultando a organização e a mineralização óssea. 3 - Óxido de Magnésio Partindo do principio de que o colágeno do osso dos pacientes com OI pudesse inibir o processo de calcificação óssea in vitro, e que o óxido de magnésio inibiria essa inibiç ão, Solomons & Cols., propuseram sua utilização. Estudos efetuados falharam em demo nstrar os efeitos benéficos esperados. 4 - Calcitonina Por entender que a calcitonina inibe a reabsorção óssea ao mesmo tempo em que prom ove um aumento da massa óssea total, Castells & Cols. propuseram sua administraçã o a longo prazo. Os resultados entretanto não foram benéficos como se esperava. 5 - Vitamina D Foi usada inicialmente por Griffith, em 1897, e mantida por muito tempo como medica mento preconizado. Seu uso total foi benéfico para aqueles pacientes que apresentava m raquitismo associado e seu efeito adverso foi notado por vários autores. 6 – BisfosfonatosPamidronato é uma medicação que pertence a uma família farmacológica chamada bisf osfonatos. Os bisfosfonatos têm sido usados para o tratamento de osteoporose pós- menopausal e a moléstia de ossos de Paget. A ampla ação dessas drogas para diminuir a taxa de reabsorção (perda de matéria) dos ossos conduzem ao aumento da densidade óss ea. A resposta ao tratamento tem sido encorajadora. Primeiro, a dor tem diminuído signi ficantemente, se não completamente desaparecido, em todos os pacientes. Segundo, sua mobilidade e, portanto, sua independência, tem sido aumentada. Terceiro, a incidência de fraturas tem sido significativamente reduzida, quando comparada com a incidência a ntes do tratamento. Finalmente, a densidade mineral dos ossos na espinha lombar tem a umentado, algumas vezes dramaticamente, em todas as crianças. Mais importante, a tax a de crescimento nestas crianças não diminuiu, quando comparada com a taxa antes do t ratamento. A melhora destes pacientes em termos de densidade e mobilidade é definida como muito importante, claramente levando a uma melhor qualidade de vida. 7-Fisioterapia e Alimentação Os únicos tratamentos que oferecem importantíssimos benefícios a todos os portadores de OI e que forçosamente compôem qualquer outro dos citados acima são a Fisioterapia e uma dieta balanceada contendo as necessidades diárias mínimas de vitaminas e sais mi nerais, já que não existe ainda um tratamento que corrija o defeito básico (genético => b ioquímico) da OI. Os exercícios físicos, sejam na água ou fora dela, em casa ou em cent ros de reabilitação, são imprescindíveis. Exercícios ou fisioterapia, sob supervisão de um profissional que conheça a natureza da Osteogênesis Imperfecta podem ser efetivos no fortalecimento muscular e na preservaçã o da mobilidade articular. Devido ao fato de que os exercícios físicos aumentam o nível de endorfinas (analgésicos naturais produzidos pelo cérebro) no corpo, as dores podem diminuir. Para crianças com Osteogênesis Imperfecta é benéfico começar fisioterapia tão cedo qu anto possível. O profissional Fisioterapeuta pode ensinar posicionamentos apropriados, postura e exercícios que fortaleçam os músculos sem afetar os ossos. Hidroterapia é um a das melhores técnicas de exercícios para suavemente aumentar a tonicidade muscular e reduzir a dor. FISIOTERAPIA A Fisioterapia é importante para: • • Estimular o desenvolvimento dos sistemas de movimento do corpo. • • Estimular movimentação ativa reduzindo os graves problemas da inatividade. • • Melhorar a condição dos músculos, ossos, nervos, articulações ("juntas") e da circulação do sangue. • • Prevenir complicações pulmonares. • • Melhorar a resistência do coração e dos pulmões. • • Prevenir o mau posicionamento do corpo e, conseqüentemente, as deformida des dos ossos. • • Orientar os familiares, cuidadores e pessoal do ambiente escolar sobre adequa ção de equipamentos, métodos e técnicas de lidar com a movimentação do po rtador de OI. • A Fisioterapia deve ser iniciada o mais cedo possível para oferecer o máximo de benefí cio para o portador de OI e aos familiares. Mesmo os bebês devem receber fisioterapia a dequada a sua idade e condição. Crianças que recebem tratamento com pamidronato ter ão o melhor resultado fazendo fisioterapia e alinhando (sempre que possível) os ossos c urvos. Orientações Importantes aos Pacientes: • • Evitar a imobilização prolongada, pois isso pode aumentar a fragilidade óssea , a perda de massa muscular (fraqueza muscular) e diminuir a mobilidade das articulações, enfraquecendo ainda mais o osso e prejudicando o portador de modo total. • • O uso de coletes ortopédicos para a coluna vertebral não é mais comum por imobilizar o tronco, facilitando desse modo a perda de massa muscular e li mitando a expansão do tórax, necessária para uma boa ventilação dos pulmõe s. • • Reduzir o grau de atividade do portador ao mínimo não reduz o número de fr aturas. Ao contrário, já foi comprovado que o imobilismo aumenta a fragilida de óssea e desencadeia muitas complicações como, por exemplo, atrofias musculares, além de problemas respiratórios graves. • • O alto risco de fraturas leva os pais a sentirem medo de manusear a criança. Isso é um erro, pois as fraturas podem ocorrer até espontaneamente. • • Trocar a fralda da criança com cuidado, nunca puxando pelas pernas e sim rol ando a criança cuidadosamente ou deslizando a fralda até que ela esteja ac omodada sob o corpinho da criança. • • As roupas devem ser largas, leves e com botões na frente para facilitar a tr oca. • • Mudanças de postura são fundamentais para evitar posturas viciosas e encurta mentos musculares. • • Durante o transporte as pernas de um portador de OI nunca devem ficar balan çando. A cabeça e tronco devem estar bem apoiados, de preferência com os b raços sobre o tronco. • • A postura sentada (ou pelo menos cabeceira elevada) é fundamental para p revenir complicações pulmonares. Problemas pulmonares têm sido a causa da morte de portadores de OI em todo o mundo. Eles podem ser prevenidos com fisioterapia respiratória. • • Os exercícios físicos são comprovadamente eficazes para melhorar as condiç ões dos músculos, ossos e de respiração do portador de OI. Os exercícios vão evoluindo com a melhora do quadro do paciente. • É importante salientar que, em se tratando de OI, cada paciente tem uma história especí fica e um quadro clínico bastante particular. A Fisioterapia deve ser, portanto, individua lizada, com orientações e adequação postural estudadas para cada paciente em particular , visando a maior independência motora física possível para cada caso. CONTEÚDO 6 – OSTEOPOROSE Osteoporose é a doença óssea metabólica mais freqüente, sendo a fratura a sua manifest ação clínica. É definida patologicamente como diminuição absoluta da quantidade de os so e desestruturação da sua microarquitetura levando a um estado de fragilidade em que podem ocorrer fraturas após traumas mínimos. Caracteriza- se quando a quantidade de massa óssea diminui substancialmente e desenvolve ossos oc os, finos e de extrema sensibilidade, mais sujeitos a fraturas. Faz parte do processo nor mal de envelhecimento e é mais comum em mulheres que em homens. A doença progri de lentamente e raramente apresenta sintomas antes que aconteça algo de maior gravida de, como uma fratura, que costuma ser espontânea, isto é, não relacionada a trauma. Se não forem feitos exames diagnósticos preventivos a osteoporose pode passar despercebi da, até que tenha gravidade maior. A osteoporose pode ter sua evolução retardada por m edidas preventivas. Em aproximadamente 20% dos casos pode ser identificada uma doença da qual a osteop orose é secundária e nos 80% restantes os pacientes são portadores de osteoporose da pó s-menopausa ou osteoporose senil. A partir de 1991, devido o Consenso realizado por todas as Sociedades Americanas que tratam da osteoporose, elas passaram a informar que é fundamental a análise da qualida de óssea que expressa o estado de deterioração do colágeno ósseo. Quanto melhor for a qualidade óssea menor a chance de ter fratura. A partir de constatações pesquisadores começaram a estudar mais profundamente o teci do ósseo e verificaram que o riscode desenvolver osteoporose e fratura está diretamente relacionado com as deteriorações do colágeno ósseo. O aparecimento da osteoporose está ligado aos níveis de estrógeno do organismo. O estr ógeno - hormônio feminino, também presente nos homens, mas em menor quantidade — ajuda a manter o equilíbrio entre a perda e o ganho de massa óssea. As mulheres são as mais atingidas pela doença, uma vez que, na menopausa, os níveis d e estrógeno caem bruscamente. Com isso, os ossos passam a incorporar menos cálcio (f undamental na formação do osso), tornando- se mais frágeis. Para cada quatro mulheres, somente um homem desenvolve esta patolo gia. Embora pareçam estruturas inativas, os ossos se modificam ao longo da vida. O organis mo está constantemente fazendo e desfazendo ossos. Esse processo depende de vários fa tores como genética, boa nutrição, manutenção de bons níveis de hormônios e prática re gular de exercícios. As células ósseas (osteócitos) são as responsáveis pela formação do colágeno, que dá sustentação ao osso. Os canais que interligam os osteócitos permitem que o cálcio, essencial para a formação óssea, saia do sangue e ajude a formar o osso. A densidade mineral de cálcio é reduzida significativamente quando a osteoporose se in stala. O canal medular central do osso torna- se mais largo. Com a progressão da osteoporose, os ossos podem ficar “esburacados” e quebradiços. O colágeno e os depósitos minerais são desfeitos muito rapidamente e a fo rmação do osso torna- se mais lenta. Com menos colágeno, surgem espaços vazios que enfraquecem o osso. Fisiopatologia O remodelamento ósseo é um processo contínuo de retirada de osso para o sangue e for mação de osso novo, ocupando 20 a 30% do esqueleto a cada momento. Através do rem odelamento, o tecido ósseo substitui células velhas por novas (o que ocorre em todos tec idos) e o organismo pode dispor de elementos importantes que são armazenados nos oss os, como o cálcio. Os osteoclastos são as células responsáveis pela reabsorção durante o remodelamento. No início de cada ciclo de remodelamento os osteoclastos escavam o osso, formando lac unas na sua superfície e cavidades no seu interior. Após cerca de duas semanas os osteo clastos são deslocados pelos osteoblastos que em um período aproximado de três meses preenchem a área absorvida com osso novo. Até aproximadamente 30 anos de idade a quantidade de osso reabsorvido e reposto é igu al. A partir daí, inicia- se um lento balanço negativo que vai provocar, ao final de cada ativação das unidades d e remodelamento, discreta perda de massa óssea. Inicia- se, portanto, um lento processo de perda de massa óssea relacionada com a idade - osteo porose senil - no qual, ao longo de suas vidas, as mulheres perderão cerca de 35% de os so cortical (fêmur, por exemplo) e 50% de osso trabecular (vértebras), enquanto os hom ens perderão 2/3 desta quantidade. Além desta fase lenta de perda de massa óssea, as mulheres têm um período transitório de perda rápida de osso no qual a queda de estrógenos circulantes, que ocorre desde a pr é- menopausa, desempenha papel importante. O período transitório de perda rápida pode s e manter por 4 a 8 anos, nos quais a perda óssea chega até a 2% ao ano. O osso trabecul ar é metabolicamente mais ativo e mais responsivo às alterações do funcionamento do o rganismo o que pode explicar porque, neste tipo de osso, a perda óssea inicia- se, em ambos sexos, na terceira década e a massa total de osso declina 6 a 8% a cada 10 anos. Também a resposta à queda estrogênica é mais intensa, havendo grande aceleraçã o do remodelamento ósseo e perda de 5 a 10% de massa óssea ao ano em 40% das mulh eres - osteoporose da pós-menopausa. Observam- se, portanto, dois padrões distintos de alterações no funcionamento das unidades de rem odelamento que levarão à osteoporose. Um é lento e dependente da idade - osteoporose senil - e relacionado com defeito na formação óssea; os osteoclastos produzem lacunas de profundidade normal ou até menores, mas os osteoblastos são incapazes de preenchê- las completamente. Já as modificações que ocorrem com a queda de estrógenos levam a um remodelamento onde há maior número de osteoclastos e cada um produz uma cavidade mais profunda; t ambém há aumento da atividade dos osteoblastos que tentam corrigir o defeito mas não conseguem, caracterizando o remodelamento acelerado onde a atividade de reabsorção é maior e, no final de cada ciclo, haverá um declínio significativo de massa óssea - osteo porose da pós-menopausa. Pontos fracos do esqueleto • • Coluna Vertebral - Pessoas idosas podem fraturar as vértebras da colun a com freqüência. A chamada corcunda de viúva é uma deformação comu m e pode até levar à diminuição de tamanho do doente. • É muito importante saber que a maioria das fraturas que ocorrem na coluna se situam na região torácica e não na região lombar como tem sido descrito pela maioria dos especia listas. • • Punho - Por ser um ponto de apoio, é uma área na qual as fraturas acontecem normalmente. Os ossos sensíveis têm pouca estrutura para sustentar o peso do corpo quando cai. • • • Quadril - As fraturas de pelve são difíceis de cicatrizar e podem levar à invali dez. Estudos mostram que em torno de 50% dos que fraturam o quadril não conseguem mais andar sozinhos. • • • Fêmur - Também muito comum entre os que desenvolvem a doença. É freqü ente tanto em homens quanto em mulheres, principalmente depois dos 65 ano s. A recuperação costuma ser lenta. • A fratura de femur é a consequência mais dramática da osteoporose. Cerca de 15% a 20 % dos pacientes com fratura de quadril morrem devido à fratura ou suas complicações d urante a cirurgia, ou mais tarde por embolia ou problemas cardiopulmonares em um perí odo de 3 meses e 1/3 do total de fraturados morrerão em 6 meses. Os restantes, em sua maioria, ficam com graus variáveis de incapacidade. Sintomas A doença progride lentamente e raramente apresenta sintomas. Os sintomas normalment e são secundários às fraturas. Quando ocorre nas vértebras, a dor pode ser de dois tipos. Uma é aguda, localizada, intensa, mantendo a paciente imobilizada e relacionada com fr atura em andamento. Em situações de dor aguda, inicialmente ela pode ser mal localizad a, espasmódica e com irradiação anterior ou para bacia e membros inferiores. A fratura vertebral pode ainda não ser observável com precisão em exame radiológico, dificultand o o diagnóstico. A paciente se mantém em repouso absoluto nos primeiros dias. Mesmo sem tratamento, a dor diminue lentamente e desaparece após duas a seis semanas, depen dendo da gravidade da fratura. Quando a deformidade vertebral residual é grave, pode p ermanecer sintomatologia dolorosa de intensidade variável ou esta aparecer tardiamente. Também ocorrendo com freqüência, a dor pode ser de longa duração e localizada mais d ifusamente. Nestes casos, ocorreram microfraturas que levam a deformidades vertebrais e anormalidades posturais e conseqüentes complicações degenerativas em articulações e sobrecarga em músculos, tendões e ligamentos. Nova fratura vertebral é comum, repetindo- se o quadro clínico. Nas pacientes com dor persistente, esta se localiza em região dorsal baixa e/ou lombar e, freqüentemente, também referida a nádegas e coxas. Nesta etapada evolução da doença as pacientes já terão sua altura diminuída em alguns centímetros às custas das compressões dos corpos vertebrais e do achatamento das vértebras dorsais. A osteoporose pode, também, provocar deformidades. O dorso curvo (cifose dorsal) é c aracterístico e escoliose (curvatura lateral) lombar e dorsal aparecem com grande freqüê ncia. Com a progressão da cifose dorsal há projeção para baixo das costelas e conseqüen te aproximação à bacia, provocando dor local que pode ser bastante incômoda. Nos caso s mais avançados, a inclinação anterior da bacia leva a alongamento exagerado da musc ulatura posterior de membros inferiores e contratura em flexão dos quadris e consequent es distúrbios para caminhar, dor articular e em partes moles. Compressão de raíz nervos a é muito rara. Epidemiologia Estima- se que mundialmente 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5 homens acima da idade dos 5 0 tem osteoporose. Ela é responsável por milhões de fraturas anualmente, a maioria env olvendo vértebras lombares, quadril e punho. Fatores de risco para osteoporose A massa óssea do adulto - pico de massa óssea - reflete o acúmulo de tecido ósseo ocorr ido durante o crescimento. Parece chegar ao limite máximo ao redor dos 17 anos de idad e, podendo estender-se até ao redor dos 30 anos. Predispõem à osteoporose fatores que induzem a um baixo pico de massa óssea e aquele s que são responsáveis por perda excessiva ou baixa produção. Genéticos Sexo Feminino Raça branca ou asiática História familiar Baixa estatura Massa muscular pouco desenvolvida Estilo de vida Baixa ingesta de cálcio Sedentarismo Exercício excessivo levando a amenorréia (ausência de menstruação) Pouca exposição solar Nuliparidade Diabetes Tabagismo (*) Alcoolismo (*) Dieta vegetariana (*) Alta ingesta de proteínas permanentemente (*) Alta ingesta de cafeína permanentemente (*) (*) Associado com os outros fatores Ginecológicos Menopausa precoce sem reposição hormonal Primeira menstruação tardia Retirada cirúrgica de ovários sem reposição hormonal Ligadura das trompas (+) Retirada cirúrgica parcial do útero (+) (+) Risco de diminuição da função ovariana por insuficiência vascular. Diagnóstico O critério atual para diagnóstico de osteoporose é perda de 25% de massa óssea quando comparada com adulto jovem. Assim, diagnóstico precoce de osteoporose é feito atravé s da densitometria óssea enquanto o estudo radiológico somente mostra alterações inequ ívocas quando há perda de 30% da massa óssea. Critérios para diagnóstico de osteoporose (Organização Mundial de Saúde): Normal Valor para densidade óssea até 1 desvio- padrão* abaixo da média do adulto jóvem de mesmo sexo e raça. Osteopenia Valor para densidade óssea entre 1 a 2,5 desvios- padrões abaixo da média do adulto jovem de mesmo sexo e raça. Osteoporose Valor para densidade óssea mais do que 2,5 desvios- padrões abaixo da média do adulto jovem de mesmo sexo e raça. Osteoporose estabelecida Valor para densidade óssea mais do que 2,5 desvios- padrões abaixo da média do adulto jovem de mesmo sexo e raça na presença de uma o u mais fraturas decorrentes de fragilidade óssea. (*) 1 desvio-padrão é igual a 10%. Estas situações são particularmente importantes em mulheres no período perimenopáusi co, pois permite apontar as perdedoras rápidas de cálcio ou que não atingiram suficiente pico de massa óssea e serão candidatas a fraturas vertebrais cerca de dez anos após a m enopausa se não forem adequadamente tratadas. Deste modo, por meio da densitometria óssea, pode-se detectar estados de osteopenia e conceituar- se osteoporose através da massa óssea e risco estatístico de fratura. Prevenção • • Fazer exercícios físicos regularmente: os exercícios resistidos são os mais rec omendados; • • Dieta com alimentos ricos em cálcio (como leite e derivados), verduras (com o brócolis e repolho), camarão, salmão e ostras. • • A reposição hormonal de estrógeno em mulheres durante e após o climatér io consegue evitar a osteoporose. • Tratamento Bisfosfonatos São considerados o tratamento de primeira linha no tratamento da osteoporose pós- menopausa. São também usados no tratamento da osteoporose no sexo masculino e na o steoporose induzida por glucocorticóides. Tratamentos de administração diário, semanal , mensal ou anual que agem aumentando a massa óssea reduzindo o risco de fraturas. Exemplos: Alendronato, Risedronato, Ibandronato, Ácido Zoledrônico Reposição hormonal A reposição hormonal é importante tanto durante a prevenção quanto durante o tratamen to. O estrógeno reduz o risco de fraturas em mulheres com osteoporose. Exemplo: Estradiol Modulador seletivo dos receptores de estrogênio (SERM) SERM são uma classe de medicamentos que agem seletivamente nos receptores de estro gênio corporais. Normalmente, a densidade mineral óssea é precisamente regulada por u m equilíbrio entro a atividade de osteoblastos e osteoclastos nos ossos trabeculares. Estr ogênios exercem uma função essencial na regulação do processo de formação/reabsorçã o óssea por conta da ativação de osteoblastos. Alguns SERMs, como o Raloxifeno, age m no osso reduzindo a reabsorção óssea pelos osteoclastos. Exemplo: Raloxifeno Administração de cálcio Para quem já tem a doença, o cálcio pode ser dado em dosagens de 1 mil a 1,5 mil milig ramas por dia, com recomendação médica. Pode ser acompanhado por suplementos de v itamina D. Calcitonina A calcitonina é um hormônio que tem a função de evitar que o cálcio saia dos ossos. Evi ta-se assim o processo de corrosão. Atividade Física Atividade Física corretamente orientada (por um educador físico), também é usada com o parte importante no tratamento e controle da osteoporose, podendo reduzir ou até, esta bilizar a perda de massa óssea do indivíduo. Exercícios e prevenção de quedas Em uma extensa revisão, concluiu- se que exercícios de carga são úteis como coadjuvantes ao tratamento, em qualquer idad e. Eles devem ser mantidos regularmente pois sedentarismo leva à perda do que se ganh a com exercícios prévios. Os indivíduos não- osteoporóticos também devem ser estimulados a praticar exercícios tais como caminhar e correr. A manutenção de musculatura potente e a destreza que a prática de exercícios e esportes mantém são importantes para a prevenção de quedas. Os idosos devem ser aco nselhados a evitar calçados com solado de couro, escadas sem corrimão, levantar- se rapidamente, tapetes soltos, assoalho encerado e tantos outros fatores de risco para qu edas. Prognóstico Os pacientes com osteoporose têm grandes riscos de terem fraturas adicionais. O tratam ento para a osteoporose pode reduzir consideravelmente o risco de fraturasno futuro. As fraturas no quadril podem levar a uma dificuldade na movimentação e um risco aum entado de trombose venosa profunda ou embolismo pulmonar. As fraturas das vértebras podem levar a dor crônica severa de origem neurogênica, que pode ser difícil de ser cont rolada, assim como uma deformidade. A taxa de mortalidade em um ano que segue a fra tura de quadril é de aproximadamente 20%. Embora raras, as fraturas múltiplas de vérte bras podem levar a uma cifose severa que a pressão resultante nos órgãos internos pode incapacitar a pessoa de respirar adequadamente. Embora os pacientes com osteoporose tenham uma alta taxa de mortalidade devido às c omplicações da fratura, a maioria dos pacientes morre "com" a doença ao invés de morr er "da" doença. CONTEÚDO 7 – OSTEOARTROSE Dentre todas as patologias que acometem os indivíduos à partir da 4ª década da vida, se m dúvidas, é a OSTEOARTROSE a mais comum delas, estimando- se que ocorra em até 90 % da população adulta. É ela tão antiga como a própria história da Humanidade, acometendo indistintamente todos os vertebrados. A osteoartrose, também chamada de artrose, processo degradativo articular, processo de generativo articular etc., resulta de um processo anormal entre a destruição cartilaginosa e a reparação da mesma. Entende- se por cartilagem articular, um tipo especial de tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos (unidos) que possuem algum grau de movimentação entre eles. Em to das estas articulações está presente o tecido cartilaginoso. A função básica da cartilagem articular é a de diminuir o atrito entre duas superfícies ós seas quando estas executam qualquer tipo de movimento, funcionando como mecanism o de absorção de choque quando submetido à forças de pressões (como no caso do quad ril, joelho, tornozelo e pé), ou de tração, como no caso dos membros superiores. Para qu e este movimento de atrito entre dois ossos seja diminuído, outras estruturas também faz em parte da articulação, desempenhando papéis específicos como no caso do líquido sin ovial, que lubrifica as articulações e, dos ligamentos, que ajudam a manter unidas e está veis as articulações. Uma articulação normal é formada por células chamadas condrócitos, cuja função básic a é fabricar todas as substâncias necessárias para o bom funcionamento da cartilagem ar ticular. Dentre estas substâncias, encontra- se uma proteína denominada colágeno, cuja finalidade é funcionar como uma malha de sustentação, retendo as demais substâncias existentes dentro da cartilagem (Sulfato de G licosamina, Sulfato de condroitina, Querato Sulfato), que funcionam como moléculas qu e retêm água, ajudando, com isso, a absorção de stress mecânico de compressão e tração . Na realidade, a cartilagem articular funciona como uma grande mola, ou uma esponja d e silicone embebida em água. O estado de hidratação da cartilagem e a integridade da m esma, é fator preponderante para a não existência de degradação e, a não existência da p atologia denominada de Osteoartrose. Toda vez que tivermos alterado o estado de equilíbrio entre os constituintes articulares, estaremos sujeitos ao processo de degradação articular e, consequentemente, o desenvo lvimento da Osteoartrose. A Osteoartrose é, do ponto de vista médico, dividida em dois grandes grupos. O primeir o denominado de Osteoartrose Primária, é formado por aqueles indivíduos que já possue m um patrimônio genético, que faz com que a patologia se desenvolva independenteme nte de fatores externos. O segundo grupo, denominado de Osteoartrose Secundária, é formado por pessoas que, em virtude de algum fator agressivo ocorrido em determinado período da sua vida, pass am a apresentar a patologia. Fazem parte deste grupo os indivíduos muito obesos, os qu e sofreram algum traumatismo articular (entorses, fraturas, luxações), os que sofreram al gumas alterações hormonais específicas, os que executam esportes com micros traumati smos de repetição, os que executam esportes de desaceleração (saltos) etc... Estas pessoas fazem parte de um grupo denominado de risco e, sem dúvidas, devem inic iar precocemente um tratamento preventivo, evitando ou minimizando a sintomatologia desagradável da patologia, a qual em fase avançada, é traduzida por dor e incapacidade funcional. Dados Epidemiológicos A doença é de caráter crônico, de evolução lenta e sem comprometimento sistêmico de outros órgãos, afetando as articulações periféricas e axiais, mais freqüentemente as que suportam peso. Na grande maioria dos indivíduos se desenvolve de maneira silenciosa. Habitualmente, atinge uma ou mais articulações de forma auto limitada embora, em alg uns casos, se apresente de forma generalizada. Tem caráter universal, com algumas dife renças inter raciais, conforme a articulação acometida. Incide, predominantemente, no sexo feminino, na idade adulta entre a 4ª e 5ª décadas e no período da menopausa, sendo que esta incidência aumenta com a idade. Abaixo dos 40 anos, a freqüência é semelhante, em ambos os sexos sendo, esta patologi a, um tanto quanto incomum. Estudos radiológicos demonstraram que a freqüência da O steoartrose gira em torno de 5% em indivíduos com menos de 30 anos e, atinge 70% a 8 0% daqueles com mais de 65 anos. Contudo, somente 20% a 30% dos portadores de alte rações radiológicas apresentam sintomas da doença. Particularmente, na articulação do joelho, evidenciou- se, que 52% da população adulta apresenta sinais radiológicos da doença, sendo que, so mente 20% destas apresentam alterações consideradas como graves ou moderadas. A incidência desta patologia aumenta com a idade, estimando- se atingir 85% da população até os 64 anos sendo que, aos 85 anos é ela universal. Fatores de Risco Homens e mulheres que apresentam fatores de risco para o desenvolvimento da Osteoart rose são os que estão mais expostos a essa doença. Principais fatores de risco individuais: Hereditariedade; Obesidade; Disfunções hormonais; Hipermobilidade; Artropatias; Fatores mecânicos; Trauma; Uso repetitivo tanto no trabalho como no lazer e no esporte; Desarranjos estruturais da própria articulação. Hereditariedade A herança genética é um importante componente na causa da Osteoartrose, particularm ente na sua forma poliarticular, em que são afetadas várias articulações. Ou seja, as pess oas que têm parentes com Osteoartrose generalizada apresentam maior risco de desenvo lver a doença. Obesidade O excesso de peso corporal pode estar associado com o desenvolvimento de Osteoartro se nos joelhos em ambos os sexos. Entretanto, sua relação com a Osteoartrose de quadri l ainda é discutível. De qualquer maneira, a sobrecarga de peso acentuada a dor nas artic ulações dos membros inferiores e da coluna lombar. Disfunções Hormonais A predominância de Osteoartrose poliarticular no sexo feminino sugere que este tipo de problema articular na mulher pode ser favorecido por alterações dos hormônios. Aliás, e ssa doença parece ocorrer com maior freqüência após a menopausa. Hipermobilidade Indivíduos com excesso de amplitude de movimentos, devido a muita flexibilidade nas articulações, apresentam risco maior de desenvolver Osteoartrose. Artropatias e outras doenças As enfermidadesque causam inflamação das articulações (artropatias) podem ocasionar Osteoartrose secundária. Têm sido documentadas algumas associações entre Osteoartros e e diabete melito. Além disso, as doenças que alteram a estrutura da articulação estão f ortemente relacionadas ao aparecimento e à progressão de Osteoartrose. Trauma O Trauma de forte intensidade é uma causa comum de Osteoartrose de joelho, principal mente quando afeta os ligamentos ou os meniscos. Quando um menisco é retirado (meni scectomia), há risco maior de desenvolvimento de Osteoartrose. Os riscos aumentam co m o avanço da idade, com a predisposição e com a época da meniscectomia. Em alguns casos, a doença pode se instalar em indivíduos mais jovens. No trauma em que ocorre fr atura ou luxação, pode haver alteração da função mecânica da articulação, o que pode pr edispor ao aparecimento de Osteoartrose. São comuns os casos de fratura com subseqüe nte Osteoartrose no ombro, punho, quadril ou tornozelo. Uso repetitivo Determinadas tarefas no trabalho podem agravar a dor nas articulações comprometidas. As atividades que precisam ser executadas em posição ajoelhadas, por exemplo, costum am acentuar a Osteoartrose de joelhos. Algumas práticas esportivas ou de lazer aumenta m os riscos de trauma, além de poder agravar o quadro clínico dos portadores de Osteoa rtrose. Quadro Clínico Em algumas pessoas, a doença pode evoluir sem apresentar sintomas. Muitas articulaçõ es com evidência radiográfica de Osteoartrose podem permanecer sem sintomatologia p or longos períodos. O aparecimento de sintomas é usualmente lento. A princípio surge d or intermitente (que aparece e desaparece) na junta atingida, geralmente relacionada a es forço físico. Pode também ocorrer sensação de rigidez articular, associada a um estado d e dor de difícil localização. Alguns pacientes sofrem diminuição gradual da amplitude d e movimentos das articulações afetadas. Um trauma pode transformar uma articulação c om Osteoartrose sem sintoma em uma articulação muito dolorosa. Por exemplo, o indiví duo pode não perceber qualquer problema em seus joelhos até que uma contusão nesse l ocal torne a região bastante dolorida, levando ao aparecimento inicial de sinais e sintom as da doença. Sinais Pontos doloridos nas margens da articulação; Sensibilidade exagerada na articulação; Inchaço articular; Crepitações (atritos); Derrame intra-articular; Movimentos restritos e dolorosos; Atrofia muscular periarticular; Enrijecimento da articulação; Instabilidade articular. Sintomas Dor relacionada a exercício físico; Dor ao repouso; Dor noturna; Rigidez após inatividade (tempo parado); Perda de movimento; Sensação de insegurança ou de instabilidade; Limitação funcional; Incapacidade. A dor é, sem dúvida, o sintoma mais importante e comum da Osteoartrose. Sua intensid ade varia muito, podendo ser bem leve ou muito intensa, com variações semanais ou até diárias. Pode ser pior no final do dia e no final de semana. Em geral, a sensação de dor piora com o uso da articulação afetada, e assim permanece por horas após a interrupção da atividade física. Enquanto a maioria sente dores relacionadas ao exercício físico, algu ns pacientes descrevem dor ao deitar- se e outros, dor noturna. Alguns relatam sensações de pontadas durante certos movimen tos ou com a sustentação de peso. A sensação de rigidez articular é referida pela maior p arte dos portadores da doença, podendo ser difícil iniciar os movimentos, dando a impre ssão de que a articulação acometida esta presa. Essa sensação, porém, vai gradativament e desaparecendo com a movimentação. A rigidez ocorre após um período sem movimen tação e, geralmente, não dura mais que 30 minutos. A restrição de movimentos pode ser descoberta na evolução da doença, sendo, com freqüência, acompanhada de dor, que te nde a ser pior no final da amplitude do movimento realizado. Muitos pacientes com Ost eoartrose queixam- se também de sensação de insegurança ou de instabilidade nas articulações comprometi das. Alguns dizem ter a impressão de que a articulação falha no seu desempenho. Depen dendo da gravidade da doença, pode haver diferentes graus de atrofia muscular na regiã o próxima à articulação afetada. Durante a execução de movimentos, podem ser percebi das crepitações, devido ao atrito das superfícies articulares que se encontram irregulares , interferindo com os movimentos normalmente suaves. O inchaço, muitas vezes sensíve l ao toque, é outro sinal freqüente de Osteoartrose. Pode variar em volume e manter- se por períodos variados de tempo. Nos casos mais avançados, pode haver grande destru ição das estruturas articulares, com importantes deformidades e consequentemente perd a de função, impondo ao paciente dificuldade na sua rotina como, por exemplo, perda d e habilidade para vestir- se sozinho, limitações para subir ou descer escadas ou até para caminhar pequenas distâ ncias. Tratamento Há muitos tratamentos disponíveis para aliviar os sintomas dessa enfermidade, bem co mo para melhorar e preservar a função articular e a qualidade de vida. Tais tratamentos envolvem- se desde a simples orientação educacional para os pacientes até o uso de medicações, fis ioterapia e cirurgia, em casos extremos. É importante que o indivíduo com Osteoartrose mantenha boa saúde geral, elimine os fatores de risco, como o excesso de peso corporal, preserve uma boa força muscular e, acima de tudo, reconheça a sua própria responsabili dade no controle do tratamento. Exercícios, fisioterapia e hidroterapia Exercer alguma atividade física diária (compatível com a idade e condicionamento físic o) é extremamente importante. Tal conduta melhora o sistema cardiovascular, a sensaçã o de bem- estar e a função mental, além de reduzir a ansiedade, a depressão ou outra forma de estr esse psicológico que possa estar presente. Os exercícios devem ser moderados e de baix o impacto. Obviamente, as atividades físicas devem respeitar a gravidade do envolvime nto articular, além a saúde geral da pessoa com Osteoartrose. Fisioterapia e hidroterapia também são úteis para a prevenção e o tratamento da Osteoartrose. Calçados, acessórios e órteses Calçados apropriados são particularmente importantes. Palmilhas, calcanheiras e outros recursos para o realinhamento, absorção de impacto e conforto podem ser utilizados den tro dos calçados para facilitar o ato de caminhar. Diversos acessórios (órteses), como as bengalas, podem contribuir para melhorar a segurança e a estabilidade, além de reduzir a dor ao caminhar. Alguns pacientes com quadros mais graves podem se beneficiar com o emprego desses acessórios. Tratamento medicamentoso Muitos medicamentos têm sido utilizados no tratamento da Osteoartrose. Os agentes an algésicos, incluindo os antiinflamatórios não-esteróides (AINES), ou seja, não- derivados de hormônios, são geralmente recomendados para: Casos de dores agudas e particularmente fortes; Como medida preventiva, antes de alguma atividade física que provavelmente ocasiona rá dor de maior intensidade; De maneira regular, com uso freqüente para suprimir quadros dolorosos persistentes. É importante destacar que os AINES representam as medicações mais usadas no tratame nto da Osteoartrose, sendo principalmente utilizados para alívio dador e da rigidez artic ular. Medicamentos de uso tópico (creme, pomada, spray, etc.) com propriedades analgé sicas e/ou antiinflamatórias também podem ser utilizados. A injeção local (infiltração ar ticular) também é indicada, especialmente em casos mais agudos. Novas drogas no dia de hoje são consideradas condroprotetoras e possuem papel de gra nde importância no tratamento e prevenção da Osteoartrose. Tratamento cirúrgico Existem diversos procedimentos cirúrgicos que podem trazer benefícios em variadas sit uações, de acordo com as características de cada caso e as indicações determinadas pelo médico responsável. Dentre as técnicas mais comumente utilizadas estão a Artroscopia , que serve para a realização de uma “limpeza articular” e regularização da cartilagem, a s Osteotomias, que têm a finalidade de corrigir deformidades e desalinhamentos articula res, e especialmente as Artroplastias, que consistem na substituição das articulações por próteses. CONTEÚDO 8 – TENDINOPATIAS Existem diferentes formas de afecção do tendão, que vão desde um simples pr ocessso inflamatório, passando por processos degenerativos, podendo chegar a té mesmo a diferentes graus de ruptura. Anos atrás acreditava- se que os problemas de tendão resumiam- se a inflamações. Porém, na década de 1990 alguns autores modificaram a pro posição do ciclo vicioso que gerava as doenças ocasionadas por tração excessi va, sugerindo uma diferença entre tendinite e tendinose. Concluíram que tudo se inicia com uma hipersolicitação do tendão, que é seguida de uma reparação inadequada que acaba gerando morte dos tenócitos (células que constituem a matriz colágena no tendão), o que leva a menos deposição de colágeno nos ten dões (progredindo o enfraquecimento mecânico) que predispõe a novas lesões. Neste ponto então, o estímulo inicial que já era excessivo, torna- se mais intenso e portanto, mais incoerente, progredindo com o ciclo que irá g erar uma lesão se não for interrompido. No final dos anos 90, foram relacionados determinados fatores extrínsecos às l esões tendinosas por sobreuso, que são: exposição do corpo a cargas excessiva s, erros de treinamento, condições ambientais, equipamentos e regras desporti vas ineficazes. Já em 2000, surgiu a classificação das tendinopatias de acordo com as alteraçõ es histopatológicas que estas apresentavam e obtivemos o seguinte quadro: - Tendinose: degeneração tendinosa relacionada a microtraumas ou alterações vasculares persistentes, cuja histologia mostra degeneração do colágeno intrat endinoso não inflamatório, com degeneração das fibras, hipocelularidade, necr ose local ou calcificações. - Tendinite: degeneração sintomática aguda de um tendão com interrupção vas cular e resposta a uma reparação inflamatória, caracterizada por alterações deg enerativas provocadas por rupturas sobrepostas, incluindo as proliferações de f ibroblastos e miofibroblastos, hemorragia e tecido de granulação organizado. - Paratendinite: inflamação do paratendão (tecido delgado responsável pela pr oteção e nutrição do tendão), caracterizado por presença de células inflamatóri as no paratendão ou no tecido areolar peritendinoso. - Paratendinite com tendinose: inflamação do paratendão associado a degenera ção intratendinosa, caracterizado por degeneração mucoide no tecido peritendi noso com perda de colágeno, desorientação das fibras e inflamação intratendin osa. - Tenossinovite: inflamação associada da bainha sinovial que protege e reveste os tendões em determinadas regiões do corpo, normalmente associada à tendi nite ou à paratendinite em locais com a presença de bainha sinovial bem carac terizada. - Rupturas: As rupturas tendíneas podem ou não ser secundárias aos processos degenerativos. O processo degenerativo provoca uma degradação da estrutura tendínea que pode progredir para a ruptura do tendão. Em casos nos quais não há ocorrência de degeneração as rupturas poderão ocorrer de forma traumátic a, por ferimentos cortantes ou lacerantes ou por sobrecargas excessivas. As ru pturas podem ser parciais, onde somente partes das fibras do tendão se rompe m mantendo uma continuidade parcial, ou totais, onde ocorre uma ruptura tota l de fibras com consequente desligamento ou descontinuidade do tendão. As r upturas podem ocorrer nas porções mais centrais do tendão, ou nas suas extre midades, podendo ocorrer na região de transição miotendínea ou na inserção d o tendão no osso, podendo esta ser caracterizada como uma avulsão óssea. Uma relação muito frequente e comumente encontrada nos tendões é a progre ssão lesiva descrita abaixo: Normalmente a primeira resposta patológica que ocorre em tendões diante de condições de sobrecarga é a inflamação. O processo inflamatório pode ser car acterizado por uma tendinite, paratendinite ou tenossinovite, de acordo com os conceitos propostos acima. Um quadro inflamatório que acomete os tendões, quando se torna crônico, faz com que a ação crônica das substâncias químicas anti- inflamatórias provoque um processo degradativo da estrutura morfológica do t endão, degradando a sua matriz (colágeno, proteoglicanos) e o componente ce lular. A degradação da estrutura tendínea provoca uma degeneração que caract eriza a tendinose, podendo também ser conhecida simplesmente como tendino patia. Na tendinose a estrutura do tendão já está comprometida, o que leva a u m enfraquecimento das suas fibras tornando- o mais susceptível a rupturas. A ruptura pode ser considerada como uma cons equência final deste processo lesivo, podendo o tendão se romper parcialment e ou totalmente. Características Sintomáticas Tendinite – as inflamações tendíneas são caracterizadas sintomaticamente pel os sinais flogísticos clássicos, como dor, calor, rubor, edema e perda da funçã o. Tendinose – além dos sinais flogísticos que ainda podem estar presentes mes mo no estágio de degeneração, é comum a ocorrência de perda importante de f orça do músculo cujo tendão está sendo acometido. Ruptura - dor aguda, podendo- se ouvir ou sentir a ruptura; ocorre perda imediata da função, com edema e he matoma, e possivelmente espaço palpável (gap tendíneo) em rupturas complet as. As tendinites mais conhecidas são: - calcâneo (corredor) - patelar (saltador ou Jumper’s Knee) - adutores de quadril (futebol) - manguito rotador (nadador) - extensor comum dos dedos (tenista) - flexor comum dos dedos (golfista) - extensor curto e abdutor longo do polegar (Doença de DeQuervain) Uma das complicações mais comuns que ocorrem em decorrência de tendinite s crônicas é a Tendinite Calcárea, que consiste em deposição de cálcio em ten dões inflamados cronicamente. As bursites podem ocorrer de forma simultânea às inflamações tendíneas sem pre que houver uma proximidade importante entre o tendão acometido e a bur sa. Especialmente nos casos ou locais onde as bursas têm a função de proteção do tendão subjacente, como por exemplo a bursa subacromial que protege os t endões do manguito rotador e inflamam simultaneamente na Síndrome do Imp acto do Ombro. Tratamento O tratamento inicial deve ser conservador ou baseado na alteração histopatoló gica em vez do sintoma: tratar uma tendinopatia com base em uma inflamação VS tratar um tendinopatia com base em uma degeneração, tendo como priorid ade a diminuição da dor, mas associada a manutenção da função. Para tal o tra tamento pode chegar a ser cirúrgico, mas devemos lembrar que o bom senso mana sempre tentarmos o tratamento fisioterápico em um primeiro momento, e este pode associar: repouso inicial e redução de carga, crioterapia, eletrotera pia, ondas de choque, bandagens, massagemtransversal profunda e exercícios de fortalecimento excêntrico. Em casos de ruptura, a cicatrização ocorre em um período que pode variar de 3 a 6 semanas em ruptura parcial, podendo neste caso ser estabelecido o trata mento ortopédico conservador. Nas rupturas totais, a cicatrização é difícil devi do à descontinuidade do tendão o que leva à necessidade frequente de indicaçã o cirúrgica, que pode variar desde uma simples sutura até o uso de enxerto. No pós- operatório, a imobilização pode variar de 3 a 9 semanas. Durante o período de imobilização os principais objetivos da Fisioterapia são o controle da dor e da inflamação, minimizar a formação de aderências, manter a força muscular, se mpre respeitando o tempo de cicatrização. Após a retirada da imobilização, os objetivos de tratamento passam a ser readquirir a mobilidade do tendão, readq uirir a ADM articular, restaurar a flexibilidade, resistência, força e potência m uscular, reeducação funcional. CONTEÚDO 10 – DEFORMIDADES DA COLUNA VERTEBRAL As alterações do alinhamento da coluna vertebral podem ser compree ndidas em desvio tridimensional, denominadas de Escoliose, ou desvi os antero- posteriores. Esses últimos podem envolver o aumento ou a diminuição das curvaturas fisiológicas da coluna como a lordose cervical, cifose t orácica e lordose lombar. ESCOLIOSE Consiste em um desvio tridimensional da coluna vertebral, não fisiológi ca, com rotação dos corpos vertebrais para o lado convexo da curvatu ra. A deformidade é considerada quando o desvio lateral da coluna é maior que 10 graus. Etiologia e Classificação: As escolioses podem ser classificadas em 2 grandes grupos: Escolios e Estrutural e Escoliose Não Estrutural ou Atitude Escoliótica. As Escolioses Não Estruturais ou Não Morfológicas compreendem des vios da coluna sem a alteração da morfologia básica das estruturas qu e compõem a coluna, como vértebras, discos, ligamentos. Neste grup o podemos encontrar: - Escoliose Postural – causadas por desvios posturais - Escoliose Compensatória – surge para compensar outro desvio ou deformidade - Irritação Radicular – causada por irritação de raiz nervosa - Escoliose Inflamatória – causada por processo inflamatório em estr uturas adjacentes à coluna As Escolioses Estruturais ou Morfológicas compreendem desvios da c oluna que afetam a sua estrutura básica. Neste grupo encontramos: - Escoliose idiopática (70%) – sem causa conhecida - Escoliose congênita – causada por malformação congênita da coluna - Escoliose traumática – causada por fraturas ou outras lesões - Doenças neuromusculares A Escoliose Idiopática ainda pode ser subdividida em Infantil (0- 2 anos), Juvenil (2- 10 anos), do Adolescente (acima dos 10 anos até o término do cresci mento) Nomenclatura: A nomenclatura da Escoliose é determinada a partir do segmento aco metido (= localização), de acordo com a direção da curvatura (= lado d a convexidade), se a curvatura é única, dupla ou tripla, e se a curva é principal ou compensatória(s). A curva principal é aquela que possui m aiores alterações morfológicas, é maior e corrige menos. Exame Físico Estático: Ao avaliar um paciente com Escoliose devemos observer a altura dos ombros, as assimetrias de escápula, caixa torácica e quadril, possível discrepância de comprimento de membros inferiores, a postura alterad a e a curvatura visível. Exame Físico Dinâmico: No exame físico dinâmico, são realizadas a manobra de inclinação lat eral que avalia a flexibilidade da curva, e a manobra de flexão anterior do tronco (também conhecida como Manobra de Adams ou Teste do Minuto) Exame Radiográfico: Na avaliação radiográfica das Escolioses, as imagens podem ser obtid as com o paciente em pé e deitado, nas incidências AP e perfil. As radiografias podem ser feitas com a Inclinição lateral pra avaliar a fl exibilidade da Escoliose (flexível: diminuição da angulação > que 40%) (rígida: diminuição da angulação < que 40%) O raio X da bacia serve para avaliar o potencial de crescimento (Sinal de Risser). O Método de Cobb serve para a avaliação do ângulo da curvatura. Tratamento O tratamento ortopédico da Escoliose é estabelecido a partir da angul ação da curvatura, ou seja: - até 20°: observação e fisioterapia - 20 a 40°: tto conservador (colete + fisioterapia) - acima de 40°: tto cirúrgico Além da angulação, os critérios de flexibilidade (curva flexível ou rígida ) e o potencial de crescimento (Sinal de Risser) também são ponderad os e utilizados para a indicação do tratamento. ➢ Tratamento Conservador: - Colete de Milwaukee (usa até parar o crescimento, 23h/dia, não corri ge a curva, impede a progressão) - Colete TLSO (para curvas lombares ou toracolombares) - Fisioterapia: baseada nos objetivos de reequilíbrio muscular e reeduc ação postural ➢ Tratamento Cirúrgico: A abordagem cirúrgica utilizada para tratamento da Escoliose é a Artro dese, que compreende a redução do desvio seguida da fixação e fusã o óssea da coluna vertebral. ➢ Pós-operatório: - colete (4/6 meses) - após 2 meses: alonga ísquio-tibiais, flexores de quadril e para- vertebrais, fortalece abdômen - após 6 meses: exercícios mais intensos para o tronco - após 1 ano: liberação para esportes HIPERCIFOSE TORÁCICA É o aumento da curvatura fisiológica de convexidade posterior na região da coluna torácica (ângulo maior que 45°) Classificação: - Doença de Scheauermann: encunhamento anterior do corpo da vértebra (>5°) curva maior e rígida - Dorso Curvo: corpos vertebrais normais curva flexível Exame Físico: - dorso arredondado - antepulsão dos ombros - sulco infra-mamário - protusão abdominal - compensada ou descompensada (cervical e/ou lombar) - aumento ou diminuição da lordose lombar - Retrações musculares (peitorais, ísquio-tibiais, flexores de quadril) - Fraqueza muscular (para-vertebrais, abdominais) Exame Radiográfico: - Perfil em pé - Perfil em extensão da coluna (flexibilidade) - AP - Bacia (Sinal de Risser) - Ângulo da vértebra - Ângulo da cifose (Método de Cobb) Tratamento Conservador: - curva flexível: fisioterapia - curva rígida até 60°: fisio + colete - curva rígida maior que 60°: fisio + gesso * Fisioterapia: reequilíbrio muscular Tratamento Cirúrgico: Artrodese quando não responde ao conservador quando há mau prognóstico quando há sintomas neurológicos HIPERLORDOSE LOMBAR É o aumento da curvatura fisiológica de concavidade posterior n a região da coluna lombar (ângulo maiorque 40/50°) - geralmente postural ou associada a retrações musculares - associada com lombalgia - retrações musculares (para-vertebrais lombares, ílio-psoas) - fraqueza muscular (abdominais) Tratamento Fisioterápico: reequilíbrio muscular CONTEÚDO 9 – LESÕES MUSCULARES As lesões musculares ocorrem em virtude da UNIDADE MÚSCULO- TENDÍNEA (UMT) perder resistência, flexibilidade e/ou tolerância de s uportar as forças aplicadas sobre ela. CAUSAS E NOMENCLATURA As lesões musculares podem ser desencadeadas por causas extrínse cas (fatores externos) ou causas intrínsecas (fatores internos). As lesõ es de causas extrínsecas são denominadas de Contusão. Já as lesõe s de causas intrínsecas podem ter origem mecânica sendo denominad as de Distensão, ou origem metabólica denominada de Contratura. Extrínsecas CONTUSÃO Intrínsecas: Mecânicas DISTENSÃO Metabólicas CONTRATURA CONTUSÃO: lesão provocada por trauma direto resultando em ruptur a de fibras e capilares, com sangramento no músculo, seguido por rea ção inflamatória. DISTENSÃO: lesão provocada por trauma indireto gerado por forças d e tração ou tensão exageradas que resulta em lesão ou interrupção (r uptura) de fibras musculares, tecido conectivo e vasos. As forças de tr ação exageradas podem exceder o limite de flexibilidade do músculo e nvolvido e as forças de tensão podem exceder o limite de força. *OBS.: O termo ESTIRAMENTO pode ser aplicado aos casos de diste nsões leves. CONTRATURA: processo lesivo que ocorre por alterações metabólica s em resposta à atividade intensa que podem desencadear falhas na e xcitabilidade muscular e no mecanismo contrátil. A lesão normalmente ocorre após o músculo atingir ou ultrapassar o seu limiar de fadiga. CLASSIFICAÇÃO (GRAVIDADE) ➢ GRAU I: - não há ruptura total da UMT - edema localizado - pequena dor à movimentação - não há grande perda de força muscular e amplitude de movimento ➢ GRAU II: - ruptura macroscópica - equimose - dor persistente e difusa à palpação - claudicação - perda da resistência muscular e diminuição da amplitude de movim ento ativa ➢ GRAU III: - ruptura total ou de vários feixes de fibras - hematoma - dor intensa e persistente - claudicação ou apoio impossível - depressão local (“gap muscular”) - pode ser acompanhada de estalido audível DIAGNÓSTICO POR IMAGEM (Ressonância Magnética/Ultrassonogr afia): ➢ GRAU I: edema sem ruptura ➢ GRAU II: ruptura de até 50% das fibras ➢ GRAU III: ruptura c/ extensão maior que 50% das fibras DIAGNÓSTICO O diagnóstico é realizado pelo exame clínico, em que se percebe a nítida impot ência funcional e pelos exames complementares que podem auxiliar também n o tratamento e na prevenção de novas lesões. Na suspeita de lesões ósseas, como avulsões, os exames radiográficos podem ser úteis. A Ultrassonografia, a Tomografia e a Ressonância Magnética também podem s er consideradas para auxiliar no diagnóstico e tratamento, tendo em vista que a correta localização anatômica da lesão é fundamental para o tratamento e prev isão de retorno ao esporte. FATORES PRÉ-DISPONENTES Os principais fatores que predispõem as lesões musculares são o frio e a umidade do ambiente, a falta ou o erro de treinamento, a fadiga (S upertreinamento), a falta de aquecimento e alongamento prévio, a retr açào muscular acentuada, a desidratação, a nutrição inadequada. INCIDÊNCIA As lesões musculares ocorrem mais comumente em atletas (profission ais e ocasionais). Os músculos dos membros inferiors são normalment e os mais acometidos, dentre eles os ísquio- tibiais, o quadríceps, o tríceps sural e os adutores. Quanto à localizaçã o, a junção mio- tendínea compreende a localização mais comum, seguida do ventre m uscular. As lesões de origem mecânicas (distensão/estiramento) pode m ocorrer durante as contrações concêntricas ou excêntricas, sendo m uito mais comum nesta última. TRATAMENTO Em termos de tratamento ortopédico, nas lesões parciais o tratamento é conservador, basicamente através da Fisioterapia. Nas lesões musc ulares completas (bastante infrequentes) pode ser indicado o tratamen to cirúrgico, compreendendo sutura seguida de imobilização. Após a lesão, inicia- se a regeneração muscular, com uma reação inflamatória, entre 6 e 24 horas após o trauma. O processo de cicatrização inicia- se cerca de três dias após a lesão, com estabilização em duas seman as. A restauração completa pode levar de 15 a 60 dias para se concret izar. A imobilização do músculo após a lesão, como em qualquer outro tecido, pode l evar a atrofia e portanto deve ser evitada. A perda de massa muscular ocorre r apidamente e depois tende a estabilizar e a perda de força ocorre simultaneam ente. A resistência à fadiga diminui rapidamente. Já a mobilização precoce aumenta a resistência das fibras à tensão, melhora a orientação das fibras e mantém uma adequada vascularização do músculo, evit ando a atrofia muscular. Deve- se instituir de imediato a aplicação de gelo local, repouso relativo e medicações anti-inflamatórias. Após dois a três dias inicia- se então o tratamento fisioterápico, com ênfase na mobilidade, na flexibilidade, no fortalecimento muscular e melhoria da resistência. A seguir trabalha- se a propriocepção e o condicionamento geral do atleta, inclusive aeróbico e o r etorno gradativo às atividades, com liberação completa ao esporte quando o atl eta se encontrar nas mesmas condições pré- lesão e sentir segurança para retornar. Para o retorno do atleta à atividade, este deve possuir uma amplitude de movimento articular normal, estar completamente sem dor, edema ou derrame, com uma força muscular de no máximo 20% da normal e condicionamento cardio-respiratório normal. CONTEÚDO 2 – TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO O termo torcicolo se origina a partir de duas palavras latinas tortus, q ue significa torto, e collum, que siginifica pescoço, sendo a terceira an omalia congênita mais comum do sistema músculo esquelético, ficand o atrás somente da luxação congênita do quadril e do pé torto congên ito. É uma deformidade assimétrica da cabeça e pescoço ocasionada por uma fibrose e encurtamento unilateral do músculo esternocleidom astóideo, que provoca uma inclinação da cabeça para o lado afetado e uma rotação da face para o lado oposto, geralmente se manifestand o no período neonatal ou em lactentes. Existem relatos de Hipócrates da sua identificação que antecedem 20 00 anos, mas a condição se tornou realmente conhecida na antiguida de quando Alexandre “O Grande” sofreu da deformidade, sendo cham ado de “o herói do torcicolo”. Após esta menção histórica, se tornou u ma condição mais bem definida por estudos histológicos e de imagen s como ultrassonografia e ressonância magnética, mostrando a atrofi a muscular e a fibrose intersticial. A incidência é de um para 250 nascidos vivos, com predominância pa ra o sexo masculino, sendo o lado direito mais acometido. Sua etiolog ia ainda não está esclarecida, não existindo até o momento
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