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DESCRIÇÃO Características, incidência e prevenção das principais lesões musculoesqueléticas e ligamentares. PROPÓSITO Conhecer as disfunções musculoesqueléticas, os aspectos fisiopatológicos relacionados às lesões ocorridas nos esportes, nas atividades físicas e na vida diária será fundamental para a sua atuação como profissional de Educação Física. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os mecanismos e os tipos de lesões MÓDULO 2 Reconhecer os principais tipos de lesões ósseas MÓDULO 3 Reconhecer os principais tipos de lesões articulares MÓDULO 4 Reconhecer os principais tipos de lesões musculares INTRODUÇÃO Segundo o Estatuto do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), o profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas mais diversas manifestações, como exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, musculação, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano, bem como outras diversas práticas corporais, atuando na prevenção de doenças, de acidentes e de alterações posturais. Contribuindo, assim, para a aquisição de autonomia e autoestima. Ao verificarmos essas atribuições, percebemos a importância do conhecimento do corpo humano, não somente nas condições saudáveis, mas também nas patológicas. Dessa forma, ampliando o domínio da rede de fatores determinantes, tanto para a performance como para o desenvolvimento de lesões, permitindo uma prescrição de exercícios consciente. javascript:void(0) javascript:void(0) O corpo é um sistema interligado por articulações movidas pelo sistema muscular e ativados por comandos do sistema nervoso. A integridade desses componentes garante a adequada motricidade humana. Neste caso, a incidência de lesões, por menores que possam parecer, tem como consequência um movimento limitado e não harmônico. Neste conteúdo, vamos identificar as principais disfunções que acometem o sistema musculoesquelético, o que agrega informações indispensáveis para a seleção e prescrição de exercícios que respeitem os limites saudáveis do movimento. Por isso, serão abordados conceitos, mecanismos de lesões e seus diversos tipos, bem como essas estruturas se comportam no processo de recuperação. AUTONOMIA Está relacionada à capacidade de realização de forma independente das atividades da vida diária, devendo ser um dos principais objetivos dos profissionais inseridos na área de saúde. AUTOESTIMA Está relacionada a fatores subjetivos, como a percepção de mundo. Indiscutivelmente, uma boa relação com o corpo é fator fundamental para o seu desenvolvimento. MÓDULO 1 Identificar os mecanismos e os tipos de lesões DEFINIÇÕES DE LESÃO, GRAUS DE LESÃO E CLASSIFICAÇÃO DA DOR A palavra “lesão” tem sua origem no latim laesio e ladere , isto é, ferir, atacar, causar dano. O que é uma lesão musculoesquelética e ligamentar? Para responder esta pergunta, precisamos lembrar que o corpo humano é formado pela união de diversos sistemas, como o ósseo, o ligamentar e o muscular, que estão sujeitos a diversas cargas, sejam por sobrecargas diárias, posturas inadequadas, treinamento excessivo, acidentes ou envelhecimento. Na maioria das vezes, as lesões destes tecidos estão associadas à dor, mas sempre que temos dor existe uma lesão? Ou a dor pode ser entendida como um sintoma que também pode ser autônomo? Para respondermos, é importante observarmos o resultado de um estudo realizado desde 2013. Trata-se da nova edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), adotada pela Organização Mundial da Saúde em 2019, incluindo, pela primeira vez, uma classificação para dor crônica. Com esta alteração trazida pelo CID-11, a dor deixa de ser um sintoma e passa a ser uma condição clínica que impacta na vida cotidiana. Atualmente, o entendimento é de que a dor não é mais somente um sintoma, mas uma doença, portanto, deve ser tratada. Sabe-se que a dor crônica causa uma série de efeitos deletérios, como: inibição neuromuscular, afecção psicoemocional, desajuste do ponto de vista social, impactando diretamente na vida do indivíduo, sendo uma das maiores causas de afastamento do trabalho, caracterizando-se como um problema de saúde pública. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) DOR “Uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada a uma lesão tecidual, real ou potencial”. Fonte: Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP). CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS A nova versão da Classificação Internacional de Doenças CID será apresentada aos países membros da OMS em maio de 2021. O Código oficialmente entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2022. A atual versão utilizada é o CID-10. DOR CRÔNICA Dor persistente ou recorrente com duração superior a três meses. Para melhor compreensão deste novo conceito, é preciso saber: A dor sempre é uma experiência pessoal influenciada por fatores biológicos, sociais e psicológicos (as pessoas reagem de forma diferente a situações de lesões semelhantes). Dor e nocicepção são diferentes fenômenos. A dor não pode ser limitada à estimulação dos receptores sensoriais (depende do contexto social e psicológico). Durante a vida, os indivíduos aprendem e desenvolvem o conceito do que seria dor. Estudos mostram, por exemplo, que crianças com pais ansiosos teriam uma pior vivência de dor. O indivíduo que relata uma experiência de dor deve sempre ser respeitado, não subestimando a dor relatada, pois, diversos fatores, inclusive, psicológicos e culturais, interferem nessa percepção. A dor pode apresentar efeitos adversos no bem-estar, seja ele social ou psicológico, o que pode influenciar diretamente no rendimento na prática de atividades físicas. Podemos dividir a dor em três tipos: DOR NOCICEPTIVA DOR NEUROPÁTICA DOR NOCIPLÁSTICA DOR NOCICEPTIVA É o tipo de dor comumente sentida. Ela se desenvolve quando as fibras nervosas nociceptivas são estimuladas por um processo inflamatório, produtos químicos ou eventos físicos. Está relacionada com lesões de tecidos somáticos superficiais (pele, por exemplo) ou profundos (ossos, músculos e articulações) e dores viscerais. A dor nociceptiva, geralmente, desenvolve-se em resposta a uma situação específica, sendo uma resposta rápida ao evento lesivo. Tende a desaparecer à medida que a parte afetada do corpo regenera. Por exemplo, a dor devido a uma lesão da articulação do joelho melhora à medida que o processo cicatricial se desenvolve. DOR NEUROPÁTICA Relacionada à lesão do Sistema Nervoso Central ou Periférico, como as desenvolvidas em quem sofreu um traumatismo raquimedular (fratura da coluna vertebral, com lesão da medula espinal), ou por compressão de nervos, como a síndrome do Túnel do Carpo. DOR NOCIPLÁSTICA (sensibilização central): Certas formas de dor crônica são vistas como uma condição ou doença por si só, ou seja, dor primária e não uma consequência de algum tipo de lesão. NOCICEPTIVAS Neurônios sensitivos, que são estimulados quando ocorre algum evento tecidual que cause lesão ou que tenha o potencial de causar, conduzindo a informação do estímulo javascript:void(0) nocivo para o cérebro. São neurônios que conduzem estímulos dolorosos para o Sistema Nervoso Central. A ocorrência de dor sem a presença de lesão tecidual pode estar relacionada a traumas e adaptações do próprio Sistema Nervoso Central, podendo se relacionar com fibromialgia, disfunções temporomandibulares e dores crônicas, muitas vezes, desencadeadas sem causa específica. É verificada uma sensibilização central, uma hiperatividade, tanto da medula quanto de áreas supramedulares (encéfalo). Percebemos que o modelo biomédico cartesiano não basta para a compreensão da dor. Além disso, não está relacionada somente com lesões ou potenciais riscos, devendo incluir nesta abordagem as disfunções psicológicas e do sistema de movimento. Dor e mobilidade restrita são características de uma série de condições musculoesqueléticas. Sea dor for persistente em longo prazo, pode gerar deformidade articular, principalmente, quando o diagnóstico e o tratamento precoces não estão disponíveis. CARTESIANO Segundo o pensamento cartesiano, só se pode dizer que existe aquilo que possa ser provado. Quando sentimos dor, seja por uma lesão instalada ou não, ocorre uma cascata de eventos posteriores, como: Dor Postura antálgica javascript:void(0) javascript:void(0) POSTURA ANTÁLGICA Postura característica do corpo ou de um segmento corporal quando sentimos dor. Imobilização ativa do segmento IMOBILIZAÇÃO ATIVA DO SEGMENTO Quando paramos de movimentar determinado segmento corporal porque sentimos dor. Redução da amplitude de movimento Consequente perda de força Redução da qualidade biológica dos tecidos corporais javascript:void(0) Favorecimento de novas lesões e/ou mais dor. As condições musculoesqueléticas compartilham alguns fatores de risco semelhantes a outras doenças não transmissíveis, como atividade física inadequada, obesidade, tabagismo e má- nutrição. Embora o manejo de algumas condições musculoesqueléticas possa exigir cuidado especializado e/ou cirúrgico, muitas disfunções podem ser tratadas na atenção primária por meio de uma combinação de intervenções não farmacológicas, como: exercícios, controle de peso, terapias psicológicas e farmacológicas. Imagem: Shutterstock.com Exercício físico A prática de exercício físico é uma das melhores medidas para a manutenção da saúde dos diversos sistemas corporais, inclusive, na prevenção de lesões do sistema musculoesquelético e ligamentar. Os comprometimentos musculoesqueléticos são responsáveis pelo maior percentual da produtividade perdida no local de trabalho, impactando significativamente a capacidade funcional. Além disso, é importante destacar que as lesões causam primariamente alterações teciduais e secundariamente podem trazer restrições e limitações ao movimento. As lesões musculoesqueléticas são causadas por traumas de causas externas ou internas que podem acometer articulações, músculos e ossos. Podem ser leve, moderada ou grave. Com o objetivo de estimar o tempo de tratamento e para determinar qual o prognóstico da lesão, existem diversas formas de classificações, veja abaixo: LESÕES MACROTRAUMÁTICAS E MICROTRAUMÁTICAS Lesões macrotraumáticas Ocorrem devido a um acontecimento específico, onde uma força significativa é capaz de causar dano efetivo em uma estrutura, podendo originar entorses, fraturas ósseas, luxações e rupturas. Lesões microtraumáticas Estão relacionadas a eventos cumulativos, em que cada um, individualmente, não seria capaz de causar lesão pela sua magnitude, mas o acúmulo ao longo do tempo leva ao aparecimento de lesão quando essas forças ultrapassam limiares de duração e intensidade. O estresse repetido provocado por cargas de compressão (em atividades de impacto, por exemplo), forças de torção em movimentos de rotação e cargas de tração (como as geradas pelos tendões durante a contração muscular, ou de ligamentos durante movimentos de maiores amplitudes) podem explicar por que tantas lesões de overuse são diagnosticadas. As lesões podem ser também de contato ou acidentais, causadas por uma carga mecânica exercida em determinado momento e que ultrapassa a capacidade de resistência do tecido atingido e lesões de não contato ou overuse, ocasionadas pelo excesso de estresse repetido no tempo. LESÃO TRAUMÁTICA E ATRAUMÁTICA OVERUSE Termo empregado para se referir ao excesso de repetições de um determinado movimento que causa microtraumas teciduais. javascript:void(0) TRAUMÁTICA: Foto: Shutterstock.com ESTIRAMENTO Quando ocorre um alongamento excessivo das fibras de um músculo, geralmente, relacionado ao esforço excessivo para realizar determinado movimento ou atividade, podendo levar à ruptura das fibras musculares. É comum o estiramento (ventre muscular) ser confundido com a distensão muscular (próximo ao tendão), mas o local onde a lesão ocorre é o que determina a lesão. Foto: Shutterstock.com HÉRNIA MUSCULAR Ruptura da fáscia superficial muscular, comum em membros inferiores (principalmente, o músculo tibial anterior), de fácil recuperação, sendo o tratamento mais indicado o repouso, mas, em casos mais graves, pode haver indicação cirúrgica. Foto: Vlad1988 / Shutterstock.com CONTUSÃO MUSCULAR Ocorre com mais frequência em esportes de contato, como lutas e futebol, através de trauma direto, podendo ser leve ou grave, de acordo com o nível de mobilidade perdida. Diferentemente do estiramento, na contusão, existe um trauma mecânico direto sobre o corpo. ATRAUMÁTICA: Foto: Shutterstock.com DOR MUSCULAR TARDIA Ocorre com atletas recreativos, sujeitos treinados e destreinados, ou quando são feitas mudanças no treinamento. A dor muscular tardia tem seu pico de intensidade de 24 a 48 horas e está relacionada às microlesões musculares e ao processo inflamatório decorrente desse dano. Após o repouso, a tendência é que haja a recuperação muscular total e espontânea. Foto: Shutterstock.com CÂIMBRA Pode ser definida como contração vigorosa e involuntária de um ou mais grupamentos musculares, podendo ser bastante dolorosa, ocorrendo em situações diversas e com causas variadas. Existem diversos tipos de câimbras, como: sem causa aparente (noturna em idosos e relacionada ao exercício), alteração do neurônio motor (neuropatias), alteração metabólica (gravidez, cirrose), diminuição aguda de volume extracelular (transpiração, diarreia, uso de diuréticos), medicamentosa e hereditária. É possível que se faça também uma estratificação das lesões a partir de sua gravidade, que considera os dias de ausência de treino ou de competição (F-MARK Football Medicine Manual – competições de elite). Mínima (1 a 3 dias) Leve (4 a 7 dias) Moderada (8 a 28 dias) Grave (> 28 dias) Durante décadas, as lesões musculares têm sido classificadas com base em consultas clínicas, ou seja, mediante informações subjetivas do atleta e através do exame físico. Depois, surgiram as classificações com base nos exames de imagem, como a ressonância magnética, que podem, de forma objetiva, quantificar a lesão. No entanto, como os protocolos de atuação não seguem o mesmo parâmetro, há dificuldade para a investigação da lesão. Nos últimos anos, destacaram-se algumas propostas, como a de Munique ou a do Sistema Britânico, mas ambas apresentam terminologia que dificulta sua universalização. Recentemente elaborado por parte da equipe médica do Futebol Clube de Barcelona, juntamente com o Duke Sports Science Institute (EUA) e com o hospital de Aspetar do Qatar, foi publicado um artigo que estabelece uma nova classificação baseada em quatro pontos. Essa classificação tem o objetivo de facilitar a comunicação entre os profissionais responsáveis e, consequentemente, auxiliar no processo de tratamento e de reabilitação. Para estabelecer a nova classificação, foi criado um protocolo através do qual os dados científicos foram revistos, especialmente, em relação aos músculos isquiotibiais e reto femoral, em busca de um consenso entre os três centros médicos. MUNIQUE Protocolo de avaliação criado em 2012 que introduziu um conceito de lesão funcional, que se caracteriza por ser uma lesão sem alteração do padrão anatômico tecidual, mas que gera deficit no padrão motor com desconforto ou dor. Diferentemente, as lesões estruturais apresentam correlação das evidências macroscópicas com as queixas apresentadas. SISTEMA BRITÂNICO javascript:void(0) javascript:void(0) Protocolo que classifica as lesões de 0 a 4 com base nas características de ressonância magnética. A classificação é baseada em quatro critérios, formando o acrônimo MLG-R, que se refere ao: MECANISMO DA LESÃO Por contusão (trauma direto) ou estiramento (trauma indireto). Geralmente, as lesões por trauma direto tendem a ter um melhor prognóstico. LOCALIZAÇÃO Pode estar localizada nas extremidadesproximais ou distais do músculo, ou no terço médio. Quanto mais próxima do tendão for a lesão, mais grave será o prognóstico. GRAU DA LESÃO Numerado de 0 a 3, de acordo com a quantidade de edema e/ou lesão de fibras musculares, quantificado através da ressonância magnética. RELESÃO Quanto maior for o número de lesões na mesma região, pior será o prognóstico. Percebemos que novos protocolos de classificação para lesões musculoesqueléticas continuam surgindo e que, provavelmente, outros surgirão, sempre com foco em uma avaliação eficaz e útil para melhorar a precisão do prognóstico, permitir o ajuste do tratamento e reduzir o risco de recidivas. ASSOCIAÇÃO DE LESÕES COM O CONTROLE DE CARGA INTERNA E EXTERNA javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) A carga de treinamento pode ser dividida em carga externa e interna. Quando é prescrito algum treinamento físico, é necessário pensar nas variáveis, por exemplo: em um treino aeróbico, é necessário determinar a frequência semanal, o volume, o método de treinamento e a intensidade. Ao pensarmos na musculação, precisamos determinar o número de exercícios, o número de séries, de repetições, a intensidade e o intervalo. Essas variáveis dizem respeito à carga externa de treinamento ou o treinamento prescrito. CARGA EXTERNA Está relacionada à manipulação das principais variáveis do treinamento de forma a promover o processo de adaptação ao treinamento. Proporciona um estresse fisiológico no organismo, caracterizando o que denominamos de carga interna, gerada em função da forma que foi organizada a carga externa de treinamento. CARGA INTERNA Está relacionada à resposta expressa na frequência cardíaca durante o exercício, ao consumo de oxigênio, à percepção subjetiva de esforço em relação ao treino, às calorias gastas, entre outras. Ou seja, a carga interna de treinamento é o impacto fisiológico sofrido pela manipulação das variáveis do treinamento, ou seja, pela carga externa. Devemos considerar também fatores internos, como sexo, idade, condicionamento físico e fatores genéticos. Esses fatores irão interferir na escolha da carga externa imposta, bem como na resposta fisiológica do praticante (carga interna). Concluímos, portanto, que os fatores internos influenciarão diretamente nos resultados obtidos com o treinamento. COMO PODEMOS FAZER A PRESCRIÇÃO IDEAL DE FORMA A MINIMIZAR O RISCO DE LESÕES? Podemos pensar primeiramente na individualidade biológica e que esse fator somente pode ser conhecido através de uma avaliação morfofuncional, antes da tomada de decisão de como será executada a atividade. A avaliação morfofuncional permite ter o conhecimento da real necessidade do beneficiário, nos permitindo ter a ideia da aptidão física, fazendo uma análise das necessidades, indicações, condições que requerem cuidados, e as contraindicações. Devemos lembrar que o aluno procura o profissional de Educação Física em busca de resultados, objetivando hipertrofia, emagrecimento, estilo de vida mais saudável, melhores indicadores de saúde, entre outros, e que a ocorrência de lesões será um fator impeditivo para o alcance dos objetivos. EXEMPLO As lesões ortopédicas no futebol surgem por um somatório de fatores pessoais: idade, lesões prévias, instabilidade articular, preparação física e habilidades. Além de fatores externos: sobrecarga de exercícios, número excessivo de jogos, qualidade dos campos, faltas e jogadas violentas. Logo, é necessário esse conhecimento, a fim de minimizar a incidência de lesões nesse grupo através da realização de protocolos específicos para cada atleta, de acordo com suas características. LESÕES EM CADEIA CINÉTICA ABERTA E FECHADA A cadeia cinética é um conceito da Engenharia usado para descrever o movimento humano introduzido por Franz Reuleaux (1829- 1905), um engenheiro mecânico que, em 1875, trouxe uma abordagem do corpo como um sistema de segmentos rígidos conectados por meio de articulações. Com isso, confirmou que o movimento de uma articulação afeta ou produz movimento em outra articulação de forma encadeada. Foto: Gdr/Wikimedia Commons/Domínio Público. Franz Reuleaux (1829 - 1905) Em 1955, o Dr. Arthur Steindler (1878 – 1964) adaptou a teoria de Reuleaux e incluiu na análise dos movimentos, padrões de atividade relacionados ao esporte e exercício. Dessa forma, definiu a cadeia cinética como a combinação de várias articulações dispostas sucessivamente, podendo ser aberta ou fechada, considerando as extremidades dos segmentos corporais. Imagem: Shutterstock.com Movimento de flexão da articulação do cotovelo com halter. CADEIA CINÉTICA ABERTA(CCA) A extremidade distal do segmento está livre durante o movimento. O segmento distal não fica apoiado na superfície. Controle do exercício pela estabilidade do segmento estacionário. Permite uma ativação muscular mais isolada. Ex.: Flexão da articulação do cotovelo com halter ou o ato de chutar uma bola. Imagem: Shutterstock.com Flexão de braço no solo. CADEIA CINÉTICA FECHADA (CCF) A extremidade distal do segmento está fixa em uma superfície durante o movimento. Ocorre movimento simultâneo em diversas articulações. Aumento da congruência articular e, portanto, maior estabilidade. Ex.: Exercício de flexão de braço no solo, agachamentos, utilização dos braços para se levantar de uma cadeira. Os exercícios em CCF têm recebido considerável atenção como técnica de reabilitação eficiente e que reproduz as atividades da vida diária (AVDs), particularmente, na reabilitação dos membros inferiores. A CCA e a CCF oferecem vantagens e desvantagens no processo de treinamento, logo, a escolha em se usar uma ou outra vai depender do objetivo. Em relação à CCF, temos como principais características: Forças compressivas articulares aumentadas (pelo somatório da força da gravidade com a força de reação do solo, ou superfície). Aumento da congruência articular, portanto, maior estabilidade. A CCF é extremamente funcional, pois reproduz as AVDs (sentar-se, andar, subir e descer escada), estando estas atividades relacionadas ao suporte de peso, como ocorre nos exercícios em CCF. Tais exercícios ajudam a reforçar a sincronização dos padrões de ativação para agonistas e antagonistas, necessários durante estabilização e deambulação. Nos exercícios em CCA, ocorre maior força de cisalhamento, maiores acelerações e desacelerações e menores forças de compressão, devemos, portanto, na escolha do exercício, considerar esses fatores. Imagem: Raphael Amado Oliveira Força de Cisalhamento Quando há uma força de cisalhamento, os músculos são acionados para manter a integridade articular, juntamente com a cápsula articular e ligamentos, evitando a ruptura das estruturas componentes. Devemos entender essa força como uma resposta fisiológica, porém, quando o movimento extrapola a sobrecarga ou não é executado de forma adequada, a força pode ser lesiva para a saúde articular. Imagem: Shutterstock.com adaptada por Raphael Amado Oliveira Exemplo de força de cisalhamento durante o exercício agachamento COCONTRAÇÃO Podemos exemplificar na descida do agachamento os adutores e abdutores do quadril contraindo simultaneamente, permitindo que o movimento do fêmur esteja alinhado no plano sagital, proporcionado estabilidade. Porém, se existir um desequilíbrio muscular, ocorre o favorecimento para o aparecimento de lesões, devendo haver cuidado nos movimentos em CCF por maior solicitação de cocontração em sua execução. Podemos citar um aluno que apresente joelho varo ou joelho valgo, que por si só gera um desequilíbrio muscular, devendo haver cuidado redobrado durante o exercício de agachamento. Imagem: Shutterstock.com Quadro comparativo entre CCA e CCF. CCA Diminuição das forças compressivas. Aumento das forças de cisalhamento. Maiores acelerações e desacelerações. Possibilita o isolamento dos movimentos. Na maioria das vezes, o movimento ocorre em uma articulação. CCF Maiores forças compressivas. Menores forças de cisalhamento. Menores acelerações e desacelerações. Maior ativação proprioceptiva. Reprodução de movimentos funcionais. Os exercícios em CCF são inseridos nos trabalhos de reabilitação por serem mais funcionais do que em CCA, pela descarga de peso e por reaplicar tarefas funcionais, principalmente, em membros inferiores. Já as atividades em CCA são mais indicadas para aumentar força ou amplitude de movimento. ATENÇÃO É importante ressaltar que a grande maioria das atividades funcionais envolve uma combinação das cadeias, inclusive, cadeias mistas. Por exemplo, ao subir uma escada, o pé que está em contato com o degrau realiza o movimento em CCF, enquanto o outro membro que é elevado acima para o próximo degrau está em CCA. Dessa forma, as AVDs são mais bem compreendidas como parte de atos contínuos entre ações de CCA e CCF, que se alternam e complementam para gerar o movimento funcional. LESÕES POR REPETIÇÃO - LER/DORT Na década de 80, trabalhadores submetidos a intensas jornadas de trabalho, muitas vezes, com baixa remuneração, ergonomia inapropriada, sob pressão e em trabalhos monótonos, incidiram no que foi conhecido como “Epidemia de LER/DORT”. Estudos evidenciaram a relação desses distúrbios com fatores sociais, familiares, econômicos, associados ao estresse ou à insatisfação no trabalho, inclusive, em casos de lombalgia. O modelo biopsicossocial passou a ser adotado no lugar do modelo biomédico. Para melhor compreender essas lesões, é necessário entender o indivíduo no seu contexto familiar, isto é, ambiente em que vive e todos os facilitadores e barreiras que fazem parte do seu cotidiano, os quais podem de alguma forma contribuir para a lesão instalada e para as dores crônicas. Fatores mecânicos, como repetição, trabalhos que exigem força e manutenção de postura continuam presentes na análise das lesões, mas tiveram sua importância reduzida frente a outros fatores, tais quais: insatisfação no trabalho, depressão, ansiedade e problemas pessoais. javascript:void(0) javascript:void(0) LER É a sigla para “Lesões por Esforços Repetitivos” e representa um grupo de afecções do sistema musculoesquelético. DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, sigla que tem sido adotada pelo INSS desde 1998. VOCÊ SABIA Existem estudos que demonstram que grande parte das lesões enquadradas como LER/DORT pode ter relação com a depressão ou ansiedade, como a fibromialgia e a síndrome miofascial, contabilizando em torno de 60% a 70% de diagnósticos equivocados e incluídos como LER/DORT. As doenças ocupacionais se manifestam na forma de dor, dormência, parestesia (formigamento), sensação de pontadas, redução da força, sensação de cansaço nos membros, edemas, dificuldade de movimentação e desconforto. Porém, uma adequada avaliação é necessária, uma vez que esses sintomas podem ser decorrentes de diversas condições não relacionadas às sobrecargas biomecânicas no trabalho. Distúrbios reumatológicos, imunológicos, hormonais, metabólicos, neurológicos ou infecciosos podem ser responsáveis por sintomas similares a LER/DORT. POR QUE A SIGLA DORT? DORT - “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho” foi introduzida para substituir a sigla LER “Lesões por Esforços Repetitivos”, por duas razões. 1º: A maioria dos trabalhadores que apresentavam sintomas relacionados ao sistema musculoesquelético não apresentava evidência de lesão em qualquer estrutura. 2º: Além do esforço repetitivo (dinâmico), outras sobrecargas no trabalho podem ser nocivas através da contração muscular por tempo prolongado (estático), como: uso de aparelhos que transmitam vibração excessiva, trabalhos com posturas inadequadas e prolongamento de manutenção de uma mesma postura. Devemos observar que a terminologia LER pode ser adotada para qualquer pessoa que desenvolva distúrbios musculoesqueléticos por repetição de movimentos, como um atleta ou um aluno na academia, ou seja, qualquer atividade repetitiva que sobrecarregue este sistema, não precisando necessariamente estar relacionada ao trabalho. Percebemos, portanto, que, para uma avaliação e prevenção adequada dos distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho LER/DORT, devemos considerar: Avaliação biomédica - local onde é apresentado o sintoma – (ex.: epicondilite lateral do cotovelo). Fatores psicológicos e sociais (avaliação biopsicossocial). Identificar qual o tipo de dor apresentada: nociceptiva (processo inflamatório local), neuropática (relacionada a algum acometimento do sistema nervoso) ou nociplástica (envolvendo alterações cerebrais da percepção da dor). Por isso, neste contexto, é de suma importância um trabalho multidisciplinar (médico, fisioterapeuta, psicólogo, profissional de Educação Física etc.). javascript:void(0) javascript:void(0) EPICONDILITE LATERAL Processo inflamatório que envolve os tendões dos músculos extensores da articulação do punho e dos dedos AVALIAÇÃO BIOPSICOSSOCIAL Para esse modelo, existe a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) sendo um instrumento de avaliação amplamente utilizado, inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS), podendo ser usado por diversos profissionais das mais diversas áreas, como: pedagogos, fisioterapeutas, professores de Educação Física, médicos, entre outros. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Podemos atuar de forma positiva nesses casos? Sabemos que melhorar a ergonomia nos postos de trabalho pode reduzir os sintomas associados a distúrbios musculoesqueléticos. A ergonomia é uma abordagem que visa adequar as condições e exigências do local de trabalho ao trabalhador, ao invés de fazer com que o trabalhador se adapte a um ambiente, o que pode propiciar hábitos ruins e dor. Existem várias melhorias que podem ser sugeridas na estação de trabalho, podendo variar desde a reorganização dos itens na mesa até a utilização de cadeiras ergonomicamente projetadas. Imagem: Shutterstock.com As mesas de altura ajustáveis e em pé auxiliam na correta manutenção da postura. Ao sentar-se em uma cadeira enquanto trabalha no computador, os braços devem formar um ângulo de 90° na altura do cotovelo. As cadeiras com apoios de braço ajustáveis podem ser uma boa opção para evitar compressão nas articulações do cotovelo. Imagem: Shutterstock.com Demonstração da postura sentada errada e correta. Com o teclado posicionado à frente, as mãos e punhos devem estar em uma posição neutra. Imagem: Shutterstock.com Guia visual para ergonomia do mouse. Imagem: Shutterstock.com Para garantir que as pernas estejam no ângulo de 90°, o uso de um apoio para os pés pode ser benéfico para mantê-los retos se a cadeira não for ajustável. Imagem: Shutterstock.com Um encosto para apoio lombar pode ser benéfico na prevenção de dores nas costas. Assim que a cadeira e o teclado estiverem ajustados, devemos verificar o monitor, devendo a parte superior da tela estar no nível dos olhos. Isso minimizará a tensão no pescoço e garantirá que não seja necessária a inclinação da cabeça para cima ou para baixo por longos períodos. Se o monitor estiver muito baixo, uma solução pode ser apoiá-lo em um suporte, podendo colocar um ou dois livros sob sua base. Devemos orientar quanto à forma correta de levantar objetos pesados: flexão das articulações do quadril, joelho e tornozelo, com aproximação do objeto, utilizando a musculatura dos membros inferiores durante a subida. Imagem: Shutterstock.com Postura correta para elevar cargas do solo. Existem profissões que impõem naturalmente maior sobrecarga, principalmente se não forem feitos ajustes dos equipamentos e da postura. Imagem: Shutterstock.com Dentista é um exemplo de profissão que impõe posturas inadequadas. Recomenda-se o uso de cadeira ergonômica que se ajusta às mudanças posturais durante atendimento odontológico. Imagem: Shutterstock.com Postura imprópriapara uso de smartphones ou tablets. Posturas desenvolvidas nos postos de trabalho associados a hábitos posturais característicos nos últimos anos, como no uso de smartphones, geram aumento da sobrecarga na região cervical, podendo ser mais um fator causador de dores na coluna vertebral e ombro. Foto: Joa Souza / Shutterstock.com O profissional de Educação Física deve atuar como um promotor de saúde, realizando atividades voltadas para a prevenção de lesões através de orientações posturais no posto de trabalho e ginástica laboral, podendo ainda disponibilizar para empresas palestras e treinamentos. É importante ressaltar que, muitas vezes, o maior problema não é a postura em si, mas, sim, o tempo de manutenção das posturas. Por isso, é necessário enfatizar a importância da troca de posturas e a previsão de intervalos na jornada de trabalho. Com medidas simples de prevenção, reduzimos gastos em saúde pública, em licenças médicas e melhoramos a qualidade de vida, o que impacta positivamente na sociedade. DISTÚRBIOS ORTOPÉDICOS E LESÕES TRAUMÁTICAS Foto: Shutterstock.com Imobilização por lesão traumática. Os distúrbios ou as lesões ortopédicas podem acometer desde recém-nascidos, crianças, adultos até idosos, e se relacionam com envolvimentos de músculos, ossos e articulações. A principal forma de identificação dessas situações deve ser através do exame físico, complementado por exames de imagens, como raios X, ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassom. javascript:void(0) DISTÚRBIOS OU LESÕES ORTOPÉDICAS Por exemplo, pé torto congênito, torcicolo congênito e luxação congênita de quadril. Quando nos referimos a distúrbios ortopédicos, estamos falando de condições que se desenvolvem por manutenção de posturas inadequadas, sobrecargas repetitivas, alterações bioquímicas teciduais, como as doenças reumatológicas e outras condições clínicas que fragilizam o sistema musculoesquelético, ou seja, não possuem uma causa traumática imediata. Já as lesões traumáticas estão relacionadas a eventos mecânicos imediatos que ultrapassam a resistência tecidual, entrando no que denominamos de limiar plástico. Destacamos alguns fatores que podem levar às lesões musculoesqueléticas: Demandas excessivas em um físico despreparado → lesões de sobrecarga. A falta de individualização do tipo e nível de atividade praticada (desde atletas até praticantes de musculação, crossfit ou aulas em academias). Falta de repouso adequado entre as atividades (correlacionar com as lesões de repetição, por exemplo, quando não são feitas pausas durante a jornada de trabalho, ou ainda corredores, que, muitas vezes, não possuem uma rotina de treino com intervalos de descanso). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal FASE CRÔNICA DA COVID-19: DESAFIOS DIANTE DAS DISFUNÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS Segundo Silva e Sousa (2020), embora pouco seja conhecido sobre as consequências físicas da COVID-19, os pacientes que necessitam de ventilação mecânica na fase aguda da doença podem vivenciar diversos efeitos colaterais, desenvolvendo a chamada síndrome pós-cuidados intensivos, que acomete sobreviventes de todas as idades. Os efeitos secundários relacionados à imobilidade prolongada são: disfunção muscular, fadiga, dor e dispneia. Outra consequência muito comum nos pacientes graves consiste em fraqueza adquirida na UTI, relacionada à imobilidade, pelo uso de esteroides e bloqueadores neuromusculares. Podem ocorrer ainda sequelas físicas menos comuns, decorrentes da imobilidade prolongada, como: descondicionamento cardiorrespiratório, instabilidade postural, encurtamento muscular e consequente redução da mobilidade. Atendendo à demanda de cuidados necessários pós-pandemia da COVID-19, devemos ter em nossas fichas de avaliações os questionamentos: • Já teve COVID-19? • Em caso positivo, existe alguma sequela? De acordo com a resposta do aluno, o profissional de Educação Física fará as adaptações necessárias no seu treino e ainda terá uma base de dados que poderá futuramente auxiliar a traçar um perfil das possíveis sequelas musculoesqueléticas deixadas pelo vírus. ATENÇÃO Importante ressaltar que profissionais da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte estão alertando ex-pacientes da COVID-19 acerca de alguns cuidados antes de retornar a praticar atividades físicas. Isso porque têm sido demonstradas sequelas, principalmente, nos pulmões e no coração. Os especialistas têm se baseado em dados de estudos realizados na China, Estados Unidos e Itália, que apontam que a lesão cardíaca ocorre em 20% a 30% dos pacientes hospitalizados. Recomenda-se, portanto, que exames do coração sejam realizados para todos que praticam exercícios, pois os estudos apontam que, mesmo pacientes assintomáticos, podem apresentar lesões cardíacas. AS PRINCIPAIS LESÕES ÓSSEAS, ARTICULARES E MUSCULARES Lesões vão acontecer! Foto: Shutterstock.com Embora as lesões continuem acontecendo, seja entre atletas profissionais e amadores, praticantes de atividades físicas ou até mesmo em acidentes domésticos, trabalhos em equipe interdisciplinares têm somado esforços para prevenir a incidência de lesões e, quando instaladas, oferecer o tratamento mais adequado. AS TAXAS DE LESÕES DIMINUÍRAM NO FUTEBOL PROFISSIONAL MASCULINO: ISSO FOI DEMONSTRADO EM UM ESTUDO AO LONGO DE 18 ANOS DE QUASE 12.000 LESÕES SOFRIDAS DURANTE 1,8 MILHÕES DE HORAS DE JOGO. (EKSTRAND et al ., 2020) Ekstrand e outros colaboradores (2020) realizaram um estudo envolvendo 3.302 jogadores de 49 equipes de 19 países, acompanhados entre 2000 e 2019, detectando que ao longo de 18 anos: A incidência de lesões diminuiu em treinamentos e partidas. As taxas de novas lesões diminuíram. A disponibilidade do jogador para treinar e jogar aumentou. COMO OS PESQUISADORES EXPLICAM TAIS MUDANÇAS NAS TAXAS DE LESÕES? Em uma reunião no Porto 2013, foi solicitada a opinião dos diretores médicos sobre os fatores de risco mais importantes para as lesões, sendo listados quatro: O estilo de liderança do técnico principal A qualidade da comunicação interna A carga de trabalho imposta aos jogadores O bem-estar do jogador Segundo os autores, os resultados sugerem que as equipes aprimoraram sua comunicação, desenvolveram estratégias de prevenção de lesões e que o estilo de liderança do treinador influenciou positivamente no número de lesões. Portanto, a comunicação interna entre médicos, fisioterapeutas e treinadores, bem como o conhecimento do bem-estar dos jogadores, podem ser fatores de prevenção. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES A especialista Adriana de Souza Marinho Teixeira apresenta a definição e classificação das lesões. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ANO: 2018 BANCA: FCC ÓRGÃO: PREFEITURA DE MACAPÁ - AP PROVA: FCC - 2018 - PREFEITURA DE MACAPÁ - AP - ESPECIALISTA NA EDUCAÇÃO – FISIOTERAPEUTA) UMA CRIANÇA APRESENTA UM QUADRO DE DOR MUSCULAR LOCAL NO QUADRÍCEPS FEMORAL. ESSA DOR É: A) Resultado de tensão muscular, contratura fisiológica e espasmo muscular. B) Resultado de informações nociceptivas que tomaram um caminho errado na medula espinhal atingindo neurônios inapropriados no corno dorsal. C) Causada por estimulação dos nociceptores musculares. D) Influenciada por alterações nos nociceptores do sistema nervosos central. E) Acompanhada de alterações periostais, além de alterações nos neurônios do Sistema Nervoso Central. 2. (ANO: 2018 BANCA: AOCP ÓRGÃO: PREFEITURA DE BELÉM - PA PROVA: AOCP - 2018 - PREFEITURA DE BELÉM - PA – FISIOTERAPEUTA) SOBRE AS CADEIAS CINEMÁTICAS DE MOVIMENTO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. A) Cadeia cinemática fechada descreve uma situação em que o segmento distal da cadeia cinemática, como o pé, não está fixado ao chão ou a outro objeto imóvel. B) Cadeia cinemática aberta descreve uma situação em que o segmento distal da cadeia cinemática, como o pé, está fixado ao chão ou a outro objetoimóvel. C) Na cadeia cinemática aberta, o segmento distal, como o pé, está fixado ao chão e o proximal está livre para se mover. D) Na cadeia cinemática fechada, o segmento distal, como o pé, não está fixado ao chão ou a outro objeto imóvel. E) A realização de um agachamento, por exemplo, é referida na clínica como um movimento de cadeia cinemática fechada, pois os segmentos distais da cadeia cinemática, como os pés, estão fixados ao chão. GABARITO 1. (Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Macapá - AP Prova: FCC - 2018 - Prefeitura de Macapá - AP - Especialista na Educação – Fisioterapeuta) Uma criança apresenta um quadro de dor muscular local no quadríceps femoral. Essa dor é: A alternativa "C " está correta. Os nociceptores são estruturas do Sistema Nervoso Periférico especializados em capturar estímulos dolorosos ou que possam causar potencial lesão, transformando este estímulo em cargas elétricas. Essas cargas são conduzidas pelo neurônio aferente para o Sistema Nervoso Central, onde haverá a percepção (tomada de consciência) do estímulo doloroso. 2. (Ano: 2018 Banca: AOCP Órgão: Prefeitura de Belém - PA Prova: AOCP - 2018 - Prefeitura de Belém - PA – Fisioterapeuta) Sobre as cadeias cinemáticas de movimento, assinale a alternativa correta. A alternativa "E " está correta. A alternativa E está correta. Na cadeia cinemática aberta, a extremidade distal do segmento encontra-se livre, enquanto na cadeia cinemática fechada o segmento distal encontra-se fixo. O exercício agachamento constitui-se em um exercício onde os pés, a porção distal do membro inferior, permanece fixado no solo. MÓDULO 2 Reconhecer os principais tipos de lesões ósseas PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO TECIDO ÓSSEO O tecido ósseo é o principal constituinte dos ossos, que são órgãos que, juntamente com as articulações, formam o esqueleto. O tecido ósseo é um tecido conjuntivo formado de células e matriz extracelular, sendo o mais rígido dos tecidos conjuntivos, pois sua matriz extracelular está calcificada. Embora os ossos pareçam estruturas rígidas, ele é um tecido vivo, passando por processos de remodelagem durante toda a vida. O tecido ósseo é formado por três tipos celulares: osteoblastos, que são responsáveis pela produção da matriz óssea. Quando o osteoblasto é cercado pela matriz óssea, passa a ser denominado osteócito, que tem a função de manter e preservar o osso, representando 90% das células ósseas. Existem também os osteoclastos, que são células grandes, multinucleadas, podendo conter de 6 a 50 núcleos, sendo importantes para o crescimento dos ossos e para a cicatrização após uma fratura, tendo como principal função a absorção óssea. A matriz extracelular é formada por componente inorgânico e orgânico. A parte inorgânica da matriz óssea, também chamada de matriz mineral, que representa aproximadamente 65% da matriz, é composta principalmente por cálcio e fósforo. Os cristais de hidroxiapatita garantem a dureza do nosso osso. A matriz orgânica é formada, principalmente, por fibras colágenas, o que garante ao osso uma leve maleabilidade, sendo um fator primordial para a resistência óssea. Quando associamos a dureza com a maleabilidade, passamos a ter resistência, o que gera capacidade de adaptação, permitindo que o osso submetido a cargas não se rompa facilmente. Foto: Shuttestock.com Corrida é um exemplo de exercício que gera impacto para produção de massa óssea. Para a manutenção da massa óssea, é necessária a sobrecarga gerada através dos movimentos. As atividades que geram impacto, como marcha (caminhada), corrida, salto, exercícios de musculação, entre outros, estimulam a osteogênese e, consequentemente, a produção de massa óssea. As cargas geradas pelo movimento causam o efeito piezoelétrico, que é uma resposta biológica ao estímulo mecânico, gerando carga elétrica negativa em áreas de compressão no osso e carga elétrica positiva nas áreas de tração. ESTÍMULO MECÂNICO Gerado pela descarga de peso sobre os membros inferiores quando andamos ou corremos, por exemplo, ou através das contrações musculares, uma vez que os músculos apresentam fixação através dos seus tendões nos ossos. Essas respostas ósseas às cargas mecânicas justificam a utilização do aparelho dentário, dos coletes utilizados para alinhamento da coluna e das alterações estruturais das vértebras em uma hipercifose. javascript:void(0) Seja no aparelho utilizado para correção dos dentes ou em coletes para correção da coluna, ambos se apoiam no mesmo conhecimento do efeito piezoelétrico, ou seja, nos locais que são tracionados gera-se carga elétrica positiva, estimulando a produção de massa óssea. Por outro lado, nos locais induzidos à compressão, gera-se carga elétrica negativa, induzindo a reabsorção do tecido ósseo e a alteração da forma óssea. Imagem: Shutterstock.com Quando nos movimentamos, ocorre uma força de tração sobre a entese, estimulando consequentemente a produção de tecido ósseo. Esse é um dos fatores que justifica a importância da atividade física na manutenção da massa óssea. ENTESE É o ponto de fixação dos tecidos moles, como ligamentos e tendões no osso. TIPOS DE FRATURAS javascript:void(0) A fratura pode ser definida como uma perda de continuidade no tecido ósseo, ou a quebra estrutural da continuidade óssea, com grande incidência em idosos e mulheres pós- menopausa, podendo ser classificada de acordo com as suas causas: TRAUMÁTICA Relacionada a acidentes, traumas. PATOLÓGICA Causada por fragilidade óssea, como a osteoporose e tumores ósseos. Imagem: Shuttestock.com A osteoporose é uma doença osteometabólica que leva à redução da densidade óssea e atinge, principalmente, o osso trabecular (esponjoso), reduzindo a resistência mecânica, facilitando a fratura. Os exercícios, geralmente os de impacto, aumentam a atividade dos osteoblastos, contribuindo para o aumento da densidade mineral óssea. javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Fratura do colo femoral é uma fratura típica de mulheres idosas que apresentam osteoporose, estando relacionada, muitas vezes, com a queda da própria altura, conhecida como “fratura de quadril”. As fraturas também podem ser classificadas de acordo com a lesão envolvida: FRATURA SIMPLES Atinge somente o osso, não havendo comunicação com o meio externo, sendo, geralmente, tratada de forma não cirúrgica. FRATURA EXPOSTA Rompe a pele e apresenta maior risco de infecção, com exposição dos tecidos mais internos. FRATURA COMPLICADA Além dos ossos, atinge outros órgãos, como nervos, vascularização e músculos. FRATURA INCOMPLETA Não ocorreu a perda total da continuidade óssea. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Shuttestock.com Fratura exposta do fêmur. Classificação quanto ao traço das fraturas: Imagem: Shutterstock.com Fratura oblíqua da tíbia. FRATURA OBLÍQUA Gera uma linha oblíqua no osso, por trauma oblíquo à diáfise. Imagem: Shutterstock.com Fratura cominutiva da tíbia e fíbula. FRATURA COMINUTIVA Em vários fragmentos, ocorrendo, normalmente, por esmagamento, como em acidentes automobilísticos, necessitando que os fragmentos sejam removidos ou reposicionados por intervenção cirúrgica. Imagem: Shutterstock.com Fratura em espiral do fêmur. FRATURA EM ESPIRAL Provocada por uma torsão do osso, formando várias espículas ósseas, podendo causar lesão de partes moles, como nervos e vasos sanguíneos, podendo ser de difícil redução (aproximação). Imagem: Shutterstock.com Fratura transversal. FRATURA TRANSVERSAL Normalmente, são mais alinhadas. As classificações auxiliam no prognóstico, uma vez que existem fraturas mais fáceis de serem consolidadas e outras complexas. O objetivo no tratamento médico será a aproximação das partes ósseas que foram afastadas, denominada redução da fratura, juntamente com alinhamento, que é fundamental para a ocorrência do processo de cicatrização. Se a fraturaconsolidar de forma desalinhada pode trazer comprometimentos funcionais, principalmente, em ossos de membros inferiores, por gerar diferença no comprimento dos membros. Os ossos devem ser aproximados para o adequado processo cicatricial, que passa pelas seguintes etapas: Formação de hematoma ao redor da linha de fratura Formação de calo fibrocartilaginoso Formação de calo ósseo Remodelagem óssea com consequente consolidação da fratura Imagem: Shutterstock.com Tratamento cirúrgico para redução de fratura do colo femoral. É importante pontuar que, quando ocorre uma fratura, a dor é um sintoma sempre presente, embora o tecido ósseo não contenha receptores de dor, porém a fratura é dolorosa por diversos motivos: Solução de continuidade do periósteo, podendo atingir o endósteo. Edema e hematoma de tecidos moles próximos à fratura. Espasmos musculares involuntários na tentativa de manter os fragmentos ósseos no lugar. Os sintomas característicos da fratura são: incapacidade de movimentação ativa da região em que ocorreu a fratura, dor e edema, podendo apresentar deformidade. FRATURA POR ESTRESSE Imagem: Personalo/wikimedia commons/CC-BY-SA-3.0) Fratura por estresse do segundo metatarso. A fratura por estresse ocorre como resultado de movimentos repetitivos em determinada região, o que leva à fadiga e ao desequilíbrio entre osteoblastos e osteoclastos, favorecendo a ruptura óssea. Esse tipo de fratura pode ainda ocorrer por utilização inadequada do corpo, muitas vezes, causadas por alterações posturais, mesmo sem um número excessivo de ciclos funcionais (ASTUR et al ., 2016). Com o aumento no número de praticantes de esportes, especialmente de longa duração e alta intensidade, como maratonas e triátlons, esse tipo de lesão passou do ambiente militar para o esporte, tornando-se cada vez mais comum. As fraturas por estresse ocorrem com mais frequência em ossos dos membros inferiores devido à função de suporte de peso, como a tíbia, fíbula, metatarsos e navicular. Imagem: Shutterstock.com OSSOS DO PÉ Uma das fraturas mais comuns por estresse é a do osso navicular, que pode estar associada à pisada pronada. Imagem: Gustavocarra/wikimedia commons/CC-BY-SA-3.0) Já a fratura dos metatarsos, principalmente, o segundo e terceiro, têm sido associadas à pisada supinada, devido à necessidade constante de estabilização e dissipação de impacto. As pisadas irregulares (pronada e supinada) levam a uma sobrecarga maior no lado interno e externo do pé respectivamente, gerando a propensão para fraturas por estresse, principalmente, se associado a atividades como corridas, longas caminhadas ou saltos. Quando realizamos exercício físico sob determinada intensidade, ocorrem pequenas lesões, sendo fundamental o repouso pós-treino regenerativo, para que os tecidos se tornem mais fortes, permitindo que os ossos, músculos e ligamentos se adaptem cada vez mais. Esta sucessão de microlesões e regeneração são convertidas em desempenho, porém, se houver um desequilíbrio e a destruição for maior do que a regeneração, poderá ocorrer o surgimento de lesões. ATENÇÃO A fratura por estresse é, geralmente, associada a um aumento muito rápido de intensidade, volume ou alterações do tipo de treino, principalmente, que envolvam ciclos de cargas repetidos. O corpo humano apresenta uma organização anatomofisiológica que permite a distribuição de sobrecargas através das cartilagens, do osso esponjoso através das trabéculas, o arco plantar que amortece a descarga do peso corporal e as curvaturas da coluna. Embora exista toda essa organização estrutural, quando o treinamento se torna intenso para o indivíduo, além de sua capacidade de regeneração, seja por despreparo físico, cansaço excessivo, má-nutrição ou falta de repouso, o corpo perde eficiência, sobrecarregando a estrutura óssea. O quadro clínico pode se apresentar da seguinte forma: Repentino aumento na intensidade. Dor na região anterior da perna, no pé ou no quadril. Piora durante a prática esportiva ou ao final do treino. Melhora com o repouso. A dor se agrava e passa a gerar incapacidade para atividades diárias. É importante ressaltar que podemos entender a fratura por estresse como um sintoma e que, muitas vezes, a causa não está somente no tipo e na intensidade do treinamento, mas que pode haver condições hormonais, metabólicas, nutricionais ou até mesmo interações medicamentosas que podem interferir na resposta normal do osso ao estresse. FRATURA POR AVULSÃO A fratura por avulsão acomete, principalmente, adolescentes praticantes de esportes. Foto: Shutterstock.com É uma lesão em que o tendão ou músculo, ao invés de se romper, arranca um fragmento do osso no ponto onde essas estruturas estão fixadas. Na fratura por avulsão, o tendão ou ligamento arranca um pedaço do osso, sendo mais comum em crianças e adolescentes. Isso porque, nessa fase, o osso é o ponto mais frágil do conjunto músculo-tendão-osso. ATENÇÃO As crianças têm um ponto relativamente fraco no osso chamado de placa de crescimento; área do osso que está crescendo ativamente. Em crianças ou adolescentes, os tendões ou ligamentos próximos à placa de crescimento podem tracionar com força suficiente para causar a avulsão de um pedaço de osso. A lesão tende a ocorrer no ponto mais frágil, o que varia conforme a idade: adultos tendem a romper os tendões, adultos jovens tendem a apresentar lesões musculares e adolescentes, fraturas por avulsão. Durante o crescimento, principalmente, na adolescência, a placa epifisária encontra-se alargada e mais frágil, somada à prática esportiva aumentada nessa fase, o que facilita a incidência dessas fraturas. Entende-se que os ossos nos adultos são mais estáveis e não apresentam placas epifisárias, sendo mais resistentes às forças de tração causadas por ligamentos e músculos, o que torna mais comum a ruptura total ou parcial, ligamentar ou tendinosa. Imagem: Shutterstock.com Cartilagem epifisária, localizada entre a epífise e diáfise dos ossos longos, presente nos ossos que estão em crescimento. Isso não significa que não possa ocorrer essa de lesão em adultos, por exemplo: na entorse do tornozelo em inversão, a tração intensa do músculo fibular terceiro na tentativa de corrigir o movimento através de uma eversão, pode avulsionar a base do quinto metatarso. Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com O movimento de inversão do pé pode ser um mecanismo de fratura por avulsão da base do quinto metatarso, por tração do músculo fibular curto. A fratura por avulsão pode acometer praticamente qualquer osso, sendo que o tratamento depende do osso acometido, do afastamento entre os fragmentos, do tamanho do fragmento ósseo avulsionado e da idade, sendo as fraturas por avulsão mais comuns: OMBRO Tubérculo maior do úmero (Inserção do músculo supraespinhal) QUADRIL Espinha ilíaca anterossuperior (inserção do músculo sartório), espinha ilíaca anteroinferior (inserção do músculo reto femoral) e tuberosidade isquiática (inserção dos músculos semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral – cabeça longa) JOELHO Espinha tibial (fixação do ligamento cruzado anterior) e tuberosidade da tíbia (inserção do tendão patelar que fixa o músculo quadríceps) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) PÉ Região posterior do calcâneo (inserção do tendão do calcâneo que fixa o tríceps da perna) Imagem: Shutterstock.com Fratura por avulsão da tuberosidade da tíbia gerada pela tração do músculo quadríceps. javascript:void(0) PRINCIPAIS TIPOS DE LESÕES ÓSSEAS A especialista Adriana de Souza Marinho Teixeira apresenta uma revisão sobre tecido ósseo, tipos de fraturas e adaptação óssea VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ANO: 2016 BANCA: CESGRANRIO ÓRGÃO: UNIRIO PROVA: CESGRANRIO - 2016 - UNIRIO - FISIOTERAPEUTA - ADAPTADA) A FUNDAÇÃO NACIONAL DE OSTEOPOROSE DOS ESTADOS UNIDOS RECOMENDA EXERCÍCIOS COM APOIO DE PESO PARA PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE. O EFEITO DESSE TIPODE EXERCÍCIO É O(A) A) Estímulo à atividade osteoclástica e o aumento da densidade mineral óssea. B) Estímulo à atividade osteoblástica e a diminuição da densidade mineral óssea. C) Estímulo à atividade osteoclástica e a diminuição da densidade mineral óssea. D) Sobrecarga mecânica estimulando a atividade osteoblástica. E) Incapacidade de deformação óssea inibindo, assim, a ação osteoblástica. 2. (ANO: 2014 BANCA: PR-4 UFRJ ÓRGÃO: UFRJ PROVA: PR-4 UFRJ - 2014 - UFRJ – FISIOTERAPEUTA) UMA FRATURA GERALMENTE É DECORRENTE DE UM EVENTO TRAUMÁTICO AGUDO, PORÉM, A FRATURA POR ESTRESSE PODE SER CAUSADA POR MICROTRAUMAS. SOBRE ESTE TIPO DE FRATURA, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) Em ossos longos como a tíbia não ocorre este tipo de fratura. B) Acontece, pois a atividade osteoblástica não consegue acompanhar a osteoclástica. C) Para sua consolidação, a imobilização deve ser de longo prazo. D) Na fase de consolidação, não se deve realizar nenhuma reabilitação. E) Não se recomenda retornar à atividade que provocou a fratura devido a recidivas. GABARITO 1. (Ano: 2016 Banca: CESGRANRIO Órgão: UNIRIO Prova: CESGRANRIO - 2016 - UNIRIO - Fisioterapeuta - adaptada) A Fundação Nacional de Osteoporose dos Estados Unidos recomenda exercícios com apoio de peso para prevenção da osteoporose. O efeito desse tipo de exercício é o(a) A alternativa "D " está correta. Exercícios realizados sob a influência da gravidade ou de alguma sobrecarga externa geram no tecido ósseo uma maior sobrecarga mecânica, por isso, as atividades de impacto são as que mais estimulam a osteogênese e, assim, reduzem a perda de massa óssea 2. (Ano: 2014 Banca: PR-4 UFRJ Órgão: UFRJ Prova: PR-4 UFRJ - 2014 - UFRJ – Fisioterapeuta) Uma fratura geralmente é decorrente de um evento traumático agudo, porém, a fratura por estresse pode ser causada por microtraumas. Sobre este tipo de fratura, é correto afirmar que: A alternativa "B " está correta. A fratura por estresse ocorre, principalmente, em ossos dos membros inferiores, devido à grande sobrecarga, muitas vezes, provocada pelo alto impacto dos exercícios e pequenos períodos de recuperação, que reduzem a atividade dos osteoblastos. MÓDULO 3 Reconhecer os principais tipos de lesões articulares TIPOS DE ARTICULAÇÕES Articulação é a união entre dois ou mais ossos e pode ser dividida em três grandes grupos: FIBROSAS (SINARTROSE) CARTILAGINOSAS (ANFIARTROSE) SINOVIAIS (DIARTROSE) FIBROSAS (SINARTROSE) Articulações que possuem a proposta de estabilização, chamadas de imóveis. Ex.: suturas entre os ossos da cabeça e sindesmose tibiofibular distal. CARTILAGINOSAS (ANFIARTROSE) Articulações que apresentam a proposta de estabilidade, porém permitem pequenos graus de movimento. Ex.: articulação entre os corpos das vértebras e a articulação entre as costelas e o esterno (semimóveis). SINOVIAIS (DIARTROSE) Articulações projetadas para a realização de movimentos, podendo ocorrer somente deslizamento até a realização do maior número de movimentos possíveis, nos três planos anatômicos. Ex.: Entre as faces articulares das vértebras (deslizamentos) e articulações do ombro e quadril (três planos de movimento). As articulações sinoviais apresentam componentes obrigatórios e acessórios. Os obrigatórios representam as estruturas que todas as articulações sinoviais possuem, como: Cápsula articular Líquido sinovial Cartilagem articular Os componentes acessórios não estão presentes em todas as articulações, como os discos, meniscos e bursas (bolsa sinovial). MENISCOS E DISCOS Meniscos na articulação do joelho e disco articular localizado na articulação esternoclavicular. BURSAS Evita o atrito do tendão em uma proeminência óssea. Ex: bursa subacromial e bursa do tendão do calcâneo PRINCIPAIS LESÕES RELACIONADAS ÀS ESTRUTURAS ARTICULARES As articulações possuem diferentes características morfofuncionais. As lesões articulares possuem relação com essas características. Os principais tipos de lesões articulares serão descritos a seguir. javascript:void(0) javascript:void(0) ENTORSE Lesão traumática de uma articulação causada por um movimento abrupto que ultrapassa os limites fisiológicos da mobilidade articular. Pode ocorrer uma lesão parcial ou completa dos ligamentos, podendo atingir a cápsula articular. As entorses no tornozelo, joelho e dedos da mão apresentam maior incidência, principalmente, em esportes de contato, seja durante o deslocamento, no contato físico ou com a bola. A presença de uma entorse prévia e o controle neuromuscular deficiente são considerados fatores de risco. A entorse mais comum é a do tornozelo, que ocorre, frequentemente, através de um traumatismo indireto em inversão, comprometendo o ligamento colateral fibular (talofibular anterior, talofibular posterior e calcaneofibular), podendo atingir um ou os três ligamentos, em traumas de maior gravidade, apresentando dor, edema e hematoma. Foto: Shutterstock.com Edema e hematoma em entorse da região lateral no tornozelo. O mecanismo de entorse lateral de tornozelo é relatado quando há supinação excessiva do retropé no início do contato do pé com o solo durante a marcha, corrida ou salto. Imagem: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com Mecanismo típico de entorse do tornozelo (inversão) As lesões estáveis são tratadas conservadoramente, com imobilizações passivas, a fim de minimizar os inconvenientes da atrofia pelo desuso. Indica-se, portanto, um dispositivo especial javascript:void(0) javascript:void(0) de imobilização que bloqueie o movimento de inversão por um período máximo de três semanas. As entorses instáveis, ou seja, as mais graves, podem ser tratadas cirurgicamente ou com imobilizações mais rígidas, por aproximadamente seis semanas. Na fase inicial, o tratamento fisioterapêutico indicado é a de alívio de sintomas, como dor e edema, evitando-se movimentos de inversão, porque esta prática favorece a instabilidade do tornozelo. IMOBILIZAÇÕES PASSIVAS Enfaixamento, talas ou imobilizadores. Imagem: Shutterstock.com Exercício de propriocepção que deve ser aplicado na prevenção e no tratamento. Com a evolução do tratamento e da reabilitação, é importante o trabalho sensório-motor, com estímulos proprioceptivos e fortalecimento da musculatura lateral (fibulares) e anterior (flexores dorsais do tornozelo), para evitar entorses de repetição. Os exercícios realizados em superfícies instáveis, como na prancha proprioceptiva, estimulam receptores articulares, musculares e da pele. A propriocepção tem um papel fundamental na estabilidade articular dinâmica. Após lesões ortopédicas, algumas características sensório-motoras e a percepção do movimento são alteradas e devem ser prescritas em programas de reabilitação, de forma que haja retorno às atividades realizadas anteriormente à lesão. Os exercícios proprioceptivos têm como objetivo uma resposta muscular antecipatória e reativa, restabelecendo a estabilidade articular dinâmica, gerando um controle neuromuscular mais adequado e, principalmente, prevenindo a reincidência de novas lesões. LUXAÇÕES Luxação é a perda do contato entre as superfícies articulares, podendo ser de natureza traumática, congênita ou patológica. LUXAÇÃO TRAUMÁTICA A articulação escapuloumeral (ombro), por apresentar maior amplitude de movimento, é a mais instável, ocorrendo aproximadamente 50% de todas as luxações. Ela pode, ainda, ocorrer isoladamente ou estar associada à fratura (fratura luxação). LUXAÇÃO CONGÊNITA Quando ocorre má-formação, como, por exemplo, a luxação congênita do quadril. LUXAÇÃO PATOLÓGICA Quando a causa da luxação é uma doença preexistente, como processos tumorais. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Luxação da articulação do ombro. Os sintomas apresentados são: dor, limitação dos movimentos, deformidade e incapacidade funcional. Imagem: Shutterstock.com Sinal de dragona (ombreira) e “vazio” no deltoide, deformidade característicada luxação de ombro. O tratamento deve ser a redução (aproximação das superfícies articulares) o mais rápido possível, através de manobras médicas específicas. Em alguns casos, pode ser indicada a redução cirúrgica. É recomendado o fortalecimento dos músculos do manguito rotador e do músculo bíceps braquial, por serem estabilizadores da articulação do ombro, funcionando como “ligamentos ativos”, aproximando a cabeça do úmero da cavidade glenóide. Foto: Shutterstock.com Exercício de fortalecimento com faixa elástica. É recomendada a utilização de bandas elásticas para estimular a propriocepção e os exercícios em cadeia cinemática aberta e fechada, reproduzindo AVD’s. Foto: Shutterstock.com Mobilização da cintura escapular. O fortalecimento dos músculos da cintura escapular e seu correto posicionamento são fundamentais para a manutenção fisiológica do ritmo escapuloumeral. DERRAME ARTICULAR É um processo inflamatório resultante da reação da membrana sinovial a uma lesão traumática. Ocorre um aumento de produção do líquido sinovial pela membrana sinovial como um sistema de defesa, porém esse líquido não possui a mesma qualidade de quando produzido em situações normais, resultando em má-nutrição da cartilagem articular. Foto: Shutterstock.com Sinovite é comum no joelho. A característica clínica mais evidente da sinovite é o derrame articular (aumento de volume do líquido sinovial no espaço articular), ocorrendo geralmente entre seis e doze horas após o trauma. O derrame articular gera edema, dor com restrição dos movimentos e pode estar associado a outras patologias, como artrose, luxações traumáticas e outras lesões articulares. O tratamento consiste em repouso, elevação do membro, eventual punção articular, enfaixamento, gelo, medicamentos e fisioterapia de ação analgésica e anti-inflamatória. Lembrando que devemos buscar regredir o mais rápido possível o acúmulo de líquido intra- articular, minimizando os efeitos deletérios causados para a articulação. Os derrames articulares que não apresentam relação com traumas agudos (luxações e contusões) devem ser puncionados e passar por exame laboratorial para identificar a causa da produção excessiva de líquido na articulação. CISTOS ARTICULARES Foto: Shutterstock.com Cisto sinovial localizado na mão. O cisto sinovial é uma lesão benigna, que pode se desenvolver em qualquer articulação sinovial ou em tendões, sendo mais comum na região dorsal do punho. Caracteriza-se pelo aumento de volume local, gerando também comprometimento estético. Os cistos não são aderidos à pele, quando provêm da articulação, são fixos; quando tendinosos, acompanham o movimento. Apresentam consistência, aumentando seu tamanho com movimentos repetitivos e reduzindo com o repouso, podendo estar relacionado com LER ou DORT. O tratamento, habitualmente, não é cirúrgico, porém, pode haver a indicação de intervenção cirúrgica seguida de imobilização por aproximadamente três semanas para recuperação, quando houver dor associada à movimentação e/ou comprometimento estético. CISTO DE BAKER Foto: Shutterstock.com É um tipo de cisto sinovial, localizado na região posterior do joelho na área poplítea, sendo também chamado de cisto poplíteo, caracterizado pelo acúmulo de líquido em uma pequena bolsa que se apresenta como um nódulo abaixo da pele. A produção excessiva de líquido sinovial ocorre por condições inflamatórias na articulação do joelho, lesão meniscal, artrite e processos degenerativos que causam edema no joelho. Esse líquido tende a ser comprimido e empurrado para se acomodar na região posterior, formando uma herniação na região poplítea. Um dos principais sintomas ocasionados pelo Cisto de Baker é o desconforto na região posterior de joelho, dor ao estender o joelho, edema na região poplítea e a percepção à palpação. Em muitos casos, não exige tratamento específico, podendo desaparecer por conta própria. Porém, quando o quadro clínico envolve queixas importantes de dor e limitação funcional, o tratamento médico e fisioterapêutico são necessários. ATENÇÃO Importante lembrar que o Cisto de Baker é um sintoma de alguma alteração local, sendo de fundamental importância identificar o fator causal, ou seja, se existe alguma doença ou lesão que gerou esse acúmulo de líquido. Imagem: Shutterstock.com LESÕES CARTILAGINOSAS Caracterizadas por degeneração da cartilagem articular, com alteração do osso subjacente e na margem da articulação, sendo denominada de artrose, osteoartrose ou artrite. Classificam-se em: PRIMÁRIA Relacionada com o processo de envelhecimento, uso excessivo da articulação ou ambos. SECUNDÁRIA Em decorrência de alguma patologia preexistente, que, ao acometer a articulação ou o seu redor, predispõe a degeneração articular, como doenças reumatológicas e fraturas. A cartilagem que, normalmente, é brilhante e levemente azulada pela vascularização subcondral perde a vitalidade, torna-se áspera, perde espessura, fragmenta-se e, em alguns pontos onde existe maior pressão, expõe o osso situado imediatamente abaixo da cartilagem. Com a exposição do osso e a redução de espessura da cartilagem articular, ocorre um aumento de sobrecarga sobre a articulação, gerando um estímulo mecânico sobre os osteócitos, com aumento da vascularização local. Como os osteócitos guardam a capacidade de reprodução, mas não a de remodelagem, ocorre o crescimento ósseo exagerado e desorganizado, surgindo o osteófito, que se caracteriza como um achado radiológico confirmador da degeneração da cartilagem articular. Imagem: Shutterstock.com Processo de degeneração da articulação do quadril, que evoluiu para uma artroplastia (substituição das superfícies articulares). Os sintomas causados pela artrose são: dor, redução de mobilidade, deformidades por alterações ósseas e edemas. Foto: Shutterstock.com Deformidade causada por artrose na articulação do joelho. ATENÇÃO A artrose pode se apresentar, principalmente, nas mãos e pés, coluna vertebral, quadril, joelho e ombro, tendo como fatores predisponentes o sobrepeso, alterações anatômicas (joelho varo e valgo), overuse e movimentos repetitivos. O tratamento deve atuar na correção dos fatores predisponentes, como a redução do peso corporal, correções posturais, exercícios fisioterapêuticos, fortalecimento muscular. Isso porque um músculo fortalecido reduz a sobrecarga sobre a articulação, muitas vezes, associado à terapia medicamentosa indicada pelo médico. BURSITE Processo inflamatório que acomete a bolsa sinovial de algumas articulações, causando dor e restrições de movimentos. A bursite ocorre, principalmente, nas articulações que realizam movimentos repetitivos de forma frequente, dentre elas: bursite subacromial, bursite do olecrano, bursite supra, infra ou pré-patelar, bursite trocantérica (trocanter maior) e bursite do calcâneo. Imagem: Shutterstock.com Bursite do olécrano (cotovelo). Imagem: Shutterstock.com Bursa da pata de ganso (bursa anserina), localizada na região medial da articulação do joelho, mais especificamente nos músculos sartório, grácil e semitendíneo. Os sintomas incluem dor, edema e rigidez, sendo o tratamento realizado, principalmente, através do repouso e recursos anti-inflamatórios, como o gelo. PRINCIPAIS TIPOS ARTICULAÇÕES E LESÕES ARTICULARES A especialista Adriana de Souza Marinho Teixeira apresenta os principais tipos de articulações e lesões articulares. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ANO: 2019 BANCA: IBADE ÓRGÃO: PREFEITURA DE SERINGUEIRAS - RO PROVA: IBADE - 2019 - PREFEITURA DE SERINGUEIRAS - RO - FISIOTERAPEUTA) OS TRÊS TIPOS PRINCIPAIS DE ARTICULAÇÕES SÃO: SINARTROSE, ANFIARTROSE OU DIARTROSE. CADA TIPO DE ARTICULAÇÃO APRESENTA UMA CARACTERÍSTICA RELACIONADA À MOBILIDADE. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTÉM A ASSOCIAÇÃO CORRETA ENTRE TIPO E CARACTERÍSTICA DAS ARTICULAÇÕES. A) Sinartrose ou móvel B) Sinartrose ou imóvel C) Anfiartrose ou imóvel D) Anfiartrose ou livrementemóvel E) Diartrose ou ligeiramente móvel 2. (ANO: 2019 BANCA: CPCON ÓRGÃO: PREFEITURA DE GUARABIRA - PB PROVA: CPCON - 2019 - PREFEITURA DE GUARABIRA - PB – FISIOTERAPEUTA) A BURSITE DA PATA DE GANSO OCORRE: A) Na região do quadril, em uma bursa perto da origem do grácil e do semimembranoso. B) Na região do quadril face medial na origem do sartório C) Na face lateral do joelho, perto do território do ligamento lateral D) Por lesões repetidas do ligamento cruzado anterior E) Na região anteromedial da tibial, próximo à inserção do sartório, grácil e semitendíneo. GABARITO 1. (Ano: 2019 Banca: IBADE Órgão: Prefeitura de Seringueiras - RO Prova: IBADE - 2019 - Prefeitura de Seringueiras - RO - Fisioterapeuta) Os três tipos principais de articulações são: sinartrose, anfiartrose ou diartrose. Cada tipo de articulação apresenta uma característica relacionada à mobilidade. Assinale a alternativa que contém a associação correta entre tipo e característica das articulações. A alternativa "B " está correta. As sinartroses são caracterizadas pela ausência de movimento. A classificação das articulações pode ser didaticamente associada pela primeira letra, da seguinte forma: Sinartrose - Sem movimento; Anfiartrose - Algum movimento; Diartrose - Demais movimentos 2. (Ano: 2019 Banca: CPCON Órgão: Prefeitura de Guarabira - PB Prova: CPCON - 2019 - Prefeitura de Guarabira - PB – Fisioterapeuta) A bursite da pata de ganso ocorre: A alternativa "E " está correta. A bursa (bolsa sinovial) tem a função de minimizar o atrito entre o osso e o tendão, sendo encontrada próximo de diversas articulações. A bursa localizada profundamente aos tendões dos músculos sartório, grácil e semitendíneo na região anteromedial da tíbia é denominada bursa anserina ou da pata de ganso. MÓDULO 4 Reconhecer os principais tipos de lesões musculares CARACTERÍSTICAS DO TECIDO MUSCULAR O tecido muscular contribui em 40% a 50% da massa corporal total no homem e 25% a 30% do volume total do corpo da mulher. O músculo estriado esquelético tem a função de contração, aproximando origem e inserção, produzindo o movimento ou estabilizando segmentos corporais, ou mesmo o corpo todo. O músculo também libera alguns hormônios, que são chamados de miocinas. O fator neurotrófico derivado do cérebro (BNDF) é uma miocina responsável pelo aumento da capacidade cognitiva. Por isso, pessoas que mantêm um estilo de vida saudável são menos propensas a desenvolver doenças degenerativas, como o Alzheimer. O BNDF é importante quando prescrevemos exercícios físicos com variedades de estímulos, de ambientes e de movimentos para pessoas que sofreram lesões relacionadas ao encéfalo, pois, assim, é estimulada a neuroplasticidade. As lesões musculares são de alta incidência, respondendo por grande parte das lesões no esporte e da população em geral, conforme a Sociedade Brasileira de Reumatologia: A DOR MUSCULOESQUELÉTICA É UM EVENTO COMUM NA POPULAÇÃO GERAL. ESTIMA-SE QUE EM 2014 FORAM CONCEDIDOS 439.157 AUXÍLIOS- DOENÇA DEVIDO A DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS, ESTATÍSTICA QUE OCUPOU O SEGUNDO LUGAR NO RANKING NACIONAL DE AFASTAMENTOS DO TRABALHO NAQUELE ANO. (SIMÕES; ASSUNÇÃO; MEDEIROS, 2018). Fatores correlacionados com as lesões musculares: Maior prevalência no sexo masculino. Indivíduos menos ativos apresentam maior predisposição para desenvolver lesões. Fumantes. Pessoas que abusam do uso do álcool. Treinamento excessivo e descanso inadequado. TIPOS E MECANISMOS DE LESÕES MUSCULARES CONTUSÃO Foto: Shutterstock.com Contusão com formação de hematoma. Relacionada a um choque traumático que ocasiona dor e edema, comum nos esportes de contato, como futebol e basquete. O mecanismo de contusão está relacionado ao contato corporal em atividades desportivas, gerando lesão do tecido muscular, pele e tecido subcutâneo, formando hematomas, que não podem ser negligenciados, pois podem calcificar com o tempo e comprometer o padrão de contração muscular, causando dor e rigidez na articulação próxima à lesão. Quando é preservado o movimento articular adjacente, a contusão é classificada como leve; se comprometer até 50% da mobilidade, é classificada como moderada e como grave se gerar incapacidade de apoio de membros, sendo necessária a utilização de muletas, por exemplo. DISTENSÃO Também conhecida como estiramento, ocorre quando o músculo está em fase de desaceleração, resistindo ao movimento, gerando a ruptura muscular. EXEMPLO No movimento do chute, sendo o músculo quadríceps o agonista, enquanto os músculos isquiotibiais resistem ao movimento através de uma contração excêntrica, podendo, neste momento, ocorrer a ruptura de fibras musculares, seja por encurtamento dos isquiotibiais seja por contração excessiva do quadríceps. Os sintomas são: diminuição da força muscular, espasmos musculares, limitação da amplitude do movimento ativo e dificuldade de contração. Estatisticamente, os músculos mais envolvidos nestas lesões são os biarticulares: Imagem: Shutterstock.com Músculo reto femoral (componente biarticular do músculo quadríceps). Imagem: Shutterstock.com Músculos isquiotibiais (semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral). Imagem: Shutterstock.com Músculo tríceps da perna (sóleo e gastrocnêmio lateral e medial). Imagem: Shutterstock.com Músculo bíceps braquial: cruza as articulações do ombro e cotovelo. Entenda a seguir o conceito de outras lesões musculares: TENDINITE Processo inflamatório no tendão, geralmente, relacionada à prática de exercícios físicos ou movimentos repetitivos nas atividades laborais. TENOSSINOVITE Processo inflamatório que se desenvolve na bainha que envolve o tendão. SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL Apresenta-se como uma dor muscular regional, frequentemente, associada à presença de um ou mais pontos dolorosos, denominados pontos-gatilho. Imagem: Shutterstock.com Pontos-gatilho (trigger points ): são pequenas áreas dolorosas, muito sensíveis ao toque ou pressão. LESÕES MUSCULARES MAIS COMUNS NO ESPORTE javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Envolvem a panturrilha, isquiotibiais e adutores. O músculo gastrocnêmio responde de forma muito rápida à explosão muscular e, especialmente, o gastrocnêmio medial, onde ocorre a maior prevalência de lesões. A lesão ocorre em movimentos de potência, como, por exemplo, um jogador fazendo um sprint ao final de uma prova. A lesão do quadríceps pode ocorrer por trauma direto ou por uma contração excêntrica com uma leve flexão da articulação do joelho na tentativa de recuperar o equilíbrio em um momento de queda. As lesões dos isquiotibiais podem estar relacionadas com o fato de serem os músculos menos alongados e mais fracos que o quadríceps, por esses motivos, mais facilmente lesionados durante a contração muscular excêntrica, sendo relatada como uma das lesões mais comuns entre os atletas. ATENÇÃO Os adutores atuam em conjunto com a parte mais distal dos músculos abdominais para estabilizar a pelve durante as atividades dos membros inferiores. Os atletas que participam de atividades, como chutes repetitivos, arranques ou mudanças de direção frequentes possuem maior incidência de dor crônica nesta região. A diminuição de amplitude de movimento da articulação do quadril juntamente com o desequilíbrio entre adutores e abdutores está correlacionada com a pubalgia. Importante entendermos também as adaptações celulares após uma lesão: Ruptura muscular Formação de hematoma Sinalização celular local Fase inicial de necrose com reabsorção do hematoma Formação de tecido cicatricial (o músculo na cicatrização desenvolve tecido fibroso e não regenera 100% como tecido muscular). O retorno ao esporte ou às atividades físicas em geral requer respeito a todas as fases de recuperação. Por isso, é interessante fazer uma pequena abordagem do que acontece após uma lesão até a recuperação total, sendo dividido em três fases: 1ª FASE: INFLAMATÓRIA Duração
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