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apostila introdução ao direito 2018


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INSTITUIÇOES DE DIREITO
PARTE INTRODUTÓRIA
NOÇÕES DE DIREITO – RAMOS E FONTES E EFICÁCIA DA LEI
ORDENAMENTO JURÍDICO
 PS –								 DS
PODE SER								DEVE SER
Liberdade								Império da lei
(vontade)							 (a vontade da lei)
								 ou norma indisponível
O direito, objetivamente considerado, é o conjunto de regras de conduta coativamente imposta pelo Estado.
Jhering – é o complexo das condições existenciais da sociedade, asseguradas pelo Poder Público.
Assim, o direito se traduz em princípios de conduta social, tendentes a realizar a justiça.
[] Quando esses princípios são sustentados em afirmações teóricas, formam a Ciência Jurídica, em cuja cúpula está a Filosofia do Direito;
[] Quando esses mesmos princípios são concretizados em normas jurídicas, temos o Direito Positivo, expresso na legislação.
[] A sistematização desses princípios, em normas legais, constitui a ordem Jurídica, ou seja, o sistema legal adotado para assegurar a existência do Estado e a coexistência pacífica dos indivíduos na comunidade.
4. Daí a presença de duas ordens jurídicas: a interna e a internacional
DIREITO – CONCEITO E FUNDAMENTOS
A) Sentidos do direito: Direito Objetivo e Direito Subjetivo
DIREITO OBJETIVO
Direito norma – é o conjunto dos preceitos impostos a todos os homens pelas necessidades da manutenção da ordem social.
Roberto de Ruggiero: O direito objetivo pode definir-se como o complexo das regras impostas aos indivíduos nas suas relações externas, com caráter de universalidade, emanadas dos órgãos competentes segundo a constituição e tornadas obrigatórias mediante a coação.
DIREITO SUBJETIVO
Direito faculdade – é o poder que tem o homem de exigir garantias para a realização de seus interesses, quando estes se conformam com o interesse social. É, segundo a expressão de Von Jhering, “o interesse juridicamente protegido”.
Clóvis Bevilacqua: O direito subjetivamente considerado é um poder de ação assegurado pela ordem jurídica.
B) Elementos do Direito: Sujeito, Objeto e Relação Jurídica
SUJEITOS DO DIREITO
Os sujeitos do direito são as pessoas naturais e jurídicas. O sujeito do direito é a pessoa em sua posição ativa, visto que a idéia de pessoa possui dois aspectos, o sujeito ativo e o sujeito passivo.
É o ser, a quem a ordem jurídica assegura o poder de agir, contido no Direito. Ordinariamente, esse poder é um gozo, uma vantagem do sujeito. Mas há direitos, que existem em favor de outrem.
OBJETO DO DIREITO
É o bem ou vantagem sobre o qual o sujeito exerce o poder conferido pela ordem jurídica.
Podem ser objetos do direito:
1) Modos de ser da própria pessoa na vida social (a existência, a liberdade, a honra etc.);
2) as ações humanas;
3) as coisas corpóreas ou incorpóreas.
RELAÇÃO DO DIREITO
É o laço que, sob a garantia da ordem jurídica, submete o objeto ao sujeito.
A relação de direito somente pode-se estabelecer entre pessoas, ensinam muitos dos mais notáveis civilistas; porém melhor traduzem a verdade dos fatos os que distinguem duas categorias de relações, uma atuando sobre objetos naturais, e outras ligando pessoas entre si, as quais podem denominar-se direitos de dominação e direitos que impõem deveres diretos às outras pessoas.
DIREITO E MORAL
Para bem explicar a distinção entre o direito e moral, há permitir-se lançar mão dos ensinamentos do Ilustre Dr. Miguel Reale, em sua obra “a Filosofia do Direito”, visto a criação de uma sistematização de critérios distintivos, sob o tríplice ponto de vista da valorização do ato, da forma e do conteúdo, através do quadro por ele elaborado (abaixo), valendo citar sua conclusão: 
Basta analisar o quadro para verificar que o Direito, à diferença da Moral, da Estética etc., não tem por fim um valor específico que determine por si mesmo a ação humana, sem implicar a vigência consequente de outros valores. O artista vive em razão da beleza como é, à plenitude do ser pessoal que se endereça à Moral. Já o Direito tem como destino realizar justiça, não e si e por si, mas como condição ordenada dos demais valores.
	DIREITO
	MORAL
	QUANTO Á VALORAÇÃO DO ATO:
	bilateral atributivo;
visa mais ao ato exteriorizado, partindo da intenção; 
	unilateral;
visa mais à intenção partindo da exteriorização do ato;
	QUANTO À FORMA:
	pode ser heterônomo;
coercível;
pacificamente prédeterminado e certo, assim como objetivamente certificável;
	nunca heterônoma;
incoercível;
não apresenta igual predeterminação tipológica;
	QUANTO AO OBJETO OU CONTEÚDO:
	f) visa de maneira imediata e prevalente ao bem social ou aos valores de convivência.
	f) visa de maneira imediata e prevalente ao bem individual ou aos valores da pessoa.
C) Direito Objetivo: Fontes do Direito: Lei (Conceito, Formação, Eficácia, Controle de Constitucionalidade, Classificação e Hierarquia), Costumes, Doutrina e Jurisprudência.
CONCEITO:
Fonte é o lugar de onde provém alguma coisa.
A pesquisa das fontes do direito é, portanto, o estudo da origem da norma jurídica.
Edagar Magalhães Noronha: no vocábulo, fonte é o lugar onde perenemente nasce água. Em sentido figurado é sinônimo de origem, princípio e causa”.
Fonte do direito é, pois, aquilo de que ele se origina ou promana”. (Edgar Magalhães Noronha),
FONTES DO DIREITO:
Duas são as classes de fontes:
a) as de produção, materiais ou substanciais; e
c) as de conhecimento, cognição ou formais.
CONHECIMENTO, s.m. ciência, experiência, informação.
CIÊNCIA, s.f. Conhecimento; saber que se adquire pela leitura e pela meditação; conjunto de conhecimentos coordenados relativamente a determinado objeto.
COGNIÇÃO, s.f. Aquisição de um conhecimento filosófico; conhecimento; compreensão.
INFORMAÇÃO, s.f. Esclarecimento, Fornecimento de dados, notas, argumentos, ...
FONTE DE PRODUÇÃO, atualmente, é basicamente o Estado, que não legisla arbitrariamente. Em regra, é a vida social, em seus imperativos e reclamos, é a civilização, ao progresso, são outros fatores que o solicitam a ditar o Direito. Tudo isso, ainda que vago e impreciso, porém, presente e antecedente à atividade estatal legislativa, é também fonte de produção.
As fontes formais ou de conhecimento que revelam o direito são a maneira por que ele se exterioriza e se objetiva. Pode a fonte de cognição ser mediata ou imediata. Esta última é a lei. Como fonte imediata, grande número de autores aponta os costumes. Fontes mediatas são a doutrina e a jurisprudência.
FONTES:
	1) de produção, materiais ou substanciais
	
ESTADO
	
	
	
	
	
	2.1)Imediatas ou primárias
	2.1.1) Lei
	
	
	2.1.2)Costume
	2)de conhecimento, de cognição ou formais
	
	
	
	2.2)Mediatas ou secundarias
	2.2.1)Doutrina
	
	
	2.2.2)Jurisprudência
Formas de integração da norma jurídica: analogia, eqüidade e princípios gerais do direito.
ANALOGIA: Pontos de semelhança entre coisas diferentes; Diz-se da existência de elementos de semelhança entre coisas diversas entre si. Juridicamente, é o processo lógico que autoriza o juiz a adaptar a um caso concreto, não previsto pelo legislador, uma norma que possua o mesmo fundamento. Pode-se dizer, ainda, que é a operação pela qual se aplica a um caso não previsto, norma que diz respeito a uma situação prevista, havendo entre elas identidade de razões, de causas ou de fins. A sua finalidade é suprir lacunas da lei, daí porque não se refere à interpretação jurídica em si, mas à integração da lei.
EQUIDADE: s.f. igualdade, retidão; conjunto de princípios imutáveis de justiça, fundados na igualdade perante a lei, na boa razão e na ética, que induzem o juiz a um critério de moderação ao proferir a sentença, para suprir a imperfeição da lei ou modificar o seu rigor, tornando-a mais humana e amoldada à circunstância ocorrente. Aplicaçãoideal da norma no caso concreto, sem o excessivo apelo à letra da lei. 
A LEI
“Teoricamente, via de regra, ou conceitos de norma e lei, em sentido jurídico, são empregados indistintamente, tornado-se difícil o estabelecimento das características diferenciais”(Magalhães Noronha).
Lei Jurídica – Lei é uma ordenação ou prescrição da razão ao bem comum, promulgada por aquele que tem a seu cargo o cuidado da comunidade – São Tomás.
Em direito a palavra Lei tem dois sentidos:
- FORMAL – É toda disposição de caráter imperativo, emanada da autoriodade a que, no Estado, se reconhece a função legislativa.
- MATERIAL – É toda disposição imperativa, de caráter geral, que contiver uma regra de direito objetivo
Lei é a norma geral e absoluta emanada do poder competente e provido de força obrigatória.
A força obrigatória da lei é condição de sua eficácia, pois de nada adiantta a existência de leis se a todos fosse permitido resistir ao cumprimento dos seus preceitos.
Outra generalidade da lei é sua generalidade, isto é, a lei obriga igualmente a todos os membros do grupo social sobre o qual estende sua eficácia e é abstrata, porque não visa a situações particulares ou concretas.
Classificação das Leis
[] Quanto a natureza – adjetivas e substantivas
[] Quanto ao órgão de que emanam – Federais, Estaduais e Municipais
Art. 59 da CF.
Hierarquia das Leis
Leis constitucionais federais
Leis ordinárias federais
Leis constitucionais estaduais
Leis ordinárias estaduais
Leis municipais
Competência exclusiva
Formação das Leis
3 fases: a) iniciativa; b) a aprovação e c) execução
SANÇÃO / VETO / PROMULGAÇÃO / PUBLICAÇÃO 
OS COSTUMES
É a norma jurídica que não faz parte da Legislação, sendo criado espontaneamente pela sociedade, sendo produzido por uma prática geral, constante e prolongada.
O costume poderá ser aplicado se for contrário a uma determinação expressa da lei
SOMENTE UMA NOVA LEI PODE REVOGAR A LEI ANTIGA. 
A aplicação do costume varia conforme o ramo do direito. Em Direito Comercial o costume tem considerável importância; no penal, ao contrário, por força de lei, é proibido – não há crime sem lei anterior que o define.
JURISPRUDÊNCIA
É a reiteração de julgados num mesmo sentido.
Ao longo do tempo, o sentido dos julgados varia, adequando o Direito às mudanças histórico-sociais.
A DOUTRINA
É o conjunto sistemático de teorias sobre o Direito elaborado pelos juristas.
A doutrina é produto da reflexão e do estudo que os grandes juristas desenvolvem sobre o Direito.
DIREITO CONSTITUCIONAL
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
(EXPRESSOS E IMPLÍCITOS)
1. Princípio da legalidade: art. 37, caput e 84, IV, CF
Especifica o Estado de Direito; refutação a favoritismos, perseguições e desmandos (governo das leis); tem como raiz a idéia de soberania popular, de exaltação da cidadania. Implica que a administração só pode fazer aquilo que a lei consente.
RESTRIÇÕES: medidas provisórias – art. 62, CF; estado de defesa – art. 236 e estado de sítio – art. 137 a 139, CF.
2. Princípio da impessoalidade: art. 37, caput, CF
Duas interpretações:
1. se todos são iguais perante a lei, a administração não pode usar de favoritismos ou perseguições, devendo tratar isonomicamente os administrados.
Aplicação concreta: art. 100, CF – precatórios judiciais; 37, II (concursos); XXI (licitações); 175 (concessão).
2. os atos administrativos não são imputáveis aos funcionários que os praticam, mas ao órgão ou entidade administrativa. 
Aplicação concreta: art. 37, § 1º, CF
3. Princípio da moralidade: art. 37, caput, CF
Atuar em conformidade com padrões éticos. Aplicações concretas: 
Art. 85, V – crimes que atentam contra a probidade administrativa;
Art. 37, §4º - penalidades por atos de improbidade – servidores públicos.
Art. 5º, LXXIII – ação popular – atos lesivos a moralidade.
Desdobramentos: princ. da lealdade e da boa-fé.
4. Princípio da publicidade: art. 37, caput, CF
Dever de manter total transparência da atuação administrativa. Aplicações concretas: art. 5º, XXXIII (direito à informação); XXXIV, b (certidões); LXXII (habeas data).
Admite-se o sigilo na forma do art. 5º, XXXIII, quando “imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
5. Princípio da eficiência: art. 37, caput, CF
O que se põe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. Corresponde ao dever de boa administração.
6. Princípio da finalidade: art. 5º, II e 84, IV, CF
Inerência da legalidade – aplicar a lei é respeitar sua finalidade; 
Desvio de poder ou desvio de finalidade;
Outro fundamento: mandado de segurança – espécie de abuso de poder.
7. Princípio da razoabilidade: art. 5º, II e 84, IV, CF
Inerência da legalidade – mesmo conferindo discricionariedade, aplicação da lei requer uma conduta racional da administração em face da necessidade concreta que deve satisfazer. Estão proibidos provimentos insensatos, não abrangidos pela norma de direito. O agente não pode agir desarrazoadamente, de maneira ilógica, incongruente, pena de invalidade de seu ato.
8. Princípio da proporcionalidade: art. 5º, II e 84, IV, CF
Os provimentos da Administração devem guardar, em extensão e intensidade, relação proporcional ao necessário para o cumprimento da finalidade de interesse público pertinente. Faceta da razoabilidade.
Medidas desproporcionais – inadequadas ao escopo da lei. 
O ato deve ser proporcional à situação que demandou sua expedição.
9. Princípio da motivação: art. 5º, XXXV e 93, X, CF
Dever de expor as razões de fato e de direito pelas quais tomou a providência adotada, sobretudo nos atos discricionários.
Dever de justificação dos atos, dando transparência às razões de fato e de direito que embasam a atuação administrativa. Impede a enunciação de motivos falsos que dificultam a apreciação da legitimidade da atuação administrativa.
Deve ser prévia ou contemporânea à expedição do ato. Distinguir atos vinculados e discricionários.
10. Princípio da ampla responsabilidade do Estado: art. 37, § 6º, CF
Danos causados a terceiros se decorrentes de: atos ilícitos, o fundamento da responsabilidade é o respeito ao princípio da legalidade, e, se de atos lícitos o fundamento seria o respeito ao princípio da igualdade.
Atos comissivos: responsabilidade objetiva.
Atos omissivos: responsabilidade subjetiva.
Extensão às pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
11. Princípio do controle judicial dos atos administrativo: art. 5º, XXXV, CF
A lei não excluirá da apreciação do Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito. É uma exigência do Estado de Direito – existência de órgão imparcial e independente.
12. Princípio da hierarquia
Inexistente nas funções legislativa e jurisdicional;
Poderes: comando, fiscalização, revisão, punição, dirimir controvérsias, delegar ou avocar competências.
Os Direitos Fundamentais e suas Sucessivas Dimensões: 
Introdução: 
1. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (arts. 5.º a 17 da CF/88)
1.1.	Conteúdo
1.1.1. Direitos individuais
Prerrogativas que o indivíduo pode opor ao Estado.
1.1.2. Direitos coletivos
Direitos supraindividuais ou metaindividuais que pertencem a vários titulares que se vinculam juridicamente (ex.: condôminos, sindicalistas etc.).
1.1.3. Direitos difusos
São direitos individuais, no entanto seus titulares não têm uma vinculação jurídica que permita identificá-los (ex.: usuários de uma praia, consumidores etc.).
1.1.4. Direitos sociais
Decorrem do fato de o indivíduo pertencer a uma sociedade estatal (ex.: direito à saúde, educação etc.).
1.1.5. Direito de nacionalidade
Direito que tem o indivíduo de manter um vínculo jurídico com o Estado, de pertencer ao povo de um Estado e, em conseqüência, receber proteção deste.
1.1.6. Direito de cidadania
Prerrogativa que tem o indivíduode participar da tomada de decisão política do Estado (ex.: direito de votar, de participar de plebiscito, de ingressar com uma ação popular etc.).
1.1.7. Direito de organizar e participar de partido político
Tem o objetivo de ascender ao poder, ou seja, de levar à sociedade a sua forma de administrar o Estado.
1.1.8. Observações 
São esses os Direitos Fundamentais expressos na CF. Admitem-se, no entanto, outros, não escritos formalmente, mas que decorrem dos princípios adotados pela CF (art. 5.º, § 2.º).
Direitos: prerrogativas que as normas consagram.
Garantia: procedimento judicial específico, cuja finalidade é dar proteção eficiente aos direitos fundamentais. Alguns doutrinadores chamam as garantias de “remédios constitucionais”. São elas:
habeas corpus: tem por objetivo proteger a liberdade de locomoção;
habeas data: visa a garantir ao impetrante o acesso aos dados existentes sobre sua pessoa em bancos de dados públicos ou particulares de caráter público;
mandado de segurança: tem a finalidade de fazer cessar lesão ou ameaça de lesão ao direito individual ou coletivo líquido e certo, seja qual for a autoridade responsável pela ilegalidade ou abuso de poder;
mandado de injunção: tem como finalidade garantir o exercício de direito previsto em norma constitucional de eficácia limitada ainda não regulamentada;
ação popular: é um instrumento de democracia direta por meio do qual o cidadão exerce a fiscalização do patrimônio público para impedir que seja lesado por ato de autoridade.
1.2.	Destinatário 
Os direitos e garantias previstos no art. 5.º da CF têm como destinatários as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, públicas ou privadas ou mesmo entes despersonalizados (massa falida, espólio etc.), estrangeiros residentes ou de passagem pelo território nacional.
1.3.	Aplicabilidade e Interpretação 
São dois os princípios que devem ser observados quando se trata da interpretação das normas constitucionais de direitos e garantias fundamentais:
serão interpretadas de forma ampla, extensiva, para abranger o maior número possível de sujeitos e de situações;
as normas excepcionadoras de direitos e garantias devem ser interpretadas restritivamente.
Quanto à aplicabilidade, somente as normas de direitos e garantias que não dependem de complementação (normas de eficácia plena) têm aplicação imediata.
1.4.	Suspensão (Art. 136, § 1.º, e Arts. 138 e 139)
No Brasil, são previstas duas exceções em que os direitos e garantias são suspensos por tempo determinado, durante o Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
1.4.1. Estado de defesa
Pode ser decretado sempre que houver instabilidade das instituições democráticas ou calamidade pública. Os direitos que podem ser suspensos são aqueles previstos no art. 136, § 1.º, I e II, da CF/88. Para a decretação do Estado de Defesa, o Presidente da República não precisa de autorização prévia do Congresso Nacional.
1.4.2. Estado de sítio
Pode ser decretado em duas situações, previstas no art. 137, I e II, da CF/88:
comoção grave de repercussão nacional ou se o Estado de Defesa se mostrou ineficaz para resolver o problema. Os direitos que podem ser excepcionados, nesse caso, estão previstos no art. 139 da CF/88;
guerra externa ou resposta à agressão armada estrangeira. Todos os direitos estão sujeitos à restrição, inclusive o direito à vida (ex.: em caso de guerra externa, pode-se aplicar pena de morte).
1.5.	Limitação Material ao Poder de Reforma (Art. 60, § 4.º)
O art. 60, em seu § 4.º, coloca limites para a reforma da CF. Algumas matérias não se sujeitam à modificação por emenda. Somente o constituinte originário poderia modificar essas cláusulas, chamadas Cláusulas Pétreas.
Não estão sujeitos à emenda os direitos e garantias individuais previstos no art. 5.º, quais sejam, direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. O mais importante é o direito à vida, pois este é condição sine qua non para que sejam assegurados os outros direitos
2. DIREITO À VIDA
2.1. A Vida como Objeto do Direito
2.1.1. Proibição da pena de morte (art. 5.º, XLVII, “a”) 
A Constituição Federal assegura o direito à vida quando proíbe a pena de morte. A aplicação desta só é permitida em caso de guerra externa declarada.
Não é possível a introdução da pena de morte por EC, visto que o direito à vida é direito individual e o art. 60, § 4.º, dispõe que os direitos individuais não poderão ser modificados por emenda (cláusula pétrea, imutável).
Também não seria possível um plebiscito para a introdução da pena de morte, tendo em vista que a própria CF estabelece suas formas de alteração e o plebiscito não está incluído nessas formas. A única maneira de se introduzir a pena de morte no Brasil seria a confecção de uma nova Constituição pelo poder originário.
2.1.2. Proibição do aborto
2.1.3. Proibição da eutanásia
O médico que praticar a eutanásia, ainda que com autorização do paciente ou da família, estará cometendo crime de homicídio. A eutanásia configura-se quando alguém tira a vida de outrem que teria condições de vida autônoma. No caso de desligamento dos aparelhos de pessoa clinicamente morta, que só sobreviveria por meio deles (vegetação mecânica), não configura a eutanásia.
2.1.4. Garantia da legítima defesa
O direito de a pessoa não ser morta legitima que se tire a vida de outrem que atentar contra a sua própria.
3. DIREITO A CONDIÇÕES MÍNIMAS DE SOBREVIVÊNCIA
3.1. Salário Mínimo (Art. 7.º, IV) 
A Constituição Federal fixou um salário mínimo para que as pessoas tenham garantido o mínimo para sua sobrevivência.
3.2. Irredutibilidade do Salário (art. 7.º, VI) 
Garante que o valor mínimo seja mantido. É necessário, então, que o salário mínimo tenha reajustes periódicos para que seja mantido seu valor real.
3.3. Saúde, Previdência e Educação
Garantir a saúde é necessário para que não se coloque em risco a vida das pessoas. O Estado tem o dever de garantir a saúde dos indivíduos. A saúde é decorrência do direito à vida.
A previdência social funda-se no princípio do seguro social (doença, invalidez, morte, velhice) do segurado e seus dependentes. A base da cobertura assenta no fator contribuição em favor do contribuinte e dos seus (arts. 201 e 202, CF).
O direito à educação é informado pelo princípio da universalidade (é direito de todos); trata-se de um dever do Estado e da família, de acordo com os arts. 205 e 227, CF.
4. DIREITO A TRATAMENTO DIGNO POR PARTE DO ESTADO
Não se permite, como conseqüência da prática de delito, penalidades além daquelas previstas em lei. Todas as pessoas terão direito a um tratamento digno por parte do Estado, ou seja, têm o direito à conservação de sua integridade física e moral, proibindo-se, ainda, a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante (art. 1.º, III, e art. 5.º, III, XLIII e XLIX, ambos da CF/88).
5. DIREITO À LIBERDADE
5.1. Liberdade de Pensamento (art. 5.º, IV e V)
É importante que o Estado assegure a liberdade das pessoas de manifestarem o seu pensamento. Foi vedado o anonimato para que a pessoa assuma aquilo que está divulgando caso haja danos materiais, morais ou à imagem. O limite na manifestação do pensamento encontra-se no respeito à imagem e à moral das outras pessoas.
Caso ocorram danos, o ofendido poderá se valer de dois direitos:
indenização por dano material, moral ou à imagem (“São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato” – Súmula n. 37 do STJ); 
direito de resposta, que é o direito a ter idêntica oportunidade para se defender, desde que seja proporcional ao agravo e que seja realmente usado para defesa e não para ataque ao ofensor. Se o direito de resposta for negado pelo veículo de comunicação, caberá medida judicial.
5.2. Liberdade de Consciência, de Crença e de Culto (art. 5.º, VI, VII e VIII)
A liberdade de consciência refere-se à visão que o indivíduo tem do mundo, ou seja, são as tendências ideológicas,filosóficas, políticas etc. de cada indivíduo.
A liberdade de crença tem um significado de cunho religioso, ou seja, as pessoas têm liberdade de cultuar o que acreditam. A CF proíbe qualquer distinção ou privilégio entre as igrejas e o Estado. O que se prevê é que o Estado poderá prestar auxílio a qualquer igreja quando se tratar de assistência à saúde, à educação etc., para sociedade.
Seja qual for a crença, o indivíduo tem direito a praticar o culto. A CF/88 assegura, também, imunidade tributária aos templos em razão de realização do culto.
Ainda, a CF assegura o atendimento religioso às pessoas que se encontrem em estabelecimentos de internação coletiva, como manicômios, cadeias, quartéis militares etc.
5.3. Liberdade de Atividade Intelectual, Artística, Científica e de Comunicação (art. 5.º, IX)
A Constituição Federal estabelece que a expressão das atividades intelectual, artística, científica e de comunicação é livre, não se admitindo a censura prévia. É uma liberdade, no entanto, com responsabilidade, ou seja, se houver algum dano moral ou material a outrem, haverá responsabilidade por indenização.
O direito do prejudicado se limita à indenização por danos, não se podendo proibir a circulação da obra. Apesar de não haver previsão na Constituição Federal quanto à proibição de circulação de obras, o Judiciário está concedendo liminares, fundamentando no fato de que deve haver uma prevenção para que não ocorra o prejuízo e não somente a indenização por isto.
Os meios de comunicação são públicos, podendo ser concedidos a terceiros. Caso a emissora apresente programas que atinjam o bem público, ela sofrerá sanções, incluindo-se a não renovação da concessão.
5.4. Liberdade de Trabalho, Ofício ou Profissão (art. 5.º, XIII)
É assegurada a liberdade de escolher qual a atividade que se exercerá. É uma norma de eficácia contida porque tem aplicabilidade imediata, no entanto traz a possibilidade de ter o seu campo de incidência reduzido por requisitos exigidos por lei.
A lei exige que certos requisitos de capacitação técnica sejam preenchidos para que se possa exercer a profissão (ex.: o advogado deve ser bacharel em Direito e obter a carteira da OAB por meio de um exame; o engenheiro deve ter curso superior de engenharia etc.).
5.5. Liberdade de Locomoção (art. 5.º, XV)
É a liberdade física de ir, vir, ficar ou permanecer. Essa liberdade é considerada pela CF como a mais fundamental, visto que é requisito essencial para que se exerça o direito das demais liberdades.
Todas as garantias penais e processuais penais previstas no art. 5.º são normas que tratam da proteção da liberdade de locomoção. Por exemplo, o habeas corpus é voltado especificamente para este fim.
Esta norma também é de eficácia contida, principalmente no que diz respeito à liberdade de sair, entrar e permanecer em território nacional. A lei pode estabelecer exigências para sair, entrar ou permanecer no país, visando a proteção da soberania nacional.
5.6. Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI)
É a permissão constitucional para um agrupamento transitório de pessoas com o objetivo de trocar idéias para o alcance de um fim comum.
O direito de reunião pode ser analisado sob dois enfoques: de um lado a liberdade de se reunir para decidir um interesse comum e de outro a liberdade de não se reunir, ou seja, ninguém poderá ser obrigado a reunir-se.
Para a caracterização desse direito, devem ser observados alguns requisitos a fim de que não se confunda com o direito de associação:
a) Pluralidade de participantes: trata-se de uma ação coletiva, ou seja, existência de várias pessoas para que possa haver uma reunião. A diferença é que, na reunião, não existe um vínculo jurídico entre os participantes, diferentemente da associação, em que as pessoas estão vinculadas juridicamente.
b) Tempo: a reunião tem duração limitada, enquanto na associação, a duração é ilimitada.
c) Finalidade: a reunião pressupõe uma organização com o propósito determinado de atingir um certo fim. É a finalidade que vai distinguir a reunião do agrupamento de pessoas. Essa finalidade deve ter determinadas características, ou seja, a reunião deve ter uma finalidade lícita, pacífica e não deve haver armamento.
d) Lugar: deve ser predeterminado para a realização da reunião.
Não é necessária a autorização prévia para que se realize a reunião, no entanto, o Poder Público deve ser avisado com antecedência para evitar reunião de grupos rivais no mesmo local e horário. O objetivo do aviso ao Poder Público também é garantir que o direito de reunião possa ser exercitado com segurança.
O direito de reunião sofre algumas restrições:
não pode ter por objetivo fins ilícitos;
não pode haver reunião que não seja pacífica e proíbe-se a utilização de armas (art. 5.º, XVI). A presença de pessoas armadas em uma reunião não significa, no entanto, que esta deva ser dissolvida. No caso, a polícia deve agir no sentido de desarmar a pessoa, mas sem dissolver a reunião. Em caso de passeata, não poderá haver nenhuma restrição quanto ao lugar em que será realizada;
durante o Estado de Defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”) e o Estado de Sítio (art. 139, IV), poderá ser restringido o direito de reunião.
5.7. Liberdade de Associação (art. 5.º, XVII a XXI)
Normalmente, a liberdade de associação manifesta-se por meio de uma reunião. Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade de reunião e a liberdade de associação. A reunião é importante para que se exerça a associação, visto que, em regra, esta começa com aquela.
É o direito de coligação voluntária de algumas ou muitas pessoas físicas, por tempo indeterminado, com o objetivo de atingir um fim lícito sob direção unificada.
A associação, assim como a reunião, é uma união de pessoas. Distingue-se desta por ter tempo indeterminado, visto que o objetivo que se quer alcançar não poderá ser atingido em um único momento, enquanto na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado.
5.7.1. Elementos da associação
Base contratual: a associação fundamenta-se num acordo de vontades, ou seja, as pessoas pactuam para atingir um determinado fim. 
Permanência: as pessoas se unem para agir em tempo indeterminado, ou seja, é uma ação contínua para o atingimento de um objetivo. 
Fim lícito: a finalidade da associação deve ser, obrigatoriamente, lícita.
5.7.2. Tipos de associação
Stricto sensu: agrupamento de pessoas sem fins lucrativos.
Sociedades: associações que possuem fins lucrativos.
Partido político: associação com característica regulada constitucionalmente (art. 17, CF/88). Toda disciplina jurídica do partido político está disposta na CF/88 e na Lei n. 9096/95.
Associação profissional e sindicatos: também têm características próprias. Os sindicatos estão disciplinados no art. 8.º da CF/88.
Cooperativas: associação de atividades profissionais. Estão disciplinadas no art. 174, §§ 2.º ao 4.º, da CF/88.
5.7.3. Direitos decorrentes da associação 
Direito de criar associações: qualquer pessoa poderá criar uma associação. Basta que os integrantes se reúnam em assembléia, pactuem as bases contratuais e registrem em cartório.
Direito de aderir a qualquer associação: qualquer pessoa poderá se filiar a qualquer associação em que tiver interesse.
Direito de desligar-se da associação
Direito de dissolução espontânea da associação: como regra, a associação será dissolvida quando os associados dispuserem neste sentido. Há hipóteses, no entanto, em que a associação poderá ser dissolvida compulsoriamente ou ter seu funcionamento suspenso. A suspensão poderá ocorrer por provimento cautelar, mas a dissolução, somente por decisão judicial transitada em julgado. Será dissolvida ou suspensa quando fugir de sua finalidade principal e passar a praticar atos ilícitos.
5.7.4. Restrições à criação de uma associação
Não poderá ser criada para fins ilícitos. 
Não poderá ser criada associação paramilitar (grupos armados).
5.7.5. Representação judicial
A ConstituiçãoFederal prestigiou a representação judicial para as associações, ou seja, as associações podem representar seus associados judicialmente ou extra-judicialmente para a defesa dos interesses dos filiados. Requisitos:
é necessário que a associação esteja regularmente constituída e funcionando por, no mínimo, um ano. Há casos, entretanto, em que a jurisprudência admite a propositura de ação por associação que não esteja funcionando por um ano. Os partidos políticos e os sindicatos não observam a exigência de constituição de no mínimo um ano;
é necessário que o ato constitutivo da associação preveja, entre os seus objetivos, a representação judicial dos seus filiados. Como regra, essa previsão é suficiente para a representação judicial, no entanto os Tribunais Federais entendem que, se as ações versarem sobre direitos individuais homogêneos, deverá existir autorização especificado associado.
5.7.6. Legitimidade processual
A associação como pessoa jurídica poderá defender os interesses coletivos de seus associados por meio de ações: 
mandado de segurança coletivo (art. 5.º, LXX, CF/88); 
mandado de injunção coletivo (jurisprudência do STF e do STJ).
ação civil pública ( art. 5.º, Lei n. 7347/85).
6. DIREITO À SEGURANÇA
A Constituição Federal, no caput do art. 5.º, quando trata da segurança, está se referindo à segurança jurídica. Refere-se à segurança de que as agressões a um direito não ocorrerão, mas se desrespeitado, existirá uma eventual reparação pelo dano. O Estado deve atuar no sentido de preservar as prerrogativas dispostas nas normas jurídicas.
6.1. Acesso ao Poder Judiciário (art. 5.º, XXXV)
A competência para garantir a segurança jurídica é do Poder Judiciário. É por meio do acesso ao Judiciário que as pessoas conseguem a segurança jurídica.
6.1.1. Lesão e ameaça ao direito
Diante de uma agressão ou ameaça de agressão a um direito, o lesado poderá socorrer-se do Poder Judiciário para assegurá-lo. Para a concessão da segurança jurídica, não é necessário comprovar a efetiva lesão, ou seja, é possível, preventivamente, buscar a segurança evitando a lesão ao direito.
O acesso a Justiça Comum comporta uma exceção, art. 217, § 1.º, da CF/88, que prevê o esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva, nas ações relacionadas aos esportes. Também na lei que regulamenta o habeas data, existe a disposição que prevê o esgotamento dos meios administrativos para que se possa, então, recorrer ao Judiciário (art. 2.º, Lei n. 9507/97).
6.1.2. Direito à petição (art. 5.º, XXXIV, “a”)
O inc. XXXIV do art. 5.º da CF estabelece que, independentemente do pagamento de taxas, a todos são assegurados o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Pode a petição ser dirigida a qualquer autoridade do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário, devendo ser apreciada, motivadamente, mesmo que apenas para rejeitá-la, pois o silêncio pode caracterizar o abuso de autoridade por omissão. 
	O direito de petição, classificado como direito de participação política, pode ser exercido por pessoa física ou jurídica e não precisa observar forma rígida. Não se exige interesse processual, pois a manifestação está fundada no interesse geral de cumprimento da ordem jurídica.
	O direito de petição não se confunde como direito de ação, já que, por este último, busca-se uma tutela de índole jurisdicional e não administrativa.
6.1.3. Assistência jurídica (art. 5.º, LXXIV)
Para se pedir em juízo, a CF/88 exige a representação por um advogado. Para garantir que aqueles que não possuem condições financeiras possam ter acesso ao Poder Judiciário o Estado tomou para si o dever de fornecer a assistência jurídica.
6.2. Devido Processo Legal (art. 5.º, LIV)
A prestação jurisdicional deve respeitar o devido processo legal. O princípio traz duas vertentes, por um lado, dispõe que o Estado, sempre que impuser qualquer tipo de restrição ao patrimônio ou à liberdade de alguém, deverá seguir a lei. Por outro lado, significa que todos têm direito à jurisdição prestada nos termos da lei, ou seja, a prestação jurisdicional deve seguir o que está previsto em lei. O respeito à forma é uma maneira de garantir a segurança do devido processo legal.
6.2.1. Juiz natural (art. 5.º, LIII)
A decisão de um caso concreto deve ser feita pelo Juiz natural que é o Juiz ou o Tribunal investido de poder pela lei para dizer o direito no caso concreto, ou seja, é o Juiz ou Tribunal que tem a competência, previamente expressa, para julgar determinado caso concreto.
Discute-se, hoje, a existência ou não do princípio do Promotor Natural, que seria extraído da locução processar prevista no inc. LIII do art. 5.º da CF. 
Conforme leciona Nelson Nery Jr.(Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. 5.ª ed. RT. p. 90): “No âmbito interno do Ministério Público, o princípio do Promotor Natural incide para restringir os poderes do Procurador-Geral de Justiça de efetuar substituições, designações e delegações, que devem circunscrever-se aos casos taxativamente enumerados na lei, sendo vedado ao chefe do parquet, em qualquer hipótese, a avocação do caso afeto ao Promotor Natural”.
6.2.2. Vedação a Juízes e Tribunais de exceção (art. 5.º, XXXVII)
A nossa ordem jurídica não admite que sejam criados Tribunais ou designados Juízes especialmente para decidir um caso concreto (Juízes ou Tribunais de exceção). Qualquer tipo de Tribunal de exceção significa um atentado à imparcialidade da Justiça, comprometendo a segurança jurídica.
6.2.3. Contraditório e ampla defesa (art. 5.º, LV)
Deve-se observar o contraditório e a ampla defesa como requisitos para que o devido processo legal seja respeitado. O contraditório é a possibilidade, assegurada a quem sofrer uma imputação em juízo, de contraditar essa imputação, ou seja, de apresentar a sua versão dos fatos. A ampla defesa significa que as partes devem ter a possibilidade de produzir todas as provas que entendam necessárias ao esclarecimento dos fatos e ao convencimento do Juiz. Excepcionam-se apenas as provas obtidas por meio ilícito.
Há também a garantia do duplo grau de jurisdição, ou seja, a pessoa vencida e inconformada com a decisão tem o direito a uma revisão desta, que será sempre feita por um juízo colegiado.
6.2.4. Isonomia
Prevê um tratamento igualitário para as partes. A isonomia entre estas decorre de um princípio disposto na CF/88. Todos os órgãos públicos deverão dar tratamento isonômico para as partes (p. ex.: se o Juiz conferir o direito a uma das partes de apresentar uma outra prova, ele deverá, obrigatoriamente, permitir o mesmo direito à outra parte).
6.2.5. Motivação das decisões (art. 93, IX)
Toda decisão judicial deverá ser motivada, pois uma decisão sem motivação desobedece ao devido processo legal, sendo considerada inválida.
6.2.6. Publicidade
O Juiz deve dar publicidade de todas as decisões que proferir e todos os atos serão públicos, com exceção daqueles que devem acontecer em segredo de justiça. 
6.3. Segurança em Matéria Penal
Quando se trata de segurança em matéria penal, a CF/88 foi cautelosa, tendo em vista a competência punitiva do Estado. Essa competência punitiva tem limites porque a aplicação da pena vai restringir a liberdade física de locomoção e os demais direitos ligados a esta.
A pena somente poderá ser aplicada se estiver prevista anteriormente em lei e na forma prevista nesta. Portanto, a aplicação da pena está vinculada à disposição legal.
2 - Esboço histórico: 
HAMURABI foi rei da Babilônia e depois de unificar os seis estados rivais que disputavam a hegemonia naquela região, fundador do Império Babilônico.
O grande Império Babilônico submeteu os sumérios, os acádios e os assírios. Para governar povos tão diferentes, HAMURABI fez editar o primeiro código escrito de leis de que se tem notícia, o CÓDIGO DE HAMURABI. Esse código defendia basicamente a vida e o direito de propriedade; mas também contemplava a honra, a dignidade, a família ea supremacia das leis em relação aos governantes. E embora contivesse dispositivos que continuam aceitos até hoje, como a Teoria da Imprevisão, fundava-se, sobretudo, no principio de talião: "olho por olho, dente por dente". Previa, portanto, castigos desumanos como o afogamento, o empalamento e o arrancamento da língua e de outras partes do corpo, por exemplo.
A partir desse primeiro código, instituições sociais como a religião e a democracia, ou concepções como a filosofia, contribuíram para humanizar os sistemas legais. Assim é que os gregos defenderam a existência de um Direito Natural anterior e superior às leis escritas, e os romanos editaram a Lei das Doze Tábuas, considerada no mundo ocidental como sendo o primeiro conjunto de leis consagradoras da liberdade, da propriedade e da proteção aos direitos dos cidadãos. 
Bem mais tarde, a junção dos princípios religiosos do cristianismo com os ideais libertários da Revolução Francesa deram origem à Declaração Universal dos Direitos do Homem, assinada em Paris em 10/12/1948. Ela representa a primeira tentativa da humanidade de estabelecer parâmetros humanitários válidos universalmente para todos os homens, independentes de raça, sexo, poder, língua, crença, opinião política, etc., e foi adotada e proclamada pela Resolução no. 217 da Organização das Nações Unidas. O Brasil assinou esta declaração na mesma data da sua adoção e proclamação.
O filósofo italiano Norberto BOBBIO sustenta, entretanto, que não existem quaisquer "Direitos Naturais" ou "Fundamentais" aos quais o homem faça jus por sua simples condição de ser humano. Defende antes que os Direitos Humanos são conquistas resultantes de longas e por vezes sangrentas lutas dos homens contra as várias formas de opressão; conquistas estas legitimadas depois pelos legisladores, pelos tribunais e pelos juristas. Bobbio defende também que a cada direito conquistado corresponde a perda de poder de um determinado segmento da sociedade que se mantinha naquela posição pelo exercício da opressão. Assim é que o direito à liberdade religiosa implicou na perda do poder da Igreja de impor a sua fé, e o enfraquecimento do Absolutismo permitiu a transformação dos súditos em cidadãos, que lutaram pela proteção dos seus direitos de cidadania. Daí se conclui que os Direitos Humanos são conquistas da civilização; e que, portanto, uma sociedade é tanto mais civilizada quanto mais os Direitos Humanos são nela protegidos e respeitados.
A maior parte das constituições modernas, inclusive a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, espelham-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Mas isto não significa dizer que as sociedades que se regem por cartas magnas que rezam pelos cânones da Declaração Universal de 1948 sejam necessariamente sociedades democráticas de fato, vivendo em um legítimo Estado de Direito. Muito pelo contrário, o que se observa é que os Direitos Humanos só são protegidos, respeitados e efetivados verdadeiramente nas sociedades onde os cidadãos permanecem vigilantes e participantes, sem delegar apenas ao Estado a proteção e a aplicação desses direitos. Isto significa dizer que a cidadania é uma via de mão dupla onde os cidadãos têm direitos, pois que os conquistaram. Mas também têm deveres em relação aos seus semelhantes, entre os quais o de permanecerem vigilantes e participantes, construindo conscientemente sua história individual e coletiva, numa perspectiva que considere inclusive as gerações futuras.
DIREITO ADMINISTRATIVO
INTRODUÇÃO
1. O direito, objetivamente considerado, é o conjunto de regras de conduta social coativamente impostas pelo Estado.
2. Segundo Jhering, é o complexo das condições existenciais da sociedade, asseguradas pelo Poder Público. 
3. O direito assim se traduz em princípios de conduta social, tendentes a realizar a Justiça.
4. A ciência jurídica se forma quando os princípios de conduta social são sustentados em afirmações teóricas, em cuja cúpula está a Filosofia do Direito.
5. O Direito Positivo se forma quando esses mesmo princípios são concretizados em norma jurídica.
6. A sistematização desses princípios, em normas legais, constitui a Ordem Jurídica. A Ordem Jurídica, desta feita, é o sistema legal adotado para assegurar a existência do Estado e a coexistência pacífica dos indivíduos na comunidade. Dois sistemas assim se apresentam: a ordem interna e a ordem externa. 
7. O direito é dividido inicialmente em Direito Público e Direito Privado, sendo que aquele se divide em interno e externo.
8. O Direito Público Interno regulamenta, precipuamente, os interesses estatais e sociais, cuidando sós reflexamente da conduta individual.
9. O Direito Privado, por sua vez, tutela os interesses individuais, de modo a assegurar a coexistência das pessoas em sociedade e a fruição de seus bens, quer nas relações de indivíduo a indivíduo, quer nas relações do indivíduo com o Estado, em nosso sistema jurídico, em Direito Civil, Comercial e Trabalhista.
10. O Direito Administrativo é um ramo do Direito Público Interno.
DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO
CONCEITO
1. Conjunto harmônico de princípios jurídicos (1) que regem os órgãos, os agentes (2) e as atividades públicas (3) tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado (4).
(1) significa a sistematização de normas doutrinárias de Direito (não política ou de ação social), o que indica o caráter científico da disciplina.
(2) indica que ordena a estrutura e o pessoal do serviço público.
(3) indica a seriação de atos da Administração Pública, praticados nessa qualidade, e não quando atua, excepcionalmente, em condições de igualdade com o particular, sujeitos às normas do Direito Privado (v.g. locação de imóvel). 
(4) delimitação e caracterização do Direito Administrativo. 
2. Os três primeiros termos afastam a ingerência desse ramo do Direito na atividade estatal abstrata (legislativa), na atividade indireta que é a judicial, e na atividade mediata que é a ação social. A última expressão indica a não competência de indicar os fins sociais do Estado.
3. O Estado moderno, para o completo atendimento de seus fins, atua em três sentidos - administração, legislação e jurisdição - e em todos eles pede orientação ao Direito Administrativo, no que concerne à organização e funcionamento de seus serviços, à administração de seus bens, à regência de seu pessoal e à formalização dos seus atos de administração. Do funcionamento estatal só se afasta o Direito Administrativo quando em presença das atividades especificamente legislativa (feitura da lei) ou caracteristicamente judiciárias (decisões judiciais típicas).
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
4. As fontes principais são: a lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes.
5. A lei, em sentido amplo, é a fonte primária abrangendo esta expressão desde a Constituição até os regulamentos executivos.
6. A doutrina, formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito Positivo, é elemento construtivo da Ciência Jurídica à qual pertence a disciplina em causa.
7. A jurisprudência, traduzindo a reiteração dos julgamentos num mesmo sentido, influencia poderosamente a construção do Direito, e especificamente a do Direito Administrativo, que se ressente de sistematização doutrinária e de codificação legal.
DAS REGRAS DE INTERPRETAÇÃO
8. Além da utilização na lógica das regras do Direito Privado que lhe forem aplicáveis, há que se considerar, necessariamente, esses três pressupostos:
8.1. 	[] a desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados;
8.2. 	[] a presunção de legitimidade dos atos da Administração;
8.3. 	[] a necessidade de poderes discricionários para a Administração atender ao interesse público.
9. Enquanto o Direito Privado repousa sobre a igualdade das partes na relação jurídica, o Direito Público se assenta em princípio inverso, qualseja: o da supremacia do Poder Público sobre os cidadãos, dada a prevalência dos interesses coletivos sobre os individuais.
ESTADO -( PRIVILÉGIOS E PRERROGATIVAS (( BEM COMUM
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Leitura complementar obrigatória - Livro Texto
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PODERES ADMINISTRATIVOS
1. Para bem atender ao interesse público, a Administração é dotada de poderes administrativos (distintos dos poderes políticos) consentâneos e proporcionais aos encargos que lhe são atribuídos.
2. Tais poderes são verdadeiros instrumentos de trabalho, adequados à realização das tarefas administrativas.
4. Os poderes administrativos nascem com a Administração e se apresentam diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e os objetivos a que se dirigem.
5. Dentro dessa diversidade, são classificados, consoante a liberdade da Administração para a prática de seus atos, em poder vinculado e poder discricionário; segundo visem ao ordenamento da Administração ou à punição dos que a ela se vinculam, em poder hierárquico e poder disciplinar; diante de sua finalidade normativa, em poder regulamentar, e, tendo em vista seus objetivos de contenção dos direitos individuais, em poder de polícia.
UNIÃO - ESTADO - DF - MUNICÍPIO
(
COMPETÊNCIA
(proporção e limites)
PODER VINCULADO
6. É aquele que o Direito Positivo - a lei - confere à Administração Pública para a prática de atos de sua competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização.
7. Aqui, o agente público fica inteiramente preso ao enunciado da lei, em todas as suas especificações.
8. A liberdade de ação do administrador é mínima, na medida em que terá que se ater minuciosamente à enumeração do Direito Positivo para realizá-los com eficiência e eficácia.
DESRESPEITO ( NULIDADE
9. O princípio da legalidade impõe que o agente público observe, fielmente, todos os requisitos expressos na lei como da essência do ato vinculado.
PRATICAR O ATO
(
COM TODAS AS MINÚSCIAS DA LEI
10. Elementos vinculados serão sempre a competência, a finalidade e a forma.
PODER DISCRICIONÁRIO
11. É o que o Direito concede à Administração, de modo explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos, com liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo.
abuso de poder (Arbítrio( desvio de poder
12. Discricionariedade é liberdade de ação administrativa, dentro dos limites permitidos em lei.
13. Distingue-se da vinculada pela maior liberdade de ação que é conferida ao administrador, embora sempre esteja vinculada à competência, finalidade e forma.
14. Essa liberdade funda-se na consideração de que só o administrador, em contato com a realidade, está em condições de bem apreciar os motivos ocorrentes de oportunidade e conveniência da prática de certos atos, que seria impossível ao legislador, dispondo na regra jurídica - lei - de maneira geral e abstrata, prover com justiça e acerto.
SUJEIÇÃO DUPLA
(
(							(
INTERNA 					EXTERNA
(							(
BEM COMUM/MORALIDADE			ORDENAMENTO JURÍDICO
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
[1] Expedição de cédula de identidade - [2] Alvará de construção
[3] Porte de Arma - [4] Expedição de CNH
[5] Pedido de Aposentadoria por completar tempo de serviço 
[6] Aposentadoria compulsória
PODER HIERÁRQUICO
15. É o que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.
Hierarquia - é a relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes do Executivo, com a distribuição de funções e a gradação da autoridade de cada um.
16. Não se pode compreender as atividades do Executivo sem a existência de hierarquia entre os órgãos e agentes que as exercem, o que levou Duguit a advertir que “os princípios do poder hierárquico dominam todo o direito Administrativo e deveria ser aplicado, ainda que nenhum texto legal o consagrasse”.
OBJETIVO
(
ORDENAR	- COORDENAR	- CONTROLAR	- CORRIGIR
(
AS ATIVIDADEDES ADMINISTRATIVAS
17. Ordena as atividades da Administração, repartindo e escalonando as funções entre os agentes do Poder, de modo que cada um possa exercer eficientemente seu encargo; coordena, entrosando as funções no sentido de obter o funcionamento harmônico de todos os serviços a cargo do mesmo órgão; controla, velando pelo cumprimento da lei e das instruções e acompanhando a conduta e o rendimento de cada servidor; corrige os erros administrativos, pela ação revisora dos superiores sobre os atos dos inferiores. 
18. Desse modo, a hierarquia atua como instrumento de organização e aperfeiçoamento do serviço e age como meio de responsabilização dos agentes administrativos, impondo-lhes o dever de obediência.
19. Pela hierarquia se impõe ao subalterno a estrita obediência das ordens e instruções legais superiores e se define a responsabilidade de cada um.
20. Do poder hierárquico decorre faculdades implícitas para o superior, tais como a de dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, a de delegar e avocar atribuições e a de rever os aos dos inferiores, observada a permissão legal necessária.
PODER DISCIPLINAR
21. É o poder de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à doutrina dos órgãos e serviços da Administração.
22. É uma supremacia especial que o Estado exerce sobre todas aqueles que se vinculam à Administração por relações de qualquer natureza, subordinando-se às normas de funcionamento do serviço ou do estabelecimento que passam a integrar definitiva ou transitoriamente.
23. A aplicação da pena disciplinar tem para o superior hierárquico o caráter de um “poder-dever”, uma vez que a condescendência na punição é considerada crime contra a Administração Pública.
24. A apuração da falta disciplinar é indispensável para a legalidade da punição da Administração, através de regular processo administrativo com amplo direito de defesa. 
25. A motivação da punição disciplinar é sempre imprescindível para a validade da pena. Esta se destina a evidenciar a conformação da pena com a fala e a permitir que se confiram a todo tempo a realidade e a legitimidade dos atos ou fatos ensejadores da punição administrativa.
PODER REGULAMENTAR
26. É a faculdade de que dispõem os Chefes do Executivo (Presidente da República, Governador do Estado ou Distrito Federal ou Prefeito) de explicitar a lei para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei. É um poder inerente e privativo do Chefe do Executivo e por isso indelegável.
PODER DE POLÍCIA
27. Convêm inicialmente repetir, seguindo a estrutura do livro texto, que o Estado é dotado de poderes políticos exercidos pelo Legislativo, pelo Judiciário e pelo Executivo no desempenho de suas funções constitucionais, e de poderes administrativos que surgem secundariamente com a administração e se efetivam de acordo com as exigências do serviço público e com os interesses da comunidade.
28. Dentre os poderes administrativos figura, com especial destaque, o poder de polícia administrativa, que a Administração Pública exerce sobre todas as atividades e bens que afetam ou possam afetar a coletividade.
CONCEITO 
29. Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.
PODER DE POLÍCIA
(
CONDICIONAR E RESTRINGIR 
(
O USO E GOZO
(
DE BENS, DIREITOS INDIVIDUAIS E ATIVIDADES
30. O Pode de Polícia pode ser originário e delegado, sendo que aquele nasce com a entidade que o exerce e este provém de outra, através da transferência legal.
ATOS ADMINISTRATIVOSINTRODUÇÃO
1. A Administração Pública realiza sua função executiva por meio de atos jurídicos que recebem a denominação especial de atos administrativos que por sua natureza, conteúdo e forma se diferenciam dos que emanam do Legislativo (leis) e do Judiciário (sentença), quando desempenham suas atribuições especificas de legislação e de jurisdição.
2. Os atos administrativos são, principalmente, praticados pelo executivo 3 níveis de governo), muito embora as autoridades Judiciárias e as Mesas Legislativas restritivamente possam emitir atos administrativos.
3. Além das autoridades públicas, propriamente ditas, podem os dirigentes de autarquias, os administradores de entidades paraestatais e os executores de serviços delegados praticar atos que por sua natureza equiparam-se aos atos administrativos típicos.
CONCEITO
4. Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou, impor obrigações aos administrados ou a si própria.
Segundo a Lei Civil, é ato jurídico todo aquele que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.
REQUISITOS
5. O exame do ato administrativo revela nitidamente a exigência de cinco (5) requisitos necessários à sua formação
COMPETÊNCIA – FINALIDADE – FORMA – MOTIVO - OBJETO
que constituem a infraestrutura do ato administrativo, seja ele vinculado ou discricionário, simples ou complexo, de império ou de gestão.
classificação dos atos administrativos
6. Além destes, merecem apreciação, pelas implicações com a eficácia de certos atos, o mérito administrativo e o procedimento administrativo, elementos que, embora, não integrantes a sua contextura, concorrem para a formação de validade.
7. Sem a convergência desses elementos o ato não se aperfeiçoa, tornando-se inválido.
COMPETÊNCIA 
8. É a condição primeira de validade, nenhum ato pode ser realizado validamente, sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo (constitui-se no poder atribuído ao agente para desempenho específico de suas funções (atribuições – atividades), resultando da lei e por ela delimitado).
FINALIDADE 
9. O objeto do interesse público a atingir, indicado explicita ou implicitamente pela lei, é elemento vinculado de todo ato administrativo.
10. Caracteriza desvio de poder quando satisfazerem pretensões descoincidentes do interesse público ou quando não seguir o objetivo indicado na lei.
FORMA 
11. É o revestimento exteriorizador do ato administrativo, sendo requisito vinculado e imprescindível a sua perfeição.
12. A revogação ou a modificação do ato deve obedecer a mesma forma do ato originário.
MOTIVO (causa):
13. É a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo.
14. Pode ser expresso em lei, ou deixado ao critério do administrador. No primeiro é elemento vinculado; no segundo é discricionário quanto à sua existência e valoração.
OBJETO
15. Todo ato administrativo tem por escopo a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas a ação do Poder Público.
ATRIBUTOS
16. Os atos administrativos possuem as seguintes qualidades básicas:
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE
17. Todo ato administrativo nasce com esse atributo, independentemente de norma legal que o estabeleça.
18. Decorre do princípio da legalidade que informa toda a atuação governamental, além disso, responde a exigência de celeridade e segurança das atividades do Poder Público (o que deve realizar-se de forma concreta, direta e imediata) que não pode ficar na dependência de solução de impugnação, autorizando a imediata execução, permanecendo válido até a decisão contrária e, carreando ao impugnante o ônus da prova.
AUTOEXECUTORIEDADE
19. Consiste na possibilidade que certos atos administrativos ensejam imediata e direta execução pela própria administração, independentemente de ordem judicial.
20. Não pode a Administração bem desempenhar a sua missão de auto defesa dos interesses sociais, se, a todo o momento, encontrando natural resistência do particular, tivesse que recorrer ao Judiciário para remover a oposição individual a atuação pública.
21. Ao particular que se sentir ameaçado ou lesado pela execução do ato administrativo é que caberá pedir a proteção judicial para obstar a atividade da Administração contrária aos seus interesses, ou para haver da Fazenda Pública os eventuais prejuízos que tenha injustamente suportado.
IMPERATIVIDADE
22. É a qualidade pela qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de concordância.
23. É permissivo para o Poder Público editar provimento que se constituem unilateralmente em obrigações.
24. Não está presente em todos os atos, porém presente naqueles que consubstanciam um provimento ou uma ordem administrativa, obrigando o administrado ao seu cumprimento, sob pena de sujeitar-se à execução forçada.
MOTIVAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
25. A motivação dos atos administrativos se vem impondo dia a dia como uma exigência do direito público e da legalidade da atuação governamental.
26. No direito público, o que há de menos relevante é a vontade do administrador. Seus desejos, suas ambições, seus programas, seus atos não tem eficácia administrativa, nem validade jurídica se não estiverem alicerçados no direito e na lei. Não é a chancela que valida o ato e o torna respeitável e obrigatório.
27. É a legalidade a pedra de toque de todo ato administrativo.
28. Pela motivação, o administrador público justifica a sua ação administrativa, indicando os fatos que ensejam o ato e os preceitos jurídicos que autorizam a sua prática.
29. Quanto aos atos oriundos do Poder Discricionário, a justificação será dispensável, em tese, bastando evidenciar a competência para o exercício desse poder e a conformação do ato com o interesse público, que é pressuposto de todo atividade administrativa.
30. Quanto aos atos vinculados e especialmente nos que importem atividade de jurisdição (decisões administrativas), mais se acentua o dever de motivar, impondo a obrigação de demonstrar cabalmente a conformação da atividade com todos os pressupostos de direito e de fato que condicionam a eficácia e validade do ato.
31. A motivação, portanto, deve apontar a causa e os elementos determinantes da prática do ato administrativo, bem como o dispositivo legal em que se funda. Esses motivos afetam de tal maneira a eficácia do ato, dando ensejo à teoria dos motivos determinantes.
INVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
32. A invalidação do ato administrativo inconveniente, inoportuno, ilegítimo ou ilegal constitui tema de alto interesse, tanto para a Administração como para o Judiciário, vez que a ambos cabe, em determinadas circunstâncias, desfazer os que se revelarem inadequados aos fins visados pelo Poder Público ou contrários às normas legais que os regem.
33. O controle dos atos administrativos, pode ser:
33.1.		[] Interno: da própria administração;
33.2.		[] Externo: pelo Poder Judiciário
34. A faculdade da Administração é mais ampla, pois, pode desfazer os seus atos por considerações de mérito e de legalidade, ao passo que o Judiciário só pode invalidar quando ilegais.
35. Modos de desfazimento e seus efeitos:
35.1.		[] REVOGAÇÃO 
É o desfazimento por motivo de conveniência ou oportunidade da Administração, de um ato legítimo e eficaz por não mais convier a sai existência.
Funda-se no poder discricionário de que dispõe a Administração para rever a sua atividade interna e encaminhá-la a realização de seus fins específicos.
Os efeitos da revogação operam-se a partir do ato revogatório, sendo válidos, portanto, os efeitos produzidospelo ato até a sua revogação, quer quanto as partes, quer quanto a terceiros sujeitos aos seus efeitos e reflexos.
A revogação do ato administrativo pode gerar responsabilidade civil da administração.
A revogação é ato privativo da Administração.
35.2.		[] ANULAÇÃO
É a decretação de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria administração ou pelo Poder Judiciário.
A ilegalidade ou ilegitimidade, para fins de anulação, não se restringe somente à violação frontal da lei, abrangendo também o abuso, por excesso ou desvio de poder, ou por relegação dos princípios gerais de direito.
Pode ser praticada pela Administração e pelo Poder Judiciário.
Seus efeitos retroagem as suas origens invalidando as conseqüências passadas, presentes e futuras do ato anulado, ressalvando-se os terceiros de boa fé.
CONTRATO ADMINISTRATIVO
CONTRATO - PARTE GERAL
DEFINIÇÃO
1. É todo acordo de vontades, firmado livremente pelas partes, para criar direitos e obrigações recíprocas e equivalentes. 
2. Em princípio todo contrato é negócio jurídico bilateral e comutativo. 
COMUTATIVO: realizado entre pessoas que se obrigam a prestações mútuas e equivalentes em encargos e vantagens. 
PRESSUPOSTOS 
3. Os pressupostos do contrato administrativo são:
[] COMO PACTO CONSENSUAL: liberdade e capacidade jurídica das partes para se obrigarem validamente. 
[] COMO NEGÓCIO JURÍDICO: objeto lícito e forma prescrita ou não vedada em lei. 
4. A teoria dos contratos é a mesma tanto parara os contratos privados (civis e comerciais) como para os contratos públicos, de que é espécie o CONTRATO ADMINISTRATIVO. 
PRINCÍPIOS (CONTRATO PRIVADO E PÚBLICO): 
# O DA LEI ENTRE AS PARTES; 
# A OBSERVÂNCIA PELAS PARTES DO PACTUADO. 
5. No direito privado a liberdade de contratar é ampla e informal, salvo restrições da lei e as exigências especiais de forma para certos ajustes, ao passo que, no (direito público a Administração está sujeita a limitações de conteúdo e os requisitos formais rígidos, mas, em contrapartida, dispõe dos privilégios administrativos para a fixação e alteração das cláusulas de interesse público e até mesmo para por fim ao contrato em meio de sua execução).
CONTRATO ADMINISTRATIVO
6. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA utiliza a instituição do contrato, na sua pureza originária, quando realiza contratos privados e, contratos típicos, com as adaptações necessárias aos negócios públicos, regidos por normas e princípios do direito público, atuando o direito privado apenas supletivamente, jamais substituindo ou derrogando as regras privativas da Administração.
CONCEITO 
7. É o ajuste que a Administração Pública (direta e indireta), agindo nessa qualidade, firma com o particular ou outra entidade administrativa, para a consecução de objetivos de interesse público nas condições estabelecidas pela própria Administração. 
CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS 
# É SEMPRE
CONSENSUAL (acordo de vontades)
# EM REGRA: 
	FORMAL - (por escrito e com requisitos especiais)
ONEROSO - (remunerado na forma convencionada)
COMUTATIVO - (estabelece compensações recíprocas e equivalentes entre as partes)
“INTUITU PERSONAE” (deve ser realizado pelo próprio contratado, sendo vedado, em princípio, a sua substituição ou a transferência do ajuste).
TIPIFICAÇÃO E DISTINÇÃO 
8. A participação da Administração Pública na relação com supremacia de poder para fixar as condições iniciais do ajuste é que realmente tipifica o contrato público e o distingue do contrato privado. 
CLÁUSULAS EXORBITANTES 
9. Constitui privilégio administrativo na relação contratual decorre para a Administração da faculdade de impor as chamadas cláusulas exorbitantes do direito comum. 
10. Não é, portanto, o objeto, nem a finalidade pública, nem o interesse público que caracterizam o contrato administrativo, pois o objeto é normalmente idêntico ao do direito privado (obra, serviço, compra, alienação, locação) e a finalidade e o interesse público estão sempre presentes em quaisquer contratos da Administração, sejam públicos e privados, como pressupostos necessários de toda a atuação administrativa. 
11. É a participação, derrogando normas de direito privado e agindo pública e “utilitatis” causa, sob a égide do direito público, que tipifica o contrato administrativo. 
12. A Administração pode realizar contratos sob as normas exclusivas do direito privado em posição de igualdade com o particular contratante, como pode fazê-lo com supremacia do Poder Público. Em ambos os casos haverá interesse e finalidade públicos, como pressupostos do contrato, mas no primeiro caso o ajuste será de natureza privada e somente no segundo haverá contrato administrativo típico. Daí a necessária distinção entre contratos privados da Administração (compra de um edifício particular, venda de um bem público, etc.) e contratos administrativos propriamente ditos (contratos de serviços públicos, de obra pública e outros que versem atividades específicas da Administração). 
CLAÚSULAS EXORBITANTES 
DEFINIÇÃO
13. São as que excedem o direito comum para consignar uma vantagem ou uma restrição à Administração ou ao contratado. 
14. A cláusula exorbitante não seria lícita num contrato privado porque desigualaria as partes na execução do avençado, mas é absolutamente válida no contrato administrativo, desde que decorrente da lei ou dos princípios que regem a atividade administrativa, visando a estabelecer uma prerrogativa em favor de uma das partes para o perfeito atendimento do interesse público que se sobrepõe sempre aos interesses particulares. 
15. As principais são as que exteriorizam as seguintes possibilidades: 
15.1. 	ALTERAÇÃO E RESCISÃO UNILATERAL 
Peculiaridades inerentes à Administração que podem ser concretizadas ainda que não consignadas em cláusula contratual. 
O poder de modificação e rescisão unilateral do contato administrativo constitui preceito de ordem pública, impossível de ser renunciado previamente pela Administração. 
A MODIFICAÇÃO é a competência exclusiva das autoridades para organizar e administrar a obra só alcançando as denominadas cláusulas regulamentares ou de serviço (objeto do contrato e o modo de sua execução). 
A RESCISÃO é decorrente do princípio da continuidade do serviço público, que à Administração compete assegurar que pode ocorrer por inadimplência do contratado como por interesse público na cessação da normal execução do contrato.
Em ambos os casos exigem justa causa para o rompimento do ajuste, pois não é ato discricionário, mas vinculado aos motivos que as normas ou as cláusulas contratuais consignam como encenadoras desse excepcional distrato. 
Em resumo: é a variação do interesse público que autoriza a alteração do contrato e até mesmo a sua extinção, nos casos extremos em que a sua execução se torna inútil ou prejudicial à comunidade, ainda que sem culpa do contratante, restando ao contratado o direito restrito à composição dos prejuízos a que a alteração ou a rescisão unilateral do ajuste lhe acarretar. 
15.3.	EQUILÍBRIO FINANCEIRO 
É a relação estabelecida inicialmente pelas partes entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração para a justa remuneração do objeto do ajuste. 
A administração ao usar o direito de alteração contratual, unilateralmente, não pode violar o direito do contratante de ver mantido a equação financeira estabelecida, cabendo-lhe operar os necessários reajustes econômicos para o restabelecimento do equilíbrio financeiro. 
A Constituição Federal ao cuidar da concessão de serviço público estabelece que as tarifas devem assegurar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato, igualmente extensivo a todos os contratos administrativos. 
15.4.	REAJUSTAMENTO DE PREÇOS E TARIFAS 
O reajustamento contratual de preços e de tarifas é a medida convencionadapara evitar que, em razão das elevações do mercado, da desvalorização da moeda ou do aumento de salários no período de execução do contrato administrativo, venha a romper-se o equilíbrio financeiro do ajuste. 
15.5.	EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO 
Usualmente invocada nos ajustes de direito privado, não se aplica, em princípio, aos contratos administrativos típicos, quando a falta é da Administração. Esta, todavia, pode sempre argüir a exceção em seu favor, diante da inadimplência do particular contratado. 
Art. 476 do 
CC - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
Art. 477 do NCC - Se, depois de formalizado o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a parte, a quem incumbe fazer prestação em primeiro lugar, recusar-se a esta, até que a outra satisfaça a que lhe compete ou de garantia bastante de satisfazê-la. 
Ao contratante é vedada a utilização do preceito em virtude do princípio maior da continuidade do serviço público, que veda a paralisação da execução do contrato mesmo diante da omissão ou atraso da Administração no cumprimento das prestações a seu cargo. 
Nos contratos administrativos típicos a exceção é substituída pela subseqüente indenização dos prejuízos suportados pelo particular ou, ainda pela rescisão por culpa da Administração. O que não se admite é a paralisação sumária da execução, sob pena de inadimplência do particular contratado ensejadora da rescisão contratual unilateral. 
O rigor da inoponibilidade da “exceptio non adimpleti contractus” contra a Administração vem sendo atenuado pela doutrina, nos casos em que a inadimplência do Poder Público cria para o contratado um encargo extraordinário e insuportável, como, por exemplo, o atraso prolongado dos pagamentos, obrigando-o a verdadeiro financiamento, não previsto, do objeto do contrato. 
A lei 866/93 estabeleceu limites para a exceção do contrato não cumprido, visando impedir a eternidade do atraso no cumprimento de suas obrigações e assim forçando o contratado a um perfeito financiamento público. 
Art. 78 – Constituem motivo para a rescisão do contrato:
Art. 78, V - O atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcela destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada situação. 
15.6. 	CONTROLE DO CONTRATO
É um dos poderes inerentes à Administração e por isso implícito em toda contratação pública, dispensando cláusula expressa. 
Com efeito, desde que à Administração incumbe a realização de obras públicas e a prestação de serviços à coletividade, há de ter a correspondente prerrogativa de controlar os seus contratos e de adequá-los às exigências do momento, supervisionando, acompanhando e fiscalizando a sua execução e nela intervindo. 
A intervenção, como instrumento de controle do contrato administrativo é cabível sempre que, por incúria do contratado ou pela ocorrência de eventos estranhos ao contratante, sobrevêm retardamento ou paralisação da execução ou período de desvirtuamento ou perecimento do objeto do ajuste, com prejuízos atuais ou iminentes para a programação administrativa, para os usuários ou para o empreendimento contratado. Em tais casos é lícito à Administração assumir provisória ou definitivamente a execução do objeto do contrato com utilização dos materiais, pessoal e equipamentos do contratado, a serem posteriormente indenizados. 
15.7.	APLICAÇÃO DE PENALIDADES
Tal poder resulta do princípio da autoexecutoriedade dos atos administrativos, extensivos também aos contratos públicos. 
Ao contratar a Administração se reserva implicitamente a faculdade de aplicar as penalidades contratuais e as legais, ainda que não previstas expressamente no contrato, independentemente da prévia intervenção do Poder Judiciário, salvo para cobranças resistidas pelo particular contratado. Poder correlato é o de relevar penalidade motivadamente, quando conveniente para a Administração Pública.
Essas penalidades compreendem desde as advertências e multas até a rescisão unilateral do contrato, a suspensão provisória e a declaração de inidoneidade para licitar e contratar com a Administração. 
FORMALIZAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
16. Os contratos administrativos regem-se pelas normas especiais de cada entidade estatal e pelos preceitos gerais do direito público, sujeitando-se supletivamente às disposições cabíveis do direito privado. 
INSTRUMENTO E CONTEÚDO
# INSTRUMENTO
17. É em regra, termo em livro próprio da repartição contratante, ou escritura pública nos caos exigidos em lei (ex. os relativos a direitos reais sobre imóveis). 
18. Além do termo de contrato, obrigatório nos caos que exigem concorrência, os ajustes administrativos podem ser formalizados mediante outros documentos hábeis, tais como carta - contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra e ordem serviço. Todos esses são também chamados instrumentos de contrato administrativo e instrumentos bilaterais, porque expedidos pela Administração e aceitos pela outra parte, expressa ou tacitamente, para a formalização de ajuste. 
PUBLICAÇÃO
19. Necessária a publicação, podendo ser resumida (partes, objeto e valor do ajuste) cabendo a qualquer interessado obter cópia autêntica do contrato ou certidão, exceto àqueles que não podem ser publicados (os contratos sigilosos, assim declarados pela autoridade competente, por expressa vedação legal). 
O contrato administrativo, regularmente publicado, dispensa testemunhas e registro em cartório, pois como todo ato administrativo, traz em si a presunção de legitimidade e vale contra terceiros desde a sua publicação. 
# CONTEÚDO
20. É a vontade das partes expressa no momento de sua formalização. Daí a necessidade de cláusulas que fixem com fidelidade o objeto do ajuste e definam com precisão os direitos, obrigações, encargos dos contratantes, em conformidade com o edital e as proposta vencedora. No caso de dispensa de licitação, o conteúdo do contrato deve ater-se ao despacho que autorizou a sua realização e à proposta do contratado. 
Integram o contrato também o edital, o projeto com suas especificações, memoriais, cálculos, planilhas, cronogramas e demais elementos pertinentes, e completam-no, ainda que não expressas em suas cláusulas, as disposições de leis, regulamentos, caderno de encargos da repartição contratante e normas técnicas oficiais concernentes ao seu objeto. 
21. Todo contrato possui:
21.1. CLÁUSULAS ESSENCIAIS OU NECESSÁRIAS: As que fixam o objeto do ajuste e estabelecem as condições fundamentais para a sua execução, sob pena de nulidade. De modo Geral são as que definem o objeto e seus elementos característicos; estabelecem o regime da execução da obra ou serviço, ou a modalidade do fornecimento; fixa o preço, as condições de pagamento e, quando for o caso, os critérios de reajustamento, etc.
21.2. CLÁUSULAS ACESSÓRIAS OU SECUNDÁRIAS: As que esclarecem a vontade das partes, para melhor entendimento do avençado.
Observe-se, que em todo contrato administrativo estão presentes também as denominadas cláusulas implícitas que, por serem da própria natureza dos ajustes públicos, consideram-se existentes mesmo que não escritas, tais como a que permite a alteração unilateral por conveniência do serviço, desde que mantido o equilíbrio financeiro.
GARANTIAS
22. As leis administrativas facultam à Administração a exigência de garantias, a fim de assegurar a execução do contrato. 
modalidades: caução, fiança bancária, seguro-garantia. 
EXECUÇÃO DO CONTRATO