Buscar

Competência no Processo Civil: Conceito e Distribuição

Prévia do material em texto

COMPETÊNCIA NO PROCESSO CIVIL
1 – Conceito e distribuição
 As normas podem estar presentes de 4 maneiras:
- normas constitucionais (102, cf) competência do STF, STJ
- normas legais (42-53, ncpc) como eu sei onde eu vou propor ação de alimentos? O novo código de processo civil me diz
- normas regimentais → regimento interno, cada tribunal tem as suas regras de organização prática, diferente do TRPA e no STJ E STF, como eu vou saber que a minha causa vai pra uma ou pra outra? As normas do regimento interno me dizem isso
- normas negociais (cláusula de eleição de foro, uma parte do contrato que diz onde, em qual local, a causa vai tramitar): possibilidade das partes definirem onde vai ser solucionado o conflito antes mesmo que ele exista
* Vácuo de competência? Não existe, não há nenhuma causa que não tenha competência definida. Quando isso acontece eu tenho que especificar qual vara vai cuidar daquele tema.
Distribuição: a petição judicial é aleatoriamente distribuída para várias varas competentes.
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO
2 – Perpetuatio Jurisdictionis – art. 43, NCPC “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.”
→ Princípio da Perpetuação da Jurisdição: Quando for determinado que uma causa será tratada em determinada vara cível, isso só será tratado lá. Não especificamente para um juiz, mas sim no órgão determinado, no juízo. Um outro juiz pode realizar o serviço se houver substituição.
Quando a causa é distribuída, serão irrelevantes quaisquer tipos de alterações de fato e de direito, vai ser sempre aquele órgão que vai ser competente pra julgar.
obs: se a vara for extinta, a causa vai ter que ser redistribuída, isso não é dado pela vontade das partes, mas sim porque o órgão deixou de existir ; se houver mudança da competência da vara é redistribuído também (ex: se uma vara de família deixa de ser de família e se torna outro tipo, vai ter que ser redistribuído pois não se trata mais de assuntos de família naquele órgão)
→ Competência por Distribuição (art. 93/cf ; 284,285 /ncpc)
* Juiz (profissional) ≠ Juízo (vara cível, órgão, vinculado à causa)
Isso é feito de forma aleatória para garantir que não haja privilégios para uma pessoa que queira ser julgada por determinado juiz em determinada causa. 
Se eu entro com uma causa consumerista e me mudo, ela fica na cidade que entrei. São coisas muito específicas que autorizam a mudança de órgão. 
3 -Classificação de Competência 
	a) Originária e Derivada
Originária: atribuída ao órgão para conhecer a causa originariamente
Derivada: é aquela que comete ao órgão que vai julgar o recurso que foram propostos
	b) Foro e Juízo
Foro: local, no foro da comarca de Belém existem 13 varas cíveis empresariais do estado
Juízo: órgão, 1ª vara cível, 2ª vara cível
	c) Relativa e Absoluta
Absoluta: interesse público; a incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer momento (falha da distribuição de competência) e por qualquer pessoa envolvida no processo;
Relativa: interesse privado; a incompetência relativa só pode ser arguida pelo réu na sua defesa sob pena de preclusão (perda da possibilidade de praticar o ato), ou seja, o réu deve apontar que há uma situação de incompetência relativa na sua defesa, se não for alegado no início do processo ocorre a prorrogação da competência (o juízo que era incompetente passa a ser o juízo certo);
→ Principais Diferenças
	I) alegação
	II) alteração pela vontade das partes → prorrogação de competência, em casos de competência relativa, negócio jurídico processual pode tranquilamente alterar quando a competência é relativa
	III) hipóteses
	Absoluta → matéria (família, contratos, etc); pessoa; função 
	 Relativa → territorial (local do foro), valor da causa*
* juizado especial: tem competência pra tratar causa de até 40 salários mínimos. quando a causa está acima do teto, ela se torna absoluta, pois o órgão é relativamente incompetente para julgar causas desse valor. Se o valor da causa for abaixo do limite ela é relativa pois se enquadra nos padrões de valor da causa, nesse caso a escolha é de quem vai entrar com a ação, pode ser tanto em justiça comum quanto no juizado especial cível.
4 – Competência Internacional – art. 21 a 25/ NCPC: visa delimitar o espaço em que deve atuar a jurisdição, orienta a distribuição da competência internacional. A competência internacional brasileira diz quais causas que deverão ser conhecidas e decididas pela justiça brasileira. Estipula-se um limitação espacial da jurisdição. 
	a) Competência Concorrente – art. 21 e 22 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Significa dizer que tanto o juiz brasileiro quanto o estrangeiro têm competência para o julgamento do processo, passando por uma análise de regras de competência no país estrangeiro. Pois se for impossível que seja julgado o caso no estrangeiro pelas suas regras de competência, ela acaba sendo exclusiva do juiz brasileiro. 
Para que a sentença estrangeira possa gerar efeitos em território nacional deve ser feita a homologação da jurisdição estrangeira. Quando a decisão vem para o país, ela já é válida, mas o STJ deve homologar essa decisão, verificar se foi deferida por autoridade competente, se não fere coisa julgada brasileira (art. 963)
	b) Competência Exclusiva – art. 23
Aqui no caso a causa será julgada exclusivamente por tribunal brasileiro, uma sentença proferida em tribunal estrangeiro não tem qualquer efeito no território brasileiro. Não tem como homologá-la no Brasil. O Brasil não pode aceitar aquela ordem. Questão de inventário: John vive nos EUA, e tem bens aqui no Brasil, John morreu, seus filhos entram com ação de inventário nos EUA pra saber pra quem vai as heranças, o Brasil não aceita essa ordem estrangeira de sucessão hereditária, então não se cumpre a decisão feita nos EUA. 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
	c) Litispendência Internacional – art. 24
* é conflito entre decisões. Não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro em âmbito interestadual. É aceita no brasil no artigo 24 se for internacional. Não existe conflito entre decisão internacional e nacional da mesma causa. Não tem consequências negativas disso, pode ter uma ação de alimentos tramitando tanto no Brasil quanto na França ao mesmo tempo, a primeira que sair será cumprida.
Art. 24.  A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Parágrafo único.  A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
5 – Roteiro para identificar o juízo competente:
1 – Se o Brasil é competente para julgar a causa
2 – Se for, se é caso de competência originária de Tribunal ou de órgão jurisdicional atípico
3 – Se não for o caso, verificar seé justiça especial ou comum. 
4 – Se for comum, é estadual ou federal?
5 – Se for estadual, deve-se procurar qual o foro competente, segundo os critérios do cpc
6 – Determinado o foro competente, verifica-se o juízo competente (local)
6 – Foros Concorrentes
- fórum shopping: a escolha do foro é feita pelo demandante, ele deve escolher o foro dentre aqueles competentes. 
- boa fé VS escolha do autor: o problema aqui é conciliar entre o foro que é de preferência de uma das partes com a proteção da boa fé, essa escolha não pode ficar imune à vedação do abuso do direito. (o juiz também pode evitar julgar causas em que não se fosse o juízo mais adequado, em razão do direito dos fatos debatidos, em dificuldades de defesa do réu)
7 – Critérios Para Distribuição De Competência
	A) Critério Objetivo: leva em conta os aspectos da demanda: partes, pedido e causa de pedir (fatos e fundamentos jurídicos que justificam o motivo). Sempre em razão de algo:
- em razão da pessoa: das partes, de quem é autor e réu. Essas pessoas tem direito a uma jurisdição diferenciada por algum motivo. Por ex: foro privilegiado em casos de fazenda pública, isso é julgado em uma jurisdição especial.
- em razão da matéria: civil, empresarial, agrária, etc. Cada um possui uma vara específica para julgamentos (por exemplo a de contratos se dá em uma vara empresarial). O conteúdo da causa tem profunda relação com a competência
- em razão do valor da causa * (obs lá em cima): o valor define o ingresso em juizados especiais. Dependendo do valor da causa, ela será julgada somente em juizado especial, pois o juizado especial possui um limite mínimo de valor que estabelece que causas serão distribuídas pra lá.
	B) Critério Funcional
- graus de jurisdição: originária e recursal → dependendo da função do órgão, cada um pode ter uma função específica na causa, dependendo da causa, o tribunal muda de função (originária ou recursal; julga a causa no início ou só quando eu recorro)
* em casos concretos deve verificar-se: alguma parte é especial? A matéria é qual? Qual o valor da causa? Qual o órgão? Dentro desses critérios vai se definindo onde vai ser julgada essa causa. 
- fases do processo: conhecimento e execução → conhecimento: é o acertamento de direito, quem tá certo e quem tá errado, mas não é só nessa fase que se encerra o processo, já que depois de definido isso eu tenho que verificar se as pessoas vão cumprir com o que foi decidido ; execução: fase de cumprimento de sentença, efetiva verificação se houve pagamento em um caso de pensão alimentícia por exemplo. Dependendo da função a competência pode ser diferente, normalmente é a mesma, mas pode mudar porque existem essas diferenças de competência. 
	C) Critério Territorial → art. 46-53 NCPC
- lugar onde a causa vai ser proposta, depende do local das partes, tem regras previstas no CPC. Já que a competência é relativa, quando se propor, se não for apontado o erro por uma das partes acontece prorrogação de competência. Normalmente se dá sempre no lugar onde ocorreu o conflito. * casos de difamação pela internet: é onde for feito a ação inicial, já que a internet não é um lugar físico.
8 – Critérios De Modificação De Competência
* Não há modificação de competência absoluta: não são aplicados aqui, já que a competência absoluta não tem relação com função, matéria ou pessoa, se por ventura houver uma extinção de juízo ou reorganização de competência daquele foro específico, é possível que aconteça, mas aí é relação da perpetuação da jurisdição. Isso se aplica majoritariamente pra competência relativa em função do local. 
	a) Foro de Eleição – art. 63, NCPC: por eleição das partes: foro de eleição e não alegação de incompetência relativa. Cláusula de eleição de foro (art. 63 cpc) as partes podem eleger o foro onde será proposta a ação oriunda de direitos e deveres, vale mesmo em casos de imóveis em outro local (Ananindeua) onde a causa seria resolvida em um foro muito longe do local de domicílio das partes (Belém), se eles fizerem uma clausula de eleição de foro modificando esse local a questão poderá ser resolvida em Belém. Eu estou elegendo o foro e tenho a possibilidade de fazê-lo, porque é uma questão de competência relativa territorial e que está dentro das regras previstas dentro do código de processo. Não tem possibilidade de mudar o foro em caso de matéria (uma questão civil não pode ser tratada num foro de fazenda pela vontade das partes pq não tem nada a ver). Essa clausula tem que ser escrita e é possível que seja considerada abusiva por gerar uma dificuldade excessiva para o acesso à justiça (acontece muito em causas de consumo, a pessoa que mora no interior e faz faculdade na cidade, se ela tiver que se locomover até a cidade é possível alegar esse abuso) é importante frisar que nesses casos a cláusula não é absoluta.
	b) Não Alegação De Incompetência Relativa: importante lembrar que a incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer momento - inclusive de ofício, ou seja o juiz pode alegar sem provocação - a competência absoluta não pode ser prorrogada, no momento que isso é percebido eu modifico o juízo, ou seja, ter uma causa civil em uma vara penal é algo grave, muito mais grave do que propor a causa num foro errado que o juiz podia julgar aquela causa. 
A incompetência relativa pode ser alegada em momento específico, em preliminar de contestação, no início da causa, se não for alegada nesse momento, ocorre prorrogação da competência, ou seja, o juízo de Belém que inicialmente não era competente se torna competente para julgar aquela causa, ele passa a ser o juízo certo, se eu alegar posteriormente que tá errado o juiz não pode mais fazer nada porque passou o prazo, o não reconhecimento desse erro no começo muda a competência relativa. Não importa se a pessoa nao alegou porque quis ou porque esqueceu, porque vai ser prorrogada do mesmo jeito. 
c) conexão e continência – art. 55 e 56, NCPC: isso é feito por modificação legal, são relações de semelhança, de proximidade entre causas/ações diferentes. 
Os processos de ação conexa serão reunidas para cumulação conjunta. as causas são semelhantes, eu posso alterar a competência verificada essa semelhança, eu pego uma causa e remeto de uma causa pra outra, porque elas são conexas Continência o pedido de uma é mais ampla que a outra, um pedido é maior que o outro, então ele engloba o outro, justamente por ser mais amplo que o outro, é uma hipótesge de continência.
Isso afeta de forma clara o juizo que vai julgar as causas.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
9 – Conflito de Competência 
Conflito positivo é quando dois juízos dizem que são competentes, dificilmente isso acontece porque o juiz quer ter menos trabalho. 
O que normalmente acontece é um conflito negativo de competência, um juiz trabalhista entende que é civil e o juiz civil acha que é trabalhista, os dois se julgam incompetentes. Quando isso acontece, alguém tem que decidir qual juízo será o correto para julgar a causa (art. 66) quem vai decidir qual juízo é competente? o conflito de competência sempre será julgado por um tribunal, dependendo da decisão, será dada pelo STF, STJ ou TJ/TRF. Se for estadual vai ser julgada pelo TJ, se for federal, pelo TRF. O tribunal que vai julgar é aqueleque tem poder sobre os órgãos que estão discutindo essa competência, é o que está acima na ordem hierárquica do poder judiciário, sempre o mais próximo deles dois. Se o conflito for entre uma vara estadual e uma vara federal, quem julga a causa é o STJ, porque ele manda nos dois, quem decide o conflito nessa situação vai ser quem julgar os dois. Eu tenho que poder mandar naqueles tribunais pra poder determinar quem é competente e quem não é. 
10 – Competência da justiça federal - art. 109, CF
Tribunal Regional Federal, me refiro aos juízes de primeiro grau
12 – Competência do TRF -art. 108, CF
competência originária do TRF
^ nesses dois casos a constituição vai definir, tem que ler os artigos pra saber que tipo de causa é julgada por essas competências.

Continue navegando