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Psicologia da Educação
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Pascoal Ferrari
Profa. Dra. Rosana Tosi Costa
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Renan de Almeida Sargiani
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
• Introdução
• Diferenciando Educação de Escolarização
• Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem
• Planejamento de Atividades e Avaliação de Aprendizagem
• Alfabetização 
• Educação Matemática
• Educação Infantil e Ensino Fundamental
• Educação de Jovens e Adultos
• Diversidade e Necessidades Educativas Especiais
• Fatores Motivacionais nos Processos Educativos
• O Impacto das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) na 
Área Educacional
• Considerações Finais
 · Discutir as principais contribuições da Psicologia da Educação para 
os processos educativos, apresentando subsídios para importantes 
tópicos em Educação, tais como: alfabetização; dificuldades e distúr-
bios de aprendizagem; necessidades educativas especiais e Educa-
ção Infantil.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Contribuições da Psicologia da Educação 
aos Processos Educativos
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
Introdução
Dando continuidade ao estudo da Psicologia da Educação, vamos discutir, 
nesta Unidade, as principais contribuições da área para tópicos importantes em 
Educação. Por essa razão, a unidade funcionará como uma espécie de guia para 
que você possa expandir seus estudos de acordo com seus próprios interesses e 
necessidades pessoais. 
Você encontrará aqui uma síntese das principais contribuições e discussões da 
Psicologia da Educação em cada um desses grandes tópicos, com sugestões para 
aprofundar seus estudos caso seja um tema que lhe interesse mais. 
Nosso objetivo não é esgotar nenhuma temática em profundidade, mas sim, lançar 
luz sobre as diferentes possibilidades de campos de atuação da Psicologia da Educação.
Diferenciando Educação de Escolarização
Como você deve se lembrar, nós definimos a Psicologia da Educação como uma 
Disciplina-ponte entre a Psicologia e a Educação, que se ocupa do estudo científico 
dos processos de ensino e de aprendizagem, seja em ambientes formais (Escola), 
seja em ambientes informais (na família, na comunidade etc.). Isso significa que a 
Psicologia da Educação não se ocupa só da aprendizagem que ocorre nas escolas. 
Assim, para iniciar esta Unidade, nós precisamos fazer uma diferenciação muito 
importante entre dois conceitos que parecem ser iguais, mas que na verdade são 
bastante diferentes: Educação e Escolarização. 
Se você se lembra de nossa discussão na Unidade 1, a Psicologia da Educação 
já foi vista como a “rainha das Ciências da Educação”, entendida como uma 
“grande salvadora” da Educação, pois, ao utilizar um método científico, poderia 
beneficiar significativamente os processos educativos. Contudo, com o passar dos 
anos, foi-se percebendo que os fenômenos educativos são muito mais complexos e 
demandam abordagens multidisciplinares, não podendo ser esgotados apenas por 
uma Disciplina científica. 
Da mesma forma, a Educação também tem sido vista, atualmente, como um 
“espaço de salvação”, como se tudo pudesse ser resolvido ou melhorado apenas 
pela Educação. 
Como discute Cortella (2014), isso faz com que as instituições escolares tenham 
que cada vez mais dar conta de uma infinidade de Disciplinas e temas considerados 
importantes por pais, educadores, cientistas, políticos, e tudo em apenas poucas 
horas de aulas diárias.
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Para Cortella (2014), isso é fruto de uma confusão entre os termos Educação 
e Escolarização. A Escolarização é apenas uma parte da Educação; refere-se ao 
Ensino Escolar que ocorre em ambientes culturalmente escolhidos e determinados 
chamados de Escolas, Ginásios, Liceus, Faculdades, Universidades. 
A Escolarização depende de métodos e teorias e é pautada por um currículo 
planejado, que inclui Disciplinas que são escolhidas por serem importantes para a 
formação escolar. 
O que é importante de ser ensinado pode variar historicamente, já que o que é 
relevante em um determinado momento histórico pode não ser em outro. Pense 
por exemplo, na utilidade de se aprender Datilografia nos dias atuais. Será que 
seria uma habilidade realmente importante?
Os conteúdos também podem variar regional ou localmente, por exemplo, de 
acordo com as decisões, influência e preferências da equipe escolar, dos municípios, 
de estados e do país. 
Existe uma velha história de que certa vez um grupo de brilhantes jovens 
indígenas foi convidado a estudar em uma cidade grande. Quando retornaram, todos 
estavam letrados e com formações em Ensino Superior, tais como, Engenheiros e 
Advogados. O pajé, então, perguntou a eles se sabiam pescar, caçar e plantar, mas 
nenhum deles tinha aprendido essas habilidades. O pajé, então, disse que podiam 
ir embora, pois eles não tinham mais utilidade na tribo.
Moral da história: o que é culturalmente valorizado e necessário em um determinado 
local – para um grupo de pessoas – pode não ser para outro. Por essa razão, os cur-
rículos e os conteúdos usados na Escolarização sofrem essa infl uência histórica e social.
Educar é um processo mais amplo, que inclui a aquisição de valores, hábitos, 
costumes e atitudes de uma comunidade e que vão passando de uma geração 
para a outra por meio de situações presenciadas e experienciadas pelos indivíduos 
ao longo de sua vida. Por isso a Educação ocorre na Escola também, mas não 
majoritariamente, pois acaba sendo papel das famílias. Nem sempre é necessário o 
uso de métodos de ensino para Educar; a experiência com as situações concretas 
guia a aprendizagem.
Para Cortella (2014), um grande problema atual na Educação é justamente 
distinguir o que deve ser ensinado nas escolas e o que não deve ser ensinado, ou 
seja, o que é dever das famílias. 
Nos últimos 30 anos, a Escola se ocupoucada vez mais de uma série de 
ocupações das quais ela não dá conta e nunca dará. Todos os conteúdos parecem 
importantes e necessários e por essa razão não é possível dar conta de todos 
eles. Fenômeno parecido com o que aconteceu com a Psicologia da Educação na 
década de 1950, quando, ao tentar abarcar todos os temas da Educação, acabou 
perdendo sua identidade e tendo de se reformular. 
9
UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
Cortella aponta que os adultos, nas últimas décadas, passaram a se ausentar da 
convivência com as crianças e de sua educação, seja pelo excesso de trabalho, seja 
pela distância física, seja pela falta de paciência, delegando cada vez mais à Escola 
a responsabilidade pela Educação global das crianças. 
A Escola ficou com todas as tarefas de Educação, não sobrando muito espaço 
para o que de fato seria a Escolarização. Para Cortella, uma das possíveis soluções 
é a família resgatar o seu papel na Educação.
Assista ao vídeo do filósofo e educador Mario Sérgio Cortella discutindo a diferença entre 
Educação e Escolarização para ampliar essa discussão: https://youtu.be/FNEN3eJ8_BU
Ex
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A Psicologia da Educação contribui nessa discussão, vez que compreende a 
Educação e a Escolarização como coisas distintas, mas complementares. 
Afinal, em nossas sociedades modernas, todas as crianças passam ora ou outra 
por um processo de Escolarização. Assim, a Psicologia da Educação contribui 
para a Escolarização com o desenvolvimento de métodos e práticas de ensino, 
planejamento de currículos e formação de professores. 
Por outro lado, contribui também para a Educação de modo mais amplo, ao 
discutir sobre como as pessoas aprendem em ambientes fora da Escola, sobre 
a aprendizagem implícita - ou seja, sem a necessidade de ensino, sobre como 
valores, atitudes e costumes se modificam histórica e culturalmente e influenciam 
a formação completa dos seres humanos, incluindo aspectos físicos, cognitivos, 
afetivos e morais, e sobre estilos educativos parentais.
Importante!
O objeto de estudo da Psicologia da Educação é a aprendizagem e o ensino, mas não 
apenas a aprendizagem que acontece no processo de Escolarização, ou seja, de ensino 
formal nos ambientes escolares, mas sim de toda e qualquer aprendizagem que inclui a 
Escola, mas não se limita a ela, como, por exemplo, a Educação familiar. 
Em Síntese
Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem
Você já deve ter percebido que falamos sobre aprendizagem a todo momento, 
nesta Disciplina, mas ainda não definimos esse conceito. O que acontece é que 
nós podemos entender o que significa aprendizagem sem saber como defini-la, 
justamente porque esse conceito está diluído em nossa vida cotidiana. É o que 
chamamos de psicologia do senso comum, ou seja, todo mundo tem uma ideia 
geral sobre o que significa aprendizagem, pois já ouvimos sobre isso em diversos 
contextos, por exemplo: “aprender a andar”, “dificuldades de aprendizagem”, 
“aprender a falar”, “eu aprendi com a vida”, “aprendizagem de matemática”...
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Contudo, aqui estamos falando do conceito de aprendizagem para a Psicologia da 
Educação e, assim, precisamos defini-la conceito cientificamente. É necessário que, 
nesta Disciplina, nós tenhamos uma definição clara sobre o que é aprendizagem. 
O conceito de aprendizagem é tão importante, que diversos teóricos ofereceram 
definições, proposições, e evidências distintas sobre a aprendizagem.
Por isso, posteriormente, você irá ver as diferentes concepções teóricas sobre 
aprendizagem e suas implicações para os processos educativos. Por hora, daremos 
apenas uma definição mais abrangente.
Aprendizagem: é um processo psicológico que produz uma modifi cação relativamente 
estável no organismo como resultado da experiência. Isso signifi ca que aprender é adquirir, 
modifi car ou consolidar conhecimentos, comportamentos, habilidades, crenças, valores ou 
preferências por meio da interação entre o indivíduo e o meio físico e cultural. 
Ex
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Essas aquisições têm duração em nossas vidas; algumas vezes aprendemos algo 
para a vida toda, como o nosso nome, e outras vezes podemos nos esquecer de algo 
já aprendido, como um número de telefone que não usamos mais. O importante é que 
o que aprendemos é fruto da nossa experiência e tem uma duração em nossas vidas.
Importante!
Para a Psicologia, os conceitos de aprendizagem, desenvolvimento e maturação são 
diferentes teórica e praticamente. Embora todos impliquem mudanças progressivas nas 
habilidades e conhecimentos, a aprendizagem depende mais das experiências práticas, 
ou seja, da interação com o meio. Enquanto o desenvolvimento é entendido como as 
mudanças na complexidade de funções e habilidades de uma pessoa, que dependem 
mais do tempo e de sua genética. Por exemplo, embora você possa aprender a pilotar 
um avião para voar, jamais irá desenvolver asas; mesmo assim, com o tempo, você irá 
desenvolver melhor suas habilidades de piloto. O conceito de maturação é mais atrelado 
ao conceito de desenvolvimento e às ideias biológicas de que leva tempo até que se 
atinja o máximo potencial de desenvolvimento de estruturas físicas, como o cérebro e 
os ossos. Existem várias discussões teóricas sobre esses conceitos, como veremos nas 
próximas unidades.
Importante!
É importante entender que a Aprendizagem, assim como a Educação, também 
não é sinônimo de Escolarização. Quando se fala em Aprendizagem, geralmente 
associamos o termo à Escola, mas a Aprendizagem não ocorre apenas nesse 
contexto, e sim em todos os ambientes em que estamos inseridos. 
Na Escola, ocorre o processo de Escolarização, no qual os professores utilizam 
teorias e métodos de ensino para guiar a Aprendizagem dos alunos. O processo 
de escolarização promove, essencialmente, a aprendizagem de conteúdos formais 
como Ciências, Literatura e Matemática por meio de métodos de ensino; isso é o 
que chamamos de Aprendizagem Formal.
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
No entanto, nós aprendemos em todos os lugares e a todos os momentos; por 
exemplo, aprendemos o caminho de casa, o nome de pessoas, aprendemos a andar, 
aprendemos a atravessar a rua. Quando aprendemos em situações não planejadas 
por alguém, chamamos isso de aprendizagem informal, incidental ou espontânea. 
Quem aprende, aprende alguma coisa. Por isso é preciso sempre especificar do 
que se trata a aprendizagem; por exemplo, não é possível dizer que uma criança 
tem dificuldades de aprendizagem de modo geral e inespecífico. É necessário 
dizer a que se refere à dificuldade de aprender (por exemplo: aprender conteúdos 
escolares, aprender Geografia, aprender a ler), pois todos podemos aprender algo; 
algumas coisas com mais facilidades, outras com menos, mas todo mundo é capaz 
de aprender, desde que lhe sejam dadas condições apropriadas de ensino! 
Uma criança pode ter dificuldades de aprendizagem de conteúdos escolares, mas ter sucesso 
em outras habilidades importantes que não foram aprendidas na Escola, mas sim de outras 
formas. No livro Na vida 10 na escola Zero, os autores Carraher, Nunes & Schliemann 
(1996) mostram exemplos interessantes sobre como, muitas vezes, entre os alunos que 
não aprendem Matemática na aula estão crianças que usam a Matemática na vida diária, 
vendendo em feiras ou calculando e repartindo lucros.
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As dificuldades de aprendizagem de conteúdos escolares podem, portanto, 
indicar problemas de outra ordem, como problemas nos métodos de ensino ou no 
ambiente escolar. 
Até meados dos anos 1980, houve grande culpabilização das crianças por suas 
dificuldades de aprendizagem. A Psicologia teve papel significativo nisso, com o uso 
inapropriado de testes psicológicos, que eram apenas traduzidos, sem considerar a 
necessidade de adaptação à nossa cultura.Muitas críticas surgidas desde então fizeram com que a Psicologia da Educação 
caminhasse e revisse esses problemas e por isso, hoje, o olhar da Psicologia para 
as dificuldades de Aprendizagem não é buscando encontrar problemas na criança, 
mas, sim, entender de modo mais completo quais são os componentes das relações 
ensino-aprendizagem que podem estar na origem e manutenção das dificuldades 
de Aprendizagem. 
Importante!
Atualmente, os testes psicológicos seguem rigorosos procedimentos de adaptação e 
validação e são avaliados pelo Conselho Federal de Psicologia para serem utilizados 
por psicólogos, sendo portanto, importantes ferramentas que contribuem para o 
entendimento das dificuldades de Aprendizagem. 
Importante!
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É sempre importante questionar todos os aspectos envolvidos nos processos 
educativos antes de dizer que alguém tem dificuldades de aprendizagem. Não se 
deve confundir dificuldades de aprendizagem, que são mais pontuais e temporárias 
– geralmente são sanadas mais facilmente mudando-se os métodos de ensino – 
com distúrbios de aprendizagem. 
Os distúrbios de aprendizagem são problemas mais complexos que afetam 
a capacidade geral ou específica da criança de receber, processar, analisar ou 
armazenar informações. Assim, os distúrbios são mais duradores e podem dificultar 
diversos aspectos da vida das crianças, incluindo a aquisição de habilidades como 
leitura, escrita e resolução de problemas matemáticos. Alguns desses distúrbios 
mais comuns são a dislexia (de leitura), a disgrafia (de escrita), a discalculia (de 
Matemática), o transtorno de atenção e hiperatividade (TDAH). 
Importante!
Os distúrbios ou transtornos de aprendizagem não são tão comuns quanto as pessoas 
pensam. É preciso muita investigação e descartar outras hipóteses, principalmente, dos 
métodos de ensino, antes de se pensar que uma criança tem algum desses transtornos. 
Muitas vezes, trata-se apenas de difi culdades de aprendizagem devido a problemas 
pontuais, como os métodos de ensino ou alguma situação de estresse temporária. 
Importante!
Uma professora de Educação Infantil chama um psicólogo da Educação para avaliar a sua 
turma, pois acredita que há muitas crianças com transtorno de atenção e hiperatividade. 
Segundo ela, as crianças não “param um minuto, fi cam brincando e se mexendo o tempo 
todo”. O psicólogo chega até a sala de aula para uma visita e encontra um espaço bastante 
colorido, com muitos desenhos da Disney nas paredes, brinquedos espalhados pelo chão e 
uma das paredes da sala é toda de vidro “para dar mais sensação de liberdade e claridade para 
a sala de aula” segundo a professora. O psicólogo nota que a parede de vidro é na verdade 
uma divisória entre a sala de aula e o playground e as crianças tem apenas 4 anos de idade. 
O que você acha? As crianças dessa professora têm transtorno de atenção e hiperatividade? 
Crianças de 4 anos tem um limiar de atenção menor e o excesso de estímulos pode deixá-las 
ainda mais inquietas. Como você responderia para essa professora? Quais seriam as suas 
sugestões? Pense também em outras situações educacionais em que você acredita que o 
contexto educacional pode infl uenciar negativamente nos processos educativos.
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
Planejamento de Atividades e 
Avaliação de Aprendizagem
Diversos teóricos da Psicologia da Educação tem contribuído para o planeja-
mento de atividades, sequências didáticas e currículos e também para a avaliação 
de aprendizagem. Algumas das propostas mais gerais seguem a ideia de que nós 
devemos sempre organizar o que deve ser ensinado de modo que seja do mais 
simples para o mais complexo. 
Skinner, por exemplo, chama esse procedimento de modelagem, no qual um 
atividade mais simples é apresentada até que o aprendiz consiga dominá-la e possa 
passar para uma mais complexa (SKINNER, 2003). 
É como quando uma criança está aprendendo a falar e pede água. Primeiro ela 
pode falar “aaah” e a mãe atende dando água, mas aos poucos a mãe vai exigindo 
mais para dar a água, fazendo com que a criança produza formas mais complexas 
como “agaaa” e assim por diante, até que a criança possa falar “eu quero um copo 
de água”. Os conteúdos escolares também devem ser planejados em sequências 
lógicas e com dificuldade crescente. 
Outros autores, como Bruner, propuseram a ideia de currículo em espiral, no 
qual os conteúdos que são apresentados inicialmente são mais simples e devem ser 
ensinados até que o aprendiz domine esse conteúdo; depois, o mesmo conteúdo é 
ensinado em um nível de complexidade maior e com mais informações, permitindo 
revisões e reformulações conceituais.
Esse processo é sempre repetido com o aumento no nível de detalhamento, até 
que o aprendiz domine o assunto. “Um currículo, à medida que se desenvolve, deve 
voltar repetidas vezes a essas ideias básicas, elaborando e reelaborando-as, até 
que o aluno tenha captado inteiramente a sua completa formulação sistemática” 
(BRUNER, 1973, p.12). 
David Ausubel também contribui com as ideias de ancoragem e aprendizagem 
significativa. Para ele, os conteúdos devem ser apresentados de acordo com 
conhecimentos prévios dos aprendizes, de modo que os novos conteúdos encontrem 
um local para fazer uma ancoragem (termo derivado da palavra âncora), ou seja, 
para se conectar com esses conhecimentos prévios, tornando a aprendizagem mais 
significativa e duradoura (RONCA, 1994). 
A avaliação da aprendizagem para a maioria dos Psicólogos Educacionais e 
também teóricos da Educação deve ser entendida não como uma forma de punição 
do aluno, mas, sim, como um instrumento para o diagnóstico do que e como estão 
aprendendo. Em outras palavras, as avaliações devem ser usadas para verificar se 
os alunos aprenderam o conteúdo, se conseguem transferir esse conteúdo para 
novas situações e quais são as dificuldades que têm, servindo para o professor 
como uma amostra do efeito de seu trabalho de ensino, balizando suas práticas ou 
exigindo que elas sejam modificadas para atender as necessidades do aluno. 
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É preciso planejar as avaliações para que elas sejam compreensivas, não apenas 
inquisitivas. Ou seja, não podem ser apenas perguntas que não promovam a 
reflexão dos alunos, é preciso que eles possam também aprender com as avaliações 
e não apenas serem arguidos. 
Alfabetização 
A Alfabetização consiste em um tema dos mais importantes e sensíveis 
para a Educação. Aprender a ler e a escrever, juntamente com a aquisição de 
conhecimentos matemáticos básicos, consiste nas chaves para o sucesso no 
processo de escolarização e na vida em sociedades modernas. Assim, fica claro 
que os Psicólogos Educacionais se interessam muito pelos temas da alfabetização e 
da Educação Matemática e podem contribuir de diferentes maneiras. 
No que se refere à alfabetização, existe intenso debate internacional sobre 
posições ideológicas, pedagógicas e científicas. As explicações sobre como se 
aprende a ler e a escrever são por vezes controversas e é preciso muito cuidado na 
hora de interpretar e fazer escolhas. 
No Brasil, por exemplo, uma posição amplamente utilizada é a teoria da 
Psicogênese da Linguagem Escrita, criada por Emília Ferreiro (FERREIRO; 
TEBEROSKY, 1999) na década de 1980, com base na teoria de Piaget. 
Essa Teoria propõe que as crianças aprendem a ler e escrever criando hipóteses 
sobre como a linguagem escrita funciona e, embora não seja um método de ensino, 
é amplamente utilizada nas escolas brasileiras. 
Contudo, atualmente, dispomos de conhecimentos muito mais avançados sobre 
como o cérebro funciona e como as crianças aprendem a ler e a escrever baseadas 
nos estudos da Psicologia Cognitiva e da Neurociência Cognitiva que, juntamente, 
com outras áreas compõe o que se chama de Ciência da Leitura (MALUF;CARDOSO-MARTINS, 2014). 
Os conhecimentos da Ciência da Leitura têm fornecido respostas muito mais 
precisas e com base em rigorosos estudos científicos sobre como as pessoas 
aprendem a ler e escrever. Por essa razão, ela tem sido a base para o desenvolvimento 
de políticas públicas de Educação relacionadas à alfabetização em diversos países 
como EUA, França, Portugal e Reino Unido. Contudo, ainda encontram muita 
resistência em serem utilizadas no Brasil, onde questões ideológica se sobrepõem 
às evidências científicas.
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
A Profa. Dra. Maria Regina Maluf é uma das maiores especialistas em Psicologia da Educação, 
Ciência da Leitura e Alfabetização no Brasil. Veja alguns vídeos dela falando sobre as con-
tribuições da Ciência da Leitura para a Alfabetização nos links: 
https://youtu.be/UyljKPdD3Ag;
https://youtu.be/aqgnnqrAhf4;
https://youtu.be/NVZpgF5CHt4;
https://youtu.be/hSW2RVbPJ6U.
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Entre as principais contribuições da Ciência da Leitura, destaca-se que para 
aprender a ler e a escrever as crianças precisam ser explicitamente ensinadas sobre 
como funcionam os sistemas de escrita. Isso pode parecer óbvio, mas não é.
Alguns teóricos, como Emília Ferreiro, acreditam que as crianças aprendem por 
estarem expostas a ambientes letrados, o que não é verdade.
Pense: será que analfabetos, então, têm algum tipo de distúrbio, já que estão em ambientes 
letrados e não conseguem aprender a ler? Claro que não! 
Ex
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O que acontece é que ao longo da história da evolução humana, nosso cérebro 
foi capacitado a aprender a falar; por isso aprendemos a falar com facilidade, 
sem precisar de escolas, mas ler e escrever são invenções recentes na História 
da Humanidade. Dessa forma, nosso cérebro precisa se adaptar para essa 
aprendizagem, o que requer ser ensinado explicitamente (DEHAENE, 2012).
Assim, para aprender a ler e a escrever, é preciso entender como letras 
representam sistematicamente os sons das palavras. Para isso, dois componentes 
são muito importantes: o conhecimento de letras e a consciência fonêmica. O 
Conhecimento de letras significa que as crianças precisam aprender os nomes, 
formas e sons das letras, ou seja, devem ser ensinadas sobre isso. Os sons das 
letras são, na realidade, os fonemas que as letras representam. A palavra bala, 
por exemplo, tem quatro letras e quatro fonemas, um som para cada letra; mas a 
palavra chuva, tem cinco letras e quatro fonemas, já que o dígrafo ch representa o 
fonema /x/.
Com essa explicação, introduzimos, também, o conceito de consciência 
fonêmica, que se refere ao conhecimento explícito e à habilidade de manipular 
intencionalmente os menores sons das palavras, ou seja, os fonemas. 
Quando as crianças aprendem a falar, elas não prestam atenção em como as 
frases são compostas por unidades menores, que são as palavras que, por sua vez, 
são compostas por unidades menores, que são as sílabas que, por sua vez, são 
compostas por unidades ainda menores, chamadas de fonemas. 
Por isso, quando aprendem a escrever, é comum que escrevam uma frase 
inteira sem separar as palavras (por exemplo: Hojefuinacasadaminhavó). É preciso 
ensinar a separar as palavras na oralidade, o que pode ser feito com atividades de 
consciência fonológica, desde a pré-escola. 
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A habilidade de manipular unidades fonológicas de quaisquer tamanhos é cha-
mada de consciência fonológica, incluindo frases, sílabas, rimas e fonemas. Toda-
via, o crucial para aprender a ler e a escrever é aprender a consciência dos fone-
mas, já que, em nosso sistema alfabético, as letras representam os fonemas.
Saiba mais sobre a Ciência da Leitura e a Alfabetização lendo o livro Criar Leitores: para 
professores e educadores, de José Morais, Editora Manole. José Morais é um dos maiores 
especialistas no mundo em Alfabetização, e esse livro é um bela e clara introdução. 
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Educação Matemática
A Psicologia da Educação também oferece muitas contribuições importantes 
para o entendimento dos processo mentais envolvidos na solução de problemas 
matemáticos e também para a melhoria do ensino de Matemática escolar. 
Durante muito tempo se pensou mais nos aspectos psicológicos envolvidos 
na aprendizagem da Matemática, como no desenvolvimento do pensamento 
lógico formal, o último estágio do desenvolvimento na Teoria Piagetiana, e que 
seria necessário para que se pudesse pensar de forma lógica e abstrata, o que é 
fundamental para a aprendizagem da Matemática. 
Contudo, atualmente, sabemos que existem diferentes níveis de abstrações e 
de habilidades matemáticas e que até mesmo bebês podem aprender alguns níveis 
elementares de raciocínio lógico (SIEGLER, 1996).
Bruner (1973), por exemplo, postulava que se pode ensinar qualquer coisa a 
qualquer criança em qualquer estágio do desenvolvimento, desde que se adapte 
esse conteúdo de forma honesta. Por isso, ele recomendava que na Educação 
Matemática era possível utilizar blocos e moedas que pudessem ser manipulados 
concretamente para ensinar Álgebra. 
Depois que o aprendiz pudesse manipular os objetos, ele seria encorajado a 
construir representações visuais, como desenhos ou diagramas. Por fim, ele 
seria ensinado sobre os símbolos associados e o que eles representam, podendo 
aprender, por exemplo, que o sinal (+) significa adicionar dois números, enquanto 
(-) significa subtrair. 
Nas palavras de Bruner:
[...] tomando um exemplo (de estrutura) da matemática, a álgebra é um 
modo de dispor, em equações, elementos conhecidos e desconhecidos, de 
modo que os desconhecidos se tornem conhecíveis. As três propriedades 
implicadas no trabalho com essas equações são comutação, distribuição 
e associação. Uma vez que um aluno capte as ideias contidas nessas três 
propriedades, está em condições de reconhecer em que casos “novas” 
equações a resolver não são de modo algum novas, mas apenas variações 
sobre um tema familiar (BRUNER, 1973, p.7).
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
Dessa forma, entende-se que os mecanismos cognitivos com implicações na 
solução de problemas matemáticos são os mesmos da resolução de problemas 
gerais. Solução de problemas é entendida como uma forma complexa de combinar 
mecanismos cognitivos e conhecimentos que uma pessoa já possui para resolver 
problemas novos quando se depara com eles. 
Por essa razão, como discute Brito (2011), a solução de problemas depende 
fortemente dos conceitos e princípios anteriormente aprendidos e que devem ser 
disponibilizados na memória de forma a serem combinados e levar à solução de 
problemas, sejam novos, sejam já conhecidos. 
A solução de problemas matemáticos envolve não só o conteúdo específico 
da Matemática, mas também outros processos cognitivos superiores como a 
percepção, a representação, a imaginação e a formação de imagens mentais, a 
retenção e a recuperação de informações contidas na memória. 
Além disso, uma das principais contribuições da Psicologia da Educação para a 
Educação Matemática é justamente a de entender as questões afetivas envolvidas 
na aprendizagem de Matemática.
Como bem relembra Brito (2011), há muitos estudos que indicam que as crenças 
influenciam nas habilidades matemáticas. Em nossa cultura, as mulheres são tidas 
como tendo menores aptidões matemáticas, o que influencia significativamente na 
forma como elas também lidam com essa área, geralmente, optando por estudos 
de Ciências Humanas, que não tenham nada a ver com Matemática. Diante de 
problemas matemáticos, essas crenças também geram ansiedade e resistência em 
muitas crianças que sentem que não serão capazes de resolver tais problemas. 
É importante que essas crenças de autoeficácia negativas e esses sentimentos 
sejam considerados no ensino de Matemática paraevitar que os alunos se sintam 
impedidos de aprender. 
Em uma pesquisa clássica, os pesquisadores criaram dois testes de Matemática 
equivalentes em conteúdo e dificuldades, cuja única diferença foi a forma de 
administração. Eles aplicaram o primeiro teste para um grupo de homens e mulheres 
dizendo que se tratava de uma prova típica de Matemática. Como resultado, as 
mulheres obtiveram médias inferiores a dos homens.
Todavia, logo após eles aplicaram o segundo teste, dizendo que dessa vez se 
tratava de uma prova planejada especialmente para eliminar as influências de 
gênero, ou seja, homens e mulheres teriam condições iguais de acertar. O resultado 
surpreendente foi que as mulheres tiveram notas idênticas as dos homens, 
demonstrando que não se tratava de uma questão de conhecimento, mas sim de 
crença de autoeficácia (SPENCER, STEELE & QUINN, 1999).
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19
Saiba mais sobre Psicologia da Educação Matemática lendo o seguinte artigo: BRITO, Márcia 
Regina Ferreira de. Psicologia da educação matemática: um ponto de vista, Educ. rev., 
Curitiba, n.1, p.29-45, 2011.
https://goo.gl/8dGB5x
Ex
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Educação Infantil e Ensino Fundamental
A Psicologia da Educação, com base na Psicologia do Desenvolvimento, realiza 
muitas contribuições para os primeiros anos de Escolarização, ou seja, a Educação 
Infantil e o Ensino Fundamental. 
A Psicologia do Desenvolvimento é uma área de conhecimento da Psicologia 
que investiga as mudanças que ocorrem ao longo da nossa vida a respeito do 
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo. Essa investigação permite entendimento 
melhor acerca das fases do desenvolvimento infantil e melhor compreensão sobre 
a aprendizagem e como ela se concretiza.
Vejamos o que Davis e Oliveira (1994) argumentam sobre as pretensões da 
Psicologia do Desenvolvimento:
A Psicologia do Desenvolvimento pretende estudar como nascem e 
como se desenvolvem as funções psicológicas que distinguem o homem 
de outras espécies. Ela estuda a evolução da capacidade perceptual e 
motora, das funções intelectuais, da sociabilidade e da afetividade do ser 
humano. Descreve como essas capacidades se modificam e busca explicar 
tais modificações. Por intermédio da Psicologia do Desenvolvimento é 
possível constatar que as manifestações complexas das atividades psíquicas 
no adulto são frutos de uma longa caminhada. Daí a importância desta 
disciplina para a Pedagogia: subsidiar a organização das condições para a 
aprendizagem infantil, de modo que se possa ativar, na criança, processos 
internos de desenvolvimento, os quais, por sua vez, serão transformados 
em aquisições individuais (DAVIS & OLIVEIRA, 1994, p.17).
As autoras nos oferecem, assim, a dimensão da importância da Psicologia do 
Desenvolvimento para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental. 
Essa ciência construiu e sistematizou conhecimentos fundamentais sobre as 
fases do desenvolvimento humano, permitindo, dessa forma, maior adequação 
das atividades pedagógicas realizadas nessas modalidades de ensino. Conhecendo 
melhor o desenvolvimento infantil, a Escola poderá planejar, de forma mais ajustada, 
as sequências didáticas aplicadas à sala de aula.
Entre os principais teóricos do desenvolvimento humano, podemos destacar três 
importantes autores: Jean Piaget (1896-1980), Henri Wallon (1879-1962) e Lev 
Vygotsky (1896-1934). 
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
Suas ideias revolucionaram a forma de ver as crianças e tiveram grande impacto 
nas práticas de ensino para elas. Eles demostraram que a criança passa por etapas 
em seu desenvolvimento e que essas etapas devem ser respeitadas. 
Esses pensadores ampliaram nossa visão sobre os indivíduos e como aprendem 
ou como constroem conhecimento, influenciados por fatores genéticos, cognitivos, 
afetivos e sociais. 
Falaremos mais detalhadamente sobre eles e suas teorias na Unidade 3, na 
qual será possível discutir melhor as contribuições dessas Teorias para as primeiras 
etapas da Educação Básica.
Educação de Jovens e Adultos
A Psicologia Científica sempre se ocupou mais do estudo das crianças do que de 
jovens e adultos. As principais teorias clássicas do desenvolvimento, como as teorias 
de Piaget e Wallon, referem-se ao desenvolvimento de crianças até a adolescência. 
Essa concepção começou a mudar a partir dos anos 1970, com o desenvolvimento 
da noção de desenvolvimento ao longo do ciclo vital.
Essa concepção de que as pessoas se desenvolvem a vida toda e, portanto, 
modificam-se ao longo da vida e não só na infância, foi crucial para o desenvolvimento 
de teorias mais abrangentes e do surgimento de estudos que buscassem entender se 
jovens e adultos aprendiam de modos diferentes e como a Psicologia da Educação 
poderia contribuir para os processos educativos dessa população. 
A Psicologia da Educação de jovens e adultos tem seu início juntamente com 
o surgimento da Andragogia, nos anos 1970, que se refere à arte ou à ciência de 
orientar a aprendizagem de adultos, em oposição à Pedagogia, voltada para crianças. 
Surgem, assim, as ideias de que adultos e adolescentes têm estilos de aprendi-
zagem e interesses diferentes e que, portanto requerem outros métodos de ensino. 
Esse é um campo muito rico e novo, que inclui também a educação de adolescentes 
(Ensino Médio), a Educação Superior e a EJA.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem sido uma modalidade de ensino 
atual, destinada a jovens e adultos, com idade mínima de quinze anos, que não 
puderam concluir os estudos regulares na idade prevista. Devido às características 
particulares e específicas dessa situação, é preciso reavaliar uma série de propostas 
educacionais, já que nesses espaços destacam-se os aspectos afetivos e emocionais. 
A noção de fracasso permeia o ambiente educacional dessas pessoas, as crenças 
de incapacidade e a baixa autoestima dificultam e são desafios para os educadores, 
para além do ensino dos conteúdos. A Psicologia tem muito a contribuir com essa 
área, que é ainda muito recente.
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RODRIGUES, Gabrielli Tochetto et al. Psicologia e educação de jovens e adultos: um 
desafi o em construção. Psicol. Esc. Educ., Maringá , v. 18, n. 1, p.181-184, jun. 2014. 
https://goo.gl/WKx8nX
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Diversidade e Necessidades Educativas Especiais 
A diversidade é uma realidade na Educação. Professores tem de lidar com 
diferenças individuais o tempo todo e é preciso incluir todos, tanto aqueles com 
desenvolvimento típico, quanto os com desenvolvimento atípico. 
Com inúmeros estudos e pesquisas a respeito das síndromes e necessidades 
especiais que as crianças podem apresentar, a Psicologia contribui muito para 
uma Educação mais inclusiva, no sentido de reunir conhecimento acerca desses 
fenômenos e oferecendo pistas e reflexões para os encaminhamentos educativos 
mais adequados à realidade de cada criança. Além disso, a Psicologia fornece 
subsídios para o desenvolvimento e a elaboração do planejamento curricular da 
educação formal que inclua essas crianças no universo escolar.
As Necessidades Educativas Especiais (NEEs) são inúmeras. Podemos pensar 
em necessidades cognitivas, como crianças intelectualmente superiores ou mais 
lentas em sua aprendizagem; necessidades sensoriais, como dificuldades auditivas 
ou visuais; desajustes comportamentais advindos de distúrbios emocionais ou 
afetivos; síndromes e distúrbios genéticos, como autismo, dislexia etc.; ou, ainda, 
dificuldades múltiplas. Certamente, todas as crianças têm direito à Educação de 
qualidade, e a Psicologia busca contribuir para que elas tenham essa qualidade.
Os avanços observados em relação ao atendimento das NEEs pelas Escolas se 
concretizam, determinados, em primeiro lugar, por documentos internacionais, 
como a Declaração de Salamanca (1994) e a Legislação Educacional vigente, que 
garante direitosbásicos, como a inclusão desses alunos no Sistema Educacional e, em 
segundo lugar, as novas concepções psicológicas e pedagógicas que compreendem 
que a aprendizagem favorece o desenvolvimento dos indivíduos. 
Com essa nova visão sobre os limites de aprendizagem de pessoas com NEEs, a 
Escola pode redimensionar esses limites, ampliando-os e criando novos horizontes. 
A Escola, como espaço de aprendizagem, é de fundamental importância para o 
desenvolvimento cognitivo/afetivo desses indivíduos. 
O papel do professor é fundamental no ensino de alunos que possuem NEEs; 
é um trabalho personalizado, pois cada criança tem formas específicas de 
aprender. Além de atuar como propositor de sequências didáticas, o professor 
deverá desenvolver, também, processos de avaliação pedagógica a fim de saber 
quais serão as próximas sequências didáticas a serem administradas para o pleno 
desenvolvimento da criança com NEEs. 
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
O professor, munido do conhecimento construído por esse foco de estudo da 
Psicologia acerca das NEEs pode melhor atuar em sua profissão. A formação do 
professor é fator essencial para melhor entender e atuar com essa problemática.
Fatores Motivacionais nos Processos Educativos
A Motivação é um componente fundamental para que ocorra a aprendizagem. 
Estar motivado significa querer aprender, estar interessado em conhecer; portanto, 
podemos dizer que a motivação é a mola propulsora de qualquer aprendizagem. 
Uma importante contribuição acerca da motivação foi dada pelo psicólogo 
Abraham Maslow, que criou a chamada hierarquia de necessidades, também 
conhecida como Pirâmide de Maslow. Para ele, as pessoas realizam as coisas 
seguindo uma hierarquia de necessidades, que vão desde necessidades fisiológicas 
básicas até a necessidade de autorrealização. 
Assim, a necessidade de aprender pode se estabelecer por inúmeros motivos: 
seja para satisfazer a sua necessidade básica biológica, seja para ser estimulado por 
conquistar um novo status social ou pessoal, passar em uma prova de concurso ou 
escolar, ou pode se tratar de um novo desafio, como aprender uma nova profissão, 
por exemplo. Podemos ter inúmeros motivos para aprender; certamente, aprender 
é uma necessidade humana.
Estar motivado para aprender é uma condição essencial para que se construa 
conhecimento. Dessa forma, a motivação torna-se preocupação central da 
Educação e a falta de motivação significa queda na qualidade da aprendizagem. 
Ao professor, cabe o desafio de investigar as causas que levam à falta de 
motivação do aluno para a aprendizagem e, em seguida, elaborar novas estratégias 
para fomentar a motivação de seus alunos. 
As ações educativas do professor devem levar os alunos a um estado permanente 
de curiosidade, preservando o prazer em construir conhecimento.
É necessário refletir, ainda, que a motivação deve estar presente no professor 
também. Para que os processos educacionais alcancem sucesso, é necessário, de 
um lado, o professor motivado a ensinar e, do outro, um aluno motivado a aprender.
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O Impacto das Tecnologias da Informação e 
da Comunicação (TICs) na Área Educacional
As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) são um desafio adicional 
para a Educação no século XXI. Como discute Cortella (2014), as escolas são 
seduzidas constantemente pelas Tecnologias mais recentes e é preciso cautela na 
assimilação dessas Tecnologias. 
Evidentemente, não podemos permanecer apenas com o que foi do passado, 
pois o que era ensinado e utilizado no passado tinha a ver com outros objetivos de 
formação e era para outras pessoas, que viviam em outros contextos. Atualmente, 
as escolas devem manter o que é necessário do passado, mas incluir, também, o 
presente e olhar para o futuro. 
É impensável imaginar que as crianças de hoje em dia não possam ter contato 
com computadores e Internet. Isso já faz parte de nossos cotidianos e promove 
mudanças significativas em nossos modos de agir e pensar. Mesmo crianças muito 
pequenas já brincam com tablets e smartphones e as tecnologias digitais ganham 
cada vez mais espaço em nossas vidas. 
A advertência de Cortella (2014) é para os limites da incorporação dessas 
tecnologias à Educação. Pense, por exemplo, em incluir como objetivo de aula 
algo que use apenas o Orkut como ferramenta. Essa aula já não funcionaria hoje 
em dia. Entretanto, uma aula que possibilite a reflexão sobre a segurança pessoal 
em ambientes virtuais poderia e seria muito proveitosa. 
Outro desafio das novas Tecnologias é justamente o ensino na modalidade 
virtual. Existem estudiosos que se dedicam a isso e que propõem características das 
aulas em ambientes virtuais. 
Lalueza, Crespo & Camps (2010), por exemplo, discutem sobre como o ensino 
nesses ambientes está muito mais centrado nos interesses dos alunos, que têm 
a liberdade e a possibilidade de ditar o ritmo da aprendizagem e buscar outras 
informações complementares sempre que necessário, tornando-se muito mais 
ativos e participativos. Embora, por outro lado, também se tornem mais solitários, 
já que não compartilham dúvidas com outros alunos, a não ser por fóruns e 
encontros presenciais. 
Tudo isso acaba sendo um desafio para educadores e pesquisadores que 
precisam, ainda, de mais pesquisas para compreender esses desafios da Educação 
na Era Digital.
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
Considerações Finais
Finalizamos essa Unidade, certos de que a Psicologia da Educação é muito 
importante para compreendermos melhor os diferentes processos educativos. 
Suas contribuições, como a de outras Ciências, podem nos oferecer um olhar 
mais ampliado sobre a Educação. Com seus focos de estudo como a Psicologia do 
Desenvolvimento, a Psicologia voltada às NEEs, e os estudos sobre a motivação 
da aprendizagem, a Psicologia nos fornece informações fundamentais para melhor 
compreendermos o ser que aprende.
Como uma Disciplina de estudo, a Psicologia é também fundamental para a 
formação do professor; com os conhecimentos construídos por essa Ciência, 
podemos ter uma atuação profissional mais assertiva e coerente com a realidade 
de nossos alunos. 
Nesta Unidade, nós apenas iniciamos a discussão sobre diferentes tópicos da 
Educação. Nas próximas, iremos aprofundar mais as contribuições de teóricos da 
Psicologia da Educação com vistas a complementar as discussões iniciadas aqui.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Radar da Primeira Infância
https://goo.gl/6vufZ9
 Livros
Psicologia da Educaç ã o Virtual: Aprender e Ensinar com as Tecnologias da Informaç ã o e da Comunicaç ã o
LALUEZA, J. L.; CRESPO I.; CAMPS, S. As tecnologias da informaç ã o e da comunicaç ã o e os processos 
de desenvolvimento e socializaç ã o. In: COLL, C.; MONEREO, C. (org.). Psicologia da Educação Vir-
tual: Aprender e Ensinar com as Tecnologias da Informaç ã o e da Comunicaç ã o. Porto Alegre: Artmed, 
2010, p. 47-65
 Vídeos
Conferência do Professor José Morais: “Alfabetização e Democracia”
https://youtu.be/fv0S3RtZzh4
 Leitura
Cortella: “A escola passou a ser vista como um espaço de salvação”
Entrevista de Mário Sérgio Cortella para o jornal o Estadão.
https://goo.gl/i8gKc4
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UNIDADE Contribuições da Psicologia da Educação aos Processos Educativos
Referências
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao 
estudo de psicologia. 14.ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
BRITO, M. R. F. de. Psicologia da educação matemática: um ponto de vista. Educ. 
rev., Curitiba, n.1, p.29-45, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
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Acesso em: 13 de fev. 2017.
BRUNER, J. S.O processo da educação. 3.ed. São Paulo: Companhia Editora 
Nacional, 1973. 
CARRAHER, D.; NUNES, T.; SCHLIEMANN, A. L. Na Vida Dez, Na Escola Zero. 
16.ed. São Paulo: Cortez, 1996.
CORTELLA, M. S. Educação, escola e docência: novos tempos, novas atitudes. São 
Paulo: Cortez, 2014. 126p.
DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na Educação. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1994.
DEHAENE, S. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de 
ler. Porto Alegre: Penso, 2012.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: 
Artmed, 1999.
HILL, W. F. Aprendizagem: uma resenha das interpretações psicológicas. 3.ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Dois, 1981.
LALUEZA, J. L.; CRESPO I.; CAMPS, S. As tecnologias da informação e da comunicação 
e os processos de desenvolvimento e socialização. In: COLL, C.; MONEREO, C. (org.). 
Psicologia da Educação Virtual: Aprender e Ensinar com as Tecnologias da Informação 
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MALUF, M. R.; CARDOSO-MARTINS, C. (org.) . Alfabetização no século XXI. Como 
se aprende a ler e a escrever. Porto Alegre: Penso, 2013, v.1, 183p .
RONCA, A. C. C. Teorias de ensino: a contribuição de David Ausubel. Temas psicol., 
Ribeirão Preto, v.2, n.3, p. 91-95, dez. 1994. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1994000300009&lng=pt&nrm=
iso>. Acesso em: 14 fev. 2017.
SIEGLER, R. Emerging minds: the process of change in children’s thinking. New York: 
Oxford University Press,1996.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SPENCER, S.; STEELE, C.; QUINN, D. Stereotype threat and women’s Math 
performance. Journal of Experimental Social Psychology, v. 35, n.1, p. 4-28, 1999.
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Outros materiais