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Material utilizado: Manual de Direito AdministratIvo - Matheus Carvalho REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E SEUS PRINCÍPIOS Conceitua como um conjunto harmônico de princípios que orienta toda a atuação administrativa, definindo as prerrogativas e restrições que são aplicadas ao Estado. Ou seja, conjunto harmônico de princípios que definem a lógica do ente público, a qual se baseia na existência de limitações e prerrogativas em face do interesse público. PRINCÍPIOS Devem ser encarados como normas gerais coercitivas que orientam a atuação do indivíduo, definindo valores a serem observados nas condutas por ele praticadas. De fato, os princípios encerram ideias centrais de um sistema e dão sentido lógico e harmonioso às demais normas que regulamentam o Direito Administrativo, possibilitando sua melhor organização Por seu turno, os princípios de Direito Administrativo definem a organização e a forma de atuar do ente estatal, estabelecendo o sentido geral de sua atuação REGRAS Caracterizam por disposições que definem a atuação do indivíduo diante de determinada situação concreta. Observação Os princípios tendem a ser mais gerais e imprecisos do que as regras. Atenção: o conflito entre as regras resulta antinomia jurídica própria, situação em que se torna necessária a retirada de uma das regras do ordenamento jurídico, haja vista a incompatibilidade entre ambas, desde que ambas pertençam ao mesmo ordenamento e tenham o mesmo âmbito de validade, é imperativa a eliminação de uma delas. No conflito de princípios, deverá ser realizada uma ponderação de interesses, de forma a definir qual a melhor solução a ser adotada em cada situação. Há antinomia jurídica imprópria. Interesse primário É composto pelas necessidades da sociedade. Ou seja, seria o equivalente ao interesse do indivíduo desta sociedade Interesse secundário Vontade da máquina estatal, são os anseios e as necessidades do Estado como sujeito de direitos. 1) Princípio da SUPREMACIA do interesse PÚBLICO sobre o interesse PRIVADO O interesse público é supremo sobre o interesse particular, e todas as condutas estatais têm como finalidade a satisfação das necessidades coletivas. Em razão desta busca pelo interesse público, a Administração se põe em situação privilegiada, quando se relaciona com os particulares. Ressalte-se ainda que, na teoria, a atuação do administrador não visa ao interesse do indivíduo, mas do grupo social em sua totalidade e, se assim não ocorrer, a conduta estatal sofrerá de Desvio de Finalidade, o que não está amparado pelo direito. → Não se trata de princípio expresso, ou seja, não está escrito no texto constitucional. Porém podemos nos referir a institutos correlatos dispostos na CF, como a possibilidade de desapropriação (5°, XXIV), a requisição administrativa (5°, XXV) entre outras prerrogativas que submetem os direitos do cidadão às restrições impostas pelo Estado. A incorreta utilização da prerrogativa da Administração Pública pode ser judicialmente corrigida por habeas corpus – no caso de ofensa à liberdade de ir e vir-, por meio de habeas data (quando se tratar da violação ao direito de informação) ou por Mandado de Segurança, em situações de violação a direito líquido e certo, além da possibilidade de aplicação dos demais remédios constitucionais. 2) Princípio da INDISPONIBILIDADE do interesse PÚBLICO O agente estatal não pode deixar de atuar, quando as necessidades da coletividade assim exigirem, uma vez que suas atividades são necessárias à satisfação dos interesses do povo. Logo, o princípio da Indisponibilidade serve para limitar a atuação desses agentes públicos, evitando o exercício de atividades com a intenção de buscar vantagens individuais. A supremacia e a indisponibilidade embasam o sistema administrativo que se nas prerrogativas de que o Estado goza para satisfazer as necessidades coletivas, assim como nas limitações a que o Estado se submete para evitar distorções de condutas. A administração só pode atuar dentro do limite do interesse público, não obstante goze de vantagens amparadas no próprio interesse coletivo. 3) Princípio da LEGALIDADE Decorre da existência do Estado de Direito como uma Pessoa Jurídica responsável por criar o direito, no entanto submissa ao ordenamento jurídico por ela mesmo criado e aplicável a todos os cidadãos. Para o particular → ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei Aqui em sentido amplo ou material, referindo-se a qualquer espécie normativa), diante de sua autonomia da vontade. Para administrador → Só é possível fazer o que a lei autoriza ou determina Não havendo previsão legal, está PROÍBIDA a atuação do ente público e qualquer conduta praticada ao alvedrio do texto legal será considerada ilegítima. → A atuação pode ser expressa ou implicitamente prevista em lei, diante da possibilidade de edição de atos administrativos discricionários. → Pode-se entender que o princípio da legalidade é corolário da regra de indisponibilidade do interesse público. Afinal, a lógica é que o administrador não pode atuar de forma a dispor do interesse público e, portanto, sua atuação fica dependendo da autorização do titular do interesse público, responsável pela elaboração das leis, por meio de seus representantes legitimamente escolhidos, → Logo, a atuação administrativa se limita à vontade legal = vontade do povo, manifestada por meio de seus representantes. De fato, no que tange à atuação do direito privado, aos particulares, tudo que não está proibido está juridicamente permitido. É o chamado princípio da não contradição à lei. Não se confunde a legalidade com o princípio da reserva legal (PESQUISAR) → Em determinadas situações, o texto constitucional excepcionaliza este princípio, admitindo atuação à margem das disposições legais, a saber, a edição de medidas provisórias, as situações de estado de defesa e de estado de sítio. (Maior detalhe, está no direito constitucional) 4) Princípio da IMPESSOALIDADE O princípio reflete a necessidade de uma atuação que não discrimina as pessoas, seja para BENÉFICO ou para PREJUÍZO. Celso Mello, a “Administração deve tratar a todos sem favoritismos, nem perseguições, simpatias ou animosidades políticas ou ideológicas. O princípio da impessoalidade encontra-se implÌcito na Lei 9.784/1999. Alguns doutrinadores ainda classificam o Princípio da Impessoalidade como sinônimo do Princípio da Finalidade ou Imparcialidade. Para esses, a Finalidade seria pública, o que impediria o administrador de buscar objetivos próprios ou de terceiros. Qualquer ato praticado com objetivo diverso do interesse público ser considerado nulo, por desvio de finalidade. Atenção: quando o agente público atua, não é a pessoa do agente quem pratica o ato, mas o Estado. Como corolário deste princípio, o art. 37, §1°, da Constituição Federal, estabelece que “ publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar NOME, SÍMBOLOS ou IMAGENS que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos', Súmula Vinc.13: ''A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF". Dessa forma, não se admite que o promotor "X" nomeie a esposa do juiz "Y" para exercer a função de assessoria em seu gabinete e, em troca, o juiz "Y" garanta a nomeação da esposa ou companheira do promotor "X" para exercer função gratificada em seu gabinete. Essa reciprocidade de nomeações, conhecida como "nepotismo cruzado". Impedindo ainda de forma INDIRETA, atente contra a impessoalidade das nomeações. A nomeação de companheiros ou companheiras, assim entendidos aqueles que possuam relação de união estável com a autoridade nomeante. STF já se manifestou no sentido da inaplicabilidade da vedação ao nepotismo QUANDO se tratar de nomeação de agentes para o exercício de cargos POLÍTICOS, inclusive ministro de estado e secretário. (Desde que o sujeito tenha condições técnicas de exercer o munus público) Sendo assim, com a ressalva da nomeação de particular para assunção de cargos de natureza política, a nomeação de parentes para o exercício de função pública é considerada ofensa direta à impessoalidade da atuação estatal. 5) Princípio da INTRANSCENDÊNCIA Trata-se de princípio que excepcionaliza a ideia de impessoalidade. Segundo o princípio, inibe a aplicação de severas sanções a entidades federativas por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos. Com efeito, deve-se evitar a aplicação de penalidades à Administração Pública que possam dificultar a governabilidade do novo gestor caso haja irregularidades decorrentes das gestões anteriores Desde que se demonstre que o novo administrador está tomando todas as providências necessárias a sanar os prejuízos. 6) Princípio da MORALIDADE Trata-se de princípio que exige a honestidade, lealdade, boa-fé de conduta no exercício da função administrativa. A atuação não corrupta dos gestores públicos Por ser a moralidade um conceito jurídico indeterminado, normalmente a jurisprudência aplica a sua violação como vício de legalidade da atuação administrativa. No entanto, a moralidade deve ser analisada como princípio autônomo, sendo possível a retirada de um ato administrativo imoral, ainda que não haja direta violação ao princípio da legalidade. Moralidade Jurídica A obrigatoriedade de atuação conforme padrões éticos de conduta. Sempre ao conceito de bom administrador, de atuação que vise alcançar o bem estar de toda a coletividade e dos cidadãos aos quais a conduta se dirige. moralidade social Procura fazer uma diferenciação entre o bem e o mal, o certo e o errado no senso comum da sociedade Ex: A aplicação da penalidade de demissão de um servidor público que é encontrado fazendo "sexo" na repartição pública, em virtude da chamada incontinência de conduta Ressalte-se que a CF de 1988 inovou ao incluir este princípio, no art. 37, pois, apesar de estar expresso, representa um conceito jurídico indeterminado. Art. 5°, LXXIII, que prevê o cabimento da Ação Popular para anulação de "ato lesivo ao patrimônio público à moralidade administrativa." Essa inovação foi tão importante que deu ensejo ao surgimento da lei 8.429/92. 7) Princípio da PUBLICIDADE Trata-se de premissa que proíbe a edição de atos secretos pelo poder público, definindo a ideia de que a Administração deve atuar de forma PLENA e TRANSPARENTE. A principal finalidade do princípio da publicidade é o conhecimento público acerca das atividades praticadas no exercício da função administrativa A publicidade sempre foi vista como forma de controle da Administração pelos cidadãos. É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão'. → A publicidade tem grande abrangência, não só pela divulgação oficial, mas também para conhecimento e fiscalização INTERNA de seus agentes. → 5°, LXXII, que nos confere a garantia do habeas data como remédio para solucionar qualquer controvérsia violadora deste direito, → A doutrina também analisa a publicidade como requisito de EFICÁCIA dos atos administrativos e NÃO de validade A eficácia dos atos depende da sua publicidade, mas não a sua validade: a publicidade é imprescindível diante da necessidade de a população ter conhecimento dos atos. Contudo, o ato administrativo editado conforme disposição de lei será válido, mesmo antes de seu conhecimento pela sociedade. Portanto, no momento em que o gestor público assina determinado ato na repartição proibindo, por exemplo, que se estacione em determinada via, tal ato, quando de sua assinatura, é perfeito e válido, mas sua eficácia depende de sua publicação, para que se torne de conhecimento dos particulares sujeitos à referida norma. Sendo assim, enquanto não for colocada uma placa que sinalize a vedação do estacionamento, os cidadãos poderão estacionar livremente. → Não confundir Publicidade com PUBLICAÇÃO, não são sinônimos. Porém é importante para o princípio da legalidade, pois o conhecimento do ato pela sociedade é imprescindível, na contagem de prazos, que só tem início a partir de sua publicização EXCEÇÕES À PUBLICIDADE Frise-se que o princípio não é absoluto, porquanto a própria CF ressalva que devem ser resguardadas a segurança nacional e o relevante interesse coletivo, o que poderá, de forma fundamentada, excepcionalizar o princípio da publicidade. Dessa forma, o art. 23 da lei 12.527/11 define que são consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações irrestrito possam. Maior detalhe consulte no artigo anteriormente mencionado. A Lei 12.527/11 foi publicada com a intenção de regular o Direito de Informação, protegido constitucionalmente. Dessa forma, o art. 23 da lei 12.527/11 define que são consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações irrestrito possam. Maior detalhe consulte no artigo anteriormente mencionado. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 dias a contar da sua ciência. O recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 dias. "o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 dias Ressalte-se que, a informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada. Ultrassecreta: 25 anos; Secreta: 15 anos; Reservada: 5 anos. 8) Princípio da EFICIÊNCIA Buscam-se sempre melhores resultados práticos e menos desperdício, nas atividades estatais, uma vez que toda a coletividade se beneficia disso. Uma atuação eficiente da atividade administrativa é aquela realizada com presteza e, acima de tudo, um bom desempenho funcional. → A própria CF concretiza este princípio, sendo ele uma norma de aplicabilidade IMEDIATA. Maria Pietro define o princípio da eficiência em dois aspectos: A) Pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; B) Em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público. O próprio CF define algumas situações de aplicação deste princípio. Por exemplo, o art. 41 (avaliação periódica de desempenho). → Este princípio se tornou expresso com o advento da EC 19/98. A eficiência está diretamente ligada ao princípio da celeridade nos processos administrativos, inserido na em seu art. 5°, LXXVIII que dispõe que "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação', 9) Princípios do CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA. O direito conferido ao particular de saber o que acontece no processo administrativo ou judicial de seu interesse, bem como o direito de se MANIFESTAR na relação processual, requerendo a produção de provas e provocando sua tramitação, seja diante de um processo judicial ou de um processo administrativo. "LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em GERAL são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os MEIOS e RECURSOS a ela inerentes''. Para que se GARANTA o exercício do contraditório de forma regular, é indispensável o respeito ao princípio da IGUALDADE na relação processual. No que tange ao princípio da ampla defesa, a doutrina processual o define como indispensável para a concepção de DEMOCRACIA , abarcando o direito de ação e a tutela jurisdicional e administrativa para proteção de direitos dos particulares. ✱ Defesa técnica: a súmula 343 do STj define que é INDISPENSÁVEL a presença de ADVOGADO em TODAS as fases do PAD ↘ No entanto, que estabelece que “falta de defesa técnica por advogado no PAD NÃO ofende a CF” ↘ O fato é que, em 2008, com a edição da súmula vinculante ora transcrita, afasta-se a aplicabilidade da súmula 343 do STJ, 10) Princípios da CONTINUIDADE Traduz-se na ideia de prestação ININTERRUPTA da atividade administrativa. Que a atividade do estado seja contínua, não podendo parar a prestação de serviços. Ex: energia elétrica. Está intimamente ligada ao princípio da eficiência . O servidor público, em sentido restrito, tem direito à GREVE. Exceto os MILITARES, que nem mesmo sindicalização poderá. ↘ STF entendimento pacificou o entendimento de que o direito de greve é norma de eficácia LIMITADA (e não CONTIDA, o que aposta alguns doutrinadores Ou seja, não obstante o servidor tenha a garantia definida na CF, o exercício do direito fica LIMITADO à edição de lei específica que o regulamente e, enquanto não for editada a lei, o exercício da prerrogativa será impossível. ˵ Ocorre que, no que tange aos servidores civis, o STF determinou, ao julgar M. Injunção referente à matéria que, enquanto não houver lei específica a regulamentar a greve dos servidores: será utilizada a lei geral de greve (Lei 7.783/89) para o exercício deste direito. O STJ decidiu que, se o servidor exercer o direito de greve de forma legal, embora NÃO tenha direito à remuneração pelos dias parados ↳ Haja vista não tenha havido a prestação do serviço a ensejar o pagamento da contraprestação, não deve sofrer o corte da remuneração durante o exercício deste direito, DESDE que o movimento paredista tenha sido realizado licitamente. ↳ Nesses casos, o servidor, ao terminar a greve, ficará sujeito à compensação pelos dias parados, sob pena de ressarcimento ao erário. ↳ O direito de greve do servidor configura uma exceção ao princípio da continuidade A Lei 8.987/95, em seu art. 6, §3°, estabelece expressamente que é possível a interrupção nos seguintes termos: ↘ § 3° NÃO se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por razões de ordem TÉCNICA ou de SEGURANÇA DAS INSTALAÇÕES; e, II - por INADIMPLEMENTO do usuário, considerado o interesse da coletividade. ↳A princípio a possibilidade de paralisação do serviço deve ser considerada constitucional, bastando que o usuário seja previamente avisado. ↳ STJ: não se considera quebra na continuidade do serviço público a sua interrupção em situação emergencial ou após prévio aviso quando motivada pelo inadimplemento do usuário. ↘ Assim, inexiste qualquer ilegalidade ou afronta às disposições constantes do CDC no corte do fornecimento de água ao usuário inadimplente. ↘ É ILEGAL, caso enseje a interrupção de um serviço essencial à coletividade, pois será prejudicial ao seu interesse. Por exemplo, iluminação pública. ✓ Ressalte-se que a CF de 1988 inovou ao incluir este princípio, no art. 37, pois, apesar de estar expresso, representa um conceito jurídico indeterminado. 11) Princípios da AUTOT UTELA Trata-se do poder que a Administração Pública possui de ter o controle dos seus atos em suas mãos, podendo ela mesma revê-los para trazer regularidade às suas condutas. O ente estatal tem a garantia de ANULAR ➜ os atos praticados em suas atividades essenciais, quando ilegais. O ente estatal tem a garantia de REVOGÁ-LOS ➜ quando inoportunos ou inconvenientes. ↳ Sem que seja necessária a interferência do Poder Judiciário Acerca do tema, a Súmula 473 do STF dispõe que “ administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial" ➜ O exercício da autotutela não afasta a incidência da tutela jurisdicional ↘ Caso o particular se sinta prejudicado pelo ato, ainda que não obtenha êxito no requerimento administrativo de anulação da conduta, poderá recorrer ao judiciário para que seja novamente verificada a legalidade da atuação estatal impugnada. Assim, caso o ato seja lícito, mas não haja interesse público nos efeitos que ele tende a produzir, será admitida a sua revogação. ˵ Anulação de atos ilegais pelo poder público não se configura como uma faculdade do administrador, mas sim um PODER-DEVER. ↳ É LÍCITO que deixe de efetivar a retirada do ato em desconformidade com o ordenamento jurídico, ainda que NÃO tenha sido provocado por nenhum interessado. (diferentemente do que ocorre no âmbito judiciário) ˵ No âmbito da administração pública federal, a lei 9.784/99 prevê um prazo de 5 anos para rever os atos que sejam favoráveis a particulares, salvo má-fé do beneficiado. ↳ Se não o fizer, a situação jurídica anterior se torna legítima. ↳ Para a doutrina majoritária, trata-se de prazo decadencial imposto ao poder público. ↳ Contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fe". O poder de controle da atuação estatal é como princípio da sindicabilidade. ↘ Sindicabilidade é a possibilidade jurídica de submeter-se efetivamente qualquer lesão a direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a algum tipo de controle. 12) Princípios da RAZOABILIDADE Este princípio representa certo limite para discricionariedade do administrador, uma vez que, mesmo diante de situações em que a lei define mais de uma possibilidade de atuação, a interpretação do agente estatal deve-se pautar pelos padrões de escolha efetivados pelo homem médio da sociedade, sem o cometimento de excessos. "Razoabilidade é a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa DENTRO de LIMITES aceitáveis” ➜ Todas as vezes que o mérito administrativo extrapola os limites da lei (seja por atuação que afronta expresso dispositivo legal, seja pela violação ao princípio da razoabilidade) compete ao JUDICIÁRIO, desde que provocado, SANAR o vício da conduta estatal, determinando a anulação do ato ilícito. ˵ Lições doutrinárias Hoje em dia, parte da doutrina e da jurisprudência já admite que o Poder Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo (conveniência e oportunidade) sempre que, no uso da discricionariedade admitida legalmente, a Administração Pública agir contrariamente ao princípio da razoabilidade. Isso se dá porque, ao extrapolar os limites da razoabilidade, a Administração acaba violando a própria legalidade, que, por sua vez, deve pautar a atuação do Poder Público, segundo ditames constitucionais 13) Princípios da PROPORCIONALIDADE Espera-se sempre uma atuação proporcional do agente público, um equilíbrio entre os motivos que deram ensejo à prática do ato e a consequência jurídica da conduta. A grande finalidade deste preceito é evitar abusos na atuação de agentes públicos. Ou seja, impedir que as condutas inadequadas desses agentes ultrapassem os limites no que tange à adequação. ˵ Alguns autores entendem que esse princípio está contido no da razoabilidade - o que não é uma total inverdade, pois ambos estabelecem uma necessidade de valoração de adequação da conduta do agente estatal - dentro dos parâmetros da sociedade. O administrador público ser responsabilizado por Abuso de Poder, nos termos da lei. Suponha-se, por exemplo, que, diante de uma infração leve praticada por um agente público, seu chefe, exercendo uma margem de escolha em sua atuação, decidiu pela aplicação de uma penalidade muito grave. Nesses casos, compete ao Poder Judiciário, desde que provocado pelo interessado, anular o ato praticado, por violação à proporcionalidade. O STF subdivide o princípio da proporcionalidade em 3 subprincípios Subprincípio da Proporcionalidade em sentido estrito (Strictu sensu) Consiste em uma ponderação entre a intensidade da restrição ao direito funda.mental e a importância da realização do direito fundamental, apresentando-se como um verdadeiro equilíbrio de valores e bens. Subprincípio da Adequação Revela-se na utilização da medida adequada, idônea para atingir o fim pretendido, enquanto que Subprincípio da Necessidade Se reflete na avaliação de medida restritiva de direito, com vistas a definir se é realmente necessária para atingir o fim proposto ou se existe uma medida menos danosa que atende a esse fim. 14) Princípios da MOTIVAÇÃO É dever imposto ao ente estatal indicar os pressupostos de fato e de direito que determinaram a prática dos atos administrativos. ➜ Assim como o princípio da publicidade, a motivação é indispensável ao controle dos atos administrativos, uma vez que demonstra à sociedade as razões pelas quais o poder público atuou de determinada forma, tornando possível a análise dos cidadãos acerca da legitimidade e adequação de seus motivos. ˵ O STJ entende que o dever de justificar a conduta estatal configura princípio implícito do ordenamento jurídico brasileiro. ➜ Art. 50 da lei 9.784/99 que estabelece que “os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos ... ". Não se confundem motivação e motivos dos atos administrativos, uma vez que estes são elementos formadores da atuação e que a motivação é somente a fundamentação deste ato. ˵ A Administração Pública poder-se-ia valer da mesma fundamentação para justificar a prática de vários atos idênticos, DESDE que resguardado o direito do particular. A CF determina expressamente sua obrigatoriedade ao definir, em seu art. 93, X, que "as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros". 15) Princípios da ISONOMIA A isonomia, em aspecto formal ➜ Veda tratamento diferenciado às pessoas por motivos de índole pessoal A isonomia, em aspecto material ➜ A isonomia justifica tratamento diferenciado como forma de igualar juridicamente aqueles que são desiguais faticamente. Nesse sentido, o preceito determina que a Administração Pública deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida das suas desigualdades. Ex: Vagas para PCDs nos concursos (igualdade material) É possível definir restrições para ingresso no serviço público com base no limite de idade, desde que seja necessário para o bom exercício da atividade pública, não se admitindo a restrição de forma injustificada. ➜ A matéria ganha contornos políticos e enseja a necessidade de definir os critérios utilizados para estabelecer se a discriminação é, efetivamente, constitucional, ou se enseja uma nova violação ao princípio da igualdade. Trata-se de matéria atinente à discricionariedade pública, concedida ao administrador pela Carta Magna. 16) Princípios da FINALIDADE Administração é somente o interesse público, e não se alcança o interesse público se for perseguido o interesse particular, porquanto haverá nesse caso sempre uma atuação discriminatória. Sempre orientado na busca pelo interesse da coletividade. Deve sempre realizar interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. ➜ Trata-se de manifestação de princípio da impessoalidade. Dessa forma, a impessoalidade impede a conduta estatal orientada no sentido de beneficiar determinada pessoa, devendo se ater, nas suas atuações, a alcançar a finalidade pública. ˵ A lei 4.717/65, dispõe que "o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência". ↳ Qualquer conduta que seja orientada pela obtenção de resultados diversos daqueles definidos na lei pode ser considerada abusiva e, consequentemente, passível de anulação. 17) Princípios da ESPECIALIDADE A especialidade se baseia no princípio da indisponibilidade do interesse público e do dever de eficiência na execução da atividade administrativa, inerente aos órgãos estatais, o que justifica a necessidade de descentralização dos serviços do Estado e da desconcentração de atividades dentro da estrutura orgânica da Administração. ➜ A especialização em determinada atividade acaba por ensejar uma maior eficiência, com a obtenção de resultados positivos, haja vista o fato de que essas entidades dedicam todos os seus esforços na execução de uma única função , não dividindo suas tarefas para execução de outros serviços. ↳ De fato, a entidade especializada na execução de uma determinada ação terá mais sucesso em sua execução em comparação a entidades que devem executar um rol extenso de atribuições. ➜ No art. 37, XIX, da CF, exigindo, inclusive, a edição de lei específica para legitimar a instituição dessas entidades. ↳↳Nesse sentido, mediante disposição de lei específica se criam entidades com personalidade jurídica própria e capacidade de autoadministração para que executem algumas atividades de interesse da sociedade, cuja prestação tenha lhes sido transferida de forma especializada. ↳ Ou seja, o ente já é criado com sua finalidade especificada pela lei própria, não podendo exercer atribuições livremente. Entidades ficam sujeitas a controle exercido pelo ente da Administração Direta responsável pela sua criação, no exercício do que se denomina tutela administrativa. 18) Princípios da SEGURANÇA JURÍDICA Interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação, a fim de evitar o transtorno social. ➜ O que se proíbe é que esta nova interpretação retroaja, de forma a prejudicar situações previamente consolidadas no ordenamento jurídico ➜ É o que a doutrina define como estabilização de efeitos dos atos administrativos 19) Princípios da PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE e de VERACIDADE das CONDUTAS ESTATAIS ➜ Trata-se de princípio que define características aos atos administrativos, em decorrência da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. ➜ O ato goza de fé pública e os fatos apresentados em sua prática presumem-se verdadeiros, em conformidade com os fatos efetivamente ocorridos. Presunção de veracidade ➜ diz respeito a fatos e causa a inversão do ônus da prova dos fatos alegados no ato administrativo. A presunção de veracidade não é absoluta, uma vez que a situação descrita pela conduta do poder público admite prova em contrário pelo particular interessado. Presunção de legitimidade ➜ trata-se de presunção jurídica; portanto, até prova em contrário, o ato foi editado em conformidade com a lei e com o ordenamento jurídico configurando-se, mais uma vez, hipótese de presunção relativa, que pode ser elidida mediante comprovação do interessado. ✔ O ato pode ser questionado Judicialmente, mas o ônus da prova é do particular que visa à sua impugnação. ˵ Atributo de presunção de legitimidade dos atos confere maior celeridade à atuação administrativa, uma vez que, após a prática do ato, esse estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se válido fosse, até que se declare sua ilegalidade por decisão administrativa ou judicial. ʊ O dever do servidor é ''cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais". Deveres de observância dos princípios Não é suficiente, pois, que o ente público atue em conformidade com o disposto na lei, mas que pratique condutas de forma honesta, em respeito à moralidade, buscando a obtenção de resultados positivos, dando publicidade aos atos, por si praticados, além de se orientar por todos os outros princípios que norteiam suas condutas. Sendo assim, a boa administração é aquela que interpreta o texto legal de forma a alcançar o interesse público, mas também respeitando os preceitos balizadores da atuação do Estado como forma de garantir o exercício da cidadania. Não se pode esquecer de que o Estado manifesta vontade em nome do povo.