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Prof. Eloá Cristina F. Pelegrino eloa_pel@yahoo.com.br Hidrologia Aplicada UNIFRAN – 2017 Curso de Engenharia Civil Disciplina HIDROLOGIA APLICADA - PRECIPITAÇÕES P = ES + I + EV COMPONENTES DO BALANÇO HÍDRICO »P: PRECIPITAÇÃO ATMOSFÉRICA (CHUVA) »ES: ESCOAMENTO SUPERFICIAL » I: INFILTRAÇÃO NO SOLO »EV: EVAPORAÇÃO + EVAPOTRANSPIRAÇÃO BALANÇO HÍDRICO 5 - Precipitação • Todas as formas de umidade emanadas da atmosfera e depositadas na superfície da terra: – Chuva – Granizo – Neve – Orvalho – Geada – Neblina Maior contribuição para Q rios 4 Do ponto de vista do hidrólogo a chuva tem três mecanismos fundamentais de formação: • chuva frontais ou ciclônicas: interação entre massas de ar quentes e frias grande duração, grandes áreas e intensidade média; • chuvas orográficas: ventos em barreiras montanhosas pequena intensidade, grande duração e pequenas áreas; • chuvas convectivas térmicas: brusca ascenção local de ar aquecido no solo áreas pequenas, grande intensidade e pequena duração. Tipos de chuva Ocorrem ao longo da linha de descontinuidade, separando duas massas de ar em de características diferentes. São chuvas de longa duração. Frontais ou Ciclônicas Frontais ou Ciclônicas Brasil muito freqüentes na região Sul, atingindo também as regiões Sudeste, Centro Oeste e, por vezes, o Nordeste Orográficas Ocorre quando o ar é forçado a romper barreiras naturais, esfriam e precipitam-se. São chuvas de média abaixa intensidade e curta duração. As chuvas orográficas ocorrem em muitas regiões do mundo, e no Brasil são especialmente importantes ao longo da Serra do Mar Ocorre sempre no mesmo local Orográficas Convectivas São provocadas pela ascensão do ar devido às diferenças de temperatura na camada vizinha da atmosfera. São chuvas de curta duração, grande intensidade e ocorre em pequenas extensões Problemas de inundação em áreas urbanas estão, muitas vezes, relacionados às chuvas convectivas Convectivas Florianópolis verão 2008 Convectivas Convectivas Cariri paraibano - 2008 Resumo 5.5 – Medição • Pontual: – Pluviômetros – Pluviógrafos – Disdrômetro • Espacial: – Radares Ferré Gravoz M. & Pascual Peña, F.J. (1997) 16 MEDIÇÃO DE CHUVA As chuvas são medidas por equipamentos coletores que podem ser pluviômetros ou pluviógrafos. Pluviômetros são equipamentos que registram o total de chuva precipitado, em unidade de milímetros. Pluviógrafos são equipamentos que registram, além do total precipitado, a intensidade da precipitação em um gráfico Volume x Tempo a) Pluviômetros Existem provetas de 7, 10 e 25mm 1 medida a cada 24h, normalmente às 7h da manhã. Superfície receptora: Ville de Paris: 400 cm2 Paulista: 500 cm2 Casella: 200 cm2 Snowdon 125 cm2 17 b) Pluviógrafos 19 Os registros dos pluviógrafos são indispensáveis para estudo de chuvas de curta duração. Projetos de galerias pluviais Superfície receptora: 200 cm2 Registro contínuo dos dados de precipitação Estação Pluviométrica Um equipamento de medição de chuva caracteriza uma ESTAÇÃO PLUVIOMÉTRICA L H Estação Pluviométrica ≤1,5m Para a instalação de equipamentos pluviométricos deve ser respeitada o esquema apresentado abaixo. Estação Pluviométrica ≤1,5m Em casos difíceis, pode ser utilizado o tronco como referencial, desde que a amplitude horizontal do objeto não seja alta. L H Precipitação: Volume precipitado = Altura Pluviométrica (mm) Como medir volume em milímetros? Portanto, 1 mm de precipitação corresponde a 1L por m² UNIDADES DE CHUVA = (MM) Altura ou lâmina de chuva – medida normalmente em milímetros 1 mm de chuva = 1 litro de água distribuído em 1 m2 Espessura média que recobriria a região atingida pela precipitação se não houvesse infiltração, nem evaporação e nem escoamento para fora dos limites da região Intensidade da chuva é a razão entre a altura precipitada e o tempo de duração da chuva representa a variabilidade temporal geralmente são definidos intervalos de tempo nos quais é considerada constante Grandezas características da precipitação Numa bacia hidrográfica, 40 mm de chuva é pouco se ocorrer ao longo de um mês, mas é muito se ocorrer em 1 hora • Tempo de retorno No médio de anos durante o qual espera-se que a precipitação analisada seja igualada ou superada • Hietograma: é uma forma gráfica que mostra a intensidade da chuva ao longo de sua duração. Grandezas características da precipitação Gráficos Altura Pluviométrica - É a altura de água precipitada (h), geralmente em mm. Trata-se de uma medida pontual representativa da água precipitada por unidade de área horizontal. Intensidade da precipitação - É a relação entre a altura pluviométrica e a duração da precipitação, expressa em geral em mm/h ou mm/min ou l/s*ha. Duração - Período de tempo contado desde o início até o fim da precipitação. 24 Tempo Chuva 0 0 1 0 2 0 3 3 4 0 5 4 6 8 7 12 8 5 9 9 10 7 11 7 12 5 13 1 14 0 15 0 16 0 17 0 18 0 19 0 20 0 21 0 22 0 23 0 24 0 Exemplo de Registro de Chuva Início 03:00 Fim: 13:00 Duração = 10 horas Tempo Chuva (mm) Chuva Acumulada 0 0 0 1 0 0 2 0 0 3 3 3 4 0 3 5 4 7 6 8 15 7 12 27 8 5 32 9 9 41 10 7 48 11 7 55 12 5 60 13 1 61 14 0 61 15 0 61 16 0 61 17 0 61 18 0 61 19 0 61 20 0 61 21 0 61 22 0 61 23 0 61 24 0 61 Chuva Acumulada • Chuvas intensas são mais raras • Chuvas fracas são mais freqüentes • Por exemplo: − Todos os anos ocorrem alguns eventos de 10 mm em 1 dia em Porto Alegre. − Chuvas de 180 mm em 1 dia ocorrem uma vez a cada 10 ou 20 anos, em média. Frequência Série de dados de chuva de um posto pluviométrico na Região Sul Bloco Freqüência P = zero 5597 P < 10 mm 1464 10 < P < 20 mm 459 20 < P < 30 mm 289 30 < P < 40 mm 177 40 < P < 50 mm 111 50 < P < 60 mm 66 60 < P < 70 mm 38 70 < P < 80 mm 28 80 < P < 90 mm 20 90 < P < 100 mm 8 100 < P < 110 mm 7 110 < P < 120 mm 2 120 < P < 130 mm 5 130 < P < 140 mm 2 140 < P < 150 mm 1 150 < P < 160 mm 1 160 < P < 170 mm 1 170 < P < 180 mm 2 180 < P < 190 mm 1 190 < P < 200 mm 0 P < 200 mm 0 Total 8279 Frequência Chuva média anual • A chuva média anual é uma das variáveis mais importantes na definição do clima de uma região, bem como sua variabilidade sazonal • Muitas regiões da Amazônia mais do que 2000 mm por ano • Região do Semi-Árido do Nordeste áreas com menos de 600 mm anuais Chuva média anual Cuiabá Porto Alegre Chuvas médias mensais • A variabilidade sazonal da chuva é representada por gráficos com a chuva média mensal • Na maior parte do Brasil verão com as maiores chuvas. • Rio Grande do Sul a chuva é relativamente bem distribuída ao longo de todo o ano (em média). Chuva máxima anual • Existe o interesse pelo conhecimento detalhado de chuvas máximas no projeto de estruturas hidráulicas como bueiros, pontes, canais e vertedores • Análise de frequência de chuvas máximas calcular a precipitação P que atinge uma área A em uma duração D comuma dada probabilidade de ocorrência em um ano qualquer • podem ser ajustadas distribuições de probabilidade como a de Gumbel para: • uma duração como a chuva diária; • várias durações curva IDF Tomar o valor máximo de chuva diária de cada ano de um período de N anos Organizar N valores de chuva máxima em ordem decrescente. A cada um dos valores pode ser associada uma probabilidade de que este valor seja atingido ou excedido em um ano qualquer. Fórmula empírica: 1N I P Chuva máxima anual Probabilidade x tempo de retorno • Uma chuva que é igualada ou superada 10 vezes em 100 anos tem um período de retorno de 10 anos. A probabilidade de acontecer esta chuva em um ano qualquer é de 1/10 (ou 10 %) TR = 1/Prob O tempo de retorno pode, também, ser definido como o inverso da probabilidade de ocorrência de um determinado evento em um ano qualquer. Por exemplo, se a chuva de 130 mm em um dia é igualada ou superada apenas 1 vez a cada 10 anos diz-se que seu Tempo de Retorno é de 10 anos, e que a probabilidade de acontecer um dia com chuva igual ou superior a 130 mm em um ano qualquer é de 10%. Probabilidade x tempo de retorno A probabilidade admitida pode ser maior ou menor, dependendo do tipo de estrutura. A probabilidade admitida para a falha de uma estrutura hidráulica é menor se a falha desta estrutura provocar grandes prejuízos econômicos ou mortes de pessoas Estrutura TR (Anos) Bueiros de estradas pouco movimentadas 5 a 10 Bueiros de estradas muito movimentadas 50 a 100 Pontes 50 a 100 Diques de proteção de cidades 50 a 200 Drenagem pluvial 2 a 10 Grandes Barragens (vertedor) 10.000 Pequenas barragens 100 Para aplicar o balanço hídrico sobre uma bacia, ou para determinar os valores extremos das chuvas na região, o hidrologista está mais interessado em conhecer a precipitação que cobre toda uma área, e não exatamente os valores pontuais. Precipitação média numa bacia Defini-se a precipitação média como sendo a altura uniforme da lâmina d’água que cobre toda a área considerada, associada a um período de tempo (uma hora, um dia, um mês, um ano, etc.). Para se obter um valor médio da precipitação sobre uma bacia hidrográfica existem três métodos: método aritmético, método de Thiessen e método das isoietas. O cálculo da média por estes métodos pode ser feito para um temporal isolado, para totais mensais precipitados ou para os totais anuais. Determinada Precipitação média numa bacia • Considere-se uma bacia hidrográfica com N estações pluviométricas, com as alturas de chuva medidas em cada estação indicadas por Pi (i = 1, 2, 3, ..., N). A precipitação média na bacia, P , pode ser obtida tomando-se a média aritmética dos valores indicados: Determinação da Precipitação média numa bacia Média aritmética das alturas pluviométricas dos postos localizados dentro da bacia. 50 mm 66 mm 44 mm 40 mm 42 mm • Média aritmética (método mais simples) • 66+50+44+40= 200 mm • 200/4 = 50 mm • Pmédia = 50 mm Determinação da Precipitação média numa bacia 50 mm 70 mm 120 mm • 50+70= 120 mm • 120/2 = 60 mm • Pmédia = 60 mm Obs.: Forte precipitação junto ao divisor não está sendo considerada • Problemas da média Precipitação média numa bacia A American Society of Civil Engineers (ASCE) recomenda o uso do método de Médias Aritméticas para bacias menores que 5.000 km2 , quando: 1) a distribuição dos aparelhos na bacia for densa e uniforme; e 2) a área for plana ou de relevo muito suave (para evitar erro devido a influências orográficas). 3) Ainda, sugere que as medidas individuais de cada aparelho pouco variem da média, para maior confiabilidade. Quando estes requerimentos não forem atendidos, é recomendável o uso de outro método. Determinação da Precipitação média numa bacia A1 A2 A3 Polígonos de Thiessen Pm= P1*A1+P2*A2+P3*A3 A1 +A2 +A3 Precipitação Média sobre uma Bacia No método de Thiessen, para cada estação define-se uma área de influência dentro da bacia. Assim, para o posto pluviométrico i tem-se a área Ai, tal que Ai = A (igual à área de drenagem da bacia hidrográfica). A precipitação média é então calculada atribuindo-se um peso a cada altura em cada uma das estações, peso este representado pela área de influência. Precipitação Média sobre uma Bacia Polígonos de Thiessen são áreas de “domínio” de um posto pluviométrico. Considera-se que no interior dessas áreas a altura pluviométrica é a mesma do respectivo posto. Os polígonos são traçados da seguinte forma: 1º. dois postos adjacentes (ao lado) são ligados por um segmento de reta; 2º. traça-se a mediatriz deste segmento de reta. Esta mediatriz divide para um lado e para outro, as regiões de “domínio” (Figura 3.5). Precipitação Média sobre uma Bacia 3º. Este procedimento é realizado, inicialmente, para um posto qualquer (ex.: posto B), ligando-o aos adjacentes. Define-se, desta forma, o polígono daquele posto (Figura 3.6). 4º. Repete-se o mesmo procedimento para todos os postos. 5º. Desconsideram-se as áreas dos polígonos que estão fora da bacia. 6º. A precipitação média na bacia é calculada pela seguinte equação: Em que é a precipitação média na bacia (mm); Pi é a precipitação no posto i (mm); Ai é a área do respectivo polígono, dentro da bacia (km2 ); A é a área total da bacia (km2 ). • Polígonos de Thiessen 50 mm 70 mm 120 mm Áreas de influência de cada um dos postos n 1i ii PaP ai = fração da área da bacia sob influencia do posto I Pi = precipitação do posto i Precipitação média por Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm 75 mm Precipitação média por Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm 75 mm 1 – Linha que une dois postos pluviométricos próximos Precipitação média por Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm 75 mm 2 – Linha que divide ao meio a linha anterior Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm 75 mm 2 – Linha que divide ao meio a linha anterior Região de influência dos postos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 82 mm 75 mm 3 – Linhas que unem todos os postos pluviométricos vizinhos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 4 – Linhas que dividem ao meios todas as anteriores Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 5 – Influência de cada um dos postos pluviométricos Definição dos Polígonos de Thiessen 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm 40% 30% 15% 10% 5% 820,1750,05500,3700,41200,15P Definição dos Polígonos de Thiessen P= 72,95mmPrecipitação média por Thiessen • O método dá bons resultados em terrenos levemente acidentados, quando a localização e exposição dos pluviômetros são semelhantes e as distâncias entre eles não são muito grandes facilita o cálculo automatizado 50 mm 120 mm 70 mm 75 mm 82 mm • Média aritmética = 60 mm • Média aritmética com postos de fora da bacia = 79,4 mm • Média por polígonos de Thiessen = 73 mm Comparação métodos de determinação de Precipitação Média iii ppp 2 1 n i ii pa A P 1 . 1 Determinação da Precipitação Média sobre uma Bacia No método das isoietas, em vez de pontos isolados de precipitação, utilizam-se as curvas de igual precipitação (isoietas). O traçado dessas curvas é extremamente simples, semelhante ao traçado de curvas de nível, onde a altura de chuva substitui a cota do terreno c) Método das isoietas Isoietas são linhas indicativas de mesma altura pluviométrica. O espaçamento entre elas depende do tipo de estudo, podendo ser de 5 em 5 mm, 10 em 10 mm, etc. O traçado das isoietas é feito da mesma maneira que se procede em topografia para desenhar as curvas de nível, a partir das cotas de alguns pontos levantados. 43 • Descreve-se a seguir o procedimento de traçado das isoietas (Pedrazzi, 2004): 1º. definir qual o espaçamento desejado entre as isoietas; 2º. liga-se por uma semirreta, dois postos adjacentes, colocando suas respectivas alturas pluviométricas; 3º. interpola-se linearmente* determinando os pontos onde vão passar as curvas de nível, dentro do intervalo das duas alturas pluviométricas (Figura 3.7); 4º. procede-se dessa forma com todos os postos pluviométricos adjacentes; 5º. ligam-se os pontos de mesma altura pluviométrica, determinando cada isoieta; Método de Isoietas Interpolação linear é um método no qual instanciamos um novo conjunto de dados utilizando interpolação em vista de construir uns novos pontos de dados no alcance de pontos já conhecidos 6º. a precipitação média é obtida pela seguinte equação: Método de Isoietas Pelo método das isoietas, a precipitação média sobre uma área é calculada multiplicando- se a precipitação média entre isoietas sucessivas (normalmente fazendo-se a média dos valores de duas isoietas) pela área entre as isoietas, totalizando-se esse produto e dividindo-se pela área total. O método das isoietas é o mais preciso para a avaliação da precipitação média em uma área. A precisão do método, contudo, depende fortemente da habilidade do analista em traçar o mapa das isoietas. Exemplo: Exemplo: Isoietas Área entre as isoietas (km²) Precipitação (mm) (2) x (3) 25-30 - - - 30-35 1,9 32,5 61,75 35-40 10,6 37,5 397,5 40-45 10,2 42,5 433,5 45-50 6 47,5 285 50-55 15 52,5 787,5 55-60 8,4 57,5 483 60-65 4,7 62,5 293,75 56,8 2742 Pm= 2742 56,8 = 48,3𝑚𝑚 Isoietas • Isoietas retrata a variabilidade espacial Isoietas Bacia do rio Paraíba (Plano Diretor) 3876967 3886248 3886365 3886477 3887235 3886871 3887674 3887753 3887886 3897016 3897098 3876868 750000 760000 770000 780000 790000 800000 810000 820000 830000 840000 850000 8920000 8930000 8940000 8950000 8960000 8970000 8980000 8990000 9000000 9010000 9020000 9030000 Postos 750000760000770000780000790000800000810000820000830000840000850000 8920000 8930000 8940000 8950000 8960000 8970000 8980000 8990000 9000000 9010000 9020000 9030000 450 550 650 750 850 950 1050 1150 1250 1350 Isoietas Anuais Médias Isoietas Precipitação Média sobre uma Bacia Método de Thiessen: •Variação espacial discreta da chuva •Resultado é único (independe do autor) •Não considera a distribuição espacial de um evento. •Seu cálculo é facilmente automatizado Isoietas: •Variação espacial contínua da chuva •Resultado não é único (depende do autor) •Considera a distribuição espacial de um evento. •Seu cálculo pode ser parcialmente automatizado (SIG). Escolha do Método depende do objetivo e da quantidade de postos CHUVAS INTENSAS Chuvas intensas, ou precipitações máximas, são definidas como aquelas chuvas cujas intensidades ultrapassam um determinado valor mínimo. Precipitações intensas são as causas das cheias e portanto, a causa de enormes prejuízos à vida humana, à economia, qualidade de vida e saúde pública. À partir de estatística aplicada sobre séries (de registros) históricas longas são elaboradas equações que obtém, de maneira sintética, as precipitações intensas que podem ocorrer baseada em sua raridade e duração . Quanto mais intensa, mais rara a precipitação Chuvas intensas Causas das cheias podem causar grandes prejuízos quando os rios transbordam e inundam casas, ruas, estradas, escolas, podendo destruir plantações, edifícios, pontes etc. e interrompendo o tráfego As cheias também podem trazer sérios prejuízos à saúde pública ao disseminar doenças de veiculação hídrica Interesse pelo conhecimento detalhado de chuvas máximas no projeto de estruturas hidráulicas como bueiros, pontes, canais e vertedores Chuvas intensas Problema da análise de freqüência de chuvas máximas calcular a precipitação P que atinge uma área A em uma duração D com uma dada probabilidade de ocorrência em um ano qualquer (ou tempo de retorno) curva de Intensidade – Duração – Freqüência (IDF) 1) Obtida a partir da análise estatística de séries longas de dados de um pluviógrafo (mais de 15 anos, pelo menos) 2) Selecionam-se as maiores chuvas de uma duração escolhida (por exemplo 15 minutos) em cada ano da série de dados série de tamanho N (número de anos) ajustada uma distribuição de frequências 3) Procedimento repetido para diferentes durações (5 min, 10 min, 1 hora, 12 horas, 24 horas, ...) resultados são resumidos na forma de um gráfico ou equação A curva IDF Intensidade – Duração - Frequência Parque da Redenção em Porto Alegre A Figura apresenta uma curva IDF obtida a partir da análise dos dados de um pluviógrafo que esteve localizado no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Cada uma das linhas representa um Tempo de Retorno; no eixo horizontal estão as durações e no eixo vertical estão as intensidades. Observa-se que quanto menor a duração maior a intensidade da chuva. Da mesma forma, quanto maior o Tempo de Retorno, maior a intensidade da chuva. Por exemplo, a chuva de 1 hora de duração com tempo de retorno de 20 anos tem uma intensidade de 60 mm.hora-1. A curva IDF Intensidade – Duração - Frequência Parque da Redenção em Porto Alegre Evidentemente as curvas IDF são diferentes em diferentes locais. Assim, a curva IDF do Parque da Redenção em Porto Alegre vale para a região próxima a esta cidade. Infelizmente não existem séries de dados de pluviógrafos longas em todas as cidades, assim, muitas vezes, é necessário considerar que a curva IDF de um local é válida para uma grande região do entorno. No Brasil existem estudos de chuvas intensas com curvas IDF para a maioria das capitais dos Estados e para algumas cidades do interior, apenas. Equação IDF: Intensidade – Duração - Frequência Chuvas Intensas Cidade de Franca não possui equação IDF IDF Em termos práticos, para a utilização de uma IDF é necessário informar o tempo de retorno de projeto e aduração da chuva. O tempo de retorno a ser utilizado é um critério relacionado com o tipo de obra de engenharia. Por exemplo, no projeto de um sistema de drenagem pluvial urbano as bocas-de-lobo são em geral dimensionadas para chuvas de 3 a 5 anos de período de retorno, enquanto que o vertedor de uma barragem como Itaipú no rio Paraná, é dimensionado para uma vazão de 10.000 anos de período de retorno. Com relação à duração da chuva, normalmente adota-se o critério de utilização da duração da chuva igual ao tempo de concentração da bacia hidrográfica para a qual será desenvolvido o estudo. Qual é a precipitação máxima de 1 hora de duração em Porto Alegre? Qual é a precipitação máxima de 1 hora de duração em Porto Alegre com 1% de probabilidade de ser excedida em um ano qualquer? ou, no lugar da probabilidade, tempo de retorno de 100 anos. Exemplo de uso da curva IDF Exercício: A tabela abaixo apresenta as precipitações máximas registradas durante 9 anos no rio Paraná, em um posto fluviométrico localizado em Presidente Epitácio, em São Paulo. Utilizando as probabilidades empíricas, determine a precipitações de 10 anos de tempo de retorno neste local. Ano Precipitação 1940 460 1941 1460 1942 1450 1944 1280 1945 2500 1946 1760 1947 2060 1948 1900 1949 590 Resposta: - A série é colocada em ordem decrescente de vazões máximas - Cada um dos anos recebe um índice de ordem (i) - A cada ordem está associada uma probabilidade empírica dada por Prob = i/(N+1) onde N é o número total de anos (9 anos). - A probabilidade indica a chance da vazão ser igualada ou superada em um ano qualquer. - O período de retorno é o inverso da probabilidade TR = 1/p E a precipitação de 10 anos de tempo de retorno é 2500 mm. Ano Precipitação Ordem (i) Probabilidade TR (anos) 1945 2500 1 10% 10 1947 2060 2 20% 5 1948 1900 3 30% 3,3 1946 1760 4 40% 2,5 1941 1460 5 50% 2 1942 1450 6 60% 1,7 1944 1280 7 70% 1,4 1949 590 8 80% 1,3 1940 460 9 90% 1,1 Chuva diária x chuva de 24h • Precipitação diária valor compreendido entre 2 horários de observação pluviométrica (Quanto aos horários de observação (chuvas de 1 dia é uma maneira dos Serviços de Meteorologia resolver um problema da falta de técnicos para fazer as medidas) O encarregado verifica o acumulado das 7 horas de ontem até as 7 horas de hoje • Precipitação de 24 h maior valor de chuva correspondente a um período consecutivo de 24 horas (não necessariamente coincidente a um período de observação) 24h/1dia? Chuva diária x chuva de 24h Diária 230 mm 221 mm 216 mm 217 mm Chuva diária x chuva de 24h Diária 230 mm Máxima de 24 h 353 mm Chuvas de Projetos Chuvas Intensas • Em projetos de drenagem urbana frequentemente são geradas estimativas de vazão a partir de informações de chuvas intensas. Para isto são gerados cenários com eventos de chuva idealizados, denominados “eventos de chuva de projeto” ou “chuvas de projeto”. As curvas IDF podem ser utilizadas para gerar chuvas de projeto, a partir da obtenção de valores de precipitação em intervalos de tempo menores do que a duração total da chuva. • Por exemplo, deseja-se obter a precipitação com 20 minutos de duração e 2 anos de tempo de retorno da cidade de Porto Alegre, utilizando uma discretização temporal de 5 minutos. Na Tabela 5. 5 é apresentado esse processo usando uma curva IDF desenvolvida a partir de dados medidos no IPH-UFRGS, para a qual os parâmetros são a=509,86; b=0,196; c=10; d=0,72. Chuvas de Projetos Chuvas Intensas • Na primeira coluna da tabela a duração respectiva de cada precipitação até os 20 minutos; na segunda coluna é apresentada a intensidade da precipitação correspondente a cada duração; na terceira coluna é apresentada a lâmina de água acumulada de chuva (=I*Tempo/60); e na última coluna é apresentada a precipitação de forma desacumulada (Pacumt-Pacumt-1). • É interessante observar que na última coluna da tabela anterior a precipitação encontra-se “desagregada”, isto é, aparecem apenas os valores incrementais para o intervalo de tempo de 5 minutos, no entanto, distribui-se do maior para o menor valor, como se houvesse ocorrido uma “pancada” de chuva no início do tempo, e gradativamente a mesma foi diminuindo. • Isto pode não representar o comportamento real de uma chuva. Assim, para gerar uma chuva de projeto existem alguns procedimentos para fazer a redistribuição temporal da chuva gerada a partir de uma IDF. Distribuição temporal da precipitação O resultado da obtenção da precipitação a partir de uma equação IDF é uma série de precipitação que não apresenta distribuição temporal. Assim, antes do uso da informação de precipitação é importante fazer a distribuição temporal da chuva, de tal forma que a mesma tente representar o comportamento da chuva da região. No caso de haver informação disponível de pluviógrafo, é possível fazer um estudo sobre o comportamento da distribuição temporal da chuva na região, e a partir dessa análise proceder com a organização da chuva determinada a partir da IDF no tempo. No entanto, o caso mais comum é a adoção de um critério pré-definido para a distribuição temporal da chuva. Entre esses critérios, o mais usado dada sua simplicidade é o Método dos Blocos Alternados. Distribuição temporal da precipitação Uma vez determinada a precipitação , o procedimento para a utilização do Método dos Blocos Alternados consiste em re- organizar a precipitação da seguinte forma: o maior volume de chuva é colocado na metade (50%) da duração total da chuva (ou de acordo com outros critérios (25, 75%, etc.); os demais volumes de chuva são dispostos em ordem alternada, um abaixo desse valor, outro acima, e assim até o final do processo À última coluna dessa tabela é dado o nome de hietograma de projeto, e o mesmo pode ser apresentado em forma de um diagrama de barras Hietograma sintético Método dos Blocos Alternados Chuvas Intensas 1. Seleciona-se a duração da tormenta (td) e o intervalo de discretização (∆t). 2. Através da relação intensidade-duração-frequência, obtém- se a intensidade de chuva para cada duração. 3. As intensidades são transformadas em alturas de chuva e acumuladas até o último intervalo de tempo. 4. Calculam-se os incrementos dos totais acumulados por intervalo 5. Os incrementos ou blocos obtidos são rearranjados numa sequência tal, que no centro da duração da tormenta, se situe o bloco maior, e em seguida os demais blocos são dispostos em ordem decrescente, um à direita e o outro à esquerda do bloco maior, alternadamente Exemplo: Método dos Blocos Alternados Chuvas Intensas Exemplo: IDF da cidade de São Paulo, tempo de retorno de 100 anos e 50 minutos de duração. i = intensidade média da chuva, em mm/min t = duração da chuva, em min T= período de retorno, em anos Duração (min) Intensidade (mm/min) Altura de chuva acumulada (mm) Altura de chuva incremental (mm) Intervalo considerado (min) Hietograma de projeto (mm) TOTAL (mm) Duração (min) Intensidade (mm/min) Altura de chuva acumulada (mm) Altura de chuva incremental (mm) Intervalo considerado (min) Hietograma de projeto (mm) TOTAL (mm) 1º Passo) Seleciona-se a duração da tormenta (td) e o intervalo de discretização (∆t). 50 minutos (enunciado) 10 minutos (intervalo de tempo adotado) Duração (min) Intensidade (mm/min)Altura de chuva acumulada (mm) Altura de chuva incremental (mm) Intervalo considerado (min) Hietograma de projeto (mm) 10 20 30 40 50 TOTAL (mm) 3,652 2,763 2,220 1,854 1,590 TOTAL (mm) 2º Passo) Através da relação intensidade-duração-frequência, obtém-se a intensidade de chuva para cada duração. Duração (min) Intensidade (mm/min) Altura de chuva acumulada (mm) Altura de chuva incremental (mm) Intervalo considerado (min) Hietograma de projeto (mm) 10 3,652 36,52 20 2,763 55,27 30 2,220 66,60 40 1,854 74,15 50 1,590 79,52 TOTAL (mm) 3º Passo) As intensidades são transformadas em alturas de chuva e acumuladas até o último intervalo de tempo. Duração (min) Intensidade (mm/min) Altura de chuva acumulada (mm) Altura de chuva incremental (mm) Intervalo considerado (min) Hietograma de projeto (mm) 10 3,652 36,52 36,52 0-10 20 2,763 55,27 18,75 10-20 30 2,220 66,60 11,33 20-30 40 1,854 74,15 7,55 30-40 50 1,590 79,52 5,37 40-50 TOTAL (mm) 4º Passo) As intensidades são transformadas em alturas de chuva e acumuladas até o último intervalo de tempo. Duração (min) Intensidade (mm/min) Altura de chuva acumulada (mm) Altura de chuva incremental (mm) Intervalo considerado (min) Hietograma de projeto (mm) 10 3,652 36,52 36,52 0-10 5,37 20 2,763 55,27 18,75 10-20 11,33 30 2,220 66,60 11,33 20-30 36,52 40 1,854 74,15 7,55 30-40 18,75 50 1,590 79,52 5,37 40-50 7,55 TOTAL (mm) 5º Passo) Os incrementos ou blocos obtidos são rearranjados numa sequência tal, que no centro da duração da tormenta, se situe o bloco maior, e em seguida os demais blocos são dispostos em ordem decrescente, um à direita e o outro à esquerda do bloco maior, alternadamente 79,52 0 5 10 15 20 25 30 35 40 10 20 30 40 50 P re ci p it aç ão ( m m ) Tempo (min) Hietograma de Projeto Duração (min) Intensidade (mm/min) Altura de chuva acumulada (mm) Altura de chuva incremental (mm) Intervalo considerado (min) Hietograma de projeto (mm) 10 3,652 36,52 36,52 0-10 5,37 20 2,763 55,27 18,75 10-20 11,33 30 2,220 66,60 11,33 20-30 36,52 40 1,854 74,15 7,55 30-40 18,75 50 1,590 79,52 5,37 40-50 7,55 TOTAL (mm) 79,52 5.6 - Processamento de dados pluviométricos Análises de consistência dos dados • Detecção de erros grosseiros • Preenchimento de falhas • Verificação de homogeneidade dos dados a) Detecção de erros grosseiros PLUVIÔMETRO • observações marcadas em dias que não existem (ex.: 31 de abril); • quantidades absurdas (ex.: 1000 mm em um dia); • erro de transcrição (ex.: 0,36 mm em vez de 3,6 mm). PLUVIÓGRAFO • defeito na sifonagem b) Preenchimento de falhas C B A A B C x P N P N Nx Nx P P 3 N 1 Nx Onde: Px é o valor de chuva que se deseja determinar; Nx é a precipitação média anual do posto x ; NA, NB e NC são, respectivamente, as precipitações médias anuais do postos vizinhos A, B e C, no mesmo período de Nx ; PA, PB e PC são, respectivamente, as precipitações observadas no instante que o posto x falhou. Falhas devido: • Ausência de observador • Defeito do aparelho 3 postos vizinhos, localizados o mais próximo possível da estação com falhas. 𝑃𝑥 = 1 3 ( 𝑁𝑥 𝑁𝐴 𝑃𝐴 + 𝑁𝑥 𝑁𝐵 𝑃𝐵 + 𝑁𝑥 𝑁𝐶 𝑃𝐶) c) Verificação de homogeneidade dos dados Se houve alguma anormalidade na estação, como mudanças: •de local •nas condições do aparelho • no método de observação Fonte: Villela & Mattos (1975) Exercício 1 Preencher a falta de dados ocorrida no mês de janeiro no ano de 1963 no posto E5-46. Totais mensais dos meses de janeiro dos postos E5-51, E5-52 e E5-47, todos vizinhos ao ponto em questão, no período de 1958-1968, são disponíveis. Ano PX(mm) PA(mm) PB(mm) PC(mm) E5-46 E5-51 E5-52 E5-47 1958 117,4 157,3 249,6 224,8 1959 125,3 241,6 374,6 265,1 1960 131,8 250,9 267,6 261,2 1961 159,4 55,6 121,8 57 1962 52,4 158,9 85,4 95,4 1963 344 276,6 231,4 1964 64,2 39,3 81,8 21,3 1965 174 253,3 285,4 290,6 1966 137,8 64,7 150,2 201,2 1967 168,3 126,1 170,3 123,2 1968 255,5 249,5 339,3 285,1 Exercício 1 Preencher a falta de dados ocorrida no mês de janeiro no ano de 1963 no posto E5-46. Totais mensais dos meses de janeiro dos postos E5-51, E5-52 e E5-47, todos vizinhos ao ponto em questão, no período de 1958-1968, são disponíveis. Ano PX(mm) PA(mm) PB(mm) PC(mm) E5-46 E5-51 E5-52 E5-47 1958 117,4 157,3 249,6 224,8 1959 125,3 241,6 374,6 265,1 1960 131,8 250,9 267,6 261,2 1961 159,4 55,6 121,8 57 1962 52,4 158,9 85,4 95,4 1963 344 276,6 231,4 1964 64,2 39,3 81,8 21,3 1965 174 253,3 285,4 290,6 1966 137,8 64,7 150,2 201,2 1967 168,3 126,1 170,3 123,2 1968 255,5 249,5 339,3 285,1 Média= 138,61 176,47 218,42 186,94 Px= 205,7685 REFERÊNCIAS Martins, Leandro G. B. Ciclo Hidrológico. Notas de aula (apresentação). UNISEB: Ribeirão Preto, 2015. Reis, Luisa F. R. Bacias Hidrográficas. Notas de aula (apresentação). USP: São Carlos, 2013.