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Resumo de mediação de conflitos

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Resumo de mediação de conflitos (Aula 1)
Mecanismos alternativos de resolução de conflitos
-Negociação
Definição:
*Dinâmica - A negociação pode ser definida como uma relação que duas ou mais pessoas estabelecem a respeito de um assunto, visando encontrar posições comuns e chegar a um acordo que seja vantajoso para todos.A negociação pode ser definida como uma relação que duas ou mais pessoas estabelecem a respeito de um assunto, visando encontrar posições comuns e chegar a um acordo que seja vantajoso para todos.A negociação pode ser definida como uma relação que duas ou mais pessoas estabelecem a respeito de um assunto, visando encontrar posições comuns e chegar a um acordo que seja vantajoso para todos.A negociação pode ser definida como uma relação que duas ou mais pessoas estabelecem a respeito de um assunto, visando encontrar posições comuns e chegar a um acordo que seja vantajoso para todos.
*As partes - É preciso ficar claro que as pessoas não são consideradas inimigas em uma negociação. Muito pelo contrário, são vistas como colaboradoras, trabalhando para eliminar as diferenças existentes e chegar a um acordo aceitável por todos. Quando negociamos, enfrentamos os problemas e não as pessoas.
*Meta da negociação - Buscar um acordo que satisfaça as necessidades de todos os envolvidos. Deve-se tentar chegar a uma solução equitativa que inclua os pontos de vista e interesses de todos os envolvidos. Assim, todos os envolvidos considerarão o acordo como algo construído por todos, e não como uma solução imposta. Enfim, todos sairão satisfeitos de uma negociação, com a intenção de cumprir o que foi combinado e com o interesse de manter essa relação que teve um resultado tão vantajoso para todos.
Conciliação
Definição: Conciliação é uma forma de resolução de controvérsias na relação de interesses administrada por um Conciliador (investido de autoridade ou indicado pelas partes), a quem compete: aproximar as partes, controlar as negociações, aparar as arestas, sugerir e formular propostas, apontar vantagens e desvantagens. O objetivo do conciliador é sempre o de estabelecer uma composição do litígio pelas partes.
Arbitragem
Definição: A arbitragem é um meio privado e alternativo de solução de controvérsias extrajudiciais de direito patrimonial disponível nas áreas cível, comercial e trabalhista. Ela pode ser usada para resolver problemas jurídicos sem a participação do Poder Judiciário. É um mecanismo voluntário: ninguém pode ser obrigado a se submeter à arbitragem contra sua vontade.
Arbitragem
Definição: A arbitragem é um meio privado e alternativo de solução de controvérsias extrajudiciais de direito patrimonial disponível nas áreas cível, comercial e trabalhista. Ela pode ser usada para resolver problemas jurídicos sem a participação do Poder Judiciário. É um mecanismo voluntário: ninguém pode ser obrigado a se submeter à arbitragem contra sua vontade.
Instrumentos da arbitragem
Os instrumentos que podem ser utilizados na arbitragem são:
Cláusula compromissória: Está inserida em um contrato, sendo redigida antes do início do conflito.
Compromisso arbitral: É um contrato próprio para escolher a arbitragem, redigido após o surgimento do conflito.
Esses dois instrumentos levam as partes para a arbitragem e excluem a participação do Judiciário, desde que a escolha pela arbitragem tenha sido feita livremente por todos os envolvidos. 
Adesão das partes: É importante destacar que ninguém pode ser obrigado a assinar um compromisso arbitral ou um contrato que contenha a cláusula compromissória.Contudo, se os envolvidos já fizeram livremente a opção pela arbitragem no passado, não poderão voltar atrás no futuro e desistir dela, caso surja algum problema. Somente será possível recorrer ao Judiciário se tiver ocorrido uma violação grave do direito de defesa, bem como em outras situações bem limitadas.
Mediação
Definição: A Mediação é um meio alternativo de solução de controvérsias, litígios e impasses, na qual um terceiro, imparcial, de confiança das partes (pessoas físicas ou jurídicas), livre e voluntariamente escolhido por elas, intervém, agindo como um “facilitador”, um catalisador, que, usando de habilidade e arte, as leva a encontrar a solução para as suas pendências. Na Mediação, as partes têm total controle sobre a situação, diferentemente da Arbitragem, na qual o controle é exercido pelo Árbitro; assim como na Conciliação, pelo Conciliador.
O Mediador é um profissional treinado, qualificado, que conhece muito bem e domina a técnica da Mediação. A mediação vem sendo adotada pelo Judiciário, com experiências em vários Estados brasileiros, ainda em busca de um conceito, porque, muitas vezes, têm conteúdo de Conciliação. Mas o importante é a iniciativa e a aceitação da experiência.
Atividade
Agora, vamos praticar com uma atividade!
Escolha a alternativa correta.
I- Administração do conflito por um terceiro imparcial. Este tem a prerrogativa de poder sugerir um possível acordo, após a avaliação das vantagens e desvantagens que tal proposição traria a ambas as partes.
II- É o caminho natural nas relações humanas para a resolução de conflitos. A todo momento, em nossas vidas, temos algumas questões para serem resolvidas dessa forma.
III- Já estava prevista em nossas leis há muito tempo, mas ganhou força apenas em 1996, quando foi editada a Lei n.º 9.307.
IV- As partes têm total controle do procedimento, mantendo a autonomia para decidir os aspectos em questão.
Escolha a alternativa correta.
I- Arbitragem; II- Negociação; III- Conciliação; IV-Mediação.
I- Conciliação; II- Negociação; III- Arbitragem; IV-Mediação.
I- Arbitragem; II- Mediação; III- Conciliação; IV-Negociação.
I- Negociação; II- Conciliação; III- Arbitragem; IV-Mediação. 
Aula 2
A mediação no mundo
América do Norte: 
Canadá e Estados Unidos
O uso da mediação aumentou em muitos países e culturas, mas talvez tenha aumentado de forma mais rápida nos Estados Unidos e no Canadá. Os primeiros setores em que a mediação foi formalmente instituída situavam-se na área trabalhista, para tratar de conflitos entre patrões e empregados, em 1913.Na esfera federal, nos Estados Unidos, serviu de modelo para o desenvolvimento de resolução de disputas, nas comunidades e em relação às práticas discriminatórias quanto à etnia e à nacionalidade. No Canadá, foram organizados serviços de resolução de disputas, também, para lidar com as diferenças entre comunidades étnicas. Em muitas comunidades norte-americanas e canadenses, a mediação, segundo Moore (1998), vem sendo aplicada em conflitos entre proprietários e arrendatários de terras, em questões relacionadas aos desabrigados, em conflitos entre os cidadãos e a polícia e em disputas entre consumidores. Além de programas de mediação local, há programas de âmbito estadual em muitos Estados norte-americanos.
 Àsia:
China:
A República Popular da China vem praticando a conciliação para resolver disputas interpessoais, comunitárias e cíveis através dos Comitês de Conciliação e tribunais de conciliação. Esses Comitês Populares são prestadores de serviços institucionalizados pelo governo. A mediação tem sido introduzida para resolver disputas ambientais entre jurisdições e entre entidades governamentais. Hong Kong institucionalizou as mediações comerciais e familiares. Segundo Nazareth (2009), o país já formou um milhão de mediadores.
Japão: 
O Japão tem uma longa história quanto ao uso da mediação. As bases da mediação japonesa estão ligadas aos costumes do país. A mediação está incorporada à cultura empresarial e é utilizada nos tribunais para casos cíveis de uma forma geral, principalmente na área de família. A mediação familiar é obrigatória para a maior parte dos procedimentos de divórcio e para muitas questões entre pais e filhos.
Outros Países: 
A Coreia desenvolveu a mediação para lidar com conflitos familiares e cíveis através de programas independentes e dos tribunais. A Tailândia, a Malásia e a Indonésia desenvolveram vários setores em que a mediação é usada.As Filipinas e o Sri Lanka estabeleceram programas de mediação comunitária para os conflitos cíveis e criminais de menor potencial ofensivo. Na Índia, os Tribunais Populares oferecem mediação e conciliação para conflitos matrimoniais e cíveis. O Nepal desenvolveu os processos de mediação para tratar de conflitos conjugais, financeiros e ambientais.
África e Oriente Médio
Nossa viagem segue com uma rápida parada na África e no Oriente Médio. Segundo Moore (1998), a mediação é usada tanto nas sociedades africanas tradicionais como nas sociedades modernas, variando de tribo para tribo e de região para região. No Quênia e na Somália, o trabalho de mediação tem sido realizado por um Comitê, por grupos religiosos e não religiosos locais para disputas entre clãs e disputas étnicas. A África do Sul tem apresentado o maior desenvolvimento, neste continente, no que diz respeito à mediação formal. Em 1968, foi fundado um Centro de Resolução de conflitos que foi importante, não apenas para a resolução de conflitos, mas também para a redução da violência, dos conflitos trabalhistas, raciais e políticos. Desde as eleições nacionais de 1994, a mediação mudou seu enfoque da violência para o desenvolvimento e reconciliação nesse país.Há séculos, nas sociedades árabes, a mediação, em tribos e cidades, tem sido o método utilizado para resolver disputas e tem sido adaptado, atualmente, para questões políticas e militares internas e entre os Estados Árabes. O uso de intermediários no Oriente Médio para ajudar nas resoluções de disputas é muito comum hoje. A mediação tem papel importante nos conflitos diplomáticos e nas guerras.
Europa: 
Nossa viagem segue com uma rápida parada na África e no Oriente Médio.
Segundo Moore (1998), a mediação é usada tanto nas sociedades africanas tradicionais como nas sociedades modernas, variando de tribo para tribo e de região para região. No Quênia e na Somália, o trabalho de mediação tem sido realizado por um Comitê, por grupos religiosos e não religiosos locais para disputas entre clãs e disputas étnicas. A África do Sul tem apresentado o maior desenvolvimento, neste continente, no que diz respeito à mediação formal. Em 1968, foi fundado um Centro de Resolução de conflitos que foi importante, não apenas para a resolução de conflitos, mas também para a redução da violência, dos conflitos trabalhistas, raciais e políticos. Desde as eleições nacionais de 1994, a mediação mudou seu enfoque da violência para o desenvolvimento e reconciliação nesse país.Há séculos, nas sociedades árabes, a mediação, em tribos e cidades, tem sido o método utilizado para resolver disputas e tem sido adaptado, atualmente, para questões políticas e militares internas e entre os Estados Árabes. O uso de intermediários no Oriente Médio para ajudar nas resoluções de disputas é muito comum hoje. A mediação tem papel importante nos conflitos diplomáticos e nas guerras.
América Latina
Colombia: 
Na América Latina, a Colômbia é um dos países que tem maior experiência na mediação. A prática iniciou por volta do ano de 1983, sendo muito avançada no setor privado da arbitragem comercial. A Colômbia foi a pioneira no uso da mediação entre os países da América Latina. Optou-se por um modelo descentralizado e desjuridicializado de solução de conflitos, judicial e extrajudicial. Serviços prestados por centros de conciliação e arbitragem, conectados aos tribunais e utilizados como monitores do sistema no Ministério da Justiça. O decreto nº 2.651 fazia referência direta ao método, embora dispositivos legais editados anos antes já fizessem menção à mediação como forma de aliviar a carga de trabalho das varas judiciais. Atualmente, o país possui um dos mais avançados trabalhos com mediação no setor privado. (NAZARETH, 2009, p. 26). A experiência da Colômbia em conciliação extrajudicial foi importante, sobretudo porque influenciou vários países vizinhos, como por exemplo, o Peru.
Peru:
No Peru, a lei institucionalizou a conciliação extrajudicial e criou um requisito de procedibilidade da ação judicial. Este modelo tem a vantagem de haver regulado a prestação dos serviços por intermédio de centros supervisionados pelo Ministério da Justiça, não somente no que diz respeito ao cumprimento dos requisitos legais, mas também em relação à qualidade dos serviços e cumprimento de normas éticas.
Bolívia:
A Bolívia institucionalizou a arbitragem, conciliação e mediação, por meio de Centros de Conciliação, sob a égide do Ministério da Justiça, seu controlador; tais centros são utilizados como canais não formais de acesso à justiça.
Equador:
Organizado em Centros de mediação e arbitragem, o sistema do Equador, permite balancear adequadamente a atividade de resolução de alternativa de conflitos de interesses no setor público e no privado. É considerado um modelo adequado para o desenvolvimento adequado da mediação, sendo acessível, inclusive, às comunidades indígenas.
Guatemala:
Organizado em Centros de mediação e arbitragem, o sistema do Equador, permite balancear adequadamente a atividade de resolução de alternativa de conflitos de interesses no setor público e no privado. É considerado um modelo adequado para o desenvolvimento adequado da mediação, sendo acessível, inclusive, às comunidades indígenas.
Nicarágua:
Na Nicarágua, a mediação foi adotada, em matéria de conflitos de terra, como procedimento obrigatório, uma vez integrada a lide; ou o uso da arbitragem quando solicitado pelos sujeitos. A mediação prévia obrigatória é, muitas vezes, descartada para economia do tempo do juiz, salvo quando se tratar de medidas penais ou de ordem pública.
Argentina:
Na Argentina, especificamente, desde 1991 existe a RADs (“Resolução Alternativa de Disputas”), quando foi desenvolvida a arbitragem e iniciada a mediação por meio da criação de uma comissão de juízes e advogados. Posteriormente, foi aprovada a Lei Nacional de Mediação e Conciliação, a qual teve vigência a partir de 1996. O país teve por base inicial as regras do Instituto de Justiça Estatal do Centro para Resolução de Conflitos, com sede em Washington, DC, bem como do Instituto de Administração Judicial, com sede em Nova York (HIGHTON;ALVAREZ,2008).
Mediação no Brasil
1988- No Brasil, a partir da Constituição de 1988, quando se redemocratizou o país, o Judiciário começou a ser demandado pela maioria da população brasileira. Essa explosão de demandas judiciais, ligada à busca da cidadania, teve reflexo imediato: a crise do Poder Judiciário.
Por um lado, nunca o Judiciário teve tanta visibilidade para a população; por outro, a qualidade dos serviços prestados decaiu, especialmente por falta de estrutura material ou de pessoal, além de uma legislação processual inadequada aos novos desafios institucionais. Surge, a partir desse momento, o fenômeno da judicialização das relações políticas e sociais e o tema da democratização do acesso à justiça.
O acesso à justiça, porém, não se limita ao ajuizamento de uma ação perante o Poder Judiciário, mas à garantia de entrada a um processo justo, sem impedimentos e demora, e adequado à solução do conflito. Dessa forma, percebeu-se que facilitar a comunicação entre os litigantes e garantir mais liberdade na discussão de suas desavenças contribui para a construção de uma solução consensual, com a vantagem de tornar as partes mais propensas em cumprir voluntariamente o acordo, bem como prevenir novos desentendimentos.
Por força dessas vantagens, a mediação veio sendo difundida paulatinamente em nosso País. Curiosamente, com o advento da lei de Arbitragem (9.307/96), observou-se um número crescente de câmaras arbitrais também especializadas em mediação. A primeira tentativa de encaminhar uma lei versando especificamente sobre a mediação foi apresentada em 1998 (PL 4.827/98), oriunda de uma proposta da Deputada Zulaiê Cobra, definindo o instituto.
A proposta teve por objetivo fixar as diretrizes fundamentais do procedimento, mas sem regulamentar todos os detalhes. Aprovado o projeto na Câmara dos Deputados, a proposição seguiu parao Senado Federal (PLC 94/2002). Por outro lado, o Instituto Brasileiro de Direito Processual – IBDP e a Associação de Magistrados Brasileiros – AMB, através de uma equipe de juristas, elaboraram um anteprojeto de lei sobre mediação, demonstrando que o debate sobre o tema também se fez presente no meio jurídico-acadêmico.
2003-2006 - Na verdade, diante da variedade de propostas legislativas e da diversidade de abordagem da questão, houve audiência pública promovida pelo Ministério da Justiça, em 17 de setembro de 2003, e que resultou numa “versão única”.
Encaminhada essa versão ao senador Pedro Simon, relator do projeto de lei então aprovado na Câmara dos Deputados, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal – CCJ/SF, em junho de 2006, acolheu as sugestões apresentadas na forma de um substitutivo, o qual também prestigiou algumas modificações.
Esse projeto não conseguiu avançar na Câmara dos Deputados, assim como outras propostas legislativas referentes à utilização da mediação, notadamente para a solução de conflitos familiares, como são exemplos os seguintes Projetos de Lei na Câmara dos Deputados: 5.696/2001, 599/2003, 1.415/2003, 505/2007, 507/2007, 1.690/2007, 428/2011 e 5.664/2013. (SALOMÃO, 2015).
No Senado Federal, outro projeto de lei apresentado para regulamentar a mediação – o PLS 517, de 2011, de autoria do Senador Ricardo Ferraço –, permaneceu à espera de debate por mais de dois anos.
2010- O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução n. 125, de 29 de novembro de 2010, indicando a mediação como meio de resolução de conflitos inserido na Política Judiciária Nacional de tratamento adequado de conflitos, a ser desenvolvida pelo próprio Conselho e pelos Tribunais do país, em parceria com outros órgãos e instituições.
2013- O Senado Federal, por iniciativa do Presidente Renan Calheiros, instalou, em 3 de abril de 2013, uma comissão de juristas, com a finalidade de elaborar um anteprojeto de lei de arbitragem e mediação. Após seis meses de trabalho intenso – em que foi garantida ampla participação ao público interessado –, foram apresentados dois anteprojetos de lei: um que propunha alterações na atual Lei de Arbitragem (PLS 406/2013) e outro sobre mediação extrajudicial (PLS 405/2013).O Ministério da Justiça, concomitantemente, sob orientação do Secretário da Reforma do Judiciário, Flávio Crocce Caetano, instituiu uma comissão de juristas com o objetivo de formular proposta que subsidiasse a adoção de formas adequadas à solução célere de conflitos. E o resultado foi a elaboração de anteprojeto de lei de mediação que também passou a tramitar no Senado Federal (PLS 434/2013).
2015- Analisando conjuntamente esses 3 projetos de lei (PLS 517/2011, 405/2013 e 434/2013), a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, sob a Relatoria do Senador Vital do Rego, apresentou substitutivo. Encaminhado o projeto de lei à Câmara dos Deputados(PL7.169/2014), foi elaborado substitutivo pelo Deputado Sergio Zveiter. Remetido novamente ao Senado, o projeto foi finalmente aprovado no dia 02 de junho de 2015, esforço conjunto envolvendo os 3 Poderes e todos que participaram de sua elaboração, e foi sancionado em 26 de junho de 2015, pela Presidente Dilma Roussef, como Lei 13.140. A aprovação e posterior promulgação do marco legal da mediação é mais um passo na direção de um moderno sistema de resolução de conflitos no país e na construção de uma cultura que privilegie o diálogo, o consenso e a paz. A Lei prevê, em suas disposições finais, que a mediação seja amplamente utilizada no país, podendo ser aplicada em diferentes tipos de conflito. A intenção do legislador é de incentivar o desenvolvimento de novas modalidades de mediação, abrindo espaço, dessa forma, para ampliação de sua aplicação a diversos tipos de conflitos.
Atividade
Agora, vamos praticar com uma atividade!
A Comunidade Europeia vêm recomendando as RAD’s (Resoluções Alternativas de Disputas) em seus estados-membros. Podemos enfatizar nesse sentido:
 O acesso para países latino-americanos e africanos participarem das mediações internacionais, respeitando a soberania local.
A criação de um tribunal internacional de arbitragem para composição de litígios judiciais na Europa.
A padronização dos procedimentos de mediação familiar para todos os estados-membros, alterando a legislação interna deles.
(X) A publicação dos princípios europeus sobre a mediação familiar cujo texto foi elaborado pelos representantes dos estados-membros.
A possibilidade de mediação empresarial nas diferentes empresas em diferentes países.
Aula 3
Relação da mediação com algumas disciplinas
Direito
A Mediação inspira-se no Direito quando objetiva auxiliar as pessoas a resolverem seus conflitos, orientadas pelo parâmetro da solução justa, respeitando as questões legais determinadas pela sua cultura. Isso fica mais claro quando, por exemplo, é solicitada a revisão legal de um acordo, antes da assinatura pelos mediandos, sempre que a matéria assim o exigir, cumprindo uma norma ética na Mediação. A mediação, dessa forma, poderia ser considerada como uma forma de ordem jurídica justa, porque leva a uma justiça mais:
Adequada: Aumenta o acesso à justiça porque, entre os outros métodos, possui uma forma mais apropriada de abordar e resolver aquele determinado conflito.
Tempestiva: Por ocorrer no tempo dos mediandos, uma vez que, de certa forma, estabelecem o período de duração da mediação, a partir de suas habilidades e capacidades de negociação, aumentam o acesso à justiça.
Efetiva: A solução é construída pelas próprias pessoas envolvidas no conflito, tendo como base a satisfação e o benefício mútuos, a partir do atendimento de suas necessidades, aumentando, assim, o acesso à justiça (ALMEIDA, 2014).
Sociologia
A contribuição da Sociologia é decisiva para a compreensão do valor das redes sociais nos processos de negociação. Mediadores também trabalham com a negociação que os mediandos precisam fazer com os seus interlocutores – advogados, amigos, parentes, colegas de trabalho ou de crença religiosa, entre outros.
Com essas pessoas, são estabelecidas alianças e construídos entendimentos sobre o desacordo e sobre o outro, assim como soluções e interesses a serem defendidos.
Os mediandos não podem, em algumas situações, avançar em uma negociação, em função de compromissos estabelecidos com suas redes de pertinência. Nesses casos, é preciso ajudá-los a negociar com essas redes, dentro ou fora do processo de mediação, para que possa ocorrer a autocomposição.
A mediação estimula o diálogo dos mediandos com suas redes de pertinência e permite que elas venham à mediação, quando são identificadas como geradoras de impasses à solução do processo, ou, ainda, quando são o suporte para o cumprimento do que foi estabelecido na mediação.
Psicologia
Da Psicologia, a mediação utiliza as leituras teóricas sobre o funcionamento emocional humano e valoriza as emoções como componente fundamental dos desentendimentos. A mediação trabalha, indiretamente, com as emoções quando se propõe a incluir a restauração da relação social dos envolvidos.
As abordagens que incluem o relacionamento humano como foco não podem deixar de considerar a presença da emoção. Segundo Muller; Beiras e Cruz (2007), a mediação utiliza técnicas da Psicologia, em especial das Psicoterapias, tais como a sumarização positiva e o enquadre, ampliando e tornando mais compreensíveis as diversas mensagens, além de ressaltar a importância da escuta ativa, da interpretação do que está por detrás do discurso e da linguagem corporal.
Do material teórico da Psicologia, também são utilizadas estratégias para trabalhar com os conflitos. Algumas sugerem que se trabalhe com os mais simples, no lugar dos mais complexos, garantindo o nível motivacional das partes, tornando visível, para elas, a capacidade de resolverem os conflitos de forma não adversarial.
Filosofia
Da Filosofia, várias questões dizem respeito ao processo de Mediação. Entre elas, encontra-se o principal instrumento de trabalhodo mediador, as perguntas, que devem ser oferecidas como na maiêutica socrática. Filho de uma parteira, Sócrates desejava, pela maiêutica, que as pessoas “parissem” as próprias ideias, após refletirem, em lugar de repetirem, indiscriminadamente e sem análise crítica, pensamentos e ideias do senso comum.
O principal objetivo das perguntas na mediação é gerar informação para os mediandos, que são aqueles que têm poder decisório e serão os autores das soluções, de forma a provocar reflexão. A partir da maiêutica, pode-se auxiliar os mediandos a flexibilizarem as ideias trazidas na fase inicial do processo, momento em que as reais necessidades e interesses do outro não estão sendo ainda levados em consideração.
Agora, estamos partindo para as abordagens teóricas que dão o suporte à mediação.
Teoria dos sistemas
 É um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum. Os sistemas apresentam como características básicas: os elementos formadores do sistema, a relação entre eles e um objetivo comum. Além disso, não podemos esquecer o meio ambiente, que é o que está fora do sistema, ou seja, não pode ser controlado por ele. No entanto, o sistema pode estabelecer uma relação de troca com o meio ambiente e, por isso falamos que um pode influenciar o outro. A abordagem sistêmica é uma forma de resolver situações sob o ponto de vista da teoria geral dos sistemas. Muitas soluções surgem quando analisamos um sistema sendo formado por elementos que estabelecem relações entre eles, que apresentam um objetivo, inseridos em um meio ambiente. A abordagem sistêmica é uma forma de resolver situações sob o ponto de vista da teoria geral dos sistemas. Muitas soluções surgem quando analisamos um sistema sendo formado por elementos que estabelecem relações entre eles, que apresentam um objetivo, inseridos em um meio ambiente.Essa abordagem é uma ferramenta, um método que nos capacita a promover mudanças. Ela enfatiza a interação entre os componentes em vez de os componentes por si só, o propósito do sistema em vez de suas causas, as regras operacionais que capacitam o seu desenvolvimento, o objetivo a ser alcançado, o futuro, o envolvimento das pessoas.O olhar sistêmico, segundo Vasconcellos (2002), contribui para que a mediação reconheça os componentes multifatoriais dos desacordos – legais, psicológicos, sociológicos, financeiros, entre outros, e trabalhe com eles conforme a sua prevalência, de forma a atender aos interesses e necessidades dos mediandos.Também como resultado dessa abordagem, os mediadores entendem que o que é trazido à mediação faz parte de uma cadeia de acontecimentos passados e futuros e que sua intervenção provocará alterações na lógica de desenvolvimento dessa cadeia, com repercussões sobre um conjunto de pessoas.Os mediadores comprometem-se com o curso e com o resultado da mediação, agindo na condução de sua dinâmica, avaliando, de forma continuada, a adequação de sua atuação, pois a consideram parte do sistema de resolução. Os mediadores sabem que sua intervenção poderá contribuir para a construção ou para a desconstrução de impasses futuros.
Estratégias da abordagem sistêmica
- Dividir para atingir um fim – todo problema deve ser dividido em partes menores porque isso facilita a sua compreensão e o seu manejo;
- Identificar todas as partes do sistema – identificar tudo o que faz parte do sistema, porque algumas partes identificadas podem fazer a diferença;
- Atentar para detalhes que estão sendo demonstrados pelas pessoas;
- Olhar para o todo, para ter uma compreensão sobre como as partes se relacionam;
- Utilizar analogias, comparações, ou seja, usar soluções antigas adaptadas à nova realidade, na solução de problemas similares.
Teoria da cibernética
A Teoria Cibernética ou Teoria do Controle foi desenvolvida pelo matemático N. Wiener. E tem por objeto o estudo da autorregulação dos sistemas, uma vez que é necessária a manutenção da ordem no interior de cada um, ou entre sistemas, combatendo o caos. A cibernética é uma teoria de controle, baseada na comunicação entre os sistemas e o meio ambiente, bem como a comunicação dentro do próprio sistema. A Teoria da Cibernética foi dividida em dois períodos:
1° Período
O objetivo do sistema era, então, corrigir os desvios para poder se manter estável e sobreviver. Esse processo é conhecido como retroalimentação, em que um sistema sobrevive mantendo a sua constância apesar das mudanças do meio.
2° Período
No segundo período da cibernética, mudou-se o foco de trabalho e o conflito passou a ter a função de mostrar que algo não vai bem no sistema. O foco sai do conflito e vai para as relações estabelecidas naquele sistema. Fato importante para o trabalho com a mediação. A partir desse segundo momento, houve a possibilidade de compreender o potencial de transformação dos sistemas, levando ao desenvolvimento de técnicas na mediação que possibilitassem a ampliação dessa capacidade de mudança.
Teorias da comunicação
A comunicação humana é uma das bases de sustentação da dinâmica da Mediação e precisa ser decifrada pelo mediador, a cada momento, de forma a servir de referencial para a identificação da intervenção a ser utilizada. As contribuições são inúmeras. Algumas estão mais ligadas com o pragmatismo da comunicação humana (WATZLAWICK; BEAVIN; JACKSON, 1967), outras com as narrativas e a análise dos discursos e de sua subjetividade (MAINGUENEAU, 1997).Os axiomas da comunicação foram desenvolvidos por Watzlawick e colaboradores (1967) e fornecem importante base conceitual para entendermos o processo de comunicação, sendo aplicados no procedimento de mediação.
É impossível não comunicar, mesmo quando achamos que não estamos nos comunicando, existe uma mensagem. O silêncio pode, também, ser sentido como confortável ou perturbador, e ser utilizado para aproximar ou afastar as pessoas nas relações com as outras.
Toda comunicação possui uma forma e um conteúdo. A relação entre o conteúdo e a forma na comunicação é chamada de metacomunicação. Pode-se usar de gestos, olhares, expressões corporais e faciais para dar mais ênfase ao que queremos comunicar e ao modo como queremos ser interpretados.A técnica de metacomunicação é utilizada, em geral, quando queremos expressar algum sentimento, mas de forma não invasiva a uma pessoa. É uma forma menos brusca de se transmitir uma mensagem, como uma preparação para que a pessoa receba a mensagem sem constrangimento ou espanto. Usamos a metacomunicação quando fazemos uma pequena introdução àquilo que se quer comunicar, por exemplo, ao noticiar fatos ruins, ao dar alguma advertência etc. Ao censurarmos alguém, podemos realizar uma metacomunicação verbal e não verbal, quando, por exemplo, dizemos “Estou brincando“ e piscamos o olho ao mesmo tempo. Essa comunicação precisa ser neutralizada pelo mediador, que deverá estar atento às situações.
Os seres humanos comunicam-se de forma digital e analógica. Na mediação, na maior parte das vezes, a comunicação será analógica, ou seja, face a face.Dessa forma, haverá possibilidade de observar os conteúdos analógicos da comunicação, como por exemplo: o sorriso, o brilho no olhar, o timbre de voz, a postura corporal, a disposição para ouvir etc. Esses conteúdos valorizam a comunicação e devem ser explorados pelo mediador.
Todas as trocas comunicacionais são simétricas ou complementares. As simétricas são aquelas que possibilitam o diálogo entre as pessoas. Já as complementares, em geral, aparecem em situações de dependência, em que um manda e o outro obedece, um grita e o outro se cala, por exemplo. Este último tipo de troca deve ser convertido ou restabelecido em uma troca simétrica através do trabalho do mediador.
Comunicação não violenta (CNV)
A Comunicação Não Violenta (CNV) é um processo conhecido por sua capacidade de inspirar ação solidária, ponto fundamental no procedimento da mediação. É uma teoria prática, que se confunde com um processo educativo e questiona os perigos da linguagem. A partir do conceito de Ahimsa, tornado famoso por MahatmaGandhi, ressalta o poder que é liberado quando a intenção de agredir o outro é totalmente superada. 	Baseado na ideia de que todos os seres humanos têm a capacidade da compaixão e recorrem à violência quando não percebem outro recurso, ou quando não têm suas necessidades supridas, busca-se criar uma cultura de expressão que resolva os conflitos, em vez de criá-los.Para isso, a CNV se baseia na escuta empática e na expressão autêntica em três âmbitos: nossa própria experiência interior, nossa relação com os outros e nossa conexão com os sistemas nos quais estamos inseridos.
Princípios da mediação
Vamos, então, estudar os princípios da mediação, tomando como base aqueles elencados na Lei 13.140 de 26 de junho de 2015, ou seja, a Lei da Mediação. Você pode vir a ter contato com vários outros princípios da mediação além desses. Como você já sabe, esse é um tema que não se esgota. Queremos ressaltar que aqueles princípios que não foram contemplados na nossa disciplina, não são considerados menos importantes, apenas utilizamos como critério de seleção a fundamentação legal da mediação.
LEI Nº 13.140, DE 26 DE JUNHO DE 2015.
CAPÍTULO I
DA MEDIAÇÃO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios:
I - imparcialidade do mediador;
II - isonomia entre as partes;
III - oralidade;
IV - informalidade;
V - autonomia da vontade das partes;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé.
Aula 4
Conflito
Em geral, conflito pode ser definido como um desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre um tema de interesse comum. Conflitos representam a dificuldade de lidar com as diferenças nas relações e nos diálogos, associada a um sentimento de impossibilidade de coexistência de interesses, necessidades e formas de abordar o mesmo tema.
Moderna teoria do conflito
Diante de tais reações, poder-se-ia sustentar que o conflito sempre consiste em um fenômeno negativo nas relações humanas. No entanto, constata-se que, do conflito, podem surgir mudanças e resultados positivos. É a partir dessa possibilidade de perceber o conflito de forma positiva que surge uma das principais alterações da chamada moderna teoria do conflito. Percebendo o conflito como um fenômeno natural nas relações, é possível vê-lo de forma positiva.
O que saber sobre conflitos
De acordo com Seidel (2007), podemos refletir sobre algumas questões em relação aos conflitos. Vamos a elas:
Conflitos não são problemas
Há uma tendência geral em perceber os conflitos como problemas, ou seja, uma visão negativa do conflito. Os conflitos são normais, não são positivos nem negativos, nem maus e nem bons. É a resposta que se dá aos conflitos que os tornam positivos ou negativos, destrutivos ou construtivos. A questão central é a forma como será resolvido o conflito: por meios violentos ou através do diálogo? Os conflitos devem ser entendidos como parte da vida humana, sendo o seu problema apenas a forma como serão enfrentados e resolvidos.
Diferença entre conflito e briga
Conflitos não se confundem com brigas. A briga é uma resposta ao conflito. Um conflito, segundo Seidel (2007), pode ser definido como a diferença entre duas metas sustentadas por agentes de um sistema social. Além disso, podem ser organizados em três níveis: pessoais, grupais ou entre nações.
Atitudes básicas frente aos conflitos
Podemos ignorar os conflitos, responder de forma violenta a eles e lidar com os conflitos de forma não violenta, através do diálogo.
Benefícios do conflito
A não aceitação do conflito provoca a violência. No entanto, quando se aprende a lidar com o conflito de forma não violenta, ele deixa de ser visto como o oposto à paz e passa a ser considerado como um modo de existir em sociedade. Os conflitos podem trazer os seguintes benefícios, de acordo com Seidel (2007):
Estimular o pensamento crítico e criativo;
Melhorar a capacidade de tomar decisões;
Reforçar a consciência sobre a possibilidade de opção;
Incentivar diferentes formas de resolver problemas e situações;
Melhorar os relacionamentos e a avaliação das diferenças;
Promover a autocompreensão. eidel (2007), temos tr
resolvê-lo. Pa07), temos três possibilidades:
Uma educação para paz envolve, necessariamente, reconhecer o conflito e pensar em modos criativos e não destrutivos de resolvê-lo. Para isso segundo Seidel(2007), temos 3 oportunidades:
A prevenção do conflito: desenvolvimento de uma percepção à presença ou possibilidade de violência e injustiça, como um sistema de alerta, e a capacidade de analisar o que pode estar ocorrendo;
A resolução do conflito: o enfrentamento do problema e a busca de mecanismos adequados para isso;
A transformação: estratégias para mudança, reconciliação e construção de relações positivas.
Manejo do conflito
A mudança de foco na evolução da resolução levou a uma mudança de foco da preocupação com o resultado do problema para uma preocupação com as pessoas e suas relações. Essas mudanças nos leva a entender que não existe uma solução apenas para resolver os conflitos, segundo Schimidit e Tannenbaum, apontam para 3 aspectos que devem ser observados no diagnóstico deuma situação de conflitos. São elas:
- Pontos de vistas e interesses divergentes – a natureza das diferenças;
- Informações, percepções e papéis que as pessoas ocupam na sociedade – fatores subjacentes;
- Momento em que o conflito se encontra – estágio do conflito.
Classificação de conflito
Desenvolvendo um pouco mais nosso conhecimento sobre os conflitos, devemos saber que eles têm várias classificações importantes a serem observadas. Podemos dividi-los, segundo Redorta (2007), em:
Intrapessoal
É um conflito exclusivamente nosso, e que, às vezes, existe porque nós o vivemos assim. Ou seja, é o que cada um de nós vive quando está perante motivações que são incompatíveis. É o que chamamos de conflito interno.
Interpessoal
Os conflitos interpessoais se dão entre duas ou mais pessoas e podem ocorrer por vários motivos: diferenças de idade, de sexo, de valores, de crenças, por falta de recursos materiais, financeiros, e por diferenças de papeis. Neste último caso, podemos dividir o tipo de conflito em duas situações: conflitos hierárquicos são aqueles que colocam em jogo as relações com a autoridade existente; e conflitos pessoais, que dizem respeito ao indivíduo, à sua maneira de ser, agir, falar e tomar decisões. Você já percebeu que as relações interpessoais, com sua pluralidade de percepções, crenças e interesses, são conflituosas. Negociar conflitos é o nosso cotidiano.
Intragrupal
Falar de conflitos grupais é muito complicado porque a mera descrição de algumas características não esgotará todas as possibilidades de se entender essa questão. As diferenças individuais têm influência na dinâmica dos grupos, podendo levar a discussões, tensões, insatisfações e ao conflito aberto, ativando sentimentos e emoções mais ou menos intensos, que afetam a objetividade do grupo, reduzindo-a a um mínimo e transformando o clima emocional do grupo.
Intergrupal
Esse conflito ocorre quando temos dois ou mais grupos com um problema a ser resolvido. O conflito intergrupal é definido como uma incompatibilidade de objetivos, crenças, atitudes ou comportamentos encontrados entre grupos.
Social
É o conflito que afeta a sociedade como um todo. Os conflitos na sociedade humana não podem reduzidos a uma abordagem, tendo em vista que cada nação, cada cultura, cada sociedade engendra modelos de relações sociais que são, invariavelmente diferentes, gerando conflitos sociais com interesses também diferentes.
Além disso, para os mediadores, os conflitos também podem ser divididos em quatro espécies. Ainda, tais espécies podem ocorrer de forma cumulativa em determinadas situações. São elas:
Conflitos de valores
Ocorrem entre pessoas que têm modos diferentes de vida ou critérios divergentes de como avaliar comportamentos. Os valores surgem como uma expressão cultural específica das necessidades, das motivações básicas e dos requisitosdo desenvolvimento comuns a todos os seres humanos, que podem ser exemplificados pelas diferenças morais, éticas, religiosas etc. As diferenças reais ou percebidas em termos de valores não levam necessariamente ao conflito. Este surge apenas quando são impostos valores aos grupos ou quando se impede que os grupos mantenham os seus sistemas de valores (ONU,2001).
Conflitos de informação
Envolve a falta de informação e a informação errônea, assim como pontos de vista diferentes sobre os dados que são relevantes, a interpretação desses dados e como é feita a avaliação (ONU,2001). Podem decorrer da sonegação de dados ou de mensagens mal compreendidas, podendo a informação ser distorcida ou ter uma conotação negativa.
Conflitos estruturais
São causados pela distribuição desigual ou injusta do poder e dos recursos. Limitações de tempo, padrões de interação destrutivos e fatores geográficos ou ambientais desfavoráveis (ONU,2001).
Conflitos de interesses
São aqueles que envolvem a concorrência real ou percebida de interesses em relação aos recursos, à forma de resolver uma disputa ou às percepções de confiança e equidade (ONU,2001).
Níveis de conflito
Ainda podemos falar de diferentes níveis em que o conflito pode ocorrer. São eles:
Latente
O conflito latente pode-se dizer que existe, mas não é dito, porque não é percebida a sua existência por quem o detém. O conflito está lá, mas escondido, não é notado nem sentido ainda;
Percebido
A pessoa ou as duas partes sabem da existência dele, mas não querem resolvê-lo, talvez por não incomodar o suficiente, ainda, os envolvidos;
Sentido
É aquele que já atinge ambas as partes, e em que há emoção e consciência da sua existência;
Manifesto
“A agressividade está explícita, os comportamentos são assumidos como tais. Essa agressão explícita pode variar desde a resistência passiva branda, passando pela sabotagem, até o conflito físico real” (BOWDICTH, 2002, p. 111)
Aula 5
Negociação colaborativa, integrativa ou baseada em princípios
A abordagem principal da negociação, utilizada na mediação, é aquela que foge de uma forma de negociar chamada de posicional. Nesse tipo de negociação, os negociadores se tratam como oponentes, o que acarreta uma situação em que um ganha e o outro perde. No lugar de analisar os méritos da questão, as partes pressionam o máximo e cedem o mínimo. Desse modo, pode haver um aumento de raiva e ressentimento, prejudicando a relação social dos envolvidos e, principalmente, levando uma parte a sentir que está cedendo às intransigências da outra, enquanto suas preocupações permanecem desatendidas. Voltaremos a apresentar essa negociação quando abordarmos a barganha distributiva.
Para esses autores, quatro pontos fundamentais são necessários na negociação colaborativa:
Separação das pessoas dos problemas
Os negociadores são pessoas que, em conflito, tendem a misturar questões referentes à relação com a questão objetiva a ser negociada. Os aspectos pessoais fazem parte da negociação, não podem ser ignorados, mas não devem se misturar às questões objetivas. O revide em uma discussão não ajudará a solucionar um problema. As emoções se misturam com frequência aos méritos de uma negociação. As questões subjetivas – relacionais, emocionais, comunicacionais – devem ser reconhecidas e trabalhadas através de ferramentas apropriadas que veremos na aula 7.
Dessa forma, antes de atacar as pessoas, deve-se atacar os méritos da negociação. Por exemplo, alguém pode iniciar uma negociação exigindo que uma pessoa se mude de um condomínio porque não tem educação quanto à altura do som que costuma escutar. Uma outra forma de iniciar a mesma negociação seria falando sobre algumas práticas como as proteções acústicas existentes e muitas utilizadas na vizinhança. Ao estabelecer que o problema é o vizinho, a comunicação fica difícil na negociação.
Foco nos interesses e não nas posições
Um conflito se expressa, primeiro, através de posições. Os autores do livro já citado Como chegar ao Sim (FISHER; URY e PATTON, 2005), apresentam um exemplo que esclarecerá muito bem o que estamos querendo dizer.
Exemplo: duas irmãs brigavam por uma laranja. Depois de muita discussão resolveram dividi-la ao meio. A primeira pegou a sua metade, comeu a polpa e jogou a casca no lixo; a segunda usou a casca de sua metade para fazer uma geleia e jogou a polpa fora.
Como você explicaria o que aconteceu?
Se elas tivessem usado uma negociação colaborativa e colocado o foco nos seus interesses e não em suas posições, teriam terminado a negociação integralmente satisfeitas.
Muitos autores costumam representar este tema usando a figura do iceberg. As posições correspondem à parte visível do iceberg e os interesses o que fica submerso e deve ser descoberto.
Os interesses são identificados por meio de perguntas como: por quê? Com qual finalidade? O que pretendo ou o que o outro pretende? Para obter a resposta para estas perguntas, clique aqui.
A exploração dos interesses permite que a visão do conflito seja ampliada e que os negociadores possam conhecer suas necessidades reais, afastando-se de uma negociação posicional, como já tratamos antes. Os interesses dos negociadores podem ser classificados em: Comuns São aqueles interesses compartilhados pelas partes, por exemplo: chegar a uma solução rápida em relação ao conflito. Diferentes ou complementares Não são compartilhados pelas partes, mas não se excluem, por exemplo: uma mãe quer viajar com seus filhos nas férias escolares e o pai quer passar o Natal com as crianças. Opostos ou divergentes São aqueles que só podem ser satisfeitos às custas do interesse do outro. A percepção, na negociação, de que existem interesses comuns e a organização dos interesses complementares traz soluções de benefício mútuo, despolarizando o conflito e abandonando o discurso posicional. Vale a pena destacar que alguns interesses têm alto grau de prioridade para as pessoas e devem ser atendidos para que a negociação tenha sucesso. Esses interesses são chamados de necessidades. Podemos exemplificar como necessidades, que assumem um caráter básico e fundamental, a segurança, a sobrevivência, a independência, entre outras. Há uma interdependência na satisfação de interesses entre os negociadores. As posições estão apoiadas nos interesses, e estes nos valores, que representam a base do iceberg. Os valores podem ser representados pelas nossas crenças de natureza moral e religiosa. Os valores compartilhados na negociação são importantes, em geral, quando existem interesses opostos que não podem ser articulados.
Geração de opções de ganhos mútuos
Muitas vezes, as pessoas em conflito acreditam que apenas existe uma quantidade fixa de recursos a serem partilhados. Quando uma parte fica atendida na maior parte de seus interesses, a outra se sentirá desatendida. Neste caso, a ideia é aumentar os recursos disponíveis, gerando novas possibilidades para resolver o conflito.
Os negociadores devem buscar atender os interesses de todos os envolvidos, numa solução ganha-ganha. É através da geração de novos recursos, articulação de necessidades e possibilidades de cada um dos negociadores que será possível atender os interesses em comum e criar harmonia entre os diferentes, de forma a satisfazer a todos os envolvidos.
São diferentes as necessidades dos negociadores e estas podem trabalhar de forma a gerar benefícios mútuos. O que para um negociador é secundário, para o outro pode não ser, o que pode gerar novos recursos de negociação.
Utilização de critérios objetivos
Os negociadores devem utilizar critérios objetivos para avaliar as soluções que foram levantadas e para a tomada de decisão. Como esses critérios são externos, não envolvem a subjetividade das partes na decisão e evitam a polarização nesse momento. São exemplos: a legislação, o parecer de um técnico, o valor de mercado etc.
Melhor alternativa à negociação de um acordo (MAANA)
Além dos quatro princípios da Escola de Harvard, um importante conceito é o da melhor alternativa à negociaçãode um acordo (MAANA). Trata-se do curso de ação de nossa preferência caso não haja consenso. É saber o que faremos ou o que vai acontecer se não conseguirmos chegar a um acordo. É importante observar qual é a MAANA antes de entrar em uma negociação, do contrário, não se saberá se o acordo será proveitoso ou não. O melhor negócio não é aquele que prevalece em detrimento do outro, mas aquele que satisfaz os dois lados.
Barganha distributiva e negociação integrativa
É importante lembrar que a escolha do tipo de negociação está ligada a uma série de fatores como:
O objetivo que se tem em mente ao participar da negociação;
O comportamento característico dependendo da abordagem utilizada;
Os resultados alcançados a partir do modelo usado.
Não basta saber que o conflito é uma oportunidade positiva, mas temos de saber em que essa disputa pode contribuir para a vida das pessoas envolvidas. Em contraposição a essa negociação, temos a barganha distributiva ou negociação baseada em posições, em que os interesses reais das pessoas não serão contemplados e sequer discutidos, podendo levar a negociação para um impasse e deterioração das relações. A barganha distributiva tem como premissa que tudo que se ganhar na negociação é à custa do oponente. Cada ganho que tiver implica diretamente perda para o outro.
Habilidades do negociador
Em linhas gerais, as habilidades que os negociadores utilizam depende do tipo de negociação que será realizada, do método e das estratégias empregadas. No entanto, existe um número significativo de habilidades que todo negociador deve ter, independente da situação. Resumindo algumas, podemos destacar:
Excelente comunicação;
Flexibilidade;
Criatividade;
Capacidade de observação;
Decisão.
Além disso, não deve superestimar ou subestimar as suas próprias capacidades pois, isso pode levar ao fracasso da negociação.

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