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Indaial – 2012 Mediação e arbitrageM Prof.ª Evelise de Almeida Prof.ª Sonia Adriana Weege 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof.ª Evelise de Almeida Prof.ª Sonia Adriana Weege Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 347.09 A447m Almeida, Evelise de Mediação e arbitragem / Evelise de Almeida; Sonia Adriana Weege. Indaial : Uniasselvi, 2012. 224 p. : il. ISBN 978-85-7830-533-8 1. Arbitragem – mediação e conciliação. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. III apresentação Caro acadêmico! Iniciamos os estudos da disciplina de Mediação e Arbitragem. Entraremos no mundo dos conflitos entre as pessoas e a necessidade de resolver essas desavenças de maneiras diversas, a origem e evolução dos diversos mecanismos alternativos de solução de conflitos, no qual trabalharemos a importância de se buscar outras alternativas de resolver as controvérsias. Portanto, esta disciplina aborda a compreensão dos significados dos diversos meios alternativos de solução de conflitos, além de propiciar a aprendizagem de conteúdos importantes para a reflexão e a discussão sobre o importante papel que as partes envolvidas num conflito têm em buscar meios alternativos à Jurisdição. Também trabalhar-se-ão neste livro as questões das vantagens e desvantagens dos mecanismos mais diversos de solução de conflitos, finalizando os estudos com uma reflexão sobre a arbitragem. Para que você possa compreender estes conceitos de mediação e arbitragem e os assuntos pertinentes às questões dos conflitos nas relações, proporcionaremos uma reflexão acerca do problema da morosidade do Judiciário, de modo que se possam trabalhar as técnicas da conciliação, negociação, mediação e arbitragem. Na Unidade 1, você discutirá questões em torno da mediação, no intuito de compreender bem esse mecanismo e suas etapas para buscar uma solução pacífica de um conflito. Na Unidade 2, você conhecerá as espécies de mediação, promovendo a reflexão e discussão sobre a mediação no Serviço Social. Na terceira e última unidade, você compreenderá a arbitragem, na qual estudaremos alguns aspectos legais desta espécie de justiça privada. Pronto para começar a compreender o significado de mediação? Bons estudos! Prof.ª Evelise de Almeida Prof.ª Sonia Adriana Weege IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS ........................................... 1 TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM ............................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE MEDIAÇÃO .............................................................................. 6 3 CONSIDERAÇÕES RELATIVAS À ARBITRAGEM ...................................................................15 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................19 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................22 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................23 TÓPICO 2 – CONFLITOS E MUDANÇA DE PARADIGMA: FORMAS NÃO VIOLENTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ...................................................25 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................25 2 MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS .....................................................26 3 MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM ........................................................................................................31 3.1 A NEGOCIAÇÃO ..........................................................................................................................33 3.2 A CONCILIAÇÃO .........................................................................................................................34 3.3 A MEDIAÇÃO ................................................................................................................................36 3.4 A ARBITRAGEM............................................................................................................................42 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................44 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................51 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................53 TÓPICO 3 – PROCEDIMENTOS ÉTICOS NA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM ......................55 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................55 2 A ÉTICA NA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM ...............................................................................56 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................64 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................73 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................74 UNIDADE 2 – PERSPECTIVAS E CONTEXTOS PARA A MEDIAÇÃO ...................................75 TÓPICO 1 – PARTICULARIDADES DA SOLUÇÃO DE CONFLITOS POR MEIO DA MEDIAÇÃO .................................................................................................77 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................77 2 CONFLITO ...........................................................................................................................................78 2.1 CONFLITO E VIOLÊNCIADE GÊNERO ..................................................................................80 3 O PODER NAS RELAÇÕES DE CONFLITO................................................................................81 3.1 INTERVENÇÃO DO MEDIADOR NAS RELAÇÕES DE PODER .........................................84 4 OBJETO DA MEDIAÇÃO ................................................................................................................86 4.1 DA CLASSIFICAÇÃO DA MEDIAÇÃO ....................................................................................86 5 OBJETIVOS DA MEDIAÇÃO .........................................................................................................87 5.2 A PREVENÇÃO DA MÁ ADMINISTRAÇÃO DOS CONFLITOS ........................................88 5.1 SOLUÇÃO DE CONFLITOS ........................................................................................................88 suMário VIII 5.3 A INCLUSÃO SOCIAL .................................................................................................................89 5.4 A PAZ SOCIAL ...............................................................................................................................89 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................92 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................95 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................96 TÓPICO 2 – PROCESSOS DE MEDIAÇÃO ....................................................................................97 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................97 2 PROCESSOS DE MEDIAÇÃO ........................................................................................................98 2.1 ETAPAS DA MEDIAÇÃO ............................................................................................................99 2.2 PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS ......................................................................102 2.3 BENEFÍCIOS DO PROCESSO DE MEDIAÇÃO .......................................................................103 2.4 ESTATUTO SOCIOCULTURAL DOS SUJEITOS DA MEDIAÇÃO .......................................105 2.5 PONTOS POSITIVOS DO PROCESSO DE MEDIAÇÃO ........................................................106 2.6 TÉCNICAS UTILIZADAS NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO ................................................107 2.6.1 Escuta ativa ............................................................................................................................108 2.6.2 Observação das expressões .................................................................................................108 2.6.3 Perguntas abertas ..................................................................................................................109 2.6.4 Anotações ...............................................................................................................................109 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................110 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................113 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114 TÓPICO 3 – A MEDIAÇÃO FAMILIAR ...........................................................................................115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 A FAMÍLIA ...........................................................................................................................................116 3 CONFLITO FAMILIAR .....................................................................................................................118 4 MEDIAÇÃO FAMILIAR ...................................................................................................................120 4.1 A MEDIAÇÃO NA SEPARAÇÃO E NO DIVÓRCIO ..............................................................121 4.2 MEDIADOR FAMILIAR ...............................................................................................................123 5 MEDIAÇÃO ESCOLAR ....................................................................................................................126 6 MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA ........................................................................................................128 7 O MEDIADOR ASSISTENTE SOCIAL .........................................................................................130 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................133 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................138 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139 UNIDADE 3 – MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E INTERNACIONAL .................................................................................................141 TÓPICO 1 – PRESSUPOSTOS JURÍDICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM ...................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143 2 NATUREZA JURÍDICA DA MEDIAÇÃO ....................................................................................144 3 ÁREAS DE APLICABILIDADE DA MEDIAÇÃO .......................................................................145 4 NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM ................................................................................147 4.1 TEORIA PUBLICISTA OU JURISDICIONAL ...........................................................................147 4.2 TEORIA CONTRATUAL OU PRIVATISTA ...............................................................................149 4.3 TEORIA HÍBRIDA .........................................................................................................................150 5 ESPECIFICIDADES DA ARBITRAGEM .......................................................................................151 5.1 MODALIDADES DE ARBITRAGEM .........................................................................................153 6 COMENTÁRIOS À LEI DE ARBITRAGEM .................................................................................156 6.1 FORMAS DE INSTITUIR A ARBITRAGEM ..............................................................................162 IX LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................165 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................170 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171 TÓPICO 2 – INSTRUMENTOS DE SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS NOS DIVERSOS TEXTOS LEGAIS ...........................................................................173 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173 2 DAS DISPOSIÇÕES ENCONTRADAS NOS TEXTOS LEGAIS BRASILEIROS ................174 3 PRINCÍPIOS INFORMADORES DO INSTITUTO DA ARBITRAGEM................................1823.1 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE .......................................................................183 3.2 PRINCÍPIOS DA GARANTIA PROCESSUAL ..........................................................................184 3.2.1 Princípio do contraditório e igualdade das partes ..........................................................185 3.2.3 Princípio da imparcialidade do julgador ..........................................................................186 3.2.2 Princípio do livre convencimento ou persuasão racional do julgador .........................186 3.3 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA SENTENÇA ........................................................187 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................188 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................192 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................193 TÓPICO 3 – A CONVENÇÃO ARBITRAL E ASPECTOS DIVERSOS VINCULADOS À SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS ...................................................195 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................195 2 CONVENÇÃO ARBITRAL ...............................................................................................................196 3 FORMAS DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM ......................................................................197 3.1 CARACTERÍSTICAS DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM ...............................................197 3.2 DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA ......................................................................................198 3.2.1 Características da Cláusula Compromissória ...................................................................199 3.2.2 Requisitos da Cláusula Compromissória ..........................................................................200 3.3 DO COMPROMISSO ARBITRAL ................................................................................................201 3.3.1 Requisitos do Compromisso Arbitral ................................................................................201 3.3.2 Espécies de Compromisso Arbitral ....................................................................................202 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................205 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................217 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................219 X 1 UNIDADE 1 MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os aspectos históricos da mediação e da arbitragem; • conhecer as diversas formas alternativas de solução de conflitos; • refletir sobre os procedimentos éticos na condução das técnicas de mediação e arbitragem. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM TÓPICO 2 – CONFLITOS E MUDANÇA DE PARADIGMA: FORMAS NÃO VIOLENTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS TÓPICO 3 – PROCEDIMENTOS ÉTICOS NA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 1 INTRODUÇÃO FIGURA 1 – MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM FONTE: <http://bit.ly/32FJAlI>. Acesso em: 22 fev. 2012. Você sabia que é importante o conhecimento da parte histórica nos estudos de qualquer instituto? É importante sim! Ao conhecer um pouco da história do que vamos estudar, podemos compreender melhor todo o contexto atual daquilo que estamos aprendendo. Observando como o objeto de nosso estudo foi tratado, como ele se desenvolveu ao longo da evolução da humanidade, como ele sofreu infl uência das mudanças sociais, podemos notar como o desenvolvimento social provoca diversas alterações nas mais diferentes áreas. E é assim que vai acontecer nos seus estudos de mediação e arbitragem. Você irá conhecer primeiramente alguns aspectos históricos destacados da mediação e da arbitragem. Você verá também que o confl ito faz parte das relações humanas e sempre houve formas diferentes de se resolver esses confl itos. Imagine a seguinte cena hipotética: um homem das cavernas em confl ito com outro ser da mesma espécie. UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 4 FIGURA 2 – HOMEM DA CAVERNA BRIGANDO FONTE: <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://blogdoabdul.files.wordpress. com/2010/02/homem-das-cavernas-com-clava.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2012. Você poderia questionar: “Óóó! De que forma esse conflito poderá ser resolvido?” E logo em seguida você visualiza diversas cenas diferentes: dois homens primitivos brigando, se atacando fisicamente, violência, agressão... Essa cena poderia não ser necessariamente a imagem da realidade, mas, se pensarmos que nos primórdios da história da civilização aqueles indivíduos não teriam informações culturais refinadas, provavelmente eles sequer tinham noção dos ideais de valores como temos hoje. Aliás, digo que hoje temos ainda apenas “noções” sobre valores, e ousaria dizer que “noções básicas”, pois se tivéssemos compreensão da importância de ter os valores arraigados em nossas ações como um hábito natural, seríamos seres mais éticos, mais equilibrados. Poderíamos até afirmar que um comportamento ético seria a solução para muitos problemas sociais que acabam gerando diversas crises que vivemos na sociedade atual. Agora pense na mesma situação, mas agora acontecendo numa época um pouco mais “evoluída”... que tal a época de “Alexandre, o Grande”? Poxa, naquele tempo se arrancavam até as cabeças nos conflitos! Até mesmo em razão dos filmes a que você provavelmente já assistiu, pode-se imaginar que nesta fase da evolução da espécie humana também havia conflitos violentos, físicos, brutais. No entanto conseguimos perceber neste contexto histórico a intervenção de terceiros em alguns conflitos para buscar soluções. Claro que de maneira mais “primitiva”, diferentemente de hoje: atualmente há estudos sobre formas de solucionar conflitos sob diversos enfoques, em diferentes áreas, pensadas com o devido embasamento e fundamentação cientificamente responsável. Desenvolvem-se estudos acerca das técnicas e dos princípios aplicáveis ao instituto. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 5 Avançando um pouco mais na história da humanidade, já conseguimos fazer uma imagem mental de pessoas mais organizadas, com um terceiro interventor que buscará resolver a controvérsia. Ainda nesse mesmo sentido de solução de conflito, o Estado passa a centralizar e administrar essa função de resolver os conflitos. UNI A evolução da espécie humana continua, a sociedade aumenta, a vida social se desenvolve. A cultura humana cria formas de se organizar politicamente, regimes e formas de governo são criados, o pensamento humano continua a se desenvolver, a sociedade que vive uma vida dinâmica passa por constante processo de mudança e evolução... de maneira ininterrupta... Com o desenvolvimento do pensamento humano, vão surgindo muitas criações dos mais diversos tipos e nas mais diversas áreas. O comércio e a indústria se desenvolvem, a sociedade cresce e aumentam os conflitos... mais conflitos, mais pessoas envolvidas. Como consequência haverá mais pessoas com expectativasde resolver seus conflitos e alcançar, cada uma daquelas pessoas, o ideal daquilo que é justo. Como o Sistema Judiciário centraliza o poder de dizer “do lado de quem está a Justiça”, há, por conseguinte, aumento de demanda, e isso significa dizer um acúmulo de processos... UNI Há muitos processos acumulados, e continuam aumentando... mais pessoas insatisfeitas por não alcançar aquilo que entendem por “Justiça”! Esse quadro social caótico vem se repetindo ao longo da história da humanidade, em tempos diferentes, com crises diferentes, mas os mesmos problemas aparecem e reaparecem em contextos sociais diversos e em diversos espaços e tempos. Por isso fica fácil imaginar que em meio ao emaranhado da história da humanidade diversas foram as ocasiões nas quais se pensaram formas alternativas para solucionar conflitos. UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 6 O sentido da palavra “alternativa” no nosso estudo, quando aplicada ao conteúdo de meios de solução de conflitos, possui a noção de “outra opção”, além daqueles meios tradicionais e legalmente instituídos. Vamos iniciar nossos estudos agora com alguns aspectos que foram destacados para você compreender um dos meios alternativos de solução de conflitos, a mediação. 2 DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE MEDIAÇÃO FIGURA 3 – MEDIAÇÃO FONTE: <http://justicacomunitariapf.blogspot.com/2011/09/metodologia-da-mediacao-que- esta-sendo.html>. Acesso em: 16 fev. 2012. Antes de iniciar o estudo sobre mediação, você precisa saber o que significa a expressão “mediar”. O verbo MEDIAR tem sua origem na expressão latina mediare, significando a divisão ao meio, em duas partes iguais. Nesse sentido de “ficar no meio”, mediar tem o sentido de interceder e intervir. Diante desse significado, na mediação uma terceira pessoa se colocará entre as partes envolvidas numa controvérsia para ajudar estas pessoas a resolver esse conflito e, preferencialmente, continuar suas relações. (FERREIRA, A. 2004, CARVALHO NETO, 1991, CACHAPUZ, 2005, MORAIS; SPENGLER, 2008). Então, agora que você aprendeu que mediação é o método no qual um indivíduo intervém numa relação com o objetivo de ajudar as partes a encontrar a solução dos conflitos, vamos conhecer um pouquinho dos aspectos históricos deste mecanismo. UNI É bastante antiga a história da prática da mediação, aparecendo, com suas peculiaridades e variações, em quase todas as culturas do mundo. (MOORE, 1998). TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 7 Vamos encontrar em diversas culturas relatos ricos sobre a prática da mediação em variados contextos históricos, em diferentes épocas ao longo da história da humanidade. Foi Justiniano, o imperador bizantino que governou Constantinopla de 527 a 564, a primeira pessoa na história da humanidade a utilizar a palavra mediador para designar as pessoas que atuavam como tais nas províncias (CARVALHO NETO, 1991). Note com isso que a função jurisdicional não era função do Estado, pois a mediação era praticada por terceiros, não constituindo, portanto, uma função estatal. Embora o uso da expressão mediador remonte a esta época, a existência do instituto da mediação é muito mais antiga ainda, datando de “[...] 3000 a.C. na Grécia, bem como no Egito, Kheta, Assíria e Babilônia, nos casos entre as Cidades- Estados” (CACHAPUZ, 2005, p. 24). Assim, você pode perceber que o mecanismo que usa a intervenção de terceiro nos conflitos com o objetivo de solucioná-los é tão antigo quanto a história da humanidade. Está arraigado na natureza humana esse comportamento de mediar as relações. Se há conflito nas relações, há sempre também um terceiro tentando pacificar as desavenças. Nos tempos mais remotos, tanto líderes políticos quanto religiosos assumiam o papel de mediadores, vindo a atuar em áreas diversas. (CACHAPUZ, 2005; MOORE, 1998). A comunidade cristã considerava Jesus Cristo como “MEDIADOR SUPREMO”, e podemos encontrar relatos bíblicos de menções em que ele era tido como o mediador entre o homem e Deus: Pois há um Deus e um mediador entre Deus e o homem, o homem Jesus Cristo, que se entregou como redenção de todos, o que será comprovado no devido tempo. (I Timóteo 2:5-6). [...] Logo, qual a razão de ser da lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem a promessa tinha sido feita. E foi ordenada por intermédio de anjos, pela mão de um mediador. Ora, o mediador não representa um só; mas Deus é um. (Gálatas 3:19). (MOORE apud CACHAPUZ, 2005, p. 24). Como você pode perceber, a ideia de mediação já era compreendida e difundida entre as pessoas. Claro que naquele contexto histórico a mediação era uma atribuição que não era dada a todos. UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 8 A Igreja (tanto a católica como a ortodoxa) fez uso deste discurso para constituir seus representantes como mediadores entre os seguidores e Deus, exercendo significativamente este papel e, provavelmente, foi até a Renascença a principal organização de mediação de conflitos na sociedade ocidental. (MOORE; STAHL apud CACHAPUZ, 2005). Isso já mostra que a mediação foi usada pelos religiosos como um mecanismo para resolver conflitos que brotavam no seio social e também entre membros das famílias e entre famílias. UNI No antigo ordenamento ático [relativo a Atenas, Grécia], no Direito Romano e na China antiga, a mediação também já era utilizada para resolver conflitos (CACHAPUZ, 2005). Você vê com isso que a técnica de intervir nas relações com o intuito de resolver as controvérsias acompanha a evolução da história da humanidade desde o início da sociedade. A CULTURA ISLÂMICA traz uma antiga história da prática da mediação, a exemplo das tradicionais sociedades pastoris do Oriente Médio, nas quais os idosos se reuniam para debater e mediar questões da tribo. Nas áreas urbanas também havia a preservação da harmonia social através da figura de intermediários especializados (os “quadis”) que tinham tanto a função judicial como também a de medição (MOORE, 1998, p. 32-33). Mesmo existindo e evoluindo em culturas diferentes, a mediação é uma técnica usada pelas diversas pessoas ao longo dos tempos porque é um meio inerente à condição humana de resolver as questões através da intervenção de terceiro. O HINDUÍSMO e BUDISMO também têm uma longa e antiga história de mediação, assim como na China e Japão, além de outras sociedades asiáticas, nas quais a cultura filosófica e religiosa destaca categoricamente “[...] o consenso social, a persuasão moral e a busca do equilíbrio e da harmonia nas relações humanas” (BROWN, 1992 apud MOORE, 1998, p. 33). Nas CULTURAS ORIENTAIS, desde a Antiguidade, há registros históricos da prática e adoção desse mecanismo. Ainda mais nestas culturas em que a religião e a filosofia pregam o equilíbrio e o ponderamento como atributos inerentes ao comportamento do indivíduo no cotidiano: a mediação passa a acontecer de maneira mais integrada à cultura oriental, e o papel do mediador é exercido, muitas vezes, por uma pessoa mais velha e “sábia”. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 9 Com a difusão comercial e o crescimento do Ocidente, as práticas mediadoras se difundiram no mundo, vindo também a ser praticadas nas Américas e em outras colônias, principalmente através das práticas religiosas, que “[...] funcionavam paralelamente aos mecanismos preexistentes de solução de conflitos dos povos americanos nativos e das primeiras nações que normalmente usavam reuniões de conselhos baseadas no consenso, conduzidas por um ou vários idosos, para resolver questões” (LESRECHE, 1993 apud MOORE, 1998, p. 33). UNI Na história da colonização das Américas a mediação é difundida e praticada pelos religiosos que tinham muito poder e eram “respeitados” e tidos como “autoridades”. Embora seja antiga a história da mediação como procedimento extrajudicial, não violento, de resolução de controvérsias, foi somente no séculoXX que ela foi institucionalizada formalmente, sendo reconhecida também como profissão. Pondo fim à dramatização dos conflitos, a mediação busca restabelecer a comunicação entre as pessoas envolvidas no conflito, resgatar o respeito mútuo, conciliar as partes e recuperar a relação, recompondo-a no que for possível. Com esse viés, as respostas encontradas através da mediação dos conflitos são mais próximas da realidade de cada um, sendo mais plausível resolver o conflito de forma pacífica. Diante disso, se dá o crescimento da mediação, justamente devido a esta valorização do ser humano como valor central de todo procedimento, dando-se ênfase à dignidade da pessoa humana, que é um valor fundamental para a vida em sociedade. A PRÁTICA CONTEMPORÂNEA da mediação tem aumentado significativamente em diversos países. É nos Estados Unidos da América que essa progressão se deu (e dá) de maneira mais intensa e rápida. (MOORE, 1998). A cultura norte-americana absorveu a prática da mediação de maneira que passou a integrar as ações sociais e passou a ser inserida em diversos segmentos da sociedade. Muito embora se possa dizer que as décadas de 80 e 90 foram as décadas da mediação, foi em 1913 que se instituiu formalmente o primeiro setor em que a mediação seria objeto para se alcançar as conciliações em controvérsias trabalhistas, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, vindo a ser UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 10 constituído como serviço federal de mediação e conciliação em 1947 (SIMKIN, 1971 apud MOORE, 1998). Já o setor privado fundou em 1926 a Associação Americana de Arbitragem com o objetivo de estimular o uso de meios alternativos de solução de conflitos (MOORE, 1998). Então, já em meados da década de 20 a arbitragem surge tanto como um meio alternativo de solução de conflitos devidamente “oficializado”, como também mecanismo para estimular o uso de outras formas de se buscar alcançar o fim de uma controvérsia. Em meados da década de 60, foram ampliadas essas práticas alternativas com a Criação do Serviço de Relações da Comunidade, destinado a ajudar os cidadãos a resolverem seus problemas relacionados com as práticas discriminatórias. No mesmo período, no Canadá, agências similares criaram serviços para mediar e resolver questões relacionadas com diferença de raça (KLUGMAN, 1992 apud MOORE, 1998). E com o passar das décadas, serviços são criados e as técnicas alternativas à Jurisdição passam a ser criadas e difundidas. Essa prática aparece em outros lugares do mundo para resolver essas espécies de conflitos étnicos, no final da década de 80 em ilhas do Havaí, no início da década de 90 em tribos do Alasca e na costa do Pacífico. Mas embora a prática vá se disseminando com o passar das décadas, vale registrar que é em meados de 1960 que a mediação se desenvolve de maneira formal, sendo institucionalizada através da criação de serviços federais de mediação a baixo custo. No início da década de 80 alguns desses serviços passam a fazer parte do Judiciário como alternativa para resolução de conflitos (MOORE, 1998). O Judiciário percebe inteligentemente que essas diversas técnicas podem desafogá-lo, pois é evidente que está abarrotado de causas, muitas delas podem ser resolvidas através da negociação, conciliação, mediação ou arbitragem. A prática de métodos alternativos de solução de controvérsias vai diversificando e ampliando as áreas de atuação com o passar do tempo. Ela passa a ser aplicada também para resolver conflitos que envolvem disputas de terras, questões de desabrigados, entre cidadãos e polícia, conflitos que envolvem as relações de consumo, é praticada também em escolas, no ensino superior, entre alunos e professores, entre o corpo docente e a administração. É criada nesta década a Associação Nacional de Mediação em Educação (MOORE, 1998). Está muito claro que atualmente as diversas técnicas de solução de conflitos, quaisquer que sejam, podem ser aplicadas nos mais diversos setores, pois são formas não violentas de solução de conflitos, que têm o espírito de, TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 11 sobretudo, alcançar a solução dos problemas de forma pacífica, preferencialmente no sentido de restabelecer as relações. Moore (1998, p. 36) registra uma importante informação que explica o fenômeno que culmina no crescimento do uso da mediação nos Estados Unidos. Vale a pena ler com atenção para refletir: Um aspecto interessante do crescimento da mediação no ensino foi o aumento dos programas que treinam a juventude na mediação de disputas entre colegas. Estas iniciativas provocam impactos importantes nos níveis dos conflitos nas escolas (SMITH; SIDWELL, 1990) e, em alguns casos, uma redução na violência das gangues (WAHRHFTIG, 1995). Outro esforço interessante nesta área é o uso da mediação e de outras técnicas de auxílio na resolução de problemas relacionados à tomada de decisões descentralizadas e ao gerenciamento que tem como base a escola (CDR Associates, 1993). Nesta área, a tomada de decisão baseada no consenso, auxiliada por um facilitador/mediador, é usada como uma estratégia para antecipação, prevenção e manejo do conflito, e também como um processo para estimular as decisões cooperativas do cotidiano. Fica evidente perceber que a educação é que faz a diferença. A criança que aprende a mediar as divergências, nas quais está envolvida, será um adulto que fará uso desse procedimento para resolver seus problemas, pois já viveu a experiência e comprovou pessoalmente que a mediação é uma alternativa muito adequada e conveniente, além de sadia, para resolver conflitos. Na década de 70 a mediação se desenvolve para a prática em casos de disputas familiares, como, por exemplo, de separação e divórcio, em que, antes de buscar decisão no Judiciário, os envolvidos devem buscar resolver os conflitos e tentar “salvar” a família. É fato concreto que nos casos em que há mediação e as partem chegam em um acordo e/ou conciliam-se, os resultados são muito mais satisfatórios. E esse setor na mediação vem crescendo! (CACHAPUZ, 2005; MORAIS; SPENGLER, 2008; MOORE, 1998). O crescimento da mediação e a ampliação dos campos para aplicação e adoção da sua técnica fazem parte do desenvolvimento da cultura de se tentar resolver os problemas sem precisar ir ao Judiciário. Isso faz com que as pessoas tenham mais satisfação nestas soluções, pois irão ao encontro de seus anseios e expectativas, não consistindo em uma decisão imposta por um terceiro. Muito embora a mediação no âmbito de conflitos familiares venha se desenvolvendo com bastante celeridade, é importante ter claro que ela também é largamente utilizada em outros setores, tanto os públicos como os privados, pois pode ser praticada para resolver os mais variados conflitos, como, por exemplo, aqueles que envolvem disputas pessoais, interpessoais, institucionais, entre empresas, entre departamentos, trabalhistas, relações de consumo. Pode ser praticada também para resolver problemas de conflitos no setor ambiental, em problemas que envolvem os direitos autorais, marcas e patentes, seguro e diversos outros setores. UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 12 Além de todos esses nichos de atuação da mediação, nos Estados Unidos da América e também no Canadá, no final da década de 90, a mediação tem se desenvolvido na área da saúde, pois lá, como também acontece no Brasil, é grande (e tem aumentado) o número de reclamações da prática da medicina e isso tem gerado um significativo aumento de disputas. Só por curiosidade, para você refletir e fazer seu juízo de valor pessoal, preste atenção nos dados que Moore (1998, p. 40) descreveu referentes a informações da década de 90. E já que não há atualmente um estudo cientificamente consistente e atualizado neste sentido no Brasil, você poderia questionar se em nosso país, mais de duas décadas depois, os números e percentuais descritos a seguirsão menores: [...] Nos Estados Unidos e Canadá, na última década [90], esta área tem presenciado um número crescente de disputas. Reclamações sobre má prática médica custam à indústria cerca de 15 bilhões de dólares por ano em seguro preventivo (QUAYLE, 1991). Estes processos são prejudiciais aos médicos e uma ameaça à segurança financeira da família. Estudos sobre os motivos das queixas mostraram que 40 por cento dos pacientes sentiram-se humilhados em suas experiências com o médico, mais de 50 por cento sentiram-se traídos por seu médico, mais de 80 por cento sentiram-se angustiados pela reação do médico às suas queixas e perguntas e mais de 90 por cento estavam “muito zangados” com seu médico. Além disso, 24 por cento acharam que o médico era desonesto ou os enganou com relação ao caso ou incidente, 20 por cento acharam que “[...] o tribunal era a única maneira de descobrirem o que aconteceu” e 19 por cento sentiram a necessidade de punir o médico. Quando inquiridos sobre o que poderia ter sido feito para evitar o litígio, 35 por cento dos pacientes queixosos responderam “pedir desculpas ou dar mais explicações” e 25 por cento responderam “corrigir o erro”; em contraste, apenas 16 por cento responderam “dar-me uma compensação financeira” (DAUER, 1994). Como as disputas por negligência médica são frequentemente passíveis de negociação para a resolução de questões tanto emocionais quanto financeiras, várias seguradoras (Aetna, Allstate, Chubb, State Farm, Cigna, Federated, Fireman’s Fund, Hartford, Maryland Casualty, Nationwide, Royal, St. Paul Fire, Marine, Wausau e outras) começaram a oferecer a mediação como um meio alternativo para se resolver a disputa (SLAIKU, 1989). Até agora, o procedimento tem sido muito bem-sucedido. Em Austin, Texas, onde a maioria das queixas de negligência médica é atualmente mediada, há um índice de acordo de 80 por cento (JOSEPH, 1994). É claro que estes dados servem para sua reflexão de como é significante a prática da mediação. Você não achou mesmo incrível como este procedimento pode resolver conflitos sobre os mais variados assuntos de maneira célere, a baixo custo e com muita eficiência? Na EUROPA, a mediação é utilizada para resolver conflitos há várias décadas estando em desenvolvimento progressivo na área de negócios, familiar, comunitária, meio ambiente, recursos naturais, trabalhista, conflitos étnicos etc. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 13 A Constituição italiana de 1947 fez previsão sobre as formas de resolução de conflitos, manifestando-se indiretamente sobre a mediação. (CACHAPUZ, 2005). Desde o final da década de 70, mais precisamente em 1978, o Serviço de Mediação Familiar foi fundado na Grã-Bretanha, sendo atualmente utilizado e conhecido por toda a população (CACHAPUZ, 2005; MOORE, 1998). Você pode observar que em vários países a mediação vai se desenvolvendo como técnica e sendo divulgada e praticada por cada vez mais pessoas que vivem os mais diversos tipos de conflitos. A partir de 1981, no CANADÁ, a mediação passa a ser um serviço público, no Tribunal de Justiça, sem ônus para a população que quisesse resolver os conflitos familiares. Quatro anos depois, uma lei federal prevê a possibilidade de suspensão provisória do processo encaminhando-o à Mediação Familiar, tamanha a relevância deste procedimento (CACHAPUZ, 2005). Com este “reconhecimento” da mediação, a técnica passa a ser institucionalizada, tanto para conferir mais “segurança jurídica”, como para proporcionar um índice maior de satisfação das partes, sem perder de vista a celeridade do procedimento. Na FRANÇA, mesmo sem previsão legal, a mediação era praticada paralelamente ao Judiciário. Somente no final da década de 90 é que ela foi regulamentada por lá, onde se faz uso desse procedimento para resolver conflitos oriundos de relações trabalhistas, questões comunitárias, além das controvérsias familiares (CACHAPUZ, 2005). Na EUROPA, de modo geral, a mediação restou consolidada com a prática, passando a ser uma excelente opção para resolver conflitos de natureza diversa. Na ÁSIA e no PACÍFICO a mediação tem encontrado terreno fértil para desenvolver sua prática. Vem de longa data sua prática na China, que usa a mediação há muito tempo para buscar soluções em conflitos interpessoais, controvérsias comunitárias e cíveis. Lá, tais conflitos são mediados em comitês, e a mediação foi, com isso, um procedimento institucionalizado (MOORE, 1998). No ORIENTE a técnica da mediação se relaciona de maneira bem estreita com o estilo de vida e cultura orientais, fazendo parte do contexto social e estando inerentemente arraigada aos hábitos daqueles povos. A prática da mediação também tem uma história muito antiga no JAPÃO em nível informal, pois faz parte de uma cultura incorporada nos hábitos e relações empresariais. Por lá há um elaborado sistema mediador para casos familiares, cíveis e uma diversificada variação de conflitos que usam a prática UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 14 da mediação para buscar a solução das disputas. De tão incorporada à cultura japonesa, a mediação familiar é obrigatória para os conflitos em família e casos de divórcio (MOORE, 1998). No final da década de 80 a mediação iniciou seu desenvolvimento e institucionalização também na Coreia, Tailândia, Malásia, Indonésia, Filipinas, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Paquistão e Índia. Nas Filipinas e Sri Lanka programas de mediação foram desenvolvidos com grupos de mediação e arbitragem desde o final da década de 70 em aldeias e distritos. No final da década de 80, no Sri Lanka, a Comissão dos Conselhos de Mediação foi criada (MOORE, 1998). Fica evidenciado que na década de 80 houve um grande progresso no desenvolvimento e difusão da mediação, tanto na parte ocidental do mundo como também da oriental. Na Austrália e Nova Zelândia a mediação seguiu os moldes e o caminho do desenvolvimento da América do Norte. A Austrália adotou a mediação nos tribunais além de possuir um setor de mediação comunitária em diversos estados. A Nova Zelândia também desenvolveu diversos serviços de mediação para lidar com problemas causados por conflitos em setores comerciais, causas cíveis, pequenos problemas criminais, familiares, trabalhistas, de propriedade e ambientais (MOORE, 1998). Os serviços de mediação são criados para atuar em diversos setores da sociedade, em diferentes países. A prática vai se espalhando e vai sendo praticada por cada vez mais pessoas, que conseguem êxito na solução de seus problemas, dando à mediação maior projeção e credibilidade. As culturas indígena e hispânica da América Latina também têm feito uso da mediação ao longo da história e atualmente também fazem uso desse procedimento. Um dos primeiros países a usar os serviços de mediação foi a Colômbia, em 1983, sendo atualmente um dos mais avançados no setor privado. (CACHAPUZ, 2005). A mediação é uma técnica que tem acompanhado a evolução humana por constituir uma prática que faz parte das relações: a intervenção de terceiro, pois às vezes é necessário que uma pessoa se “meta” nos problemas dos outros para ajudá-los a encontrar uma saída e solucionar a questão. Na Argentina a mediação familiar e trabalhista está em forte processo de desenvolvimento. Lá são admiráveis os avanços na área da mediação, que foi institucionalizada apenas no início da década de 90. Todavia, são largos os esforços para seu progresso e aprimoramento, com criação de Escolas de Mediadores, Programas e Comissões de Mediação. (CACHAPUZ, 2005; MOORE, 1998). No Peru, em 1999, foi aprovada a Lei de Conciliação, “[...] declarando que é de interesse nacional a institucionalização da conciliação como mecanismo alternativo de solução de conflitos”. (CACHAPUZ, 2005, p. 26). TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 15 Já aqui no Brasil, a prática da mediação se dá de maneira extrajudicial, sem haver nenhuma lei sobre mediação!!!Isso mesmo, não há nenhuma lei que regulamente este procedimento (embora já haja projetos de lei)! E assim a mediação se estabelece em diversos países do mundo como a “arte de estar no meio”. É importante que você lembre sempre que o mediador jamais deverá resolver o conflito de acordo com suas crenças e convicções, pois ele deve dar plena liberdade para as partes tratarem de suas controvérsias. 3 CONSIDERAÇÕES RELATIVAS À ARBITRAGEM FIGURA 4 – ARBITRAGEM FONTE: <http://orbitral.zip.net/>. Acesso em: 23 fev. 2012. Outro meio alternativo de solução de conflitos (muito falado nos dias de hoje) é a arbitragem. Então, antes de tudo, vamos entender que a arbitragem é instituto que precede a Jurisdição. Isso mesmo, a arbitragem veio antes da estrutura do Judiciário que temos hoje. E, atualmente, essa estrutura não está mais dando conta de resolver as controvérsias de maneira satisfatória. Na busca de meios mais céleres de resolução de conflitos, voltamos à arbitragem. Claro que com regras mais atuais, mas nos moldes como era antigamente. Você deve estar se perguntando: “o que é arbitragem” afinal? Para que você tenha uma clara noção do que seja a arbitragem, é preciso entender que há uma sutil diferença entre ela e mediação. Então vamos lá: a) A mediação é método autocompositivo, pois as partes que estão em conflito chamam um terceiro indivíduo para ajudá-las a compatibilizar suas diferenças. Esse terceiro não tem autoridade e não deve impor a solução. O acordo da mediação pode ou não ser homologado em juízo. Se for homologado, poderá ser executado, caso necessário for. UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 16 b) A arbitragem é um método heterocompositivo, no qual o terceiro, chamado pelas partes, segue um procedimento previsto em lei, observa normas legais, e ao final impõe uma solução ao conflito. c) No caso de um conflito levado ao Judiciário, um terceiro, representando o Estado, impõe uma solução, com base nas leis. Essa decisão, em muitos casos, não raramente, demora muito, mas muito tempo para ser proferida e os custos do processo são geralmente mais altos que os outros dois procedimentos. Você observou bem a diferença entre mediação e arbitragem? A diferença está na conduta do terceiro interventor no conflito, uma postura diferente na atuação e tratamento da controvérsia, pois, ao contrário do mediador, o árbitro tem o poder de impor sua decisão. E observe só que interessante: embora haja essa diferença, a mediação pode ser uma etapa da arbitragem, assim como a negociação, antes de o árbitro “decidir” o conflito! Vamos conhecer agora alguns aspectos destacados sobre a arbitragem ao longo dos tempos. Como você pode imaginar, o problema de conflitos entre as pessoas é tão antigo quanto a existência do ser humano. Num primeiro momento, os seres humanos se uniam em grupos para prover a proteção do grupo contra predadores, bem como para a subsistência. Na vida em grupo surgem os conflitos de interesse. Já nos primórdios da história da humanidade, os atritos surgidos entre as pessoas que viviam num grupo comunitário eram resolvidos através do uso da força ou então amigavelmente. Já se podia evidenciar “[...] a intervenção de terceiros para a solução desses conflitos, baseada nos métodos da mediação e arbitragem”. (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999, p. 91). A arbitragem tem sua origem nas épocas pré-clássica e clássica do Direito Romano. Em 445 a.C. a arbitragem já aparecia no Tratado de Paz entre Atenas e Esparta, comprovando com isso a antiga existência desse meio de solução de controvérsia. (MORAIS; SPENGLER, 2008). No Direito Romano, a figura do árbitro é parecida com a do juiz romano da época. O Estado deixava que as pessoas buscassem a solução de seus conflitos e só depois é que ele veio a regular e controlar esse meio privado de solução de conflitos, passando a assumi-lo completamente (MORAIS; SPENGLER, 2008). TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 17 UNI Ao longo dos tempos, tanto a mediação quanto a arbitragem foram difundidas. Nos regimes monárquicos, no período feudal, bem como em vários outros períodos da história pode ser identificada a prática da arbitragem. (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999). Tanto os monarcas como os senhores feudais exerciam o papel de árbitros, pois decidiam os conflitos de modo que suas decisões eram acatadas pelas partes, incontestavelmente (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999). Desde sua origem, a arbitragem sempre teve um papel importante como meio alternativo de solução de controvérsias face à jurisdição do Estado. É importante que você tenha claro que o que há hoje de previsões legais sobre os princípios e o funcionamento da arbitragem é muito parecido com aquilo que existia lá na arbitragem romana. Ou seja, já naquela época a pessoa que era investida das funções de árbitro tinha liberdade para usar meios práticos para alcançar uma solução mais rápida e satisfatória do conflito, evitando o formalismo, e também se podia executar o laudo arbitral. (MORAIS; SPENGLER, 2008). A função arbitral foi passada para as mãos dos juízes a partir da criação do Estado moderno de direito (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999). Mas vale lembrar que vivemos, há muito tempo, com a percepção de que o Judiciário está sempre abarrotado de processos. A crise no sistema judiciário não é privilégio do Brasil, ocorre em todo o mundo, principalmente nos países ocidentais. São sérios os problemas relacionados com o Judiciário. Os resultados são insatisfatórios, a longevidade dos processos gera muitos problemas, os encargos processuais não são de pouca monta, a falta de clareza e transparência no andamento dos processos impede que as partes se envolvam e entendam o que está acontecendo em suas lides... Isso tudo faz surgir no cidadão um sentimento de abandono, pois dá a impressão de que não se conseguirá alcançar a justiça tão necessária... (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999). Se as adversidades e conflitos trazem destruição às diversas relações, a morosidade do Judiciário não contribui para com a regeneração dos laços, nem tampouco para a conciliação ou composição de interesses para que se estabeleça a paz e harmonia nas relações. Neste contexto de fatos, ao longo do tempo e em diversos espaços, é que surgem as “novas ondas de justiça”, que buscam encontrar meios alternativos de solução de conflitos. (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999). UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 18 Aqui no Brasil, a arbitragem existe legalmente desde a época em que se adotavam as leis portuguesas, na época da colonização, pois era prevista no Livro II das Ordenações Filipinas. Depois disso, em 1850 ela foi prevista pelo Código Comercial. Tanto em 1939 quanto em 1973, o Código de Processo Civil manteve a redução que o Código Civil de 1916 deu à arbitragem como mero compromisso, garantindo a ela uma versão facultativa. Em 1996 a Lei nº 9.307 garantiu a revitalização desse instituto, através da correção dos seus pontos fracos e adequando-o para seu efetivo uso e aplicação conforme os interesses socioeconômicos de hoje em dia. (MORAIS; SPENGLER, 2008). O crescimento da arbitragem, nacional e internacionalmente, está estreitamente ligado com o crescimento das relações comerciais. Foi a partir das relações comerciais que passou a ser inserida nos contratos as cláusulas de arbitragem, fazendo com que este instituto voltasse a se desenvolver. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 19 MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Eliana Riberti Nazareth Numa época em que o intercâmbio entre as pessoas e nações e o manejo das diferenças estão na ordem do dia, as atenções voltam-se para o método do diálogo por excelência, a saber, a mediação. A mediação vem se configurando como uma das formas mais exitosas de condução de conflitos. Apesar de ser uma prática muito antiga, documentada por antropólogos como presente em todas as culturas e religiões, só muito recentemente surgiu como alternativaválida entre nós. Pode-se definir a mediação como “um método de condução de conflitos, voluntário e sigiloso, aplicado por um terceiro neutro e especialmente treinado, cujo objetivo é restabelecer a comunicação entre as pessoas que se encontram em um impasse, ajudando-as a chegar a um acordo”. Como forma de condução de conflitos, apresenta vantagens importantes em comparação com a conciliação e a arbitragem, pois propicia a retomada da autodeterminação das pessoas com relação às próprias vidas. Fundamentalmente é a isto que a mediação se propõe. Delegou-se poder decisório demais ao Estado, na figura dos tribunais com seus juízes, ou mesmo aos advogados. Os mesmos tribunais e juízes estão abarrotados e as pessoas infelizes com sentenças que não as satisfazem, que vêm depois de anos de lutas inglórias entre pseudoganhadores e pseudoperdedores. Tomemos como exemplo a área de família. Chama-nos a atenção o grande número de separações litigiosas e o não cumprimento de sentenças judiciais. Nas separações, o que se percebe ao se trabalhar com casais e famílias é o quanto as pessoas tentam resolver suas frustrações provenientes de um casamento malsucedido por meio de brigas e disputas, desconsiderando os próprios filhos, que acabam sendo os mais prejudicados. O juiz, por mais que represente na mente dos envolvidos o “grande pai” idealizado, não consegue extinguir a fonte do litígio, pois o que há é uma distorção de demanda, isto é, usa-se o Judiciário não só para se desfazer um estado – de casado para separado ou divorciado, por exemplo –, mas para se transformar um ser, uma identidade. O acerto de contas que se pretende é o emocional, a guarda que se reivindica não é só dos filhos como pessoas, mas como produtos de uma relação e representantes de um projeto, em que todos, adultos e crianças, carregam o sentimento de fracasso pelo seu desfazimento. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 20 A Associação Americana de Mediação realizou uma estatística nos tribunais dos Estados Unidos, em 1997, e constatou que nos casos de divórcio, nos quais a guarda dos filhos é outorgada à mãe – o que representa a maioria dos casos –, 85% das sentenças em ações de alimentos e guarda não são respeitados. Muitas hipóteses poderíamos levantar para explicar tal ocorrência, mas o essencial é pensarmos que, seja por qual motivo for, as sentenças não atenderam às reais necessidades das pessoas envolvidas, suas prioridades e interesses, pois, se o tivessem feito, teriam sido mais consideradas. O mediador é um facilitador do processo de retomada de um diálogo truncado. Diversamente do árbitro ou do conciliador, ele não interfere diretamente, mas ajuda as partes – no caso de processos judiciais –, ou as pessoas que se encontram em situação de disputa a encontrar, elas mesmas, as saídas e alternativas que mais lhes convêm. Por meio do uso de técnicas específicas e utilização de conhecimentos advindos de várias disciplinas e ciências como a psicologia, psicanálise, direito, teoria da comunicação, teoria do conflito etc., o mediador restabelece as ligações que foram rompidas pela má condução ou exacerbação de um conflito. Ele “catalisa” a comunicação. A mediação é um procedimento realizado por profissionais capacitados para tal, que podem ser psicólogos, advogados, médicos, administradores de empresas, assistentes sociais e outros. O objetivo é facilitar o diálogo, colaborar com as pessoas e ajudá-las a comunicar suas necessidades, esclarecendo seus interesses, estabelecendo limites e possibilidades para cada um, tendo sempre em vista as implicações de cada decisão tomada a curto, médio e longo prazo. Desse modo, a probabilidade de as sentenças judiciais serem cumpridas aumenta significativamente, pois os acordos provêm do trabalho das pessoas e são construídos por elas, e não impostos. Tudo isso se traduz não só em economia de tempo e de recursos materiais, mas também, e principalmente, em uma redistribuição mais adequada de recursos emocionais. Representa, ainda, um instrumento valioso de prevenção da violência doméstica, da depressão infantil e da delinquência juvenil, que tão comumente se seguem aos litígios familiares. Vimos como a mediação pode ajudar nas questões que chegam ao Direito de Família, porém pode ser utilizada em todas as situações em que haja controvérsias. Portanto, em qualquer situação do convívio humano, em diferentes contextos como nas empresas, escolas, hospitais, comunidades, relações internacionais etc. FONTE: NAZARETH, Eliana Riberti. Mediação de conflitos. Disponível em: <http://www.pailegal. net/mediacao/155>. Acesso em: 15 fev. 2012. TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM 21 DICAS Para um aprofundamento destes temas, sugiro que você assista ao filme indicado e leia o seguinte livro: Vale a pena você assistir ao filme “O Livro de Eli”. Você vai se surpreender com a história, principalmente ao descobrir como o discurso religioso é importante para a sociedade, mas que pode ser usado para diferentes fins. Na obra de Aristóteles, Ética a Nicômaco, você irá se encantar com um texto clássico e de fácil entendimento, principalmente com os diversos exemplos de virtudes como sendo o equilíbrio entre extremos opostos. Verá que a soma das virtudes é que irá possibilitar o alcance da felicidade como valor para o ser humano. 22 Neste tópico, você aprendeu que: • Vimos que, no emaranhado da história da humanidade, diversas foram as ocasiões nas quais foram pensadas formas alternativas para solucionar conflitos. • Mediação é o método no qual um indivíduo intervém numa relação com o objetivo de ajudar as partes a encontrar a solução dos conflitos. • É bastante antiga a história da prática da mediação, aparecendo, com suas peculiaridades e variações, em quase todas as culturas do mundo. • Em diversas culturas existem relatos ricos sobre a prática da mediação em variados contextos históricos, em diferentes épocas ao longo da história da humanidade. • Foi Justiniano, o imperador bizantino que governou Constantinopla de 527 a 564, a primeira pessoa na história da humanidade a utilizar a palavra mediador. • Embora seja antiga a história da mediação como procedimento extrajudicial, não violento, de resolução de controvérsias, foi somente no século XX que ela foi institucionalizada formalmente, sendo reconhecida também como profissão. • A mediação busca restabelecer a comunicação entre as pessoas envolvidas no conflito, resgatar o respeito mútuo, conciliar as partes e recuperar a relação, recompondo-a no que for possível. • A mediação é uma técnica que tem acompanhado a evolução humana por constituir uma prática que faz parte das relações: a intervenção de terceiro, pois às vezes é necessário que uma pessoa se “meta” nos problemas dos outros para ajudá-los a encontrar uma saída e solucionar a questão. • Outro meio alternativo de solução de conflitos, que é muito falado nos dias de hoje, é a arbitragem. • A arbitragem tem sua origem nas épocas pré-clássica e clássica do Direito Romano. • Desde sua origem, a arbitragem sempre teve um papel importante como meio alternativo de solução de controvérsias face à jurisdição do Estado. RESUMO DO TÓPICO 1 23 1 PRODUÇÃO TEXTUAL. Produza um fichamento da obra de José Luiz Bolzan de Morais e de Fabiana Marion Spengler, intitulada “Mediação e Arbitragem: alternativas à jurisdição”, e destaque as formulações mais relevantes sobre mediação, a seu critério, constantes no capítulo 7 da obra. Observe a seguinte estrutura para a elaboração do fichamento: 1. NOME COMPLETO DO AUTOR DO FICHAMENTO: seu nome completo! 2. OBRA/ARTIGO/ENSAIO OBJETO DO FICHAMENTO: MORAIS, José Luiz Bolzan de; SPENGLER, Fabiana Marion. Mediação e arbitragem: alternativas à jurisdição. 2. ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. 3. ESPECIFICAÇÃO DO REFERENTE UTILIZADO: Destacar as formulações mais relevantes sobremediação, a seu critério, constantes no capítulo 7 da obra em estudo. 4. DESTAQUES CONFORME O REFERENTE: Aqui você deverá copiar literalmente aqueles trechos (frases, parágrafos, trechos de parágrafos etc.) que você achar mais importantes sobre o assunto mediação e arbitragem, entre aspas e citando a página. Numere “4.1”, “4.2” para melhor organizar seu trabalho! 5. REGISTROS PESSOAIS DO FICHADOR SOBRE OS DESTAQUES SELECIONADOS E SUA UTILIDADE PARA A PESQUISA E/OU A APRENDIZAGEM EFETIVA QUE OCORREU COM O FICHAMENTO: Aqui você deverá produzir um texto, livre, no qual fique registrada sua aprendizagem sobre o assunto estudado. Apresente suas ideias! LOCAL, DATA. Ao final, assine seu trabalho acadêmico-científico! AUTOATIVIDADE 24 25 TÓPICO 2 CONFLITOS E MUDANÇA DE PARADIGMA: FORMAS NÃO VIOLENTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO FIGURA 5 - CONFLITO FONTE: <http://tspterapias.blogspot.com/2011/05/porque-existem-conflitos-na-familia.html>. Acesso em: 23 fev. 2012. Caro acadêmico! Você já ouviu alguma vez alguém reclamando sobre a demora dos processos em tramitação na Justiça? Acredito que já tenha escutado, ou até mesmo visto/assistido em alguma mídia reclamações sobre a demora do Judiciário, em razão do grande número de ações ajuizadas. Por este e outros problemas o Judiciário está “abarrotado” de processos. Também existem reclamações quanto ao tempo dos processos: uma ação na Justiça, principalmente na Justiça estadual, é bem demorada... passam-se anos até uma decisão ser proferida... isso sem mencionar a possibilidade de essa decisão ser objeto de recurso(s)... lá se vão mais anos até a decisão final! É por esses motivos que há muito se estudam e se discutem quais os mecanismos que podem ser aplicados na solução de conflitos. Afinal de contas é muito importante que se encontrem alternativas, tendo em vista a necessidade de minimizar a lentidão do Judiciário. E você sabia que a resolução de conflitos, não é uma atividade de privilégio do Poder Judiciário? UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 26 É isso mesmo! Vamos deixar uma coisa bem clara: somente o Estado (aqui entendido no sentido mais amplo) tem o poder de proferir uma sentença; somente o Poder Judiciário tem função jurisdicional. Mas, fora desse mundo do Poder Judiciário, as pessoas podem buscar solução para seus conflitos utilizando outros meios. As pessoas podem buscar a solução dos conflitos, nos quais elas estão envolvidas, fora da esfera do Judiciário, pois elas podem fazer uso de meios alternativos para resolver os conflitos. É claro que não estamos incentivando as pessoas aqui a buscar “justiça com as próprias mãos”. O objetivo deste estudo é mostrar que há meios a que as pessoas podem recorrer para resolver seus conflitos sem precisar propor uma ação na Justiça, cuja solução poderá levar muito tempo. E agora, convido você, acadêmico, a conhecer os meios alternativos de solução de conflitos: a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem. 2 MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS FIGURA 6 – FORMAS NÃO VIOLENTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS FONTE: <http://carreiradeti.com.br/dicas-lidar-conflitos-ambiente-trabalho-carreira/>. Acesso em: 23 fev. 2012. O ser humano é um ser sociável e isso significa dizer que ele não subsiste por si só, pois ele precisa de outros seres de sua espécie para sobreviver, por isso é um ser gregário. Assim, o ser humano vive, convive e interage com seus semelhantes, vivendo em grupo social. Ao longo da história da humanidade o ser humano passou por diversas fases na sua evolução. Vale considerar que esta evolução tem características específicas e diferentes no tempo e no espaço. Da formação dos grupos sociais “[...] surgiu a necessidade de elaborar normas de conduta que garantissem a harmonia, pois a vida em sociedade TÓPICO 2 | CONFLITOS E MUDANÇA DE PARADIGMA: FORMAS NÃO VIOLENTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 27 envolve a aquisição de conhecimentos, de hábitos e de sentimentos próprios”. (CACHAPUZ, 2005, p. 14). Assim, é importante ressaltar que as REGRAS SOCIAIS DE CONVIVÊNCIA surgem como elemento importante e imprescindível para estabelecer a “ORDEM”, pois sem regras a convivência entre as pessoas seria um caos: “[...] a liberdade em seu estado puro é incompatível com a convivência harmoniosa entre pessoas necessariamente diferentes”, afinal de contas a sabedoria popular já afirmou que o ser humano não consegue por si só saber que sua liberdade acaba quando começa a do outro. (RODRIGUES, 1994, p. 22). FIGURA 7 – CONVIVÊNCIA HUMANA FONTE: <http://tialueducacao.blogspot.com/>. Acesso em: 23 fev. 2012. Quando tratamos das relações humanas, não é difícil pensar que o CONFLITO é fator inerente à vida em sociedade, pois da interação entre seres humanos surgem as divergências de interesses, opiniões, valores, atitudes, comportamentos etc. Imagine duas pessoas que convivem no dia a dia: em qualquer situação que seja, basta uma delas fazer ou falar algo que não agrade à outra, já está estabelecido o conflito. A maneira como elas vão resolver isso é que difere de caso para caso. Acontece que cada ser humano tem a tendência de resolver seus conflitos de maneira individual, podendo gerar novos conflitos na relação com seus semelhantes, pois há diversas formas de solucioná-los. Na definição de Colaiácovo e Colaiácovo (1999, p. 43): “O conflito como fato real ou latente pode ser definido e interpretado de diferentes maneiras. [...] Muitas pessoas associam o conflito a algumas disfuncionalidades verificadas no relacionamento entre partes, tais como o preconceito, a falta de comunicação e a agressividade, dentre outras”. Um simples desentendimento, um pequeno ruído na comunicação interpessoal, qualquer palavra dita de maneira diferente, num momento UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 28 inadequado, pode gerar o pior dos conflitos entre as pessoas. Basta uma das partes, ou ambas (o que seria pior), não ter vontade de resolver o desentendimento. Daí, sim, um problema estará instalado. O fato é que as formas de solução desses conflitos estão relacionadas com as diferentes maneiras que o ser humano tem em lidar com as controvérsias ao longo do tempo. As FORMAS DE RESOLUÇÃO DAS CONTROVÉRSIAS são buscadas desde o início da história da humanidade, “[...] pois a paz é uma necessidade intrínseca para a sobrevivência do ser humano equilibrado e de uma sociedade pacificada”. (CACHAPUZ, 2005, p. 14). Se pensarmos nos primórdios da história da civilização, o homem primitivo resolvia os conflitos de forma primitiva. Mas será que o homem “evoluído” de hoje consegue resolver os conflitos de forma “mais evoluída”? Não, não é? Sabemos que o ser humano, no atual estágio de evolução, ainda não alcançou a grandeza de resolver os conflitos de forma pacífica. Até existem pessoas capazes disso no mundo, mas a grande maioria ainda não consegue encontrar uma solução pacífica e equilibrada para seus problemas, não de forma voluntária sem intervenção de terceiros. Você sabia que nos primórdios da civilização eram as divindades que solucionavam os conflitos? Pois é! Veja o relato de Cachapuz (2005, p. 14): Inicialmente os conflitos eram solucionados pela atuação das divindades, quando os “deuses” por meio dos sacerdotes, pelas suas relações místico-religiosas, resolviam as contendas. Passa-se pela “autotutela”, [...] ou “defesa privada” [...] onde o próprio homem resolve sua situação muitas vezes utilizando-se do uso da força, prevalecendo a vitória do mais forte. Com a formação étnica dos povos, os conceitos primitivos se tornaram ultrapassados e evoluíram até o estágio dos costumes, os quais viriam a constituir as primeiras leis, as primeiras expressões reais de normas de procedimento. Foi então necessário reuni-las, para que não existissem isoladamente, passando a fazer parte de sistemas harmoniosos e elaborados. Então, como você observou no trecho anterior,os sacerdotes eram quem exercia a função de resolver conflitos. Com a evolução da humanidade, as regras acabam criadas para atender ao mesmo ideal, qual seja, disciplinar as relações dos seres humanos entre si. E é com o surgimento do Estado politicamente organizado e suas regras sociais, que as regras de convivência passaram a ser normas de controle do Estado e dos indivíduos pelo próprio Estado. (RODRIGUES, 1994, p. 22). TÓPICO 2 | CONFLITOS E MUDANÇA DE PARADIGMA: FORMAS NÃO VIOLENTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 29 É claro que sempre se buscou a resolução de conflitos com o objetivo de proporcionar harmonia da vida em sociedade, afinal, este é o objetivo do Estado: o bem comum. Aliás, bem antes do Estado, o bem é, como afirmou Aristóteles, "[...] a finalidade de todas as coisas”. (ARISTÓTELES, 2002, p. 39). Acontece que em toda história da humanidade as regras (sociais ou estatais) nunca foram suficientes para evitar a ocorrência de conflitos. Diante disso, surgiu a necessidade de ser criadas formas para a resolução das controvérsias e as insatisfações decorrentes disso. Assim surgiu o direito processual e a jurisdição. (RODRIGUES, 1994, p. 22). As regras processuais e a função jurisdicional surgem para que através delas se resolvam os conflitos, estando esta atribuição nas mãos do Estado. Com a evolução das relações sociais sempre houve o progresso das formas de pacificação das controvérsias, e a jurisdição é uma função do Estado exercida pelo Poder Judiciário, que tem como objetivo buscar a pacificação social através do ideal do valor de justiça. Assim, o Estado usa de sua autoridade para impor sua decisão com o objetivo “de recompor as relações sociais de acordo com o direito”. (RODRIGUES, 1994, p. 24). Então, se nos tempos mais remotos o ser humano já buscou “justiça com as próprias mãos”, nos tempos atuais não se pode conceber que os conflitos de interesse sejam resolvidos desta forma. A solução das controvérsias deve ser orientada pela lei, perante o Poder Judiciário. UNI Sabemos que a “justiça”, como valor, sempre foi perseguida pelo ser humano. Entretanto, é fato que a sociedade atual enfrenta diversas espécies de crise, tais como crises sociopolíticas, religiosas, financeiras, éticas, de valores, de educação, crises na família, desigualdades socioeconômicas etc. Uma das crises que nossa sociedade sofre nos dias atuais é a crise do Poder Judiciário, abarrotado de processos e com demanda crescente. Esse fato fará com que cada vez mais o volume de processos aumente, deixando muitas pessoas frustradas sem a solução dos conflitos que se apresentaram em suas vidas. (FERREIRA NETO, 2009). Diante da crise do Judiciário, será necessário encontrar outras opções para que as pessoas alcancem a solução dos seus problemas. Não resolver estes problemas é motivo para que mais crises sociais sejam geradas. UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 30 FIGURA 8 – JUSTIÇA ABARROTADA FONTE: <http://bit.ly/2qzEDfT>. Acesso em: 12 fev. 2012. Sabemos que estas crises que geram e são geradas pela “[...] violência, insegurança, tensões sociais com as constantes reivindicações pela falta de empregos” afetam diretamente as famílias, causando problemas na célula mater da sociedade, fazendo com que as pessoas busquem justiça com a intenção de diminuir todo este desespero (CACHAPUZ, 2005, p. 17). Mas a busca do valor ideal de justiça através do acesso ao Judiciário por si só não resolve todos os problemas, devido à morosidade do Poder Judiciário. Portanto as pessoas não encontram satisfação na solução dos conflitos, porque, afinal, “justiça tardia, não é justiça”. Diante desta realidade, é imprescindível que se busquem meios alternativos de solução de conflitos, principalmente no sentido de se buscar soluções extrajudiciais para a pacificação das controvérsias. (FERREIRA NETO, 2009). E é exatamente por isso que é necessária a criação de MEIOS ALTERNATIVOS, e podemos até mesmo dizer MEIOS EXTRAJUDICIAIS, para a solução de conflitos. É importante que este sistema alternativo de solução de controvérsias vá se aperfeiçoando com o tempo, pois em cada contexto histórico-social os conflitos são solucionados das maneiras mais diversas. (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999, p. 59). A SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS, numa sociedade moderna, observará as regras jurídicas impostas pelo Estado na busca da verdade. Para isso conta com a intervenção de diversos profissionais, tais como magistrados, advogados, promotores de justiça, assistentes sociais, peritos que buscam oferecer ao cidadão um sistema confiável. (COLAIÁCOVO; COLAIÁCOVO, 1999, p. 59). TÓPICO 2 | CONFLITOS E MUDANÇA DE PARADIGMA: FORMAS NÃO VIOLENTAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS 31 Nos tempos atuais busca-se compor os interesses entre as partes de modo mais harmônico, e isso significa dizer que a própria cultura e os modelos existentes para solução de conflitos devem (deveriam) ser repensados. Vale a pena ressaltar que para a nossa sociedade poder criar meios alternativos para solução de conflitos é necessário que um novo comportamento e uma nova cultura social sejam desenvolvidos, objetivando criar meios mais céleres, menos onerosos para solução de conflitos (CACHAPUZ, 2005, p. 16-17). E é exatamente neste contexto que é importante realizar um estudo sobre o tema mediação e arbitragem. 3 MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM FIGURA 9 – MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM FONTE: <http://wirnalves.blogspot.com/2010/12/mediacao-para-resolver-conflitos.html>. Acesso em: 23 fev. 2012. Provavelmente você deve estar perguntando agora: o que é MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM? Para que serve isso? Como isso é feito? Para entendermos bem o que vem a ser mediação e arbitragem, é importante analisar as principais formas não violentas de resolução de conflitos. Como vimos, o ser humano é um ser social, ele vive em sociedade e, por viver em grupo, ele interage com seus pares, seja no âmbito familiar, profissional e/ou comunitário. Dessas INTERAÇÕES surgem as diversas relações sociais, e das relações decorrentes da convivência do ser humano no grupo social podem surgir conflitos, muito embora o anseio do homem seja viver de maneira pacífica. Os conflitos surgem e existem pelos mais variados motivos e das mais diversas intensidades. UNIDADE 1 | MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM: NOÇÕES BÁSICAS 32 Mas você pode estar se perguntando agora: o que é considerado CONFLITO para fins deste estudo? A palavra conflito vem do latim conflictu e significa choque, embate. Este substantivo, segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, consiste em designar “discussão acompanhada de injúrias e ameaças; desavenças”. (FERREIRA, A., 2004, p. 522). Já do ponto de vista da psicanálise, conflito engloba outras noções com uma concepção mais ampla, que considera cada indivíduo como um ser dotado de exigências internas e que, se forem contrárias, fazem surgir um conflito intrapessoal. Entretanto, ao se considerar as relações humanas, dois indivíduos com interesses diferentes acabarão se tornando opositores, gerando entre eles um conflito interpessoal. (MUSZKAT, 2008, p. 27). Então, como você já sabe, o conflito é inerente às relações humanas, sendo algo negativo e ruim para as pessoas nele envolvidas, atingindo também a família e até mesmo a sociedade. Diante disso, Sales (2007, p. 25) destacou duas espécies de conflitos, os aparentes e os reais: Existem conflitos aparentes e conflitos reais. Os conflitos aparentes são aqueles falados, mas que não refletem o que verdadeiramente está causando angústia, insatisfação, intranqüilidade [sic] ou outro sentimento que provoque mal-estar. [...] O conflito real, por sua vez, é o verdadeiro motivo ou causa do conflito. Em muitas situações a dificuldade de se falar sobre o conflito real reside no fato de envolver sentimentos ou situações da vida íntima. De modo genérico, um pequeno desentendimento dá início a um conflito e, dependendo da habilidade e flexibilidade na comunicação das
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