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ISSN 2176-1396 
 
 
ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR –APD 
A ESCOLA EM CASA 
 
Fabiana Neves Bertolin1 - SME 
Viviane Pereira Maito2 - SME 
 
Grupo de Trabalho – Educação, Saúde e Pedagogia Hospitalar 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
O Atendimento Pedagógico Domiciliar é a modalidade de ensino que tem o compromisso 
com a manutenção do processo de ensino e aprendizagem de estudantes afastados da escola 
comum por motivo de tratamento de saúde e não internados. O desenvolvimento das ações 
pedagógicas considera a elaboração de estratégias e orientações que visam o 
acompanhamento pedagógico-educacional e oferece a oportunidade da continuidade do 
processo do desenvolvimento do estudante. Na pratica o professor acompanha 
pedagogicamente o estudante em sua residência com o planejamento e encaminhamento 
elaborados com base nas orientações fornecidas pelo professor regente da sala de aula comum 
sobre conteúdo das áreas do conhecimento para o desenvolvimento de atividades 
disponibilizadas e elaboradas especialmente para aquele estudante. Além do compromisso 
pedagógico, as ações estabelecem e mantem o vínculo entre o estudante, a equipe de 
profissionais da escola de origem e a família com vistas a adequada reintegração desse ao seu 
grupo escolar. Por meio de um currículo flexibilizado e/ou adaptado, favorece o ingresso ou 
retorno do estudante a escola ao final do tratamento sem prejuízos significativos na 
aprendizagem. O trabalho do professor no Atendimento Pedagógico Domiciliar tem como 
meta inicial estabelecer o vínculo de confiança e corresponsabilidade sobre o processo de 
aprendizagem com o estudante tornando a ambiente domiciliar harmonioso e prazeroso 
desenvolvendo o entusiasmo para a aprendizagem. O envolvimento e a parceria entre a 
família, a escola e o professor do Atendimento Pedagógico Domiciliar auxilia para o processo 
de aprendizagem desse estudante, do aprender dentro de cada potencialidade e limitação, com 
 
1 Mestranda em Educação – UFPR (2015) graduação em Pedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná (2001), 
pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica (2006), Educação Especial (2009) pela Faculdade 
Bagozzi e Educação Especial Inclusiva com ênfase em Gestão Escolar pela FACEL (2013). Compõe a equipe da 
Coordenadoria de Apoio às Necessidades Especiais/CANE da Secretaria Municipal da Educação, na Gerência de 
Currículo da Educação Especial e ministra aulas e palestras para o Ensino Superior. Email: 
faneves@sme.curitiba.pr.gov.br 
2 Mestre em Educação: Teoria e Pratica Pedagógica na Formação de Professores (PUCPR) responsável pelo 
Programa de Escolarização Hospitalar, Atendimento Pedagógico Domiciliar, Comunicação Alternativa e Projeto 
Bullying não é Brincadeira da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba. Educação, Formação Docente e 
Tecnologias Educacionais em diferentes níveis e contextos, Autora de aulas para EAD, Especialista em Séries 
Inicias, Ensino Fundamental, em Educação Especial e Magistério Superior. 
E-mail:vmaito@sme.curitiba.pr.gov.br 
13447 
 
maturidade, desenvolvendo suas potencialidades em um ambiente diverso do da sala de aula 
comum. 
 
Palavras-chave: Atendimento Pedagógico Domiciliar. Aprendizagem. 
Atendimento Pedagógico Domiciliar/APD: um direito 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDB 9394/1996 assegura no artigo 
5º parágrafo 5º, que ao Poder Público cabe criar formas alternativas de acesso aos diferentes 
níveis de ensino, podendo organizar-se de diferentes formas para garantir o processo de 
aprendizagem (artigo 23) (BRASIL, 1996). 
Fatores diversos de saúde podem ocorrer impossibilitando a frequência da criança e do 
adolescente no espaço escolar. A legislação brasileira, de acordo com a Resolução no 02, de 
11 de setembro de 2001, artigo 13, do Conselho Nacional de Educação define o seguinte: 
[...] os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, 
devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados 
de freqüentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação 
hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio.” 
(BRASIL, 2001). 
O parágrafo 1º desta mesma resolução relata o seguinte: 
As classes hospitalares e o atendimento em ambiente domiciliar devem dar 
continuidade ao processo de desenvolvimento e ao processo de aprendizagem de 
alunos matriculados em escolas da Educação Básica, contribuindo para seu retorno e 
reintegração ao grupo escolar, e desenvolver currículo flexibilizado com crianças, 
jovens e adultos não matriculados no sistema educacional local, facilitando seu 
posterior acesso à escola regular (BRASIL, 2001). 
A Deliberação nº 02/2003 do Conselho Estadual de Educação do Paraná, Indicação nº 
01/2003, caracteriza entre os serviços especializados: 
d) Atendimento Pedagógico Domiciliar – serviço destinado a viabilizar a educação 
escolar de alunos com necessidades educacionais especiais que estejam 
impossibilitados de freqüentar as aulas, em razão de tratamento de saúde que 
implique permanência prolongada em domicílio, mediante atendimento 
especializado, realizado por professor habilitado ou especializado em educação 
especial vinculado a um serviço especializado (PARANÁ, 2003). 
Essa forma de atendimento pedagógico possibilita a inclusão social de estudantes que 
quando em tratamentos de saúde por períodos prolongados, ausentam-se do ambiente escolar. 
As Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba/2006 referem-se ao 
projeto de atendimento pedagógico para crianças e adolescentes hospitalizados ou em 
13448 
 
tratamento de saúde como uma das ações que oportunizam o acesso dos estudantes às 
atividades educacionais, que por motivos de saúde tiveram que se ausentar do espaço escolar. 
Atualmente quatro instituições de saúde são atendidas pelo Programa de Escolarização 
Hospitalar e conveniadas com a Secretaria Municipal da Educação em Curitiba: Hospital de 
Clínicas, Hospital Erasto Gaertner, Hospital Pequeno Príncipe e a Associação de Apoio a 
Criança com Neoplasia - APACN. 
Com o objetivo de dar continuidade ao trabalho pedagógico desenvolvido nas 
instituições de saúde, de pacientes/estudantes que tem a alta médica para ir para casa mas não 
de imediato retorno a escola de origem, foi implantado desde o ano de 2008 o Atendimento 
Pedagógico Domiciliar - APD pela Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. Além 
disso, esse trabalho viabiliza a equidade social, reduz a evasão escolar de estudantes que por 
motivos de saúde deixam de frequentar as aulas regularmente, incentivando o estudante em 
seu processo de escolarização por meio da promoção da continuidade do vínculo com sua 
escola de origem. 
Este projeto de Atendimento Pedagógico Domiciliar/APD atende estudantes do Ensino 
Fundamental que estão afastados do espaço escolar devido tratamento de saúde. 
Caracterização do APD 
O que caracteriza o APD é a apresentação do atestado médico solicitando este 
atendimento ou relatando a necessidade de afastamento do estudante das atividades na escola 
acima de trinta dias letivos. 
Inicialmente os estudantes participantes desta forma de atendimento recebiam o APD 
de duas à três vezes ao mês em média duas horas por encontro. Em 2009 conseguiu-se 
ampliar este atendimento para uma vez por semana, e em casos de atestados médicos por 
tempo indeterminado até dois atendimentos pedagógicos semanais. 
Desde 2013 o APD apresenta uma operacionalização diferenciada, anteriormente os 
professores atuavam em seus períodos livres e recebiam hora extra realizando 4 horas deatendimento por semana para cada estudante, atualmente o período de tempo se mantem o 
mesmo, porém os professores são contratados provisoriamente em sistema de RIT (Regime 
Integral de Trabalho) e são responsáveis pelo atendimento dos estudantes de uma determinada 
regional da cidade. 
Ao receber a solicitação para o APD o profissional responsável entra em contato com 
a escola para dar esclarecimentos necessários sobre o mesmo e colocar-se a disposição quanto 
13449 
 
a aplicação de atividades pedagógicas que poderão ser enviadas pelo professor diretamente 
ao profissional de referência no NRE que o atenderá. 
O envolvimento da família neste processo é de extrema relevância. Esta exerce o papel 
de anfitriã do profissional da educação que adentra o lar do estudante mediante prévia 
autorização do responsável. Cabe a família proporcionar um ambiente adequado para os 
atendimentos como: lugar arejado com cadeiras e mesa para a realização das atividades 
pedagógicas e ambiente livre de excessiva circulação de pessoas, que permita ao estudante 
concentração no período do atendimento. Além disso, durante o período do APD a família 
deve motivar o estudante quanto à continuidade de seus estudos formais, auxiliando o mesmo 
nas tarefas de casa, quando solicitadas e na organização do seu material para os dias 
previamente agendados de APD. 
Atualmente entende-se que a cooperação da família é condição essencial para o 
desenvolvimento infantil. Entretanto, faz-se necessário resgatar ou “reconstruir” o papel da 
família e o papel da Escola e ambas precisam assumir suas próprias responsabilidades. 
Para Romanelli (2002) família é uma instituição universal embora com variação de 
costumes e características próprias, está presente em todas as culturas (onde a base do 
aprender é através da oralidade). Já a Escola é uma instituição delimitada (não é universal) e 
situa-se numa esfera pública (base do aprender se configura na escrita e letramento). A 
Família em sua essência acaba caracterizando-se por sua heterogeneidade e a Escola por sua 
homogeneidade. 
Neste sentido, o que as duas tem em comum é a missão de preparar o indivíduo para a 
inserção social, bem como, suas funções sociais que permitirão o mesmo a prosseguir. 
Para que a Escola e Família exerçam seus papéis e de forma conjunta é necessário 
segundo Sigolo e Oliveira (2008) que a Escola “conheça, conviva e respeite a diversidade 
cultural das famílias, além de ser necessário salvaguardar as especificidades de papéis de cada 
um dos envolvidos nesta interconexão”. Conhecer o estudante de forma global é fundamental 
para enxergá-lo dentro de suas especificidades como é o caso dos estudantes de recebem 
Atendimento Pedagógico Domiciliar e estão em tratamento de saúde. 
Neste sentido uma comunicação clara e sincera é imprescindível. Descer dos pedestais 
de poder, despojando-se das munições de proteção, são ações iniciais básicas para que 
Família e Escola desenvolvam um relacionamento cúmplice, maduro e eficaz. Construir 
objetivos comuns, buscando uma mesma linguagem na ação educativa. 
13450 
 
Por isso, é importante a Família saber qual é a filosofia de ensino da Escola que seu 
filho frequenta, que é também seguida pelo professor do APD, sua visão de mundo, visão de 
homem, visão de ensino e aprendizado. Essas considerações precisam convergir, em grande 
parte, com os princípios da Família. Cabe a Família a iniciativa de conhecer, perguntar e 
participar do processo de educação formal de seu filho. 
Experiências vividas 
Durante os atendimentos pedagógicos em domicílios alguns depoimentos foram 
registrados e evidenciam a importância desta forma de atendimento para que o estudante 
sinta-se apto ao retornar a escola e acompanhar os conteúdos previstos na sua escolaridade, 
mediante alta médica: 
a) “Com o atendimento ele pode dar continuidade aos seus estudos. Eu tenho 
esperança que um dia ele possa frequentar normalmente a escola” (mãe do João, 
matriculado no 2º ano em 2009, estudante portador de uma síndrome que a 
característica básica é a disfunção das glândulas sudoríparas e necessita de ambiente 
totalmente climatizado); b) “O Atendimento Pedagógico Domiciliar é muito 
importante, pois, caso contrário, ela estaria perdendo completamente os conteúdos 
escolares deste ano.” (pai da Rafaela, matriculada no 3º ano em 2009, a estudante 
fez cirurgia ortopédica) e; c) “O seu desenvolvimento pessoal, cultural, social, 
intelectual... não ficará estagnado. Seu tempo “livre”, por mais que eu (mãe) tente 
deixar preenchido, com diversas atividades, sejam elas: literárias, tv, jogos, 
conversas/bate-papo... com certeza não ficará ocioso e repetitivo. Aprender, 
aprender, aprender... esse é o caminho.” (mãe do Bryan matriculado na 1ª etapa C II 
em 2009, fez várias cirurgias ortopédicas).3 
Esses são apenas alguns depoimentos que evidenciam como é importante o estudante 
sentir-se respaldado no período que está afastado do ambiente escolar para tratamento de 
saúde. Ao voltar para a escola sente-se capaz de retomar seus estudos formais, restabelecer os 
laços de amizade e prosseguir com seus sonhos e expectativas em relação ao futuro. 
Ao final do atendimento é encaminhado para a escola um portfólio contendo: 
atividades realizadas com as devidas anotações necessárias quanto ao seu desempenho 
durante a realização das mesmas, parecer descritivo referente a sua situação de aprendizagem 
durante o APD e conteúdos escolares abordados. 
Durante a realização dos atendimentos pedagógicos em ambiente domiciliar é possível 
observar que devido à situação delicada de saúde do estudante, o mesmo apresenta alterações 
psíquicas no contexto em que vive devido às angústias, medos, ausências e dores que 
 
3 Depoimentos fornecidos pelos familiares durante os atendimentos pedagógicos em domicílios realizados no 
ano de 2009 pela professora Fabiana Neves, profissional da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. 
13451 
 
enfrenta, e as atividades escolares trazem consigo um novo vigor, uma esperança, uma nova 
expectativa em relação à vida. 
O Atendimento Pedagógico Domiciliar tem uma dimensão inclusiva no sentido de 
possibilitar ao estudante acesso aos conteúdos escolares que devem estar em consonância com 
acontecimentos sociais, políticos, culturais e econômicos, onde o professor media 
informações e conhecimentos necessários a inserção social deste estudante pós alta médica. 
Esta forma de atendimento encontra-se, no município de Curitiba, sob a orientação da 
Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais/CANE. 
O papel do professor neste contexto 
O professor deve ter em mente que suas atribuições, compromissos e 
responsabilidades são as mesmas do professor da escola comum, deve portanto desenvolver e 
acompanhar o processo de ensino e aprendizagem do estudante; participar de encontros, 
reuniões e cursos de qualificações e formação continuada; elaborar relatório e portfólio sobre 
o desenvolvimento de aprendizagem, no período em que o estudante esteve em Atendimento 
Pedagógico Domiciliar; elaborar o Plano de Trabalho Docente, conforme orientação da 
Equipe pedagógica, a partir da Proposta Pedagógica Curricular da escola e da especificidade 
de atendimento do estudante; registrar a organização e encaminhamento dos trabalhos, 
conteúdos e demais informações necessárias na ficha individual do estudante; cumprir a carga 
horária previamente definida; priorizar a necessidade e/ou especificidade de cada estudante, 
atuando como mediador do processo ensino-aprendizagem com adoção de estratégias 
funcionais, adaptações curriculares, metodológicas, dos conteúdos, de avaliações, 
temporalidade eespaço físico, de acordo com as peculiaridades do estudante e com vistas ao 
progresso global, para potencializar o cognitivo, emocional e social do mesmo. Esta forma de 
atendimento requer entrosamento do profissional com as Diretrizes Curriculares do Município 
que norteiam a prática educativa, além de uma efetiva organização do trabalho pedagógico. 
Neste contexto, para que o professor tenha sucesso em sua ação docente, precisa 
considerar na prática educativa o desenvolvimento psíquico, social e o cognitivo do sujeito e 
o seu momento de fragilidade e também superação. Ao sair do hospital a criança redobra as 
suas forças e esperanças em relação a vida bem vivida, e esta sensação converge para a 
continuidade dos seus estudos formais. Referindo-se as Classes Hospitalares, Ceccim (1999) 
afirma que o atendimento pedagógico a criança/adolescente em tratamento de saúde deve 
“apoiar-se em propostas educativo-escolares e não em propostas de educação lúdica , 
13452 
 
educação recreativa”, ressalta ainda que o ensino deve ter “regularidade e uma 
responsabilidade com as aprendizagens formais da criança” incluindo pais e escola neste 
processo. 
O planejamento prévio deve ser priorizado, onde as atividades são elaboradas de 
acordo com as necessidades de cada estudante, adequando o ensino ao seu tempo, modo e 
estilo de aprender. 
Esta forma de atendimento requer do professor repensar a sua prática e flexibilizá-la a 
partir do contexto vivido onde o tempo precisa ser otimizado, a aprendizagem deve ocorrer de 
modo efetivo, a família precisa ser acolhida e parceira neste processo e o prejuízo educacional 
devido à ausência ao ambiente escolar minimizado. 
Pedro Demo (2005) enfatiza em seus estudos a pesquisa como elemento essencial a 
formulação de conceitos, onde cabe ao professor gerenciar as informações e conhecimentos a 
serem investigados, posicionando-se como pesquisador. O questionamento do que realmente 
é importante de ser apreendido deve estar imbricado ao planejamento do professor. A 
otimização do tempo torna-se ponto crucial durante os APD’s. O planejamento do professor 
não deve ser engessado, mas flexibilizado as reais necessidades do educando, tomando o 
cuidado para que o foco do atendimento seja preferencialmente pedagógico e não terapêutico. 
Acredita-se que a pesquisa impulsiona o ensino, por meio de indagações e com ela a 
busca por respostas. Freire (2003, p.29) evidencia esta afirmação de acordo com a seguinte 
citação: 
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se encontram 
um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, procurando. Ensino 
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, 
contatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que 
ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. 
Aprendizagem exige pesquisa, elaboração própria, envolvimento, avaliação, 
orientação. Ou seja, exige algo essencialmente humano: o pensar, refletir sobre o pensamento 
e transformá-lo, por ainda se tratar de uma realidade recente historicamente o professor que 
atua no contexto do APD deve ser, mais do que nunca, um pesquisador de sua própria prática. 
É no decorrer de suas experiências vividas a luz das teorias e trabalhos científicos produzidos 
sobre o tema que se reflete e se constrói as orientações para as ações pedagógicas na realidade 
do APD 
Durante os APD’s segundo Neves (2015) os estudantes encontram-se ávidos para o 
novo: 
13453 
 
[...] a espera na janela, o brilho no olhar, o material todo organizado a espera do 
professor, o telefonema minutos antes do atendimento perguntando se o professor 
confirma a sua presença, evidenciam a alegria e a euforia diante da possibilidade de 
emergir em novos conhecimentos. 
 Outros autores da área de educação contribuem nesse aspecto ressaltando 
competências necessárias ao professor e estudante no processo dinâmico ensino 
aprendizagem, entre eles, Gasparin (2002) que entende o professor como mediador4 do 
processo de ensino aprendizagem e as técnicas pedagógicas são consideradas elementos do 
processo de mediação. A ação do professor, sua atitude profissional, a forma de tratar o 
conteúdo, os relacionamentos entre professor e aluno, as ligações dos conteúdos com a vida 
real dos aprendizes e com o contexto social maior, possibilitam a aprendizagem significativa a 
qual conduz ao desenvolvimento e aprendizagem. 
Ao assumir o papel de mediador pedagógico, o professor torna-se provocador, 
contraditor, facilitador, orientador. Torna-se também unificador do conhecimento 
cotidiano e científico de seus alunos, assumindo sua responsabilidade social na 
construção/reconstrução do conhecimento científico das novas gerações, em função 
da transformação da realidade (GASPARIN, 2002, p.112). 
Estratégia de ensino 
Uma das estratégias de ensino que tem se demonstrado produtiva durante os APD’s é 
o trabalho com roteiros que instiga a pesquisa e a busca de respostas por meio de 
questionamentos, seja em atividades de Língua Portuguesa, Ciências, Artes ou demais áreas 
do conhecimento. Diante desta prática o professor media a construção do conhecimento, 
ativando a Zona de Desenvolvimento Proximal, utilizando-se do que o estudante já sabe para 
que seja capaz de formular novos conceitos e assim avançar em suas aprendizagens. 
O planejamento das atividades e a ação educativa no atendimento pedagógico em 
domicílio são desafios à medida que ultrapassam os limites arquitetônicos da escola, onde as 
aprendizagens se efetivam na sala da casa do estudante, no quarto (quando necessita de 
repouso), na garagem ou ao ar livre. Neste sentido a intencionalidade pedagógica e a 
abordagem dos conteúdos escolares devem ser mantidas, bem como, as peculiaridades desta 
forma de atendimento redimensionando a prática educativa, Isso significa considerar o 
histórico do estudante, sua condição física e biológica para aprender, o apoio que a família 
 
4 Termo utilizado por Vygotski quando se refere à Zona de Desenvolvimento Proximal. 
 
13454 
 
oferece em relação a aprendizagem deste estudante, a pré disposição do estudante para o 
APD, limitações que a doença lhe impõe, e demais situações que emergem deste contexto. 
Há de considerar o fato de que o tempo do APD acontece de maneira diversa do tempo 
das salas de aula comuns nas escolas regulares, portanto é necessário potencializar a 
aprendizagem dos estudantes atendidos, partir dos seus interesses o que aponta para o 
estabelecimento de vínculo de confiança e parceria entre o professor e o estudante para a 
aprendizagem. A ação do professor nesse contexto deve estar carregada do compromisso com 
a educação de qualidade, com a aprendizagem do estudante, que deve envolver conteúdos das 
diferentes áreas do conhecimento de maneira transdisciplinar, visando o retorno desse a escola 
comum sem defasagens significativas na aprendizagem. 
Considerações Finais 
Atendimento Pedagógico Domiciliar passa pelo direito constitucional à educação de 
qualidade para todos, por sua realidade demanda planejamento flexível quanto ao tempo, 
espaço e conteúdo, os quais devem ser adaptados às condições de saúde de cada estudante, 
desempenhando um papel importante na vida deste, pois favorece a reintegração ao ambiente 
escolar. 
O Professor do APD tem compromisso com o processo de ensino aprendizagem. A 
Escola de origem do estudante deve ter claro que aquele estudante continua sendo da escola, 
apesar de não frequentar as aulas naquele espaço físico. A família deve ser sensibilizada 
acerca da importância da continuidade da escolarização de seufilho, e ter como objetivo o 
retorno desse a frequência regular na escola. 
A parceria estabelecida entre os profissionais da escola de origem do estudante, a 
família e o professor do APD é imprescindível para que se alcance os objetivo principal do 
APD, que é o de promover o retorno do estudante a escola sem defasagens significativas na 
aprendizagem e no desenvolvimento do currículo previsto para aquele ano letivo. 
O trabalho desenvolvido no Município de Curitiba vem sendo construído com 
responsabilidade na busca da melhor maneira de organização e funcionamento, preocupando-
se também com a formação continuada de seus professores por meio de estudos e reflexão 
sobre a ação que subsidiam a ações junto aos estudantes. 
Para que se garanta o direito a Educação para Todos previsto pela Constituição é 
necessário que outros municípios a exemplo de Curitiba e governos estaduais promovam 
ações que possibilitem a implantação do APD, organizando-se para que as estudantes em 
13455 
 
tratamento de saúde tenham garantida a continuidade dos seus estudos formais quando da alta 
hospitalar. 
Como resultado apresentado por meio de relatos de escolas e familiares, os estudantes 
atendidos pelo Atendimento Pedagógico Domiciliar na cidade de Curitiba retornam ao final 
do tratamento às suas escolas sem perdas significativas na aprendizagem sendo capazes de 
acompanhar suas turmas regulares. 
 REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. Brasília: MEC, 20/12/1996. 
BRASIL. Resolução CNE/CBE n. 02, de 11 de setembro de 2001. Diretrizes Nacionais para a 
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Seção 1 E, de 14 set. 2001, p.39-40. 
CURITIBA. Secretaria Municipal da Educação. Diretrizes Curriculares para a Educação 
Municipal de Curitiba: volume 1. Curitiba - PR, 2006. 
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 7.ed. Campinas: São Paulo: Autores Associados, 
2005. 
CECCIM, Ricardo Burg. Classe hospitalar: encontros da educação e da saúde no ambiente 
hospitalar. Revista Pátio, ano 3, n. 10, p.41-44 ago./out. 1999. 
GARPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: 
Autores associados, 2002. p.109 – 124. 
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https://docs.google.com/document/d/1DSKqST0ww16n-
gR7PMJr04LnizoTZLIcQmMWo7sJMwM/edit?hl=en . Acesso em: 20 ago. 2015. 
PARANÁ. Conselho Estadual de Educação. Deliberação n.o02/2003, Indicação 01/2003. 
item 6.2:serviços especializados. 
ROMANELLI, G. Autoridade e poder na família. In: CARVALHO, M. C. B (Org.). A 
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SIGOLO, S. R. R. L; OLIVEIRA, A. M. L. A. Relação família-escola e o processo de 
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HAYASHI, M. C. P. I. Temas em educação especial: conhecimentos para organizar a 
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