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PAPEL DA PSICOLOGIA COM INDIVÍDUOS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL/CONSUMO DE DROGA

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Nota:
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Graduação em Psicologia
Disciplina: Psicologia com Indivíduos em situação de risco
Professora: Me. Simoni Urnau Bonfiglio
Acadêmico (a): Larissa Garcia 
Terça-Feira, 30 de Maio de 2018.
O PAPEL DA PSICOLOGIA AO ENCONTRO DO INDIVIDUO EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL/USO ABUSIVO DE DROGAS
Esse trabalho tem como objetivo mensurar a demanda da Psicologia, nas situações em que o individuo se encontra sobre vulnerabilidade social, bem como, afunilar nesta vulnerabilidade o consumo abusivo de drogas, em que as vítimas são, em sua grande parte, crianças. Através de Pesquisa Bibliográfica, serão apresentados alguns fatores referentes a esta temática, bem como seu embasamento teórico. Conforme a Secretaria Nacional de Assistência Social (2005), a situação de vulnerabilidade social refere-se aos indivíduos que possuam vínculos familiares e, comunitários, fragilizados, porém ainda, não totalmente rompidos. Estes sujeitos possuem condições de privação relacionadas com outros fatores como: ausência de renda ou de acesso a serviços públicos e fortes condições de pobreza. 
Contudo a situação de risco social vincula-se aos sujeitos que tiveram seus diretos violados ou ameaçados e, cujos vínculos familiares e comunitários encontram-se rompidos e a convivência com a família de origem pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento. Para Abramovay (2002) a vulnerabilidade social, pode ser entendida como uma situação em que os recursos e habilidades de um determinado grupo social são insuficientes ou, ainda inadequados para dar conta das oportunidades oferecidas pela sociedade. Estas oportunidades são definidas como uma forma de ascender a maiores níveis de bem-estar.
Sendo a adolescência definida como um período de transição no desenvolvimento humano, entre a infância e maturidade física, psíquica e social que caracteriza o status adulto (BAUMKARTEN, 2006). Erickson (1976 apud BAUMKARTEN, 2006) descreve a adolescência como um período agitado, um processo repleto de conflitos: o risco da perda de afetividade segura, conflitos entre os pais, sentimentos de culpa pelo comportamento independente e a incerteza sobre seu próprio status, a solidão diante das novas responsabilidades. 
Em vista que geralmente as primeiras experiências com drogas ocorrem na adolescência, e que esta é uma das maiores preocupações de saúde pública, cada vez mais pesquisadores tem- se voltado à intervenções no campo dos fatores associados ao uso de drogas na adolescência. Desta forma, o conhecimento preciso destes fatores é de suma importância, pois permite intervenções sobre comportamentos e fatores de risco, com visões a inibir o possível progresso para o uso pesado de drogas lícitas e ilícitas, vício progressivamente deletério para o jovem (SOLDERA et al, 2004; BAUS; KUPEK; PIRES, 2002).
Conforme Longenecker (2002), as primeiras experiências aconteceram acidentalmente pelo consumo de plantas que continham algum tipo de droga. As pessoas foram usando, gostando, guardando e usando cada vez mais. Assim, foi-se descobrindo que era possível aliviar a dor, acabar com o medo, ou até mesmo ter um contato com Deus através do uso das drogas. As drogas são substâncias químicas de origem natural (maconha) ou natural/sintética (cocaína/cigarro) que afetam de alguma forma o sistema nervoso e podem causar alterações na mente, no organismo e no comportamento do indivíduo. A droga pode ser definida como uma substância que exerce alguma ação em organismos vivos. Há dois tipos de drogas, lícitas como álcool, fumo, ansiolíticos, barbitúricos e, as ilícitas como a maconha, a cocaína, a heroína, o LSD entre outros (LONGENECKER, 2002). 
Há uma progressão do uso de drogas e, são elas: a experimentação (uso ocasional, para satisfazer a curiosidade ou interar um grupo), uso recreacional (consumo moderado que geralmente não expõe o indivíduo ou o grupo a situações de risco), seguidos da abstinência (refere-se a ausência de consumo), o abuso da substância (situação em que o consumo causa danos a saúde física, psíquica ou social) e por fim, a dependência, que seria quando o individuo já faz o uso compulsivo da substância, conjuntamente de sua priorização frente a outros compromissos sociais e, até mesmo, profissionais, trazendo um prejuízo funcional para o sujeito .
Segundo a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), estarão mais propensos ao uso de drogas os indivíduos: Com saúde deficitária; Com personalidade vulnerável ou mal integrada; Insatisfeitos com a qualidade de vida; Sem informações adequadas sobre as drogas e seus efeitos; Com fácil acesso às drogas. Estarão menos propensos ao uso de drogas os indivíduos: Com boa saúde; Bem integradas consigo mesmas, na família e na sociedade; Com qualidade de vida; Bem informadas; Com difícil acesso às drogas.
Sanchez, Oliveira e Nappo (2005) realizaram estudos sobre a temática a fim de identificar os possíveis fatores que determinam o não uso de drogas em adolescentes. Constataram, a partir de um estudo qualitativo composto por adolescentes e jovens adultos entre 16 e 24 anos, todos de classe social baixa, que, as principais razões que impedem que estes indivíduos façam o uso de substâncias são ao que se refere à disponibilidade de informações sobre o assunto e aspectos relativos à família. Soldera, ET AL (2004), assim como a maior parte dos pesquisadores, considera que o uso de drogas na adolescência e em outros estágios do ciclo de vida, não é causado somente por um fator individual, e sim por uma combinação de fatores, quais são: genéticos, culturas e psicológicos, socioeconômicos, familiares.
Especialistas acreditam que fatores genéticos respondam por até 60% da vulnerabilidade de uma pessoa à dependência química. O restante seria resultado de fatores ambientais (BAPTISTA NETO, 2009). Exemplo: indivíduos deprimidos ou ansiosos podem recorrer às drogas para se sentirem mais relaxados; indivíduos com dependência de drogas têm mais dificuldades para tolerar problemas do cotidiano, muitas vezes recorrendo às drogas quando se sentem frustrados, e assim por diante (CANAVEZ; ALVES; CANAVEZ, 2010).
A qualidade do convívio com os pais a partir do nascimento certamente influencia o comportamento futuro dos filhos nas suas relações íntimas e na forma como lidarão com as pessoas ao seu redor (BAPTISTA NETO, 2009). Outro fator de risco/proteção é, a situação financeira, que exerce influencia significativa. Indivíduos que estejam inseridos em um patamar elevado socioeconômico tendem a ter acesso facilmente às drogas. Além disso, o desemprego é um fator propiciador para o uso de drogas. Segundo pesquisas, indivíduos que associam o trabalho e escola no período noturno estão mais vulneráveis ao uso de drogas. São conceituados, fator de rico/proteção (SOLDERA et al, 2004):
Risco: consequência da livre e consciente decisão de se expor a uma situação, na qual o indivíduo busca a satisfação de um desejo ou bem, podendo estar vulnerável a um evento que possa lhe causar algum dano físico, psicológico e/ou financeiro;
Fator de risco: condições ou variáveis associadas a possibilidade da ocorrência de fatores negativos ou positivos para a saúde, bem-estar e desempenho social.
Proteção: oferecer condições de crescimento e de desenvolvimento, de amparo e de fortalecimento da pessoa em formação.
Fatores de proteção: podem ser evidenciados pela técnica e pela experiência como relevantes para promover seu crescimento saudável e evitar que corram riscos de dependências e de acirramento de problemas sociais.
Ao Psicólogo, lidando com casos de consumo abusivo de drogas, existem maneiras de estar trabalhando de forma a realizar Promoção de saúde e, também Psicoterapia, até mesmo em grupo, com o objetivo de esclarecer para a comunidade na qual ele está inserido, as causas e prejuízos desse consumo, com a finalidade de criar estratégias visando a Prevenção da Saúde. Visto que em grande parte este consumo é, um sintoma da vulnerabilidade social do individuo. A psicologia oferecia uma solução alternativa paraos conflitos sociais: tratasse de mudar o indivíduo preservando a ordem social ou, no melhor dos casos, gerando a ilusão de que talvez, ao mudar o indivíduo, também mudaria a ordem social, como se a sociedade fosse uma somatória de indivíduos (DELEULE, 1972).
É possível verificar que, o consumo da droga provoca prazer, mas não é bom, pois prejudica o corpo, a mente, a família e a sociedade. Quanto maior o uso, maior o prejuízo. Não se pode confundir prazer químico com felicidade. A droga causa momentos de alegria que desaparecem, dando lugar ao vazio da alma. A felicidade preenche o ser humano, fornecendo-lhe alimento durante períodos difíceis, valorizando-o pelo que é, e não pelo que não possui naquele momento. QUEM É FELIZ NÃO USA DROGAS! (TIBA, p. 17-18, 2007). Seu consumo, em grande parte, está associado a diversos fatores que incluem, além do genético, vias sócias e econômicas, ressaltando os prejuízos causados por um governo mal administrado e sem infraestrutura, que disponibilize acesso a oportunidades aos indivíduos de forma igualitária. Ao Psicólogo Social cabe apoderar-se das ferramentas que possui como, as Políticas Públicas e, o empoderamento social. 
REFERÊNCIA
BAPTISTA-NETO, Francisco. Drogas: por que as pessoas usam? É possível prevenir? Florianópolis: Insular, 2009.
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