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Entrevista de triagem Este é um momento particular na vida de quem busca atendimento emocional, por isso a entrevista de triagem pode representar para pessoa o lugar de continência de que ela precisa; O campo da entrevista estrutura-se a partir da relação intersubjetiva entre entrevistador e entrevistado, determinando um processo dinâmico e criativo; Faimberg (2001) destaca que o entrevistador deve ocupar-se de escutar como o paciente ouviu os seus silêncios e intervenções; Entende-se que a entrevista de triagem se constitui em um importante espaço de acolhida e de escuta para a pessoa que se encontra em sofrimento psíquico; As características A entrevista de triagem, baseada no referencial teórico psicanalítico, envolve um processo de avaliação que não se refere necessariamente a uma única entrevista; A avaliação pode demandar um período mais longo, incluindo um número maior de entrevistas; As entrevistas de triagem são entrevistas clínicas semi-estruturadas; Tavares (2002) salienta que “a entrevista clínica é um procedimento poderoso e, pelas suas características é o único capaz de adaptar-se à diversidade de situações relevantes e de fazer explicar particularidades que escapam a outros procedimentos, principalmente aos padronizados”; Nas entrevistas semi-estruturadas: o entrevistador tem clareza de seus objetivos e do tipo de informação que necessita para atingi-los; O entrevistador tem clareza do tipo de intervenção que facilita a coleta de dados e dos temas que são relevantes a avaliação; As entrevistas semi-estruturadas são frequentemente utilizadas em locais como clínicas, sociais, nos ambulatórios de psicologia dos hospitais, nos postos de saúde pública, etc; (Cunha, 2002) Gabbard (1992) salienta que o entrevistador deve manter um estilo de entrevista flexível, passando da busca estruturada de fatos a uma atitude não-estruturada de escuta das associações do pensamento do entrevistado; Os papéis A entrevista semi-estruturada compreende uma interação, face a face, entre duas pessoas, em um tempo delimitado, com objetivos específicos e com papéis diferenciados; O entrevistador tem a função de conduzir o processo de triagem, dirigindo os diversos momentos das entrevistas em função dos objetivos primordiais de diagnóstico e de indicação terapeutica; Deve haver a garantia de um ambiente de sigilo, confortável e livre de interrupções a fim de que o entrevistado sinta-se a vontade para falar sobre seus problemas; Sua primeira tarefa é a de transmitir que o entrevistado é aceito e valorizado como pessoa única; O entrevistador, partindo das associações do paciente, busca, de forma ativa, as informações necessárias para compreender seu estado atual; Não deve perder de vista as comunicações não verbais e as diversas outras formas de apresentação do paciente, como sua postura, forma de vestir, maneira de falar, entre outros; Cordioli ( 1998) sugere que o entrevistador façça perguntas para auxiliar o paciente em seu relato, expressar sua opiniões e seus comentários; Sugere também que o entrevistador faça ligações entre os temas abordados e resumos do que compreendeu no momento final da entrevista; Braier (1998) acrescenta que o entrevistador pode utilizar-se de intervenções como: Perguntas Comentários Confrontações Assinalamentos Com estas intervenções, o paciente será auxiliado a obter uma maior consciência de seu problema e uma maior motivação para aderir ao tratamento recomendado; A transferência O campo relacional no referencial psicanalítico é construído pela comunicação que se estabelece a partir dos sentimentos circundantes entre a transferência e a contratransferência ; A contratransferência O entrevistador experimentará algumas respostas emocionais diante do paciente semelhantes as despertadas por ele com outras pessoas e situações do seu passado; Por este motivo é importante um constante monitoramento de suas reações de forma a não usa-las, mas utiliza-las como uma fonte de informação a respeito do paciente; Os objetivos As entrevistas de triagem realizadas com enfoque psicodinâmico tem como objetivo: elaborar uma história clínica Definir hipóteses de diagnóstico descritivo De diagnóstico psicodinâmico De prognóstico Indicação terapetutica História clínica Compreende a história de vida pessoal e a história de sua doença atual “pressupõe uma reconstituição global da vida do paciente como um marco referencial em que a problemática atual se enquadra e ganha significado.” (Cunha, 2002) A história atual contempla esclarecimentos dos sintomas do entrevistado e as circunstâncias em que surgiram. Hipótese de diagnóstico descritivo O diagnóstico descritivo baseia-se nos critérios DSM-V; Constitui-se em uma informação essencial para orientação em um primeiro momento; Hipótese psicodinâmica A hipótese psicodinâmica refere-se ao diagnóstico que visa entender: o quanto o paciente está doente; como o paciente está doente; Como o paciente adoeceu; Como sua doença o serve; A hipótese psicodinâmica visa explicar os sintomas e os problemas referidos pelo paciente a luz da teoria; Prognóstico Todo conhecimento presuma uma previsibilidade e uma explicabilidade ( Miranda-Sá Junior, 2001); O autor salienta que os diagnósticos devem ser elaborados de amaneira a se referirem aos aspectos fenomênicos atuais da enfermidade incluindo sua etioplatologia e antecipando a previsão de sua evolução; Braier (1984) menciona ser importante analisar as diversas condições diagnósticas da paciente: Início da doença Tipo de psicopatologia Contexto sóciofamiliar Recursos do ego Grau de motivação Grau de Insight Indicação terapêutica A triagem, como um primeiro filtro, tem a função de buscar informações básicas sobre o paciente com o objetivo de formular recomendações diagnósticas e terapeuticas; Exige do entrevistador o conhecimento ds possíveis abordagens psicoterápicas, bem como outras formas de atendimento que possam ser necessárias ao, paciente; Referência bibliográfica MACEDO, M. M. K. & CARRASCO, L. K. (Con)textos de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
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