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Direito de familia (matéria da NP1)

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Segunda-feira, 26 de fevereiro de 2017
Direito de família
Inciso IV: Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais se forem conhecidos. 
Inciso V: Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento transitada em julgado ou do registro da sentença de divórcio. Esses documentos são para demonstrar que a pessoa que já foi casada não se encontra mais nessa situação, a fim de evitar a bigamia, uma vez que havendo dois casamentos, o segundo é considerado nulo.
O edital de proclamas possui dupla finalidade, dar finalidade que aquelas pessoas qualificadas pretendem se casar, também permite que eventuais interessados possam arguir impedimentos frente a esse matrimônio. Decorrido o prazo do edital de proclamas, não havendo impedimentos ou os impedimentos sendo considerados inválidos, após a avaliação do juiz de direito, o oficial do cartório vai emitir uma declaração de permissão para o casamento.
Os contraentes com essa declaração podem fazer o casamento religioso com os efeitos civis, ou leva esse documento para o juiz de paz que procederá ao casamento civil. Emitido a declaração, os contraentes devem se casar dentro de 90 dias, não havendo o ato nesse prazo decadencial, os contraentes devem iniciar o processo novamente.
O edital de proclamas pode ser dispensado? Pode, em casos de urgência o juiz de direito pode dispensar a publicação do edital de proclamas. Exemplo de situações urgência: uma situação em que um dos contraentes esteja em iminente perigo de vida; caso de gravidez ou em caso de uma viagem inadiável.
Após o recebimento dos documentos previstos no artigo 1525 do Código Civil, estando eles em ordem o oficial do Registro Civil manda publicar o edital de proclamas, os quais visam dar publicidade ao ato e permitir que eventuais interessados possam fazer a oposição de impedimentos. Os proclamas devem ser afixados no cartório e publicados na imprensa local com o prazo de 15 dias. Após o decurso do citado prazo, não havendo a imposição de impedimentos ou se os impedimentos opostos forem rejeitados pelo juiz de direito, o oficial do Registro Civil emite a certidão de que os pretendentes estão habilitados a se casar. A contar da emissão dessa certidão o casamento deverá ser realizado no prazo de noventa dias sob pena de caducidade, hipótese em que o processo de habilitação para o casamento deverá ser iniciado novamente. Os proclamas podem ser dispensados pelo juiz de direito em casos de urgência, tais como, em caso de gravidez, perigo de vida ou viagem inadiável.
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS
Impedimentos são obstáculos estabelecidos por lei para a realização do casamento, os quais se forem inobservados geram a imposição de uma sanção de maior ou menos eficácia. 
Em determinadas situações a lei estabelece que o casamento não deve ser realizado por vários fatores distintos, seja porque a sociedade não aceita o casamento entre aquelas pessoas, ou porque o casamento entre aquelas pessoas impede a procriação, ou porque a pessoa já é casada, ou porque o casamento naquele momento pode gerar uma determinada confusão quanto ao patrimônio dos cônjuges, ou confusão a paternidade de uma criança.
Qual a diferença do impedimento e de uma incapacidade para o casamento? 
Quem é o incapaz? O menor de dezesseis anos não tem capacidade para o casamento; se o juiz não autorizar a realização do casamento, o menor de dezesseis não poderá se casar com ninguém.
Ao contrário da incapacidade, o impedimento não é absoluto, pois cessando a causa do impedimento, o sujeito
A incapacidade difere do impedimento. Na incapacidade, o incapaz não pode se casar com ninguém, salvo se houver autorização judicial. Enquanto que no impedimento, o impedido não pode se casar com determinada pessoa, mas pode se casar com outrem. O impedimento, portanto, é mais restrito que a capacidade. Os impedimentos estão previstos no artigo 1521 do Código Civil e se forem inobservados tornam nulo o casamento. São eles:
I – Os ascendentes com os descendentes, seja parentesco natural ou civil é vedado por lei, o casamento assim realizado é nulo, não produzindo nenhum efeito o ato, pois é moralmente inaceitável e em função da procriação. Parentesco natural é o biológico, decorrente da consanguinidade entre eles. O parentesco civil é aquele decorrente da adoção.
II – Os afins em linha reta. Os afins em linha reta são os parentes por afinidade. Os afins em linha reta se dá entre o genro e a sogra, a nora e o sogro e entre o enteado e o padrasto ou madrasta. O parentesco persistirá mesmo após a dissolução do casamento.
III – O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante. A lei veda o casamento do adotante com quem foi cônjuge do adotado. Aqui é o caso do inciso anterior, porém nesse caso trata-se da adoção.
O inciso III prevê dois casos de impedimentos. No primeiro, a lei veda o casamento do adotante com quem foi cônjuge do adotado, ou seja, o casamento do sogro ou da sogra com a nora ou o genro com que fora casado com o seu filho adotivo. Na segunda hipótese, a lei veda o casamento do adotado com o seu padrasto ou madrasta, ou seja, com quem foi cônjuge do adotante.
IV – Os irmãos unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais até o terceiro grau inclusive. Os irmãos bilaterais são os que possuem o mesmo pai e a mesma mãe. E os unilaterais são os que possuem o mesmo pai ou a mesma mãe. Se possuírem o mesmo pai são chamados de consanguíneos e se possuírem a mesma mãe recebem a denominação de uterinos.
Entre os consanguíneos existe os da linha reta e os da linha colateral (tem uma ascendência em comum, mas um não descende do outro).
Os irmãos são colaterais de segundo grau; esses não podem se casar. No terceiro grau se enquadra os tios e os sobrinhos.
Decreto Lei 3200/1941 que permite o casamento entre tios e sobrinhos desde que submetam a um exame pré-nupcial que ateste a possibilidade da procriação.
Parentes colaterais são aqueles provenientes de um mesmo tronco, possuem uma ascendência em comum sem descender uns dos outros. Os colaterais de terceiro grau são tios e sobrinhos. A lei veda o casamento entre eles como regra. Entretanto o decreto-lei 3200/41 excepciona essa regra permitindo o casamento de colaterais de terceiro grau desde que eles se submetam a um exame médico pré-nupcial. Logo, portanto tios e sobrinhos são proibidos de casar.
Observação: Os primos por serem colaterais de quarto grau podem se casar.
Os filhos dos respectivos pais que não são irmãos, podem se casar.
V – O adotado com o filho do adotante, uma vez que são irmãos.
VI – As pessoas casadas. As pessoas casadas não podem se casar, pois a leia veda a bigamia.
VII – Cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte, porque é moralmente inaceitável. O impedimento só ocorre se o homicídio for doloso, pois no caso de homicídio culposo não existe impedimento matrimonial. Segundo, é necessário que haja condenação do autor na esfera penal pois se ele praticou o crime e foi absolvido não há o impedimento.
Para que ocorra impedimento é necessário o envolvimento no crime? Não é necessário. Mesmo que não haja o envolvimento, há o impedimento.
O impedimento ocorre ainda que não tenha ocorrido qualquer espécie de participação do cônjuge sobrevivente no crime praticado.
CAUSAS SUSPENSIVAS (art. 1523 do CC)
As causas suspensivas podem se dizer que são uma espécie de impedimento. Não impedem absolutamente, pois são obstáculos temporários. A violação de um impedimento traz como consequência a nulidade do casamento, já a violação da causa suspensiva não torna o casamento nulo e nem anulável, é apenas considerado irregular, e a lei comina como sanção a observância obrigatória do regime de separação de bens.
As causas suspensivas em regra visam proteger patrimônio do primeiro casamento, visam proteger a confusão da paternidade, e confusão do tutelado e curatelado. As causas suspensivas não precisamser observadas se não houver prejuízo.
As causas suspensivas são obstáculos estabelecidos pela lei e que suspendem temporariamente a possibilidade de ser realizado o casamento. Entretanto, a violação de uma causa suspensiva não torna o casamento nulo nem anulável, pois o casamento é considerado apenas irregular e a lei comina como sanção a observância obrigatória do regime da separação de bens. As causas suspensivas visam evitar a confusão de patrimônios, bem como eventual dúvida quanto a paternidade e proteger os interesses do tutelado e do curatelado. As causas suspensivas podem deixar de ser observadas desde que não haja prejuízo para as partes. O artigo 1523 do Código Civil estabelece quais são as causas suspensivas:
I – O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros.
Para não confundir os bens do herdeiro com os bens adquiridos do novo casamento. 
A causa suspensiva em questão visa evitar a confusão de patrimônios de modo a impedir que os bens deixados pelo falecido aos seus herdeiros possam ser confundidos com os bens do novo casamento. A causa suspensiva poderá ser inobservada se o falecido não deixou bens ou não deixou herdeiros. A causa suspensiva persistirá até que ocorra o trânsito em julgado da sentença que decidir a partilha no processo de inventário.
II – A viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado até dez meses depois do começo da viuvez ou da dissolução da sociedade conjugal.
A impotência que a doutrina fala é chamada de couendi ou instrumental, é a que impossibilita a relação sexual.
Se a mulher que comprovar que não está grávida, ou se der à luz antes desses 10 meses, ou se houver sofrido aborto.
- Art. 1598 do Código Civil.
A causa suspensiva em questão visa evitar eventual dúvida quanto a paternidade do filho eventualmente gerado. A lei exige a observância do prazo de dez meses pois seria o prazo máximo de uma gestação. Tal prazo poderá inobservado nas seguintes hipóteses:
Se a mulher der à luz antes do prazo;
Se ela comprovar que não está grávida;
Em casos de aborto; e
Em casos de impotência couendi ou instrumental.
III – O divorciado enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal.
A causa suspensiva em questão visa evitar a confusão patrimonial evitando que os bens do primeiro casamento possam ser confundidos com os bens das novas núpcias.
Esta causa não precisa ser observada se o regime for o da separação de bens.
Ribeirão Preto, 12 de março de 2018.
Casamento em caso de moléstia grave
Caso um dos nubentes seja portador de uma moléstia grave que coloque em risco a sua vida impossibilitando-o de comparecer em cartório a lei prevê que o juiz de paz e o oficial do Registro Civil possam comparecer ao local que se encontre o enfermo, ainda que a noite, para que o casamento seja realizado na presença de duas testemunhas. Neste caso, é pressuposto que os nubentes já tenham se submetido ao processo de habilitação para o casamento e possuam a certidão de que estão habilitados a se casarem. O casamento ainda poderá ser realizado mesmo sem a presença do oficial do Registro Civil, pois neste caso a autoridade celebrante poderá nomear um oficial ad hoc. Realizado o casamento este deverá ser registrado no cartório no prazo de cinco dias na presença de duas testemunhas.
Casamento Putativo
O casamento putativo é aquele que embora nulo ou anulável se contraído de boa-fé por um ou por ambos os cônjuges possui efeitos válidos até que seja invalidado por sentença. A lei em homenagem a boa-fé dos contraentes confere a um casamento inválido efeitos válidos.
A boa-fé dos contraentes deve ser aferida no momento da celebração do casamento. Se neste momento eles agiram de boa-fé o casamento é putativo, ainda que eles descubram logo após o casamento a existência do vício que contamina a validade do casamento.
A boa-fé dos contraentes pode decorrer de erro de fato (casamento de dois irmãos) ou erro de direito (genro e sogra se casam desconhecendo a proibição). Quanto ao erro de direito a doutrina não é unânime em reconhece-lo para justificar a boa-fé.
Se ambos os cônjuges agiram de boa-fé o casamento gerará efeitos válidos em favor de ambos de modo que as convenções antenupciais são válidas, as doações feitas por um em benefício do outro em razão do casamento também são válidas, os bens devem ser partilhados de acordo com o regime de bens adotado durante o casamento e se um deles falecer antes da invalidação do casamento o outro tem direito de concorrer à sua herança. 
Se somente um dos cônjuges agir de boa-fé os efeitos válidos do casamento somente o beneficiarão. Por outro lado, aquele que agiu de má-fé além de não se beneficiar dos efeitos válidos do casamento, ainda fica obrigado a cumprir todas as obrigações decorrentes do casamento. O STF já decidiu que o cônjuge que agiu de boa-fé terá de direito de receber do outro os alimentos mesmo após a invalidação do casamento tratando-se pois de uma exceção à regra.
Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrarem o casamento os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Invalidade do casamento 
O casamento inválido é aquele realizado sem a observância dos requisitos necessários estabelecidos em lei para que seja validamente realizado ou celebrado. O casamento inválido pode ser nulo ou anulável.
Se o casamento for nulo a ação cabível é a declaratória de nulidade e o prazo para o seu ajuizamento é imprescritível. Os legitimados para ingressar com a ação são aqueles que possuem interesse moral (os ascendentes, descendentes, irmãos, cunhados, o primeiro cônjuge do bígamo) ou econômico (o adquirente de um bem dos cônjuges, credor ou os herdeiros dos cônjuges) ou o Ministério Público. Os efeitos da sentença proferida na ação declaração são ex tunc, ou seja, ele retroage à data da celebração do casamento.
Se o casamento for anulável a ação cabível é a anulatória e os prazos para o seu ajuizamento variam de 180 dias a 4 anos dependendo da causa de anulabilidade. São vários os legitimados para o ingresso da ação a depender da causa da anulação. Quanto aos efeitos da sentença proferida na ação anulatória parte da doutrina entende que os efeitos são ex nunc enquanto que outros doutrinadores entendem que os efeitos são ex tunc.
Em ambas as ações (declaratória e anulatória) deve haver a intervenção do Ministério Público e não se operam os efeitos da revelia. Não se operam os efeitos da revelia pois elas versam sobre estado de pessoa (se a pessoa está casada ou solteira), que é considerado direito indisponível.
Casamento Nulo
O casamento é considerado nulo quando contraído por infringência de algum impedimento do art. 1521.
O inciso I do artigo 1548 do CC previa a hipótese de nulidade do casamento quando contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento, ou seja, o casamento do enfermo mental totalmente privado da capacidade de discernimento. Entretanto, referido dispositivo legal foi expressamente revogado pela Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Casamento Anulável
As hipóteses de anulabilidade do casamento estão previstas no artigo 1550 do CC as quais são as seguintes:
I – de quem não completou a idade mínima para casar. Trata-se do casamento do menor de 16 anos de idade que se casou sem autorização judicial.
A ação anulatória pode ser ajuizada pelo próprio cônjuge menor, por seus representantes legais ou por seus ascendentes. O prazo é de 180 dias a contar da celebração do casamento para os representantes legais ou ascendentes e para o menor a contar da obtenção da idade núbio. 
O casamento não deverá ser anulado por motivo de idade se sobrevier a gravidez no curso da ação antes do trânsito em julgado. Também não se anulará o casamento do menor que não atingiu a idade mínima se ele a completar, podendo o casamento ser convalidado desde que haja autorização dos pais ou suprimento judicial desta.
II – do menor em idade núbio quando não autorizadopor seu representante legal. 
Trata-se do casamento do menor entre 16 e 18 anos incompletos celebrado sem a autorização dos representantes legais. A ação anulatória pode ser ajuizada pelo próprio menor, pelo seu representante legal e por seus herdeiros necessários que são os ascendentes, os descendentes e o cônjuge sobrevivente. O prazo para o ajuizamento da ação anulatória é de 180 dias a contar:
Da celebração do casamento para o representante legal;
A contar da maioridade para o menor;
A contar do óbito do menor para os seus herdeiros necessários.
III – por vício da vontade nos termos dos artigos 1556 ao 1558.
O vício da vontade pode decorrer do erro ou da coação.
O erro que causa a anulação do casamento é o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. As hipóteses do erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge estão previstas no art. 1557 do CC). O erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge é aquele que se descoberto antes do casamento impediria a sua realização. O erro pode ser sobre a identidade física ou sobre a identidade civil.
Só há a anulação do casamento nessa hipótese se for observado dois requisitos:
I – o defeito deve ser anterior ao casamento e desconhecido do outro cônjuge;
II - a descoberta após o casamento deve tornar a união conjugal insuportável.
Ribeirão Preto, 19 de março de 2018.
O vício da vontade pode decorrer do erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge ou da coação. O artigo 1557 do CC estabelece quando ocorre o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
O erro pode recair sobre a identidade física ou civil do outro cônjuge. No erro sobre a identidade física, o cônjuge enganado pensa estar se casando com certa pessoa quando depois do casamento descobre casou-se com outra pessoa com traços físicos semelhantes aos daquela com quem pretendia se casar. 
A identidade civil são os atributos, as qualidades que uma pessoa possui. Neste caso o cônjuge enganado pensa estar se casando com uma pessoa de boa fama e honrada, mas após o casamento descobre que o seu cônjuge não possui esses atributos.
A anulação do casamento exige a observância dos seguintes requisitos:
que o defeito ignorado pelo cônjuge enganado seja anterior ao casamento;
que a descoberta do defeito após o casamento torne insuportável a vida conjugal.
II – a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
Neste caso o casamento pode ser anulado se praticado antes do casamento o crime que por sua natureza torne insuportável a vida conjugal. Geralmente os crimes mais graves e, portanto, inafiançáveis podem causar a anulação do casamento. Entretanto, os crimes afiançáveis a depender da sua natureza podem causar a anulação do casamento. Para a anulação do casamento basta a comprovação da prática do crime, não sendo necessária a condenação definitiva na esfera criminal.
Não viola o princípio da presunção inocência pois aqui não está se discutindo a culpabilidade do agente. O motivo da anulação é que o cônjuge praticou ato que impossibilita a continuação da vida conjugal. Os fundamentos são distintos. As feras são distintas, sendo esta civil e aquela criminal.
III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.
A primeira parte do inciso III do artigo 1557 do CC, trata da hipótese de anulação do casamento em caso de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência. O defeito físico irremediável é o que impede a realização dos fins matrimoniais e, em geral apresenta-se como deformação dos órgãos genitais que obsta a prática do ato sexual. Exemplos: impotência instrumental ou couende, o hermafroditismo, infantilismo, agilíssimo etc. A jurisprudência também tem anulado o casamento mesmo que o defeito físico não impeça a relação sexual mas imponha sacrifícios à sua realização ou cause repulsa a uma das partes, exemplos: cicatrizes e falta de seios.
Na segunda parte do inciso III do artigo 1557 do CC, é causa para a anulação do casamento se o cônjuge for portador de uma moléstia grave que seja anterior ao casamento transmissível por contágio ou herança e capaz de colocar em risco o outro cônjuge ou seus descendentes, exemplos: AIDS, sífilis, tuberculose, lepra, hepatite, hemofilia etc.
Coação
Está disciplinada no artigo 1558 do CC. A coação pode ser física ou moral.
Quando a coação for física, o casamento não será nulo nem anulável, mas sim inexistente, uma vez que o coagido não manifestou a sua vontade e sim a vontade do coator.
O casamento anulável é o decorrente da coação moral, fundado no temor de mal considerável e iminente.
A coação pode ser física ou moral. Na coação física o casamento é considerado inexistente pois o coagido não expressou a sua vontade, mas sim a do coator, faltando um dos elementos necessários para a constituição do ato jurídico.
A coação capaz de causar a anulação do casamento é a moral. A coação moral é aquela que causa na vítima um fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e à honra sua e de seus familiares.
O temor reverencial é aquele que diz respeito ao receio que se tem de desagradar a quem se deve obediência e respeito. Exemplos: filho teme desagradar o pai ou o empregado desgostar o patrão. O temor reverencial não é causa de anulação do casamento. 
A coabitação do coagido com o seu cônjuge após o casamento gera a convalidação deste desde que a coabitação não tenha ocorrido mediante coação. Pois se a coação ainda persiste o casamento não pode ser convalidado.
A ação anulatória deve ser ajuizada no prazo de 4 (quatro) anos a contar da celebração do casamento pelo próprio cônjuge que foi coagido.
Inciso IV do art. 1550 – o incapaz de consentir ou manifestar de modo inequívoco o consentimento.
O incapaz de consentir é o relativamente incapaz, ou seja, aquele que tem uma capacidade reduzida para consentir ou se manifestar. Nesse caso a ação anulatória pode ser promovida em 180 dias, e pode ser ajuizada pelo próprio incapaz, pelo seu representante legal ou seus herdeiros.
O casamento neste caso pode ser anulado quando contraído por uma pessoa que por uma enfermidade ou deficiência mental não tiver o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil. Os pródigos podem se casar pois a sua incapacidade é apenas relativa aos atos de disposição do seu patrimônio. A ação anulatória pode ser ajuizada no prazo de 180 dias a contar da celebração do casamento, pelo próprio incapaz, por seus representantes legais ou herdeiros.
Inciso V do art. 1550 – realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
Trata-se da hipótese de casamento por procuração, em que esta tenha sido revogada antes do casamento. Como o procurador não tinha poderes para representar o outorgante na cerimônia, o casamento é anulável, salvo se sobrevier a coabitação entre os cônjuges, pois neste caso haverá a convalidação do casamento. A ação anulatória deve ser ajuizada no prazo de 180 dias a contar da data da ciência pelo outorgante da realização do casamento. A procuração deve ser outorgada e revogada de forma pública, caso contrário não haverá validade tal documento.
Inciso VI do art. 1550 do CC – por incompetência da autoridade celebrante.
Se o casamento for celebrado por um juiz de direito aquele é inexistente. O casamento realizado por uma autoridade diversa da competente é considerado inexistente.
O casamento celebrado por autoridade que não é investida de poderes para celebrá-lo, ou seja, é incompetência em relação à matéria, é considerado inexistente.
 A incompetência que causa a anulação do casamento é em razão do local,ou seja, quando o celebrante preside a cerimônia fora do território de sua circunscrição ou quando o casamento é celebrado perante o juiz que não seja o do local da residência dos noivos. A ação anulatória deve ser ajuizada no prazo de dois anos a contar da celebração do casamento.
Exemplos de casamento inexistente: celebrado por juiz de direito, por promotor de justiça etc.
O processo de habilitação do casamento deve tramitar no território de residência dos noivos, sendo assim, o juiz competente é o mesmo, ou seja, o da residência dos noivos.
Ribeirão Preto, 26 de março de 2018.
Efeitos jurídicos do casamento
Constituição da família;
Assunção, pelo casal, da condição de consortes;
Imposição dos deveres aos cônjuges;
Imediata vigência do regime de bens, regime legal comunhão parcial de bens, escritura pública para regime diverso.
Art. 1639, §2º do CC imutabilidade mitigada.
Deveres recíprocos aos cônjuges
Fidelidade recíproca: os cônjuges devem ser fiéis durante todo o casamento.
Vida em comum no domicílio conjugal, dever de coabitação para cumprir as finalidades do casamento.
Abandono do lar 01 ano contínuo, salvo atender encargos públicos, exercício da profissão ou em razão de interesses particulares relevantes (CC, art. 1573, IV).
Mútua assistência
- Material;
- Moral; 
- Espiritual
Sustento, guarda e educação dos filhos.
Deveres inerentes ao exercício do poder familiar.
Sustento e educação descumprimento 
– Crimes (art. 244 e 246 do CP)
- Perda do poder familiar
- Separação judicial
Guarda exercida pelos pais
Exceção guarda de terceiros.
Respeito e consideração mútuos.
Direitos e deveres de cada cônjuge
CC de 1916 
Homem cabeça do casal; 
Administração dos bens comuns e da mulher; 
Direito de fixar o domicílio da família; 
Dever de prover a subsistência da família.
CC de 2002 
- Exercício conjunto de tais direitos e deveres pelo casal.
- Possibilidade de ambos os cônjuges adotarem o nome de família do outro (art. 1565, §1º).
Cônjuge culpado pela separação perde o direito de usar o nome de família do outro, salvo se acarretar grave prejuízo à identificação; manifesta distinção entre o nome de família e os dos filhos do casamento dissolvido e haja grave dano reconhecido em decisão judicial.
Ex.: Suplicy – Marta Suplicy.
O cônjuge culpado também perde o direito de pedir alimentos ao outro cônjuge (regra, porém existe exceções).
O cônjuge é considerado culpado se deixar cumprir qualquer um dos deveres.

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