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Direito Processual Civil CP Iuris (3)

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Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
1 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
→ TEORIA GERAL DO PROCESSO .......................................................................................... 5 
1. Fontes e princípios .................................................................................................................................... 5 
2. Jurisdição ................................................................................................................................................. 15 
3. Competência e estrutura do Poder Judiciário ....................................................................................... 23 
4. Ação ......................................................................................................................................................... 40 
5. Processo .................................................................................................................................................. 46 
6. Tutela jurisdicional.................................................................................................................................. 50 
7. Sujeitos do processo ............................................................................................................................... 64 
8. Litisconsórcio........................................................................................................................................... 73 
9. Intervenção de terceiros ......................................................................................................................... 79 
10. Atos e negócios processuais ................................................................................................................. 95 
11. Vícios dos atos processuais ................................................................................................................ 104 
→ PROCESSO DE CONHECIMENTO ................................................................................. 109 
1. Processo de conhecimento e o procedimento comum ....................................................................... 109 
2. Petição inicial ........................................................................................................................................ 110 
3. Comunicação dos atos processuais ...................................................................................................... 121 
4. Audiência de conciliação e mediação .................................................................................................. 131 
5. Reconhecimento do pedido ou inércia ................................................................................................ 133 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
2 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
6. Apresentação de resposta .................................................................................................................... 135 
7. Providências preliminares .................................................................................................................... 140 
8. Provas .................................................................................................................................................... 142 
9. Audiência de instrução e julgamento .................................................................................................. 164 
10. Sentença .............................................................................................................................................. 167 
→ PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA .............. 187 
1. Consignação em pagamento ................................................................................................................ 187 
2. Ação de exigir contas ............................................................................................................................ 189 
3. Ações possessórias ................................................................................................................................ 191 
4. Ação de divisão e de demarcação de terras particulares .................................................................... 195 
5. Dissolução parcial de sociedade ........................................................................................................... 196 
6. Inventário e partilha ............................................................................................................................. 197 
7. Embargos de terceiro ............................................................................................................................ 201 
8. Oposição ................................................................................................................................................ 202 
9. Ações de família .................................................................................................................................... 203 
10. Ação monitória.................................................................................................................................... 204 
11. Restauração de autos ......................................................................................................................... 206 
→ PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ................. 207 
1. Introdução ao procedimento de jurisdição voluntária ........................................................................ 207 
2. Notificação e interpelação .................................................................................................................... 208 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
3 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
3. Alienação judicial .................................................................................................................................. 208 
4. Divórcio e separação consensuais ........................................................................................................ 208 
5. Testamento e codicilo ........................................................................................................................... 209 
6. Herança jacente .................................................................................................................................... 210 
7. Interdição .............................................................................................................................................. 211 
→ EXECUÇÃO CIVIL ..................................................................................................................... 212 
1. Teoria geral da execução ...................................................................................................................... 212 
2. Competência na execução .................................................................................................................... 215 
3. Partes na execução e responsabilidade patrimonial ........................................................................... 218 
4. Título executivo .................................................................................................................................... 227 
5. Procedimento comum para obrigação de pagar ................................................................................. 234 
6. Suspensão e extinção da execução ......................................................................................................258 
7. Procedimentos especiais para obrigação de pagar ............................................................................. 260 
8. Execução fiscal ...................................................................................................................................... 265 
9. Execução por quantia certa em face do devedor insolvente: insolvência civil .................................. 268 
10. Execução de obrigação de prestar alimentos .................................................................................... 271 
11. Procedimento para obrigação de fazer, não fazer ou de entregar coisa reconhecida em título 
executivo judicial ...................................................................................................................................... 275 
12. Procedimento para obrigação de fazer, não fazer ou de entregar coisa reconhecida em título 
executivo extrajudicial .............................................................................................................................. 278 
→ PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS 
DECISÕES JUDICIAIS ................................................................................................................... 279 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
1. Teoria geral dos precedentes judiciais e a ordem dos processos nos tribunais ................................. 279 
2. Teoria geral dos recursos ...................................................................................................................... 282 
3. Recursos em espécie ............................................................................................................................. 303 
4. Ações autônomas de impugnação nos Tribunais ................................................................................ 322 
5. Incidentes nos tribunais ....................................................................................................................... 335 
→ DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS DO CPC ............................................... 342 
1. Disposições finais e transitórias do CPC ............................................................................................... 342 
→ JUIZADOS ESPECIAIS ........................................................................................................... 351 
Microssistema dos juizados especiais ...................................................................................................... 351 
→ PROCESSO COLETIVO.......................................................................................................... 363 
1. Introdução ............................................................................................................................................. 363 
2. Processo coletivo .................................................................................................................................. 364 
 
 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
5 
“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Aula 01. Teoria geral do processo: Denominação, relações do direito processual civil com outros ramos do 
direito e sua divisão. Normas jurídicas processuais. Jurisdição. Competência e estrutura do Poder. 
TEORIA GERAL DO PROCESSO 
1. Fontes e princípios 
O direito processual tem uma finalidade que é disciplinar a forma pela qual o Estado presta a 
atividade jurisdicional. O Estado presta a atividade jurisdicional através de um processo, o qual nasce a 
partir de uma provocação do exercício do direito de ação. 
I. Fontes normativas do direito processual civil 
São fontes primárias do direito processual civil: 
 Constituição Federal: 
Existem regras processuais na própria Constituição, como quando a CF estabelece as 
competências dos Tribunais Superiores. Portanto, a Constituição é fonte do direito processual 
civil. 
 Leis Federais: 
Regra geral, as competências serão disciplinada pela lei federal, sejam leis complementares 
ou leis ordinárias, relativas a matéria processual, é de competência privativa da União, 
conforme art. 22, I, da CF. Perceba que a CF veda expressamente a criação de normas de 
direito processual por meio de medida provisória. 
 Lei de Organização Judiciária dos Estados: 
Como as normas de direito processual abrangem também as normas de organização judiciária, 
é necessário reconhecer que os Estados têm competência para tratar dessa matéria, conforme 
art. 125, §1º, da CF, o qual diz que a competência dos tribunais será definida na Constituição do 
Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Neste caso, 
estas leis estaduais trazem regras de competência. 
Veja, o STF considerou plenamente válida que a lei de organização judiciária estadual 
estabelecesse que a primeira fase do procedimento do júri ocorresse na vara do juizado de 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
violência doméstica contra a mulher, caso tenha havido um crime dessa natureza. Isso não 
afrontaria a soberania do júri, eis que a segunda fase continuaria sendo julgada pelo conselho 
de sentença. Com isso, é possível perceber que há uma norma estadual tratando de matéria 
processual. Mas a regra é da competência privativa da União. 
 Tratados e convenções internacionais já internalizados no Brasil 
Esse tratados têm, como regra, natureza de lei ordinária. Sendo de direitos humanos, podem 
ter status de emenda constitucional (art. 5º, §3º, CF) ou de norma supralegal. 
Existem também as fontes secundárias, sendo elas observadas quando as fontes primárias não se 
mostram suficientes: 
 Analogia 
 Costumes 
 Princípios gerais do direito 
II. Princípios 
Os princípios passaram a ser considerados normas jurídicas, apesar de maior abstração, quando 
comparados às regras. Tratam-se de mandados de otimização (Alexy), visto que ordenam que algo deva 
ser realizado na maior medida possível, considerando as possibilidades fáticas e as possibilidades jurídicas 
existentes. 
Por conta disso, num conflito entre princípios deve ser feita a ponderação. Via de regra, apesar de 
entendimento contrário, no conflito entre regras não há ponderação, e sim subsunção. 
III. Princípios constitucionais 
Existem princípios constitucionais que norteiam o processo civil brasileiro. 
a) Princípio do devido processo legal 
O princípio do devido processo legal é uma garantia. Esta garantia deve ser compreendida como 
uma garantia das partes de que terão um instrumento, ou seja, um processo composto por atos 
sequenciados, os quais permitirão a obtenção da tutela jurisdicional. 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O princípio do devido processo legal garante que para ser condenado a pagar uma indenização será 
necessário ouvir o réu, podendo produzir provas e realizar defesa. Esta é a garantia do devido processo 
legal, limitando o poder exercido pelo Estado. Ou seja, o princípio do devido processo legal deve observar 
os princípios constitucionais também. 
Só há processo legal devido quando está assegurada ampla defesa, contraditório, fundamentação 
das decisões, entre outros princípios constitucionais. Portanto, o devido processo legal é como um 
postulado que orienta outros princípios.Só haverá devido processo legal se aquele processo observa tais 
princípios. 
O devido processo legal, em verdade, não se limita à esfera pública (relação vertical entre estado e 
parte), sendo percebido também nas relações entre particulares (eficácia horizontal). 
Vale ressaltar que isto é no aspecto processual. 
Cabe ressaltar que no aspecto material, o devido processo legal seria a vertente do princípio da 
proporcionalidade, o qual exige: necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito. 
 Adequação: é verificação de que o ato praticado é idôneo para alcançar a finalidade; 
 Necessidade: é verificação de que o ato praticado é o menos gravoso dentre os atos possíveis 
para se alcançar aquela finalidade. 
 Proporcionalidade em sentido estrito: é verificação de que o ato praticado, apesar de provocar 
prejuízos, trará benefícios superiores aos prejuízos. 
Preenchido estes requisitos, haverá a observância do princípio da proporcionalidade, que é a 
vertente material do princípio do devido processo legal. 
b) Princípio que garante livre acesso à justiça 
Segundo o art. 5º, XXXV, CF, a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito. Trata-se do princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário. 
Percebe-se que a CF resultou numa maior procura do poder judiciário. 
Para Barroso, a judicialização dos interesses da sociedade não é culpa do poder judiciário. As causas 
que justificam este alargamento da atuação do Poder Judiciário são: 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Próprio alargamento da assistência da atuação do Poder Judiciário: quem não tem condições 
de contratar advogado pode buscar a defensoria pública. 
 Constituição é analítica, reconhecendo um extenso rol de direitos sociais 
 Criação de instrumento aptos a prestação jurisdicional mais eficiente: hoje já há Juizado 
Especial, não precisando sequer de advogado. 
Esta crescente procura pelo Poder Judiciário pode ser sintetizada pelas causas denominadas de 
“ondas de acesso à justiça”. 
Quais seriam as ondas de acesso à justiça? 
De acordo com a doutrina são 3 as ondas de acesso à justiça: 
1. Fim dos entraves financeiros do processo: ou seja, começam a cair por terra os entraves 
financeiros, por conta da defensoria pública. 
2. Surgimento de novos direitos: isso porque, se não há direitos, o sujeito não busca à justiça. 
3. Satisfação daquele que se utiliza dos serviços judiciário: isto significa dizer que o sujeito irá 
ingressar no judiciário e irá ganha o seu direito. O poder judiciário quer a tutela efetiva. Ou 
seja, o fato de um indivíduo buscar o judiciário possibilita que efetivamente concretize o seu 
direito. 
O princípio que garante o livre acesso à justiça tem previsão constitucional, mas o próprio CPC, em 
seu art. 3º, o classifica como norma fundamental. 
c) Princípio do juiz natural 
O princípio do juiz natural, ou do juízo natural, estabelece, no art. 5º, LIII e XXXVII, que o particular 
somente poderá ter o seu processo conduzido por uma autoridade ou perante uma autoridade 
competente. Esta autoridade competente é aquela que tiver sido previamente definida, por critérios 
impessoais. 
Portanto, juízo natural é aquele previamente definido. 
Além disso, para observância do juízo natural, é necessário observar as regras que estabeleçam a 
competência, ou seja, a área de atuação de cada órgão jurisdicional. 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O objetivo aqui é vedar o juízo de exceção. 
d) Princípio da motivação das decisões judiciais 
O princípio da motivação das decisões judiciais está previsto no art. 93, IX, da CF, estabelecendo 
que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as 
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes 
e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. 
Veja, o magistrado deve fundamentar suas decisões. Despacho não necessita motivação, visto que 
não contém carga decisória. Caso tenha, não será despacho, razão pela qual será decisões interlocutória. 
É a motivação das decisões que permite ao interessado indicar quais razões foram do seu 
inconformismo. Também confere legitimação à atuação do magistrado. 
De acordo com o NCPC, existe um rol exaustivo de dever de fundamentação. Este dispositivo 
afirma que o juiz deve fundamentar, criando uma norma que indica as hipóteses em que a decisão não 
será considerada fundamentada. 
A depender da situação, não será considerada fundamentada a decisão do juiz. A doutrina sustenta 
que este dispositivo teria tornado o processo ainda mais burocrático. 
Segundo o art. 489, §1º, estabelece que não será considerada decisão judicial fundamentada 
quando: 
 Decisão que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem 
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 
 Decisão que empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de 
sua incidência no caso; 
 Decisão que invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
 Decisão que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Decisão que se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; 
 Decisão que deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado 
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação 
do entendimento. 
Há uma enorme preocupação do legislador com as fundamentações das decisões. 
Ocorre que isto vai de encontro à brevidade. Este dispositivo não pode ser interpretado 
literalmente, senão anulará muitas decisões. 
Não basta a parte alegar as teses genericamente, sendo indispensável a sua fundamentação. Isto é, 
se a parte não observou o seu dever de cooperação, conforme art. 6º, o juiz não estaria obrigado a 
esmiuçar uma tese que ela sequer fundamentou. 
O art. 489, §1º, receberá temperamentos da jurisprudência. 
e) Princípio da isonomia 
Segundo o princípio da isonomia, os iguais devem ser tratados iguais e os desiguais desigualmente, 
na medida de sua desigualdade. 
Ex.: possibilidade da parte idosa ter prioridade na tramitação do processo em todas as instâncias. 
O princípio da isonomia, além de ter sede constitucional, tem sede no NCPC, como norma 
fundamental (art. 6º). 
f) Princípio do contraditório e da ampla defesa 
O art. 5º, LV, da CF trata do princípio do contraditório e da ampla defesa. 
Também é considerado norma fundamental do NCPC, conforme art. 9º. 
Basicamente assegura contraditório e ampla defesa aos litigantes, com os recursos e os meios 
inerentes. 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
CURSO INTENSIVO TJRS 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
A ampla defesa é garantida a quem está se defendendo, ou seja, em tese será destinada ao 
demandado, o qual deve se defender dos fatosalegados pelo demandado. 
Em relação ao contraditório, ele se refere à: 
 possibilidade de uma parte ser intimada a respeito de um documento juntado 
 possibilidade de se manifestar a respeito dessa afirmação e 
 possibilidade de exercer influência na decisão judicial. 
O contraditório é importantíssimo. 
O contraditório possui, além da face processual, uma dimensão substancial. Isto quer dizer que as 
partes devem ter a possibilidade efetiva de influenciar a decisão do juiz. Portanto, a paridade de armas é 
o que se assegura efetivamente o contraditório. 
O NCPC recomenda que o juiz não decida com fundamento ao qual não se tenha dado às partes a 
oportunidade de se manifestar, mesmo quando se tratar de matéria de ordem pública (art. 10). 
O art. 10 diz que o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a 
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria 
sobre a qual deva decidir de ofício. 
Ex.: caso o juiz venha a conhecer uma prescrição, a qual é norma de ordem pública, deverá abrir 
vista às duas partes para que elas se manifestem e em seguida decida. 
O problema é que o contraditório não pode ferir o princípio da celeridade processual, assim como 
o princípio da isonomia não pode ferir da celeridade. Isso porque a justiça quando tarda é injustiça. 
Portanto, é preciso então fazer esta ponderação entre valores constitucionais. 
g) Princípio da razoável duração do processo 
Criado pela EC 45, a todos são assegurados a razoável duração do processo, e os meios que 
garantam esta celeridade na tramitação. É o princípio da razoável duração do processo. 
O NCPC apresenta uma ligeira adaptação desse princípio constitucional. 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Isso porque, segundo o art. 4º, as partes têm o direito não apenas ao razoável duração do processo, 
mas também o tempo razoável para a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. É a 
consagração do princípio da primazia da solução integral de mérito. Isto é, se for possível encerrar o 
processo resolvendo o mérito, esta opção será a mais indicada. 
No entanto, o CPC não quer conspirar, nem para o rápido e nem para a solução do mérito, não 
tendo como objetivo a celeridade do processo. 
Exemplo disso é a contagem dos prazos em dias úteis. Isto torna muito menos célere o processo. 
Além disso, há a possibilidade de suspender os prazos processuais entre 20 de dezembro e 20 de janeiro de 
cada ano. Ainda, todos os recursos, com exceção dos embargos de declaração, têm o prazo de 15 dias para 
interposição. 
Para Samer, como o NCPC trouxe tais regras, resta claro que estaria havendo uma violação no que 
tange ao princípio da razoável duração do processo. 
IV. Princípios gerais de direito 
Princípios gerais são formas de integração. Serão estudados ao longo do curso, tal como: 
 Princípio da congruência: juiz não pode decidir além ou aquém do que foi pedido. 
 Princípio da competência sobre competência: não há quem seja tão incompetente de não ter 
competência para reconhecer a sua incompetência. 
 Princípio da instrumentalidade das formas 
 Princípio do prejuízo: se foi alcançada a finalidade, ou se não houve prejuízo, o ato é válido. 
 Princípio da causalidade: quem deu causa é o responsável. 
 Princípio da identidade física do juiz: o juiz que concluiu a audiência de instrução deve 
sentenciar. 
 Princípio da unirrecorribilidade: cada decisão possibilita a interposição de apenas um recurso. 
 Princípio da fungibilidade: permite-se usar um ou outro recurso. 
Tais princípios serão contextualizados ao longo do estudo. 
V. Normas fundamentais do NCPC 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O NCPC inaugurou no Livro I, o capítulo denominado das Normas Fundamentais do Processo Civil. 
Esta nomenclatura se refere na maioria a princípios. 
Este capítulo aborda aquilo que o NCPC reputa como norma fundamental: 
 Princípio dispositivo 
 Princípio que garante livre acesso ao judiciário 
 Princípio que garante o tempo razoável para duração do processo e para decisão de mérito 
 Princípio da boa-fé ou cooperação processual 
 Princípio da isonomia 
 Princípio do contraditório 
 Princípio da publicidade dos atos processuais 
Atente-se que não há hierarquia entre estes dispositivos, os quais estão no capítulo das normas 
fundamentais, e os demais espalhados pela legislação. 
É preciso perceber que estas normas fundamentais ajudarão o intérprete no momento da aplicação 
das normas do NCPC. 
O CPC recomenda que o magistrado se atenha aos fins sociais no momento da aplicação do 
direito. O art. 8º recomenda que o juiz faça uma interpretação teleológica (finalística). Segundo este 
dispositivo, ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, 
a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
Veja, a função é a social. Isto é, quando for interpretar uma norma, deve o juiz se ater à função 
social. 
Além dessas normas ditas fundamentais, existe a do art. 12, que traz um caráter específico, 
estabelecendo que os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de 
conclusão para proferir sentença ou acórdão. 
É possível que não seja observada esta exigência. 
VI. Lei processual no tempo e no espaço 
Eduardo Defaveri 
 
 
 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
a) Lei processual no tempo 
Quanto à lei processual no tempo, a lei deverá ser aplicada imediatamente tão logo esteja em 
vigor. Mas deverá respeitar os atos processuais já praticados. 
Por conta disso, a lei processual no tempo será orientada pelo princípio do tempus regit actum. 
Existem 3 sistemas possíveis: 
 Sistema da unidade processual: 
O processo inteiro deve ser regido pela lei processual que vigorava no momento da sua 
instauração. Ex.: nova lei processual só orientará os processos ajuizados após a sua entrada em 
vigor. Os que já haviam sido ajuizado continuarão pela lei antiga. 
 Sistema das fases processuais: 
Há o desmembramento do processo em várias etapas: postulatória, saneadora, instrutória, 
decisória, recursal, executória. Apesar de, eventualmente, estas fases se confundirem, é 
possível, como regra, observar as fases no processo. Com base neste sistema, com o advento 
de uma nova lei processual, a antiga continua sendo aplicada até que aquela fase seja ultimada. 
Ex.: Havia a Lei A, mas entrou em vigor a Lei B. No momento em que entrou a Lei B, o processo 
já estava na fase decisória. Naquele momento, haveria continuidade de aplicação da Lei A. 
Encerrada a fase decisória, será aplicada a Lei B na fase recursal. 
Muito embora o NCPC priorize do isolamento dos atos processuais, é possível verificar 
expressamente numa ou noutra circunstância a aplicação do sistema das fases processuais. 
O NCPC extinguiu diversos procedimentos, como sumário, ação de usucapião, ação de 
depósito, etc. No entanto, o art. 1.046, §1º, do CPC prevê que enquanto não for proferida a 
sentença na etapa de conhecimento, ou seja, enquanto perdurar esta fase, o processo 
continuará observando estes ritos extintos, caso tenham sido deflagrados pelo CPC/73. Ou seja, 
perdurarão até a sentença.Após a sentença o processo deverá observar o NCPC. Como se vê, o 
NCPC adotou neste caso o sistema das fases processuais. 
 Sistema do isolamento dos atos processuais: 
Em regra, o NCPC adota o sistema do isolamento dos atos processuais. Isto é, cada ato deve ser 
analisado individualmente, à luz da lei em vigor no momento em que o ato foi praticado. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Isto traz alguns questionamentos práticos, conforme Rodolfo Hartmann. 
Supondo que a lei preveja o prazo de 10 dias para um recurso. Na fluência desse prazo, vem o 
NCPC, trazendo o prazo para este recurso de 15 dias. É o que ocorreu com o agravo de 
instrumento. Neste caso, a parte já foi intimada para ciência da decisão, ainda quando o 
modelo anterior vigorava, ou seja, havia uma situação consolidada, em que a mesma dispunha 
de 10 dias para recorrer, razão pela qual continuará a ter os 10 dias para recorrer. Caso diverso 
é o fato de a parte ter sido intimada quando já estava em vigor o NCPC, situação na qual teria 
15 dias. 
b) Lei processual no espaço 
Quanto ao aspecto espacial, a lei processual será aplicada no Brasil. 
O que se tem não é uma exclusão de normas trazidas por tratados que estabeleçam regras 
específicas, principalmente no que diz respeito à cooperação jurídica internacional. Este é inclusive um 
tema que o CPC guarda certa importância. 
Exemplo de tratado internacional importante é o Protocolo de Ouro Preto. Este protocolo sobre 
medidas cautelares permite que cartas rogatórias sejam cumpridas em zonas de fronteira entre os países 
signatários desse protocolo: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Isso independentemente do exequatur 
dado pelo STJ. 
Em regra, carta rogatória necessita do exequatur, porém neste caso o Protocolo de Ouro Preto 
estabelece que não é necessário este exequatur. 
Portanto, aplica-se, como regra, as normas produzidas internamente, sem prejuízo da aplicação de 
tratados e normas de direito internacional incorporados ao ordenamento brasileiro. 
2. Jurisdição 
I. Introdução 
A palavra jurisdição quer dizer: “dizer o direito”. Atualmente, deverá ser compreendida não apenas 
como dizer o direito, mas também como “efetivar o direito”, de aplicar este direito. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
A jurisdição é desempenhada por uma pessoa que tem poder para exercer a jurisdição. Este 
desempenho se dá através da investidura, via de regra por concurso público de provas e títulos. No 
entanto, é possível também pelo quinto constitucional e pela nomeação do presidente da república. 
II. Jurisdição anômala do Poder Legislativo 
O Poder Legislativo, em caráter excepcional, exerce jurisdição, sendo denominado de jurisdição 
anômala. 
Esta jurisdição será exercida para o processamento e julgamento nos crimes de responsabilidade. 
III. Características da jurisdição 
 Inércia 
 Substitutividade 
 Definitividade 
a) Inércia 
Quando se diz que a jurisdição tem como característica a inércia, significa dizer que o órgão 
jurisdicional deve ser provocado. 
Uma vez provocado, prestará o poder judiciário a sua atividade nos limites da sua provocação, já 
que ele é inerte. 
Dessa característica, emana o princípio da congruência ou da correlação. 
Por vezes, a jurisdição pode ser prestada de ofício, como nos casos de jurisdição contenciosa, 
denominada de restauração de autos. Também é possível prestar jurisdição de ofício quando se defere 
habeas corpus de ofício. 
Isto é, no entanto, excepcionalíssimo, visto que via de regra é necessária a provocação. 
b) Substitutividade 
A substitutividade substitui a vontade das partes. Ex.: João quer A, Pedro quer B, mas o juiz dá C. 
Como se vê, o juiz substituiu a vontade das partes. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
No processo executivo, na verdade, não há substituição da vontade das partes, mas sim a 
atividade das partes. 
c) Definitividade 
Aquilo que é fruto do exercício de jurisdição tem aptidão para fazer coisa julgada. 
Nem todo ato praticado pelo magistrado possui esta característica. Ex.: uma sentença terminativa 
não produz coisa julgada material. Despacho também não tem carga decisório. 
Portanto, nem todos os atos têm todas as características da jurisdição. 
III. Princípio da congruência ou da correlação ou da adstrição 
Basicamente, o juiz não pode entregar uma prestação jurisdicional além do que foi pedido. Neste 
caso, haveria uma sentença ultra petita. 
O juiz também não pode entregar uma prestação distinta do que foi pleiteado. Neste caso, a 
sentença também é nula, em razão de ser sentença extra petita. 
Ainda, o juiz não pode deixar de analisar fundamento alegado pelas partes, isto é, não pode decidir 
aquém do que foi pedido. Haveria aqui uma sentença citra petita. 
IV. Jurisdição contenciosa ou voluntária 
A jurisdição contenciosa é aquela que nos mostra de forma evidente os sinais de uma jurisdição. É 
aplicada a um processo judicial em que: 
 Partes: deduzida uma pretensão 
 Litígio: partes contrapostas (em litígio) 
 Substitutividade: decisão judicial que substitui a vontade das partes 
 Coisa julgada: acobertada com força de coisa julgada 
Na jurisdição voluntária, existem duas correntes. Uma que entende ser jurisdição, outra entende 
que não é. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Prevalece a corrente que sustenta que a jurisdição voluntária não é jurisdição. Seria o exercício de 
uma atividade administrativa feita pelo magistrado. Seria, portanto, uma administração pública de 
interesses privados, eis que o legislador entendeu que alguns atos seria necessária a chancela do poder 
judiciário. 
Haveria aqui um procedimento conduzido por um magistrado, em que haveria apenas o 
requerimento de interessados. 
Portanto, neste procedimento, segundo esta corrente, não haveria partes, mas somente 
interessados. Não haveria litígio. 
Ou seja, a decisão proferida pelo magistrado não se revestiria da imutabilidade da decisão, 
tampouco fazer coisa julgada material. 
Ex.: separação consensual, antes da EC 2010, a qual foi feita perante o poder judiciário e 
homologada pelo juiz. Esta separação não impede que as mesmas pessoas venham a contrair novas 
núpcias. 
Portanto, neste caso, não haveria coisa julgada material. 
V. Equivalentes jurisdicionais 
Está na moda. 
Os equivalentes jurisdicionais são mecanismos que são empregados para solucionar litígios. 
Normalmente agrupam a autotutela, autocomposição, conciliação e mediação e a arbitragem. 
a) Autotutela, autocomposição, conciliação e mediação 
i. Autotutela 
Autotutela é a imposição da vontade de uma das partes em detrimento da outra. Atualmente, o 
Código Penal considera a autotutela como exercício arbitrário das próprias razões (art. 334, CP). 
No entanto, é possível, eventualmente, a utilização da autotutela. Ex.: desforço imediato, também 
conhecida como legítima defesa da posse. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
A autotutela é a imposição da vontade individual em detrimento da vontadedo outro. Via de regra, 
não é cabível. 
ii. Autocomposição 
Na autocomposição, os próprios litigantes conseguem se compor amigavelmente, 
independentemente da atuação de um órgão, seja público ou privado. 
iii. Conciliação e mediação 
Diferentemente da autocomposição, tanto a conciliação quanto a mediação, demandam da 
participação de um terceiro, que é o conciliador ou mediador. 
Qual é a diferença entre o conciliador e o mediador? 
 Conciliador: conduz a conciliação. Se o terceiro interfere no diálogo entre os que contendem 
haverá conciliação. Isso porque o sujeito interfere para mostrar o lado positivo ou negativo do 
acordo. 
 Mediador: irá apartear os envolvidos, devendo eles mesmos chegar a uma solução. 
O CPC, em suas normas fundamentais, impõe que no curso do processo judicial o Estado promova, 
ou busque promover, a solução consensual do litígio, inclusive com uma audiência de conciliação e 
mediação, que em regra é obrigatória. 
Perceba que o NCPC é totalmente voltado da importância à conciliação ou mediação, podendo ser 
judiciais ou extrajudiciais. 
b) Arbitragem 
Arbitragem é regulada pela Lei 9.307/96 (Lei Marco Maciel). A ideia era desafogar o poder judicial. 
Rodolfo Hartmann sustenta que o efeito da lei foi contrário ao que foi proposto. 
A sentença arbitral é considerada um título executivo judicial. Não se sujeita a uma homologação 
do poder judiciário e nem pode ter o seu conteúdo modificado pelo poder judiciário. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O poder judiciário poderá somente anular uma sentença arbitral, mas não reformar. O que não 
pode é bater às portas de Poder Judiciário e dizer que o árbitro condenou João a pagar 10 e o juiz 
determinou que ele pagasse 15. 
Atividade desempenhada pelo árbitro não é a mesma de um magistrado. Isso porque não contém 
alguns atributos da jurisdição: 
 Impossibilidade de o árbitro se valer de medidas coercitivas e medidas de autossatisfação. 
Rodolfo Hartmann diz que se as partes quiserem, o árbitro poderá buscar o Poder Judiciário e 
pedir que se aplique medidas coercitivas e medidas de auto efetivação. Esta é uma crítica que 
o professor Rodolfo faz, afirmando que esta medida não desafoga o poder judiciário. 
 Qualquer pessoa capaz pode participar de uma arbitragem, seja pessoa física ou pessoa 
jurídica, até mesmo integrantes da administração indireta, como empresas públicas e 
sociedades de economia mista. 
 A arbitragem somente pode versar sobre direito patrimonial disponível. 
Isto já restringe e muito a atuação da arbitragem. 
i. Convenção de arbitragem, cláusula compromissória e compromisso arbitral 
Convenção de arbitragem é gênero, dos quais são espécies: 
 Cláusula compromissória: é uma cláusula prevista em contrato. As partes comprometem-se a 
se submeter à arbitragem os litígios que eventualmente surjam em relação àquele contrato. A 
cláusula é prevista antes da ocorrência de um ato ilícito. 
 Compromisso arbitral: é formulado após a ocorrência do litígio. Trata-se de uma convenção na 
qual as partes submetem um litígio à arbitragem. Perceba que não existe arbitragem sem 
compromisso arbitral, visto que é ele que estabelece as regras da arbitragem. Deverá constar 
do compromisso arbitral o nome, domicílio, estado civil das partes, a matéria que será objeto 
de arbitragem, o lugar em que será proferida a sentença arbitral, se a arbitragem será por 
equidade ou de acordo com a lei. 
Como se vê, há aqui a regulação da forma como se dará a arbitragem. E portanto, toda a 
arbitragem possui necessariamente de um compromisso arbitral. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Pode existir arbitragem sem cláusula compromissória? 
SIM, mas toda a arbitragem deve ter compromisso arbitral. 
Pode acontecer de que, no contrato firmado entre as partes, exista a menção à cláusula 
compromissória e que, ocorrendo o dano, a parte venha propor uma demanda judicial. Neste caso, a parte 
ajuizou a ação, apesar de estar previsto cláusula compromissória. Como não havia compromisso arbitral, a 
parte ajuizou a ação. A outra parte, em questão preliminar, suscita a existência de convenção de 
arbitragem, matéria que não pode ser conhecida de ofício pelo juiz. Mas se a outra parte, em preliminar, 
suscita a convenção de arbitragem, deverá o juiz proferir sentença no processo judicial para extinguir o 
processo sem resolução do mérito (art. 485, VII). 
Situação diferente é aquela que ocorre quando as partes celebram cláusula compromissória, e 
posteriormente ao fato que houve um dano, uma das partes se recusa a elaborar o compromisso arbitral. 
Então há uma cláusula compromissória, mas é necessariamente preciso que haja o compromisso arbitral. 
Caso uma das partes não quer elaborar o compromisso arbitral, o interessado deverá notificar a 
outra parte para que venha a realizar em dia e horário próprio o compromisso arbitral, situação na qual, 
caso o interessado fique inerte, o interessado irá propor uma demanda perante o poder judiciário. 
Veja, o sujeito deverá propor uma demanda no poder judiciário com o objetivo de que o outro 
venha a juízo para poder lavrar o compromisso arbitral. Caso o sujeito não venha ao processo, a sentença 
irá valer como compromisso arbitral. 
 Rodolfo Hartmann critica muito esta questão, pois não há qualquer desafogamento dos processos. 
ii. Árbitro 
Segundo o art. 13 da Lei de Arbitragem, o árbitro pode ser qualquer pessoa capaz e que tenha a 
confiança das partes. 
A sua nomeação deverá ser sempre em número ímpar. 
O árbitro se submeterá às mesmas regras de impedimento e de suspeição dos magistrados. 
iii. O procedimento arbitral 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
O procedimento arbitral considera-se instituído quando o árbitro aceita a instituição de seu nome 
para decidir o litígio. 
Com isso, seguirá aquilo que consta do compromisso arbitral. 
As partes podem ou não estar assistidas por advogados. 
A Lei 9.307/96 foi alterada em 2015, passando a prever que as partes podem, antes da instituição 
da arbitragem, recorrer ao poder judiciário para concessão de medidas de urgência e medidas cautelares. 
Rodolfo Hartmann afirma que o art. 22-B é de inconstitucionalidade desvairada ou enlouquecida 
(Min. Carlos Ayres Brito e Eros Grau). Segundo o art. 22-B, o árbitro pode revogar ou modificar as decisões 
concedidas em medidas de urgência ou medidas cautelares concedidas pelo Poder Judiciário. 
Veja, o juiz concedeu as medidas, e o árbitro poderá revogá-las. 
Samer sustenta inconstitucionalidade. 
O árbitro também poderá deferir tutelas de urgência. No entanto, não terá poder de efetivação 
desta tutela de urgência, vista que é própria de juízes togados. Diante disso, o árbitro deverá requerer a 
efetivação dessas medidas perante o Poder Judiciário, por meio da expedição de carta arbitral. 
Carta arbitral é o meio pelo qual o árbitro requer ao poder judiciário que seja cumprida a sua 
medida de urgência. 
Após, correrá a instrução e depois de encerrada haverá a sentença arbitral. A sentença arbitral 
deverá ter relatório, fundamentação e dispositivo, aproximando-se de uma sentença judicial. Esta sentença 
arbitral pode ter vícios, que não observaram a lei. 
Neste caso, o interessado pode vir a alegar esta questão sobre o vício da sentença arbitral por 
meio de duasvias possíveis, sendo denominada de teoria da dupla porta: 
 Processo judicial será ajuizado no prazo de 90 dias, após a notificação da sentença arbitral. 
 Aguardar a execução da sentença arbitral e, em sede de cumprimento da sentença arbitral, 
alegar este vício da sentença arbitral. 
Este vício inquina a sentença arbitral ou o próprio procedimento arbitral. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Quais as razões que levaram ao insucesso da arbitragem no Brasil? 
A principal delas é de que um único processo arbitral poderá gerar diversas demandas judiciais, 
além da possibilidade de se anular um procedimento arbitral. 
iv. Homologação de sentença arbitral estrangeira 
A homologação de sentença arbitral estrangeira também deverá ser homologada, conforme art. 
960, §3º, NCPC. A competência dessa homologação é do STJ, apesar de não haver uma menção explícita 
nesse sentido. 
v. Nulidade da cláusula compromissória 
Recentemente, o STJ entendeu que o Poder Judiciário não pode decretar a nulidade de cláusula 
arbitral (compromissória) sem que essa questão tenha sido apreciada anteriormente pelo próprio 
árbitro. Isso porque, segundo o art. 8º, parágrafo único, da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), antes de 
judicializar a questão, a parte que deseja arguir a nulidade da cláusula arbitral deve formular esse pedido 
ao próprio árbitro (Info 591). 
Segundo a Ministra Nancy Andrighi, a kompetenz-kompetenz (competência-competência) é um 
dos princípios basilares da arbitragem, que confere ao árbitro o poder de decidir sobre a sua própria 
competência, sendo condenável qualquer tentativa, das partes ou do juiz estatal, no sentido de alterar essa 
realidade. Em outras palavras, no embate com as autoridades judiciais, deterá o árbitro preferência na 
análise da questão, sendo dele o benefício da dúvida. 
Vale ressaltar que essa questão da nulidade poderá ser apreciada pelo Poder Judiciário em 
momento posterior. Isso porque, para fazer cumprir a sentença arbitral, o credor terá que ajuizar uma 
execução judicial. Nesse momento, o devedor poderá se defender por meio de embargos à execução 
alegando a nulidade da cláusula arbitral e, consequentemente, da sentença arbitral. 
Excepcionalmente, é possível que o Poder Judiciário, nos casos em que prima facie é identificado 
um compromisso arbitral "patológico", isto é, claramente ilegal, declare a nulidade dessa cláusula, 
independentemente do estado em que se encontre o procedimento arbitral. 
3. Competência e estrutura do Poder Judiciário 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
I. Conceito e natureza jurídica 
O termo competência é conceituado como o limite da jurisdição. Isso porque dentro da 
competência o juiz exerce a sua jurisdição . 
Majoritariamente, a competência tem natureza jurídica de pressuposto processual para o 
desenvolvimento válido de um processo. 
Rodolfo Hartmann discorda, apesar de ser minoritário, sustenta que, sendo adotada uma 
interpretação literal, a competência não deveria ser reputada como pressuposto processual. Isso porque 
eventual declaração de incompetência somente irá atingir os atos processuais, se o magistrado que estiver 
lotado em um novo juízo entender por bem revogá-los (art. 64, §4º). Não teria aqui então um pressuposto 
processual. Para ele, melhor seria reputar a competência como um requisito para que o mérito possa ser 
regularmente apreciado. 
II. Princípios reitores 
a) Princípio da perpetuatio jurisdictionis 
A competência de um juízo não mais se modifica por alterações de fato ou de direito relativas as 
partes, que venha a ocorrer após a determinação e a fixação da competência jurisdicional. 
São diversas as hipóteses em que este princípio é relativizado: 
 União intervém no feito, passando para a Justiça Federal 
 Conexão ou continência de processo 
b) Princípio da competência sobre a competência (kompetenz-kompetenz) 
Trata-se de um princípio que não está previsto na Constituição ou na legislação, mas todo o órgão 
jurisdicional o tem. Mesmo o absolutamente incompetente tem o mínimo de competência para reconhecer 
que é incompetente para o deslinde do feito. 
É conhecido como kompetenz-kompetenz. 
III. Critérios para identificar o órgão jurisdicional competente 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Como saberemos qual o órgão jurisdicional competente? 
Para atingir este desiderato, é necessário que haja critérios, separando-os em dois grandes grupos: 
 Critério da competência material 
 Critério da competência funcional 
a) Critério material 
Competência material é a fixada por um dos critérios: 
 Competência em razão da pessoa: leva em conta a pessoa. Ex.: União é na Justiça Federal. 
 Competência em razão da matéria: leva em conta a matéria. Ex.: família é na Vara de Família. 
 Competência em razão da território: leva em conta o território. Ex.: comarca que é. 
 Competência em razão do conteúdo econômico da obrigação: leva em conta o conteúdo 
econômico da obrigação. Ex.: até 40 salários mínimos, será do Juizado Especial Cível, e sendo 
até 60 salários mínimos será do Juizado Especial Federal. 
Às vezes, é possível utilizar mais de um critério para fixar a competência. Ex.: competência em 
razão da pessoa é da Justiça Federal, mas em razão do conteúdo econômico da obrigação é do juizado 
especial federal. 
b) Critério funcional 
No critério funcional, será analisado a relação jurídica com base no direito processual, valendo-se 
de uma relação horizontal ou de uma relação vertical: 
 Competência com base na relação horizontal: aqui há dois órgãos de mesma hierarquia 
atuando e praticando determinados atos processuais em relação ao mesmo feito. Ex.: Juiz da 
vara cível da comarca de Goiânia expede uma carta precatória para que seja cumprida na 
comarca de Itumbiara. Os juízes possuem a mesma hierarquia, praticando atos processuais em 
relação ao mesmo feito. Ademais, terá o juiz de Itumbiara competência funcional para o 
cumprimento daquela carta precatória. E portanto, há uma relação jurídica, que traz uma 
competência funcional horizontal. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Competência com base na relação vertical: aqui há dois órgãos de instâncias diversas, atuando 
num mesmo processo. É o que ocorre quando um magistrado profere uma sentença e a parte 
interpõe recurso. Este recurso será encaminhado ao Tribunal perante o qual está vinculado 
aquele magistrado. Isso porque aquele Tribunal tem competência funcional vertical. 
IV. Jurisdição interna e jurisdição internacional 
Para identificar o órgão jurisdicional competente, é saber se a solução do litígio vai se dar por meio 
da jurisdição brasileira ou não. 
Existem situações em que a jurisdição brasileira é a única que pode atuar, quando por exemplo o 
litígio envolver bens imóveis situados no Brasil, ou para proceder inventário ou partilha de bens situados no 
Brasil. 
Outras normas vão admitir que sejam propostas demandas simultâneas, tanto na justiça brasileira 
quanto na justiça estrangeira. No entanto, isto não implicará litispendência. Ex.: sentença estrangeira que 
já tenha transitado em julgado não impede que seja ajuizado um feito sobre o assuntono Brasil. 
Todavia, esta sentença estrangeira transitada em julgada no estrangeiro poderá ser homologada 
no Brasil, por meio do STJ. Ainda que haja uma ação em curso no Brasil, isto não impede que haja a 
homologação de sentença estrangeira pelo STJ. 
Quando transitar em julgado a decisão que homologou a sentença estrangeira, passará ela a 
produzir efeitos no Brasil, devendo o feito que estaria correndo no Brasil ser extinto, mas não por 
litispendência, e sim por coisa julgada. 
É somente neste momento que o processo que tramitava no Brasil deverá ser extinto sem 
resolução do mérito. 
O inverso também é verdadeiro. Isto é, se durante o trâmite do processo de homologação no STJ, a 
sentença, no Brasil, transitar em julgado, não haverá mais como fazer a homologação. 
São hipóteses em que se destaca o ajuizamento de ação no Brasil e no estrangeiro: 
 Quando o demandado for domiciliado no Brasil (agência, filial ou sucursal), a demanda poderá 
ser proposta no Brasil, ainda que o fato tenha ocorrido no estrangeiro. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 Quando a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil, demanda poderá ser proposta no Brasil. 
 Quando o fato ou ato litigioso tiver ocorrido no Brasil, demanda poderá ser proposta no Brasil. 
 Quando envolver o pagamento de alimentos, quando o credor tiver domicílio ou residência 
no Brasil, a demanda poderá ser proposta no Brasil. 
V. Jurisdição interna e a homologação de decisão estrangeira 
Com a EC 45, a competência que era do STF passou a ser do STJ para homologar sentença 
estrangeira. 
Cabe ressaltar que o STJ não analisa o mérito da sentença estrangeira. A atuação do STJ se limita a 
verificar a forma, competência, autenticidade, se há ofensa ou não à ordem pública, ou seja, há apenas um 
juízo de delibação. 
Nos casos de competência exclusiva, a sentença estrangeira não pode ser homologada, pelo que 
não produz efeito no Brasil. Pela interpretação a contrário senso, o juízo brasileiro deveria reconhecer que 
não poderá conhecer de mesmas demandas quanto aos imóveis situados no estrangeiro ou a inventário e 
partilhas situados no estrangeiro, casos que também escapariam dos limites da jurisdição nacional. 
Após a homologação da sentença estrangeira, o título executivo passa a ser a decisão brasileira 
que homologou a sentença. 
Esta decisão é título executivo judicial. Mas apesar disso, haverá a criação de uma nova relação 
jurídica processual, a qual se processa e será executada perante a Justiça Federal de 1º grau. 
O regime anterior (CPC 1973) adotava a alcunha de homologação de sentença estrangeira. No 
entanto, o CPC/2015 chama de homologação de decisão estrangeira, abrangendo também acórdãos, 
decisões monocráticas e interlocutórias estrangeiras. 
Existem exceções em que não se admite a homologação de sentença estrangeira, tal como a 
ofensa que contraria manifestamente a ordem pública. 
As decisões estrangeiras decididas em processo de jurisdição voluntária também precisam ser 
homologadas, inclusive aquelas que tratem de estado de pessoas. Atente-se que a única ressalva do CPC 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
é a sentença estrangeira de divórcio consensual, a qual não necessita de homologação e produz desde 
logo efeitos regulares no Brasil (art. 961, §5º). 
VI. Procedimento de homologação da decisão estrangeira 
O procedimento de homologação da sentença estrangeira é do Presidente do STJ, salvo se houver 
uma contestação ao procedimento, razão pela qual passará a ser da Corte Especial. 
A petição inicial deverá conter: 
 Certidão, ou cópia autenticada, do texto integral da decisão estrangeira que se quer 
homologar. 
 Ato proferido por autoridade competente 
 Partes tenham sido citadas, ou tenha ocorrido à revelia 
 Prova do trânsito em julgado da sentença estrangeira 
Havendo necessidade, poderá ser concedida alguma tutela provisória de urgência neste processo. 
O CPC prevê que o exame de urgência deverá ser realizado pela autoridade estrangeira, como diz o art. 
962, §3º. 
No entanto, Rodolfo Hartmann e Samer afirmam que a autoridade estrangeira poderá verificar a 
urgência da medida liminar, mas isto não impediria que o STJ verificasse a medida liminar. 
Contudo, pelo NCPC este juízo é feito pela autoridade estrangeira. 
A demandada é citada para contestar o pedido no prazo de 15 dias. Contestando, a defesa não 
poderá versar sobre todo e qualquer fundamento, eis que não é o momento de questionar se a decisão foi 
justa ou injusta. 
O que poderá fazer é questionar sobre a autenticidade do documento, inteligência da decisão (ex.: 
interpretação diversa), observância de requisitos, inclusive no regimento interno do STJ. 
Mas o mais importante é de que o STJ não poderá ingressar no mérito. 
O MPF, após a contestação, terá vista dos autos, os quais retornarão ao STJ para julgamento. 
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Ao final da instrução, é proferida uma decisão pelo presidente do STJ, caso não houve a 
contestação. Caso tenha havido, a Corte Especial decidirá. 
Caso o pedido de homologação seja acolhido, haverá uma decisão de mérito, a qual é de natureza 
constitutiva, eis que atribui eficácia àquilo que ficou decidido. 
Por fim, destaque-se que a homologação seja apenas uma homologação parcial. 
Aula 02. Teoria geral do processo: Competência e estrutura do Poder Judiciário (continuação). Ação 
Processo. Tutela jurisdicional. 
VII. Competência de justiça 
a) Justiça Federal 
O art. 108 da CF trata da competência dos Tribunais Regionais Federais, estabelecendo que 
compete aos Tribunais Regionais Federais processar e julgar, originariamente: 
 Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do 
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da 
União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
 As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; 
 Os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz 
federal; 
 Os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; 
 Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; 
Além disso, compete aos Tribunais Regionais Federais julgar, em grau de recurso, as causas 
decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua 
jurisdição. 
Atente-se que, se a autoridade coatora é juiz federal que titulariza competência em Juizado 
Especial Federal, quem julgará este mandado de segurança é a Turma Recursal Federal. 
Em relação à competência da Justiça Federal de 1ª instância, deve-se analisar o art. 109 da CF, o 
qual estabelece que aos juízes federais compete processar e julgar: 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes 
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
Lembrando que sociedade de economia mista é da competência, como regra,da Justiça 
Estadual, salvo quando houver interesse da União. Ex.: verba sujeita à prestação de contas 
perante órgão federal, ou então caso de concessão ou delegação de serviço público. 
 as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa 
domiciliada ou residente no País; 
 as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional; 
 os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
 os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no 
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
 as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; 
 os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema 
financeiro e a ordem econômico-financeira; 
 os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento 
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; 
 os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os 
casos de competência dos tribunais federais; 
 os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça 
Militar; 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
 os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, 
após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à 
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
 a disputa sobre direitos indígenas. 
A doutrina, via de regra, diz que o art. 109 elenca os casos de competência da justiça federal, 
admitindo uma interpretação restritiva. 
No entanto, o STF já temperou esse entendimento dado pela doutrina, reconhecendo que compete 
à Justiça Federal de 1ª instância julgar ações ajuizadas em face do CNJ, desde que não se trate de MS, MI, 
HD ou HC, pois nestes casos a competência é do Supremo Tribunal Federal. 
O STF, ali, conferiu uma interpretação extensiva, ou analogia, em relação ao art. 109. Isso porque 
compete ao STF as demandas em que o próprio CNJ ou CNMP, que não possuem personalidade jurídica 
própria, figurarem no polo passivo. Assim, a competência do STF para processar e julgar ações que 
questionam atos do CNJ e do CNMP limita-se às ações tipicamente constitucionais: MS, MI, HC e HD. 
No caso de serem propostas ações ordinárias para impugnar atos do CNJ e CNMP, quem irá 
figurar como ré no processo é a União, já que os Conselhos são órgãos federais. Logo, tais demandas 
serão julgadas pela Justiça Federal de 1ª instância, com base no art. 109, I, da CF/88. 
Cabe ressaltar que o entendimento acima é a regra. 
No informativo 851 do STF, a Min. Relatora Cármen Lúcia invocou dois argumentos para fixar a 
competência no STF: 
1) O caso concreto discutia os poderes do CNJ para afastar lei inconstitucional. Se o STF não 
julgasse a causa, isso significaria conferir à Justiça Federal de 1ª instância a possibilidade de definir os 
poderes atribuídos ao CNJ para o cumprimento de sua missão, subvertendo, assim, a relação hierárquica 
constitucionalmente estabelecida. 
2) Além da ação ordinária proposta pelo Sindicato, diversos servidores impetraram mandados de 
segurança contra a decisão do CNJ. Assim, mesmo que a ação ordinária fosse remetida para a Justiça 
Federal de 1ª instância, continuariam no STF os mandados de segurança individuais. Desse modo, o mais 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
recomendável seria a reunião dessas ações a fim de garantir, com a tramitação e o julgamento conjuntos, a 
prolação de decisões harmônicas sobre a legitimidade da situação jurídica afetada pelo CNJ. 
Rodolfo Hartmann entende que a simples participação do MPF, como parte autora, não tem o 
condão de deslocar o feito para a Justiça Federal. O fato do MPF ser parte autora não está contemplado 
no art. 109 da CF. 
b) Justiça Estadual 
A competência da justiça estadual é residual. Portanto, processa e julga a justiça estadual por 
exclusão. 
c) Hipóteses de delegação da competência da Justiça Federal em prol da Justiça Estadual 
O art. 109, §3º, CF estabelece que serão processadas e julgadas na Justiça Estadual, no foro do 
domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social 
e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a 
lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. 
Trata-se de uma situação de excepcionalidade de delegação da competência da justiça federal 
para a justiça estadual, trazida pela Constituição. 
Neste caso, apesar da delegação, a matéria é federal, razão pela qual o recurso é de competência 
do Tribunal Regional Federal. 
Tramitando o processo na Justiça Estadual em razão da competência por delegação, a intervenção 
de ente federal não acarreta a remessa dos autos ao juízo federal, considerando que o juízo estadual 
nesse caso atua com competência federal delegada. 
O juízo federal competente, ao receber os autos, decidirá sobre o pedido de intervenção do ente 
federal. Após essa análise, de duas uma: acolhida a intervenção, a demanda prosseguirá normalmente 
perante a vara federal. Rejeitada a intervenção, não haverá aplicação do art. 109, I, da CF ao caso concreto, 
não se justificando a manutenção do processo perante a Justiça Federal, que retornará à Justiça Estadual 
(art. 45, par. 3º, NCPC). 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Aqui, há a consagração legislativa da Súmula 224 do STJ, a qual estabelece que, excluído do feito o 
ente federal, cuja presença levara o juiz estadual a declinar da competência, deve o juiz federal restituir os 
autos e não suscitar conflito. 
O STF, por meio da Súmula 689, estabeleceu que o segurado pode ajuizar ação contra a instituição 
previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da capital do estado-
membro. Veja, o segurado pode optar por estes foros. 
d) Exceções em que o pedido de ingresso de ente federal não acarreta a remessa dos mesmos ao 
Juízo Federal 
Há, todavia, exceções, ou seja, hipóteses em que o pedido de ingresso de ente federal nos autos 
não acarreta a remessa dos mesmos ao Juízo Federal. São elas: 
 Ações de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho; 
 Ações sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. 
O NCPC regulou, ademais, como o juiz deve proceder quando há cumulação de pedidos e não 
possui competência para um ou alguns dos pedidos. 
Embora os parágrafos 1º e 2º digam respeito à Justiça Federal, aplicam-se a qualquer caso em que 
haja cumulação de pedidos e o juízo não seja competente para apreciar todos eles (posição de Fredie Didier 
Jr.). 
Se houver pedido cuja competência seja do juízo e pedido cuja competência seja da Justiça Federal, 
o juiz deve inadmitir a cumulação e apreciar apenas o pedido para o qual seja competente. O juiz não vai 
remeter os autos ao juízocompetente. A parte que formule o pedido perante o juízo competente. 
VIII. Competência absoluta, relativa e concorrente 
 Competência absoluta: 
A competência do órgão jurisdicional denota a existência de um motivo de ordem pública. 
Consequentemente, não pode ser afastada pela vontade das partes. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Além disso, é possível que o magistrado conheça de ofício, a qualquer momento, até que não 
tenha proferido a sua sentença. O Tribunal também poderá conhecer da incompetência 
absoluta, independentemente de provocação das partes. 
O vício da competência absoluta é tão grave que só é admitida a sua convalidação após coisa 
soberanamente julgada. Isto é, apenas com o decurso do prazo decadencial de 2 anos para 
ação rescisória é que haveria a coisa soberanamente julgada, situação na qual estaria 
convalidado o vício da incompetência absoluta. 
A incompetência absoluta pode ser conhecida pelo magistrado de ofício, enquanto não prolata 
a decisão, ou pelo Tribunal. 
 Competência relativa: 
A competência é relativa, pois permite que a vontade dos interessados possa influenciar na sua 
fixação. Os interessados, conforme art. 63 do CPC, podem modificar a competência em razão 
do valor e em razão do território. A partir de então elegerão um foro para julgar os interesses e 
obrigações ali firmadas. Trata-se da cláusula de eleição de foro. 
Vale lembrar que é vedado o juiz reconhecer de ofício incompetência relativa sem provocação 
das partes. 
Para alegação, o réu, quando da sua contestação, alegará a incompetência relativa em sede de 
preliminar. O NCPC mudou, não havendo mais exceção de incompetência relativa. Caso não o 
faça, haverá prorrogação da competência. 
Nos casos em que o MP atua como fiscal da lei, é possível que o MP também levante a 
incompetência relativa, devendo fazer no primeiro momento em que se manifestar nos autos. 
 Competência concorrente: 
A competência concorrente se dá quando há dois juízos competentes. Por vezes a CF ou outro 
ato normativo permitirá que a escolha do juízo se dê pelo demandante. 
Ex.: art. 109, §2º, da CF, estabelece que as causas intentadas contra a União podem ser 
aforadas no foro de domicílio do autor, onde houver ocorrido o ato, onde está situada a coisa, 
ou ainda no distrito federal. 
No CPC, art. 53, V, estabelece que há permissão para que o demandante proponha ação que 
busque a reparação de dano em razão de dano sofrido ou em razão de delito ou acidente de 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
veículos, inclusive aeronaves. Neste caso, poderá propor ação no seu domicílio ou no foro do 
local do evento. Com isso, percebe-se a existência de competência concorrente. 
O art. 516, parágrafo único, do CPC, autoriza, no início da etapa de cumprimento de sentença, 
que o exequente venha a promover a etapa de execução tanto no juízo em que foi proferida a 
sentença quanto no foro do domicílio do executado, ou até mesmo no foro em que o 
executado possua bens. Há aqui uma pluralidade de foros competentes. 
IX. Regras pormenorizadas sobre competência 
Demandas fundadas em direito pessoal ou em direito real sobre móveis, a competência, via de 
regra, é o domicílio do réu. 
Se a ação é fundada em direito real sobre imóveis, o competente é o foro da situação da coisa. 
Mas o autor poderá optar por ajuizar o feito no foro de domicílio do réu ou mesmo um foro de 
eleição, desde que o litígio não recaia sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e 
demarcação de terras e de nunciação de obra nova. 
Ação possessória imobiliária deverá ser proposta no foro do domicílio da coisa. Neste caso, o foro 
terá competência absoluta. 
No caso de inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última 
vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for 
réu, será competente o foro do domicílio do autor da herança, ainda que o óbito tenha ocorrido no 
estrangeiro. 
Na ação em que o ausente for réu, será competente o foro do seu último domicílio. 
Na ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou 
assistente. 
O NCPC não mais consagra o foro privilegiado na mulher. O art. 53, I, estabelece que é competente 
o foro para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de 
união estável será o do domicílio do guardião de filho incapaz. 
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“Nós somos aquilo que repetidamente fazemos. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles) 
 
Não havendo filho incapaz, será competente o último domicílio do casal. Se nenhuma das partes 
mais residir no antigo domicílio do casal, será competente o foro de domicílio do réu. 
Lembrando que, como regra, a incompetência relativa não pode ser reconhecida pelo juiz de ofício. 
No entanto, há um caso em que será possível o seu reconhecimento, desde que se trate de cláusula 
abusiva de eleição de foro, situação na qual o juiz poderá reconhecê-la de ofício, desde que o faça antes 
da citação do réu. Ou seja, após a citação, o juiz não mais poderá reconhecê-la de ofício. 
Feita a citação, quem deverá alegar em preliminar de contestação será o réu, sobre a abusividade 
da eleição de foro. 
X. Competência do juízo regional 
Alguns Estados têm criados juízos pulverizados, espalhados pela cidade. 
Estes juízos regionais são criados para gerar maior facilidade ao demandante com relação ao acesso 
à justiça. E portanto, dá força normativa ao princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário. 
Na opinião de Rodolfo Hartmann, não poderia o demandante deixar de ajuizar no seu próprio foro 
regional para ajuizar num foro regional de outra região da cidade ou no foro central. Isso porque a 
competência do juízo regional é absoluta, pois visa atender a um objetivo de ordem pública. 
Majoritariamente, a competência é territorial e nada impede que seja ajuizado num foro regional 
diverso do que é o domicílio do demandante. 
XI. Causas de modificação da competência 
a) Continência 
Continência ocorre quando há duas ou mais ações, em que há identidade de partes, causa de 
pedir e o objeto de uma é mais amplo do que o objeto da outra. Em outras palavras, uma ação maior 
(demanda continente) contém uma ação menor (demanda contida). 
Há basicamente uma tríplice identidade da ação: 
 Partes 
 Pedido e 
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 Causa de pedir. 
Na verdade, o pedido não é idêntico, mas um deles abarca o da outra ação. Diante de uma situação 
de continência, o juízo do feito vai determinar a reunião dos feitos. O juízo prevento será aquele em que a 
primeira ação tiver sido distribuída ou simplesmente registrada. 
Quando houver continência e a ação continente (objeto maior) tiver sido proposta anteriormente 
à demanda contida, será proferida sentença sem resolução de mérito no processo em que corre a ação 
contida (objeto menor). Por outro lado, caso a ação continente tenha sido proposta posteriormente à 
ação contida, as ações serão necessariamente reunidas. 
b) Conexão 
Conexão ocorre quando há duas ou mais ações, tendo entre elas um objeto comum ou a causa de 
pedir comum. 
A conexão terá estes elementos em comum,

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