Buscar

1A CULTURA E AS MULTIPLAS LINGUAGENS DA CRIANÇA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CAPÍTULO 1
A CulturA e As MúltiplAs 
linguAgens dA CriAnçA
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Refletir sobre a cultura da infância e sua manifestação nos momentos lúdicos. 
 3 Identificar e valorizar as múltiplas linguagens presentes na infância.
10
 Linguagem e Ludicidade na Infância
11
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
Afirmamos que as 
situações vivenciadas 
na infância determinam 
como iremos 
compreender e atuar 
no mundo.
ContextuAlizAção
Antes de iniciarmos a leitura, convido você a adentrar um pouco no 
universo infantil. Todos nós já fomos crianças e podemos lembrar-nos de 
certos episódios que geram uma gama de emoções. Esses sentimentos nos 
remetem a certas experiências, e essas, boas ou más, constituem a nossa 
percepção de mundo. Se somos o que pensamos ser, como afirmam muitos 
estudiosos, podemos dizer: a relação estabelecida com os acontecimentos 
que nos cercam são a base para a formação do nosso “ser adulto”. Sendo 
assim, afirmamos que as situações vivenciadas na infância determinam como 
iremos compreender e atuar no mundo.
Isso nos leva a outro fato de grande importância: o 
desenvolvimento do pensamento é determinado pela 
linguagem, isto é, pelos instrumentos linguísticos do 
pensamento e pela experiência sociocultural da criança. 
Basicamente, o desenvolvimento da lógica na criança, como 
os estudos de Piaget demonstraram, é uma função direta 
de sua fala socializada. O crescimento intelectual da 
criança depende de seu domínio dos meios sociais do 
pensamento, isto é, da linguagem. (VYGOTSKY, 1998, p. 
62, grifo nosso).
Nesse sentido, Vygotsky (1998) afirma ser no convívio com seus pares que 
o homem se constitui, desenvolve o seu EU. Dito de outro modo, aprimoramos 
o nosso ser na relação com o mundo externo. Na mesma esteira, Wallon (1975) 
também elucida que as atitudes humanas se ressignificam quando abrangidas 
e compreendidas por outra pessoa. Afinal, conforme Kramer (1999, p.171), 
“Olhar o mundo a partir do ponto de vista da criança pode revelar contradições 
e dar novos contornos a realidade”, pois ela dispõe de formas criativas de 
entender o mundo, facilitando novos rumos.
os sAberes e os Contextos dA CriAnçA 
A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, 
um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, 
uma santa afirmação. (NIETZSCHE, 2004, p. 35).
Conhecer o universo infantil é um grande passo para compreendermos 
as diferentes formas de a criança se expressar, identificando as suas 
diversificadas linguagens. E já que a pauta de nosso conhecimento é a criança, 
linguagem e ludicidade, apresentaremos um pouco desse “universo infantil”, 
trazido poeticamente pelo professor e escritor Javier Naranjo (2013), num 
livro chamado A casa das estrelas, o qual traz as percepções das crianças 
12
 Linguagem e Ludicidade na Infância
colombianas sobre o mundo. Veremos a seguir os significados das coisas pela 
interpretação das crianças:
Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela 
mesma (É a definição de uma criança de 8 anos, Felipe Bedoya).
Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz 
Arbeláez, 9 anos).
Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 
anos).
Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 
11 anos).
Camponês: Um camponês não tem casa, nem dinheiro. 
Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos).
Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos).
Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz 
amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos).
Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena 
Hurtado, 5 anos).
Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 
anos).
Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz 
(Juan Carlos Mejía, 11 anos).
Inveja: Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos).
Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos).
Lua: É o que nos dá a noite (LeidyJohanna García, 8 anos).
Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos).
Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos).
13
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
A criança pode 
exprimir logo cedo 
uma sabedoria 
aos significados 
complexos, e quanto 
mais diversificado 
e interativo for seu 
meio de convívio mais 
oportunidade terá esta 
criança de avançar nos 
conceitos e sentido de 
mundo.
Solidão: Tristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 
10 anos).
Tempo: Coisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos).
Fonte: Disponível em:<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/05/
130518_dicionario_criancas_colombia_aw_cc />. Acesso em 10 jun.2015.
Nesse contexto, para entender a natureza da criança, devemos antes 
de tudo aprender a ouvi-la, olhos nos olhos, a sua altura de preferência. Pois 
conhecer seu mundo é abrir-se para as possibilidades infantis. A criança pode 
exprimir logo cedo uma sabedoria aos significados complexos, e quanto mais 
diversificado e interativo for seu meio de convívio mais oportunidade terá esta 
criança de avançar nos conceitos e sentido de mundo.
Por isso, quando falamos da cultura da criança e seu contexto, não 
podemos desconsiderar o significado que o brinquedo tem em relação 
à cultura. Cada comunidade, grupo social carrega um olhar, uma forma de 
interagir com o objeto com o qual brinca. Veremos a seguir um exemplo disso, 
com dados que exprimem a transformação de um objeto em brinquedo de 
acordo com cada contexto, segundo pesquisa de Brandão (2010):
Quadro 1- Objetos e suas transformações simbólicas
ELEMENTOS NATURAIS Zona Urbana Zona Rural Zona Litorânea
Areia Comidinha, bolo Bolo
Dedo Arma
Folha Prato
Talo Colher Colher 
Casca de coco Prato
UTENSÍLIOS Zona Urbana Zona Rural Zona Litorânea
Caixa de papelão Casas
Pedaço de madeira Arma
Colchonetes Capas de heróis Pran-
chas de surf Carro 
Camas
Almofadas Bandeja 
Bolo
Cubos de tecido Copos
MANUFATURADOS Zona Urbana Zona Rural Zona Litorânea
Carro Robô
Carro voador
14
 Linguagem e Ludicidade na Infância
O que é uma arma 
para um pode significar 
um utensílio doméstico 
para uma determinada 
localidade, para 
outra, representa 
uma ferramenta de 
construção. Essa 
relação que a criança 
estabelece com os 
objetos revela a sua 
cultura, seu modo de 
se conectar com o 
meio.
Boneca (o) Filha
Amiga 
Namorados
Moto Moto voadora
Peças de encaixe Avião 
Robôs 
Doces
Homem
Cavalo
Comidinha
Mula sem 
cabeça
Espada 
Robô
Avião
Armas
Cubos de plástico Copos
Cano de Plástico Arma
Cilindro de plástico Batom
Peças do ábaco Dinheiro
Guitarrinha Vela
Baú Mesa
Tartaruga Filho
Bambolê Carro
Fonte: Brandão (2010, p. 100).
Percebemos, como demonstra o estudo, que a criança é capaz de 
criar novos significados a partir de um mesmo objeto, de acordo com suas 
experiências, sua percepção de mundo e fantasia. O estudo apresentado 
indica que as transformações simbólicas são ressignificadas de acordo com 
cada contexto, pois lida com os arquétipos imaginários, como as peças de 
encaixe, por exemplo, nas Zonas Urbana e Litorânea. 
Constata-se que estes brinquedos facilitaram a simbolização 
e tornaram-se pivôs na brincadeira, ou seja, eles sofreram 
transformações no seu significado durante a brincadeira 
imaginativa. As peças de encaixe não representam nada 
sozinhas, isoladas da atividade simbólica, mas quando a 
criança utiliza-as, ela planeja o uso que fará delas e então ela 
cria o brinquedo segundo seus desejos. Assim os brinquedos 
foram construídos na e paraa brincadeira (BRANDAO, 2010, 
p.100).
O que é uma arma para um pode significar um utensílio doméstico para 
uma determinada localidade, para outra, representa uma ferramenta de 
construção. Essa relação que a criança estabelece com os objetos revela a 
sua cultura, seu modo de se conectar com o meio. O brinquedo também sofre 
essa influência cultural.
15
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
Brinquedo e Cultura, 2ª Edição – Gilles Brougère.
A proposta de Brinquedo e Cultura é auxiliar 
os educadores na compreensão das múltiplas 
maneiras de utilização do lúdico por crianças de até 
10 anos em instituições educativas. Além disso, os 
artigos selecionados ajudam a desmistificar a ideia 
de que o brinquedo é próprio da infância e passam a 
associá-lo à cultura humana em geral.
Por meio da difusão de modernos conceitos sobre o brinquedo 
e sua função na brincadeira, assim como por meio de exemplos 
extraídos de investigações acadêmicas, o filósofo francês Gilles 
Brougère introduz o leitor em uma nova lógica sobre o assunto.
Fonte: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/biblioteca-virtual/
brinquedo-cultura-622522.shtml>. Acesso em: 18 jul. 2015.
Nesse sentido, Kramer (2009, p.170) discute que,
O ato de brincar, como ação espontânea da criança 
proporciona curiosas descobertas tanto para a criança que 
executa esta atividade quanto para o observador desta ação. 
Muitos psicólogos e terapeutas utilizam do lúdico como 
forma de auxiliar no tratamento comportamental de crianças. 
Mas tudo isso poderá passar-nos despercebido se não nos propusermos 
a enxergar os detalhes espontâneos da criança, manifestados desde a vida 
intrauterina até as fases do desenvolvimento após seu nascimento. Cada 
expressão, balbucio, gestos denotam uma forma de se comunicar, e, se bem 
observado, já revelam traços da personalidade.
Caro (a) pós-graduando (a), convido você, neste momento, a refletir sobre 
o caso a seguir, que trata da relação do lúdico com a afetividade.
O caso é de uma aluna de seis (6) anos de idade, do 1º ano 
dos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola em que 
lecionei durante nove anos. Mal a aluna iniciou o período escolar 
e já havia sofrido uma grande perda. Seu irmão, ainda bebê, havia 
morrido enforcado pelo cinto de segurança do carrinho enquanto 
16
 Linguagem e Ludicidade na Infância
a mãe retirava as comprar do carro. Após duas semanas sem vir 
para a escola, retornou séria e por muito tempo não falou com 
ninguém, nem mesmo comigo, sua professora. 
Veja acadêmico (a), o fato de a criança ter retornado às suas 
atividades não significava que estaria pronta emocionalmente para 
lidar com essa realidade. Por um bom período sua comunicação 
era restrita, limitava-se ao sim ou não e sua expressão manifestava 
apatia. Foi então que resolvi conversar com ela sobre o assunto 
por meio de uma estratégia. 
Montei um cenário com teatro de fantoches e naquele dia os 
bonecos iriam conversar com as crianças. 
Todos queriam contar algo para os bonecos, falavam, mexiam, 
puxavam o nariz, interagiam com os bonecos como se estivessem 
conversando com pessoas. Mas a menina não se pronunciou. 
Resolvi por meio do personagem questionar: “E você Cíntia 
(nome fictício), quer me contar algo legal ou triste que lhe 
aconteceu?” Não consegui ver a sua expressão porque estava 
atrás de uma casinha de fantoches, mas senti um grande canal 
se abrindo. “Sim” - respondeu a menina, e logo foi dizendo: “eu 
tinha um irmãozinho, morreu enforcado no cinto de segurança do 
carrinho”. “Puxa” - respondi (boneco) – “isso realmente é muito 
triste, e como você se sente?” A menina respondeu: “Meu coração 
chora sempre que lembro dele, queria que voltasse.” Questionei 
(boneco): “Onde você acha que ele está agora?” Respondeu: “No 
céu”. Continuei a questionar (boneco): “e será que ele está feliz?” 
Respondeu: “Acho que sim!” Perguntei (boneco): “Então, será que 
ele gostaria de voltar se ele está feliz?” Respondeu: “Não sei, mas 
eu queria ficar com ele.”
E, assim, a conversa foi se estendendo. A menina se abriu, 
não comigo, mas com o boneco. Foi uma estratégia lúdica que 
desenvolvi para ajudá-la na liberação da emoção. Sabia que esse 
seria um primeiro passo para ajudá-la na recuperação da dor. 
Cíntia aos poucos passou a conversar com os colegas, com os 
professores, expressava menos apatia ao brincar e ao realizar as 
atividades. Evidentemente, esse trauma não seria curado a partir 
de uma atividade lúdica, mas seria o início de um trabalho com as 
emoções. Como foi para a aluna em questão.
Fonte: A autora (2015).
17
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
Não há como 
separar o ato educar 
de uma formação 
sensível, pois é no 
conjunto dos saberes: 
inteligível e sensível 
que manifestam 
as capacidades e 
desenvolvem-se 
conhecimentos.
Para compreendermos 
a criança, é necessário 
antes de tudo olhar 
para ela, com foco 
em seus múltiplos 
saberes.
Trouxe o caso para acentuar a importância de estarmos atentos aos 
pequenos detalhes que a criança revela, e que, muitas vezes, camuflam-se 
ora no silêncio, ora no barulho. 
A maioria dos adultos tem também caixas e gavetas em que 
verdadeiras coleções são formadas, dia a dia, como partes 
de uma trajetória. A história de cada um vai sendo reunida 
e só pode ser contada por quem conhece os significados 
de cada uma dessas coisas que evocam situações vividas, 
conquistas ou perdas, pessoas, lugares, tempos esquecidos 
(KRAMER, 2009, 171).
Para compreendermos a criança, é necessário antes de tudo olhar para 
ela, com foco em seus múltiplos saberes. E, para tanto, é indispensável o 
resgate da nossa infância vivida, a sabedoria dos sentidos que traz com ela. A 
riqueza da espontaneidade, das descobertas, da curiosidade colabora para um 
amplo olhar do mundo infantil. As crianças percebem coisas que nós adultos 
não enxergamos mais. É preciso refinar esse olhar.
Esse saber sensível interferirá na forma como o professor 
conduz as atividades pedagógicas, pois sua postura frente 
ao ato de educar não se resume à transferência dos saberes 
científicos, com isso, o aluno será beneficiado. Considerando 
que a visão a respeito da maneira de ensinar e do que 
ensinar será influenciada pela formação cultural, uma vez 
que a profissionalidade docente não é constituída apenas 
de conhecimentos científicos, pedagógicos. (NEITZEL; 
CARVALHO, 2010, p. 128).
Para Neitzel e Carvalho (2010), estética e ética caminham juntos quando 
o assunto é educação, e alertam para a urgência de um saber sensível na 
profissão docente. Se olharmos para muitas práticas atuais, poderemos 
constatar que não há muita preocupação com a formação do ser estético, 
sensível. Todavia não há como separar o ato educar de uma formação 
sensível, pois é no conjunto dos saberes: inteligível e sensível que manifestam 
as capacidades e desenvolvem-se conhecimentos. Justifica-se, então, que:
Uma educação que reconheça o fundamento sensível 
de nossa existência e a ele dedique a devida atenção, 
propiciando o seu desenvolvimento, estará, por certo, 
tornando mais abrangente e sutil a atuação dos mecanismos 
lógicos e racionais de operação da consciência humana 
(DUARTE JÚNIOR, 2010, p. 171).
 
Duarte Júnior (2010), também sinaliza a importância da educação 
estética do sensível na educação do sujeito. Instiga-nos a resgatar este saber, 
e a despertar para uma consciência holística. O autor sugere, ainda, o desafio 
de aprendermos a ver o mundo a partir dos olhos da criança, ela tem muito 
para nos ensinar.
18
 Linguagem e Ludicidade na Infância
Contudo, os saberes da criança estão fortemente ligados ao seu contexto, 
ao meio, às experiências. Diante disso, na próximasessão abordaremos o 
contexto da criança por meio de uma experiência nas escolas da cidade de 
Reggio Emilia, que se destaca por trazer uma filosofia sustentada na essência 
da criança. 
O que você entende por uma Educação estética?
Educação estética é uma “educação que 
reconheça o fundamento sensível de nossa 
existência e a ele dedique a devida aten-
ção, propiciando o seu desenvolvimento, 
estará, por certo, tornando mais abrangente 
e sutil a atuação dos mecanismos lógicos e 
racionais de operação da consciência hu-
mana.” (DUARTE JÚNIOR, 2001, p. 171).
Trata-se de uma ação educacional bastante 
complexa, que atingi a multidimensiona-
lidade do ser humano, com o objetivo de 
valorizar ações subjetivas e de recriar a 
vida em seus aspectos material e espiri-
tual, fazendo brotar o que há de melhor 
na autoria de cada um e deslocando-o da 
postura de simples consumistas culturais 
(ORMEZZANO, 2007, p. 35).
o Contexto
Discutiremos, nesta sessão, o contexto histórico pela abordagem de 
Reggio Emilia, nome de uma cidade localizada no nordeste da Itália. O sistema 
educacional do município citado ficou conhecido como um dos melhores do 
mundo. Interessante é que essa prática diferenciada nasceu de um contexto 
pós-guerra, no qual a comunidade teve que se organizar para levantar uma 
escola, pensando desde os tijolos até uma metodologia voltada para a criança. 
Hoje estas escolas são referências e fonte de inspiração para outras escolas.
19
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
Obter eficiência e o sucesso não começa da noite para o dia, e nem se 
conquista uma vez para sempre. É um processo lento e inconclusivo, é um 
eterno construir. As escolas de Reggio Emilia foram assim, conquistaram 
seus valores pelo compromisso com a criança, vista a partir de sua essência 
criativa, e se reconstroem até hoje conforme se alteram os contextos.
Mas como tudo começou?
Após a segunda guerra mundial, muitas escolas de Villa Cella, cidade 
da Itália, foram construídas pela própria comunidade, da união e recursos 
financeiros que possuíam.
Figura 1- Escola de Villa Cella, Itália
Fonte: Disponível em: <http://www.reggioreport.it/2015/09/la-
scuola-materna-di-villa-cella-e-rinata-dal-terremoto-con-i-soldi-del-
concerto-italia-loves-emilia/> Acesso em: 20 set. 2015.
Malaguzzi, um educador que, posteriormente, foi o iniciador da 
metodologia de Reggio Emilia, interessou-se em saber um pouco mais sobre 
essa comunidade e essas escolas. Deslocou-se para Villa Cella, integrando-se 
ao grupo como professor. Lá aprendeu grandes lições de união, determinação 
e força. Porém, sentia que as crianças não eram respeitadas pelo seu saber 
sensível, pelo seu contexto infantil. “Um pensamento simples e confortador 
veio em meu auxílio: que as coisas relativas às crianças e para as crianças 
somente são aprendidas pelas próprias crianças.” (MALAGUZZI, 1999, p. 61).
A partir deste pensamento, resolveu desligar-se da instituição. Na ocasião, 
as escolas eram estaduais e seguiam os currículos pré-estabelecidos, 
perspectiva com a qual Malaguzzi não concordou. 
20
 Linguagem e Ludicidade na Infância
A criança é feita 
de cem: cem 
pensamentos, cem 
alegrias, cem sonhos, 
cem linguagens.
Retornou a Reggio Emilia. Trabalhou com crianças que apresentavam 
dificuldades de aprendizagem e em algumas escolas. 
Os professores nessas pequenas escolas possuíam uma 
motivação excepcionalmente alta. Eles eram muito diferentes 
uns aos outros, já que haviam sido treinados em várias 
escolas católicas e em outras escolas particulares, mas seus 
pensamentos eram amplos e receptivos e sua energia era 
inesgotável (MALAGUZZI, 1999, p.61).
Foi a partir da união desses professores motivados em parceria com 
a comunidade que as escolas de Reggio Emilia foram aos poucos se 
sustentando. A pedagogia pauta-se em três princípios básicos: interação, 
relacionamento e cooperação. Conseguiram transformar escolas num 
ambiente agradável no qual a criança tenha a sensação de pertencer ao 
mundo real e autêntico. Lá as crianças aprendem fazendo, experienciando, 
pois a escola é um organismo vivo. 
O contexto da criança revela sua atuação nas brincadeiras e na vida. Pois, 
segundo Malaguzzi (1999), a criança é feita de cem: cem pensamentos, cem 
alegrias, cem sonhos, cem linguagens. Seu mundo é de possibilidades, e cabe 
a nós adultos inserir-nos em seu mundo para compreender as suas múltiplas 
linguagens.
Segundo pesquisa de Edwars, Gandini e Forman (1999), a concepção 
de linguagem na abordagem de Reggio Emilia é a mesma que a do RCNEI 
brasileiro e esse será nosso próximo assunto, na sessão a seguir.
Loris Malaguzzi foi um pesquisador incansável sobre 
a formação de seus professores e os modos de se 
compreender e desenvolver a educação de crianças 
pequenas. Era um devorador de conhecimentos. Viaja-
va muito. Queria conhecer e compreender as ideias 
vindas de pesquisadores e teóricos. Não se prendia 
a um único, mas bebia de muitas fontes. Concordava 
com Piaget que a aprendizagem acontece na intera-
ção da criança com um objeto e tinha interesse nos 
estudos de Jerome Bruner, que estava resgatando 
uma solidariedade mais explícita nos recursos das 
crianças, falando em sinergia entre o lado direito e o 
lado esquerdo do cérebro, na época. 
Fonte: Disponível em: <http://issuu.com/onlineeditora/docs/
projetos_escolares_creche_20>. Acesso em: 25 jul. 2015.
21
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
A linguagem infantil, 
agora compreendida 
em termos plurais, 
relaciona-se também 
às linguagens não 
verbais: movimento, 
desenho, pintura, 
modelagem, colagem, 
música, dança, 
brincadeira, escultura, 
construção, fotografia, 
ilustração, cinema.
As diferentes linguAgens infAntis
Um novo entendimento sobre as diferentes linguagens infantis é 
apresentado nos documentos a partir do Referencial Curricular Nacional para 
a Educação Infantil (RCNEI) de 1998. Anterior a esta nova concepção, a 
linguagem era vinculada apenas à oralidade e à escrita.
A linguagem infantil, agora compreendida em termos plurais, relaciona-se 
também às linguagens não verbais: movimento, desenho, pintura, modelagem, 
colagem, música, dança, brincadeira, escultura, construção, fotografia, 
ilustração, cinema. 
Além disso, a publicação especifica os elementos 
constituintes de algumas destas linguagens, como, por 
exemplo, na linguagem musical, o som e o silêncio, a 
altura (graves ou agudos), a duração (curtos ou longos), 
a intensidade (fracos ou fortes), o timbre “(característica 
que distingue e “personaliza” cada som)” (vol. 3, p. 59). 
Na linguagem visual, os elementos são: o ponto, a linha, 
a forma, a cor, o volume, o espaço, o contraste, a luz, as 
texturas etc. (JUNQUEIRA FILHO, 2005, p. 2).
É possível afirmar que as linguagens nesta nova concepção trazem a 
importância das diferentes formas de interação, socialização e expressão 
como frutos culturais dos seres humanos, e sua forma de conhecer e 
representar o mundo.
Vamos agora analisar alguns artigos das Diretrizes Curriculares Nacionais 
para Educação Infantil, que dizem respeito às diferentes linguagens da criança:
De acordo com o Art. 6º, as propostas destinadas à Educação Infantil 
devem acatar alguns princípios que visam assegurar a formação integral da 
criança. Entre os princípios éticos e políticos, os documentos apresentam, 
ainda, os estéticos que permeiam o princípio “da sensibilidade, da criatividade, 
da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações 
artísticas e culturais” (BRASIL, 2010, p. 2). A partir do documento, podemos 
perceber que há uma preocupação em enfatizar a essência lúdica da criança 
nas propostas pedagógicas. O estético, mencionado nos documentos,trata-
se do saber sensível, esse mesmo saber que na era da industrialização foi 
apartado do saber inteligível por questões econômicas e políticas, tornando-se 
o novo paradigma daquela época.
Os novos paradigmas englobam e transcendem a história, a 
antropologia, a sociologia e a própria psicologia resultando 
em uma perspectiva que define a criança como ser 
competente para interagir e produzir cultura no meio em que 
se encontra (BRASIL, 2006, p.13).
22
 Linguagem e Ludicidade na Infância
A arte é uma das 
linguagens que 
expressa os saberes 
da criança.
Moraes (2010) esclarece que escolas pautadas no paradigma 
tradicional seguem um modelo de organização burocrática, com estruturas 
hierarquizadas, e disciplinas desconexas, distanciando-se da realidade 
dos alunos. Ressalta que o contexto mudou, e a missão da escola hoje é 
atender ao aluno, ao aprendiz. A autora também enfatiza um olhar para a 
interdisciplinaridade dos currículos, e do resgate aos saberes sensíveis, o 
qual se constrói pelas vias artísticas. 
A arte é uma das linguagens que expressa os saberes da criança. Hoje, 
por meio de estudos sobre a infância, percebe-se que é essencial no trabalho 
com a criança explorar o estético, que, segundo Duarte Júnior (2013), não 
se refere apenas a beleza das coisas, mas ao olhar sensível explorado pelos 
diversos sentidos do corpo. “O conhecimento é produto do inteligível e do saber 
sensível que partem da sensibilidade corporal mais básica até o pensamento 
abstrato” (DUARTE JÚNIOR, 2013, p. 311). Ou seja, os dois saberes, inteligível 
e sensível, favorecem o conhecimento e devem ser valorizados igualmente 
quando se trata da formação integral do sujeito. Diante disso, a ludicidade, a 
arte e a cultura, conforme as Diretrizes, fazem parte também dessa formação.
A dimensão lúdica e a dimensão estética são condições 
fundamentais para a formação humana. A associação da 
dimensão lúdica às demais atividades expressivas das 
crianças tem encontrado seu fundamento quando se destaca 
a expressão de sentimentos, invenções, imaginação, bem 
como o desenvolvimento da sensibilidade, concebida como 
capacidade para sentir, procurar e exteriorizar sensações, o 
que por vezes, são roubados das crianças, quando se tem 
os espaços das creches e pré-escolas organizados de modo 
empobrecedor. A sensibilidade tem um papel importante 
quando pensamos na construção de nossas concepções 
de mundo e sobre o mundo, incidindo no modo como o 
projetamos e o construímos (GOBBI, 2010, p. 3). 
No que se refere aos diferentes saberes, como consta no Art. 7º, inciso 
III das Diretrizes, ressalta-se a importância da convivência entre crianças 
e entre adultos. Também são mencionados: a valorização, os saberes e os 
conhecimentos de diferentes naturezas.
Percebeu o quanto é importante permitir às crianças o acesso aos 
conhecimentos diferenciados? Veja que no Art. 8º, referente à garantia de 
acesso aos conhecimentos e aprendizagens das diferentes linguagens, 
há a preocupação com a ruptura de um modelo tradicional em prol de um 
paradigma que reconheça o ser humano como um todo indivisível, um ser 
holístico. Observemos:
23
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
Art. 8º A proposta pedagógica das instituições de Educação 
Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a 
processos de apropriação, renovação e articulação de 
conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, 
assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, 
à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à 
convivência e à interação com outras crianças.
[...]
II - a indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, 
afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural 
da criança;
[...]
V - prever a oferta de brinquedos e equipamentos que 
respeitem as características ambientais e socioculturais da 
comunidade (BRASIL, 2010, p. 3).
Ainda no contexto desses saberes, consta no Art. 9º das Diretrizes 
que as práticas pedagógicas voltadas à Educação Infantil devem ter como 
foco principal as interações e brincadeiras, as quais estimulem e garantam 
experiências entre outras diferentes linguagens, conforme incisos deste 
mesmo artigo:
[...] I - promovam o conhecimento de si e do mundo por 
meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, 
corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão 
da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da 
criança; 
II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes 
linguagens e o progressivo domínio por elas de vários 
gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, 
dramática e musical;
III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de 
apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, 
e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais 
orais e escritos;
[...]
IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças 
com diversificadas manifestações de música, artes 
plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, 
poesia e literatura; (BRASIL, 2010, p. 4, grifo nosso).
Perceba que as diferentes linguagens reconhecidas pelas Diretrizes 
Curriculares Nacionais também são discutidas por renomados autores. 
Antes de adentrarmos nas diferentes linguagens da criança, apresentaremos 
indicações de livros sobre os assuntos tratados até agora:
24
 Linguagem e Ludicidade na Infância
O Paradigma Educacional Emergente, 13ª Edição – Maria 
Cândida Moraes.
Este livro tece seus discursos sobre o novo 
paradigma sustentado pelas atuais demandas 
da sociedade. A autora discute os impactos do 
paradigma científico na educação e seus efeitos 
até hoje. Aponta caminhos para o novo paradigma 
sustentado na inteireza do ser.
O Sentido dos Sentidos – João Francisco Duarte Junior.
Por muitos anos a razão dominou os sentidos 
humanos e hoje se pretende que ela responda 
pelos mais íntimos e pessoais setores de nossa 
vida, acarretando uma desconsideração para 
com o saber sensível detido pelo corpo humano e 
mesmo um embotamento e não desenvolvimento 
da sensibilidade dos indivíduos.
O livro de Duarte Júnior trata das questões do saber sensível 
tão urgente na educação e formação do sujeito.
Caro (a) pós-graduando (a), atente para a ilustração acerca das diferentes 
linguagens da criança com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais de 1998:
Quadro 2 – Diferentes linguagens da criança
MOVIMENTO
•	A dimensão corporal integra-se ao conjunto da atividade da criança. 
•	O ato motor faz-se presente em suas funções expressiva, instrumen-
tal ou de sustentação às posturas e aos gestos.
•	A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das 
mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo.
MÚSICA
•	Exercício sensível e expressivo que também oferece condições para 
o desenvolvimento de habilidades.
•	A música é a linguagem em forma sonora que expressa e comunica 
sensações, sentimentos e pensamentos. 
•	Compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento.
25
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
LINGUAGEM 
ORAL E ESCRITA
•	A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos im-
portantes para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção 
e de participação nas diversas práticas sociais.
•	O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na 
educação infantil.
•	Pesquisas na área da linguagem tendem a reconhecer que o proces-
so de letramento está associado tanto à construção do discurso oral 
como do discurso escrito.
MATEMÁTICA
•	A participação ativa da criança e a natureza lúdica e prazerosa 
inerentes a diferentes tipos de jogos têm servido de argumento para 
fortalecer essa concepção, segundo a qual aprende-se Matemática 
brincando.•	O jogo pode tornar-se uma estratégia didática quando as situações 
são planejadas e orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de 
aprendizagem.
•	As crianças participam de uma série de situações envolvendo núme-
ros, relações entre quantidades, noções sobre espaço.
ARTES VISUAIS
•	Expressam, comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimen-
tos, pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, 
formas, pontos, tanto bidimensional como tridimensional.
•	A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos, estéticos 
e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação 
social, conferem caráter significativo às Artes Visuais.
•	Artes Visuais são linguagens e, portanto, uma das formas importantes 
de expressão e comunicação humanas.
NATUREZA E 
SOCIEDADE
•	O eixo de trabalho denominado Natureza e Sociedade reúne temas 
pertinentes ao mundo social e natural.
•	O brincar de faz de conta, por sua vez, possibilita que as crianças 
reflitam sobre o mundo. Ao brincar, as crianças podem reconstruir 
elementos do mundo que as cerca com novos significados.
•	É importante que as crianças tenham contato com diferentes 
elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo.
Fonte: Disponível em: <http://www.editoradobrasil.com.br/educacaoinfantil/
educacao_infantil/eixos.aspx>. Acesso em: 10 jun. 2015.
De acordo com as informações contidas nas figuras, cada uma das 
linguagens apresenta características próprias e permite o desenvolvimento 
integral da criança, pois explora o cognitivo, o artístico, o motor, os sentimentos, 
as relações, as expressões, as culturas, envolvendo os diferentes saberes.
Nesse sentido, devemos proporcionar à criança, na Educação Infantil, 
trabalhos que supram interesses e vontades de suas necessidades vitais, por 
meio das múltiplas linguagens. Para Freinet (1974, p. 13), “[...] o desenho, a 
26
 Linguagem e Ludicidade na Infância
Um ambiente que 
permita as múltiplas 
linguagens colabora 
não só para o 
desenvolvimento das 
habilidades próprias 
que cada linguagem 
proporciona, mas para 
a formação plena do 
cidadão, uma vez que 
lida com os diferentes 
saberes.
pintura e a música livres, expressão complementar pela via afetiva de tudo o 
que a criança tem em si de possibilidades, difusão e, não obstante, superiores, 
de acesso à cultura, não apenas escolar, mas cultural, social e humana”.
Um ambiente que permita as múltiplas linguagens colabora não só para o 
desenvolvimento das habilidades próprias que cada linguagem proporciona, mas 
para a formação plena do cidadão, uma vez que lida com os diferentes saberes. 
Todavia, para favorecermos o desenvolvimento das diferentes linguagens 
é imprescindível que estejamos abertos para o ato da escuta. Olhar e ouvir o 
que as crianças têm a nos dizer é o caminho para compreendermos sua forma 
de ver o mundo e as manifestações de suas diferentes elocuções. 
Sobre a pedagogia da escuta e as implicações no ato do brincar, 
discutiremos no capítulo a seguir.
Atividades de Estudos: 
1) As Diretrizes Curriculares Nacionais de 1998 estabelecem um 
trabalho com a Educação Infantil pautado em seis (6) eixos, 
que seriam as diferentes linguagens da criança. Sobre essas 
linguagens, cite cada uma delas e apresente três características 
que lhes corresponda.
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
27
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
2) O trabalho com as diferentes linguagens na Educação Infantil 
depende de algumas estratégias do professor em sala de aula. 
Elabore algumas ações que contribuem para esta prática.
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
 _________________________________________________
AlguMAs ConsiderAções 
A criança reflete sua cultura e contextos nas brincadeiras e interações 
com seus pares. Possui diferentes linguagens pelas quais seu mundo é 
representado. Suas experiências são construídas no convívio com o outro e na 
diversidade de contextos. 
As atividades lúdicas proporcionam formas diferentes de ver o mundo, 
pois lidam com sentimentos, regras, valores, superando desafios e criando 
novas habilidades.
Uma proposta educacional destinada à infância, que proporciona um 
trabalho a partir das múltiplas linguagens, permite o desenvolvimento integral 
da criança, respeitando seu saber sensível e inteligível, contribuindo para o 
avanço cognitivo, emocional e corporal. 
No próximo capítulo, discutiremos a pedagogia da escuta e as implicações 
no ato do brincar.
28
 Linguagem e Ludicidade na Infância
referênCiAs
BRANDÃO, Ilana Figueiredo A criança ressignifica a cultura: a 
reprodução interpretativa nas brincadeiras de faz-de-conta em três contextos 
diferenciados. 2010. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de 
Psicologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes 
curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação 
Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. 
Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil/Ministério da 
Educação. Secretaria de Educação Básica – Brasília. DF. 2006.
______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação 
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. 
Brasília: MEC/SEF, 1998.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares 
nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos 
parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – 
Brasília: MEC/SEF, 1998.
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação do 
sensível. 3. ed. Curitiba: Criar, 2004.
______. Fundamentos estéticos da educação. Campinas: Papirus, 2013.
EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem 
linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da 
primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
FREINET, Célestin. O Jornal Escolar. Lisboa: Estampa, 1974.
GOBBI, Márcia. As múltiplas linguagens de meninos e meninase a educação 
infantil. In: SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO, 1., Belo 
Horizonte, 2010. Anais... Belo Horizonte, 2010.
JUNQUEIRA FILHO, Gabriel de A. Linguagens geradoras: seleção e 
articulação de conteúdos em educação infantil. Porto Alegre: Mediação, 2005.
29
 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 
KRAMER, Sonia. Crianças e adultos em diferentes contextos. IN: 
SARMENTO, Manuel; GOUVEA, Maria Cristina Soares. Estudos da infância: 
educação e práticas sociais. Petrópolis: Vozes, 2009.
MALAGUZZI, Loris. História, ideias e filosofia básica. In: EDWARDS, C.; 
GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança. Porto Alegre: 
Artmed, 1999.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. São 
Paulo: Papirus, 2010.
NEITZEL, Adair de Aguiar; CARVALHO, C. Convite à arte: a fruição 
como saber sensível essencial à humanização do homem. In: PINO, A.; 
SHLINDWEIN, L. M.; NEITZEL, A. de A. (Org.). Cultura, escola e educação 
criadora: formação estética do ser humano. Curitiba: CRV, 2010. p. 171-184.
VIGOTSKI, Lev Semenovitch. Linguagem e desenvolvimento intelectual 
na idade escolar. In: VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. 
Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 6. ed. São Paulo: EDUSP, 
1998.
WALLON, Henri. Psicologia da Educação e da Infância. Lisboa, Portugal: 
Editorial Estampa, 1975.
30
 Linguagem e Ludicidade na Infância

Continue navegando