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CAPÍTULO 1 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Refletir sobre a cultura da infância e sua manifestação nos momentos lúdicos. 3 Identificar e valorizar as múltiplas linguagens presentes na infância. 10 Linguagem e Ludicidade na Infância 11 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 Afirmamos que as situações vivenciadas na infância determinam como iremos compreender e atuar no mundo. ContextuAlizAção Antes de iniciarmos a leitura, convido você a adentrar um pouco no universo infantil. Todos nós já fomos crianças e podemos lembrar-nos de certos episódios que geram uma gama de emoções. Esses sentimentos nos remetem a certas experiências, e essas, boas ou más, constituem a nossa percepção de mundo. Se somos o que pensamos ser, como afirmam muitos estudiosos, podemos dizer: a relação estabelecida com os acontecimentos que nos cercam são a base para a formação do nosso “ser adulto”. Sendo assim, afirmamos que as situações vivenciadas na infância determinam como iremos compreender e atuar no mundo. Isso nos leva a outro fato de grande importância: o desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, isto é, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sociocultural da criança. Basicamente, o desenvolvimento da lógica na criança, como os estudos de Piaget demonstraram, é uma função direta de sua fala socializada. O crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem. (VYGOTSKY, 1998, p. 62, grifo nosso). Nesse sentido, Vygotsky (1998) afirma ser no convívio com seus pares que o homem se constitui, desenvolve o seu EU. Dito de outro modo, aprimoramos o nosso ser na relação com o mundo externo. Na mesma esteira, Wallon (1975) também elucida que as atitudes humanas se ressignificam quando abrangidas e compreendidas por outra pessoa. Afinal, conforme Kramer (1999, p.171), “Olhar o mundo a partir do ponto de vista da criança pode revelar contradições e dar novos contornos a realidade”, pois ela dispõe de formas criativas de entender o mundo, facilitando novos rumos. os sAberes e os Contextos dA CriAnçA A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação. (NIETZSCHE, 2004, p. 35). Conhecer o universo infantil é um grande passo para compreendermos as diferentes formas de a criança se expressar, identificando as suas diversificadas linguagens. E já que a pauta de nosso conhecimento é a criança, linguagem e ludicidade, apresentaremos um pouco desse “universo infantil”, trazido poeticamente pelo professor e escritor Javier Naranjo (2013), num livro chamado A casa das estrelas, o qual traz as percepções das crianças 12 Linguagem e Ludicidade na Infância colombianas sobre o mundo. Veremos a seguir os significados das coisas pela interpretação das crianças: Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma (É a definição de uma criança de 8 anos, Felipe Bedoya). Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz Arbeláez, 9 anos). Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 anos). Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 11 anos). Camponês: Um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos). Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos). Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos). Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena Hurtado, 5 anos). Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 anos). Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz (Juan Carlos Mejía, 11 anos). Inveja: Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos). Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos). Lua: É o que nos dá a noite (LeidyJohanna García, 8 anos). Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos). Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos). 13 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 A criança pode exprimir logo cedo uma sabedoria aos significados complexos, e quanto mais diversificado e interativo for seu meio de convívio mais oportunidade terá esta criança de avançar nos conceitos e sentido de mundo. Solidão: Tristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 10 anos). Tempo: Coisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos). Fonte: Disponível em:<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/05/ 130518_dicionario_criancas_colombia_aw_cc />. Acesso em 10 jun.2015. Nesse contexto, para entender a natureza da criança, devemos antes de tudo aprender a ouvi-la, olhos nos olhos, a sua altura de preferência. Pois conhecer seu mundo é abrir-se para as possibilidades infantis. A criança pode exprimir logo cedo uma sabedoria aos significados complexos, e quanto mais diversificado e interativo for seu meio de convívio mais oportunidade terá esta criança de avançar nos conceitos e sentido de mundo. Por isso, quando falamos da cultura da criança e seu contexto, não podemos desconsiderar o significado que o brinquedo tem em relação à cultura. Cada comunidade, grupo social carrega um olhar, uma forma de interagir com o objeto com o qual brinca. Veremos a seguir um exemplo disso, com dados que exprimem a transformação de um objeto em brinquedo de acordo com cada contexto, segundo pesquisa de Brandão (2010): Quadro 1- Objetos e suas transformações simbólicas ELEMENTOS NATURAIS Zona Urbana Zona Rural Zona Litorânea Areia Comidinha, bolo Bolo Dedo Arma Folha Prato Talo Colher Colher Casca de coco Prato UTENSÍLIOS Zona Urbana Zona Rural Zona Litorânea Caixa de papelão Casas Pedaço de madeira Arma Colchonetes Capas de heróis Pran- chas de surf Carro Camas Almofadas Bandeja Bolo Cubos de tecido Copos MANUFATURADOS Zona Urbana Zona Rural Zona Litorânea Carro Robô Carro voador 14 Linguagem e Ludicidade na Infância O que é uma arma para um pode significar um utensílio doméstico para uma determinada localidade, para outra, representa uma ferramenta de construção. Essa relação que a criança estabelece com os objetos revela a sua cultura, seu modo de se conectar com o meio. Boneca (o) Filha Amiga Namorados Moto Moto voadora Peças de encaixe Avião Robôs Doces Homem Cavalo Comidinha Mula sem cabeça Espada Robô Avião Armas Cubos de plástico Copos Cano de Plástico Arma Cilindro de plástico Batom Peças do ábaco Dinheiro Guitarrinha Vela Baú Mesa Tartaruga Filho Bambolê Carro Fonte: Brandão (2010, p. 100). Percebemos, como demonstra o estudo, que a criança é capaz de criar novos significados a partir de um mesmo objeto, de acordo com suas experiências, sua percepção de mundo e fantasia. O estudo apresentado indica que as transformações simbólicas são ressignificadas de acordo com cada contexto, pois lida com os arquétipos imaginários, como as peças de encaixe, por exemplo, nas Zonas Urbana e Litorânea. Constata-se que estes brinquedos facilitaram a simbolização e tornaram-se pivôs na brincadeira, ou seja, eles sofreram transformações no seu significado durante a brincadeira imaginativa. As peças de encaixe não representam nada sozinhas, isoladas da atividade simbólica, mas quando a criança utiliza-as, ela planeja o uso que fará delas e então ela cria o brinquedo segundo seus desejos. Assim os brinquedos foram construídos na e paraa brincadeira (BRANDAO, 2010, p.100). O que é uma arma para um pode significar um utensílio doméstico para uma determinada localidade, para outra, representa uma ferramenta de construção. Essa relação que a criança estabelece com os objetos revela a sua cultura, seu modo de se conectar com o meio. O brinquedo também sofre essa influência cultural. 15 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 Brinquedo e Cultura, 2ª Edição – Gilles Brougère. A proposta de Brinquedo e Cultura é auxiliar os educadores na compreensão das múltiplas maneiras de utilização do lúdico por crianças de até 10 anos em instituições educativas. Além disso, os artigos selecionados ajudam a desmistificar a ideia de que o brinquedo é próprio da infância e passam a associá-lo à cultura humana em geral. Por meio da difusão de modernos conceitos sobre o brinquedo e sua função na brincadeira, assim como por meio de exemplos extraídos de investigações acadêmicas, o filósofo francês Gilles Brougère introduz o leitor em uma nova lógica sobre o assunto. Fonte: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/biblioteca-virtual/ brinquedo-cultura-622522.shtml>. Acesso em: 18 jul. 2015. Nesse sentido, Kramer (2009, p.170) discute que, O ato de brincar, como ação espontânea da criança proporciona curiosas descobertas tanto para a criança que executa esta atividade quanto para o observador desta ação. Muitos psicólogos e terapeutas utilizam do lúdico como forma de auxiliar no tratamento comportamental de crianças. Mas tudo isso poderá passar-nos despercebido se não nos propusermos a enxergar os detalhes espontâneos da criança, manifestados desde a vida intrauterina até as fases do desenvolvimento após seu nascimento. Cada expressão, balbucio, gestos denotam uma forma de se comunicar, e, se bem observado, já revelam traços da personalidade. Caro (a) pós-graduando (a), convido você, neste momento, a refletir sobre o caso a seguir, que trata da relação do lúdico com a afetividade. O caso é de uma aluna de seis (6) anos de idade, do 1º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola em que lecionei durante nove anos. Mal a aluna iniciou o período escolar e já havia sofrido uma grande perda. Seu irmão, ainda bebê, havia morrido enforcado pelo cinto de segurança do carrinho enquanto 16 Linguagem e Ludicidade na Infância a mãe retirava as comprar do carro. Após duas semanas sem vir para a escola, retornou séria e por muito tempo não falou com ninguém, nem mesmo comigo, sua professora. Veja acadêmico (a), o fato de a criança ter retornado às suas atividades não significava que estaria pronta emocionalmente para lidar com essa realidade. Por um bom período sua comunicação era restrita, limitava-se ao sim ou não e sua expressão manifestava apatia. Foi então que resolvi conversar com ela sobre o assunto por meio de uma estratégia. Montei um cenário com teatro de fantoches e naquele dia os bonecos iriam conversar com as crianças. Todos queriam contar algo para os bonecos, falavam, mexiam, puxavam o nariz, interagiam com os bonecos como se estivessem conversando com pessoas. Mas a menina não se pronunciou. Resolvi por meio do personagem questionar: “E você Cíntia (nome fictício), quer me contar algo legal ou triste que lhe aconteceu?” Não consegui ver a sua expressão porque estava atrás de uma casinha de fantoches, mas senti um grande canal se abrindo. “Sim” - respondeu a menina, e logo foi dizendo: “eu tinha um irmãozinho, morreu enforcado no cinto de segurança do carrinho”. “Puxa” - respondi (boneco) – “isso realmente é muito triste, e como você se sente?” A menina respondeu: “Meu coração chora sempre que lembro dele, queria que voltasse.” Questionei (boneco): “Onde você acha que ele está agora?” Respondeu: “No céu”. Continuei a questionar (boneco): “e será que ele está feliz?” Respondeu: “Acho que sim!” Perguntei (boneco): “Então, será que ele gostaria de voltar se ele está feliz?” Respondeu: “Não sei, mas eu queria ficar com ele.” E, assim, a conversa foi se estendendo. A menina se abriu, não comigo, mas com o boneco. Foi uma estratégia lúdica que desenvolvi para ajudá-la na liberação da emoção. Sabia que esse seria um primeiro passo para ajudá-la na recuperação da dor. Cíntia aos poucos passou a conversar com os colegas, com os professores, expressava menos apatia ao brincar e ao realizar as atividades. Evidentemente, esse trauma não seria curado a partir de uma atividade lúdica, mas seria o início de um trabalho com as emoções. Como foi para a aluna em questão. Fonte: A autora (2015). 17 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 Não há como separar o ato educar de uma formação sensível, pois é no conjunto dos saberes: inteligível e sensível que manifestam as capacidades e desenvolvem-se conhecimentos. Para compreendermos a criança, é necessário antes de tudo olhar para ela, com foco em seus múltiplos saberes. Trouxe o caso para acentuar a importância de estarmos atentos aos pequenos detalhes que a criança revela, e que, muitas vezes, camuflam-se ora no silêncio, ora no barulho. A maioria dos adultos tem também caixas e gavetas em que verdadeiras coleções são formadas, dia a dia, como partes de uma trajetória. A história de cada um vai sendo reunida e só pode ser contada por quem conhece os significados de cada uma dessas coisas que evocam situações vividas, conquistas ou perdas, pessoas, lugares, tempos esquecidos (KRAMER, 2009, 171). Para compreendermos a criança, é necessário antes de tudo olhar para ela, com foco em seus múltiplos saberes. E, para tanto, é indispensável o resgate da nossa infância vivida, a sabedoria dos sentidos que traz com ela. A riqueza da espontaneidade, das descobertas, da curiosidade colabora para um amplo olhar do mundo infantil. As crianças percebem coisas que nós adultos não enxergamos mais. É preciso refinar esse olhar. Esse saber sensível interferirá na forma como o professor conduz as atividades pedagógicas, pois sua postura frente ao ato de educar não se resume à transferência dos saberes científicos, com isso, o aluno será beneficiado. Considerando que a visão a respeito da maneira de ensinar e do que ensinar será influenciada pela formação cultural, uma vez que a profissionalidade docente não é constituída apenas de conhecimentos científicos, pedagógicos. (NEITZEL; CARVALHO, 2010, p. 128). Para Neitzel e Carvalho (2010), estética e ética caminham juntos quando o assunto é educação, e alertam para a urgência de um saber sensível na profissão docente. Se olharmos para muitas práticas atuais, poderemos constatar que não há muita preocupação com a formação do ser estético, sensível. Todavia não há como separar o ato educar de uma formação sensível, pois é no conjunto dos saberes: inteligível e sensível que manifestam as capacidades e desenvolvem-se conhecimentos. Justifica-se, então, que: Uma educação que reconheça o fundamento sensível de nossa existência e a ele dedique a devida atenção, propiciando o seu desenvolvimento, estará, por certo, tornando mais abrangente e sutil a atuação dos mecanismos lógicos e racionais de operação da consciência humana (DUARTE JÚNIOR, 2010, p. 171). Duarte Júnior (2010), também sinaliza a importância da educação estética do sensível na educação do sujeito. Instiga-nos a resgatar este saber, e a despertar para uma consciência holística. O autor sugere, ainda, o desafio de aprendermos a ver o mundo a partir dos olhos da criança, ela tem muito para nos ensinar. 18 Linguagem e Ludicidade na Infância Contudo, os saberes da criança estão fortemente ligados ao seu contexto, ao meio, às experiências. Diante disso, na próximasessão abordaremos o contexto da criança por meio de uma experiência nas escolas da cidade de Reggio Emilia, que se destaca por trazer uma filosofia sustentada na essência da criança. O que você entende por uma Educação estética? Educação estética é uma “educação que reconheça o fundamento sensível de nossa existência e a ele dedique a devida aten- ção, propiciando o seu desenvolvimento, estará, por certo, tornando mais abrangente e sutil a atuação dos mecanismos lógicos e racionais de operação da consciência hu- mana.” (DUARTE JÚNIOR, 2001, p. 171). Trata-se de uma ação educacional bastante complexa, que atingi a multidimensiona- lidade do ser humano, com o objetivo de valorizar ações subjetivas e de recriar a vida em seus aspectos material e espiri- tual, fazendo brotar o que há de melhor na autoria de cada um e deslocando-o da postura de simples consumistas culturais (ORMEZZANO, 2007, p. 35). o Contexto Discutiremos, nesta sessão, o contexto histórico pela abordagem de Reggio Emilia, nome de uma cidade localizada no nordeste da Itália. O sistema educacional do município citado ficou conhecido como um dos melhores do mundo. Interessante é que essa prática diferenciada nasceu de um contexto pós-guerra, no qual a comunidade teve que se organizar para levantar uma escola, pensando desde os tijolos até uma metodologia voltada para a criança. Hoje estas escolas são referências e fonte de inspiração para outras escolas. 19 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 Obter eficiência e o sucesso não começa da noite para o dia, e nem se conquista uma vez para sempre. É um processo lento e inconclusivo, é um eterno construir. As escolas de Reggio Emilia foram assim, conquistaram seus valores pelo compromisso com a criança, vista a partir de sua essência criativa, e se reconstroem até hoje conforme se alteram os contextos. Mas como tudo começou? Após a segunda guerra mundial, muitas escolas de Villa Cella, cidade da Itália, foram construídas pela própria comunidade, da união e recursos financeiros que possuíam. Figura 1- Escola de Villa Cella, Itália Fonte: Disponível em: <http://www.reggioreport.it/2015/09/la- scuola-materna-di-villa-cella-e-rinata-dal-terremoto-con-i-soldi-del- concerto-italia-loves-emilia/> Acesso em: 20 set. 2015. Malaguzzi, um educador que, posteriormente, foi o iniciador da metodologia de Reggio Emilia, interessou-se em saber um pouco mais sobre essa comunidade e essas escolas. Deslocou-se para Villa Cella, integrando-se ao grupo como professor. Lá aprendeu grandes lições de união, determinação e força. Porém, sentia que as crianças não eram respeitadas pelo seu saber sensível, pelo seu contexto infantil. “Um pensamento simples e confortador veio em meu auxílio: que as coisas relativas às crianças e para as crianças somente são aprendidas pelas próprias crianças.” (MALAGUZZI, 1999, p. 61). A partir deste pensamento, resolveu desligar-se da instituição. Na ocasião, as escolas eram estaduais e seguiam os currículos pré-estabelecidos, perspectiva com a qual Malaguzzi não concordou. 20 Linguagem e Ludicidade na Infância A criança é feita de cem: cem pensamentos, cem alegrias, cem sonhos, cem linguagens. Retornou a Reggio Emilia. Trabalhou com crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem e em algumas escolas. Os professores nessas pequenas escolas possuíam uma motivação excepcionalmente alta. Eles eram muito diferentes uns aos outros, já que haviam sido treinados em várias escolas católicas e em outras escolas particulares, mas seus pensamentos eram amplos e receptivos e sua energia era inesgotável (MALAGUZZI, 1999, p.61). Foi a partir da união desses professores motivados em parceria com a comunidade que as escolas de Reggio Emilia foram aos poucos se sustentando. A pedagogia pauta-se em três princípios básicos: interação, relacionamento e cooperação. Conseguiram transformar escolas num ambiente agradável no qual a criança tenha a sensação de pertencer ao mundo real e autêntico. Lá as crianças aprendem fazendo, experienciando, pois a escola é um organismo vivo. O contexto da criança revela sua atuação nas brincadeiras e na vida. Pois, segundo Malaguzzi (1999), a criança é feita de cem: cem pensamentos, cem alegrias, cem sonhos, cem linguagens. Seu mundo é de possibilidades, e cabe a nós adultos inserir-nos em seu mundo para compreender as suas múltiplas linguagens. Segundo pesquisa de Edwars, Gandini e Forman (1999), a concepção de linguagem na abordagem de Reggio Emilia é a mesma que a do RCNEI brasileiro e esse será nosso próximo assunto, na sessão a seguir. Loris Malaguzzi foi um pesquisador incansável sobre a formação de seus professores e os modos de se compreender e desenvolver a educação de crianças pequenas. Era um devorador de conhecimentos. Viaja- va muito. Queria conhecer e compreender as ideias vindas de pesquisadores e teóricos. Não se prendia a um único, mas bebia de muitas fontes. Concordava com Piaget que a aprendizagem acontece na intera- ção da criança com um objeto e tinha interesse nos estudos de Jerome Bruner, que estava resgatando uma solidariedade mais explícita nos recursos das crianças, falando em sinergia entre o lado direito e o lado esquerdo do cérebro, na época. Fonte: Disponível em: <http://issuu.com/onlineeditora/docs/ projetos_escolares_creche_20>. Acesso em: 25 jul. 2015. 21 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 A linguagem infantil, agora compreendida em termos plurais, relaciona-se também às linguagens não verbais: movimento, desenho, pintura, modelagem, colagem, música, dança, brincadeira, escultura, construção, fotografia, ilustração, cinema. As diferentes linguAgens infAntis Um novo entendimento sobre as diferentes linguagens infantis é apresentado nos documentos a partir do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) de 1998. Anterior a esta nova concepção, a linguagem era vinculada apenas à oralidade e à escrita. A linguagem infantil, agora compreendida em termos plurais, relaciona-se também às linguagens não verbais: movimento, desenho, pintura, modelagem, colagem, música, dança, brincadeira, escultura, construção, fotografia, ilustração, cinema. Além disso, a publicação especifica os elementos constituintes de algumas destas linguagens, como, por exemplo, na linguagem musical, o som e o silêncio, a altura (graves ou agudos), a duração (curtos ou longos), a intensidade (fracos ou fortes), o timbre “(característica que distingue e “personaliza” cada som)” (vol. 3, p. 59). Na linguagem visual, os elementos são: o ponto, a linha, a forma, a cor, o volume, o espaço, o contraste, a luz, as texturas etc. (JUNQUEIRA FILHO, 2005, p. 2). É possível afirmar que as linguagens nesta nova concepção trazem a importância das diferentes formas de interação, socialização e expressão como frutos culturais dos seres humanos, e sua forma de conhecer e representar o mundo. Vamos agora analisar alguns artigos das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, que dizem respeito às diferentes linguagens da criança: De acordo com o Art. 6º, as propostas destinadas à Educação Infantil devem acatar alguns princípios que visam assegurar a formação integral da criança. Entre os princípios éticos e políticos, os documentos apresentam, ainda, os estéticos que permeiam o princípio “da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais” (BRASIL, 2010, p. 2). A partir do documento, podemos perceber que há uma preocupação em enfatizar a essência lúdica da criança nas propostas pedagógicas. O estético, mencionado nos documentos,trata- se do saber sensível, esse mesmo saber que na era da industrialização foi apartado do saber inteligível por questões econômicas e políticas, tornando-se o novo paradigma daquela época. Os novos paradigmas englobam e transcendem a história, a antropologia, a sociologia e a própria psicologia resultando em uma perspectiva que define a criança como ser competente para interagir e produzir cultura no meio em que se encontra (BRASIL, 2006, p.13). 22 Linguagem e Ludicidade na Infância A arte é uma das linguagens que expressa os saberes da criança. Moraes (2010) esclarece que escolas pautadas no paradigma tradicional seguem um modelo de organização burocrática, com estruturas hierarquizadas, e disciplinas desconexas, distanciando-se da realidade dos alunos. Ressalta que o contexto mudou, e a missão da escola hoje é atender ao aluno, ao aprendiz. A autora também enfatiza um olhar para a interdisciplinaridade dos currículos, e do resgate aos saberes sensíveis, o qual se constrói pelas vias artísticas. A arte é uma das linguagens que expressa os saberes da criança. Hoje, por meio de estudos sobre a infância, percebe-se que é essencial no trabalho com a criança explorar o estético, que, segundo Duarte Júnior (2013), não se refere apenas a beleza das coisas, mas ao olhar sensível explorado pelos diversos sentidos do corpo. “O conhecimento é produto do inteligível e do saber sensível que partem da sensibilidade corporal mais básica até o pensamento abstrato” (DUARTE JÚNIOR, 2013, p. 311). Ou seja, os dois saberes, inteligível e sensível, favorecem o conhecimento e devem ser valorizados igualmente quando se trata da formação integral do sujeito. Diante disso, a ludicidade, a arte e a cultura, conforme as Diretrizes, fazem parte também dessa formação. A dimensão lúdica e a dimensão estética são condições fundamentais para a formação humana. A associação da dimensão lúdica às demais atividades expressivas das crianças tem encontrado seu fundamento quando se destaca a expressão de sentimentos, invenções, imaginação, bem como o desenvolvimento da sensibilidade, concebida como capacidade para sentir, procurar e exteriorizar sensações, o que por vezes, são roubados das crianças, quando se tem os espaços das creches e pré-escolas organizados de modo empobrecedor. A sensibilidade tem um papel importante quando pensamos na construção de nossas concepções de mundo e sobre o mundo, incidindo no modo como o projetamos e o construímos (GOBBI, 2010, p. 3). No que se refere aos diferentes saberes, como consta no Art. 7º, inciso III das Diretrizes, ressalta-se a importância da convivência entre crianças e entre adultos. Também são mencionados: a valorização, os saberes e os conhecimentos de diferentes naturezas. Percebeu o quanto é importante permitir às crianças o acesso aos conhecimentos diferenciados? Veja que no Art. 8º, referente à garantia de acesso aos conhecimentos e aprendizagens das diferentes linguagens, há a preocupação com a ruptura de um modelo tradicional em prol de um paradigma que reconheça o ser humano como um todo indivisível, um ser holístico. Observemos: 23 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 Art. 8º A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. [...] II - a indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural da criança; [...] V - prever a oferta de brinquedos e equipamentos que respeitem as características ambientais e socioculturais da comunidade (BRASIL, 2010, p. 3). Ainda no contexto desses saberes, consta no Art. 9º das Diretrizes que as práticas pedagógicas voltadas à Educação Infantil devem ter como foco principal as interações e brincadeiras, as quais estimulem e garantam experiências entre outras diferentes linguagens, conforme incisos deste mesmo artigo: [...] I - promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; [...] IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; (BRASIL, 2010, p. 4, grifo nosso). Perceba que as diferentes linguagens reconhecidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais também são discutidas por renomados autores. Antes de adentrarmos nas diferentes linguagens da criança, apresentaremos indicações de livros sobre os assuntos tratados até agora: 24 Linguagem e Ludicidade na Infância O Paradigma Educacional Emergente, 13ª Edição – Maria Cândida Moraes. Este livro tece seus discursos sobre o novo paradigma sustentado pelas atuais demandas da sociedade. A autora discute os impactos do paradigma científico na educação e seus efeitos até hoje. Aponta caminhos para o novo paradigma sustentado na inteireza do ser. O Sentido dos Sentidos – João Francisco Duarte Junior. Por muitos anos a razão dominou os sentidos humanos e hoje se pretende que ela responda pelos mais íntimos e pessoais setores de nossa vida, acarretando uma desconsideração para com o saber sensível detido pelo corpo humano e mesmo um embotamento e não desenvolvimento da sensibilidade dos indivíduos. O livro de Duarte Júnior trata das questões do saber sensível tão urgente na educação e formação do sujeito. Caro (a) pós-graduando (a), atente para a ilustração acerca das diferentes linguagens da criança com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais de 1998: Quadro 2 – Diferentes linguagens da criança MOVIMENTO • A dimensão corporal integra-se ao conjunto da atividade da criança. • O ato motor faz-se presente em suas funções expressiva, instrumen- tal ou de sustentação às posturas e aos gestos. • A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando fortemente o apoio do corpo. MÚSICA • Exercício sensível e expressivo que também oferece condições para o desenvolvimento de habilidades. • A música é a linguagem em forma sonora que expressa e comunica sensações, sentimentos e pensamentos. • Compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento. 25 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 LINGUAGEM ORAL E ESCRITA • A aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos elementos im- portantes para as crianças ampliarem suas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais. • O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil. • Pesquisas na área da linguagem tendem a reconhecer que o proces- so de letramento está associado tanto à construção do discurso oral como do discurso escrito. MATEMÁTICA • A participação ativa da criança e a natureza lúdica e prazerosa inerentes a diferentes tipos de jogos têm servido de argumento para fortalecer essa concepção, segundo a qual aprende-se Matemática brincando.• O jogo pode tornar-se uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de aprendizagem. • As crianças participam de uma série de situações envolvendo núme- ros, relações entre quantidades, noções sobre espaço. ARTES VISUAIS • Expressam, comunicam e atribuem sentido a sensações, sentimen- tos, pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, formas, pontos, tanto bidimensional como tridimensional. • A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, intuitivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo às Artes Visuais. • Artes Visuais são linguagens e, portanto, uma das formas importantes de expressão e comunicação humanas. NATUREZA E SOCIEDADE • O eixo de trabalho denominado Natureza e Sociedade reúne temas pertinentes ao mundo social e natural. • O brincar de faz de conta, por sua vez, possibilita que as crianças reflitam sobre o mundo. Ao brincar, as crianças podem reconstruir elementos do mundo que as cerca com novos significados. • É importante que as crianças tenham contato com diferentes elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo. Fonte: Disponível em: <http://www.editoradobrasil.com.br/educacaoinfantil/ educacao_infantil/eixos.aspx>. Acesso em: 10 jun. 2015. De acordo com as informações contidas nas figuras, cada uma das linguagens apresenta características próprias e permite o desenvolvimento integral da criança, pois explora o cognitivo, o artístico, o motor, os sentimentos, as relações, as expressões, as culturas, envolvendo os diferentes saberes. Nesse sentido, devemos proporcionar à criança, na Educação Infantil, trabalhos que supram interesses e vontades de suas necessidades vitais, por meio das múltiplas linguagens. Para Freinet (1974, p. 13), “[...] o desenho, a 26 Linguagem e Ludicidade na Infância Um ambiente que permita as múltiplas linguagens colabora não só para o desenvolvimento das habilidades próprias que cada linguagem proporciona, mas para a formação plena do cidadão, uma vez que lida com os diferentes saberes. pintura e a música livres, expressão complementar pela via afetiva de tudo o que a criança tem em si de possibilidades, difusão e, não obstante, superiores, de acesso à cultura, não apenas escolar, mas cultural, social e humana”. Um ambiente que permita as múltiplas linguagens colabora não só para o desenvolvimento das habilidades próprias que cada linguagem proporciona, mas para a formação plena do cidadão, uma vez que lida com os diferentes saberes. Todavia, para favorecermos o desenvolvimento das diferentes linguagens é imprescindível que estejamos abertos para o ato da escuta. Olhar e ouvir o que as crianças têm a nos dizer é o caminho para compreendermos sua forma de ver o mundo e as manifestações de suas diferentes elocuções. Sobre a pedagogia da escuta e as implicações no ato do brincar, discutiremos no capítulo a seguir. Atividades de Estudos: 1) As Diretrizes Curriculares Nacionais de 1998 estabelecem um trabalho com a Educação Infantil pautado em seis (6) eixos, que seriam as diferentes linguagens da criança. Sobre essas linguagens, cite cada uma delas e apresente três características que lhes corresponda. ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ 27 A CulturA e As MúltiplAs linguAgens dA CriAnçA Capítulo 1 2) O trabalho com as diferentes linguagens na Educação Infantil depende de algumas estratégias do professor em sala de aula. Elabore algumas ações que contribuem para esta prática. _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ AlguMAs ConsiderAções A criança reflete sua cultura e contextos nas brincadeiras e interações com seus pares. Possui diferentes linguagens pelas quais seu mundo é representado. Suas experiências são construídas no convívio com o outro e na diversidade de contextos. As atividades lúdicas proporcionam formas diferentes de ver o mundo, pois lidam com sentimentos, regras, valores, superando desafios e criando novas habilidades. Uma proposta educacional destinada à infância, que proporciona um trabalho a partir das múltiplas linguagens, permite o desenvolvimento integral da criança, respeitando seu saber sensível e inteligível, contribuindo para o avanço cognitivo, emocional e corporal. No próximo capítulo, discutiremos a pedagogia da escuta e as implicações no ato do brincar. 28 Linguagem e Ludicidade na Infância referênCiAs BRANDÃO, Ilana Figueiredo A criança ressignifica a cultura: a reprodução interpretativa nas brincadeiras de faz-de-conta em três contextos diferenciados. 2010. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010. 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