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RESUMO DOS TEXTOS DE PSICOLOGIA E HISTÓRIA DO TRABALHO

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RESUMO DOS TEXTOS DE PSICOLOGIA E HISTÓRIA DO TRABALHO
(01) BURGUESES E PROLETÁRIOS – KARL MARX
	Para Marx o homem seja ele livre ou escravo, barão ou servo, nobre ou plebeu, estão constantemente vivendo em uma guerra. Essa guerra termina ou de forma revolucionaria ou por destruir duas classes envolvidas. 
	A burguesia moderna coloca novas condições de opressão, novas formas de luta e dessa forma não conseguiu sustentar os velhos antagonismos (grupos sociais) da classe. Dessa forma a burguesia moderna se divide em: burguesia e proletariado.
	A burguesia nos remete aos donos dos meios de produção, sua evolução se deu:
Dos servos da idade media nasceu os burgueses livres;
A descoberta da America, a navegação da África nos permite conhecer a burguesia que trabalha com mercadorias, comercio, indústria, a navegação, etc.;
A antiga organização feudal da indústria evolui para a manufatura. Temos então a divisão de trabalho dentro de uma própria oficina;
Quando a manufatura torna-se insuficiente ela da abertura para o vapor e a maquina que evoluíram as indústrias;
Já essas grandes indústrias abrem espaço para o mercado mundial, que acelera o desenvolvimento do comércio, da navegação dos meios de comunicação.
	Todas essas etapas da burguesia foram acompanhadas por um processo político. A política desenvolve os negócios em comum de todas as burguesias.
	Para Marx a burguesia destruiu uma relação para criar outra, e ela não fazem isso de forma velada, pelo contrario, a exploração acontece de forma aberta.
	Porém, a burguesia só pode existir para revolucionar os instrumentos de produção e consequentemente também as relações de produção e relações sociais. As relações que são substituídas se tornam antiquadas antes mesmo de se tornarem ossificadas. E com a necessidade de mercados novos, faz com que a burguesia explore novos terrenos que antes eram para ela desconhecido.
	Nascendo novas necessidades para suprir as produções, é necessário então, ir a regiões mais longes e em climas diversos ao em vez de ficar em um lugar isolado. Dessa forma obriga a todas as nações a criarem o modo burguês de produção, o que se costuma chamar de CIVILIZAÇÃO.
	Submeteu o campo a cidade, criou os centros urbanos, aumentou a população das cidades arrancando grande parte da população da vida rural. Aglomerou a população e dessa forma foi também centralizada a política.
	A burguesia foi criada sob os meios de troca da sociedade feudal, Os senhores feudais conseguiam as terras porque o rei lhes dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra para morar, além da proteção contra ataques bárbaros. Porém o feudalismo deixou de corresponder as forças de produção sucedendo dessa forma o capitalismo, estabelecendo a livre concorrência.
	Ocorre que a indústria e o comercio tem uma história baseada em revolta das forças produtivas modernas contras as modernas relações de produção e de propriedade. Cada crise industrial destrói uma massa de produtos já fabricados e uma grande parte das forças produtivas já desenvolvidas e por esse motivo que Marx argumenta que a burguesia segue constantemente cavando a própria cova, ou seja, a forma que a burguesia utilizou para acabar com o feudalismo, voltou-se contra ela, pois agora a sociedade civilizada possui grandes meios de subsistência de indústria e comércio.
	A burguesia forjou as armas que lhe mataram e os homens que manejaram as armas, sendo eles os operários modernos e os proletários. Os operários modernos (antigo proletariado) só podem viver se encontram trabalho, e esse trabalho só é encontrado nos meios de produção da burguesia, isso faz com que os operários precisem diariamente se vender, são vistos também como mercadoria.
	Com a evolução de emprego das maquinas, o operários passa a ser um simples operador e assim o custo do operário se reduz. À medida que o trabalho enfadonho (chato, cansativo) cresce, diminui os salários, mas aumenta o trabalho seja pelas horas de labor seja pelo aumento de trabalho exigido.
	A pequena oficina do mestre se transforma na grande indústria moderna capitalista, passando a ter massas de operários aglomerados que estão sob constante vigilância da hierarquia, viram escravos da burguesia e das maquinas, e não há mais importância nas diferenças de sexo e idade, já que o trabalho agora exige menos habilidade e força.
	Depois de vender sua força de trabalho para o fabricante, o operário se vê preso a outros meios de burguesia, sendo eles o varejista, o comerciante, etc. e se algo tem valor é porque tem trabalho nele. É o fetiche da mercadoria. 
	Logo começa a luta dos operários contra a burguesia, ela passará de uma luta de operários isolados até uma luta de uma mesma classe de operários, ou seja, de um mesmo ramo da indústria. Eles atacam tanto a burguesia como também os instrumentos de produção. Mas nessa fase o crescimento da concorrência entre a burguesia aumenta tornando os salários mais instáveis, então o operário se vê obrigado a se aperfeiçoar mais nas maquinas e trabalhar mais rápido para sua própria sobrevivência. Então, os operários começam a criar associações. Por vezes suas lutas vencem, mas esse triunfo é efêmero, ou seja, passageiro, por outro lado isso permite que a união entre os operários se amplie e para Marx toda a luta de classe é uma luta política. O operário começa a ter consciência, e essa consciência lhe permite sair da alienação e ver a exploração. 
	A burguesia vive em uma guerra perpétua, essa guerra se dá primeiro contra a aristocracia, depois contra a própria burguesia em suas frações e sempre contra burguesias de países estrangeiros. Ela dá ao proletariado instrumentos para uma educação política. Parte da nobreza se tornou burguesia, e parte da burguesia se tornou proletário, mas somente o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária, capaz de lutar não pelos interesses atuais, mas pelos interesses futuros. A burguesia precisa do proletariado e o proletariado precisa da burguesia.
(02) A CONDIÇÃO HUMANA – HANNAH ARENT
 	“Vita Activa” é a expressão usada por Hannah para definir a condição humana que é designada por três atividades:
Trabalho: atividade correspondente ao processo biológico do corpo humano. A condição humana do trabalho é a própria vida, é a produção;
Obra: é a atividade correspondente à não naturalidade. A obra proporciona algo artificial de coisas;
Ação: única atividade que ocorre diretamente entre os homens sem mediação de matérias ou das coisas. A ação seria o luxo desnecessário.
	Hannah busca desenvolver seu trabalho da condição humana com base em estudos da Grécia antiga.
	As três atividades e suas condições estão relacionadas com a condição mais geral da existência humana: o nascimento e a morte, natalidade e mortalidade.
	O trabalho vai assegurar a sobrevivência bem como a vida em espécie, a obra e o produto, o artefato humano confere a futilidade da vida moral ao caráter temporário do tempo humano e a ação cria a condição para as lembranças, para a história.
	O trabalho e a obra estão ligados a natalidade a medida que tem a tarefa de prover o mundo para constante influxo de recém chegados que nascem como estranhos. A relação da ação com a natalidade é mais estreita vez que o recém chegado pode iniciar algo novo. A ação também é atividade política por excelência a natalidade e não a mortalidade, e pode ser categoria central do pensamento político.
	O homem é um ser condicionado já que tudo que entra em contato com o homem automaticamente torna-se parte de sua existência. O homem sempre cria suas próprias condições produzidas por ele mesmo. Tudo o que toca a vida humana ou mantenha uma relação duradoura com ela assume o caráter de condição humana.
	Dessa forma a condição humana seria impossível sem coisas exatamente por ser condicionada.
	Vale lembrar que condição humana não é a mesma coisa que natureza humana, e sim a soma das atividades e capacidades humanas. Acondição humana mais radical que podemos dar como exemplo, é a imigração dos homens da terra para algum outro planeta.
	É impossível que nós tenhamos a capacidade de definir, determinar e conhecer as essências naturais, e não sejamos capazes de fazer o mesmo ao nosso respeito. 
	Hannah argumenta que se temos uma essência ou natureza, que somente um deus pode definir ou conhecê-la. 
	As condições humanas existentes sejam elas, a vida, a natalidade, mortalidade, mundanidade, pluralidade e a terra, jamais podem explicar o que somos ou quem somos pelas simples razão de que somos condicionados de modo absoluto e que embora vivemos sobre condições terrenas, não somos meras criaturas terrenas.
(03) AS MUTAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO NA ERA DA MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL – RICARDO ANTUNES 
	Ricardo Antunes analisa a subjetividade e a objetividade nas mutações no mundo do trabalho bem como analisar e aprender as principais determinações concretas da crise e das metamorfoses.
As mutações no mundo do trabalho: heterogeneidade, fragmentação e complexificação. A principal tese é de que a classe trabalhadora de hoje não é a mesma daquela do começo do século passado, hoje em dia ela compreende uma totalidade doa assalariados, homens e mulheres que vivem da sua força de trabalho e que são despossuídas dos meios de produção. Essa classe trabalhadora tem tendências como: TAYLORISMO/FORDISMO, com a sua concentração ocorre uma redução do proletariado nas indústrias, fabril, manual, tradicional, estável e especializado. Esse proletariado vem diminuindo com a reestruturação produtiva do capital;
O aumento do proletariado fabril e de serviços na escala mundial: são os terceirizados, subcontratados, part-time. Esses postos de trabalho antigamente eram preenchidos pelos imigrantes, porém hoje em dia tem se expandindo para os trabalhadores remanescentes da era da especialização do taylorismo/fordismo. Com a desestruturação do “Welfare State” (políticas de bem estar) e com o aumento do desemprego, os capitais tradicionais programam alternativas de trabalho informais, tendo como exemplo justamente a terceirização;
O aumento do trabalho feminino: atinge mais de 40% da força de trabalho em diversos países, porém em se tratando de salário ocorre um movimento inverso já que os níveis de remuneração da mulher são ainda inferiores aos recebidos pelos homens. Outro fato importante é que muitas atividades são predominantemente realizadas por homens e os de menor trabalho intensivo ou menor nível de qualificação são feitos por mulheres;
Setor de serviços: a partir do século XX ocorre uma expansão dos assalariados nesse setor, nada mais é a incorporação de trabalhadores desempregados no mundo industrial. Vale lembrar que varias atividades do setor de serviços antes consideradas improdutivas passou a ser produtivas e uma conseqüência positiva dessa mudança foi o aumento de sindicalizações dos assalariados;
Exclusão dos jovens: sem a perspectiva de emprego acabam englobando os trabalhadores precários e dos desempregados;
Exclusão dos idosos: pela idade próxima aos 40 anos, excluídos do mercado de trabalho dificilmente conseguem um reingresso e dessa forma se juntam aos trabalhadores informais, aos desempregados, os trabalhos voluntários, etc. Em decorrência disso da exclusão dos idosos ou dos jovens, algumas partes do mundo de forma criminosa vem adotando a força de trabalho de crianças;
Terceiro setor: assume uma forma de ocupação por intermédio de empresas de perfil comunitárias, motivadas por força de trabalho voluntário sem fins lucrativo ou mercantil. Esse movimento se dá com o desdobramento do mercado de trabalho industrial e de serviços em um quadro de desemprego. Essa atividade tem sido desenvolvida por ONGs e/ou associações, tratando-se de uma alternativa para o desemprego e exerce um papel fundamental no mercado. O desempregado não se vê mais dessa forma, na sua visão agora ele pratica atividades efetivas dotadas de sentido social e útil. Com o desmonte do “Welfare State” essas atividades acabam cobrindo as lacunas sociais que foram se abrindo, mesmo que de forma limitada;
Expansão do trabalho em domicílio: pequenas e medias unidades produtivas. Explora também o trabalho feminino;
Capitalismo mundializado: novas regiões industriais emergem e outras desaparecem, além do aumento da industria automotiva. Esse processo de mundialização nos trás uma classe trabalhadora que mescla sua dimensão local, regional, nacional e internacional (ex: a greve dos trabalhadores da GM nos EUA em 1998, em uma unidade pequena da empresa que teve uma grande repercussão no mundo). 
A nova forma de ser do trabalho
	A concepção ampliada de trabalho compreende assalariados, homens, mulheres que vivem da força de trabalho e não se restringe aos trabalhadores manuais diretos, incorporando também um trabalho social, coletivo que vendo sua força de trabalho como mercadoria, abrangendo os trabalhadores improdutivos cujo trabalho não produz diretamente mais-valia, e acrescentamos os trabalhadores improdutivos criadores de antivalor. Hoje também temos a classe trabalhadora rural que vendo sua força de trabalho para o capital. 
	Não fazem parte da classe trabalhadora moderna os gestores do capital, os pequenos empresários, a pequena burguesia urbana e rural e os que vivem de juros e especulação.
	É importante frisar que todo trabalho produtivo é assalariado, mas nem todo trabalhador assalariado é produtivo. A classe trabalhadora de hoje, portanto, é mais ampla do que o proletariado do século passado.
A fábrica moderna e as novas formas do envolvimento
	O termo subsunção utilizado por Marx indica a relação de trabalho e o capital. O trabalho constitui o capital, negativamente, pois é nele que vem sendo integrada a força de trabalho pelo qual o capital adquire sua força. Apesar do capital se subordinar ao capital, ele é elemento vivo que gera conflitos e oposições.
	O capital visa superar uma subordinação meramente formal, transformando-a em real. O modo capitalista de produção pressupõe um envolvimento dos operários, ou seja, formas de capturar sua subjetividade, a subsunção lógica.
Formas de envolvimento operário no fordismo/taylorismo
	O taylorismo e o fordismo integram a subsunção da subjetividade operaria à lógica do capital. O fordismo ainda era uma racionalização inconclusa, pois apesar de instaurar uma sociedade racionalizada, não conseguiu incorporar essa racionalidade no capitalismo que o toyotismo busca desenvolver por meio dos mecanismos de comprometimento dos operários.
	Já o toyotismo não possui pretensão de instaurar uma sociedade racionalizada, mas apenas uma fabrica racionalizada, procurando reconstruir algo que era fundamental na manufatura: o velho nexo psicofísico do trabalho profissional qualificado, em resumo, a participação ativa da inteligência da fantasia, da iniciativa do trabalho. Entretanto, o toyotismo restringe a hegemonia do capital apenas à esfera intrafabril e não amplia para a cadeia produtiva central.
O toyotismo como uma nova forma do envolvimento operário
	Sabemos que com o toyotismo temos a racionalização do trabalho que se constitui pela inserção engajada do trabalho assalariado na produção do capital.
	A captura da subjetividade operaria é algo posto e reposto pelo modo de produção capitalista, mas é sob o toyotismo que a captura da subjetividade adquire seu pleno desenvolvimento real e formal. As microtecnologias na produção, capazes de promover um novo salto na produtividade do trabalho, exigiram um novo envolvimento do trabalho. 
	 O fordismo explorou e ampliou o savoir-faire (habilidade, conhecimento) do operário para a esfera da gerência científica, o toyotismo tente a transferi-lo para a força de trabalho, mas faz isso visando apropriar-se da dimensão intelectual, das capacidades cognitivas, procurando envolver mais forte e intensamente a subjetividade operaria.
	As ideias dos trabalhadores são absorvidas pelas empresas, porém, o processo não se restringea essa dimensão já que parte do saber do trabalhador vai para as máquinas informatizadas que se tornam mais inteligentes. A máquina não pode suprir o trabalhador, ela necessita de uma maior interação, surgindo dessa forma o envolvimento interativo que aumenta ainda mais o estranhamento do trabalhador.
Dimensões da alienação/estranhamento e do fetichismo capitalista
	As formas de fetichismo se dão pelo trabalhador vivo e as maquinas informatizadas e a alienação/estranhamento costuma ocorrer de forma mais intensa nas nos estratos precarizados da força humana de trabalho que tem condições mais desprovidas de direitos e instabilidade cotidiana.
	 Quanto mais o sistema tecnológico da automação e das novas formas de organização do trabalho avança, maior é a alienação. 
O impacto das novas formas de alienação/estranhamento na subjetividade da classe trabalhadora.
	Nessa fase a mundialização se caracteriza pelo desemprego, pela redução e precarização das condições de trabalho. Múltiplas formas de fetichismos e reificações poluem e permeiam o mundo do trabalho com repercussões na vida fora do trabalho. Dos serviços públicos cada vez mais privatizados, do turismo até o consumo no shopping, são evidências do domínio do capital. Nessas condições a subjetividade da classe é transformada em um objeto um “sujeito objeto” que funciona para autoafirmação e a reprodução de uma força estranhada. O individuo chega a se auto alienar, vendendo sua força de trabalho as condições que lhe são impostas. Mas apesar de o trabalho se subordinar ao capital, ele é elemento vivo, medindo forças, gerando conflitos, oposições ao outro pólo.
(04) RECURSOS PARA O BOM ADESTRAMENTO – MICHEL FOUCAULT (VIGIAR E PUNIR)
	O poder disciplinar é um poder que tem como função adestrar para retirar e apropriar-se ainda mais e melhor. Não amarra forças para reduzi-las, mas sim para multiplicá-las e utilizá-las num todo. Separa, analisa, diferencia, leva seus processos de decomposição ate as singularidades necessárias e suficientes. É um poder modesto, desconfiado, que funciona de uma economia calculada, mas permanente.
	O sucesso do poder disciplinar se deve a instrumentos como: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora, e o procedimento de exame. 
A vigilância hierárquica
	Um aparelho que permite ver os efeitos de poder, e onde, os meios de coerção se tornam claramente visíveis. São construídos observatórios da multiplicidade humana. Olhares que devem ver sem ser vistos. Esses observatórios têm modelo de acampamento militar. Encontramos nas cidades operárias, nos hospitais, nas escolas, nos asilos e nas prisões esse tipo de acampamento ou pelo menos algo semelhante.
	Essa estrutura serve para vigiar o espaço interno detalhadamente. O aparelho disciplinar perfeito capacitaria um único olhar que tudo vê permanentemente. Vigiar torna-se uma função definida mas deve fazer parte integrante do processo de produção.na grande manufatura tudo é feito ao toque da campainha, os operários são forçados e oprimidos e os chefes acostumados a ter com eles o ar de superioridade e comando.
	Os observatórios também têm como fundamento quem se comporta mal, quem não cumpre as tarefas, quem comete uma irregularidade, etc. 
Sanção normalizadora 
	É um pequeno mecanismo penal, com suas próprias leis, seus delitos, suas formas particulares de sanção, suas instâncias de julgamento. Seja na escola, no trabalho no exercito, funciona como repressora das micropenalidades do tempo: sejam elas, atrasos, ausências, interrupções. Penalidades da atividade: desatenção, negligencia, falta de zelo. Da maneira de ser: grosseria, desobediência. Do corpo: atitudes incorretas, gestos não conformes, sujeiras. Ou até mesmo da sexualidade: imodéstia, indecência. Trata-se de uma forma de penalizar as frações mais tênues da conduta. 
	A ordem que os castigos disciplinares devem fazer respeitar é de natureza mista: uma artificial colocada de maneira explicita em lei, programa ou regulamento. E uma ordem definida por processos naturais e observáveis, a duração de um aprendizado, o tempo de um exercício, o nível de aptidão.
	Tem também como função de reduzir os desvios, devendo ser, portanto, essencialmente corretivo. É um elemento de um sistema duplo: gratificação sanção. 
	Marcar os desvios, hierarquizar as qualidades, as competências e as aptidões, mas também castigar e recompensar. 
	Pra resumir a arte de punir coloca cinco operações: relacionar os atos, os desempenhos, os comportamentos singulares a um conjunto que é ao mesmo tempo campo de comparação e principio de uma regra a seguir. Diferenciar os indivíduos em relação aos outros também é uma função dessa regra. 
Exame	
	Combina as técnicas da hierarquia com a sanção que normaliza. É também um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, classificar e punir. Estabelece uma divisão entre os indivíduos no qual eles serão diferenciados e sancionados. 
	O exame supõe um mecanismo que liga certo tipo de formação de saber a certa forma de exercício do poder. 
	 É a técnica pela qual o poder em vez de emitir sinais do seu poderio, em vez de impor sua marca a seus súditos capta-se num mecanismo de objetivação.
	Seu resultado é um arquivo inteiro com detalhes e minúcias que se constitui ao nível dos corpos e dos dias. Coloca o individuo num campo de vigilância, situa-o igualmente numa rede de anotações escritas. 
	O exame permite estabelecer: códigos físicos de qualificação, código medico dos sintomas e código escolar ou militar. É feito também a manutenção dos registros. 
	Graças a todo esse procedimento o exame abre duas possibilidades: a constituição do individuo como objeto descritível, analisável. E a constituição de um sistema comparativo que permite a medida de fenômenos globais, a descrição de grupos, a caracterização dos fatos coletivos, a estimativa dos desvios do individuo, etc.

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