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Página | 1 ROTEIRO DE PATOLOGIA 4º Período - Medicina UFPR Toledo Acadêmico: Juliano Xavier Santos Aula 1: Métodos de estudo em Patologia. Uso prático da imuno-histoquímica em patologia cirúrgica: Definir diagnósticos específicos; Determinar fatores prognósticos ou índices proliferativos de neoplasias (rastreamento); Identificar agentes infecciosos e definir a linhagem celular de origem da neoplasia; Método diagnóstico complementar (útil em 95% dos casos e contribui para conduta cirúrgica e terapêutica); Método Técnica utilizada para demonstrar antígenos tissulares pela técnica de imunoperoxidase em tecidos fixados em formalina. Desenvolvimento de anticorpos monoclonais especificidade “revolução marrom” Quando usar? 1- Elucidação do tecido de origem de uma neoplasia indiferenciada; 2- Determinação do órgão de origem de uma neoplasia diferenciada; 3- Subclassificação de linfomas 4- Pesquisa de fatores prognósticos, terapêuticos e índices proliferativos de algumas neoplasias; 5- Identificação de estruturas, organismos e materiais secretados pelas células; 6- Detecção de células neoplásicas metastáticas; Métodos: Estreptavidina-biotina- peroxidase Quando não usar? 1- Extrema indiferenciação de algumas neoplasias; 2- Presença de necrose extrema; 3- Exiguidade da amostra. Cuidado necessário: Fase de escolha dos anticorpos a serem testados; A imuno-histoquímica é eficaz quando há uma escolha direcionada do painel de anticorpos e este fator é extremamente dependente da experiência do patologista. IHQ não determina se a neoplasia é benigna ou maligna. Micro e macrometástases – HE Imuno-histoquímica versus hematoxilina e eosina Atualmente, a dificuldade na detecção de células neoplásicas isoladas ou de pequenos depósitos metastáticos em exame de rotina pode gerar subestadiamento dos pacientes, explicando em parte, a recorrência tumoral. Página | 2 Esses depósitos são chamados de metástases ocultas, ou micrometástases, por não serem observados no exame de rotina, mas através de revisão de lâminas ou emprego de outros métodos. Em se tratando de uma segunda revisão de lâminas coradas por hematoxilina e eosina e por imuno-histoquímica, estudos comprovam que, pela baixa sensibilidade da coloração por HE, o método IHQ - padrão ouro - apresenta maior detecção, por exemplo, de micrometástases. Isso reforça o caráter complementar da técnica de imuno- histoquímica. Entretanto, não há benefícios adicionais do método de IHQ nos casos submetidos a cortes histológicos em diferentes níveis e corado por HE (secção macroscópica a cada 3 a 4 mm). PCR em amostras clínicas PCR Amplificação do DNA; PCRt Amplificação e detecção ocorrem simultaneamente; Monitoriza a fluorescência emitida durante a reação de PCR como um indicador da produção de ampliações; Captura Híbrida tipo II Método: submeter a amostra (em placas) com o DNA do vírus a aquecimento até desnaturá-lo. Insere-se uma sonda com DNA conhecido. Insere-se um anticorpo. A análise do resultado é feita por meio de um espectofotômetro. Hibridização In Situ Fluorescente – FISH A análise é feita em uma lâmina. Permite a visualização de cortes histológicos, identificação e numeração; É mais específico e sensível que os testes imuno-histoquímicos. A técnica para visualização do tecido se baseia em coletar o tecido, fixá-lo na lâmina, colocar a sonda (marca o DNA que se deseja analisar) e lavar para retirar o excesso da sonda (que se liga ao material genético do microrganismo); Utiliza-se RNAr pois estão em todas as células, são conservados (sofrem poucas variações) e as células possuem muitos ribossomos; PCR não consegue analisar o local da infecção, aí a vantagem do FISH. Aplicações 1- Diagnostico de doença; 2- Aconselhamento genético; 3- Análise de danos cromossomais; 4- Genoma comparativo; Fatores negativos: Má fixação da sonda; Degradação da sonda por nucleases presente do organismo; Citometria de fluxo e anatomia patológica Citometria: É uma técnica utilizada para contar, examinar e classificar partículas Página | 3 microscópicas suspensas em meio líquido em fluxo. Amostra de sangue é colocada numa maquina específica, com sensores para luz e para fluorescência. Desvantagem: precisa da amostra a fresco; Anatomia: Anatomia patológica é um ramo da patologia e da medicina que lida com o diagnóstico das doenças baseado no exame macroscópico de peças cirúrgicas e microscópico para o exame de células e tecidos; Necrose Se a morte celular ocorre em um organismo vivo e é seguida de autólise, o processo recebe nome de NECROSE. Autólise: degradação enzimática dos componentes da célula por enzimas da própria célula liberadas dos lisossomos pode ser no indivíduo vivo ou morto. Apoptose Morte por processo no qual a célula sofre contração e condensação de suas estruturas, fragmenta-se e são fagocitadas por células vizinhas ou por macrófagos, não ocorrendo o processo de autólise. Ex.: processos de metamorfose. Aula 2: Morfologia de células mortas (características da apoptose e da necrose). Figura 1: características morfológicas da apoptose e da necrose. Apoptose (morte celular programada): é um processo essencial para a manutenção do desenvolvimento dos seres vivos, sendo importante para eliminar células supérfluas ou defeituosas. Durante a apoptose, a célula sofre alterações morfológicas características desse tipo de morte celular. Tais alterações incluem: Retração da célula; Perda de aderência com a matriz extracelular e células vizinhas; Condensação da cromatina; Fragmentação internucleossômica do DNA; Formação dos corpos apoptóticos. Figura 2: Em A, observa-se condensação nuclear. Em B, observa-se fragmentação nuclear e formação de corpos apoptóticos. Fonte: Elsevier. Kumar et al: Robbins Basic Pathology 8e - http://www.studentconsult.com/. Página | 4 Necrose: o termo é do cotidiano do médico patologista. Significa uma série de alterações morfológicas que ocorrem após a morte celular de um tecido vivo, devido à ação progressiva de enzimas nas células que sofreram uma lesão letal. As células necróticas são incapazes de manter a integridade das membranas e seu conteúdo geralmente extravasa, gerando inflamação local no tecido adjacente. As características morfológicas da necrose resultam da desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática da célula, por lisossomos das células mortas ou por leucócitos que migram para a região durante o processo inflamatório. Durante a necrose, a célula sofre alterações morfológicas características desse tipo de morte celular. Tais alterações incluem: Há um aumento da eosinofilia, devido ao aumento da ligação da eosina às proteínas citoplasmáticas desnaturadas. O citoplasma se apresenta com vários vacúolos e com um aspecto corroído. Também ocorrem alterações nucleares, que podem ser de três tipos: 1. Cariólise: diminuição da basofilia da cromatina. 2. Picnose: encolhimento do núcleo e aumento da basofilia. 3. Cariorréxis: fragmentação do núcleo picnótico ou parcialmente picnótico. Com o tempo, podeocorrer desaparecimento total do núcleo. Figura 3: Transformações nucleares e citoplasmáticas observadas nas células de baço que sofreram necrose por coagulação. Em A, observam-se as células normais que compõem o baço; em B, núcleo em picnose, com diminuição de volume e intensa basofilia (hipercromatismo); em C, cariorrexe, ou seja, distribuição irregular da cromatina, a qual se acumula na membrana nuclear; nessa fase, o núcleo pode se fragmentar (D); em E, dissolução da cromatina e desaparecimento da estrutura nuclear. Observa-se também granulação do citoplasma, o qual se torna também intensamente eosinofílico (HE, 1000X). Fonte: disponível em <www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoartenec.ht m.> Página | 5 Aula 3: Tipos de necrose. Termos importantes: Picnose: retração/condensação da cromatina, que toma aspecto denso e escuro; Cariorrexe: fragmentação da cromatina; Cariólise: desaparecimento do núcleo; Necrose fibrinoide Tipo especial de necrose; Processo patológico com alterações morfológicas características de lesão celular irreversível. Coloração rósea- brilhante, em HE, devido à combinação dos imunocomplexos com o extravasamento da fibrina, sem limites definidos, com redução no número de núcleos na área afetada com degradação dos componentes tissulares; Essa necrose é produto da deposição de imunocomplexos circulantes (com posterior fixação do complemento) e da degradação de fibrina exsudada, de fibras colágenas, e de glicoproteínas e células locais; Geralmente, é observada nas reações imunes que envolvem deposição de imunocomplexos na parede de vasos sanguíneos. Página | 6 Figura 4: fases da necrose fibrinoide. I) formação de imunocomplexos na circulação; II) depósito desses imunocomplexos no endotélio vascular; recrutamento de neutrófilos; participação do sistema complemento; III) destruição da parede o endotélio; liberação da fibrina, que caracterizará o aspecto rósea-brilhante. Fonte: ABBAS, Abul K; FAUSTO, Nelson; KUMAR, Vinay; COTRAN, Ramzi S; ASTER, Jon C; ROBBINS, Stanley L.: Robbins e Cotran: Patologia - Bases patológicas das doenças. 8. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Figura 5: célula característica de necrose fibrinoide. Luz obliterada e parede vascular com infiltrado fibrinoide. Fonte: disponível em <http://anatpat.unicamp.br/lamdegn7.html> Necrose coagulativa Forma de necrose mais comum na qual a arquitetura tecidual básica dos tecidos é preservada, por pelo menos alguns dias. Causas Toxinas bacterianas Agentes químicos Isquemia Síndrome de Sheehan (ou necrose pituitária pós-parto) é um hipopituitarismo resultante da necrose da glândula pituitária em decorrência da intensa perda de sangue e consequente choque hipovolêmico que ocorre durante ou após o parto. Necrose Liquefativa Células necróticas são fagocitadas rapidamente; Ocorre leucocitose na região; Digestão por enzimas da própria célula ou de leucócitos ao redor; Tecido passa a ser uma massa viscosa liquida amarelada; Macroscopicamente: órgão com consistência mole, formação de cavidade cística, pode ter pus; Exemplos: Infarto cerebral; Abcesso cerebral; Edema cerebral aumento/inchaço dos astrócitos; Lembrar: Página | 7 Células espumosas: são monócitos que têm esse nome devido ao aspecto característico de espuma ocasionado pelo excesso de lipídeos que são internalizados por eles. Necrose Caseosa O tecido necrosado apresenta aspecto de queijo; Acúmulo de alimento nas tonsilas palatinas caseous; Tuberculose; granulomas; Causa: infecção bacteriana (principalmente Mycobacteruim tuberculosis, mas pode ser causada pelo Treponema pallidum e alguns fungos como Histoplasma capsulatum); A resposta imune ao patógeno é que gera a intensificação do quadro; Nódulos tendem a serem calcificados (porção basófila – mais roxa); Em coloração HE, observa-se uma área acelular circundada por um processo inflamatório granulomatoso. Macroscopicamente se apresenta como um granuloma com aspecto de queijo, com algumas áreas de cavitação, essa lesão recebe o nome de Complexo de Ghon. Necrose gordurosa Não identifica um padrão específico de necrose; Ação lítica de enzimas pancreáticas comumente encontradas a partir da inflamação aguda do pâncreas, causando destruição dos ácinos pancreáticos com liberação de lipases e proteases; Infiltrado de células inflamatórias; Reação granulomatosa; Presença de hemossiderina (decomposição da hemoglobina – coloração azulada); Filamentos em forma de agulha dentro dos adipócitos; Necrose gangrenosa Forma especial de necrose isquêmica em que o tecido necrótico sofre modificações por agentes do ar ou por bactérias; Pode ficar negra por sofrer alterações da hemoglobina; Três tipos: 1. SECA 2. ÚMIDA 3. GASOSA Mudança na cor da pele; Presença de odor; Dor severa seguida de uma sensação de dormência/sensibilidade; Aula 4: Morfologia dos acúmulos intracelulares. As células podem acumular quantidades anormais de várias substâncias; A substância pode estar localizada no citoplasma, no interior de organelas (tipicamente os lisossomos) ou no Página | 8 núcleo e pode ser sintetizada pelas células afetadas ou produzida em qualquer outro lugar; Existem várias vias principais de acumulações intracelulares: 1. Metabolismo anormal, como na degeneração gordurosa do fígado; 2. Mutações que causam alterações no dobramento e transporte de proteína, tal que moléculas defeituosas acumulam-se intracelularmente; 3. Deficiência de enzimas cruciais, responsáveis pela quebra de certos compostos, causando substratos que se acumulam nos lisossomos, como nas doenças de armazenamento lisossômico; 4. Incapacidade de degradar partículas fagocitadas, como na acumulação do pigmento carbono. DEGENERAÇÃO GORDUROSA (ESTEATOSE) Degeneração gordurosa: qualquer acumulação de triglicérides dentro das células do parênquima (mais observada no fígado); A esteatose pode ser causada por toxinas (alteram a função das mitocôndrias e do REL), desnutrição proteica (diminui a síntese de apoproteínas), diabetes melitus, obesidade e anóxia (inibe a oxidação dos ácidos gordos); O abuso de álcool e o diabetes associado com a obesidade são as causas mais comuns da degeneração gordurosa do fígado nos países industrializados; A alteração gordurosa mais acentuada pode de forma transitória prejudicar a função celular, porém a menos que algum processo intracelular vital seja irreversivelmente danificado, a degeneração gordurosa é reversível. Morfologia A acumulação gordurosa aparece como vacúolos claros no interior das células parenquimatosas; A gordura é identificada pela coloração com Sudan IV ou Oil Red O (coram a gordura em vermelho-alaranjado); O glicogênio pode ser identificado pela coloração para polissacáridos, utilizando-se o corante ácido periódico-Schiff (cora o glicogénio de vermelho-violeta). Figura 6: fígado gorduroso. Detalhe, em grande aumento, da esteatose hepática. Na maioria das células, o núcleo bem preservado é deslocado para a periferia junto com o citoplasma, ao redor do vacúolo de gordura. Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9.Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. COLESTEROL E ÉSTERES DE COLESTEROL Os macrófagos em contato com restos de lipídios das células necróticas ou formas anormais de lipoproteínas (ex.: Página | 9 oxidadas) podem tornar-se cheios de lipídio fagocitado, tornando-se preenchidos com pequenos vacúolos de lipídios revestidos por membrana, conferindo uma aparência espumosa no seu citoplasma (células espumosas); Ex.: aterosclerose e xantomas. Figura 7: Colesterolose. Macrófagos carregados de colesterol (células espumosas, seta) em um foco de colesterolose da vesícula biliar. Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. PROTEÍNAS Podem ocorrer acumulações de proteínas porque os excessos são apresentados às células ou porque as células sintetizam quantidades excessivas. Exemplos: Síndrome nefrótica: gotículas de reabsorção de proteína nos túbulos contornados proximais de cor hialina rósea; Acumulação de imunoglobulinas recentemente sintetizadas nos RER de alguns plasmócitos – corpúsculos de Russell (redondos e eosinófilos). Figura 8: Gotas de reabsorção de proteínas no epitélio tubular renal. Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. GLICOGÊNIO Excessivos depósitos intracelulares de glicogênio estão associados a anormalidades no metabolismo da glicose ou do glicogénio. Ex.: Diabetes mellitus acumula-se no epitélio tubular renal, nos miócitos e nas células β dos Ilhéus de Langerhans. PIGMENTOS São substâncias coloridas que são exógenas ou endógenas; Carbono (indigerível); Pigmento exógeno mais comum; Quando inalado, é fagocitado pelos macrófagos alveolares e transportado através de canais linfáticos para os nódulos linfáticos traqueobrônquicos; Os agregados do pigmento escurecem os nódulos e o parênquima pulmonar (antracose). Lipofuscina (indigerível) Pigmento endógeno, designado por “pigmento do desgaste”; Produto de degradação da peroxidação lipídica; Página | 10 Material intracelular granular, castanho- amarelado, que se acumula em vários tecidos (ex.: coração, fígado e cérebro) como consequência do envelhecimento ou da atrofia; Não é nociva à célula, mas é importante como marcador de lesão antiga por radical livre; O pigmento marrom, quando presente em grandes quantidades, confere ao tecido uma aparência que é chamada de atrofia marrom. Figura 9: Grânulos de lipofuscina em miócitos cardíacos mostrados por (A) microscopia óptica (depósitos indicados pelas setas) e (B) microscopia eletrônica (observe a localização perinuclear, intralisossômica). Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Melanina Pigmento endógeno, preto-acastanhado; Sintetizada exclusivamente pelos melanócitos localizados na epiderme e atua como protetor contra a radiação UV prejudicial; Os queratinócitos basais adjacentes da pele podem acumular o pigmento (ex.: sardas), assim como os macrófagos da derme. Hemossiderina Pigmento granular, derivado da hemoglobina, amarelo à castanho- dourado, que se acumula nos tecidos onde há um excesso de ferro, local ou sistêmico; Normalmente, o ferro é armazenado no interior das células em associação com a apoferritina, formando as micelas de ferritina; Este pigmento representa grandes agregados dessas micelas de ferritina, facilmente visualizados em MO pela reação histoquímica do azul-da-prússia; Os excessos locais de ferro e, consequentemente, de hemossiderina, resultam de hemorragia; como a equimose comum, em que os íons ferro da hemoglobina acumulam-se como hemossiderina amarelo-dourado; Sempre que há uma sobrecarga sistémica de ferro, a hemossiderina é depositada em muitos órgãos e tecidos – hemossiderose com a progressão da acumulação, as células parenquimatosas tornam-se “bronzeadas” (fígado, pâncreas, coração e órgãos endócrinos, sem lesão no tecido); Ocorre nas condições de absorção aumentada de ferro alimentar, uso comprometido de ferro, anemias hemolíticas e transfusões; acumulação de ferro mais extensa é visto na hemocromatose hereditária, com lesão no tecido, incluindo fibrose hepática, falência cardíaca e diabetes mellitus. CALCIFICAÇÃO PATOLÓGICA Implica o depósito anormal de sais de cálcio, em combinação com pequenas quantidades de ferro, magnésio e outros minerais; Existem dois tipos de calcificação: calcificação distrófica e calcificação metastática; CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA O depósito de cálcio ocorre nos tecidos mortos ou que estão morrendo, que A B Página | 11 ocorre na ausência de desarranjos metabólicos do cálcio (ex.: com níveis séricos normais de cálcio); É encontrada em áreas de necrose de qualquer tipo. Ex.: Ateromas da aterosclerose avançada; Calcificação distrófica das valvas aórticas é causa importante da estenose aórtica nos idosos; A patogenia da calcificação distrófica envolve a iniciação (ou nucleação) e a propagação, ambos podendo ser intra ou extracelulares, sendo o produto final a formação de fosfato de cálcio cristalino; A iniciação extracelular ocorre em vesículas revestidas por membrana originadas de células degeneradas, na calcificação patológica; A iniciação intracelular ocorre nas mitocôndrias de células mortas ou que estão morrendo; A formação dos cristais depende da concentração de Ca2+ e do PO4- nos espaços extracelulares, da presença de inibidores do mineral e do grau de colagenização, o qual aumenta a taxa de crescimento do cristal; Morfologia: Os sais de cálcio são vistos macroscopicamente como grânulos finos brancos ou agregados, muitas vezes palpáveis como depósitos arenosos; histologicamente, a calcificação aparece como depósitos basófilos intra ou extracelulares; com o tempo, pode ser formado osso heterotípico no foco da calcificação. Aula 5: Dissecação animal. 1. Após pinçar a parede cutânea abdominal do rato Wistar, corta- se, com uma tesoura, em sentido longitudinal, aproximadamente seis centímetros; 2. Realiza-se uma incisão com o bisturi sobre a musculatura abdominal, a fim de evidenciar os órgãos abdominais e pélvicos, em um primeiro momento; 3. Retira-se, para melhor visualização, o estômago, o intestino, o fígado (cuidado para não seccionar os lobos), o pâncreas, o baço e os dois rins; 4. Procura-se por possíveis áreas de necrose ou quaisquer outras alterações macroscópicas; 5. Com uma tesoura, cortam-se as costelas (cartilaginosas), a fim de evidenciar as estruturas torácicas; 6. Atentar-se às alterações macroscópicas pulmonares, que podem estar presentes devido à forma como o rato foi sedado; 7. Reposiciona-se o rato em decúbito ventral; retira-se o tecido cutâneo com uma tesoura e expõe, por meio de um bisturi, a coluna cervical e torácica do rato, que serão dissecadas para visualização da medula espinhal; Aula 6: Análise dos aspectos macroscópicos e microscópicos das peças do laboratório de Patologia. 1. Preparação de solução para conservação das peças anatômicas; Materiais: 01 balão Página | 12 01 proveta 01 becker Lembrar A ordem de melhor material para quantificar volumes é:Balão > Proveta > Becker 2. Análise das peças: i. Útero gravídico: Presença de miomas; Presença de 01 feto; ii. Intestino grosso: Suspeita de Síndrome de Crohn; Pólipos; iii. Rim: Hidronefrose; Cálculos; Áreas de necrose (desafio no laboratório: com base nos seus conhecimentos prévios, classifique qual o tipo de necrose presente); Aula 7: Distúrbios inflamatórios: Tecido pulmonar e TGI. Processos inflamatórios pulmonares – SARA As membranas hialinas alveolares consistem em um líquido de edema rico em fibrina, misturado com resíduos citoplasmáticos e lipídicos de células epiteliais necróticas; Mecanismo: Ativação endotelial: lesão Adesão e extravasamento de neutrófilos: degranulam e liberam mediadores inflamatórios (proteases, ROS e citocinas). Acúmulo de fluido intra-alveolar e formação de membranas hialinas; Resolução da lesão: macrófagos liberam citocinas fibrogênicas crescimento de fibroblastos e deposição de colágeno = Fibrose das paredes alveolares. Inflamação do Trato Gastrointestinal (doença de Crohn) Principalmente no íleo terminal; Lesões salteadas e estreitamento; Úlcera aftosa úlceras alongadas e serpentiformes; Edema e perda de textura; Tecido normal = pedra de calçamento; Parede intestinal espessada e borrachuda; Abscessos de criptas neutrófilos Distorção da arquitetura da mucosa; Atrofia da mucosa; Granuloma não caseoso; Aula 8: Distúrbios inflamatórios: sistema renal, sistema nervoso e pele. Processos inflamatórios renais Rim: Página | 13 Envolvido por uma capsula fibrosa; Unidade funcional: néfron; Dividido em medula e córtex; Capsula de Bowman; Túbulo contorcido proximal: tem vilos; Alça de Henle: epitélio cubico simples, permeabilidade hídrica; Lúpus Eritematoso Sistêmico: exantema malar, hipertensão, proteinúria, hematúria, anticorpo antinuclear (AAN) ~autoanticorpo~. Hipersensibilidade tipo III depósito de imunocomplexos. Proliferação de células endoteliais mesangiais e células epiteliais Alça de arame: espessamento da parede dos capilares devido às lesões induzidas pelos imunocomplexos Túbulo contorcido distal: não tem vilos Nefrite pós-estreptocócica: hipersensibilidade tipo III Processos inflamatórios do sistema nervoso Dedos de Dawson: desmielinização do córtex – ao redor do corpo caloso e na substancia branca periventricular esclerose múltipla; Na ressonância: sinal discreto antigo Sinal crescente recente/ativo Neurite óptica: focos de desmielinização do nervo óptico Sinal do cruzamento arteriovenoso: hipertensão intraocular vasodilatação oclusão das vênulas focos lesivos/necróticos/hemorrágicos congestão venosa (ocular); Histologia: citoplasma dos macrófagos xantomatosos cora-se em vermelho (pois fagocitaram lipídios). Inflamação da pele Pele: epiderme (camada basal + espinhosa - têm células tronco- camada granulosa, camada lúcida –perda de muco e organelas, camada córnea), derme e hipoderme. Epiderme: queratinócitos (mais escuros), melanócitos (são mais claros), discos de Merkel, células de langehans. Hipoderme; Estrato basal e espinhoso mitoticamente ativos Psoríase: Doença inflamatória crônica, com atividade hiperproliferativa da pele e causa desconhecida; Quadro clínico: placas eritemato- escamosas bem delimitadas, tamanhos variadas, pode haver prurido ou queimação; Diagnóstico clínico: sinal da vela; sinal do orvalho sangrento; Tratamento: não tem cura; tratamento paliativo; Histologia da lesão: Página | 14 Acantose de padrão psoriasiforme (formas de clava) camada espinhosa (papilas) alongada e edemaciada; Desaparecimento da camada granulosa e núcleos na camada córnea; Neutrófilos degenerados: microabscessos de Munro - entre a córnea e a espinhosa (uma vez que já não se tem a camada granulosa). Aula 10: ATIVIDADE DIRIGIDA: Aspectos microscópicos e macroscópicos da regeneração e da cicatrização por 1ª e 2ª intenção. Termos importantes: Reparo tecidos parenquimatosos e conjuntivos. Cura epitélios de superfície. Reparo tecidual Regeneração: Por meio de células teciduais não lesadas; Capacidade limitada apenas alguns tecidos conseguem recuperar-se plenamente. Mecanismos Deposição de tecido conjuntivo: Formação de cicatriz; Quando o tecido lesado não consegue restituir-se ou se as estruturas de suporte tecidual estiverem muito lesadas, ocorrerá cicatrização; Fibrose deposição de colágeno; Fibrose + exsudato inflamatório = organização. Fatores de crescimento envolvidos: PDGFs, FGF-2 e TGF-β, sendo este o mais importante para a síntese e deposição de proteínas do tecido conjuntivo; TGF-β: estimula a proliferação/migração de fibroblastos, aumento da síntese de colágeno e fibronectina, e redução na degradação da MEC pela inibição das metaloproteinases. Associado a fibroses; é uma citocina anti- inflamatória; Proliferação celular Tecidos lábeis/instáveis (alta divisão celular): Células são perdidas constantemente e repostas por maturação das células-tronco e pela proliferação de células maduras; Células hematopoiéticas na medula óssea e maioria dos epitélios de superfície; Tecido colunar TGI, útero e trompas de Falópio, e transicional do TU. Fatores de crescimento indefinidos; Perda de hemácias é corrigida pela proliferação de células-tronco hematopoiéticas pela influência dos Fatores Estimuladores de Colônia (CSFs); Tecidos estáveis: As células desse tecido são quiescentes (estágio G0 do ciclo celular); Baixa atividade proliferativa; Página | 15 São capazes de se dividir após lesão; Parênquima da maior parte dos tecidos sólidos como rim, pâncreas e fígado; Células endoteliais, fibroblastos e musculares lisas; Capacidade limitada de regeneração (exceto fígado); Tecidos permanentes: Células diferenciadas e não proliferativas na vida pós-natal; Neurônios e células miocárdicas; Formação de cicatriz; Tecido esquelético é permanente, mas possui células satélites que são atraídas para a bainha endomisial e fornecem capacidade regenerativa; Fatores de crescimento Fonte: macrófagos, células epiteliais e estromais; Lingam-se à proteína MEC por meio de integrinas; Regeneração hepática 1. Proliferação de hepatócitos: Após até 90% da ressecção do fígado; Citocinas + fatores de crescimento polipeptídicos; Priming: células de Kupfer produzem IL-6, fazendo com que as células parenquimotosas se tornem sensíveis aos fatores de crescimento; Fatores de crescimento como HGF e TNF α estimulam o metabolismo celular e a entrada das células no ciclo celular; Há estímulos por sinais de parada, envolvendo provavelmente o fator TGF β; 2. Regeneração a partir de células progenitoras: Quando a capacidade proliferativa dos hepatócitos é prejudicada, como na inflamação crônica hepática; Células ovais (em roedores) ficam em nichos específicos, os canais de Hering, onde os canalículos biliares se conectam aos ductos maiores; Cicatrização Ocorre quandoo reparo não pode ser alcançado apenas pela regeneração; Angiogênese Formação de novos vasos; Vasos recém-formados podem extravasar pelas junções interendoteliais incompletas devido ao VEGF (fator de crescimento que aciona a Angiogênese e aumenta a permeabilidade vascular); Formação do tecido de granulação Migração e deposição de Fibroblastos + deposição de tecido conjuntivo frouxo + vasos e leucócitos entremeados; Aparência rósea, macia e granular. Matriz extracelular frouxa se mistura com células inflamatórias, principalmente macrófagos; 3. Remodelamento do tecido conjuntivo: Maturação e reorganização do tecido conjuntivo – Página | 16 remodelamento – produzindo uma cicatriz fibrosa estável; Os macrófagos envolvidos são principalmente do tipo 2 (ativados alternativamente). Macrófagos ativados classicamente dominam na fase de inflamação e estão envolvidos na eliminação dos microrganismos e tecidos mortos; Vasodilatação, pelo NO, e maior permeabilidade, pelo VEGF; Separação de pericitos da superfície abluminal e quebra da membrana basal permite a formação do broto vascular; Migração de células endoteliais para a lesão; Proliferação de células endoteliais logo atrás das células migratórias orientadas (“de ponta”); Remodelamento dos tubos capilares; Recrutamento de células periendoteliais (periquitos para pequenos capilares e células musculares lisas para vasos maiores) para a formação do vaso maduro; Supressão da proliferação, com migração endotelial e deposição da membrana basal; Fatores de crescimento Fator de crescimento vascular (VEGF): principalmente VEGF-A; Angiopoietinas 1e 2 (ANG-1 e ANG-2. A ANG-1 interage com um receptor tirosina-cinase nas células endoteliais, o Tie2; Fator de crescimento de fibroblastos (FGF): principalmente FGF-2; PDGF recruta células musculares lisas; TGFβ inibe a proliferação e a migração endotelial; Sinalização de Notch: VEGF, via Notch, regula o brotamento e a formação de ramos de vasos novos. Garante espaçamento adequado para vasos neoformados; Proteínas e enzimas da MEC participam do processo de brotamento dos vasos. Destaque para as enzimas metaloproteinases (MMPs) – MMP-1, -2, -3 clivam colágeno fibrilar enquanto a MMP2 e 9 degradam colágeno amorfo e fibronectina e MMP3 -10 -11 degradam proteoglicanos, laminina, fibronectina e colágeno amorfo - , que degradam a MEC para permitir o remodelamento e extensão do tubo vascular; enzimas inativas zimogênios ativados pela protease plasmina. TIMPS inibidores das MMPs Resolução: reparo subsequente por meio da digestão do exsudato; Cura por primeira intenção 1. Inflamação; 2. Proliferação (de células epiteliais e outras células); PDFG, EGF, TGF-β e FGF 3. Maturação (da cicatriz do tecido conjuntivo); Cura por segunda intenção A perda de células ou tecidos é mais extensa, como ocorre em grandes feridas, abcessos, ulcerações e na necrose isquemia (infarto) de órgãos parenquimatosos, o processo de reparo envolve uma combinação de regeneração e cicatrização; Página | 17 Contração; Resistência da ferida Enquanto a sutura está presente = possui 70% da resistência da pele hígida; 01 semana após remoção das suturas = 10%; 3 meses depois: 70-80%; Anormalidades no reparo de tecidos 1. Deiscência: ruptura de uma ferida; 2. Ulceração; 3. Cicatriz hipertrófica; 4. Queloide (cicatriz cresce além das margens da ferida); Figura 10: Queloide. A, Excesso de deposição de colágeno na pele formando uma cicatriz sobrelevada conhecida como queloide. B, observe a deposição espessa de tecido conjuntivo na derme. Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 5. Granulação exuberante; Proliferação exuberante de fibroblastos e outros elementos de tecido conjuntivo desmoides ou fibromatoses agressivas; 6. Contração (queimaduras); Aula 11: Visita ao laboratório APC - Cascavel. Roteiro Laboratório: Etapa pré-laboratorial: O médico, após realizar a biópsia, deve realizar 3 passos: abrir, olhar e conferir (a fim de se evitar que alguma biópsia seja mandada trocada ou ainda ausente – frasco vazio); O médico deve fixar a peça antes de enviá-la ao laboratório, para evitar que o tecido seja necrosado; Quando a peça estiver fixada, a coloração deverá ser acastanhada. 1. Recepção do material: - cuidados para não haver troca de exames etiquetas; - cadastro (etapa fundamental); 2. Macroscopia: - fixação do material: formol 10%; - outros: citologia, citologia em meio líquido, glutaraldeído etc.; - dúvida quanto à fixação do material que será feito análise? Contate o patologista/laboratório. 3. Histotécnica: i. Material coletado é fixado; ii. Após fixar, colocar na “aranha” para retirar A B Página | 18 toda a água e gordura presentes no material para poder fixar a parafina; iii. Fixação da parafina; iv. Corte dos blocos (cubos); Coloração: 1. Básicas: HE e Papanicolau; 2. Específicas; Microscopia/Laudos: 1. Análise das lâminas; 2. Procura-se por aquilo de mais alterado; 3. Separam-se os casos mais interessantes para possíveis publicações; Métodos imunológicos e genéticos: Realizados externamente (serviços terciários); Imuno-histoquímica; Genética: mutações; Educação continuada: - livros; - fitas de congressos/cursos/jornadas: TVMed; - internet: PathologyOutlines; Uscap (The United States and Canadian Academy of Pathology) – acesso gratuito; WebPathology (atlas de patologia); Aulas 12 e 13: 1. Distúrbios Hemorrágicos Os distúrbios hemorrágicos, caracterizados por uma tendência ao sangramento fácil, podem ser resultantes de defeitos dos vasos sanguíneos ou de anormalidades do sangue em si. As anormalidades podem ser dos fatores da coagulação ou das plaquetas. Normalmente, o sangue encontra-se confinado no interior dos vasos sanguíneos – artérias, capilares e veias. Quando ocorre um sangramento (hemorragia), o sangue extravasa desses vasos, para dentro ou para fora do corpo. O corpo impede ou controla o sangramento de várias maneiras. A homeostasia é a forma com que o corpo impede os vasos sanguíneos lesados de sangrarem. Ela envolve três processos principais: constrição dos vasos sanguíneos, atividade plaquetária (partículas de forma irregular, semelhantes a células, presentes no sangue e que estão envolvidas na coagulação) e atividade dos fatores da coagulação (proteínas dissolvidas no plasma, a parte líquida do sangue). Anormalidades desses processos podem acarretar sangramento excessivo ou coagulação excessiva, ambos podendo ser perigosos. Hematidrose Extravasamento do sangue das artérias às glândulas sudoríparas próximas; Glândula apócrina: desembocam no meio externo (axilas e região púbica); Glândula écrina: distribuem-se por toda a pele do corpo, sendo Página | 19 mais numerosas nas palmas das mãos e planta dos pés; Tratamento: imipramina, sertralina e propranolol; 2- Aterosclerose Aterogênese: A aterosclerose é uma doença inflamatória crônicade origem multifatorial que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de médio e grande calibre. A formação da placa aterosclerótica inicia- se com a agressão ao endotélio vascular devida a diversos fatores de risco como dislipidemia, hipertensão arterial ou tabagismo. Como consequência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da íntima às lipoproteínas plasmáticas, favorecendo a retenção das mesmas no espaço subendotelial. Mediante interação com os macrófagos, por exemplo, as células T podem se diferenciar e produzir citocinas que modulam o processo inflamatório local. Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e proliferação das células musculares lisas da camada média arterial. Estas, ao migrarem para a íntima, passam a produzir não só citocinas e fatores de crescimento, mas também matriz extracelular, que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica. A placa aterosclerótica plenamente desenvolvida é constituída por elementos celulares, componentes da matriz extracelular e núcleo lipídico e necrótico, formado principalmente por debris de células mortas. As placas estáveis caracterizam- se por predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e núcleo lipídico e necrótico de proporções menores. As instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo lipídico e necrótico proeminente e capa fibrótica tênue. A ruptura desta capa expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente. Este processo, também conhecido por aterotrombose, é um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose. Figura 11: Estrutura básica de uma placa aterosclerótica. Perceba que a aterosclerose é um processo basicamente da íntima. Seta preta: capa fibrosa (células musculares lisas, macrófagos, células espumosas, linfócitos, colágeno, elastina, proteoglicanas e neovascularização). Seta branca: centro necrótico (detritos celulares, cristais de colesterol, células espumosas e cálcio). Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Página | 20 Figura 12: Evolução das alterações das paredes arteriais na hipótese da resposta à injúria. 1, Normal. 2, Lesão endotelial com adesão de monócitos e plaquetas. 3, Migração de células musculares lisas e monócitos na íntima, com ativação macrofágica. 4, Captação de lipídios modificados por macrófagos e células musculares lisas com posterior ativação e recrutamento de células T. 5, Proliferação das células musculares lisas da íntima com produção de matriz extracelular, formando uma placa bem desenvolvida. Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 3- Infarto Um infarto é uma área tecidual de necrose isquêmica causada pela obstrução, seja do suprimento arterial ou da drenagem venosa; A trombose arterial ou embolia arterial é a causa da grande maioria de infartos. Causas menos comuns de obstrução arterial resultando em infartos incluem o vasoespasmo local, a hemorragia dentro de uma placa ateromatosa, ou a compressão extrínseca do vaso (p. ex., por tumor). Outras causas incomuns de infartos teciduais incluem a torção dos vasos (p. ex., na torção testicular ou nos vólvulos intestinais), a ruptura vasculartraumática, ou ainda a compressão vascular por edema (p. ex., síndrome do compartimento anterior) ou pelo aprisionamento em um saco herniário. Ainda que a trombose venosa possa causar um infarto, o resultado mais comum é apenas a congestão; Mixoma cardíaco e obstrução da artéria mesentérica superior: Tumor primário mais comum do coração (75% a 80%); surgimento: no endocárdio, de uma célula mesenquimal ou multipotente. Tamanho médio 5 cm, peso de 50g a 60g; sintomatologia: mais comum as manifestações de insuficiência cardíaca. Exame físico – ausculta cardíaca. Predomínio de mixomas lado esquerdo – sistema de embolismos (cerebral e periférico) infarto. Diagnóstico: ecocardiograma. Tratamento: remoção cirúrgica. 4- Edema Os distúrbios que afetam as funções cardiovascular, renal ou hepática geralmente são marcados pelo acúmulo de líquido nos tecidos (edemas) ou nas cavidades corporais fechadas (efusões). Sob circunstâncias normais, a tendência Página | 21 de a pressão hidrostática vascular empurrar água e sais de dentro dos capilares para o espaço intersticial é praticamente balanceada pela tendência de a pressão coloidosmótica plasmática puxar água e sais de volta para o leito venoso. Ocorre, habitualmente, um pequeno espalhamento de líquido no interstício, mas ele é drenado pelos vasos linfáticos e retorna, no final, para a corrente sanguínea através do ducto torácico, mantendo os tecidos “secos”. A pressão hidrostática elevada ou a pressão coloidosmótica diminuída rompe esse balanço e resulta no aumento da saída de líquido dos vasos. Se a taxa da saída de líquido exceder a capacidade de drenagem linfática, o líquido se acumulará. Nos tecidos, isso resulta em edema, e, se uma superfície serosa estiver envolvida, o líquido pode se acumular dentro da cavidade serosa do corpo resultando em uma efusão; Edema Pulmonar Agudo 1. Aumento da pressão hidrostática capilar; 2. Alteração da permeabilidade alvéolo- capilar; 3. Redução da pressão coloidosmótica do plasma; 4. Alteração da drenagem linfática; 5. Elevação da pressão negativa intersticial. Tabela 1: Causas de edema agudo de pulmão. MECANISMO ETIOPATOGENIA Aumento da pressão capilar do pulmão Cardiogênico (ICC, IAM, estenose mitral, cardioversão elétrica) Permeabilidade alvéolo-capilar aumentada Edema pulmonar infeccioso (pneumonia) Inalação de agentes tóxicos Substancias vasoativas Afogamento Inalação de fumaça Síndrome da Angústia Respiratória Aguda Diminuição da pressão oncótica do plasma Hipoalbulinemias relacionadas a nefropatias, hepatopatias e distúrbios nutricionais Alteração da drenagem linfática Aspiração pleural exagerada (quilotórax) Grandes altitudes Aumento da pressão negativa intersticial ou mecanismos mistos Neurogênico: TCE, AVE Intoxicação por heroína Embolia pulmonar Doenças parenquimatosas pulmonares Eclampsia Intoxicação por organofosforados Página | 22 Figura 13: radiografia de tórax normal. Fonte: arquivo pessoal. Figura 14: Redistribuição vascular pulmonar, borramento difuso dos campos e imagem peri-hilar em “asa de borboleta”. A radiografia e característica para o edema pulmonar agudo. Discreta cardiomegalia, com aumento do ventrículo esquerdo, o que pode sugerir uma insuficiência cardíaca. Fonte: disponível em <https://www.misodor.com/CC2.html> Figura 15: PULMÃO. EDEMA AGUDO, CONGESTÃO. NOTE OS SEPTOS INTERALVEOLARES COM CAPILARES REPLETOS DE HEMÁCIAS (CONGESTOS) E OS ESPAÇOS ALVEOLARES COM MATERIAL RÓSEO E HOMOGÊNEO (LÍQUIDO DE EDEMA). OBSERVE OS MACRÓFAGOS (SETA), ESPARSAMENTE DISTRIBUIDOS, E ESCUROS, DEVIDO AO ACÚMULO DE HEMOSSIDERINA. H&E, PEQUENO AUMENTO. Fonte: disponível em <http://patologia.medicina.ufrj.br/graduacao/index.php/histopatologia-geral/167-disturbio- hemodinamico/edema/21-edema-agudo-pulmonar- transudato> 5- Choque O choque é definido como insuficiência circulatória aguda com má distribuição generalizada do fluxo sanguíneo, que implica falência de oferta e/ou utilização do oxigênio nos tecidos. Tipos de choque: a. Hipovolêmico: volume do leito intravascular insuficiente; diminuição da pré-carga, diminuição do débito cardíaco e resistência vascular periférica aumentada. Conduta: controle da hemorragia, reposição volêmica com Ringer Lactato aquecido; ponderar a utilização de sangue; exame de imagem (FAST) e laparotomia; b. Obstrutivo; c. Cardiogênico; d. Distributivo (séptico, anafilático, neurogênico). 6- Congestão e Hiperemia Hiperemia é um processo ativo resultante da dilatação arteriolar, levando a um aumento do fluxo sanguíneo. Página | 23 Congestão é um processo passivo resultante da redução do efluxo sanguíneo de um tecido, que pode ser sistêmica ou localizada. A congestão pode, ainda, subdividir-se em três categorias, sendo elas: 1. Congestão pulmonar aguda Capilares alveolares ingurgitados com sangue; Graus variáveis de edema septal alveolar; Hemorragia intra-alveolar; 2. Congestão pulmonar crônica (após cicatrização) Septos espessados e fibróticos. Macrófagos carregados de hemossiderina (“células da insuficiência cardíaca”) derivados das hemácias fagocitadas. 3. Congestão crônica de longa duração Morte celular parenquimatosa e fibrose tecidual secundária; As pressões intravasculares elevadas podem causar edema e hemorragias focais; DESAFIO Paciente de 76 anos deu entrada na UPA com desconforto epigástrico, tosse seca e dispneia progressiva. Na história da doença atual relata tabagismo por 40 anos, mas refere ter parado há 6. Refere HAS e DM2. Já foi diagnosticado com IAM e lesão arterial coronariana. Está em uso de AAS, heparina, furosemida e sinvastativa (anticolesterolinêmico); Ao exame físico, nota-se edema de membros inferiores e má perfusão periférica; ECG: bloqueio de ramo esquerdo (QRS alargado em alguma das derivações); RX de tórax: hipertrofia ventricular esquerda + infiltrado pulmonar difuso. Qual o diagnóstico mais provável? R: insuficiência cardíaca, que levou a uma congestão pulmonar. DESAFIO: Homem, 37 anos de idade, após discussão ao final de uma cervejada, que terminou em confronto físico, sofre trauma por arma branca. Chega ao hospital, trazido pelo suporte básico de vida, imobilizado em prancha rígida, com colar cervical e ventilado com máscara e ambu. Ao exame físico, MEG, pálido e com confusão mental; FC: 145 bpm; FR: 40 ipm; S02: 93%; PA: 80x30 mmHg; Inspeção: expansibilidade diminuída em hemitórax esquerdo, com lesão 2 cm, “respirante”; Palpação: Dor a palpação hemitórax esquerdo; Percussão: Hipertimpânico; Ausculta: Murmúrios vesiculares abolidos em hemitórax esquerdo; Bulhas rítmicas e normofonéticas em 2T, ausência de bulhas extras ou sopros; Pele fria; pulso filiforme, rápido e simétrico, tempo de enchimento capilar maior que 2 segundos; Abdome com equimose e lesão penetrante em hipocôndrio esquerdo, Página | 24 reativo e doloroso a palpação superficial, sugerindo ser a possível fonte do sangramento; pelve estável e ossos longos sem sinais de edema; Cite e explique o diagnóstico e dê a causa mais provável que gerou o quadro acima. R: Pneumotórax, devido à lesão de 2 cm em hemitórax esquerdo e choque hipovolêmico (paciente taquipneico, taquicárdico, hipotenso e com baixa saturação de O2, indicando o quadro de hemorragia); Choque hipovolêmico volume do leito intravascular insuficiente, diminuição da pré-carga, diminuição do débito cardíaco e resistência vascular periférica aumentada. Ruptura de baço é a causa mais provável; Aula 14 e 15: Características das neoplasias e apresentações referentes a neoplasias. Temas: Bases moleculares dos tumores; genes de supressão e agentes carcinogênicos. Lembrar: Todos os tumores apresentam dois componentes básicos: Células neoplásicas clonais que constituem o parênquima tumoral; Estroma reativo feito de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e números variáveis de células do sistema imune inato e adaptativo; Termos importantes: 1. Desmoplasia: estroma colagenoso abundante, formado por estimulação de células do parênquima; 2. Tumor benigno: em seus nomes, liga-se o sufixo –oma ao nome do tipo de célula a partir do qual se origina o tumor; Como os tumores benignos crescem e se expandem lentamente, geralmente eles desenvolvem um contorno de tecido fibroso comprimido, referido como uma cápsula que os separam do tecido hospedeiro; 3. Carcinoma in situ: alteração displásica marcante, envolvendo toda a espessura do epitélio, porém a lesão não penetra na membrana basal; é considerada uma neoplasia pré-invasiva; 4. Tumor maligno: conhecido como câncer (derivado da palavra latina caranguejo, pois costuma se aderir, de maneira obstinada, a qualquer região na qual esteja); são pouco demarcados em relação ao tecido normal ao seu redor e não há um plano de clivagem bem definido; Tumores malignos que surgem em tecidos mesenquimais sólidos são geralmente chamados de sarcomas; Tumores malignos que surgem de células formadoras de sangue são chamados de leucemias ou linfomas (tumores de linfócitos); Tumores malignos que surgem de células epiteliais são chamados de carcinomas Página | 25 5. Diferenciação: refere-se à extensão com o que as células do parênquima neoplásico assemelham-se às células parenquimatosas normais correspondentes, tanto na morfologia quanto funcionalmente; 6. Anaplasia: refere-se à falta de diferenciação; é considerada uma marca de malignidade; 7. Metaplasia: substituição de um tipo celular por outro tipo celular; essa alteração é reversível; 8. Metástase: é definida como propagação de um tumor para áreas que são fisicamente descontínuas com o tumor primário e de forma inequívoca marca um tumor como maligno, pois, por definição, neoplasias benignas não formam metástases; Atenção! 1. Principais características tumorais: a) Pleomorfismo: variação no tamanho e na forma da célula; b) Displasia: crescimento desordenado; perda da uniformidade das células individuais e perda da orientação arquitetural; c) Núcleo hipercromático: devido à desorganização da cromatina; d) Mitose atípica: figuras mitóticas atípicas, bizarras, algumas vezes com fusos tripolares, quadripolares ou multipolares; e) Anaplasia: também está relacionada à perda da polaridade da célula; 2. Fatores que podem estar relacionados com o tropismo: a) Microambiente (condições do sistema imune, inflamação, estado nutricional etc.); b) Receptores (específicos) do tecido; Lembrar que, na maioria das vezes, baço e músculo esquelético não permitem tropismos! 3. Oncogenes metastáticos: a) TWIST b) SNAIL Tabela 2: comparação entre tumores benignos e malignos. Tumor benigno Tumor maligno Pequeno Grande Bem delimitado Mal delimitado Crescimento lento* Crescimento rápido (com hemorragia e necrose)* Não invasivo Localmenteinvasivo Não metastático Metastático Bem diferenciado Mal diferenciado *: pode haver exceções. Bases Moleculares do Câncer O dano genético não letal encontra-se no cerne da carcinogênese. Um tumor é formado pela expansão clonal de uma única célula precursora que sofreu danos genéticos. Quatro classes de genes reguladores normais: Proto-oncogenes Genes supressores do tumor Página | 26 Genes que regulam a apoptose Genes envolvidos no reparo celular. A carcinogênese resulta do acúmulo de mutações complementares de forma gradual ao longo do tempo. Marcadores celulares e moleculares do câncer: Figura 16: Marcas registradas do câncer. Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. (Adaptado de Hanahan D, Weinberg RA. Hallmarks of cancer: the next generation. Cell 2011; 144:646.) Gene MYC, induz o ciclo celular. Aumenta expressão de MYC aumenta risco câncer Cinase Dependente da ciclina (CDK) Ligada a ciclina conduz ciclo celular (ganho de função) Inibidas pela CDKi (perda de função) Genes supressores de tumor Limitam a proliferação celular; Sua inibição = favorecimento da carcinogênese; Oncogenes + genes supressores = quiescência ou parada do ciclo celular apoptose; Sinais inibitórios são oriundos do meio extracelular; RB: regulador da proliferação Regulador negativo da fase G1/S e da diferenciação celular; RB ligada a oncoproteínas virais fica inativa e deixa ciclo celular progredir; TP53: guardião do genoma Regula a progressão do ciclo celular, o reparo do DNA, a senescência celular e a apoptose; Gene que sofre mutação com mais frequência; Indivíduos que herdam uma mutação em TP53 = síndrome de Li- Fraumeni; Mutações em outras proteínas podem afetar p53 (p. ex.: MDM2 que controla sua degradação); Oncoproteína viral do HPV se liga à p53 e degrada-a; Sob situação de estresse, como danos no DNA, hipóxia e estímulo oncogênico (ativação da RAS → MAPK e PI3K/AKT Página | 27 → crescimento), p53 não é degradada; P53 atua como fator de transcrição de genes-alvo, fazendo interrupção do ciclo celular em G1: resposta primordial ao dano no DNA; senescência por alterações na morfologia e expressão gênica; apoptose por expressão de BAX e PUMA pela via intrínseca; aumento do metabolismo catabólico ou inibição o metabólico; Perda de função = dano no DNA sem reparo e mutações são acumuladas; TP53 selvagem tem mais chance do que TP53 mutado de ser morto pelas terapias; APC: guardiã da neoplasia do cólon. APC atua de forma negativa nas vias de sinalização promotoras de crescimento; Mutações de perda de função polipose autossômica familiar Mantém a atividade da β- catenina sob monitoramento via sinalização WNT; WNT bloqueia a formação do complexo de destruição da β- catenina (promovido pelo APC) e permite o movimento do citoplasma para o núcleo transcrição de TCF = crescimento das células epiteliais do cólon; Células que perdem a APC entendem que elas estão sendo estimuladas continuamente pelo WNT; E-CADERINA β-catenina se liga à E-caderina. Perda de contato célula-célula = β-catenina vai para o núcleo e estimula proliferação; Quando do restabelecimento do contato cél-cél = β-catenina volta a se ligar na E-caderina; A perda da inibição por contato é chave para os carcinomas; Perda da expressão de E- caderina contribui para a desagregação celular e facilita metástases; Página | 28 Figura 17: O papel da APC na regulação da estabilidade e função da β-catenina. A APC e aβ- catenina são componentes da via de sinalização WNT. A, Nas células epiteliais do cólon em repouso (não expostas à WNT), a β-catenina forma um complexo macromolecular que contém a proteína APC. Esse complexo leva à destruição da β-catenina, e os níveis intracelulares de β-catenina são baixos. B, Quando as células epiteliais normais do cólon são estimuladas por moléculas de WNT, o complexo de destruição é desativado, a degradação da β- catenina não ocorre e os níveis citoplasmáticos aumentam. A β-catenina se transloca para o núcleo, onde se liga ao TCF, um fator de transcrição que ativa os genes envolvidos na progressão do ciclo celular. C, Quando o APC está mutado ou ausente, como ocorre frequentemente em pólipos e cânceres colônicos, a destruição da β-catenina não ocorre. A β- catenina se transloca para o núcleo e coativa os genes que promovem a entrada no ciclo celular, e as células se comportam como se estivessem sob constante estimulação pela via WNT. Fonte: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Evasão da apoptose: Danos ao DNA, desregulação de oncoproteínas e perda de adesão à MB basal levam à apoptose; A via mitocondrial é a mais desativada no CA; BAX e BAK são pró-apoptóticas e BCL2, BCL-XL e MCL1 são antiapoptóticas; BCL2 está superexpressa em linfomas de células B do tipo folicular e os protege da apoptose; A maioria dos tumores sólidos e hematopoiéticos superexpressam algum membro da família BCL2 de proteínas anti-apoptóticas; Superexpressão dos membros da família BCL2 desenvolve a resistência dos tumores às terapias; Instabilidade genômica: Os indivíduos nascidos com tais defeitos hereditários nas proteínas de reparo do DNA estão com risco muito aumentado de desenvolver câncer. TP53 = interrompe a divisão da célula para ganhar tempo para o reparo do dano do DNA causado por mutagênicos ambientais e inicia apoptose em células com danos irreparáveis. Defeitos no reparo do pareamento errôneo, reparo de excisão de nucleotídeos e no reparo de recombinação favorecem a carcinogênese. Pode causar doenças como: Neoplasias Linfoides , HNPCC (Síndrome do Câncer de Colón sem Polipose Hereditária) e xeroderma pigmentoso; Alterações Cromossômicas 1- Translocações Cromossômicas: é o mecanismo mais comum. Resulta na superexpressão de um proto-oncogene; Página | 29 Pode ocorrer fusão das sequências de codificação de dois genes formando uma proteína quimérica nova com propriedades oncogênicas, por exemplo, o cromossomo Philadelphia (associada à leucemia mieloide crônica). Ex. de doença causada por translocação cromossômica: linfoma de Burkitt 2- Deleções; 3- Amplificação Gênica; 4- Cromotripse (“catástrofe”; mais rara); RNAs não-Codificadores e Cânceres MicroRNAs (miRs): Pequenos RNAs não codificantes; Inibem tradução do RNAm ; Controlam crescimento normal, diferenciação e sobrevivência Alterações Câncer; Agentes carcinogênicos e suas interações celulares A carcinogênese é determinada pela exposição aos agentes carcinogênicos (frequência, período e interação); O período de latência (período: estímulo reação) varia com o tipo de agente, características individuais, intensidade do estímulo e localização; “Assinaturas carcinógenas” – alguns carcinógenos tem preferência por certa sequência de bases “ponto de acesso”, ou seja, mutações induzidas por carcinógenos não são totalmente aleatórias; Ação direta: não requerema conversão metabólica para se tornarem carcinogênicos; Ação indireta: (maioria) Precisa de metabolização; Carcinógeno indireto carcinógeno final; Exemplos: combustíveis fósseis, fuligem etc.; Detoxificação: maioria pelas mono-oxigenases dependentes de citocromo P450; Agentes promotores apenas estimulam a proliferação celular (não são mutagênicos); DESAFIOS: 1. M. I. D. homem raça branca, 69 anos, e trazido no serviço de emergência acusando dispneia com taquipneia (28/min), respiração acentuada, com discreta cianose perioral, ansiedade, agitado. PA = 160/100 Hg, FC = 110/minuto (normal 70-80 se sedentário e 50-60 se atleta). Não aguenta a posição deitada, acusando “sufoco”. Relata com dificuldade que a crise apareceu de repente, assistindo uma Página | 30 partida de futebol, mas que, no último tempo já sentiu varias vezes cansaço e falta de ar. Não procurou auxilio medico. Nega tratamento prévio. A ausculta pulmonar revela estertores pulmonares bilaterais, de repente, durante o exame começa a tossir, expectorando um escarro espumoso, rosado, que piora a dispneia. Exames laboratoriais: Hb: 9 g/dl (referência 13,5 a 18) e TGO = 90 U/l (referência 5- 40), TGP 110 U/l (referência 7- 56). Restante normal. Qual a suspeita diagnóstica? Os exames acima se encaixam no diagnostico de insuficiência cardíaca pelo que parece somente está presente uma leve anemia e congestão hepática evidente, o que pode ser causado pela insuficiência cardíaca. E o que explicaria os achados na ausculta e a tosse com escarro espumoso? Caso você pedisse uma radiografia de tórax, o laudo seria: redistribuição vascular pulmonar, borramento difuso dos campos e imagem peri-hilar em “asa de borboleta”. Discreta cardiomegalia, com aumento do ventrículo esquerdo, o que pode sugerir uma insuficiência cardíaca. E agora, qual o diagnóstico final? R: O quadro clínico é típico de edema pulmonar agudo. Sendo que devido à idade, provavelmente, se trata de um edema pulmonar cardiogênico, em que a crise surge em condições praticamente basais. 2. ATS, sexo masculino, 35 anos, tabagista, entregador de pizza, sem plano de saúde. Apresentou dor abdominal no quadrante inferior direito, diarreia sanguinolenta e febre, sendo diagnosticado pelo interno, a priori, com apendicite aguda. O residente avalia melhor o caso e após fazer o exame proctológico, verificou a presença de estenose intestinal, com presença de edema transmural e fibrose submucosa, além de lesões múltiplas. Qual o diagnóstico? Como se apresenta o órgão afetado nessa patologia? R: Doença de Crohn; Lesões salteadas e estreitamento; Úlcera aftosa úlceras alongadas e serpentiformes; Edema e perda de textura; Tecido normal = pedra de calçamento; Parede intestinal espessada e borrachuda; Abscessos de criptas neutrófilos Distorção da arquitetura da mucosa; Página | 31 Atrofia da mucosa; Granuloma não caseoso; 3. Todos os cânceres exibem oito alterações fundamentais na fisiologia celular, que são consideradas as marcas registradas do câncer. Sobre elas, assinale a alternativa incorreta: a) Escape de destruição imune e imortalidade. b) Autossuficiência nos sinais de crescimento e capacidade de invadir ou metastatizar. c) Metabolismo celular alterado e manutenção da Angiogênese. d) Evasão da apoptose e supressão da inflamação. R: D Página | 32 REFERÊNCIAS 1. Elsevier. Kumar et al: Robbins Basic Pathology 8e - http://www.studentconsult.com/. 2. Disponível em <www.fo.usp.br/lido/patoarteger al/patoartenec.htm.>. 3. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C.: Robbins Patologia Básica. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 4. Disponível em <http://anatpat.unicamp.br/lamd egn7.html>. 5. Disponível em https://pt.slideshare.net/upload7 18/estudo-radiolgico-do-trax- dcg-fisioterapia-pdf-14937803.