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APLICAÇÃO DA PENA - INTRODUÇÃO Sistema de aplicação: sistema de indeterminação relativa ou parcial indeterminação existem limites mínimos e máximos para a fixação da pena. Princípio da individualização da pena deve atuar em todos os momentos da pena: elaboração, aplicação e execução. Procedimento para a aplicação da pena: Penas aplicáveis dentre as cominadas (multa, detenção...) A quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos. (DOSIMETRIA DA PENA) Ex.: de 3 a 6 anos Regime inicial de cumprimento de pena privativa de liberdade Substituição da pena privativa de liberdade por outra espécie de pena, se cabível. Juiz fixa a pena base, a altera com base nas circunstâncias judiciais, aplica os atenuantes e agravantes. Elementares ou elemento do tipo penal: são os dados essenciais que compõem a descrição típica fundamental do crime cuja eventual ausência implica na execução ou alteração da figura penal. Ex: homicídio matar (verbo nuclear do tipo) alguém (objeto material). Princípio da vedação do bis im idem duas vezes pelo mesmo fato, no procedimento da aplicação da pena, o juiz não pode levar o mesmo fato em conta mais de uma vez. COMO OCORRE A APLICAÇÃO DA PENA? CÁLCULO DA PENA (art. 68 – CP) São efetuadas três operações matemáticas para a aplicação da pena ao réu (CRITÉRIO TRIFÁSICO): 1ª - Fixação da pena-base (art. 59, CP); 2ª - Consideração das circunstâncias atenuantes e agravantes (arts. 61-66, CP); 3ª - Consideração das causas de diminuição e aumento da pena. Na fixação da pena-base o juiz deve atender às oito circunstâncias judiciais elencadas no art. 59, CP, que veremos a seguir; Na sequência, deve analisar se existem circunstâncias atenuantes ou agravantes a serem consideradas, que são de caráter obrigatório; Por fim, o juiz deve verificar se existem causas de diminuição ou aumento de pena que devam incidir sobre a pena provisória das duas operações anteriores. 1ª operação matemática Fixação da pena-base (nos termos do art. 59, CP) – O juiz analisará as oito circunstâncias judiciais elencadas no art. 59. Inicia-se pela pena mínima cominada no tipo penal, não podendo ser superior ao máximo cominado. PENA – BASE ou pena Alicerce. 2ª operação matemática Consideração das circunstâncias atenuantes e agravantes (arts. 61-66, CP). Nesta operação o juiz também não poderá trazer a pena aquém do mínimo legal cominado e nem elevá-la além do máximo previsto. PENA PROVISÓRIA 3ª operação matemática Consideração das causas de diminuição e aumento da pena, previstas tanto na Parte Geral quanto na Parte Especial do CP. Nesta operação a pena ser diminuída aquém do mínimo legal ou elevada além do máximo legal cominado para o delito. PENA DEFINITIVA A fixação do quantum da pena servirá para o juiz fixar o regime inicial de seu cumprimento obedecendo as regras do artigo 33 do CP (regimes fechado, semi-aberto e aberto) bem como para decidir sobre a concessão do sursis e sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou multa. 1ª FASE: FIXAÇÃO DO MONTANTE DE PENA APLICADA DENTRO DOS LIMITES. Com base nas circunstâncias judiciais do art. 59 CP: são dados acessórios que agregados à descrição típica fundamental têm a função de aumentar ou diminuir os limites da pena ajustando-a à gravidade do fato. Ex.: matar alguém sob violenta emoção (causa de diminuição da pena), com emprego de fogo (aumenta os limites da pena). Circunstâncias judiciais (aquelas que envolvem o crime, nos seus aspectos objetivo e subjetivo) são aferíveis livremente pelo juiz no momento da aplicação da pena, desde que respeitados os parâmetros fixados pelo legislador. O artigo 59 orienta a individualização da pena-base. A seguir elencaremos as oito circunstâncias judiciais: 1. Culpabilidade: trata-se da culpabilidade no sentido lato, envolvendo a reprovabilidade e a censurabilidade social do criminoso. Intensidade do dolo e da culpa. 2. Antecedentes: trata-se de vida pregressa do agente em matéria criminal. São os aspectos da vida pretérita criminosa do réu. São as boas e as más condutas da vida do agente; até 05 (cinco) anos após o término do cumprimento da pena ocorrerá a reincidência (exige condenação anterior transitada em julgado) e, após esse lapso, as condenações por este havidas serão tidas como maus antecedentes; 3. Conduta Social: É o papel do acusado na comunidade, abrangendo sua vida familiar, escolar, na vizinhança, comércio etc. Um péssimo marido ou pai, mau pagador e odiado pelos vizinhos, estará sujeito a uma pena superior à mínima. 4. Personalidade do Agente: É o conjunto de caracteres exclusivos de cada pessoa, como a sua índole e periculosidade. Nada mais é que o perfil psicológico e moral; Diz respeito se a personalidade da pessoa tende ao crime ou se este foi apenas um evento isolado na vida desta. - Composição da personalidade: é um conjunto psicossomático (além do morfológico, acresce-se o temperamento, o caráter). - Fatores Positivos da Personalidade: Bondade, calma, paciência, maturidade, responsabilidade, bom humor, coragem, sensibilidade, tolerância, honestidade, simplicidade, desprendimento material, solidariedade etc. - Fatores Negativos da Personalidade: Maldade, agressividade, impaciência, imaturidade, irresponsabilidade, mau humor, hostilidade, covardia, insensibilidade, intolerância, desonestidade, soberba, inveja, egoísmo etc. 5. Motivos do crime: São os precedentes que levaram o autor à prática do crime, como vingança; sadismo; piedade; contratar alguém para matar em seu lugar; agir por paga para matar alguém; premeditação etc. São capazes de conferir significado à conduta do agente Ex.: eutanásia com homicídio piedoso por compaixão. 6. Circunstâncias do crime: São os elementos acidentais não participantes da estrutura do crime. São as agravantes e atenuantes: local ermo, premeditação, esconder o corpo da vítima, tráfico de drogas, instrumentos do crime, tempo de sua duração (extorsão mediante sequestro – muito tempo), objeto material, local da infração (mata um sujeito dentro de sua própria casa), modo de execução (se foi operado com resquícios de crueldade) etc.; 7. Consequências do crime: É o mal causado pelo crime, que ultrapassa o resultado típico. Ex. Matar um pai de família que trabalha para sustentá-la. Deixará viúva e órfãos desamparados. Furtar bicicleta de quem a necessita para o trabalho e locomoção. É a intensidade da lesão produzida no bem jurídico protegido em decorrência da prática delituosa; 8. Comportamento da vítima: Quando o modo de agir da vítima pode levar o autor a praticar o crime. A matéria é estudada em vitimologia. Certas pessoas são predispostas ou vocacionadas a serem vítimizadas. Ex.: exibicionismo (crimes patrimoniais); provocação da libido (crimes sexuais), agressividade (crimes contra a vida); espertalhice (estelionato). É analisado se a vítima de alguma forma estimulou ou influenciou negativamente a conduta do agente, caso em que a pena será abrandada. O juiz deve analisar todas as circunstâncias judiciais elencadas no art. 59 para poder fixar com equidade a pena-base, sobre a qual erigirá o edifício penológico adequado à defesa da sociedade, diante da turbulência e desequilíbrio ocasionado pela prática do crime. 2ª FASE CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E AGRAVANTES Além das circunstâncias judiciais, são previstas pela lei vigente as circunstâncias atenuantes, que são aquelas que permitirão ao magistrado reduzir a pena-base já fixada na fase anterior, e as circunstâncias agravantes, as quais, ao contrário das atenuantes, permitirão ao juiz aumentar a pena-base. As circunstâncias agravantes somente serão aplicadas quando não constituem elementar do crime ou os qualifiquem e tornam o crime mais ou menos grave. A lei não estabelece o quantum do aumento ou o quantum da diminuição, em face da incidência de circunstâncias agravantes ou atenuantes. Na praxe forense, entretanto, costuma-se utilizar 1/6 de aumento ou diminuição em relação à pena estabelecida na 1ª Operação matemática. – PORÉMnada impede que o juiz faça alterações ao caso concreto. O que não podemos olvidar é que a pena-base, e o montante da agravação ou da atenuação (1ª e 2ª operações matemáticas) não podem reduzir a pena abaixo do mínimo legal, nem aumentá-la acima do máximo legal previsto no dispositivo. - Circunstâncias atenuantes: a) Ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença de 1° grau; b) O desconhecimento da lei: não ocorre a isenção da pena, mas seu abrandamento, a atenua (art. 21, CP). c) Ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral: Valor moral é o que se refere aos sentimentos relevantes do próprio agente. Ex: aquele que agrava a saúde de quem está desenganada pela medicina, quando na verdade queria amenizá-la. Valor social é o que interessa ao grupo social, à coletividade; Ex.: aprisionar um bandido em sua residência até a chegada da polícia; ou invadir a residência de um traidor da pátria para destruir sua propaganda antinacionalista. d) Ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano: Fala em eficiência e não eficácia, pois ai estaríamos no campo do arrependimento eficaz. Fala em logo após o crime, pois se fosse antes, estaríamos no campo da desistência voluntária. Fala em espontânea vontade e não voluntária. Ter o agente, antes do julgamento, reparado o dano = Se a reparação do dano tivesse ocorrido antes do recebimento da denúncia ou queixa, seria arrependimento posterior. e) Ter o agente cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vitima: observa-se as regras do artigo 22 do CP (coação irresistível e ordem hierárquica); Ter o agente cometido o crime sob coação (física ou moral) a que podia resistir = se a coação fosse irresistível aplicar-se-ia o art. 22, CP. Ter o agente cometido o crime em cumprimento de ordem de autoridade superior = é óbvio que esta ordem deve ser manifestamente ilegal (respondem o autor da ordem e seu executor), pois se não for manifestamente ilegal (art. 22, CP, onde responderia pelo crime apenas o autor da ordem, e não seu executor). Ter o agente cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima = A influência é um estágio mais brando que o domínio. Se o agente matar uma pessoa sob o domínio de violenta emoção terá sua pena diminuída, e não atenuada, como é o caso da influência. f) Ter o agente confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime: se o agente confessa perante a Autoridade Policial, porém se retrata em juízo tal atenuante não é aplicada; Espontânea é a confissão livre de qualquer coação ou sevícia. É muito relativo o valor da confissão do acusado, quando destituído de outros elementos probantes. g) Ter o agente cometido o crime sob influência de multidão em tumulto, se não o provocou: é aplicada desde que o tumulto não tenha sido provocado por ele mesmo. Neste caso se opera um fenômeno de desagregação da personalidade. A alma individual é possuída por uma alma coletivizada de ódio e cólera. A pessoa neste estado, atua como um hipnotizado. h) Circunstância atenuante inominada art. 66 De acordo com o artigo 66, do CP, "a pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei", razão pela qual pode-se concluir que o rol das atenuantes do artigo 65 é exemplificativo. A aplicação deste dispositivo é extremamente subjetiva, mas não ilegal. É conhecida como atenuante de clemência judicial. Coculpabilidade Exemplos: O acusado foi, durante sua infância, violentado sexualmente pelo seu genitor (circunstância relevante anterior ao crime); o acusado, logo depois da prática do crime contra o patrimônio, converteu-se à prática de caridade, ajudando pessoas necessitadas da comunidade (circunstância relevante posterior ao crime). - Circunstâncias agravantes: Agravantes são circunstâncias que aderem ao delito sem modificar sua estrutura típica, influindo apenas na elevação da pena, nunca podendo esta ser superior ao teto estabelecido no tipo sancionador. O rol do art. 61 é taxativo, não comportando interpretação extensiva. As circunstâncias somente agravarão a pena quando não constituírem ou qualificarem o crime. Ex.: o motivo torpe já qualifica o crime de homicídio (art. 121, § 2º, II, CP); o crime de incêndio (art. 250, CP) constitui-se crime de perigo comum. Se o motivo torpe e o perigo comum já qualifica ou constitui o crime, não incidirá na agravação da pena, para evitar o odioso bis in idem. I – Reincidência Nos termos do art. 63, CP, “verifica-se a reincidência quando o agente cometer um novo crime, depois de transitar em julgado a sentença condenatória”. E, para efeito de reincidência “não prevalecerá a condenação anterior quando: entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional”. (art. 64, I, CP). No caso do cômputo do período o prazo fluirá a partir da data da audiência admonitória. II – Ter o agente cometido o crime (DOLOSO): Motivo fútil = de mínima importância, desproporcional, mesquinho, intolerante. Existe diferença entre motivo fútil e ausência de motivo. Ex.: marido que agride a esposa porque esta deixou a carne queimar. Motivo torpe = abjeto, repugnante, vil. Ex.: Mulher que manda agredir o marido para ficar com o prêmio do seguro por danos pessoais. III - Ter o agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: nessa circunstância tem que existir conexão entre os dois crimes; Para facilitar ou assegurar a execução de outro crime = Ex. Agente que invade a propriedade alheia e se esconde para praticar posterior furto. Furtar dinheiro do banco para comprar um carro roubado. Para facilitar ou assegurar a ocultação de outro crime = Ex.: Funcionário público pratica peculato perante terceiro, e o ameaça para que o fato permaneça oculto. Para facilitar ou assegurar a impunidade de outro crime = Ex.: Agente ameaça a testemunha para não depor contra ele por estupro. Para facilitar ou assegurar a vantagem de outro crime = Ex.: Agente agride comparsa do furto para ficar com o maior valor subtraído. IV - Ter o agente cometido o crime à traição, por emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido: essa circunstância será aplicada quando a vítima for pega de surpresa; Traição = ocorre quando o agente usa de confiança nele depositada pela vitima para praticar o delito; deslealdade, hipocrisia, perfídia. Ex.: Esfaquear a vítima pelas costas. Emboscada = ocorre quando o agente aguarda escondido para praticar o delito; tocaia, cilada. Ex.: Agente que se coloca à espreita para ferir a vítima. Mediante dissimulação = ocorre quando o agente utiliza-se de artifícios para aproximar-se da vítima; fingimento, fazer de conta. Ex.: Agente que se faz passar por amigo da vítima para furtá-la. Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido = Interpretação analógica extensiva, como v.g., boa noite cinderela; furtar alguém que dormiu ou tenha desmaiado etc. V - Ter o agente cometido o crime com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum: essa circunstância se refere ao meio empregado para a prática delituosa; Veneno = substância tóxica que pode causar a morte de uma pessoa. Envenenar um café ou uma caixa d’água. Fogo = queimar o corpo de uma pessoa com gasolina ou atear fogo numa casa ou loja. Explosivo = explodir uma pessoa ou sua casa. Tortura = causa imenso sofrimentofísico e moral à vítima Lei nº 9.455/97. Meio insidioso é aquele que usa de fraude ou armadilha; Perigo comum é o que coloca em risco um número indeterminado de pessoas; VI - Ter o agente cometido o crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge: abrange qualquer forma de parentesco, independente de ser legítimo, ilegítimo, consanguíneo ou civil; Ascendente: pai, mãe, avô, avó - matricídio Descendente: filho, neto, bisneto - infanticídio Irmão: seja o parentesco natural ou civil - fratricídio Cônjuge: apenas de união civil, descartada a união estável (em face do princípio da legalidade estrita). Crimes Passionais VII - Ter o agente cometido o crime com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica: O abuso de autoridade refere-se a relações privadas (tutor – tutelado; curador – curatelado etc).; Relações domésticas são as existentes entre os membros de uma família; Ex.: pessoas da mesma família, ou um primo que mora na casa dos tios. coabitação significa que tanto autor quanto vítima residem sob o mesmo teto; Relações de hospitalidade. Ex.: a relação entre o convidado de uma festa e seu anfitrião. Violência contra a mulher VIII - Ter o agente cometido o crime com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministérioou profissão: o abuso de poder se dá quando o crime é praticado por agente público, não se aplicando se o delito constituir em crime de abuso de autoridade; as demais hipóteses referem-se quando o agente utilizar-se de sua profissão para praticar o crime (atividade exercida por alguém como meio de vida); Com abuso de poder: seguem as regras do direito público, baseadas na hierarquia. Ex.: coronel e tenente da Polícia Militar. Com violação de dever inerente a cargo = seja público ou particular; Com violação de dever inerente a ofício = sapateiro, alfaiate etc. Com violação de dever inerente a ministério = padre, pastor, rabino, imã, sri, sacerdote xamã, babalaorixá etc Com violação de dever inerente a profissão = médico, engenheiro, advogado etc. IV - Ter o agente cometido o crime contra criança, contra maior de 60 (sessenta) anos, ou contra enfermo ou mulher grávida: são pessoas mais vulneráveis, por isso ganham maior proteção da lei; Criança = até 12 anos incompletos (ECA) Maior de 60 anos = Estatuto do Idoso Enfermo = no sentido de deficiência de sentidos (visual) membros (locomoção) mente, renal crônico, esclerose múltipla. Mulher grávida = Não se trata de gravidez inicial, mas em estágio avançado. X - Ter o agente cometido o crime quando o ofendido estava sob imediata proteção da autoridade: aumenta-se a pena pela audácia do agente em não respeitar à autoridade; é o caso do linchamento de autor de homicídio que estava sob a proteção da polícia; XI - Ter o agente cometido o crime em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido: se dá pela insensibilidade do agente que se aproveita de uma situação de desgraça, pública ou particular, para praticar o delito; Ex.: agente que furta casas depois de uma inundação do bairro; ou que furta pessoa vítima de acidente de veículo. XII - Ter o agente cometido o crime em estado de embriaguez preordenada: ocorre quando o agente se embriaga para ter coragem para praticar o delito. É a conhecida actio libera in causa. - Circunstâncias agravantes no concurso de pessoas: Referindo-se ao concurso de pessoas, o artigo 62, do CP, dispõe que a pena será agravada em relação ao agente que: a) Promove, organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes: pune-se aquele que promove ou comanda a prática delituosa, incluindo o mentor intelectual do crime; b) Coage ou induz outrem à execução material do crime: existe o emprego de coação ou grave ameaça a fim de fazer com que uma outra pessoa pratique determinado delito; c) Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal: instigar é reforçar uma ideia já existente, enquanto determinar é uma ordem; a autoridade referida nesta circunstância pode ser pública ou particular; as condições ou qualidades pessoais que tornam a pessoa não-punível pode ser a menoridade, a doença mental, etc.; d) Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa: a paga é o pagamento anterior a execução do delito, enquanto a recompensa é o pagamento após a execução. - Concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes: Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. Existindo duas ou mais circunstâncias agravantes e atenuantes em relação ao mesmo crime, o juiz atentará ao art. 67, CP, levando-se em conta as circunstâncias preponderantes (aquelas que resultam: dos motivos do crime; da personalidade do agente e da reincidência). As demais são chamadas de comuns. Se houver concurso entre uma circunstância preponderante e uma outra comum, prevalecerá a preponderante. Ex.: Réu é reincidente, mas confessou o crime, prevalecerá a circunstância preponderante que é a reincidência. Ou seja, o juiz não poderá deixar a pena no mínimo legal, deverá agravá-la pela reincidência, que é preponderante sobre a atenuante. Havendo concurso entre circunstâncias comuns, é permitida a compensação entre as mesmas, ou seja, uma anula a outra (José injuria seu pai João, e confessa o crime ao delegado. A confissão é atenuante, e o crime contra ascendente é agravante). PREPONDERANTES MENORIDADE RELATIVA DO AGENTE MOTIVAÇÃO PERSONALIZAÇÃO REINCIDÊNCIA CIRCUNSTÂNCIAS SUBJETIVAS CIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS É PREPONDERANTE PORQUE TERÁ PREFERÊNCIA SOBRE AS DEMAIS 3ª FASE - CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO Previstos por meio de um percentual fracionário que incide sobre a pena do tipo fundamental. NÃO ESTABELECE NOVOS LIMITES MÍNIMO E MÁXIMO DE PENA. Ex.: crime de furto – tem aumento de 1/3 se praticado durante repouso noturno. Ex.:² crimes tentados ou arrependimento posterior – diminuição de 1 a 2/3. As causas de aumento e diminuição podem tanto estar previstas na Parte Geral do Código Penal (ex.: a tentativa, prevista no artigo 14, inciso II, que poderá diminuir a pena de um a dois terços) quanto na Parte Especial (ex.: no crime de aborto a pena será aplicada em dobro se ocorrer a morte da gestante - artigo 127). Elas são causas que permitem ao magistrado diminuir aquém do mínimo legal bem como aumentar além do máximo legal. Concurso entre Causas de Aumento e Diminuição da Pena O parágrafo único do artigo 68, do CP, dispõe que se ocorrer o concurso de causas de diminuição e de aumento previstas na parte especial, deverá o juiz limitar-se a uma só diminuição e a um só aumento, prevalecendo a que mais aumente ou diminua, Ex.: Art. 129, §§ 9º, 10 e 11. Na violência doméstica a pena aumenta em 1/3 se o marido causar lesões graves na esposa; e mais 1/3 se a esposa for deficiente. Neste caso, o juiz aumentará apenas uma vez 1/3, funcionando o outro aumento como circunstância judicial desfavorável (1ª operação). Ex.: Quando o agente incendeia uma casa habitada, e o morador em decorrência do fogo sofre lesões graves. Por ser casa haverá um aumento de 1/3 na pena do incendiário; e pelo fato da vítima ter sofrido lesões graves, mais ½. O juiz aumentará apenas ½, ficando o outro aumento como circunstância judicial desfavorável. Havendo uma causa de aumento e uma de diminuição = Aplica-se primeiro o aumento e depois a diminuição (art. 155, §§ 1º e 2º); Porém se ocorrer uma causa de aumento na parte especial e outra na parte geral, poderá o magistrado aplicar ambas, posto que a lei se refere somente ao concurso das causas previstas na parte especial do CP. Havendo duas ou maiscausas de aumento ou de diminuição previstas na Parte Geral do CP = todas serão aplicadas (Ex.: semi-imputabilidade (art. 26, P. ú.) e tentativa (art. 14, P. ú., CP). Havendo duas ou mais causas de aumento ou diminuição previstas tanto na Parte Geral como na Parte Especial do CP = todas serão aplicadas; primeiro as da Parte Especial, depois as da Parte Geral do CP. Ex.: relevante valor moral (art. 121, § 1º, CP) e tentativa (art. 14, P. ú, CP). Concurso entre causas de aumento da Parte Especial O juiz pode optar pelos dois aumentos ou pelas duas diminuições, mais aí o segundo aumento ou a segunda diminuição incidirão sobre a pena-base e não sobre a pena aumentada (1ª operação matemática). Prática: Caso: Antonio pratica tentativa de homicídio simples contra Pedro, que apenas não morreu por um verdadeiro milagre. Antonio é maior de 21 anos e de personalidade psicopática. É primário e de péssimos antecedentes criminais. Confessou o crime à polícia e perante o juiz. Como juiz, aplique a pena em Antonio, após o reconhecimento do delito pelo Tribunal do Juri. 1ª operação: Pena-base = 6 anos + 1 ano = 1 ano (duas circunstâncias judiciais desfavoráveis) (discricionariedade) = 8 anos; 2ª operação: Circunstâncias agravantes inexistem e atenuantes (confissão): (a pena deve ser diminuída em 1/6, portanto, a pena provisória será fixada em 6 anos e seis meses); 3ª operação: Causa de aumento ou diminuição da pena: Tentativa (diminui em 1/3): 4 anos e 3 meses de reclusão, no regime semi-aberto. QUALIFICADORAS: Constituem um tipo derivado que estabelece novos limites mínimos e máximos da pena. Ex.: homicídio qualificado pena de 2 a 8 anos. Com relação as qualificadoras é possível que o juiz reconheça duas ou mais em um mesmo crime e, segundo a doutrina, a primeira deverá servir como qualificadora e as demais como agravantes genéricas, senão vejamos: um indivíduo pratica homicídio qualificado mediante promessa de recompensa com o emprego de veneno - o juiz irá considerar a promessa de recompensa como qualificadora (artigo 121, § 2°, I do CP) e o emprego de veneno como agravante genérica (artigo 61, II, "d" do CP) ou vice-versa. Entretanto pode acontecer que em determinados casos a outra qualificadora não seja considerada como circunstância agravante, devendo então o magistrado aplicá-la como circunstância do crime (artigo 59, do CP - circunstâncias judiciais), como no caso de um furto qualificado praticado mediante escalada e rompimento de obstáculo, o juiz poderá qualificar o crime pela escalada (artigo 155, § 4°, II do CP) e, como o rompimento de obstáculo não é considerado como agravante, deverá considerá-lo na 1ª fase, como circunstância do crime. CONCURSO DE CRIMES: CONCEITO: O concurso de crimes é um instituto criado pelo legislador para que o tempo de tramitação processual em relação os crimes cometidos por um mesmo agente ativo fosse diminuído significativamente, assim como a realização da fixação de pena, de maneira que, o agente pudesse ter sua sentença em somente um processo. O concurso de crimes ocorre quando o agente, por meio de uma ou mais de uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, estes podendo ser idênticos ou não. O concurso de crimes é subdividido em concurso material, concurso formal e crime continuado, previstos, respectivamente, nos artigos 69, 70 e 71 do Código Penal. SISTEMAS: Cúmulo Material: determina a soma das penas aplicadas para cada um dos crimes, as penas são cumuladas. Crítica: pode resultar em uma pena desproporcional. Representa a materialização de mais de um resultado típico e implica na punição por todos eles, somando-se as penas (art. 69 CP) UTIIZADO NO BR Cúmulo Jurídico: a pena aplicada deve ser superior às cominadas a cada um dos crimes; a pena deve ser compatível com a gravidade dos crimes concorrentes; leva em consideração a média ponderada das penas, impedindo que haja um excesso punitivo (sistema adotado na Espanha – art. 76); Absorção: considera que a pena aplicada ao delito mais grave absorve a pena do delito menos grave que deve ser desprezado. Crítica: há uma impunidade dos crimes menos graves; Exasperação: prevê a aplicação da pena mais grave, aumentada de determinado quantum. É o critério que permite, quando o agente pratica mais de um crime, a fixação de somente uma das penas, acrescida de uma cota parte que sirva para representar todos eles (art. 70 e art. 71 do CP); UTILIZADO NO BR CONCURSO MATERIAL DE CRIMES – (art. 69, CP) Mais de uma ação ou omissão Pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Aplicam-se as penas cumulativamente (sistema do cúmulo material): É imprescindível que o juiz, ao somar as penas, individualize cada pena antes da soma. Exemplo: Três tentativas de homicídio em Concurso Material. Neste caso, o magistrado deve, primeiramente, aplicar a pena para cada uma das tentativas e, no final, efetuar a adição. Somar as penas antes da individualização viola, claramente, o princípio da individualização da pena, fato que pode anular a sentença. De forma exemplificada o esquema é da seguinte maneira: o agente que mediante duas condutas, cometeu o crime de roubo e recebeu pena de 6 anos de reclusão, e um homicídio qualificado e recebeu uma pena de 12 anos, terá as penas destes crimes somadas para iniciar o cumprimento. art. 146, § 2º, CP; art. 163, Parágrafo único, pena, CP; art. 197, CP (além das penas cominadas...) Exemplo: Agente A, armado com um revólver, mata B e depois rouba C. Neste exemplo, há duas condutas e dois crimes diferentes (homicídio e roubo). - O Concurso material pode ser: HOMOGÊNEO = prática de crimes idênticos (dois homicídios) HETEROGÊNEO = prática de crimes diversos (um homicídio e uma lesão corporal) Havendo penas de reclusão e detenção, primeiro cumpre-se a reclusão. CONCURSO FORMAL DE CRIMES – (art. 70, CP) Uma ação ou omissão Dois ou mais crimes, idênticos ou não. Aplica-se uma das penas (se idênticos os crimes), ou a mais grave (se diversos). A pena deve ser aumentada de 1/6 à 1/2. Concurso formal, pode ser: Homogêneo ou Heterogêneo. O Concurso Formal pode ser: PERFEITO = o agente pratica dois ou mais delitos com uma única conduta IMPERFEITO = o agente pratica dois crimes com desígnios autônomos. Se o agente pretendendo praticar um homicídio, acerta o tiro em terceira pessoa e também na vítima pretendida, matando ambas, responde por um crime de homicídio com a pena aumentada de 1/6 à 1/2. Se o agente enfileira quatro pessoas para matá-las com um único tiro potente, responderá em concurso material e não formal, pois existiram desígnios autônomos em relação a cada morte. Parágrafo único: Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código (Concurso material). Exemplo: Caso o réu esteja respondendo por um crime de homicídio doloso em concurso formal com lesões corporais culposas, pela regra do concurso formal a pena mínima seria de 6 anos (homicídio doloso) acrescida de 1/6 = 7 anos de reclusão. Pela regra do concurso material, as penas seriam somadas, ou seja, 6 anos de reclusão e 2 meses de detenção. Portanto, o concurso material seria mais benéfico ao réu. CRIME CONTINUADO (ART. 71, CP) Trata-se de uma ficção jurídica, em que se supõe que os crimes subsequentes sejam uma continuação do primeiro. Mais de uma ação ou omissão = ações múltiplas, variadas Pratica dois ou mais crimes da mesma espécie Crimes da mesma espécie = furto e furto de coisa comum (arts. 155 e 156). Roubo e latrocínio não são da mesma espécie (mesmo gênero). Furto simples e furto qualificado sim. Condições de tempo = periodicidade. O tempo que media os crimes não pode ser superior a 30 dias. Condições de lugar = localidades próximas, ou cidades próximas (RM). Crime Continuado (art. 71, CP) Maneira de execução = é o conhecido modus operandi. É o padrão na prática do crime. Ex.: ladrão que só furta mediante arrombamento; usando determinadas armas; golpe do bilhete premiado etc. Outras circunstâncias semelhantes = autor que seutiliza do mesmo informante para a prática do furto. Critério de dosagem do aumento da pena de 1/6 a 2/3 2 crimes (aumenta-se 1/6); 3 crimes (aumenta-se 1/5); 4 crimes (aumenta-se 1/4); 5 crimes (aumenta-se 1/3); 6 crimes (aumenta-se 1/2); 7 ou mais crimes (aumenta-se 2/3). Unidade de desígnio no crime continuado = adota-se a teoria objetivo-subjetiva, e não a objetiva apenas. Não bastam os requisitos objetivos, é importante a unidade de desígnios Crimes contra a vida = Os tribunais admitem a continuidade delitiva nos crimes de homicídio, desde que as ações sejam subsequentes, e não no mesmo contexto. Aumento de pena até o triplo, obedecidas as regras dos artigos 70 e 75, CP (Parágrafo único). Ex.: Dois homicídios qualificados em continuidade delitiva. Teríamos a seguinte pena: 12 anos de reclusão x triplo = 36 anos. Pela regra do conc. Material = 12 + 12 = 24 anos de reclusão. https://ancle.jusbrasil.com.br/artigos/337986043/concurso-de-crimes-concurso-material-concurso-formal-e-crime-continuado https://matheushpadilha.jusbrasil.com.br/artigos/139879506/concurso-de-crimes-especies-e-fixacao-da-pena
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