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CCJ0003 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Aula 08: Direito Subjetivo, Objetivo e Potestativo Introdução ao Estudo do Direito Conteúdo desta aula AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO CONCEITOS 1 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS SUBJETIVOS 2 POSIÇÕES JURÍDICAS ATIVAS 3 POSIÇÕES JURÍDICAS PASSIVAS 4 RELAÇÃO ENTRE DIREITO SUBJETIVO E DIREITO ADQUIRIDO 5 PRÓXIMOS PASSOS Introdução ao Estudo do Direito Direito Subjetivo AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Quando se fala: Está-se falando do direito subjetivo. O credor tem o “direito” de receber o pagamento. O consumidor tem o “direito” de exigir o cumprimento da oferta anunciada. O empregado tem “direito” de exigir o salário. O cidadão tem o “direito” de ir e vir. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO A fim de conciliar as duas correntes, Pietro Perlingieri (2007) afirma que o direito subjetivo é o poder reconhecido pelo ordenamento jurídico a um sujeito para a realização de um interesse do próprio sujeito. O Direito Subjetivo pode ser analisado sob dois aspectos: COMO PODER DA VONTADE COMO INTERESSE PROTEGIDO Direito Subjetivo Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Direito Subjetivo Por isso, pode-se afirmar que os Direitos Subjetivos podem ser: DIREITOS DE GOZO DIREITOS DE AGIR DIREITOS-FUNÇÕES • Existem independente da intervenção de seu titular (direito à vida, direito ao nome, direito à honra). • Direitos conferidos ao seu titular para praticar certos atos que devem decorrer de sua vontade (direito a propor uma ação; direito à sindicalização etc.). • São os que existem independente da manifestação de vontade de seu titular, embora ela seja necessária para o exercício desses direitos (direito do estado em legislar, julgar, punir etc.). Atenção! Os direitos subjetivos subordinam-se aos prazos prescricionais e, por isso, a prescrição também se relaciona com as obrigações, os Deveres Jurídicos e com a responsabilidade, pois estão intimamente conectados a ações condenatórias. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Direito Potestativo (Discricionário ou Poder Formativo) Aceitação da herança Divórcio Renúncia no contrato de mandato Comunhão forçada de muro Direito do sócio de retirar-se da sociedade por ações O direito potestativo representa uma situação subjetiva em que o titular do direito subjetivo pode unilateralmente constituir, modificar ou extinguir uma situação subjetiva, interferindo diretamente na esfera jurídica de outro sujeito que a esse poder formativo não poderá se opor. É o caso de, por exemplo: Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Direito Potestativo (Discricionário ou Poder Formativo) O direito potestativo corresponde a um exercício de um direito por seu titular que, ao exercê-lo, produz efeitos não somente na sua esfera jurídica, mas também na esfera jurídica de outrem. Há, então, uma série de situações nas quais o sujeito ativo tem um direito ou poder que podem ser exercidos unilateralmente, embora não seja materialmente o único interessado na relação jurídica. A decadência, via de regra, relaciona-se diretamente com os Direitos Potestativos e, portanto, com o estado de sujeição, uma vez que geram ações constitutivas (positivas e negativas). No entanto, vale notar que haverá alguns direitos potestativos considerados imprescritíveis como, por exemplo, as nulidades absolutas dos negócios jurídicos e do casamento. A disciplina dos direitos potestativos não é unitária, o que significa afirmar que a norma a eles aplicada será a norma correspondente aos interesses envolvidos. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto ao sujeito ativo • São aqueles que decorrem da própria natureza humana como as liberdades individuais, os direitos sociais. Direitos próprios aos indivíduos: • São aqueles exclusivos de órgãos estatais como o poder de legislar, o poder de julgar, o poder de polícia. Direitos próprios às instituições: • São aqueles que podem ter como titular tanto pessoas naturais como pessoas jurídicas, como por exemplo, os direitos reais, os direitos de personalidade, os direitos de crédito, os direitos autorais. Direitos comuns a indivíduos e instituições: Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto ao sujeito passivo • São aqueles que qualquer pessoa pode ser obrigada a observar, como o direito de propriedade, o direito à saúde, o direito à vida, que se impõem erga omnes. Será o direito subjetivo absoluto quando o sujeito passivo da relação jurídica for indeterminado (membros de uma coletividade). Direitos absolutos: • São aqueles que apenas certa e determinada pessoa pode ser sujeito passivo (opõem-se inter partes ou erga singulum), como o direito de crédito ou obrigacional; o direito a impetração do mandado de segurança. Direitos relativos: Será o direito subjetivo relativo quando o sujeito passivo da relação jurídica for certa e determinada pessoa. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto ao objeto • São aqueles que têm por objeto a pessoa na sua mais ampla concepção, conforme previstos no art. 11 e ss., CC (direito ao nome, à honra, à imagem). Direitos de personalidade: • São os direitos sobre as coisas, sejam elas materiais (corpóreas) ou imateriais (incorpóreas), conforme previstos no art. 1.228 e ss., CC (posse, propriedade, uso). Direitos reais: • São os direitos sobre uma ação ou prestação (dar, fazer ou não fazer), também chamados de direito de crédito ou direitos pessoais, conforme previstos no art. 233 e ss., CC. Direitos obrigacionais: Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto à finalidade do direito •É aquele que tem por finalidade o benefício ou interesse do próprio titular, como o direito à saúde. Direito-interesse: •É aquele que tem por finalidade o benefício ou interesse de outras pessoas, como os deveres dos pais em relação aos filhos. Direito-função: Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto à valoração econômica do direito • São os que possuem valoração material, ou seja, são passíveis de aferição econômica como os direitos obrigacionais e reais. São, por exemplo, os direitos reais (propriedade, posse, uso) e direitos obrigacionais (direitos de crédito). São direitos alienáveis e transmissíveis (em regra) e transmitem-se aos herdeiros do titular. Direitos patrimoniais: • São os que não podem ser aferidos economicamente, uma vez que possuem natureza moral como os direitos personalíssimos (ou inatos) e os direitos familiais. São direitos conhecidos como personalíssimos (nome, integridade corporal), pessoais (deveres decorrentes do casamento e da filiação) e subjetivos públicos(saúde, educação, moradia). São direitos inalienáveis e intransmissíveis e extinguem-se com a morte de seu titular. Direitos não patrimoniais: Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto à transmissibilidade • São os direitos subjetivos que admitem que seu titular o transmita a outrem para que essa pessoa passe a exercer a titularidade como os direitos reais. A transmissibilidade pode ocorrer por ato inter vivos ou causa mortis. Direitos transmissíveis: • São direitos que só podem ser exercidos pelo seu titular, como os direitos personalíssimos. Exemplo: nome, honra, vida. Direitos intransmissíveis: Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto à reciprocidade considerada • São os direitos subjetivos independentes, ou seja, sua existência e seu exercício não dependem do exercício de nenhum outro direito. Exemplos: direito de propriedade, poder familiar, direito a alimentos. Direitos principais: • São os direitos subjetivos que dependem, para sua existência e exercício, de outros direitos. Exemplos: o direito a exigir os juros em contratos de mútuo, a fiança, a cláusula penal, o pacto antenupcial. Direitos acessórios: Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto à aquisição Direitos originários ou inatos: Ocorrem quando o sujeito passa a deter o direito sem que haja qualquer relacionamento jurídico com outro sujeito na qualidade de titular anterior desse mesmo direito. O direito nasce no momento em que o titular se apropria do bem de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa. O Direito nasceu como fato. Exemplo: a ocupação de coisa abandonada (1263 do CC) (1260 CC), a apropriação de uma concha que o mar atira na praia etc. São adquiridos pela pessoa com o nascimento com vida (direito à vida, à liberdade, ao nome). Diz-se também originários os direitos subjetivos que não decorrem de um ato prévio de transmissão de direito (Usucapião). Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto à aquisição Direitos derivados: São os adquiridos ao longo da vida de uma pessoa ou que decorrem de um ato prévio de transmissão de direito por outrem. Quando houver transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular. Exemplo: Compra e venda (481 do CC) , doação (538 do CC), herança (1784 do CC) etc. Ocorre que a transferência de direitos de um titular para outro pode não ser completa, daí dividindo-se em: Translativa: transferência total dos direitos de um titular para outro. Há a aquisição por parte do novo titular e extinção por parte do antigo. Exemplo: Compra e venda a vista. Constitutiva: é aquela em que o titular anterior ainda mantém consigo alguma parcela do direito sobre o bem objeto da transferência. Exemplo: Doação com cláusula de usufruto (art. 1.390, do CC), alienação fiduciária em garantia (Decreto-Lei n. 911/69). A aquisição pode ser ainda: Gratuita: se não houver qualquer contraprestação. Exemplo: Sucessão hereditária, doação etc. Onerosa: quando o patrimônio do adquirente enriquece em razão de uma contraprestação. Exemplo: Compra e venda. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Classificação dos Direitos Subjetivos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 • Quanto ao conteúdo •Quando o sujeito ativo ou passivo da relação jurídica (direta ou indiretamente) é pessoa jurídica de direito público, diz-se que esses direitos subjetivos são públicos. São eles: direito de liberdade, de ação, de petição e direitos políticos; direito de cobrar impostos; de estabelecer penas; de desapropriar. Direitos subjetivos públicos: •Quando o sujeito ativo ou passivo da relação jurídica é pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado, diz-se que esses direitos são privados, aplicando-lhes as normas de direito privado (propriedade, marca, patente, direito autoral). Direitos subjetivos privados: Modificação Subjetiva Significa que haverá mudança na titularidade do direito (altera-se o sujeito ativo) ou do dever jurídico (altera-se o sujeito passivo) por ato intervivos ou causa mortis. Modificação Objetiva Altera-se o objeto do direito subjetivo e essa alteração pode se dar na quantidade (venda ideal de um terreno, aluvião e avulsão) ou qualitativa (sub-rogação objetiva). A modificação de um Direito Subjetivo pode ocorrer subjetiva ou objetivamente. Perecimento do objeto Ocorre com a perda total do objeto ou quando este perde suas qualidades essenciais ou valor econômico. Alienação É todo ato de transmissão da titularidade do direito, podendo ser gratuita ou onerosa. Renúncia Ato pelo qual alguém voluntariamente desiste do exercício de um direito. A extinção de um Direito Subjetivo pode ocorrer por: Exemplo: o comprador de um bem tem o dever de pagar o preço acertado; o locador o dever de pagar o aluguel; os cônjuges o dever de fidelidade recíproca. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Dever Jurídico É um ônus ou encargo imposto a quem faz parte de uma relação jurídica na qualidade de sujeito passivo. É o dever de cumprir conduta determinada pelo exercício (limitado) de um direito subjetivo (seja ele de natureza pessoal ou real); é, portanto, a conduta exigível do sujeito passivo fundada em normas vigentes. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Dever Jurídico O Dever Jurídico pode se apresentar sob as mais diversas espécies: Dever jurídico permanente e transitório (ou instantâneo) É permanente o dever jurídico cuja obrigação não se esgota com o cumprimento da prestação (exemplo: deveres jurídicos penais). O dever jurídico transitório é aquele que se extingue após o cumprimento da prestação (exemplo: pagamento de uma dívida). Dever jurídico contratual e extracontratual (ou aquiliano) O dever jurídico contratual tem por fonte um contrato; o extracontratual tem por fonte a lei (por isso também denominado dever legal). Dever jurídico positivo e negativo O dever positivo impõe ao sujeito passivo da relação jurídica uma ação (dar e fazer) e o negativo uma abstenção ou omissão (não fazer). Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Sujeição É a posição jurídica de uma pessoa em face do direito potestativo de outra. Ou seja, quando o titular de um direito potestativo passa a exercê-lo, ao sujeito passivo resta suportar as consequências jurídicas do exercício regular desse direito. Exemplo: as causas de impedimento (art. 1.521, CC), nulidades e anulabilidades do casamento (arts. 1.548 e 1.550. CC); quem realiza um contrato de locação por prazo indeterminado, se sujeita a sair do imóvel locado quando o prazo for denunciado pelo outro contratante; exigência de outorga do outro cônjuge para a prática de certos atos (art. 1.647, CC). Da análise desses exemplos nota-se que no estado de sujeição não há faculdade. O sujeito passivo obrigatoriamente deve se sujeitar ao exercício do direito pelo sujeito ativo. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Ônus (Obrigação Potestativa)Deve discricionariamente o sujeito passivo comportar-se de determinada maneira para realizar interesse próprio e não de interesse de outrem. O ônus deve ser compreendido como uma situação instrumental para alcançar um resultado útil do interesse do titular (sujeito passivo). Exemplo: registrar o contrato ou o pacto antenupcial no Registro de Títulos e Documentos; realizar um inventário. Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Relação entre Direito Subjetivo e Direito Adquirido Direito adquirido é o direito (material ou imaterial) que integra o patrimônio jurídico de uma pessoa (art. 6o., §2o., LINDB), ou seja, a aquisição de um direito decorre da vinculação de seu titular a um direito por um fato determinado em lei já realizado. Vale lembrar que direito adquirido não pode ser confundido com expectativa de direito. O direito adquirido configura uma situação jurídica já resguardada pelo ordenamento, porque já ingressou no patrimônio de seu titular. Já a expectativa de direito é apenas uma potencialidade (direito em formação, in fieri), ou seja, a aquisição do direito depende do implemento de um evento futuro e incerto (denominado condição). Introdução ao Estudo do Direito AULA 08: DIREITO SUBJETIVO, OBJETIVO E POTESTATIVO Teorias dos Direitos Adquiridos Diversas são as teorias que visam explicar os direitos adquiridos em face da (ir)retroatividade das leis, entre elas, destacam-se: • Teoria de Savigny: Irretroatividade relativa e absoluta. • Teoria de Lassalle e Gabba: Limita a irretroatividade das leis aos direitos adquiridos (atual). • Teoria de J. Bonnecase: Está presente no art. 6º., LINDB e art. 2.035, CC. • Teoria de Paul Roubier: Teoria do efeito imediato da nova lei — defende a teoria a aplicação da lei anterior aos atos, fatos e situações já ocorridos concretamente e os efeitos da nova lei aos atos, fatos e situações futuras. AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Ler o capítulo 8 – Conceitos de Fontes do Direito, páginas 135 a 148, do Livro Didático de Introdução ao Estudo do Direito. Resolver o caso concreto e a questão objetiva da aula 9 e postar os resultados no SAVA. Navegar pelos demais itens das trilhas de conhecimento do SAVA.
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