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Texto sobre Bandura

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BANDURA
Segundo a Teoria Cognitiva Social de Bandura (1986), o pensamento auto-referencial é responsável pela mediação entre pensamento e ação, e através da auto-reflexão, os indivíduos avaliam suas próprias experiências e processos de pensamento. O conhecimento, as habilidades e as conquistas anteriores são normalmente maus preditores das conquistas subsequentes, porque as crenças que os indivíduos têm sobre suas capacidades e sobre os resultados de seus empenhos influenciam enormemente o modo com que se comportam. Essa perspectiva é consistente com o que os teóricos têm argumentado, que a natureza potente das crenças atua como um filtro através do qual novos fenômenos são interpretados e comportamentos subsequentes são mediados.
A maneira com que os indivíduos interpretam suas conquistas e os resultados de seu desempenho informa e altera o ambiente que os cerca, assim como suas crenças pessoais, que por sua vez informam e alteram seus desempenhos subsequentes. Este é o fundamento da concepção de Bandura de determinismo recíproco (1978b, 1986). Portanto, os fatores pessoais sob a forma de cognição, afeto e eventos biológicos; o comportamento e as influências ambientais, criam interações que resultam em uma reciprocidade triádica. Como o agenciamento pessoal é socialmente enraizado, operando segundo as influências socioculturais, os indivíduos são percebidos como produtos e produtores de seus próprios ambientes e de seus sistemas sociais.
Bandura refina a idéia de autoconceito e define um constructo derivado deste primeiro, a auto-eficácia. Através da auto-reflexão, a mais sofisticada capacidade humana, o pensamento auto-referenciado é capaz de avaliar e alterar o próprio pensamento e comportamento. Essas auto-avaliações incluem as percepções de auto-eficácia, ou seja, “as crenças que alguém tem sobre sua própria capacidade para organizar e executar os cursos de ação requeridos na administração de situações prospectivas” (Bandura, 1986). Essa crença de competência pessoal afeta o comportamento de diferentes maneiras. Ela influencia as escolhas individuais alterando o curso de ação perseguido, pois as pessoas tendem a só se comprometerem com tarefas em que se sentem competentes e confiantes, evitando aquelas que não geram tal sensação. 
Embora os pressupostos defendidos pela Teoria Cognitiva Social sejam bastante pertinentes aos propósitos desta investigação, devido ao fato desta teoria ser relativamente recente e ainda pouco empregada pelos pesquisadores nacionais, mostra-se relevante esclarecer alguns de seus conceitos fundamentais para a melhor compreensão da natureza e dos processos referentes à auto-eficácia, uma das componentes mais importantes desta teoria conforme veremos a seguir.
As Perspectivas da Teoria Cognitiva Social
Ao formular os pressupostos da Teoria Cognitiva Social, Bandura enfatiza a necessidade que as pessoas manifestam de se empenharam para obter o controle sobre os eventos que afetam suas vidas. Esse empenho tem como objetivo garantir a concretização de projetos e a evitação de situações indesejadas. O acúmulo de conhecimentos que testemunhamos ao longo da história da humanidade permitiu a ampliação da capacidade humana de prever acontecimentos, o que possibilitou o exercício de um certo controle sobre eles. A capacidade relativa de moldar o próprio destino promoveu alterações marcantes na autoconcepção humana e, assim, os homens cada vez mais se dedicam a encontrar formas de exercer controle sobre quase todas as circunstâncias que podem afetá-los de modo a obterem inúmeros benefícios pessoais e sociais.
A capacidade de prever e antecipar consequências boas e/ou ruins encerra prontidão adaptativa, visto que a incapacidade de exercer influência sobre os fatos que afetam adversamente a própria vida gera apreensão, apatia ou desespero. A preditividade nos aproxima dos desfechos desejados e nos protege das circunstâncias indesejáveis, o que se constitui como um poderoso estímulo para o desenvolvimento e exercício do controle pessoal. Quanto mais as pessoas conseguem exercer sua influência nos eventos que compõem sua vida, mais aptas se encontram para modelá-los a sua maneira.
Mas o auto-agenciamento se desenvolve em um ambiente social, o funcionamento humano está permeado por condições sociais. Por sua vez, os suportes ambientais instituídos e aceitos coletivamente são criados tanto individualmente como coletivamente. É através da ação coletiva que as pessoas podem melhorar suas vidas ao modificarem o caráter e as práticas dos seus sistemas sociais. Contudo, a imensa capacidade humana de transformar o ambiente pode apresentar efeitos penetrantes não só na vida cotidiana como nas futuras gerações. E, além disso, o exercício do controle pode se degenerar em fortes conflitos pessoais e grupais, uma vez que a capacidade de controle humano pode ser exercida tanto o bem como para o mal.
Outro aspecto de suma importância defendido pela Teoria Cognitiva Social é que o nível de motivação das pessoas, seus estados emocionais e suas ações são mais fundamentados no que elas acreditam do que no que as coisas realmente são. Essa constatação amplia a necessidade de investigarmos a extensão da ação das crenças pessoais.
Embora a maioria das teorias afirme que a necessidade de controle é um impulso inato, Bandura acredita que as pessoas contribuem ativamente para o seu próprio funcionamento psicossocial através de mecanismos de auto-agenciamento. Dentre os mecanismos de agenciamento, nenhum deles é mais central ou imprescindível do que a crença de eficácia pessoal. A menos que as pessoas acreditem que podem produzir os efeitos que desejam com suas ações, elas terão pouco incentivo para agir. A crença na própria eficácia é a maior base para a ação. As pessoas orientam suas vidas segundo as crenças que mantêm a respeito de sua própria eficácia.
Conforme já foi exposto, a auto-eficácia percebida se refere às crenças que alguém possui sobre suas capacidades de organizar e executar cursos de ação necessários à produção de um dado objetivo. Os acontecimentos sobre os quais a influência pessoal é exercida variam enormemente. A influência pode regular a própria motivação pessoal, os processos de pensamento, os estados afetivos e os comportamentos, também podendo acarretar a modificação do ambiente, dependendo do que se deseja empreender.
É através do auto-agenciamento e da auto-reflexão que se estruturam as crenças pessoais que influenciam e determinam a escolha dos objetivos individuais, o grau de empenho dedicado a cada empreendimento, a persistência diante dos obstáculos e fracassos, a plasticidade às adversidades, o desenvolvimento de pensamentos autodesestimulantes ou auto-reconfortantes, e a intensidade do estresse e depressão experimentada diante da necessidade de atender às exigências e demandas ambientais e sociais, assim como o nível de realizações pessoais.	
	As mudanças e a adaptação humana estão enraizadas nos sistemas sociais, fazendo com que o auto-agenciamento opere dentro de uma ampla rede de influências sócio-estruturais que são criadas pela própria atividade humana de modo a organizar, orientar e regular as relações humanas. 
As estruturas sociais tanto impõem restrições como proporcionam os meios para o desenvolvimento pessoal e para o funcionamento cotidiano. As regras sócio-estruturais estão sujeitas a diferentes interpretações, podendo ser reforçadas, adotadas ou mesmo rejeitadas por oposição ativa. Mas não podemos pensar em dicotomizar a relação indivíduo-sociedade, visto que não existe uma estrutura social desincorporada e nem tampouco um agenciamento pessoal descontextualizado. A Teoria Cognitiva Social não endossa o dualismo entre indivíduos e sociedade e nem entre a estrutura social e o agenciamento pessoal: o comportamento humano requer uma perspectiva causal integrada, no qual as influências sociais operam através dos autoprocessos que produzem as ações do indivíduo sobre o contexto social em que está inserido.
Embora o self seja constituídosocialmente, ao exercer sua auto-influência, ele permite que os indivíduos se tornem contribuintes parciais de sua própria história, do que se tornam e do que fazem. O agenciamento humano opera de forma a gerar e criar proativamente, mais do que apenas reativamente. Na causação recíproca triádica, os determinantes socioestruturais e pessoais são tratados como cofatores interatuantes dentro de uma estrutura causal unificada como pode ser observado na Figura 1.	
Figura 1. As relações entre as três grandes classes de determinantes na causação recíproca triádica. C representa o comportamento; P os fatores pessoais internos sob a forma de eventos cognitivos, afetivos e biológicos; e A representa o ambiente externo:
 P
C A
A atuação causal através do auto-agenciamento implica a capacidade de se comportar diferentemente, se necessário, do que é estabelecido pelas forças ambientais. Nas situações de coação e de tentação, o agenciamento pessoal se expressa através da capacidade de contenção. Assim se constroem os padrões pessoais que são utilizados para orientar, motivar e regular o comportamento individual humano. A auto-regulação se expressa através do auto-respeito antecipatório, o qual se preserva pelas escolhas coerentes com os padrões pessoais, e da autocensura que refreia as ações que violentam tais padrões.
	Na perspectiva operante (Skinner, 1974), as pessoas são meros recipientes de estímulos passados e condutores que servem à estimulação externa – nada acrescentam de realmente pessoal ao seu desempenho. A influência dos estímulos ambientais sobre o pensamento é incontestável, contudo o pensamento não é simplesmente um produto moldado pelos estímulos passados. Não é possível negar a ação da liberdade, a existência de uma componente individual que cria, altera e destrói o próprio ambiente através de escolhas. Como explicar as criações artísticas e científicas que em muito superam os estímulos ambientais recebidos? Um excelente exemplo é a obra de Michael Faraday (1791-1867), mundialmente conhecido pelas suas descobertas sobre a indução eletromagnética e pelas leis da eletrólise. Faraday era filho de um ferreiro e recebeu quase nenhuma educação formal. Ao falecer, Faraday recebera todos os títulos e honras já creditados a outros expoentes da Sociedade Real (Encarta, 1997).

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