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MODELO INICIAL CONSUMIDOR

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL
FULANO, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no RG sob o número 1234, CPF 567, (endereço eletrônico), residente e domiciliado na rua xxxxxxxxx, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro- RJ vem diante de esse juízo propor
ACÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
em face da empresa WMB COMÉRCIO ELETRÔNICO LTDA, inscrita no CNPJ sob o número 00.063.960/0001-09, com sede na av.projetada, 345 - Bloco 01 - Engenho de Dentro, Rio de Janeiro – RJ
DOS FATOS
Em 15/12/2017 o autor realizou a compra de um Tablet da marca “galinha pintadinha” através do site na internet da empresa ré, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) que foi pago com cartão de crédito, bandeira mastercard, em 5 (cinco) vezes sem juros.
A opção do autor em realizar a aquisição do produto pela internet, no site da empresa ré, se deu em razão de 2(dois) fatores, considerados fundamentais na escolha, quais sejam: o preço e o prazo de entrega fixado.
Ressalta-se, a título de esclarecimentos, que a compra do referido tablet fora realizada com o propósito de presentar a afilhada do autor - uma criança de apenas 07(sete) anos. E o pior: a menina já tinha ciência de que ganharia de seu padrinho, como presente de Natal, o referido produto, já que teve um excelente desempenho escolar.
Considerando tratar-se de um presente prometido para uma criança, que não fora honrado, verificou-se, lamentavelmente, com imensa angustia, a dor e a ansiedade desse ser humano ingênuo e frágil.
Esclarece-se que o autor desde o dia 20/12/2017 vem mantendo sucessivos contatos com os representantes da empresa ré, seja por e-mail, seja por telefone, porém, até o momento, não obteve nenhum posicionamento, nem esclarecimento sobre solução concreta para o problema.
O prazo estabelecido para a entrega foi de 4(quatro) dias úteis, porém o fornecedor não honrou o compromisso pactuado, sendo que até a presente data, ou seja, decorridos quase 3(três) meses, a mercadoria não foi entregue.
DOS FUNDAMENTOS
- DA PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR
Trata-se de litígio envolvendo relação de consumo, por força do que dispõem os artigos 2º, caput, e 3º, § 2º do Código de Defesa do Consumidor, transcritos a seguir:
"Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo Único - Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.
“Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestações de serviços.
§ 2° - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista".
Diante disso, concluiu-se que o relacionamento entre o autor e a ré se caracteriza com evidente relação de consumo e, consequentemente, a ação judicial proposta deverá ser regida pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei Nº 8.078/1990.
	Ademais, conforme consta no artigo 35 do CDC, se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
 - DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
Ressalta-se que, indubitavelmente, o caso concreto em pauta possui respaldo jurídico consoante artigo 5º, XXXV da CF/88, já que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
 - DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
Consoante disposto no artigo 247 do CC, incorre na obrigação de indenizar perdas e danos, o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. No caso concreto em pauta, é de responsabilidade única e exclusiva da empresa ré a obrigação de realizar a entrega domiciliaria do produto adquirido pelo autor – um Tablet da “galinha pintadinha” ou então, caso não seja possível, em razão do esgotamento em estoque do produto, que seja restituído o valor pago pelo autor.
 
DA RESPONSABILIDADE CIVIL
 Denota-se que os cuidados devidos que se esperava da ré, até mesmo por ser um dos maiores sites de vendas de varejo do país, não foram realizados de modo correto.
Como em diversos momentos, e por vários setores da empresa, houve um total desleixo da ré com o autor, vislumbra-se, além dos danos materias, a hipótese de vício do serviço, nos moldes da lei 8.078/90(CDC), ensejando, dessa forma, o dever de reparação do dano causado, eis que a responsabilidade de sanar os defeitos seria, única e exclusivamente, da empresa ré.
Saliente-se, ainda, que deve ser empregada a RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA ao caso concreto em tela, não tendo o que se observar, portanto, quanto à culpa. Ademais, atrela-se, ainda, o instituto do RISCO DO EMPREENDIMENTO, considerando, então, que deverá ser determinado, necessariamente, a inversão do ÔNUS PROBANDI, haja vista o preenchimento pela parte autora dos ditames do art. 6º, inciso VIII, CDC.
 Ainda, no caso concreto em pauta, vincula-se a compensação a título de danos morais que se faz mister, face o dano in re ipsa, ensejando, por conseguinte, a responsabilidade de equilíbrio pela ré. A responsabilidade da ré decorreu do defeito na prestação dos serviços, incidindo a aplicabilidade direta dos dispositivos legais em prol da parte autora e, concomitantemente, em desfavor da ré, com amparo no art. 14, Caput e § 1º da lei 8.078/90(CDC).
DOS DANOS MORAIS 
O autor, desde o primeiro acesso ao site da empresa ré, visando a efetivação da compra do tablet, sempre teve a expectativa da prestação de um serviço de qualidade, contudo, no presente caso, resta evidente a absoluta falha na prestação do serviço pela ré, que ocasionou evidente lesão no direito da sua personalidade, honra e dignidade.
Não se pode esquecer que a moral é reconhecida como um bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive, sendo elevada ao indiscutível entendimento constitucional na Constituição da República, pelo art. 5º, V da carta magna:
“Art. 5º 
(OMISSIS)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
Ocorre que o dano moral deriva da dor íntima, uma comoção interna, um constrangimento gerado naquele que o sofreu e que repercutiria de igual forma em outra pessoa nas mesmas circunstâncias. No caso em tela, o autor teve sua moral violada de maneira descarada, no instante em que fora tratado pela ré de maneira indigna, pois nenhuma de suas reclamações foi atendida, sem contar a explícita má-fé por parte da ré que, se aproveitando da vulnerabilidade do autor-consumidor, não adotou as medidas pertinentes para a solução do problema existente. Restou configurado, claramente, que tal fato ultrapassou a órbita do mero aborrecimento do cotidiano, maculando desta forma a moral, a dignidade, a honra e a autoestima do autor. Ademais, o autor deixou de cumprir uma promessa para uma criança, de apenas 07(sete) anos, por ineficiência e total descaso da vendedora do produto – a Empresa ré.
Com suporte no entendimento doutrinário, segundo Savatier, dano moral “é todo sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária”. (SAVATIER citado por José Raffaelli Santini. Dano Moral: doutrina, jurisprudência e prática. São Paulo: Editora de Direito, 1997. P. 42).
Posiciona-se VóliaBomfim Cassar entendendo que o dano moral corresponde a “lesões causadas por terceiros estranhas ao patrimônio, de difícil mensuração pecuniária”. (Cassar, Vólia Bomfim, Direito do Trabalho, 11.ª Edição rev. E atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 913).
Na visão de Mauro Schiavi, “dano moral é a violação a um direito da personalidade sem conteúdo econômico, tendo por fundamento e finalidade última a proteção à dignidade da pessoa humana”. (Schiavi, Mauro, Ações de reparação por danos morais decorrentes da relação de trabalho, 4ª edição, São Paulo: Ltr, 2011, p. 67).
Note-se que não há que se falar em prova do dano moral na hipótese trazida à tona, haja vista que este decorre inexoravelmente da conduta ilícita, ou seja, existe in re ipsa, merecendo ser reparado de maneira objetiva com fulcro no art. 5º, X da CRFB/88, bem como o art. 14, § 1º do Diploma Consumerista Pátrio(CDC).
Com grande maestria, ensina Sílvio de Salvo Venosa in Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004, p. 206: "Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do fornecedor de produtos e serviços, devem ser cabalmente indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade objetiva no campo do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização aos consumidores não existe limitação tarifada.”
No que concerne ao quantum indenizatório, cristaliza-se o entendimento jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenização pecuniária não tem apenas o fito da reparação do prejuízo, possuindo também um caráter punitivo, pedagógico, preventivo e repressor. Neste diapasão, a indenização não apenas repara o dano moral, mitigando-o, mas também atua de forma pedagógica para o ofensor e a sociedade, inibindo novas práticas semelhantes.
Esclarece-se e enfatiza-se que a indenização não compensará, nem sequer fará desaparecer, a dor do ofendido; por isso mesmo não se trata de substituir por dinheiro o serviço mal prestado, nem mesmo se cogita avaliar a dor sofrida por um valor em dinheiro. O fundamento da ação, claramente, data vênia, é diverso.
O que se tem em vista, na realidade, não é avaliar e mensurar a dor para pagá-la em dinheiro numa equivalência exata, mas tutelar o direito que fora frontalmente violado. As perdas e danos não têm o caráter de indenização do sofrimento, mas sim um sinal indicativo de reparação repressiva. A indenização sob forma econômica é considerada como um bem sucedâneo, ou seja, não como um bem equivalente a outro, mas sim como um bem dado em substituição a outro, como uma satisfação ou até mesmo uma vantagem pela lesão do direito. É o caso em pauta.
Registre-se que é exatamente isso que se pretende com o pedido de danos morais: uma satisfação, uma compensação pelo sofrimento que experimentou o autor. Tal pleito nada mais é do que uma contrapartida pelo mal sofrido pelo autor-consumidor, com o condão satisfativo para o lesado e punitivo/educativo para a parte ré, causadora do dano, de modo que essa se abstenha, não somente de adotar conduta lesiva, mas também de tratar os consumidores com indiferença.
 Dito isso, o autor se viu obrigado a recorrer ao Poder Judiciário, em razão da humilhação e do transtorno enfrentados, provocados pela empresa ré. 
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência:
Citação do réu para audiência de conciliação, consoante disposto no Art. 21 da Lei 9.099/95 e nos termos do art. 319, VII, do CPC/2015;
Seja julgado procedente o pedido para obrigar a parte ré a realizar a entrega do tablet, ou a restituição do valor pago, corrigido monetariamente a partir da data da compra;
Seja julgado procedente o pedido para condenar a parte ré ao pagamento de R$5.000,00 (cinco mil reais) referente a danos morais, adequando-se, assim, aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;
DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas admitidas em direito, na amplitude do Art. 32 da Lei 9.099/95 em especial as de caráter documental e depoimento pessoal do réu.
DO VALOR DA CAUSA
Dá à causa o valor de R$ 5.500,00(cinco mil e quinhentos reais).
Nestes Termos
Pede Deferimento,
Rio de Janeiro, RJ, 13 de março de 2018
José Elias Brasil
Autor

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