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Tocando em frente - um estudo sobre empreendedorismo musical

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0 
 
 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Graduação em Administração de Empresas 
 
 
 
 
Paulo Henrique Félix Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
TOCANDO EM FRENTE: 
Um estudo sobre empreendedorismo musical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arcos 
2016 
1 
 
 
 
Paulo Henrique Félix Duarte 
 
 
 
 
TOCANDO EM FRENTE: 
Um estudo sobre empreendedorismo musical 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Programa de 
Graduação em Administração da Pontifícia 
Universidade Católica de Minas Gerais, como 
requisito parcial para obtenção do título de 
Bacharel em Administração. 
 
Orientador: Profa. Cíntia Borges Leal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arcos 
2016 
2 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À minha orientadora, Profa. Cíntia Borges Leal, que possibilitou a realização 
desta pesquisa e que sempre se mostrou colaborativa a me ajudar. 
À Profa. Isabel Cristina da Silva Arantes, que me sugeriu o tema da 
monografia, sabendo da minha grande paixão por música. Aos professores Késia 
Aparecida Teixeira Silva e Ramon Silva Leite, por terem contribuído nas etapas 
iniciais da pesquisa. Aos músicos Thalita Aneda, Saullo Morais e Carol Shineider por 
terem me concedido as entrevistas e demonstrarem interesse e colaboração com o 
estudo. Aos 125 respondentes dos questionários aplicados, que dedicaram seu 
tempo para contribuir com a pesquisa. Agradeço também à OMB – Ordem dos 
Músicos do Brasil, pela colaboração essencial para o desenvolvimento do trabalho. 
 A todos que acreditaram em mim, me dando apoio e colaborando para a 
realização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho buscou analisar características empreendedoras de músicos, de 
diversos gêneros musicais, residentes no estado de Minas Gerais. A pesquisa 
embasou-se em diversas obras sobre o empreendedorismo e características 
empreendedoras, adotando como parâmetro principal os estudos que 
desenvolveram o modelo PPE – Perfil do Potencial Empreendedor. Buscou-se 
também, nas consultas ao acervo teórico, embasar-se acerca da indústria da música 
e de termologias essenciais para compreende-la. Para alcançar os resultados 
esperados, o presente estudo pautou-se de uma metodologia qualitativa, sendo 
caracterizada por entrevistas semiestruturadas que compreenderam três músicos de 
diferentes gêneros musicais. A pesquisa compreendeu também uma metodologia 
quantitativa, sendo aplicados questionários a 125 músicos de todo o estado de 
Minas Gerais. As conclusões compreendem as características empreendedoras 
presentes nos músicos, bem como as características de menor influência, e ao fim, 
levanta novas indagações sobre o tema empreendedorismo, tanto no sentido mais 
amplo, quanto no mais específico, como é o caso do empreendedorismo musical. 
 
Palavras chaves: empreendedorismo, características empreendedoras, música, 
indústria da música. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This work aims to analyze the entrepreneurial characteristics of musicians, from 
different musical genres, living in the state of Minas Gerais, Brazil. The research was 
based on several works on entrepreneurship and entrepreneurial characteristics, 
adopting as main parameter the studies that developed the PPE - Entrepreneurial 
Potential Profile model. It was also sought, in the consultations to the theoretical 
collection, to base itself on the music industry and thermologies essential to 
understand it. To achieve the expected results, the present study was based on a 
qualitative methodology, being characterized by semi-structured interviews that 
included three musicians of different musical genres. The research also included a 
quantitative methodology, and questionnaires were applied to 125 musicians from 
the entire state of Minas Gerais, Brazil. The conclusions include the entrepreneurial 
characteristics present in the musicians, as well as the characteristics of less 
influence, and to the end, raises new questions about the theme of entrepreneurship, 
both in the broader sense and in the more specific, as is the case of musical 
entrepreneurship. 
 
Keywords: entrepreneurship, entrepreneurial characteristics, music, music industry. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6 
1.1 Problemática.........................................................................................................8 
1.2 Justificativa...........................................................................................................8 
1.3 Objetivos...............................................................................................................9 
1.3.1 Objetivo Geral....................................................................................................9 
1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................10 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................11 
2.1 Empreendedorismo............................................................................................11 
2.2 Características empreendedoras.....................................................................17 
2.2.1 O modelo McClelland........................................................................................18 
2.2.2 O modelo de Carland........................................................................................20 
2.2.3 O modelo PPE...................................................................................................20 
2.3 A indústria da música........................................................................................25 
 
3 METODOLOGIA.....................................................................................................32 
3.1 Sujeitos de pesquisa, universo e amostra.......................................................32 
3.2 Instrumento e técnica de coleta de dados.......................................................33 
3.5 Instrumentos de análise de dados....................................................................34 
 
4 ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................35 
4.1 Perfil dos músicos..............................................................................................35 
4.2 História e trajetória.............................................................................................38 
4.3 Potencial empreendedor...................................................................................41 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................60 
 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................62 
 
APÊNDICE A – Questionário quantitativo..............................................................65 
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista......................................................................67 
6 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O conceito de empreendedorismo tem sido muito difundido no Brasil nos 
últimos anos, intensificando-se no final da década de 1990, mas cujo início, como 
marco na consolidação do tema e de sua relevânciapara o país, ocorreu a partir do 
ano 2000 (DORNELAS, 2014). O autor atribui o fenômeno a alguns fatores, como a 
desestabilização da economia, que provocou desemprego e fez com que os ex-
funcionários deslumbrassem em seus próprios negócios uma alternativa de 
sobrevivência financeira. A partir daí, o empreendedorismo tem sido alvo de estudos 
que buscam mapear características empreendedoras, para que sejam trabalhadas 
ou desenvolvidas nos que buscam grandes perspectivas de crescimento. 
Duarte (2009) classifica o empreendedor como uma pessoa com 
características comportamentais que lhe confere a capacidade, o talento e a 
coragem para lançar-se em desafios, criando ou recriando um negócio, com a visão 
de futuro, desenvolvendo-o a partir de uma oportunidade ou de uma necessidade, 
elementos primordiais da ação empreendedora. A partir deste conceito podemos 
compreender o empreendedorismo não somente em profissionais formais, mas 
também em profissionais liberais. 
Nesse sentido, busca-se, por meio deste estudo, analisar características 
empreendedoras em músicos independentes da música popular brasileira, 
residentes no estado de Minas Gerais, através de entrevistas semiestruturadas, 
aplicadas a três músicos de diferentes segmentos musicais, e questionários 
quantitativos, aplicados a 125 artistas do segmento musical, de diferentes 
localidades. Tanto os questionários qualitativos quanto os roteiros de entrevista 
tiveram como base as questões abordadas no modelo PPE – Potencial do Perfil 
Empreendedor, desenvolvido por Viet & Filho (2007). 
O mercado fonográfico pode ser conceituado, de forma superficial, como a 
produção e comercialização de suportes como CDs, DVDs, VHS, singles, K7s e de 
música digital (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). O mercado da música 
movimentou, somente no ano de 2014, o total de R$581,7 milhões em receitas no 
território nacional, segundo dados publicados na ABPD – Associação Brasileira dos 
Produtores de Disco (2014). Valor que demonstra um crescimento de 2% em relação 
ao ano anterior. Outro ponto curioso divulgado pela ABPD (2014), replicando dados 
7 
 
 
 
da IFPI – Federação Internacional da Indústria Fonográfica, é que as vendas físicas 
caíram 8,1% em índices mundiais, e as vendas digitais alavancaram 6, 9%, já 
representando 46% das vendas mundiais, por influência, principalmente, do bom 
desempenho do segmento de subscrição para acesso à música por streaming. 
Índices significativos relacionados à música na internet não representam 
grande surpresa, tendo em vista a evolução nos meios de distribuição fonográfica 
em relação ao desenvolvimento tecnológico. Porém existe o grande desafio da 
indústria fonográfica de lidar com o dowload ilegal de músicas pela internet (ALVIM, 
STREHLAU & KIRSCHBAUM, 2013). 
Apesar do crescimento no volume de receitas de música digital, a indústria 
fonográfica vem diminuindo significativamente nos últimos anos (MARTINS & 
SLONGO, 2014). Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos 
(ABPD), a indústria fonográfica vem encolhendo ano a ano em termos mundiais. No 
Brasil esse processo de diminuição de mercado tem sido mais agudo. Entre 1997 e 
2003, a retração nas vendas chegou a 50% em valores nominais. No mesmo 
período, a participação do mercado ilegal atingiu 52% do total, num setor que faturou 
R$ 601 milhões em 2003 — somando CDs, DVDs e vídeos musicais. Dados da 
Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos (APDIF), considerando a 
inflação no período, apontaram para uma queda no faturamento com a venda de 
CDs em até 68% (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). 
A internet possibilitou diversas formas de venda de música digital, como 
serviços de assinatura, downloads, dentre outros. Estima-se em 885 milhões o 
número de arquivos disponíveis para download nas redes domésticas em todo o 
mundo – apontadas como principal fonte de downloads ilegais de músicas –, contra 
cerca de seis milhões de faixas em sites licenciados para venda on-line de música 
digital (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). Portanto, podemos citar a internet 
como uma “faca de dois gumes”, sendo fonte de receita através da comercialização 
da música digital, porém devemos considerar também o fator pirataria, como já 
citado anteriormente. 
O foco deste estudo é a mensuração das características empreendedoras em 
músicos, em grande maioria independentes, de diferentes gêneros musicais, do 
estado de Minas Gerais. Neto, Silva, Sousa & Sousa (2014) trazem que o termo 
Independente originou-se nos Estados Unidos, onde há uma longa história em 
8 
 
 
 
relação aos pequenos empreendimentos fonográficos. Frith (1981), citado por Neto, 
Silva, Sousa & Sousa (2014), afirma que o termo independente está ligado ao 
desenvolvimento do Blues, do Jazz e notadamente do Rock n’ Roll. Isso se deve, 
imprescindivelmente, a questões de períodos históricos, como por exemplo, a 
música popular brasileira nos dias atuais, que perdeu espaço para segmentos como 
funk brasileiro, pop americano, axé e vertentes do sertanejo, e teve que recorrer a 
meios alternativos para disseminação da nova MPB. 
O mercado fonográfico é, como qualquer outro mercado, metamórfico. Neste 
contexto as características empreendedoras acabam por gerar vantagem 
competitiva tal como no mercado varejista, por exemplo. 
Buscando responder a problemática apresentada a seguir, o presente estudo 
estrutura-se, inicialmente, na apresentação da justificativa, seguida pelos objetivos 
da pesquisa. Posteriormente será apresentado o estudo teórico, juntamente com o 
modelo PPE – Perfil do Potencial Empreendedor, bibliografia base para a coleta e 
tabulação dos dados. Após a apresentação da revisão bibliográfica, serão 
especificados, no tópico da metodologia, sobre os questionários e as entrevistas, 
bem como o caráter de pesquisa, público-alvo e demais fatores metodológicos. 
 
1.1 Problemática 
 
A partir do conceito de empreendedorismo e dos fatores relacionados ao 
mercado musical, o presente estudo propõe-se a responder a seguinte questão: 
quais características empreendedoras é possível identificar e nos músicos 
residentes em Minas Gerais? 
 
1.2 Justificativa 
 
O empreendedorismo é tema de diversos estudos realizados dentro da área 
da administração. Por se tratar de um assunto amplo, observa-se uma grande 
ramificação de pontos e estudos específicos, relacionados diretamente a uma área, 
como é o caso do empreendedorismo musical. Neste sentido, o presente estudo 
busca enriquecer o debate da temática, através do compartilhamento de 
conhecimento sobre este estilo de empreendedorismo vivenciado na sociedade. 
9 
 
 
 
Câmara & Andalécio (2012) reforçam a importância do estudo do 
empreendedorismo, afirmando que esse entendimento pode ser útil para definição 
de programas de desenvolvimento nas características empreendedoras presentes 
ou reforço nas ausentes. 
A presente pesquisa justifica-se também pela importância do estudo da 
indústria musical, bem como o esclarecimento de conceitos e identificação de pontos 
fortes e fracos dos músicos, sobre uma ótica empreendedora. A música está por 
toda parte. Reconhecer e trazer esse mercado para os estudos científicos é 
extremamente válido. Há também um engrandecimento através do estudo do 
empreendedorismo relacionado à música a ser favorecido, possibilitando nortear 
esses profissionais às técnicas administrativas, à medida que explica práticas 
comumente observadas na administração da carreira musical. Observa-se um 
grande desconhecimento e até certo preconceito entre o mundo da cultura e o 
mundo dos negócios, o que impede o contato maior entre estes mundos, tão 
necessárioquanto benéfico para ambos, desde que feito de forma ética e 
sustentável (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). 
Vale lembrar da grandiosidade da indústria musical em termos financeiros. O 
mercado musical movimentou, através de shows e festivais musicais, R$357 milhões 
somente no ano de 2013, segundo dados do Portal Brasil (2014). Observa-se, então, 
diante dos números apresentados, comparados aos anos anteriores, que se trata 
também de um mercado em expansão que movimenta significativamente a 
economia nacional, tornando-o um espaço de negócios interessante do ponto de 
vista empreendedor. 
O estudo busca ainda, além de alcançar o objetivo proposto, levantar novas 
indagações através dele, fortalecendo a continuidade dos estudos do tema. 
 
1.3 Objetivos 
 
1.3.1 Objetivo geral 
 
Analisar características empreendedoras identificadas em músicos do estado 
de Minas Gerais. 
 
10 
 
 
 
1.3.2 Objetivos específicos 
 
 Analisar a trajetória pessoal e profissional dos entrevistados, verificando 
possíveis origens de características empreendedoras; 
 Identificar métodos de gestão utilizados por esses músicos; 
 Aplicar questionários quantitativos, baseados nas questões abordadas pelo 
modelo PPE – Perfil do Potencial Empreendedor, à amostra em questão; 
 Relacionar informações obtidas pelo método qualitativo com o método 
quantitativo, buscando pontos comuns e incomuns entre as amostras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
É comum o emprego do termo empreendedorismo para definir 
comportamentos, ideias inovadoras, perfil de gerenciamento, mudanças nos 
processos e criação de estratégias de sucesso (CÂMARA & ANDALÉCIO, 2012). 
Pensando neste contexto, é pertinente estudar a finalidade do conceito, bem como 
suas vertentes, características e aplicabilidades. 
O referencial teórico do presente estudo aborda inicialmente o conceito 
histórico do empreendedorismo, bem como a conceituação propriamente dita. 
Posteriormente são apresentadas as características empreendedoras através de um 
diálogo teórico e ainda estudos relacionados ao perfil empreendedor desenvolvidos 
por McCllend (1961), Carland (1996), Bygrave (2003) e Viet & Filho (2007). Ao fim, 
são apresentados conceitos da indústria da música, que posteriormente serão 
importantes para melhor compreensão do estudo. 
 
2.1 Empreendedorismo 
 
O adjetivo “empreendedor” é comumente aplicado no meio empresarial, 
muitas vezes de forma errônea. Cada vez mais o empreendedorismo se constitui 
como um fenômeno de interesse crescente por parte de agentes da comunidade 
acadêmica e do mercado, uma vez que gera importantes repercussões em termos 
de geração de empregos e renda (BORGES, et al., 2015). Este destaque decorre 
do papel fundamental do empreendedorismo na criação e no desenvolvimento dos 
negócios, estando estreitamente relacionado com o crescimento e prosperidade das 
nações e regiões (ROSA, et al., 2015). 
Estudiosos como Câmara & Andalécio (2012) afirmam que o 
empreendedorismo é a base para um país se desenvolver, proporcionando 
oportunidades de trabalho e facilitando o progresso tecnológico, inovações e 
aprimoramentos em produtos e serviços. Ching & Kitahara (2015) complementam o 
raciocínio dizendo que o empreendedorismo é visto como um motor do progresso 
econômico, porém, não deve-se excluir os pequenos empreendedores do contexto, 
já que tanto os grandes empreendedores quanto os pequenos são responsáveis 
pelo crescimento econômico do país. 
12 
 
 
 
Tendo em vista a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento 
de um país, é interessante buscar as origens dos estudos do tema, bem como 
terminologias e fatos marcantes para a academia. 
A palavra empreendedorismo originou-se há cerca de 800 anos, derivada do 
verbo francês “entreprendre”, que significa fazer algo, apesar de ainda não haver 
consenso sobre a definição exata do termo empreendedor (BOLTON & 
THOMPSON, apud FILARDI, BARROS & FISCHMANN, 2014). O que podemos, no 
entanto, é relacionar o termo às características comuns dentre os empreendedores, 
o que será trabalhado mais afundo posteriormente. 
No ano de 1947, na Universidade Harvard, Estados Unidos, foi ministrado o 
primeiro curso sobre o tema, tendo por objetivo auxiliar os militares depois da 
segunda guerra mundial a encontrarem novas possibilidades no mercado, 
enfatizando o próprio negócio (FILARDI, BARROS & FISCHMANN, 2014). O evento 
em apoio aos militares marcou o início dos estudos da área, mas a evolução do 
ensinamento do empreendedorismo se deu muito lentamente, sendo que somente 
nos anos 70 as universidades americanas começaram a valorizar o tema em seus 
currículos (VESPER & GARTNER, apud FILARDI, BARROS & FISCHMANN, 2014). 
É inegável a contribuição do economista Schumpeter no contexto do 
empreendedorismo. Seus estudos, que englobavam economia de forma geral, se 
iniciaram muito antes do curso sobre empreendedorismo de Harvard, porém, o 
empreendedor teve ênfase principal em seus estudos dos anos 40. Ele buscou em 
suas pesquisas a contribuição dos empreendedores na formação de riqueza com o 
processo da destruição criativa (VIET & FILHO, 2007). Sousa et al. (2015), 
confirmam a importância do estudo, afirmando que a estreita relação entre 
empreendedorismo e desenvolvimento a partir da geração de empregos e da 
minimização da mortalidade de empresas se insere em uma abordagem 
unidimensional. Schumpeter contribuiu pioneiramente ao conceituar o 
empreendedor, atribuindo características, sendo comumente citado em pesquisas do 
tema. 
Outro acontecimento importante nos primeiros anos dos estudos do tema 
aconteceu graças a McClelland, que fundou a McBer & Company, uma empresa de 
consultoria que buscava fomentar o empreendedorismo. Esta empresa, em uma 
parceria com a Management Systems International (MSI), realizou diversos estudos 
13 
 
 
 
e treinamentos com o objetivo similar a da palestra que ocorreu em Harvard, através 
de estímulos nas competências empreendedoras (BARTEL, apud CHING & 
KITAHARA, 2015). 
Em meados de 1970 para os dias atuais, muito se desenvolveu acerca do 
tema, e cada vez mais se destaca a importância de estudar o empreendedorismo. 
Há, no atual contexto, rápidas mudanças e avanços tecnológicos, alterando também 
a estrutura de emprego propendo novas carreiras, qualificações e ocupações 
surgem, requerendo do sistema de ensino o desenvolvimento de novas 
competências. Essas competências necessitam de um ambiente que proporcione 
este desenvolvimento e cabe à universidade o papel de dispersão da cultura 
empreendedora (SOUZA et al., apud CHING & KITAHARA, 2015). 
A evolução do campo de estudos possibilitou a identificação de diferentes 
correntes de pesquisa, as quais procuram elucidar aspectos importantes que 
permitem compreender a configuração do referido fenômeno (BORGES, et al., 
2015). Segundo Dornelas (2014), no Brasil, mesmo que os estudos do tema tenham 
se intensificado no final da década de 1990, somente a partir dos anos 2000 houve o 
marco na consolidação do tema e de sua relevância para o país. 
Em seu livro “Empreendedorismo: transformando ideias em negócios”, 
Dornelas (2014) atribui alguns fatores a ênfase dos estudos a partir dos anos 2000 
no Brasil. Um deles refere-se às consequências imediatas da desestabilização da 
economia, resultando no aumento da taxa de desemprego, principalmente nas 
grandes cidades, onde a concentração de empresas é maior. Sem alternativas, os 
ex-funcionários buscaram abrir seus próprios negócios para suasobrevivência 
financeira. Outros fatores importantes para a popularização e ganho de forças do 
empreendedorismo, segundo Câmara & Andalécio (2012), foram a entrada das 
classes C, D e E na economia, privatizações e abertura de mercado interno. 
Dentro do amplo conceito do empreendedorismo é possível projetar cenários 
onde o empreendedor aplica suas habilidades, o que será visto posteriormente. A 
produção científica sobre empreendedorismo busca estabelecer as fronteiras 
teóricas desse fenômeno, delimitando conceitos, demarcando seus tipos 
específicos, e compreendendo suas características e sua manifestação (BORGES, 
et al., 2015). No Brasil, a figura do empreendedor está fortemente relacionada ao 
desenvolvimento das micro e pequenas empresas (CÂMARA & ANDALÉCIO, 2012). 
14 
 
 
 
Podemos incluir o fator ao inconformismo descrito pelo dramaturgo irlandês Bernard 
Shaw. Segundo ele, “o homem racional adapta-as ao mundo e o irracional tenta 
adaptar o mundo a si”. Sendo assim, o homem involuntariamente busca a inovação 
(OLIVEIRA, 2011). No Brasil, prova deste constante desenvolvimento é o Simples 
Nacional, regime fiscal diferenciado destinado aos pequenos negócios, que possuía 
em dezembro de 2012, 7,1 milhões de empresas registradas no regime, segundo o 
SEBRAE (2013). 
Atrelado às pesquisas e enriquecimento do debate sobre empreendedorismo 
o conceito de empreendedor ampliou-se. Dornelas (2007) apresenta 8 tipos 
diferentes de empreendedores. 
O empreendedor nato, também chamado de Mitológico, é o tipo mais 
conhecido dos apontados pelo autor. Caracterizados por histórias brilhantes, quase 
sempre começam do nada. Começam a trabalhar jovens, desenvolvendo habilidade 
de negociação e vendas, sendo no geral otimistas, visionários, à frente de seu 
tempo e comprometem-se totalmente a realizar seus sonhos (DORNELAS, 2007). 
O empreendedor que aprende, por sua vez, está relacionado a abraçar 
oportunidades que surgem. São pessoas que não esperavam empreender, mas ao 
se deparar com uma oportunidade muda seu estilo de vida. Normalmente 
demonstram resistência para mudar seu estilo de vida, e quando se inserem na 
carreira empreendedora precisam aprender a lidar com novas situações e se 
envolver em atividades de um negócio próprio. Funcionários que pensam em uma 
alternativa à aposentadoria se enquadram nesta categoria (DORNELAS, 2007). 
Outro tipo de empreendedor apresentado por Dornelas (2007) é o 
empreendedor serial. Este é aquele apaixonado por empreender. Geralmente é uma 
pessoa dinâmica, tendo grande preferência pela fase inicial da criação de um 
negócio, buscando desafios e adrenalina. Quase sempre demonstra grande 
habilidade em montar equipes, motivar o time, captar recursos para o início do 
negócio e colocar a empresa para funcionamento. Ao concluir um desafio, precisa 
de outros para se manter motivado. Às vezes se envolve em vários negócios 
simultaneamente e não é incomum ter alguns fracassos. Mas estes servem de 
estímulo para a superação do próximo desafio. 
O empreendedor corporativo tem ganhado destaque nos últimos anos, devido 
à necessidade das grandes organizações de se renovar, inovar e criar novos 
15 
 
 
 
negócios. São geralmente executivos, com capacidade gerencial e conhecimento de 
ferramentas administrativas. Trabalham buscando resultados para crescer no mundo 
corporativo. Assumem riscos e têm o desafio de lidar com a falta de autonomia, já 
que nunca terão o caminho totalmente livre para agir. Isso faz com que desenvolvam 
estratégias avançadas de negociação. São hábeis comunicadores e vendedores de 
suas ideias. Desenvolvem seu networking dentro e fora da organização isso porque 
sabem se autopromover e são ambiciosos. Não se contentam em ganhar o que 
ganham e adoram planos com metas ousadas e recompensas variáveis. Se saírem 
da corporação para criar o próprio negócio podem ter problemas no início, já que 
estão acostumados com as regalias e o acesso a recursos do mundo corporativo 
(DORNELAS, 2007). 
O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor 
para as pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento 
singular. Suas características são similares às dos demais empreendedores, mas a 
diferença é que se realizam vendo seus projetos trazerem resultados para os outros 
e não para si próprios. De todos os tipos de empreendedores é o único que não 
busca desenvolver um patrimônio financeiro, ou seja, não tem como um de seus 
objetivos ganhar dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o 
desenvolvimento das pessoas. Está normalmente relacionado ao terceiro setor 
(DORNELAS, 2007). 
O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio por não ter 
alternativa. Geralmente se envolve em negócios informais, desenvolvendo tarefas 
simples, prestando serviços e conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. 
Suas iniciativas empreendedoras são simples, pouco inovadoras, geralmente não 
contribuem com impostos e outras taxas, e acabam por inflar as estatísticas 
empreendedoras de países em desenvolvimento, como o Brasil. No Brasil é o mais 
comum dos tipos de empreendedores (DORNELAS, 2007). 
Há também o empreendedor herdeiro, que vêm de sucessão familiar. Este 
tem que desde cedo levar a frente o legado de sua família. O desafio do 
empreendedor herdeiro é multiplicar o patrimônio recebido, o que cada vez tem sido 
mais difícil. Este aprende os macetes administrativos com a família, e geralmente 
segue seus passos (DORNELAS, 2007). 
16 
 
 
 
Por último, Dornelas (2007) caracteriza o empreendedor “normal” ou 
planejado, que é aquele que planeja sua carreira, usa técnicas para reduzir riscos, 
se preocupa com os próximos passos do negócio, tem visão de futuro clara e 
trabalha com metas. O empreendedor “normal” seria o mais completo no ponto de 
vista da definição de empreendedor, e o que teria como referência a ser seguida, 
porém, na prática não representa uma quantidade considerável de empreendedores. 
Estudos ainda mais recentes somam com as classificações de Dornelas 
(2007), mostrando que avanços tecnológicos e comportamentais aplicados à ciência 
da administração possibilitaram classificar subdivisões ainda mais novas do 
empreendedorismo. Temos, por exemplo, o intraempreendedor que, com uma ideia, 
liberdade, incentivo e recursos da empresa para qual presta serviços, dedica-se de 
forma entusiástica em transformá-la em um produto ou um serviço de sucesso, 
mesmo estando inserido em uma organização e não tendo um cargo de gerência 
(PINCHOT, apud MORAES, HASHIMOTO & ALBERTINI, 2013). 
Todas essas tipologias são na verdade formas de categorizar esses 
profissionais que possuem características muito peculiares e condizentes à busca 
pela inovação. 
 
2.2 Características Empreendedoras 
 
Como já mencionado, não há uma definição exata do termo 
empreendedorismo, mas podemos, no entanto, relacionar a palavra empreendedor a 
algumas características marcantes deste fenômeno. As investigações acerca das 
características pessoais do empreendedor têm movido os pesquisadores ao longo 
dos anos, sendo que os estudos sobre o perfil empreendedor já somam mais de 
meio século e os resultados identificam alguns traços peculiares (MORAES, 
HASHIMOTO & ALBERTINI, 2013). 
A concepção de empreendedor é representada por um indivíduo de atitudes 
atomísticas, e capaz de construir aglomerados empresariais ou de alavancar lucros 
extranormais, frente a investimentos que envolvem riscos (SCHUMPETER, 1942, 
SOUSA, et al., 2015). Neste contexto o empreendedorismo é o “motor da economia 
capitalista”, na medida em que a geração de novos produtos e a busca de novos17 
 
 
 
mercados é capaz de promover o desenvolvimento socioeconômico 
(SCHUMPETER, apud ROSA, et al., 2015). 
O empreendedor é visto contemporaneamente como transformador de um 
sonho de negócio em uma realidade (FORTIN, apud CÂMARA & ANDALÉCIO, 
2012). Desenvolver o perfil empreendedor é capacitá-lo para que crie, conduza e 
execute o processo de elaborar novos planos de vida, e para isso desenvolver uma 
consciência para formação de pessoas disseminadoras da inovação e das 
características básicas para formação de empreendedores (CHING & KITAHARA, 
2015). 
Não deve-se, porém, misturar conceitos de empreendedorismo com outros 
conceitos relacionados a atividades profissionais, como empresários, proprietários 
ou donos, executivos, gerentes e também identificar se trata de fundador ou não. As 
pesquisas indicam que empresários estabelecidos correm riscos mais moderados 
que empreendedores. McClelland, que terá seu modelo apresentado a seguir, não 
pretendia descrever as características do dono de um negócio em seus estudos, 
mas do empreendedor em si. O autor afirma que o empreendedorismo é, além de 
uma atividade econômica, uma forma de arte, a opção por um estilo de vida sem 
patrão (BARLACH, 2014). 
Buscando melhor conceituação do empreendedor e maior discernimento de 
outros cargos cooperativos, Filion, apresentado por Câmara & Andalécio (2012), 
relaciona diferenças entre perfis gerenciais e empreendedores. Os gerentes tendem 
a ser mais processuais, formais e ligados às estruturas da organização. Já os 
empreendedores são visionários e comprometidos com suas realizações. Filion 
destaca ainda que ser visionário é uma condição essencial no empreendedor. 
Outro ponto citado como crucial para um empreendedor surge dentro da 
característica social, onde desenvolvem-se as redes de relacionamentos, que 
possibilitam aos empreendedores adquirirem e desenvolverem seu capital social. O 
envolvimento em redes sociais é um componente central do capital social, 
possibilitando que empreendedores tenham acesso a informações, conhecimento e 
recursos que podem ser úteis na criação e desenvolvimento de empreendimentos 
(GIMENEZ & GIMENEZ, 2015). Temos então que o empreendedor sabe não 
somente gerir seus bens tangíveis, mas também os intangíveis. 
18 
 
 
 
Existem inúmeros modelos que buscam mapear as características 
empreendedoras. O estudo realizado por Moraes, Hashimoto e Albertini (2013) traz 
como base um modelo de medição para o perfil empreendedor, elaborado por 
Schmidt e Bohnenberger (2009). O modelo de embasamento enfatiza como 
características do empreendedor: ser eficaz; assumir riscos calculados; ser 
planejador; aquele que detecta oportunidades; é persistente; sociável; inovador; 
líder. No geral, os modelos não divergem em pontos centrais e derivam quase 
sempre dos estudos de David McClelland. 
A seguir serão apresentados três modelos relativos ao perfil empreendedor, 
iniciando pelo modelo McClelland. 
 
2.2.1 O modelo de McClelland 
 
David McClelland foi um dos pioneiros nos estudos sobre a motivação 
humana e procedeu a inúmeros experimentos e pesquisas que buscaram entender a 
chamada “necessidade de realização”, base do comportamento empreendedor. É 
importante ressaltar que McClelland não acreditava em uma relação consistente 
entre a genética e o empreendedorismo, mas sim entre o meio ambiente e o 
empreendedorismo (BARLACH, 2014). 
Para McClelland, o comportamento empreendedor é consequência das 
variáveis cognitivas do aprendizado social que são produto da história de cada 
indivíduo e que, por sua vez, regulam novas experiências ou as afetam (BARLACH, 
2014). 
Em uma parceria entre McClelland com a Management Systems International 
(MSI), foi realizado, a pedido da USAID (United States Agency for International 
Development), que visava a identificação de características comportamentais 
empreendedoras em países emergentes. Primeiramente foram elaborados alguns 
instrumentos que pudessem avaliar as características. Em 1987, após quatro anos 
de pesquisas, foi publicado o relatório final do projeto que apresentava sua aplicação 
em três países, sendo eles Equador, Índia e Malásia. Após essas aplicações, os 
autores chegaram à versão final de um questionário que seria capaz de mensurar as 
características comportamentais empreendedoras. A final, foi validada a sua 
aplicabilidade, por atingir o objetivo do modelo, que era o de construir uma 
19 
 
 
 
ferramenta capaz de proporcionar o desenvolvimento dos treinamentos em prol do 
empreendedorismo (MANSFILELD et al., apud CHING & KITAHARA, 2015). 
O questionário supracitado partia dos princípios de três grandes grupos 
(Necessidade de Realização, Planejamento e Poder). Destes grupos derivavam 
treze características, que eram mensuradas através de afirmações (cinco para cada 
uma das 13 características) em que os respondentes foram questionados a colocar, 
através de uma escala Likert de cinco pontos, o quanto eles concordavam com a 
afirmação (1 = nunca, ... , 5 = sempre). As cinco afirmações restantes, que não 
pertenciam a nenhuma característica, faziam parte de um fator de correção criado 
com o objetivo de controlar caso o indivíduo tentasse passar uma melhor imagem de 
si mesmo nas respostas (MANSFILELD et al., apud CHING & KITAHARA, 2015). 
Após alguns anos, a pedido da United Nations Conference on Trade and 
Development (UNCTAD), a Universidade de Harvard, em parceria com David 
McClelland, desenvolveu a metodologia do programa EMPRETEC, baseada no 
estudo já realizado por McClelland (UNCTAD, 2010). Nessa formulação ainda foram 
utilizados os três grandes constructos (Necessidade de Realização, Planejamento e 
Poder); havendo, porém, uma adaptação por parte de Ching & Kitahara (2015), e as 
13 características tornaram-se 10. 
A relação das características empreendedoras desenvolvidas por McClelland 
em parceria com a UNCTAD, e adaptada no artigo de Ching & Kitahara (2015) 
demonstra de forma clara as características empreendedoras que os autores julgam 
mais importantes. Segue, no quadro 1, as 10 características em questão, agrupadas 
em três grupos: Necessidade de Realização, Necessidade de Planejamento e 
Necessidade de Poder. 
 
Quadro 1 – Modelo EMPRETEC 
Necessidade de Realização Necessidade de 
Planejamento 
Necessidade de 
poder 
- Busca de oportunidades e iniciativa 
- Comprometimento 
- Persistência 
- Correr riscos calculados 
- Exigência de qualidade e eficiência 
-Estabelecimento de metas 
- Planejamento e 
monitoramento sistemáticos 
- Busca de informações 
 
- Independência e 
autoconfiança 
- Persuasão e redes de 
contatos 
Fonte: Ching & Kitahara (2015) 
20 
 
 
 
Observa-se então, que o modelo McClelland, adaptado por Ching & Kitahara, 
agrupa em três fatores as características empreendedoras, sendo a busca por 
realização, planejamento e poder. Posteriormente, o estudo irá relacionar o modelo 
com os demais abordados em seguida, encontrando pontos em comum e validado 
os estudos de forma coletiva. 
 
2.2.2 O modelo de Carland 
 
Carland, Carland e Hoy (1992) desenvolveram um instrumento para medir o 
potencial empreendedor de um indivíduo, intitulado método CEI – Carland 
Entrepreneurship Index. Os autores concluíram que o empreendedorismo é uma 
integração de cinco elementos: necessidade de realização, criatividade, propensão à 
inovação, ao risco e à postura estratégica, relacionado com a busca de 
oportunidades. A maior ou menor presença destas características indicam maior ou 
menor potencial empreendedor dentro da escala CEI, que pontua os respondentes 
com valores de 0 a 33 pontos, contidosem três faixas, intituladas como: micro-
empreendedor, empreendedor e macro-empreendedor (VIET & FILHO, 2007). 
A metodologia do modelo resume-se a um questionário de auto-resposta com 
33 frases combinadas e afirmativas em pares, no formato de escolha forçada e seu 
objetivo principal era identificar o potencial empreendedor dos respondentes (VIET & 
FILHO, 2007). 
Carland (1996) e sua equipe de pesquisadores identificaram nos resultados 
das pesquisas três características de maior destaque da personalidade 
empreendedora, como: a propensão a assumir riscos, a preferência pela inovação e 
pela criatividade e a necessidade de realização (VIET & FILHO, 2007). 
 
2.2.3 O modelo PPE 
 
 Viet & Filho (2007) elaboraram o modelo PPE – Perfil do Potencial 
Empreendedor, que se fundamentou em uma ferramenta de mensuração do que os 
autores chamam de “potencial empreendedor”. Buscando embasar o modelo foi 
realizado uma pesquisa em duas fases distintas. A primeira fase, exploratória, fez 
uso de uma abordagem qualitativa, aplicando revisão de literatura de autores 
21 
 
 
 
conhecidos dentro do segmento de estudo, como McClelland (1961), Schumpeter 
(1982), Timmons (1989), Carland (1996), Filion (1999), Mintzberg (2001), Dornelas 
(2001), e Drucker (2003). Foram realizadas ainda, na fase exploratória, entrevistas 
em profundidade com empreendedores, especialistas e estudiosos do tema. A 
segunda fase teve como foco o desenvolvimento da pesquisa por meio de uma 
abordagem quantitativa. 
 A população pesquisada compreendeu a participação de 965 empresários de 
pequenas empresas juridicamente constituídas no Estado de Minas Gerais, Brasil, 
procurando abranger todas as principais regiões do estado. A coleta de dados 
utilizou três modalidades: a) correio; b) pontos de atendimento SEBRAE e c) 
internet. 
O instrumento de pesquisa foi elaborado inicialmente a partir de uma revisão 
de literatura de autores já mencionados, e pesquisas realizadas com empresários e 
empreendedores pelo SEBRAE e GEM (2001 a 2006). Em seguida uma lista dos 
construtos e itens foi submetida à especialistas em empreendedorismo, que 
contribuíram para aprimorar o instrumento da pesquisa. Após a análise de conteúdo, 
foi realizado um pré-teste com 35 respondentes, empresários das empresas (VIET & 
FILHO, 2007). 
Observando os estudos dos autores Carland e Carland (1996) sobre o 
potencial empreendedor, bem como outros autores como McClelland (1961), 
Schumpeter (1982), Timmons (1989), Filion (1999), Mintzberg (2001), Dornelas 
(2001), Drucker (2003) e Bygrave (2004), Viet & Filho (2007), elaboraram um modelo 
hipotético, representado na figura 1. 
 
Figura 1 – Modelo hipotético de pesquisa 
 
Fonte: Viet & Filho (2007) 
 
22 
 
 
 
 Os autores consideram também uma alternativa nula para o modelo, 
classificando como H0,1 quando não há uma relação linear positiva entre o potencial 
empreendedor e o desempenho das organizações, e como H1,1 quando a relação é 
considerável. 
A pesquisa aplicou aos resultados da pesquisa um filtro buscando analisar as 
questões que obtiveram resultado significativo. As questões que obtiveram carcas 
significantes (mais de 0,25, positivamente ou negativamente). As que não obtiveram 
os resultados almejados, e que consequentemente não acrescentaram validade de 
face e conteúdo das medidas, foram descartadas. As questões selecionadas, bem 
como os resultados obtidos estão representados abaixo no quadro 2. 
 
Quadro 2 – Análise fatorial exploratória 
INDICADORES 
FATOR 
1 2 3 4 5 6 7 8 
V37) Eu penso que procedimentos operacionais padrões 
são cruciais. (I) 
 0,73 
V1) Ter os objetivos deste negócio por escrito é crucial (N) -0,47 
v67) Ser sistemático nas definição de procedimentos é 
crucial para aprimorar o negócio. 
 -0,44 
V15) Um plano deve ser escrito para ser efetivo. (N) -0,28 
V30) Eu penso que sou uma pessoa imaginativa (N) 0,79 
V44) Eu prefiro pessoas que são imaginativas. (N) 0,49 
V4) Eu gosto de pensar que sou uma pessoa criativa (N) 0,41 
v38) Eu aprecio o desafio de inventar mais do que qualquer 
coisa. (N) 
 0,29 0,26 
v48) Minha vida real é fora deste negócio, com minha 
família e amigos. (I) 
 0,53 
v21) Minhas prioridades incluem muitas coisas fora deste 
negócio. (I) 
 0,45 
v47) Meus objetivos pessoais giram em torno deste 
negócio. (N) 
 0,41 
v22) Uma das coisas mais importantes na minha vida é este 
negócio. (N) 
 0,40 
v52) Se você quer exceder a concorrência, você tem que 
assumir alguns riscos. (N) 
 0,81 
v60) Se eu quero que este negócio cresça preciso assumir 
alguns riscos. (N) 
 0,68 
v26) As pessoas que trabalham para mim gostam de mim. 
(I) 
 0,71 
Continua 
23 
 
 
 
v58) As pessoas pensam em mim como alguém fácil de se 
relacionar. (I) 
 0,53 
v64) Eu me preocupo com os sentimentos das pessoas que 
trabalham para mim. (I) 
 0,44 
V23) Eu sou uma pessoa que gosta de pensar e planejar. 
(N) 
 0,59 
v12) Eu gosto de abordar as situações de uma perspectiva 
analítica. (N) 
 0,54 
v9) A coisa mais importante que eu faço para este negócio 
é planejar. (N) 
 0,43 
v34) Eu procuro estabelecer procedimentos padrões para 
que as coisas sejam feitas certas. (I) 
 0,29 -0,38 
V36) Eu penso que é importante ser lógico. (N) 0,35 
V14) Eu não descansarei até que sejamos os melhores (N) 0,42 
v49) Eu adoro a idéia de tentar ser mais esperto que os 
concorrentes. (N) 
 0,39 
v31) O desafio de ter sucesso é tão importante quanto 
ganhar dinheiro. (N) 
 0,25 
Fonte: Viet & Filho (2007) 
 
 Após a seleção das questões que obtiveram resultado significativo segundo 
os métodos aplicados, foi exposto o quadro de fatores a serem analisados. Os 
fatores que compõe o PPE, Perfil do Potencial Empreendedor, estão expostos na 
quadro 3 e foram desenvolvidos pelos autores através do acervo teórico estudado. 
 
Quadro 3 – Fatores que compõe o PPE 
Ordem FATORES DO PPE 
01 Competência Estratégica 
02 Planejamento Formal 
03 Inovação 
04 Dedicação 
05 Risco 
06 Relacionamento 
07 Pensamento Analítico 
08 Desafio 
Fonte: Viet & Filho (2007) 
 
O fator competência estratégica aponta a postura pró-ativa, autoconfiança nas 
estratégia dos empreendedores. É importante lembrar que este fator é diferente da 
24 
 
 
 
postura estratégica proposta por Carland e Carland (1996), pois para este indicador 
fora extraído através de outras fontes da literatura, não do CEI. O fator planejamento 
formal demonstra o grau de formalização de procedimento e planos por parte do 
empreendedor. O fator inovação está relacionado com a capacidade de se 
reinventar do empreendedor. O fator dedicação considera o grau em que o negócio 
representa um aspecto central na vida do respondente, em detrimento de sua família 
e outras atividades de trabalho. O fator risco busca compreender a disposição e 
aceitação do risco de negócios. O fator relacionado a facilidade de relacionamento 
com funcionários e outros membros do círculo profissional foi denominado de 
relacionamento. O fator pensamento analítico aponta para a afinidade do 
empreendedor para com o processo de planejamento formal e pensamento analítico 
do negócio. Por fim, o fator desafio engloba o grau em que o empreendedor vê um 
desafio no sucesso de negócio, tal como uma metade realização pessoal (VIET & 
FILHO, 2007). 
Após definir os fatores que serão analisados dentro do modelo PPE, o estudo 
dirige-se a explorar a dimensionalidade da escala de desempenho dos negócios. Foi 
observado que uma solução unidimensional fora encontrada para a escala de 
desempenho, demonstrando que ela pode ser considerada como uma faceta única 
do desempenho da empresa. Isso demonstra que os empreendedores consideram 
todos os itens nela definidos como facetas do desempenho do negócio (VIET & 
FILHO, 2007). 
Faz-se importante citar a ligação direta do modelo PPE com os estudos 
apresentados anteriormente, embasando teoricamente o modelo de mensuração do 
perfil potencial empreendedor. Seguem, no quadro 4, os pontos em comum entre os 
estudos. 
 
Quadro 4 – Relação do modelo PPE com outros estudos 
PPE 
2007 
McClelland 
1961 
CCE’s 
Shumpeter 
1982 
Carland 
1996 
CEI 
Timmons 
1998 
Filion 
1999 
Mintzberg 
2001 
Dornelas 
2001 
Drucker 
1992/ 
2003 
Bygrave 
2003 
GEM 
Competência 
Estratégica 
- - 
Postura 
Estratégica 
- - Estratégia - - Estratégia 
Risco 
Correr risco 
calculado 
Risco 
Propen- 
são ao risco 
Incerteza - Incerteza Risco Risco 
Assumir 
Riscos 
Inovação - Inovação Inovação 
Criativida-
de 
Imagi-
nação 
- 
Assumir 
Riscos 
Inovação Criatividade 
Continua 
25 
 
 
 
Planejamento 
Formal 
Planejamento Lucratividade - 
Plano de 
Negócios 
Visão - 
Plano de 
Negócios 
- - 
Dedicação Persistência - - - 
Persis-
tência 
- - - 
Valores 
Pessoais 
Relaciona-
mento 
Comprometim
ento 
- - Carisma - - - 
Relaciona-
mento 
Pensamento 
Analítico 
Informações - - 
Conhe-
cimento 
- 
Oportunida-
des 
- 
Oportuni-
dade 
- 
Desafio Realização - 
Reali-
ção 
Motiva-
ção 
- - 
Propósito 
Realiza-
dor 
Realização 
Fonte: Viet & Filho (2007) 
 
Através do quadro 4 percebemos que as teorias relacionadas ao 
empreendedorismo que foram utilizadas para o desenvolvimento do modelo PPE, 
sendo que algumas delas também foram apresentadas isoladamente neste estudo, 
estão diretamente conectadas. Algumas englobam mais fatores, outros fatores 
pouco explorados. O modelo PPE vem buscando centralizar todas estas teorias em 
seu método, englobando todos os pontos nos fatores apresentados no quadro 3, 
justificando assim o porquê adotá-lo como centralizador das questões teóricas para 
análise do presente estudo. 
 
2.3 A Indústria da Música 
 
O mercado tinha por conceito inicial o lugar onde se compravam mercadorias. 
Para Ramal (2006) mercado é o conjunto de pessoas, empresas e demais entidades 
que tem necessidades, intenção e capacidade financeira para comprar algo. Porém, 
com a internet, conceitos como este passaram a se transformar, tal como as formas 
de que a música se relacionava ao mercado e as novas tecnologias. 
Ao contrário do que se imaginam, não há somente o grande mercado, o 
grande hit, a grande estrela da música. Há também, milhares de micromercados, de 
minihits e de artistas satélites (SEBRAE, 2015). 
O negócio da música está repleto de profissionais. São autores, artistas, 
técnicos, produtores, empresários, profissionais liberais, além dos veículos de 
comunicação. Existem empresas que fornecem produtos e serviços, órgãos e 
entidades que regulam e fiscalizam o setor. Essa cadeia de pessoas, processos, 
produtos e serviços – além do público consumidor – forma o que se chama indústria 
da música (SEBRAE, 2015). 
26 
 
 
 
A indústria da música se forma através de 3 elementos: O Show Bussines, a 
indústria fonográfica e o direito autoral. O show business diz respeito à cadeia 
produtiva que gira em torno da apresentação musical e do artista, ou seja, os shows 
e apresentações ao vivo dos cantores e músicos (SEBRAE, 2015). A indústria 
fonográfica mundial pode ser conceituada, de forma superficial, como a produção e 
comercialização de suportes como CDs, DVDs, VHS, singles, K7s e de música 
digital (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). Entende-se então que este 
conceito gira entorno do comércio da música gravada. O direito autoral abrange a 
exploração econômica dos direitos de autor e dos que lhe são conexos (SEBRAE, 
2015). Hoje, no Brasil, a arrecadação derivada dos direitos autorais ficam 
submetidos aos cuidados do ECAD – Escritório Central de Arrecadação e 
Distribuição. 
No Brasil existem hoje, segundo o SEBRAE (2015), 14 atividades 
econômicas, identificadas segundo a Classificação Nacional de Atividades 
Econômicas – CNAE, relacionadas à indústria da música abrangendo atividades 
fonográficas, direitos autorais e do show business, englobando todas as etapas da 
cadeia produtiva. Existem 91.023 pequenos negócios formalizados operando nessas 
atividades no Brasil (2015). São elas: 
a) reprodução de som em qualquer suporte; 
b) fabricação de instrumentos musicais, peças e acessórios; 
c) comércio varejista especializado em instrumentos musicais e acessórios; 
d) comércio varejista de discos, CDs, DVDs e fitas; 
e) gravação de som e edição de música; 
f) atividades de rádio; 
g) portais e provedores de conteúdo na internet; 
h) agenciamento e empresariamento artístico; 
i) ensino de música; 
j) produção musical; 
k) atividades de sonorização e de iluminação; 
l) espetáculos artísticos e eventos culturais; 
m) gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras atividades 
artísticas; 
n) discotecas, danceterias, salões de dança e similares. 
27 
 
 
 
A atuação dos empreendimentos divide-se, como qualquer indústria, em 
oferta de serviços, produtos e setor industrial. O gráfico 1 mostra que há, 
predominantemente, a oferta de serviços na área, representando 83% do total, 
seguido pela comercialização de produtos (16%) e setorização industrial (1%); 
 
Gráfico 1 – Setores da indústria da música 
 
Fonte: SEBRAE (2015) 
 
As vendas dos formatos digitais cresceram 30%, enquanto as vendas dos 
formatos físicos recuaram 15%. A música digital representou 48% das vendas totais 
do mercado fonográfico brasileiro em 2014, enquanto os formatos físicos 
representaram uma fatia de 52% desse mercado (SEBRAE, 2015). 
É importante lembrar que a indústria da música é marcada por metamorfoses 
ao longo da história. Dimery (2005) trás no livro “1001 Discos para Ouvir Antes de 
Morrer” o prefácio de Michel Lyndon, editor e co-fundador da revista Rolling Stone. 
Lyndon conta sobre sua infância em Boston, no início dos anos 50. Os pais tinham 
um toca-discos Victrola na sala, e no armário vários discos expressos, pretos, feitos 
de cera, tão frágeis que mal podiam ser manuseados. De uma hora para outra, tudo 
mudou. Os discos ficaram enormes, ganharam um buraco grande no centro e 
passaram a 45 rotações por minuto. Os álbuns ficaram mais leves, com longa 
duração (long playing, origem da abreviação LP). O som ficou melhor, e os discos 
ganharam mais duração (até 20 minutos de duração de cada lado). Simples ou 
duplos, os LPs dominaram a arena musical durante 30 anos, quando perdeu espaço 
para o compacto digital, o CD, que originou-se em 1985 e proporcionou outra 
reviravolta na forma de comercialização da música. O CD apareceu com capacidade 
28 
 
 
 
para mais de uma hora de gravação, além de proporcionar um som brilhante, sem 
chiados nem arranhões, além de resistir melhor ao tempo. 
O mercado da música movimentou somente no ano de 2014 o total de 
R$581,7 milhões em receitas no território nacional, segundo dados publicados na 
ABPD – Associação Brasileira dos Produtores de Disco (2014). Valorque demonstra 
um crescimento de 2% em relação ao ano anterior. Outro ponto curioso divulgado 
pela ABPD (2014), replicando dados da IFPI – Federação Internacional da Indústria 
Fonográfica, é que as vendas físicas caíram 8,1% em índices mundiais, e as vendas 
digitais alavancaram 6,9%, já representando 46% das vendas mundiais, por 
influência principalmente, do bom desempenho do segmento de subscrição para 
acesso à música por streaming. O Brasil é o nono colocado na lista dos maiores 
mercados da indústria da música mundial (SEBRAE, 2015). 
Índices significativos relacionados à música na internet não representam 
grande surpresa tendo em vista a evolução nos meios de distribuição fonográfica em 
relação ao desenvolvimento tecnológico. A internet possibilitou diversas formas de 
venda de música digital, como serviços de assinatura, downloads, dentre outros. 
Estima-se em 885 milhões o número de arquivos disponíveis para download nas 
redes domésticas em todo o mundo – apontadas como principal fonte de downloads 
ilegais de músicas –, contra cerca de seis milhões de faixas em sites licenciados 
para venda on-line de música digital. (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). 
Portanto, podemos citar a internet como uma “faca de dois gumes”, sendo fonte de 
receita através da comercialização da música digital, porém devemos considerar 
também o fator pirataria, que estendeu-se vastamente nos últimos anos. 
Estima-se que no ano de 2014 as plataformas de streamings cresceram em 
53,61% em relação ao ano anterior. Os dowloads de faixas e álbuns cresceram em 
13,22% na mesma perspectiva, e as compras por telefonia móvel 11,85% (SEBRAE, 
2015). Porém, se por um lado a música digital avança, as mídias físicas caem, como 
podemos observar no gráfico 2. 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
Gráfico 2 – Desempenho de vendas de mídias físicas no Brasil 
 
Fonte: ABPD (2015) 
 
Ainda na perspectiva do ano de 2014 em relação ao ano anterior, as vendas 
de CDs caíram em 14,38%, e de DVDs e Blue-Rays caíram em 17,55 (ABPD, 2015). 
Percebemos então, que a metamórfica indústria da música passa por mais 
uma grande mudança em seus meios de comercialização, graças à internet. porém, 
este fator possibilitou também outras mudanças no segmento musical, como a 
pluralização dos artistas independentes. Nos EUA o termo independente (também 
chamado de indie) é vastamente utilizado para classificar pequenas empresas 
fonográficas que possuem meios próprios de produção, distribuição e consumo, bem 
como a produção caseira. Neto, Silva, Sousa & Sousa (2014) trazem que o termo 
Independente originou-se nos Estados Unidos, onde há uma longa história em 
relação aos pequenos empreendimentos fonográficos. Nesse país, os 
Independentes têm tradição no mercado por registrar e comercializar gêneros 
musicais “desprezados” pelas grandes empresas (DE MARCHI, 2002). Assim, 
podemos dizer segundo Frith (1981), citado por Neto, Silva, Sousa & Sousa (2014), 
que ligado à questão independente temos o desenvolvimento do Blues, do Jazz e 
notadamente do Rock n’ Roll. Isso se deve, imprescindivelmente, a questões de 
períodos históricos, como por exemplo, a música popular brasileira nos dias atuais, 
que perdeu espaço para segmentos como funk brasileiro, pop americano, axé e 
sertanejo universitário, e teve que recorrer a meios alternativos para disseminação 
da nova MPB. 
30 
 
 
 
Coerentes com a visão de “terra das oportunidades para todos”, os produtores 
independentes norte-americanos reclamavam do crescente controle do mercado por 
grandes corporações que estariam praticando uma competição desleal com as 
pequenas companhias (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). 
 
O mercado define o que é música independente não somente pelo porte da 
gravadora, selo ou grau de expressividade dos artistas, mas, 
principalmente, pela separação entre as chamadas Majors e as Indies. Essa 
divisão considera como Major toda gravadora e/ou distribuidora que tenha 
ligação com as grandes empresas mundiais do segmento musical; no caso 
específico do Brasil, pode-se incluir nessa categoria a Som Livre, 
considerada a única empresa do setor com capital exclusivamente nacional 
e que segue a agenda internacional da música, independentemente das 
preferências regionais do Brasil. Já as produtoras ou selos independentes 
somam mais de 400 empresas de diversos portes (em sua maioria, de 
portes micro ou pequeno) e que possuem, em conjunto, grande participação 
no mercado, principalmente quando se divide este mercado em nichos, seja 
por critérios como estilo, região geográfica ou público-alvo. (NETO, SILVA, 
SOUSA & SOUSA, 2014). 
 
Para De Marchi (2002), desde o início desta década, configurou-se um 
movimento chamado a Nova Produção Independente que resgata o discurso sobre 
independência da produção de discos no Brasil. Porém, na medida em que se 
restringe ao antagonismo, gravadoras independentes versus gravadoras 
estrangeiras, esta Nova Produção também revela a existência de outras formas de 
produção fonográfica que não são nem “independentes” nem “grandes gravadoras”, 
trabalhando à parte com diferentes expressões minoritárias (DEHEINZELIN, 2006, 
apud. NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). Nesse contexto, existe um grande 
desconhecimento e até certo preconceito entre o mundo da cultura e o mundo dos 
negócios, o que impede o contato maior entre estes mundos, tão necessário quanto 
benéfico para ambos, desde que feito de forma ética e sustentável (NETO, SILVA, 
SOUSA & SOUSA, 2014) 
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), a 
indústria fonográfica vem encolhendo ano a ano em termos mundiais. No Brasil esse 
processo de diminuição de mercado tem sido mais agudo. Entre 1997 e 2003, a 
retração nas vendas chegou a 50% em valores nominais. No mesmo período, a 
participação do mercado ilegal atingiu 52% do total, num setor que faturou R$ 601 
milhões em 2003 — somando CDs, DVDs e vídeos musicais. Dados da Associação 
31 
 
 
 
Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos (APDIF), considerando a inflação no 
período, apontaram para uma queda no faturamento com a venda de CDs em até 
68% (NETO, SILVA, SOUSA & SOUSA, 2014). 
 Temos então, como indústria da música, um mercado incerto e metamórfico, 
que no final dos anos 90 e início dos anos 2000 despencou devido à pirataria, e que 
agora volta a subir, graças às mídias digitais. Não há portanto, uma discrepância 
entre o mercado musical e qualquer outro tipo de mercado. Apesar de suas 
peculiaridades, a indústria da música é incerta, e cobra também diferenciais dos que 
nela se arriscam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
3 METODOLOGIA 
 
Do ponto de vista metodológico, a pesquisa segue com uma abordagem 
qualitativa e quantitativa de coleta de dados. A proposta de fazer uso das duas 
vertentes metodológicas surge ao buscar as peculiaridades dos músicos residentes 
em Minas Gerais, e contemplar também análises generalizadas sobre a amostra. 
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e aplicados questionários, baseados 
nas questões abordadas nos estudos do modelo PPE – Perfil do Potencial 
Empreendedor, elaborado por Viet & Filho (2007), já mencionado no referencial 
teórico deste estudo. 
 
3.1 Sujeitos de pesquisa, universo e amostra 
 
Existem cerca de 36 mil músicos cadastrados na Ordem dos Músicos do 
Brasil somente no estado de Minas Gerais, segundo dados disponíveis no site do 
próprio órgão (2016). Porém, grande parte dos músicos não são filiados à instituição, 
impossibilitando um número exato do universo de pesquisa.No âmbito quantitativo buscou-se profissionais relacionados à música 
residentes no estado de Minas Gerais, sendo eles cantores, instrumentistas ou 
compositores. O estudo não contemplou nenhum gênero musical especificamente, 
buscando abranger aos principais segmentos musicais do mercado. Outra pré-
requisito para a amostra era que o respondente tivesse a música como fonte de 
rende, seja ela sua única, principal ou que complemente seu orçamento. O estudo 
também não se limitou à uma região de Minas Gerais, tendo respondentes de todas 
as mesorregiões do estado. 
Para o estudo qualitativo buscaram-se músicos de diferentes gêneros 
musicais e propostas artísticas para entrevistas semiestruturadas, variando entre 
Música Popular Brasileira, Sertanejo Universitário, e Rock. Os músicos que 
gentilmente concederam as entrevistas foram Thalita Aneda, Saullo Morais e Carol 
Shineider. Todos os três entrevistados residem na cidade de Lagoa da Prata, Minas 
Gerais. 
O atual estudo compreende a amostra de 3 músicos no caráter qualitativos, 
do qual foram aplicadas as entrevistas semiestruturadas. Os músicos em questão 
residem na cidade de Lagoa da Prata, região centro-oeste de Minas Gerais. Quanto 
33 
 
 
 
ao estudo quantitativo, o questionário desenvolvido tendo como base as questões 
abordadas no desenvolvimento do modelo PPE foi aplicado a músicos de diferentes 
segmentos musicais residentes no estado de Minas Gerais, sendo eles cantores, 
instrumentistas ou compositores, totalizando 125 respondentes. 
A amostra buscou abranger entrevistados de todas as regiões do estado de 
Minas Gerais, selecionados através de pesquisas realizadas pela internet, do banco 
de dados de e-mails da OMB – Ordem dos Músicos do Brasil, ou fazendo uso da 
rede de contatos do pesquisador. 
 
3.2 Instrumento e técnica de coleta de dados 
 
Para a coleta e mensuração da pesquisa quantitativa, o estudo embasou-se 
nas questões abordadas modelo PPE – Perfil do Potencial Empreendedor, que 
foram aplicadas a uma população de 965 empreendedores residentes no Estado de 
Minas Gerais (Viet & Filho, 2007). Após aplicados os questionários foram 
selecionadas as questões, dentre as mais de 100 propostas, que resultaram em 
fatores significantes (conforme exposto no quadro 2). O questionário fundamentou-
se então nas 25 questões selecionadas como relevantes para o modelo PPE, sendo 
devidamente adaptadas para a linguagem da amostra. As questões deveriam ser 
respondidas através da escala Likert, onde os pontos representavam: discordo 
totalmente; discordo parcialmente; indiferente; concordo parcialmente e concordo 
totalmente. Houveram também perguntas relativas ao perfil do respondente, como 
sexo e idade dos entrevistados. Além das 25 questões baseadas no modelo adotado 
o questionário contou também com outras 9 questões que buscaram identificar o 
músico dentro da amostra, buscando dados como idade, tempo que trabalha com 
música, dentre outros. 
Os questionários foram respondidos no período de 22 de Agosto de 2016 à 16 
de outubro de 2016, resultando 125 respondentes do estado de Minas Gerais, sendo 
eles cantores, instrumentistas ou compositores. O método adotado para a aplicação 
dos questionários foi o envio através de e-mail ou redes sociais. O questionário foi 
desenvolvido através da plataforma Google Docs, para facilitar esse envio. 
Quanto as entrevistas, estas seguiram um roteiro semiestruturado composto 
por 29 questões que tiveram como ponto de partida os mesmos assuntos abordados 
no questionário quantitativo. A entrevista com Thalita Aneda ocorreu no dia 10 de 
34 
 
 
 
setembro de 2016, com Saullo Morais no dia 23 de setembro de 2016 e com Carol 
Shineider no dia 11 de outubro de 2016. As entrevistas foram realizadas 
presencialmente, na cidade de Lagoa da Prata, Minas Gerais, do qual os 
entrevistados residem. Todas as entrevistas seguiram de forma descontraída, 
permitindo ao entrevistador e entrevistado acrescentarem pontos que 
considerassem importantes, enriquecendo o conteúdo. 
O questionário utilizado encontra-se anexado neste estudo, intitulado como 
apêndice 1. O roteiro da entrevista semiestruturada também se encontra em anexo, 
apresentada como apêndice 2. 
 
3.3 Instrumentos de análise de dados 
 
Após aplicados os procedimentos metodológicos, os questionários foram 
exportados para uma tabela do Software Microsoft Office Excel, que facilita a 
tabulação. A ferramenta adotada, o Google Docs, exporta o conteúdo em um arquivo 
compatível a esse software. 
Para a análise qualitativa as entrevistas foram submetidas à análise de 
conteúdo e Bardin (1977), partindo de uma pré-análise do conteúdo por meio da 
leitura flutuante, exploração do material e tratamento dos dados. Menegon e Casado 
(2006) classificam o instrumento de Bardin como um conjunto de procedimentos de 
análise que visa obter conhecimentos relativos ao conteúdo de mensagens, através 
de certos procedimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
4 ANÁLISE DE RESULTADOS 
 
Após a coleta de dados, as entrevistas foram transcritas e os questionários 
quantitativos tabulados. Buscando melhor compreensão dos resultados, a análise foi 
dividida em tópicos, atrelando as discursões quantitativas e qualitativas. Inicialmente 
serão apresentados os perfis dos músicos, englobando assuntos como idade, 
gênero musical, tempo que trabalham com música e atividades que exercem 
paralelamente à suas carreiras. Posteriormente, as histórias e trajetórias dos 
entrevistados serão apresentadas e analisadas. Por fim, o estudo relaciona os 
fatores das características empreendedoras levantados anteriormente, relacionando 
os dados e identificando se há ou não relação com cada fator. 
 
4.1 Perfil dos músicos 
 
Inicialmente, tanto as entrevistas quanto os questionários buscaram 
compreender informações relacionadas aos perfis dos músicos. A primeira entrevista 
sucedeu-se com Thalita Aneda, de 28 anos, residente em Lagoa da Prata, Minas 
Gerais e já trabalha com música há 12 anos. Cantora de MPB, hoje se apresenta em 
casas de shows, pubs e eventos fechados na região. O cantor sertanejo Saullo 
Morais concedeu a segunda entrevista. Hoje também com 28 anos, está há 14 anos 
engajado no mundo da música, tendo iniciado sua trajetória com 13 anos. Saullo 
atua nas regiões centro-oeste, triângulo e norte do estado de Minas Gerais, fazendo 
shows também nos estados de São Paulo e Goiás. Hoje o músico sertanejo realiza 
uma média de 8 a 10 shows por mês e conta com uma equipe de 15 pessoas. A 
terceira entrevista contou com a cantora Carol Shineider, que classifica seu trabalho 
autoral como uma mistura de MPB, rock e experimentalismo, explorando sons e 
sonoridades. Atualmente com 23 anos, está há 10 ligada à música, e há 5 anos 
trabalhando com ela. 
Nas 125 respostas do questionário quantitativo, o perfil dos músicos 
entrevistados é caracterizado por pessoas com idade média geral de 35 anos. 
Quanto ao tempo que os respondentes trabalhavam com música, as respostas 
variaram de 1 à 63 anos. A média para esta questão foi de 15 anos. Quanto as 
mesorregiões de Minas Gerais forma obtidas respostas em todas elas. Algumas 
36 
 
 
 
mesorregiões foram agrupadas considerando a proporção geográfica individual 
destas. A divisão por mesorregiões segue representada no gráfico 3. 
 
Gráfico 3: Resultados da pesquisa por mesorregiões 
 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
Deve-se levar em consideração que a região central possui a maior 
densidade demográfica segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (2010), bem comoa maior índice de PIB – Produto Interno Bruto, sendo 
natural a maior concentração de atividades relacionadas ao entretenimento e arte. 
Buscando enquadrar os entrevistados quanto ao gênero musical que a 
música deles se encaixam, foi possível observar um certo desconforto por parte dos 
músicos quanto às nomenclaturas dos gêneros musicais. Saullo classifica seu 
trabalho dentro do sertanejo universitário, mas discorda da nomenclatura. Segundo 
ele, o público dessa variação de sertanejo não se concentra somente no público 
universitário. Ele conta também que mistura outros segmentos como o sertanejo 
romântico e o sertanejo raiz, além de trazer também músicas de outros gêneros, 
como o axé, para seus shows. Carol Shineider contou que possui vários projetos 
musicais, que passeiam pelo rock, pop rock e blues. Seu som autoral é tido, em sua 
concepção, como uma MPB com elementos de rock e música experimental. 
Podemos compreender como experimental um segmento que busca explorar novas 
sonoridades através da utilização de efeitos, instrumentos pouco utilizados e 
maneiras inovadoras de produzir música. Dentre suas bandas, Carol cita a autoral 
3
,2
0
%
4
7
,2
0
%
2
0
,8
0
%
4
,0
0
%
5
,6
0
%
1
,6
0
%
0
,8
0
%
2
,4
0
% 8
,8
0
%
5
,6
0
%
1
Alto Paranaíba Central Centro-oeste de Minas Jequitinhonha/Mucuri
Zona da Mata Noroeste de Minas Norte de Minas Rio Doce
Sul de Minas Triângulo Mineiro
37 
 
 
 
Bicho Mecânico de Asas, que também tem um som experimental. Thalita Aneda foi a 
única a não demonstrar problemas quanto ao segmento de seu trabalho, talvez pela 
MPB já englobar tantos elementos de outros ritmos. 
Nos resultados obtidos dos questionários, se tratando de gêneros musicais, 
os principais resultados da pesquisa quantitativa demonstraram que os gêneros 
principais foram a música popular brasileira (61,6%), o rock (56,0%) e o pop (38,4%). 
Nesta questão os respondentes tiveram a possibilidade de selecionar mais de um 
segmento musical. Os resultados da questão estão expressos no gráfico 4. 
 
Gráfico 4: Resultados da pesquisa por gênero musical 
 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
O sertanejo, que atualmente domina as rádios, aparece em quinto lugar, com 
20,8%, perdendo até mesmo para o samba, que contabilizou 26,4% das respostas. 
Ao analisar a situação foi possível perceber que por se tratar de uma questão 
multivalorada, ou seja, onde o respondente teve a possibilidade de assinalar mais de 
um valor, os respondentes que selecionaram o sertanejo também selecionaram 
outros gêneros como rock, pop e MPB. O contrário, no entanto, não ocorreu. Os 
respondentes que selecionaram gêneros como rock e MPB prioritariamente não 
selecionaram o sertanejo com muita frequência. 
É importante ainda, ressaltar que a opção outros contou com uma diversidade 
de gêneros musicais que individualmente não teriam um valor significativo. Isso se 
deve pela infinidade de gêneros e subgêneros que a música possui, e 
5,6%
16,8%
10,4%
13,6%
17,6%
61,6%
10,4%
38,4%
56,0%
26,4%
20,8% 22,4%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
38 
 
 
 
consequentemente há uma dificuldade do músico enquadrar seu trabalho neles, 
como foi possível observar na entrevista de Carol Shineider, que mostrou 
dificuldades ao enquadrar seu trabalho à gêneros musicais. 
De forma geral, podemos comparar os resultados obtidos nas entrevistas e 
nos questionários. Temos portanto, uma grande diversidade de perfis de músicos 
em Minas Gerais. Percebe-se que, no geral, atuam já há um tempo significativo na 
área. 
Podemos perceber também, analisando os resultados obtidos, que os 
músicos do segmento sertanejo se mostram mais ecléticos que outros segmentos, 
tendo facilidade para transitar em outros gêneros musicais. Este ponto pode ser 
observado, além dos resultados quantitativos, na fala de Saullo Morais e, 
posteriormente, será ressaltado também por Carol Shineider. 
 
4.2 História e trajetória 
 
Seguindo com a entrevista, buscou-se abordar o início da trajetória dos 
músicos, tendo em vista a importância do começo da trajetória dos empreendedores. 
De início, os cantores foram questionados se haviam parentes próximos ligados à 
músicas profissionalmente. Já nesta questão alguns pontos em comum das 
características dos músicos com os empreendedores começaram a aparecer. 
 
“Em parentesco mais próximo não. Uma parte da família de parentesco 
mais distante sim, já tocou profissionalmente. Já tocaram instrumentos e 
também já tocaram profissionalmente, usando a música como meio de 
renda mesmo. [...] Não considero que tenha influenciado. Porque eram 
pessoas distantes, que eu não tinha tanta proximidade assim.” (Thalita 
Aneda) 
 
A cantora conta que a influência para o início da trajetória foi algo interno. Ela 
ressalta que houve a influência do gênero através da mãe. 
 
“Pra tocar em si, acho que foi uma coisa minha mesmo. [...] O que me 
influenciou em questão de gênero foi a minha mãe. Minha mãe sempre 
escutava muita música, sempre cantava, cantava muita MPB, então 
isso me influenciou em questão de gênero, em questão de gosto 
musical. Mas pra tocar eu acho que partiu de mim. Tipo, essa necessidade, 
“ah, eu quero fazer música, eu gosto disso, eu vou ter que aprender um 
39 
 
 
 
instrumento pra poder desenvolver isso”, então eu acho que foi uma coisa 
minha mesmo.” 
 
Os outros entrevistados também contaram que não possuíram nenhum 
parente próximo ligado à música profissionalmente. Carol conta ainda que possui 
uma experiência similar à de Thalita, a influência da mãe quanto ao gênero. Quando 
questionada de onde ela acredita ter vindo sua influência inicial para se relacionar 
com a música, responde: 
 
“Foi dentro de casa mesmo, de ouvir músicas, os clássicos nacionais, 
Legião, Rita Lee, essas paradas foi tudo em casa, com a minha mãe. E 
violão também foi ela, ela me deu de presente.” 
 
Saullo já conta que teve uma experiência diferente. 
 
“Eu participava do coral da igreja. Foi aí que eu comecei a ter um interesse 
pelos instrumentos. O primeiro instrumento que eu aprendi foi teclado, 
depois eu aprendi violão, depois eu aprendi acordeom e durante o decorrer 
dos ensaios, da trajetória, eu acabei aprendendo uma bateria, então hoje eu 
sei um pouquinho de cada coisa.” (Saullo Morais) 
 
Podemos observar através dos relatos dos entrevistados que a música 
acontece de uma forma involuntária, como Thalita mencionou, partindo da vontade 
do próprio indivíduo. Muitas vezes o empreendedor também não possui influências 
diretas de membros familiares próximos, sendo assim, inovador dentro de seu ciclo 
familiar. 
Segundo as questões trabalhadas nas entrevistas, Thalita Aneda conta que 
em cerca de 1 ano após iniciar seu contato com a música já buscou tocar 
profissionalmente. 
 
“Na hora que eu peguei um pouco mais de segurança eu já resolvi 
enfrentar essa questão de mais gente, claro que não era uma plateia 
maior, era mais restrita, mas eu já tive que começar a me expor mais à esse 
contato com o público. Não é fácil pra quem está iniciando, ainda mais pra 
quem não tem segurança, mas daí já resolvi pegar essa empreitada com 1 
ano. Foi meio que um teste pra mim mesma, pra ver como eu ia me 
adaptar.” 
 
 Sabe-se que o empreendedor é movido a desafios e propenso a assumir 
riscos, como visto nos estudos apresentados anteriormente, em especial o modelo 
40 
 
 
 
McClelland (1961), que compreende os riscos e os enfrenta de forma calculada. Na 
atitude de Thalita pode-se identificar essas características.

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