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ANALISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE FACCAO EM FORTALEZA CE

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ 
FACULDADE CEARENSE 
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
RODRIGO DE MOURA GOMES 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE 
FACÇÃO EM FORTALEZA – CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2014 
 
 
 
RODRIGO DE MOURA GOMES 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE 
FACÇÃO EM FORTALEZA – CE 
 
 
 
 
 
Monografia submetida ao Centro de Ensino 
Superior do Ceará, como requisito parcial para a 
obtenção de grau de bacharel em Administração. 
 
Orientador: Prof. Mônica Helena Gurgel Barroso 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2014 
 
 
 
RODRIGO DE MOURA GOMES 
 
 
ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE FACÇÃO 
EM FORTALEZA – CE 
 
 
Monografia como pré-requisito para obtenção do 
título de Bacharel em Administração, outorgado 
pela Faculdade Cearense (FAC), tendo sido 
aprovada pela banca examinadora composta pelos 
professores: 
 
Data da Aprovação: ______ / _______ / _______ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
__________________________________________________________ 
Professor 
 
 
___________________________________________________________ 
Professor 
 
___________________________________________________________ 
Professor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus e à família que Ele 
me deu, pelo incentivo, pela confiança, pela 
compreensão e pelo apoio em todos os momentos 
da minha vida. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À família 
A minha esposa Rose Mary, pelo seu amor, dedicação, carinho, respeito, 
compreensão e apoio que me ajudaram a superar as dificuldades encontradas no 
decorrer dessa jornada acadêmica. 
Aos meus pais Rosa Maria e Raimundo, que são os pilares da minha vida. 
Obrigado por todo o amor e dedicação que sempre me foi dado. 
Aos meus sogros Mary e Rogério, obrigado pelo carinho, dedicação e apoio 
que deles recebo. 
Aos meus irmãos Rafael, Renata e Rayane, pelo amor, respeito e apoio 
sempre presentes em minha vida. 
 
 Aos amigos 
Aos meus amigos Reges Bandeira, Karolina Alencar e Gabriela de Fátima 
que foram verdadeiros companheiros nessa caminhada. Juntos compartilhamos diversos 
momentos felizes que levarei comigo para sempre. 
A minha orientadora professora Mônica Gurgel, pela parceria, competência 
e comprometimento com esta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. 
É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. 
É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. 
É tomar atitudes que ninguém tomou. 
É ter consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória. 
É não esperar uma herança, mas construir uma história... 
Quantos projetos você deixou para trás? 
Quantas vezes seus temores bloquearam seus sonhos? 
Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acontecer, mas conquistá-la. 
Augusto Cury 
 
 
 
 
RESUMO 
 
No contexto atual constituído por incertezas e desafios, a sobrevivência e o 
desenvolvimento das organizações dependem, consideravelmente, da competência de 
seus autores. Razão, pela qual, são realizados diversos estudos e pesquisas voltadas para 
a definição e citação de características e comportamentos que compõem o perfil do 
empreendedor. O objetivo desse estudo é analisar, com base na literatura, as 
características empreendedoras que compõem o perfil dos microempreendedores de 
sucesso em três facções do segmento de confecção em Fortaleza – CE. Para alcançar 
esse objetivo foi realizado um estudo de caso com base em uma pesquisa de campo de 
natureza qualitativa e quantitativa do tipo exploratória, descritiva e bibliográfica com 
base em autores como Dornelas (2014) e Dolabela (2008), em que os dados foram 
obtidos através de uma entrevista e da aplicação de um questionário. Os resultados 
encontrados apontam para a predominância de características ligadas ao relacionamento, 
planejamento, risco, dedicação, visão de negócios, conhecimento e liderança. 
Palavras-chave: Empreendedor. Características empreendedoras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
In the current context consists of uncertainties and challenges, survival and development 
of organizations depend considerably the responsibility of the authors. Reason why, 
many studies and research for the definition and citation characteristics and behaviors 
that make up the profile of the entrepreneur are performed. The aim of this study is to 
analyze , based on the literature , the entrepreneurial characteristics that make up the 
profile of successful micro entrepreneurs into three factions of the cooking segment in 
Fortaleza - CE. To achieve this objective a case study was based on a field survey of 
qualitative and quantitative nature of the exploratory, descriptive and bibliographical 
type in which the data were obtained through an interview and a questionnaire. The 
results point to the predominance of characteristics related to relationship, planning, 
risk, dedication, business acumen, knowledge and leadership 
Keywords: Entrepreneur . Entrepreneurial characteristics. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Conhecimento ..................................................................................................... 41 
Gráfico 2 – Relacionamento .................................................................................................. 43 
Gráfico 3 – Oportunidade ........................................................................................................ 44 
Gráfico 4 – Planejamento ........................................................................................................ 45 
Gráfico 5 – Risco ...................................................................................................................... 46 
Gráfico 6 – Dedicação (I) ........................................................................................................ 47 
Gráfico 7 – Dedicação (II) ....................................................................................................... 47 
Gráfico 8 – Visão ...................................................................................................................... 48 
Gráfico 9 – Liderança (I) ......................................................................................................... 49 
Gráfico 10 – Liderança (II) ..................................................................................................... 49 
Gráfico 11 – Inovação .............................................................................................................. 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Busca pelos órgãos de apoio: proporções (microempresas)............................ 18 
Quadro 2 - Tipos de empreendedor ....................................................................................... 21 
Quadro 3 - Características do empreendedor ....................................................................... 23 
Quadro 4 - Traços de personalidade do empreendedor ...................................................... 24 
Quadro 5 - Características do empreendedor bem-sucedido ............................................. 25 
Quadro 6 - Fatores psicossociais, ambientais e econômicos da atitude empreendedora de 
sucesso ....................................................................................................................................... 26 
Quadro 7 - Classificação das Microempresas ...................................................................... 28 
Quadro 8 - Causas do fracasso das start-up americanas (SBA, 1998) .............................. 30 
Quadro 9 - Etapas e característicasdo processo produtivo nas confecções ..................... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABRAVEST Associação Brasileira do Vestuário 
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
GEM Global Entrepreneuship Monitor 
PIB Produto Interno Bruto 
SBA Small Business Administration 
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 
SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte 
SOFTEX Sociedade Brasileira para Exportação de Software 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12 
2. EMPREENDEDORISMO ........................................................................................ 15 
2.1 Empreendedorismo no Brasil ............................................................................ 17 
2.2 O empreendedor ................................................................................................ 19 
2.3 Características e o perfil do empreendedor ........................................................ 22 
3. CARACTERIZAÇÃO DAS MICROEMPRESAS DE FACÇÃO .............................. 28 
3.1 Microempresas .................................................................................................. 28 
3.2 Facção ............................................................................................................... 31 
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .................................................. 35 
4.1 Natureza da pesquisa ......................................................................................... 35 
4.2 Tipologia da pesquisa ........................................................................................ 36 
4.3 Objeto de estudo ................................................................................................ 37 
4.4 Instrumento de investigação .............................................................................. 37 
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................. 39 
5.1 Análise da entrevista .......................................................................................... 39 
5.2 Análise do questionário ...................................................................................... 41 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 52 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 54 
APÊNDICE ...................................................................................................................... 58 
APÊNDICE A .................................................................................................................. 59 
APÊNDICE B ................................................................................................................... 60 
APÊNDICE C .................................................................................................................. 61 
APÊNDICE D .................................................................................................................. 62 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A busca pela competitividade continua sendo uma das principais 
características das empresas. Motivadas pelas constantes mudanças no mercado 
nacional e internacional, essas organizações necessitam desenvolver produtos e/ou 
processos que tragam o maior retorno financeiro possível e que lhes garantam liderança 
no mercado em que atuam. Dessa forma, a terceirização tem sido usada sob uma 
perspectiva estratégica por diversas empresas, principalmente no setor de confecção, e 
isso tem favorecido bastante a criação de microempresas prestadoras de serviço. 
Com essa oportunidade em vista ou pela necessidade de trabalho diversas 
pessoas decidem investir em um negócio próprio, tornando-se empreendedores. 
Contudo, a atividade empreendedora vai além de simplesmente montar uma empresa 
mediante a uma oportunidade ou uma necessidade de subsistência, de acordo com 
Dornelas (2007) a prática empreendedora é normalmente analisada sob quatro 
perspectivas básicas: as características individuais do empreendedor, a organização, o 
ambiente e o processo pelo qual o novo negócio é criado. Descrevendo a prática 
empreendedora sob esses quatro pontos de vista, seria possível mostrar devidamente a 
complexidade da implantação de um novo negócio rentável. 
Sendo assim, o empreendedorismo e o perfil empreendedor são temas de 
diversos pesquisadores na área da administração. Pesquisas direcionadas ao estudo dos 
tipos de empreendedor, as causas do sucesso de determinados empreendimentos e as 
variáveis que influenciam o processo empreendedor dão origem a novas linhas de 
pesquisas e novos modelos a serem estudados. 
Entende-se que o empreendedorismo quando relacionado com a criação de 
um novo negócio, pode ser definido como o envolvimento de pessoas e processos, que 
juntas levam a transformação de ideias em oportunidades. Atualmente, o termo 
empreendedorismo é visto como associado à inovação, uma vez que, em um mercado 
cada vez mais competitivo, é preciso inovar para se diferenciar dos demais. 
Já o empreendedor é um indivíduo que consegue detectar uma oportunidade 
e a partir dela cria um empreendimento, que, de forma inovadora e assumindo riscos 
13 
 
calculados, se destaca dos demais. O processo empreendedor, portanto, só acontece com 
o envolvimento desse indivíduo. 
No segmento confeccionista, pode-se destacar a figura dos faccionistas que 
prestam serviços de montagem de peças para a indústria do vestuário. Esses 
empreendimentos são usados de maneira estratégica por esse segmento, visto que os 
custos com o investimento em maquinário e em pessoas são reduzidos ou até mesmo 
eliminados. O fato é que, assim como em outros segmentos de mercado, a maior parte 
das microempresas de facção não conseguem atingir a sua maturidade e sofrem falência 
precoce. Isso se deve principalmente pela falta de conhecimento dos conceitos de gestão 
de negócios e por agirem de forma empírica e sem planejamento. Sendo assim, o 
empreendedor possui um papel importante no desempenho do seu empreendimento, 
suas características pessoais e profissionais têm relação direta com o sucesso do negócio 
ao qual se propõe a desenvolver. De acordo com Gerber (1996), a personalidade 
empreendedora transforma a condição mais insignificante numa excepcional 
oportunidade. É um inovador, estrategista, criador de novos métodos para entrar em 
mercados já existentes ou criar novos. 
Diante da importância que o empreendedor tem para o sucesso de seu 
empreendimento e da identificação de suas características, surge o seguinte 
questionamento: quais as características que compõem o perfil dos empreendedores de 
sucesso em microempresas de facção em Fortaleza – CE. 
A motivação para a investigação desse tema origina-se da necessidade de 
compreender as atitudes desses empreendedores, identificando as principais 
características atribuídas a eles e aos seus empreendimentos, que proporcionam a 
manutenção de uma empresa rentável, gerando dessa forma emprego e renda para a 
população. Esse estudo, além de fornecer informações para a comunidade acadêmica, 
irá enriquecer os caminhos de outros empreendedores que ao adquirir conhecimento 
acerca de atitudes vivenciadas por pessoas que conseguiram obter êxito em 
determinados empreendimentos podem facilitar o caminho para outras experiências 
empreendedoras nesse ramo. 
O presente trabalho monográfico tem como objetivo principal analisar, com 
base na literatura, as características empreendedorasque compõem o perfil dos 
14 
 
microempreendedores de sucesso em três facções do segmento confeccionista em 
Fortaleza – CE. 
 Especificamente, espera-se: 
1. Verificar a motivação do surgimento das facções em estudo, bem como 
os fatores necessários para o bom desenvolvimento do negócio; 
2. Caracterizar as microempresas de facção em Fortaleza – CE; 
3. Indicar as características ou habilidades necessárias ao empreendedor 
mais citadas pela literatura. 
O presente trabalho está estruturado em 5 (cinco) capítulos. O primeiro 
deles abordará o empreendedorismo e o empreendedor de forma geral, situando o leitor 
neste universo e explanando a importância desse estudo para a comunidade acadêmica e 
as empresas de interesse. Serão também apresentados os objetivos (geral e específicos), 
o problema em questão e os motivos que levaram à realização dessa pesquisa. 
No segundo capítulo serão apresentados os aspectos relativos ao 
empreendedorismo em geral e especificamente no Brasil, expondo o histórico e a sua 
importância, bem como as formas de abordagem sobre o tema. No mesmo capítulo 
serão apresentadas as diversas definições, segundo a visão de autores distintos, sobre o 
empreendedor e as suas características. 
No terceiro capítulo serão caracterizadas as microempresas de facção, 
começando com uma explanação sobre as microempresas, que serão abordadas sobre os 
aspectos objetivos e subjetivos de acordo com a legislação vigente e com autores 
específicos, logo após será apresentado o conceito sobre facção. 
No quarto capítulo será apresentada a metodologia da pesquisa, abordando a 
sua natureza e tipologia, especificando o objeto de estudo e os instrumentos utilizados 
para este fim. 
No quinto e último capítulo, serão apresentados os resultados obtidos pela 
pesquisa e a comparação destes com referencial teórico, concluindo o estudo com as 
considerações finais e as referências utilizadas. 
 
15 
 
2. EMPREENDEDORISMO 
 
Na idade média buscavam-se várias alternativas para estabelecer uma rota 
comercial ligando a Europa ao Oriente. Acredita-se que foi Marco Polo, um viajante e 
mercador veneziano, que utilizou o termo empreendedorismo pela primeira vez. Ele 
assinou um contrato com um homem que possuía dinheiro (mais conhecido hoje como 
capitalista) para vender as mercadorias desse. Assim, enquanto Marco Polo adotava 
uma postura empreendedora, com papel ativo, correndo todos os riscos físicos e 
emocionais, o capitalista apenas assumia riscos de forma passiva (DORNELAS, 2014). 
Filion (1999) revela que a palavra entrepreneur, após análise de sua origem 
e evolução, adquiriu o seu significado como conhecemos hoje apenas no século XVII. 
Designava pessoas que possuíam a capacidade de correr riscos, investindo o próprio 
capital. Dornelas (2014, p. 34) indica que foi nesse século que: 
 
Os primeiros indícios da relação entre assumir riscos e empreendedorismo 
ocorreram [...], em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual 
com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como 
geralmente os preços eram prefixados, qualquer lucro ou prejuízo era 
exclusivo do empreendedor. Richard Cantillon, importante escritor e 
economista do século XVII, é considerado por muitos um dos criadores do 
termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o 
empreendedor – aquele que assumia riscos –, do capitalista – aquele que 
fornecia o capital. 
 
Durante os séculos XVIII e XIX, Jean Baptiste Say reformulou o conceito 
de empreendedorismo, esclarecendo que o empreendedor é aquele que assume riscos, 
mas que sempre busca direcionar os recursos para as áreas de maior produtividade e 
retorno econômico (GUIA PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, 2002). 
De acordo com Dornelas (2014), no final do século XIX e início do século 
XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou 
administradores, sendo avaliados simplesmente por um ponto de vista econômico, como 
aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e 
controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. 
16 
 
Com o passar do tempo foram sendo identificadas diversas transformações 
no cenário mundial, principalmente no século XX, quando várias invenções foram 
criadas e com isso revolucionaram o modo de agir e pensar dos indivíduos. Nos 
bastidores dessas mudanças existem pessoas ou equipes diferenciadas que não temem 
em arriscar e com atitudes inovadoras e visionárias fazem acontecer e empreendem. 
Dessa forma pode-se afirmar que o papel do empreendedor sempre foi fundamental para 
a sociedade. 
Leite (1998) lembra que a partir da década de 1980, a internacionalização da 
economia se acentuou, transformando-se em um movimento maior, que se 
convencionou chamar de globalização. Um dos motivos para o surgimento de novos 
empreendimentos está relacionado com essa mudança econômica, social e cultural, com 
a necessidade de enfrentar crises. O autor afirma ainda que a globalização acaba de 
certa forma, transferindo inovações tecnológicas e gerando inúmeras oportunidades de 
negócios, fomentando o surgimento de novos ramos de negócios e de novas empresas. 
Filion (1999, p. 6) esclarece essa transformação no campo do 
empreendedorismo como uma alternativa, aonde “Organizações e sociedades foram 
forçadas a buscar novas abordagens para incorporarem as rápidas mudanças 
tecnológicas à sua dinâmica”. 
Conclui-se então, que o termo “empreendedorismo”, quando relacionado 
com a criação de um novo negócio, pode ser definido como o envolvimento de pessoas 
e processos, que juntas levam a transformação de ideias em oportunidades 
(DORNELAS, 2014). 
O momento atual, segundo Dornelas (2014, p. 26), pode ser chamado de a 
era do empreendedorismo: 
(...) que o avanço tecnológico tem sido de tal ordem, que requer um número 
muito maior de empreendedores. A economia e os meios de produção e 
serviços também se sofisticaram, de forma que hoje existe a necessidade de 
se formalizarem conhecimentos, apenas obtidos empiricamente no passado. 
Portanto, a ênfase em empreendedorismo surge muito mais como 
consequência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não apenas como 
modismo. A competição na economia também força novos empresários a 
adotar paradigmas diferentes. 
 
17 
 
2.1 Empreendedorismo no Brasil 
 
Diante de tantas mudanças no contexto mercadológico e da considerável 
responsabilidade como agente de mudanças, os empreendedores têm recebido uma 
atenção especial por parte de muitos países, inclusive do Brasil, isso explica o 
crescimento no número de escolas e universidades que tratam a respeito do assunto. 
Essas instituições criaram matérias e disciplinas específicas sobre o tema, oferecendo a 
alunos e jovens profissionais uma alternativa para o aprendizado do complexo mundo 
do empreendedorismo. 
No Brasil o empreendedorismo começou a tomar forma com a criação de 
entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
(SEBRAE) e a Sociedade Brasileira para Exportação de Software (SOFTEX) na década 
de 1990. O SEBRAE é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário 
brasileiro, que busca junto a essa entidade todo o suporte de que precisa para iniciar sua 
empresa, bem como consultorias para resolver pequenos problemas pontuais de seu 
negócio. O histórico da entidade SOFTEX pode ser confundido com o do 
empreendedorismo no Brasil, a entidade foi fundada com o intuito de levar as empresas 
de software do país ao mercado externo, por meio de várias ações que proporcionavam 
ao empresário de informática a capacitação em gestão e tecnologia (DORNELAS, 
2014). 
Passados mais de 20 anos, o Brasil apresenta um grande potencial para 
desenvolver um dos maiores programas de ensino do empreendedorismo em todo o 
mundo, haja vista a existência de mais de duas mil escolas que ensinam 
empreendedorismono país e de órgãos de apoio como o SEBRAE. Além disso, nos 
últimos anos diversas iniciativas em prol dos empreendedores podem ser observadas. 
Porém, a grande maioria dos microempreendedores inicia o seu negócio sem buscar 
auxílio ou planejamento técnico, é o que revela uma pesquisa denominada como Global 
Entrepreneurship Monitor (GEM), que é realizada anualmente e mede a evolução do 
empreendedorismo em dezenas de países, inclusive no Brasil (quadro 1). 
 
 
18 
 
Quadro 1 - Busca pelos órgãos de apoio: proporções (microempresas) 
Órgão de apoio Nordeste Prop. (%) Brasil Prop. (%) 
Não procurou nenhum 83,6 82,2 
Associação comercial 0,8 1,8 
SENAC 1,5 1,6 
SEBRAE 11,8 13,0 
SENAI 0,0 1,1 
SENAR 0,0 0,0 
SENAT 0,3 0,2 
Sindicato 0,8 0,7 
Nenhuma das opções 2,8 2,4 
Fonte: Global Entrepreneurship Monitor (2012, p. 19). 
As micro e pequenas empresas representam grande importância no 
funcionamento da economia brasileira em virtude da capacidade de absorção de mão-
de-obra, da geração de renda, do número de estabelecimentos e do potencial de abertura 
de novos negócios (CHAVES JUNIOR, 2000). Segundo dados publicados pelo 
SEBRAE, as micro e pequenas empresas têm fundamental importância para a economia 
nacional, pois representam: 98% das empresas existentes no país; 21% do PIB; 52% do 
total de empregos com carteira assinada; 29,4% das compras governamentais; 10,3 
milhões de empreendedores informais. 
Dornelas (2014) enfatiza que é adequado um estudo mais profundo a 
respeito do conceito de empreendedorismo, haja vista que a maior parte dos negócios 
criados no país é concebida por pequenos empresários, que, nem sempre, possuem 
conceitos de gestão de negócios e atuam geralmente de forma empírica e sem 
planejamento. O autor aponta que essa situação reflete diretamente no índice de 
mortalidade dessas pequenas empresas que, historicamente, superavam os 50% nos 
primeiros anos de atividade. Felizmente, esse cenário tem mudado nos anos recentes, 
apesar de ainda ser necessária muita melhoria. 
De acordo com outro estudo publicado pelo SEBRAE, em julho de 2013, a 
taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas brasileiras nos primeiros dois 
anos de vida chegou a 76%, a maior taxa histórica desde a criação do estudo. Contudo, 
mesmo sabendo dessa recente evolução, o empreendedor deve ficar atento ao ambiente 
de negócios no Brasil que ainda não é um dos mais convidativos. 
19 
 
Percebe-se também que no Brasil o empreendedorismo vem se tornando 
uma saída para o desemprego. Segundo Silva (2008), muitas pessoas buscam saídas na 
criação de negócios com o objetivo de gerar renda. Sabe-se que a criação de empresas 
por si só não leva ao desenvolvimento econômico, a não ser que esses negócios 
focalizem oportunidades identificadas no mercado. Nesse sentido, é necessário entender 
qual a motivação que está por trás do empreendedorismo. Essa motivação pode ser por 
oportunidade ou necessidade. Os empreendedores por necessidade são aqueles que 
iniciam um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções de trabalho, 
abrindo um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. Já os empreendedores 
por oportunidade optam por iniciar um novo negócio mesmo quando possuem 
alternativa de emprego e renda, ou, ainda, para manter ou aumentar sua renda pelo 
desejo de independência do trabalho (GEM, 2012). 
De acordo com um estudo anual publicado pela Global Entrepreneurship 
Monitor (GEM, 2012) que verificou em sua pesquisa, feita por região levando em 
consideração empreendedores de 18 a 64 anos, que a proporção de empreendedores por 
oportunidade no Brasil está em 69,2%, o que representa um percentual expressivo, já 
que em 2002, ano do início da pesquisa, essa proporção era de 42%. Espera-se, 
portanto, que nos próximos anos, surjam ainda mais empreendedores focados em 
oportunidades, promovendo o desenvolvimento econômico e social do país. 
2.2 O empreendedor 
A palavra “empreendedor” (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer 
aquele que assume riscos e começa algo novo (HISRISH, 1986 apud DORNELAS, 
2014). Foi utilizada pela primeira vez por volta de 1800, por Jean-Baptiste Say – 
economista francês – com o intuito de distinguir o indivíduo que consegue transferir 
recursos econômicos de um setor com baixa produtividade para um setor com 
produtividade elevada e com maiores rendimentos (DORNELAS, 2014). 
Existem diversas definições para o termo “empreendedor”. Uma das mais 
antigas e que talvez reflita melhor o espírito empreendedor, seja a de Joseph 
Schumpeter, no século XIX, ele afirma que “o empreendedor é aquele que destrói a 
ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação 
de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais” 
(DORNELAS, 2014, p.42). 
20 
 
Para Dornelas (2007), o empreendedor é aquele que consegue detectar uma 
oportunidade e a partir dela cria um empreendimento, com o intuito de obter lucro sobre 
ele e assume riscos calculados. Trata-se de um indivíduo que faz acontecer, se 
antecipando aos fatos e tem uma visão futura da organização. 
Dolabela (2008, p. 23) diz que “o empreendedor é alguém que sonha e 
busca transformar seu sonho em realidade”, ou seja, tem um objetivo, traça suas metas a 
fim de alcançar esses objetivos e trabalha em prol dos mesmos até que sejam 
concretizados. 
Assim, pode-se afirmar que o empreendedor é um indivíduo de iniciativa e 
altamente inovador, não teme em arriscar e não se conforma com determinadas 
situações, mas explora novos caminhos a fim de novas conquista e melhores benefícios. 
Dessa forma, Dornelas (2007, p.03) destaca alguns aspectos referentes ao 
empreendedor: 
 Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que realiza; 
 Criatividade na utilização de recursos disponíveis, transformando o ambiente 
social e econômico onde atua; 
 Aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar. 
Acredita-se que hoje o empreendedor seja o “motor da economia”, um 
agente de mudanças. Farrel (1993, p.27) explica a relevância do empreendedor para a 
economia, demonstrando que, as verdadeiras causas do crescimento de algumas 
empresas é o espírito empreendedor, “é ele que constrói empresas”. Ainda considerando 
o empreendedor como um ser social e agente de mudanças, Dolabela (2008) diz que 
esse indivíduo é produto do meio em que vive, ele explica que se uma pessoa vive em 
um ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, então terá motivação 
para criar o seu próprio negócio. 
Então, o ato de empreender leva à criação e desenvolvimento de diversos 
tipos de atividades e criação de novos postos de trabalho, introduzem inovação e 
estimulam o crescimento econômico. Com isso, tornar-se empreendedor é algo que 
pode acontecer a qualquer indivíduo, Dornelas (2007, p.11) justifica essa afirmação 
relatando que: 
21 
 
Não existe um único tipo de empreendedor ou um modelo-padrão que possa 
ser identificado, apesar de várias pesquisas existentes sobre o tema terem 
como objetivo encontrar um estereótipo universal. Por isso é difícil rotulá-lo. 
 O autor identificou em sua pesquisa oito tipos de empreendedores (quadro 2). 
Quadro 2 - Tipos de empreendedor 
Tipo 1 — O Empreendedor Nato (Mitológico) 
Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são brilhantes e, muitas 
vezes, começaram do nada e criam grandes impérios. Começam a trabalhar muito 
jovens e adquirem habilidade de negociação e de vendas. 
Tipo 2 — O Empreendedor que Aprende (Inesperado) 
Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma pessoa que, 
quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a 
decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio próprio. 
Tipo 3 — O Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios) 
O empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria,mas 
principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se contenta em criar um 
negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande corporação. 
Tipo 4 — O Empreendedor Corporativo 
O empreendedor corporativo tem ficado mais em evidência nos últimos anos, devido à 
necessidade das grandes organizações de se renovar, inovar e criar novos negócios. São 
geralmente executivos muito competentes, com capacidade gerencial e conhecimento 
de ferramentas administrativas. Trabalham de olho nos resultados para crescer no 
mundo corporativo. 
Tipo 5 — O Empreendedor Social 
O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor para as 
pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento singular. Tem um 
desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não têm 
acesso a elas. 
Tipo 6 — O Empreendedor por Necessidade 
O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem alternativa. 
Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra 
opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em negócios 
informais, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e conseguindo como 
resultado pouco retorno financeiro. 
Tipo 7 — O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar) 
O empreendedor herdeiro recebe logo cedo a missão de levar à frente o legado de sua 
família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de todos os países, e 
muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias empreendedoras, que 
mostraram habilidade de passar o bastão a cada nova geração. 
Tipo 8 — O ―Normal‖ (Planejado) 
Toda teoria sobre o empreendedor de sucesso sempre apresenta o planejamento como 
uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos empreendedores. E isso tem 
sido comprovado nos últimos anos, já que o planejamento aumenta a probabilidade de 
um negócio ser bem-sucedido e, em consequência, leva mais empreendedores a usarem 
essa técnica para garantir melhores resultados 
Fonte: Dornelas (2007). 
22 
 
2.3 Características e o perfil do empreendedor 
O cenário atual está composto por um ambiente de constantes mudanças, em 
que os negócios estão cada vez mais instáveis, desemprego crescente e situação 
econômica duvidosa. Apesar dessa situação sempre há oportunidade para um novo tipo 
de empreendimento. O empreendedor, no entanto, precisa possuir um conjunto de 
características próprias para desempenhar essa função e aproveitar ao máximo as 
oportunidades oferecidas pelo mercado. 
Os estudos que tratam das características pessoais do empreendedor têm 
movimentado interesse por parte de diversos pesquisadores, principalmente, para 
diferenciar os empreendedores dos não empreendedores. Sabe-se que as características 
comportamentais do empreendedor podem dar subsídios para o sucesso ou fracasso do 
seu negócio. 
Um dos maiores pesquisadores que pode ser citado nessa linha de pesquisa, 
é McClelland. Esse autor, através de seus estudos na linha comportamental, identificou 
um fator que se encontrado em um elevado nível, poderia está relacionado ao 
comportamento empreendedor: a autorrealização. 
McClelland (1961) estudou as grandes civilizações e com isso delineou 
características das pessoas possuidoras de elevada necessidade de realização pessoal 
como aqueles indivíduos que apresentam grande atividade energética, responsabilidade 
individual, conhecimento dos resultados das ações e antecipação de futuras 
possibilidades, além de comedida vocação para assumir riscos. 
Até a década de 1980, os comportamentalistas dominaram o campo do 
empreendedorismo. Porém, de acordo com Dolabela (1999), os resultados alcançados 
em seus estudos são diferenciados e muitas vezes contraditórios. Por isso, surgiram 
outras pesquisas, levando em consideração, além de aspectos econômicos e 
comportamentais, o ambiente social. O autor afirma que: 
Muitos estudos tratam da mesma forma aquele que criou um negócio e aquele 
que apenas gerencia a empresa. Mesmo sem produzir um corpo de 
pensamento coeso, científico, as pesquisas têm sido de grande auxílio no 
ensino de empreendedorismo. Se ainda não podemos predizer o sucesso de 
uma pessoa, é possível, no entanto, apresentar-lhe as características mais 
comumente encontradas nos empreendedores de sucesso, para que possam 
desenvolvê-las e incorporá-las ao seu próprio repertório vivencial. Tudo 
indica que o empreendedorismo é um fenômeno regional, na medida em que 
23 
 
a cultura, as necessidades e os hábitos de uma região determinam 
comportamentos. Várias pesquisas têm demonstrado que os empreendedores 
refletem as características de período e lugar onde vivem. Mesmo na era da 
globalização, em que os empreendedores exercem influência além dos limites 
de sua região, o referencial básico de seu relacionamento permanece no 
âmbito regional (DOLABELA 1999, p.49). 
Após 50 anos de estudos e pesquisas, algumas características podem ser 
identificadas, tais como, a comedida vocação para assumir riscos calculados 
(KAUFMAN, 1991); a necessidade de autorrealização (MCCLELLAND 1961); e a 
elevada autoeficácia (MARKMAN, BARON E BALKIN, 2005). 
De acordo com o SEBRAE (2014), o empreendedor tem como característica 
básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está constantemente buscando novos 
caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A 
essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e oportunidades, além 
da preocupação com a melhoria do produto. 
A seguir o quadro 3 apresenta o conjunto de características utilizado pelo 
SEBRAE, que é um dos mais usados no País. 
Quadro 3 - Características do empreendedor 
Grupo de características relacionadas à realização 
 Busca de oportunidades e iniciativa 
 Correr riscos calculados 
 Exigir qualidade e eficiência 
 Persistência e comprometimento 
Grupo de características relacionadas ao planejamento 
 Busca de informações 
 Estabelecimento de metas 
 Planejamento e monitoramento sistemático 
Grupo de características relacionadas ao poder 
 Persuasão e rede de contatos 
 Independência e autoconfiança 
Fonte: SEBRAE (2014). 
As habilidades exigidas a um empreendedor, segundo Dornelas (2001), 
podem ser classificadas em três áreas: 
a) Habilidades técnicas - envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e 
captar informações, ser um bom orador, ser organizado, saber liderar e 
trabalhar em equipe e possuir know-how técnico na sua área de atuação; 
b) Habilidades gerenciais - incluem as áreas envolvidas na criação, 
desenvolvimento e gerenciamento de uma nova empresa: marketing, 
24 
 
administração, finanças, operacional, produção, tomada de decisão, 
controle das ações da empresa e ser um bom negociador; 
c) Habilidades pessoais - ser disciplinado, assumir riscos, ser inovador, ser 
orientado a mudanças, ser persistente e ser um líder visionário. 
Acredita-se que no empreendedorismo o ser é mais importante do que o 
saber fazer. Suas características e habilidades são a referência para o alcance do 
sucesso. Pode-se encontrar também, na literatura alguns traços típicos do empreendedor, 
no quadro 4 Dolabela (1999) apresenta o resumo desses traços. 
Quadro 4 - Traços de personalidade do empreendedor 
Tem um modelo, uma pessoa que o influencia. 
Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização. 
Trabalha sozinho. O processo visionário é individual. 
Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos. 
Considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois aprende com os próprios 
erros. 
Sabe fixar metas e alcança-las; luta contra padrões impostos; diferencia-se. 
Tem a capacidade de descobrir nichos. 
Tem forte intuição; como no esporte, o que importa não é o que sabe, mas o que se faz. 
Tem sempre alto comprometimento; crê no que faz. 
É um sonhador realista: é racional, mas usatambém a parte direita do cérebro. 
Cria um sistema próprio de relações com empregados. É comparado a um “líder de 
banda”, que dá liberdade a todos os músicos, mas consegue transformar o conjunto em 
algo harmônico, seguindo um objetivo. 
É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo. 
Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho. 
Tece “rede de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas intensamente 
como suporte para alcançar seus objetivos; considera a rede de relações internas (com 
sócios, colaboradores) mais importante que a externa. 
Conhece muito bem o ramo em que atua. 
Cultiva a imaginação e aprende a definir visões. 
Traduz seus pensamentos em ações. 
Define o que quer aprender (a partir do não definido) para realizar suas visões. É 
proativo: define o que quer e aonde quer chegar; depois, busca o conhecimento que lhe 
permitirá atingir o objetivo. 
Cria um método próprio de aprendizagem: aprende a partir do que faz; emoção e afeto 
são determinantes para explicar seu interesse. Aprende indefinidamente. 
Tem alto grau de “internalidade”, que significa a capacidade de influenciar as pessoas 
com as quais lida e a crença de que conseguirá provocar mudanças nos sistemas em 
que atua. 
Assume riscos moderados: gosta do risco, mas faz tudo para minimiza-lo. É inovador e 
criativo. (Inovação é relacionada ao produto. É diferente da invenção, que pode não dar 
consequência a um produto.). 
Tem alta tolerância à ambiguidade e à incerteza. 
Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar 
oportunidades de negócios. 
Fonte: Dolabela (1999). 
25 
 
Nessa linha de estudos são apresentadas características de um empreendedor 
bem sucedido, pois segundo Dornelas (2001), o empreendedor de sucesso possui 
características extras, seus atributos extrapolam os dos administradores, eles sabem 
explorar oportunidades, são determinados e altamente dinâmicos, são independentes e 
construtores do próprio destino, dedicados ao trabalho, otimistas e apaixonados pelo que 
fazem, acreditam que o ganho do dinheiro é consequência do sucesso nos negócios, 
possuem liderança incomum e conhecimento, sabem construir uma rede de 
relacionamentos externos à empresa, planejam cada passo do negócio, assumem riscos 
calculados e criam valor para a sociedade. 
De acordo com Pereira e Santos (1995, p.47): 
O empreendedor bem sucedido é uma pessoa como qualquer outra, cujas 
características de personalidade e talentos preenchem um padrão 
determinado, que o leva a agir de tal forma que chega ao sucesso, realizando 
seus sonhos e alcançando seus objetivos. Ele é, portanto, uma pessoa que 
busca realização e é auto-orientado para atingir metas próprias. 
Quadro 5 - Características do empreendedor bem-sucedido 
É motivado pelo desejo de realizar. 
Corre risco viável, possível. 
Tem capacidade de análise. 
Sabe aonde quer chegar. 
Confia em si mesmo. 
Não depende dos outros para agir; sabe, porém, atuar conjuntamente. 
É tenaz, firme e resistente ao enfrentar dificuldades. 
É otimista, sem perder o contato com a realidade. 
É flexível sempre que preciso. 
Administra suas necessidades e frustrações, sem por elas se deixar dominar. 
É corajoso; porém, não é temerário. 
Sabe postergar, deixando para depois a satisfação de suas necessidades. 
Mantém a automotivação, mesmo em situações difíceis. 
Aceita e aprende com seus erros e com os erros dos outros. 
Mantém a autoestima, mesmo em situações de fracasso. 
Tem facilidade e habilidade para as relações interpessoais. 
É capaz de exercer liderança, de motivar e de orientar outras pessoas com relação ao 
trabalho. 
É criativo, na solução de problemas, de todos os tipos. 
É capaz de delegar. 
É capaz de dirigir sua agressividade para a conquista de metas, a solução de problemas 
e o enfrentamento das dificuldades. 
Tem prazer em realizar o trabalho e em observar seu próprio crescimento empresarial. 
É capaz de administrar o tempo. 
É independente, seguro e confiante, na execução de sua atividade profissional. 
Tem desejo de poder, como todos têm, consciente ou inconscientemente. 
Fonte: Pereira e Santos (1995). 
26 
 
Pode-se complementar a essas características, trazendo para o cenário atual, 
o fato de que o empreendedor deve se capacitar permanentemente e sempre observar o 
que os seus concorrentes estão fazendo, identificando qual o território de abrangência 
do negócio, sem deixar de enxergar o que os outros não estão enxergando e, assim, 
oferecer ao mercado um “algo novo” que diferencie o seu negócio dos demais. 
Para Cunha (2004), existem modos científicos de se mensurar o 
empreendedorismo, inclusive o perfil empreendedor dos indivíduos. Entretanto, de 
acordo com Dutra e Previdelli (2003), a diversidade de características observadas por 
diversos autores, constata-se a dificuldade para descrever o perfil exato do 
empreendedor ou estudar suas atitudes com base na literatura existente. Verificou-se, 
portanto, que era possível categorizar estas características em fatores psicológicos e 
sociológicos, e fatores ambientais ou econômicos, determinantes das ações 
empreendedoras. Como resultado, o estudo dos autores permitiu a elaboração do quadro 
6, na qual constam os principais fatores destacados na literatura. 
Quadro 6 - Fatores psicossociais, ambientais e econômicos da atitude empreendedora de 
sucesso 
FATORES PSICOSSOCIAIS FATORES AMBIENTAIS E ECONÔMICOS 
 Iniciativa e 
Independência 
 Criatividade 
 Persistência 
 Visão de longo prazo 
 Autoconfiança e 
otimismo 
 Comprometimento 
 Padrão de excelência 
 Persuasão 
 Necessidade de 
realização 
 Coletividade 
 Formação 
 Capacidade de trabalhar grupos de apoio 
 Capacidade de buscar investidores 
 Capacidade de superar obstáculos pela 
conjuntura econômica 
 Capacidade de trabalhar com escassez 
financeira 
 Capacidade de superar obstáculos 
burocráticos do meio externo 
 Capacidade para boa escolha da localização 
 Maior utilização da tecnologia 
 Conhecimento do mercado e capacidade de 
utilizá-lo 
 Construção de Rede de Informação e 
capacidade de utilizá-la 
Fonte: Dutra (2002, p. 46). 
27 
 
A inovação é identificada como sendo o centro das atenções nos estudos 
sobre empreendedorismo. Segundo Drucker (2002), os empreendedores são pessoas 
inovadoras. Essa inovação é atingida quando os empreendedores exploram mudanças no 
mercado e as enxergam como oportunidades para a criação de novos produtos e 
serviços. 
É preciso destacar que não é possível garantir que hajam circunstâncias 
perfeitas para o surgimento de um empreendedor de sucesso. O empreendedorismo, 
segundo Filion (1999), ainda não é uma ciência, mesmo sendo uma das áreas em que 
mais se pesquisa e publica estudos. Sendo assim, o perfil empreendedor é um subsídio 
científico para identificação dos padrões que levam ao ato de empreender. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3. CARACTERIZAÇÃO DAS MICROEMPRESAS DE FACÇÃO 
3.1 Microempresas 
As microempresas devem ser caracterizadas em seus aspectos quantitativos 
e qualitativos, para que se tenha uma representação adequada da realidade desse tipo de 
organização. Para efeito de estudos e pesquisas, o SEBRAE utiliza o critério de 
classificação de porte levando em consideração o número de empregados da empresa, 
sendo: 1) microempresas: na indústria e na construção civil – até 19 empregados; e no 
comércio e serviços – até 9 empregados; 2) pequena empresa: na indústria e na 
construção civil – de 20 a 99 empregados; e no comércio e serviços – de 10 a 49 
empregados (SEBRAE, 2014). 
O Simples Nacional e a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas 
classificam as MPE
1
 de acordo seu faturamento anual, sendo que a Microempresas 
(ME) são aquelas que em cada ano tenha receita bruta anual igual ou inferior a R$ 
360.000,00 (CARTILHA SIMPLES NACIONAL,2012 p. 8; LEI GERAL DA MICRO 
E PEQUENA EMPRESA, 2006). 
Além da classificação adotada pelo Simples Nacional e a Lei geral das 
MPE, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), órgão de 
financiamento, também classifica o porte das microempresas de acordo com a receita 
anual, diferenciando apenas no que diz respeito aos valores auferidos. Sendo que para as 
Microempresas a receita operacional bruta anual ou anualizada deve ser inferior ou 
igual a R$ 2.400.000,00 (BNDES Carta Circular nº 11/2010). Tais classificações podem 
ser resumidas no quadro 7: 
Quadro 7 - Classificação das Microempresas 
Instituição 
Classificação 
Microempresa 
SEBRAE 
Setor Quant. Funcionários 
Indústria e construção civil Até 19 empregados 
Comércio e Serviço Até 9 empregados 
Simples nacional e 
Lei geral das MPE 
Faturamento 
Receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 
(trezentos e sessenta mil reais) 
BNDES 
Faturamento 
Receita Operacional Bruta anual ou anualizada de até R$ 
2.400.000.00 (dois milhões e quatrocentos mil reais) 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
1
 MPE – Micro e Pequenas Empresas. 
29 
 
Em relação aos critérios qualitativos a microempresa é definida por Ramos e 
Fonseca (1995) como tendo identidade entre a propriedade e gestão; vínculo estreito 
entre família e empresa; posição central do empresário como principal executivo; 
reduzida capacidade financeira; dificuldade de acesso ao crédito; dependência de 
fornecedores, concorrentes e clientes; relações pessoais com os clientes; uso intensivo 
de mão de obra. 
Lezana (2001) faz uso do termo empresa de pequena dimensão para 
caracterizar um grupo de organizações empresariais que, independente do faturamento 
ou do número de empregados, apresentam alguns atributos típicos, que são: propriedade 
e administração interdependentes; o empreendedor não domina o setor onde opera; a 
estrutura organizacional da empresa é simples, possuem uma área de produção de bens e 
serviços específicos e operam com poucos empregados, com a autoridade linear e 
concentrada no empreendedor. 
Atualmente as microempresas têm recebido diversos benefícios como forma 
de incentivo tanto para a sua manutenção, como para a legalização de várias outras que 
atuam clandestinamente. Esses tipos de empresas desempenham um papel econômico 
ativo no mundo, inclusive no Brasil, gerando, principalmente, emprego e renda para o 
país. Sendo assim, conhecer as dificuldades e as chances de sucesso das microempresas 
permite ao empreendedor ficar ciente dos desafios que podem incorrer em seu negócio. 
No Brasil, nos últimos anos, tem ocorrido um forte aumento na criação de 
novas empresas e de optantes pelo Simples Nacional, regime fiscal diferenciado e 
favorável aos Pequenos Negócios. Em dezembro de 2012, havia 7,1 milhões de 
empresas registradas nesse regime. Este número ficou 26% acima do verificado em 
dezembro do ano anterior. Em 2011, a expansão já havia sido de quase 30% (SEBRAE, 
2013). 
Em relação às políticas públicas direcionadas aos pequenos negócios, o País 
tem vivenciado diversas mudanças que tem proporcionado uma verdadeira revolução no 
ambiente desses empreendimentos. São exemplos, a criação da Lei Geral das Micro e 
Pequenas Empresas em 2006, a implantação do Microempreendedor Individual (MEI) 
em 2009, e a ampliação dos limites de faturamento do Simples Nacional em 2012. 
30 
 
Entretanto, diversas pesquisas apontam que, apesar do índice de mortalidade 
dos pequenos negócios estarem diminuindo com o passar dos anos, no Brasil esse índice 
ainda é bem significativo, principalmente quando se trata do estágio inicial do negócio, 
ou seja, nos dois primeiros anos de existência. Com isso, o empreendedor deve ficar 
atento e identificar quais os fatores que levam à falência da empresa. 
Dornelas (2014) aponta como as principais causas para o insucesso de 
pequenas empresas a falta de planejamento, deficiência na gestão (gerenciamento do 
fluxo de caixa, vendas/comercialização, desenvolvimento de produto etc.), políticas de 
apoio insuficientes, conjuntura econômica e fatores pessoais (problemas de saúde, 
criminalidade e sucessão). Conforme apresentado no quadro 8: 
Quadro 8 - Causas do fracasso das start-up 
2
americanas (SBA
3
, 1998) 
Incompetência Gerencial 45% 
Experiência no Ramo 9% 
Inexperiência em Gerenciamento 18% 
Expertise Desbalanceada 20% 
Negligência nos Negócios 3% 
Fraudes 2% 
Desastres 1% 
Total 98% 
Apenas 2% são fatores desconhecidos 
Fonte: Dornelas (2014, p. 97). 
 
O autor aconselha que os empreendedores obtenham uma capacitação 
gerencial continua e apliquem os conceitos teóricos, para que adquiram a experiência 
necessária, e a disciplina no planejamento periódico das ações que devem ser 
implementadas na empresa. 
 
2
 Start-up, nome atribuído aos pequenos negócios nos Estados Unidos. 
3
 SBA (Small Business Administration), órgão do governo americano de auxílio às pequenas empresas. 
31 
 
3.2 Facção 
Para caracterizar as facções é preciso entender um pouco sobre o segmento 
em que ela faz parte, o confeccionista. Inserido no setor têxtil esse segmento é o ponto 
final da cadeia produtiva têxtil, que se inicia na produção de fibras (naturais, artificiais 
ou sintéticas), engloba também a fiação, tecelagem e malharia, assim como a indústria 
de máquinas têxteis e de produtos químicos para acabamento. 
A indústria de confecção tem como principal característica a produção de 
peças e acessórios do vestuário, roupas profissionais, peças interiores (cortinas, capas, 
tapetes), fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos para vestuário. De acordo com 
a Associação Brasileira do Vestuário - ABRAVEST (2010), a indústria de confecções 
possui 21 segmentos, quais sejam: roupas íntimas, roupas de dormir, roupas de 
praia/banho, roupas de esportes, roupas de lazer, roupas sociais, roupas de gala, roupas 
infantis, roupas protetoras, roupas profissionais, roupas de segurança, meias, 
modeladores, acessórios têxteis para vestuário, artigos de cama, artigos de banho, 
artigos de mesa, artigos de copa/cozinha, artigos decorativos e produtos industriais. 
Dessa forma, é observado que a maioria dos segmentos de confecções compõe a 
conhecida indústria do vestuário. 
Viana (2005, p. 20), menciona que: 
A característica estrutural básica da indústria do vestuário, em nível mundial, 
é a grande heterogeneidade das unidades produtivas em termos de tamanho, 
escala de produção e padrão tecnológico, fatores estes que influenciam, 
decisivamente, os níveis de preços, dualidade, produtividade e a inserção 
competitiva das empresas nos diversos mercados consumidores. 
 
A indústria de confecções tem uma importância significativa tanto para o 
desenvolvimento e crescimento do próprio setor como para a economia do país. 
Segundo a ABRAVEST (2010), a indústria de confecções do vestuário tem importância 
estratégica para o país, que faturou no ano de 2010 mais de 47 bilhões de dólares, 
pulverizando esta soma por todo o território nacional, além disso, o segmento é 
composto por mais de 26 mil empresas registradas gerando mais de 1.100.000 postos de 
trabalho direto e 4.600.000 indiretos. De acordo com Victor (2008), no Estado do 
Ceará, a indústria de confecções constitui o principal polo industrial da Região 
32 
 
Nordeste, tanto em relação à quantidade produzida, como em relação à qualidade dos 
produtos. 
O processo produtivo em uma indústria de confecção é composto 
basicamente por sete etapas: criação, modelagem, risco, corte, costura, acabamento e 
passadoria (GOMES, 2002). Caracterizados no quadro a seguir: 
Quadro 9 - Etapas e características do processo produtivo nas confecções 
Etapa Características 
Criação 
Consiste em criar, alterar, copiar ou interpretar as tendências da moda(em forma, estilo e cor), colocando-as dentro do padrão do mercado, 
levando em consideração fatores como gênero, época, estação do ano e 
o consumidor (GOMES, 2002). 
Modelagem 
A modelagem é a etapa-chave para a obtenção do produto final. 
Consiste na interpretação do modelo previamente criado que é 
transformado em moldes, adequando as proporções do protótipo aos 
diversos tamanhos das roupas a serem fabricadas (GOMES, 2002). Na 
ótica de Ferreira (1995), a modelagem dos produtos é o ponto alto, pois 
dela dependem o caimento perfeito e a beleza da peça. 
Risco 
O risco corresponde à atividade de encaixe dos moldes do modelo no 
tecido enfestado sobre a mesa de corte, visando garantir o menor 
consumo de tecido possível (SEBRAE, 2014). 
Corte 
O corte é o ato em si de separar as peças uma das outras no tecido 
enfestado, através da utilização de um equipamento cortante (SEBRAE, 
2014). 
Costura 
Após o corte, os componentes gerados são encaminhados à área de 
preparação, onde se realiza a etapa da costura, cabendo-lhe cerca de 
80% do trabalho produtivo, distribuído pela montagem e submontagem 
da roupa. Esta etapa é muito complexa, uma vez que é composta de 
vários tipos de costura, envolvendo a participação de muitas operadoras, 
executando frequentemente uma única tarefa (GOMES, 2002). 
Acabamento 
O acabamento é a seção onde são executadas as operações finais, com 
todas as partes componentes já unidas, visando à melhoria na qualidade 
ou complementação do produto. Dentre essas operações estão: casear, 
pregar botão, pregar etiqueta, etc. (ANDRADE FILHO, J. & SANTOS, 
L. 1980). 
Passadoria 
Esta etapa é importante em alguns tipos de produtos, sendo que, muitas 
vezes, a passadoria se torna necessária devido aos maus-tratos recebidos 
pelos produtos durante o processo produtivo, que acabam amassando o 
tecido ou costurando com máquinas reguladas inadequadamente, assim 
utilizam a passadoria para corrigir costuras franzidas (BIERMANN, 
2007). 
Fonte: Organizado pelo Autor. 
33 
 
As empresas de confecção seguem rigorosamente essas etapas em seu 
processo produtivo, uma vez que ao criar uma peça de roupa é preciso produzir uma 
modelagem que servirá de molde para realizar o risco no tecido enfestado que será 
cortado e, logo após, costurado, deve-se ainda revisar as peças montadas através do 
acabamento e depois da passadoria que eliminará possíveis imperfeições nas peças. 
No segmento confeccionista, assim como em diversos setores da economia, 
a busca constante pela competitividade tem levado empresas a procurarem meios 
estratégicos de redução de custos e aumento de produtividade. O uso da terceirização, 
como um desses meios, tem sido bastante utilizada, principalmente no setor 
confeccionista, e isso tem favorecido bastante a criação de microempresas prestadoras 
de serviço. 
A terceirização, por sua vez, é um processo de gestão, em que se repassam 
algumas atividades para terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria, 
ficando a empresa concentrada apenas em atividades essencialmente ligadas ao negócio 
em que atua (GIOSA, 1995). 
No ramo confeccionista, impulsionado pela moda, que proporciona uma 
dinâmica constante de atualização de modelos de peças do vestuário, necessitam 
constantemente de treinamento, máquinas e equipamentos que acompanhem essas 
mudanças. Suas atividades-meio, por exemplo: montagem das peças, demanda um 
elevado controle de processos e de pessoas. Assim, optam em enviar para terceiros a 
parte que requer um elevado número de colaboradores. 
Sobre o assunto, Godoi (2010, p. 30) acrescenta que: 
O setor que mais permite terceirizar hoje na indústria de confecção é a fase 
da montagem, composta pela preparação e costura das peças, como o 
acabamento, que compreende as fases de limpeza de fios, revisão, passadoria, 
etiquetagem e embalagem. 
É nessa fase da produção (costura e montagem) que são utilizados os 
serviços de empresas especializadas denominadas facções. O SEBRAE (2010) explica 
como funciona esse sistema de terceirização da seguinte maneira: 
Uma indústria maior, que normalmente tem como principal atividade a 
criação e comercialização, cria a sua coleção, efetua os cortes das peças e 
encaminha para outras indústrias menores que são contratadas para montar as 
roupas. Essas indústrias não comercializarão os produtos, apenas são 
responsáveis pelo serviço de montagem das roupas, devolvendo em seguida, 
34 
 
para a indústria maior, que confere as peças, padroniza a qualidade e 
comercializa os produtos (SEBRAE 2010, p. 03). 
Sobre o tema, Goularti Filho e Netto (1996) afirmam que o segmento de 
confecção do vestuário se divide em dois grupos: os confeccionistas e os faccionistas. 
Os primeiros tratam-se de empresas que possuem etiqueta própria, enquanto os 
segundos são os prestadores de serviços. Na indústria de confecção são chamadas de 
facção as empresas que costuram e que fazem o acabamento das peças, como limpeza, 
revisão, etiquetagem e empacotamento das mesmas. 
Atualmente existe uma ampla tendência por parte das grandes confecções 
pela utilização desse sistema de terceirização, devido, principalmente, à forte 
concorrência enfrentada pelo setor. A vantagem do uso desse sistema se encontra na 
redução dos custos oriundos do setor produtivo que mais demanda mão de obra, que é a 
parte da montagem das peças, estima-se que esse setor produtivo representa 50% da 
força de trabalho total da empresa. Outro aspecto relevante a ser observado é que ao 
direcionar a produção para uma empresa especializada as confecções ganham em 
qualidade, já que, em geral, essas empresas possuem equipamentos e pessoal 
qualificados para a execução dos serviços solicitados. 
Segundo Goularti Filho e Netto (1996, p. 126), 
O surgimento de inúmeras prestadoras de serviços, tais como: bordado, 
serigrafia, estamparia, lavanderia e a própria facção foi facilitado pela 
consolidação da indústria do vestuário. A procura por terceiros é crescente, o 
que, além de diminuir consideravelmente os custos com mão de obra, agiliza 
a produção e dispensa a manutenção de determinados setores na fabrica. 
Contudo, existe uma grande e ainda desconhecida parcela das facções que 
atuam na informalidade, ou seja, operam na ilegalidade. Fato que gera problemas de 
equilíbrio do mercado, pois não estando devidamente registradas, estas empresas 
acabam criando distorções na concorrência. 
 
 
 
 
35 
 
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA 
 
Nesse capítulo são apresentados os aspectos metodológicos usados para 
realizar e desenvolver esta pesquisa, além de demonstrar como foi feita a coleta e o 
tratamento dos dados. Vale ressaltar que para Lakatos e Marconi (2009), o método é o 
conjunto das atividades sistemáticas e racionais que permitem, com maior segurança e 
economia, o alcance dos objetivos. Gil (2002, p. 162) acrescenta que “(...) nesta parte, 
descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa. Sua 
organização varia de acordo com as peculiaridades de cada pesquisa”. 
4.1 Natureza da pesquisa 
A pesquisa científica pode ser classificada quanto a sua natureza como 
quantitativa ou qualitativa, sendo possível ainda existir as duas formas, como 
qualiquantitativa. Vale destacar que as pesquisas quantitativas e qualitativas devem ser 
complementares e não consideradas de maneira isolada, quando for o caso 
(HONORATO, 2004). A abordagem qualitativa, segundo Bastos (2008), tem caráter 
subjetivo, é usada em uma população pequena em que existe a preocupação com o 
aprofundamento e abrangência da compreensão das ações e relações humanas; já a 
abordagem quantitativa define uma população buscando um critério de 
representatividade numérica, dessa forma o resultado obtido refere-se às características 
do grupo pesquisado. 
Esta pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa. Qualitativa, pois tem o 
objetivo deestudar um determinado número de casos de maneira mais aprofundada, foi 
escolhida porque esse estudo tem o escopo principal de analisar as características que 
compõem o perfil do empreendedor de sucesso em três microempresas de facção no 
município de Fortaleza – CE. Nesse caso utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, 
em que se trabalhou com a perspectiva de identificar, selecionar e interpretar as 
informações colhidas, fazendo uma análise comparativa dessas informações 
relacionando-as com o referencial teórico pertinente ao assunto visando um melhor 
entendimento acerca do elemento estudado. No caso da análise quantitativa, os dados 
foram avaliados utilizando gráficos, como o de barras, com o intuito de fornecer 
informações específicas sobre as características dos respondentes. 
36 
 
4.2 Tipologia da pesquisa 
Com relação ao tipo de pesquisa existem dois critérios que precisam ser 
observados: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser 
exploratória, descritiva, explicativa, aplicada e intervencionista. Já quanto aos meios, a 
pesquisa pode ser classificada como de campo, laboratório, documental, bibliográfica, 
experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso (VERGARA, 
2009). 
A presente pesquisa é considerada quanto aos fins como exploratória e 
descritiva. Exploratória porque embora sejam numerosos os estudos direcionados ao 
perfil do empreendedor, não foram identificados estudos relativos ao perfil dos 
microempreendedores de sucesso donos de facção no segmento confeccionista do 
município de Fortaleza – CE. De acordo com Gil (2002), a pesquisa exploratória tem 
como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo 
mais explícito ou a constituir hipóteses. É descritiva porque busca apresentar as 
características e o perfil desses empreendedores. Esse tipo de pesquisa, segundo Gil 
(2002), tem o objetivo principal de descrever as características de determinada 
população ou fenômeno. 
Quanto aos meios, a pesquisa classifica-se como bibliográfica e de campo, 
através da utilização de um estudo de caso. Segundo Vergara (2009), a pesquisa 
bibliográfica justifica-se porque a fundamentação teórica deste trabalho foi elaborada 
através de pesquisas em materiais publicados em livros e sites relacionados à temática. 
Para Lakatos e Marconi (2009, p. 185) “a pesquisa bibliográfica, ou de fontes 
secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo 
(...)”. Gil (2002) destaca que a principal vantagem desse tipo de pesquisa reside no fato 
de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla 
do que aquela que poderia pesquisar diretamente. 
Este estudo pode ser classificado ainda como pesquisa de campo, haja vista 
que a coleta de dados foi realizada in loco. Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 188), 
“a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou 
conhecimento acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta [...]”. 
37 
 
A pesquisa trata-se ainda de um estudo de caso, pois segundo Cervo e 
Bervian (1996), o estudo de caso é uma pesquisa sobre um determinado indivíduo, 
família, grupo ou comunidade que busca examinar os aspectos variados de suas vidas. 
Trata-se, segundo Gil (2002, p. 54), do “(...) estudo profundo e exaustivo de um ou 
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento (...).” 
Através de estudo de caso e das tipologias apresentadas, pôde-se conhecer melhor sobre 
o perfil do empreendedor de sucesso em três microempresas de facção na cidade de 
Fortaleza – CE. 
4.3 Objeto de estudo 
A pesquisa foi realizada em três microempresas devidamente escritas no 
registro de Pessoas Jurídicas dentro dos limites de receita bruta já mencionados no 
subitem 3.1 do presente estudo, e que exerçam a prestação de serviço do tipo facção 
para empresas de confecção no município de Fortaleza. 
Foram selecionados, então, três microempreendedores que atendiam aos 
seguintes critérios: 1º) o empreendimento deveria está legalmente registrado há pelo 
menos cinco anos. Período esse adotado com base em estudos internacionais sobre a 
maturidade das empresas. Dornelas (2007) testifica a validade da utilização desse 
período em sua pesquisa e afirma que “muitos estudos internacionais e nacionais 
mostram que a taxa de mortalidade de empresas é alta nos primeiros cinco anos de sua 
existência (...)”. Dessa forma, se o negócio possui mais de cinco anos de existência pode 
ser considerado bem sucedido e consequentemente gerenciado por empreendedores bem 
sucedidos; 2º) os empreendimentos deveriam ter alcançado resultados financeiros 
positivos nos últimos anos, ou seja, um nível de rentabilidade acima de 30%; e 3º) de 
forma mais subjetiva, identificar características de liderança voltadas para o 
desenvolvimento do negócio. 
4.4 Instrumento de investigação 
Foram utilizados como instrumento para coleta de dados o questionário e a 
entrevista. O questionário foi baseado no livro de Dornelas (2007) com adaptação do 
autor que buscou analisar as características relacionadas ao perfil empreendedor dos 
microempresários respondentes da pesquisa. Cervo e Bervian (1996) apontam que o 
questionário representa a técnica de coleta de dados mais utilizada em pesquisas. 
Segundo os autores, o questionário representa um meio de obter respostas sobre um 
38 
 
assunto de forma que o respondente forneça as informações de seu domínio e 
conhecimento. A entrevista foi formulada com base nas considerações feitas por 
Dornelas (2014) com o intuito de conhecer as empresas e os empreendedores em estudo. 
Para Martins (2009 p. 42), a entrevista “trata-se de uma técnica de pesquisa para coleta 
de dados cujo objetivo básico é entender e compreender o significado que os 
entrevistados atribuem a questões e situações (...)”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 
5.1 Análise da entrevista 
A entrevista foi analisada de maneira qualitativa. Os dados foram obtidos 
através do tipo de entrevista estruturada seguindo um roteiro previamente elaborado, a 
transcrição da entrevista terá como base as perguntas que foram feitas aos entrevistados, 
visando selecionar e destacar as informações mais relevantes para a pesquisa. 
A entrevista foi realizada nos dias 5, 6 e 7 de maio de 2014, no local de 
trabalho dos três empreendedores, que serão identificados como empreendedor A, 
empreendedor B e empreendedor C, o instrumento de pesquisa teve como objetivo 
colher informações sobre as empresas e os empreendedores a partir das respostas dadas 
na entrevista. Os resultados obtidos foram: 
Informações sobre as empresas 
Empresa A 
A primeira facção estudada está registrada como microempresa, fundada em 
2006 a empresa, localizada no bairro Genibaú, periferia de Fortaleza – CE. Trabalha 
exclusivamente com a prestação de serviços de montagem (costura), limpeza e 
etiquetagem de camisas masculinas para duas grandes confecções do mesmo município, 
esses fornecedores garantem o abastecimento de peças o ano todo, fato esse considerado 
indispensável para a rentabilidade do negócio. Mesmo não existindo um contrato que 
formalize a relação entre a facção e as confecções, a empresa em estudo não relatou 
nenhum problema nessa relação. Atualmente, a empresa conta com uma equipe de 23 
colaboradores entre costureiras e auxiliares divididos em dois grupos que produzem, em 
média, 20 mil peças/mês, com média de faturamento de R$ 35.000,00/mês. A empresa 
conta ainda com 30 máquinas de costura na sua maioria eletrônicas. 
Empresa B 
A segunda facção em estudo foi fundada em 2007, tem sua estrutura 
localizada no bairro Granja Portugal, periferia de Fortaleza - CE, e é registrada como 
microempresa. Essa organização presta serviço de montagem, etiquetageme limpeza 
em shorts de tactel masculino para três confecções, sendo que apenas um garante 
abastecimento de peças durante o ano todo, também não foi identificada a existência de 
um contrato que formalize essa relação, mesmo assim não existem problemas nessa 
40 
 
relação. A facção conta com 15 funcionários e 25 máquinas de costura que proporciona 
uma produção mensal de 12 mil peças com média de faturamento de R$ 25.000,00/mês. 
Empresa C 
A terceira e última facção iniciou suas atividades no ano de 2002 e está 
localizada no bairro Siqueira, possui um maquinário composto por 30 máquinas de 
costura e uma equipe composta por 18 costureiras e 3 auxiliares que produzem 19 mil 
camisas masculinas por mês, que são montadas, limpas, etiquetadas e embaladas, 
gerando um faturamento mensal de R$ 32.000,00. Essa microempresa presta serviço 
para uma confecção que lhe abastece o ano todo e não possui contrato formal com o 
mesmo, fato que não prejudica essa relação. 
Informações sobre os empreendedores 
Os entrevistados são em sua maioria do sexo feminino e estão envolvidos 
diretamente na administração dos respectivos empreendimentos, todos são casados e 
possuem idade entre 48 e 51 anos. Em relação ao nível de escolaridade, dois 
entrevistados afirmaram possuir apenas o ensino médio completo, enquanto que, em 
um, além do nível médio completo, ele possui um curso técnico em administração. 
 Quando questionados se já haviam trabalhado no setor confeccionista antes 
de montar a empresa, todos responderam que sim. Esse fato demonstra que o 
conhecimento no ramo de atuação é de fundamental importância para o 
desenvolvimento do negócio, Dornelas (2007) afirma que além da preparação técnica e 
profissional, em muitos casos a experiência auxilia o empreendedor a conhecer o 
mercado, suas falhas e demandas, levando-o a perceber e aproveitar oportunidades. 
Outra questão apontada foi se o empreendedor pensa em desenvolver uma 
marca própria e assim comercializar seus produtos, todos afirmaram que sim, 
percebendo com isso uma nova perspectiva para o futuro do seu negócio. Na questão 
relacionada à busca de orientação junto a órgãos como SEBRAE, SENAI, etc. a 
resposta foi negativa para todos, entretanto, todos afirmaram que já receberam esse tipo 
de orientação em outras empresas em que trabalhavam antes. 
Em relação ao fator motivacional da atividade empreendedora quando 
perguntado qual o motivo da criação da empresa pôde-se observar que todos 
41 
 
identificaram uma oportunidade de negócio e resolveram com isso montar suas 
empresas. Uma vez que os empreendedores por oportunidade optam por iniciar um 
novo negócio mesmo quando possuem alternativa de emprego e renda, ou ainda, para 
manter ou aumentar sua renda pelo desejo de independência do trabalho (GEM, 2012). 
A última questão da entrevista perguntou quais os fatores necessários para 
um bom desenvolvimento nesse tipo de negócio, os entrevistados destacaram como 
fundamental a formação de uma boa equipe de costureiras e a necessidade de possuir 
um fornecedor que abasteça a facção durante o ano todo. Foi citado ainda que é 
necessário o envolvimento familiar para o desenvolvimento do negócio e a necessidade 
do conhecimento em relação ao processo produtivo e financeiro da empresa. 
5.2 Análise do questionário 
Nesta parte da pesquisa serão apresentados os resultados obtidos através da 
aplicação de um questionário composto por 19 questões de múltipla escolha em que os 
respondentes teriam que escolher entre: nunca, raramente, às vezes, frequentemente e 
sempre. Questões essas voltadas para o perfil do empreendedor baseadas nas 
características atribuídas ao empreendedor de sucesso pela literatura. Para um melhor 
entendimento do conteúdo, as informações levantadas pelo questionário serão 
relacionadas à literatura pertinente ao assunto de estudo. Os resultados alcançados 
foram: 
 Conhecimento: 
Gráfico 1 – Conhecimento 
 
Fonte: Pesquisa de campo (2014). 
42 
 
 
A primeira característica analisada foi em relação ao conhecimento, na qual 
foram realizadas duas perguntas sobre essa característica. A primeira buscou verificar se 
os empreendedores são sedentos pelo conhecimento, ou seja, se eles gostam de 
aprender, o resultado foi que todos assinalaram que sempre buscam aprender. 
Entendendo dessa forma que a busca pelo conhecimento está presente como uma das 
características desses empreendedores. 
A segunda questão indagou se os empreendedores procuram conhecer o 
mercado em que atuam, o gráfico mostra que sim, já que dois afirmaram que sempre 
procuram conhecer o mercado, enquanto que um assinalou que frequentemente procura 
fazer isso. 
Na literatura o conhecimento é presente entre as características inerentes aos 
empreendedores de sucesso, de acordo com Dornelas (2007), os empreendedores são 
sedentos pelo saber e aprendem continuamente, buscam conhecimento através de 
cursos, publicações ou pela própria experiência, além de realizarem estudos sobre o 
mercado em que vislumbram atuar. Os empreendedores bem sucedidos estão sempre 
atentos ao aprendizado contínuo, buscando reciclar seus conceitos e aprimorar o 
negócio constantemente. 
 
 
 Relacionamento (networking): 
Gráfico 2 – Relacionamento 
43 
 
 
Fonte: Pesquisa de campo (2014). 
Em relação a essa característica foram elaboradas duas questões com o 
intuito de analisar como os empreendedores se relacionam com as pessoas envolvidas 
na realização de suas atividades, sabe-se que as empresas necessitam manter um bom 
relacionamento, principalmente, nesse caso específico, com o fornecedor (confecção). 
Para isso a primeira pergunta analisou se os empreendedores procuram se relacionar 
bem com todos os envolvidos em seu trabalho e a segunda indagou se eles procuram 
manter uma rede de contatos bem estabelecida, a resposta obtida foi “sempre” em 
ambas as perguntas para todos os empreendedores, logo, afirma-se que essa 
característica faz parte do perfil desses empreendedores. 
Sobre o assunto Dornelas (2007) afirma que uma rede de contatos bem 
estabelecida é também um aspecto habitual presente nas atitudes dos empreendedores 
de sucesso, eles conseguem estabelecer uma rede de contatos que os auxiliam nos 
ambientes interno e externo da organização, junto a clientes, fornecedores e entidades 
de classe. 
 Oportunidade: 
Gráfico 3 – Oportunidade 
44 
 
 
Fonte: Pesquisa de campo (2014). 
A terceira característica analisada foi oportunidade, sobre a qual foram 
elaboradas também duas perguntas. A primeira questionou se os empreendedores 
procuram está atentos às oportunidades no mercado em que atuam, de acordo com o 
gráfico apresentado houve uma divisão entre as opções “às vezes”, “frequentemente” e 
“sempre”, demonstrando que a maioria dos empreendedores em estudo possui uma 
inconstância nessa característica. A identificação de oportunidades é considerada como 
uma das principais características dos empreendedores de sucesso é preciso, portanto, 
que eles busquem se aperfeiçoar nessa característica. 
A outra questão foi se o empreendedor procura ter conhecimento das 
necessidades de seus fornecedores o resultado dessa pergunta configurou-se como 
“sempre” para todos. Percebe-se dessa forma que os empreendedores estão sempre 
buscando informações sobre as necessidades de seus fornecedores, fato esse de extrema 
valia para um bom desenvolvimento do negócio. 
De acordo com Dolabela (1999), a identificação de oportunidades é de 
fundamental importância para a atividade empreendedora. Entre os atributos básicos de 
um empreendedor está a habilidade de identificar, agarrar e buscar os recursos para 
aproveitar ao máximo uma oportunidade. Oportunidade é uma ideia que está atrelada a 
um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, seja através da inovação ou 
da diferenciação. 
 
45 
 
 Planejamento: 
Gráfico 4 – Planejamento 
 
Fonte: Pesquisa

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