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APOSTILA 2

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APOSTILA 2 – 2ª UNIDADE.
ERRO DE TIPO (art. 20 – C.P): “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Descriminantes Putativas: §1º – É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Erro determinado por terceiro: §2º – Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Erro sobre a pessoa: §3º – O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”. 
CONCEITO: ocorre quando alguém não conhece, ao cometer o fato, uma circunstância que pertence ao tipo legal – ou seja, que pertence àquele artigo. Então, falta uma consciência de que está praticando uma infração – assim, afastando o elemento dolo.
Exemplo (s): quando um agente pega algo de alguém, achando que pertence à ele – um “furto” (apropriação de objeto alheio, sem consentimento). Temos aqui uma circunstância pertencente ao tipo legal, porém, o agente não tinha consciência de que o objeto era alheio. Ou, quando um sujeito tem relações com uma menor de 14 anos – supondo que esta fosse maior de 18 anos; neste caso também, o agente não tinha conhecimento do fato ser pertencente ao tipo legal (a menor ser de 14 anos) – faltando para ele uma consciência de que praticava uma infração, afastando assim o dolo. Ou, ainda, quando uma pessoa contrai casamento com uma outra pessoa já casada (crime de bigamia); no entanto, temos aqui um desconhecimento do matrimônio anterior.
CONSEQUÊNCIAS: tal como foi dito anteriormente, o erro de tipo sempre irá excluir o dolo, ou seja, o agente nunca irá responder por um crime doloso. Mas, pode haver a culpa, e assim, responder por um crime culposo (caso esteja previsto em lei).
CASOS EM QUE EXCLUI O DOLO E A CULPA, E OS QUE SOMENTE EXCLUEM O DOLO: 
Erro de Tipo Invencível (escusável, justificável e inevitável): ocorre quando o agente não tinha como evitá-lo, mesmo tomando todas as cautelas; qualquer pessoa incorreria em erro se estivesse nas mesmas circunstâncias – por isso que é invencível, escusável, justificável e inevitável – afastando assim, o dolo e a culpa, deixando o fato de ser típico (um excludente de tipicidade do fato). Ex.: como visto anteriormente, quando o agente pega um celular achando que era dele, mas que na realidade pertencia à outra pessoa (neste caso, o agente não tinha consciência de que o objeto era alheio).
Erro de Tipo Vencível (inescusável, injustificável e evitável): ocorre quando o agente poderia evitar o resultado, se tivesse atuado com a diligência exigida – o que afasta somente o dolo, e assim, o agente só responde pelo crime culposo (se houver previsão legal). Ex.: tem-se dois caçadores (um novato e um mais experiente) → vão na mata caçar animais → o mais experiente vai à sua barraca, para colocar mais balas na arma → o novato vê algo se mexendo próximo a barraca → ele atira, acertando não o animal, mas sim o caçador mais experiente → o caçador mais experiente morre. Neste caso, o novato não tomou as devidas diligências exigidas para aquela situação; por isso, ele só responderá pelo crime culposo (homicídio culposo).
CLASSIFICAÇÃO: o erro de tipo pode ser classificado em erro de tipo essencial e/ou erro de tipo acidental.
ERRO DE TIPO ESSENCIAL: é o erro que recai sobre elementares, circunstâncias ou qualquer outro dado da figura típica. Ou seja, o agente não sabia que estava matando alguém, ou que subtraia coisa alheia, etc. 
ERRO DE TIPO ACIDENTAL: quando o agente engana-se quanto a um elemento não essencial do fato, ou quando erra no movimento da execução – este erro não afasta o dolo. Ex.: um sujeito quer acertar A, mas acerta C. Dentre os casos de tipo acidental, temos:
Erro sobre o Objeto;
Erro sobre a Pessoa (ou erro in persona - art. 20, §3º – CP);
Erro na Execução (ou aberratio ictus - art. 73 – CP);
Resultado diverso de Pretendido (ou aberratio criminis - art. 74 – CP);
Erro sobre o Curso causal (ou aberratio causae). 
ELEMENTOS DO TIPO:
DESCRIMINANTES PUTATIVAS (art. 20, §1º): “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO (art. 20, §2º): “Responde pelo crime o terceiro que determina o erro”.
ERRO SOBRE A PESSOA (error in persona - art. 20, §3º): “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”. 
ERRO ACIDENTAL: o agente age sabendo que comete um delito, apenas errando um elemento não essencial, ou errando um movimento da execução. Dentre os casos, temos:
Erro sobre o Objeto (ou error in objecto): é o erro que recai no objeto a que se destina a conduta do agente. Ex.: um sujeito deseja subtrair sacas de açúcar → na verdade, são sacas de farinha → mesmo assim, este subtrai as sacas de farinha. Traduzindo, o sujeito subtraiu uma coisa achando que era outra.
Erro sobre a Pessoa (ou error in persona - art. 20, §3º – CP): por erro do agente atinge-se pessoa diversa da pretendida. Ex.: X quer atirar em Y → mas, X acerta Z. O agente, neste caso, confunde a pessoa, e assim, erra o alvo. De acordo com o §3º do art. 20, “o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena”, ou seja, no exemplo dado, o agente responde pelo crime de homicídio. 
Erro na Execução (ou aberratio ictus - art. 73 – CP): por erro na execução, o agente atinge pessoa diversa (igual ao art. 20, §3º). Se também atingir a pessoa pretendida, aplica-se o concurso formal de crimes (art. 70 – CP), ou seja, irá se considerar uma das penas e aumentar ela em 1/6. O agente, neste caso, quer acertar, porém, erra o alvo.
Resultado diverso de Pretendido (ou aberratio criminis - art. 74 – CP): o erro deverá ser de coisa para pessoa. Aqui, o agente responde por culpa, se houver previsão; se também ocorrer o resultado pretendido, aplica-se o concurso de formal. Ex.: um sujeito atira uma pedra contra uma vitrine → essa pedra, ao invés de acertar a vitrine, acerta a cabeça de uma pessoa → o sujeito responde pela lesão culposa. Caso o sujeito acerte tanto o vidro quanto a pessoa, causando o dano e a lesão culposa, vai se aplicar o concurso formal de crimes. 
Erro sobre o curso causal (ou aberratio causae): corresponde ao dolo geral, onde, o erro está na causa do resultado. Ex.: caso Isabella Nardoni (o pai e a madrasta, achando que tinham ocasionado a morte da criança, simulam um acidente (jogando a menina da janela do quarto), matando a criança → a criança morreu devido à queda*). Outro exemplo, um agente estrangula A → joga o corpo de A da ponte (a fim de escondê-lo) → A morre por afogamento – neste caso, o agente responde por um só crime (homicídio).
DESCRIMINANTES PUTATIVAS: 
DESCRIMINANTES: o fato não é criminoso, logo, é transformado em um indiferente penal – trata-se das causas de justificação (Legítima defesa, Estado de necessidade, Estrito cumprimento de dever legal e Exercício regular do direito). 
PUTATIVAS: são situações imaginárias que só existem na mente do sujeito (p. ex., legítima defesa/estado de necessidade que só existe na mente do agente). 
Exemplo1: M é ameaçado de morte por N → um dia, M encontra-se com N → N leva a mão à cintura (dando a entender que iria sacar uma arma, porém este não estava armado) → então, M imagina que vai ser morto por N → M saca um revólver e atira contra N → matando N.
Exemplo2: um policial, imaginado prender uma pessoa contra a qual foi expedido um mandado de prisão, esse policial efetua a prisão do irmão gêmeo dela– agindo assim, em estrito cumprimento do dever legal putativo.
EFEITOS: como qualquer erro ocorrido em putatividade, pode ser escusável ou inescusável (culpa imprópria – o agente atua com dolo, mas este responde a título de delito culposo). E, assim, de acordo com a segunda parte do §1º do art. 20, “não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.
Escusável: afasta o dolo e a culpa.
Inescusável: o agente responde por dolo, e não por culpa.
OBS1! Quando o erro recai sobre a existência ou mesmo sobre os limites de uma causa de justificação – ou seja, da legítima defesa, p. ex. –, isso será considerado não um erro de tipo ou um erro acidental, mas sim um erro de proibição (art. 21 – CP). Exemplo: um pai, imaginado poder agir em defesa da honra da filha que foi estuprada, mata o estuprador – neste caso, o pai erra no que diz respeito à própria existência da legítima defesa (isto é, no poder agir legitimamente na defesa da filha, causando a morte do estuprador). Dependendo da hipótese analisada, pode afastar: se escusável, a potencial consciência da ilicitude do pai e, por conseguinte, a culpabilidade dele, o isentando de pena; se inescusável, também pode ter a pena diminuída de 1/6 a 1/3 – conforme a parte final do aludido artigo.
NATUREZA JURÍDICA DO ERRO NAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO: temos duas teorias que irão discorrer acerca. O C.P adotou a teoria limitada. 
Teoria Extremada: diz que, todo erro nas causas de justificação é erro de proibição (tudo teria como previsão legal o art. 21 – C.P).
Teoria Limitada: se divide em duas partes.
I) O erro sobre a situação fática é erro de tipo permissivo (sobre estar, p. ex., em legítima defesa ou não).
II) O erro sobre o limite ou a existência é erro de proibição.
ILICITUDE (antijuridicidade - art. 23 – C.P): “Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de necessidade; II – em legítima defesa; III – em estrito cumprimento do dever lega ou no exercício regular de direito. Excesso Punível: §único – O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo”. 
CONCEITO: seria uma conduta contrária ao ordenamento/à norma penal, que causa lesão ou expõe a perigo de lesão um bem jurídico tutelado, podendo ser suprimida, desde de que, no caso concreto, estejam presentes uma das hipóteses previstas no aludido artigo (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito).
TEORIAS ACERCA DA ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE: 
RATIO COGNOSCENDI: segundo essa teoria, o crime é composto da seguinte forma: CRIME = FATO TÍPICO + FATO ANTIJURÍDICO + FATO CULPÁVEL. É a teoria adotada pela maioria dos doutrinadores, prevendo que onde há um fato típico, normalmente, há uma antijuridicidade.
RATIO ESSENDI: para os doutrinadores que a seguem, estes entendem que o fato típico e a antijuridicidade são analisadas de maneira única, pois toda vez em que tivermos uma contrariedade à norma penal, ela também será considerada um fato antijurídico. Então: CRIME = (FATO TÍPICO & FATO ANTIJURÍDICO) + FATO CULPÁVEL.
CAUSA DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE (art. 23, III – C.P): “Não há crime quando o agente pratica o fato: (...) III – em estrito cumprimento do dever lega ou no exercício regular de direito”.
CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO OU EXCLUSÃO DE ILICITUDE: 
	
LEGAIS
(Previstas em lei).
	Estado de necessidade (conceito legal = art. 24 – C.P);
Legítima Defesa (conceito legal = art. 25 – C.P);
Estrito cumprimento do dever legal (conceito doutrinário);
Exercício regular de direito (conceito doutrinário).
	SUPRALEGAIS (não decorrem das leis, mas dos princípios do ordenamento jurídico).
	
Consentimento do Ofendido;
ELEMENTOS DA ILICITUDE: para que se possa excluir a ilicitude, é preciso termos dois elementos – o objetivo e o subjetivo.
	OBJETIVOS
	SUBJETIVOS
	São aqueles expressos ou implícitos no tipo penal.
	Consciência do agente, que atua amparado por uma causa de justificação.
Exemplo: A quer ocasionar a morte de B → A saca o revólver → atirando em direção à B (que está dentro de uma casa). Pela janela da casa, o A só tem visão de B (A atira → B morre) – aqui, A queria a morte de B. Porém, o B estava com C ajoelhado na sua frente → B estava pronto para dar um tiro na cabeça de C. Em vista disso, quando o A matou B, A acabou salvando (de alguma forma) a vida de um terceiro (que é a vida de C). A pergunta feita pela doutrina em relação à situação hipotética descrita é: A agiu em legítima defesa, mesmo não sabendo que estava praticando-a? O dolo de A sempre foi de lesionar, nunca foi defender – o animus necandi de A foi matar (ele queria a morte de B, e não defender C).
Portanto, para que seja configurada a legítima defesa é preciso a consciência do agente, de que ele está atuando (amparado por essa legítima defesa), não seria possível a absolvição do réu por legítima defesa – no caso descrito, o agente A seria condenado pelo crime de homicídio. No entanto, há um posicionamento doutrinário contrário, segundo o qual, o agente da situação hipotética seria beneficiado/amparado pela legítima defesa (caso o A soubesse da existência do B e do C). A partir da concepção das duas teorias mencionadas anteriormente:
Segundo a ratio cognoscendi: A atua em legítima defesa de terceiro → aqui, o fato vai ser típico, mas não antijurídico/contrário a norma.
Segundo a ratio essendi: A atua em legítima defesa de terceiro → aqui, o fato típico vai ser excluído, pois, se o agente A atuou amparado por uma excludente de ilicitude, não se tem nem fato típico – e, assim, seria denominado de elemento negativo (a teoria da ratio essendi diz que todo delito possui um elemento negativo – p. ex., no art. 121 – C.P, que trata do homicídio (“matar alguém”), caso houvesse um vírgula “..., desde que não fosse em legítima defesa”, esse seria o complemento → o elemento negativo do tipo penal). Esse tipo estaria excluído, logo, o agente não teria cometido uma conduta típica.
O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: o C.P não se preocupou em definir um conceito, tal como fez com o estado de necessidade e com a legítima defesa – seu conceito decorre de mera construção doutrinária e jurisprudencial. Todavia, os elementos caracterizadores desse estrito cumprimento de dever legal podem ser visualizados a partir da própria nomenclatura (“estrito cumprimento de dever legal”). Aqui, da mesma forma que as demais causas de justificação, exige-se a presença de elementos objetivos e subjetivos. 
Primeiramente, é preciso haver um dever legal imposto ao agente. Este dever, em geral, é dirigido àquelas pessoas que fazem parte da Administração Pública – tal como os policiais, oficiais de justiça, etc. Além disso, compreende os deveres de intervenção do funcionário na esfera privada – para assegurar o cumprimento da lei, ou de ordens superiores da Administração Pública (que podem determinar a realização justificada de tipos legais, como: coação, privação de liberdade, relação de domicílio, lesão corporal, etc.). Ex.: um policial que priva a liberdade de alguém que está cometendo um crime em flagrante – este policial está acobertado pelo estrito cumprimento de um dever legal.
Segundamente, é necessário que o cumprimento a esse dever se dê nos exatos termos impostos pela lei, não podendo em nada ultrapassá-los. No exemplo dado, o policial pode usar da força moderada para conter o agente que está atuando em flagrante; entretanto, não pode se utilizar da tortura, agressão, etc. – ou seja, não pode extrapolar essa força necessária que precisa ser usada naquele momento. Ex.: se, um oficial de justiça cumprindo mandado de busca e apreensão de um televisor, por sua conta resolve também apreender um aparelho de som (já antevendo um pedido futuro), aqui, ele não terá agido nos limites estritos que lhe foram determinados; razão pela qual, com relação à apreensão do aparelho de som, não estará atuando amparado pela causa de justificação – por está ultrapassandoa ordem que lhe foi dada.
Outra questão muito discutida, com relação a aqueles casos do policial visando evitar a fuga do detento de um presídio, atira na direção desse detento com a finalidade de matá-lo. Aqui, como pode-se perceber, conforme a redação do art. 5º, XLVII, a) – CF/88: “não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX”. Sendo assim, o policial que pratica esse tipo de conduta, afim de evitar a fuga do detento, não pode alegar em seu favor o benefício da excludente do estrito cumprimento do dever legal, pois está agindo fora dos limites estritos que lhe foram determinados pela lei (não podendo sentenciar esse detento à morte, só por estar fugindo).
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: tal como no estrito cumprimento do dever legal, o exercício regular de um direito está previsto na segunda parte do já mencionado artigo, também não foi objeto de conceituação pelo legislador – a sua definição, assim, ficou a cargo da doutrina e da jurisprudência. Os seus elementos, assim como na causa de justificação anterior, podem ser extraídos da própria expressão (“exercício regular do direito”). Esse “direito” que a norma diz, pode sugerir situações expressas nas regulamentações legais em lato sensu (sentido amplo → lei); ou, até mesmo de costumes (podendo ser uma norma do C.C, do C.P, do C.D.C, etc.) – isto é, qualquer norma que autorize aquele agente agir de uma certa forma.
Nos casos relacionados aos atletas de práticas esportivas violentas, desde de que estes permaneçam dentro das regras previstas para aquela modalidade, encontra amparo nessa causa de exclusão de ilicitude; como também o direito que tem, p. ex., o proprietário nos termos do art. 1.283 – C.C (“As raízes e os ramos da árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido”). Isto posto, o limite do lícito termina, necessariamente, onde começar o abuso – logo, o direito deixa de ser exercido regularmente, para mostrar-se abusivo –, assim, caracterizando a ilicitude.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: segundo a teoria do delito, pode ter dois enfoques com finalidades diferentes. O consentimento gera essas duas situações diferentes, dependendo do tipo penal analisado. 
EXCLUSÃO DA TIPICIDADE (o fato praticado não se encaixa na descrição, afastando a tipicidade): no caso dos delitos contra os costumes, p. ex., uma mulher consente na relação sexual, esta não pode cogitar em tipicidade da conduta daquele que com ela mantenha conjunção carnal, porque a descrição do crime seria manter uma conjunção carnal sem o consentimento da parceira (o). Na violação de domicílio, se aquela pessoa que tem o direito da residência, deixe que outro ingresse na sua casa, também não possui a tipicidade da conduta desse último. 
Todavia, há situações em que o fato é tipo, mas que não será antijurídico em virtude do consentimento do ofendido. A título de exemplo, alguém que permite que se faça uma tatuagem – existe aqui, em tese, a figura da lesão corporal, uma vez que o tatuador ao exercer sua atividade, ofende a integridade física daquele que deseja tatuar o corpo. Embora esse tipo de conduta seja típica (isto é, lesionar alguém → houve uma lesão), esta deixa de ser ilícita em razão do consentimento dado para tanto. 
EXCLUSÃO ILICITUDE: no caso de um crime de dano, se alguém permite que alguma coisa sua seja destruída, onde em tese esse fato também seja típico, nessa hipótese ele também não será antijurídico – afastando a antijuridicidade/ilicitude. Deve ser ressaltado que o consentimento do ofendido, seja como uma causa que afasta a tipicidade, seja como uma excludente de ilicitude, este não encontra amparo expresso no direito penal objetivo (é considerado, portanto, uma causa supralegal).
Apesar de vários doutrinadores trazerem vários requisitos para que possa ser válido esse consentimento, acredita-se que o consentimento do ofendido somente tira o efeito desejado se estiver presente três requisitos fundamentais:
Capacidade do ofendido para consentir: somente aquela pessoa que for penalmente imputável, ou seja, tiver 18 anos completos, é que poderá consentir. 
Disponibilidade do bem sobre o qual recai o consentimento: o bem sobre o qual recai a conduta do agente tem que ser disponível (bens patrimoniais); se for indisponível (a vida), mesmo que o consentimento saia de uma pessoa capaz, esse não será levado em consideração. Assim, se alguém permite que um automóvel de sua propriedade faça parte da cena de um crime em um filme (onde será explodido, destruído, amaçado), embora em tese tenha ocorrido um fato típico (visto que, o diretor da filmagem destrói aquela coisa de maneira dolosa), esse fato não será antijurídico – uma vez que o consentimento do proprietário exclui a característica da ilicitude desse fato. 
Outro caso, a exemplo, seria a eutanásia (uma pessoa pede a outra para tirar a sua vida, porque não vê mais sentido na vida; e, essa outra pessoa pratica essa conduta, esta será considerada ilícita – devendo responder pelo delito de homicídio) – aqui, há uma controvérsia no que tange a respeito da disponibilidade da integridade física (há autores que entendem que sim – desde que as lesões sofridas sejam consideradas de natureza leve –, e há autores que colocam uma ressalva). Caso essa lesão seja grave ou gravíssima, o consentimento do ofendido não pode ter o condão de afastar a ilicitude da conduta levada a efeito pelo agente.
Consentimento anterior ou simultâneo: consentimento dado anteriormente, ou pelo menos simultaneamente àquela conduta do agente. Caso seja posterior, não haverá a exclusão da ilicitude da conduta praticada aqui.
ESTADO DE NECESSIDADE (art. 24 – C.P): “Considera-se em estados de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. §1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. §2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços”.
Conceito: corresponde a redação do art. 24 – C.P. Diferentemente do que ocorre na legítima defesa, no estado de necessidade temos dois bens que entram em conflito em um dado momento, mas são juridicamente protegidos pelo ordenamento jurídico. Podemos ter um bem que é mais relevante em comparação com o outro – p. ex., uma vida em detrimento de um patrimônio; podemos ter também duas vidas sendo “pesadas na balança” – p. ex., duas pessoas estão em um naufrágio → ambas brigam entre si, para disputar um lugar em cima de uma tábua de madeira (que só aguenta o peso de uma pessoa) → nessa luta, uma delas irá perder e se afogar, enquanto a outra irá viver. É um exemplo clássico dado pela doutrina, onde, temos dois bens iguais em peso (duas vidas), mas que por um estado de necessidade precisou-se haver uma ponderação de qual das vidas precisava continuar existindo – são bens juridicamente protegidos, mas que encontram-se em conflito naquele dado momento (por isso que configura estado de necessidade).
Teorias: no direito penal brasileiro, temos duas teorias para esclarecer alguns pontos relevantes acerca do estado de necessidade (o nosso C.P adota a teoria unitária). Dentre elas: 
Teoria Unitária: somente entende que, só existe o estado de necessidade justificante, que exclui apenas a ilicitude, mas não a culpabilidade do agente – independentemente se é feita ou não a ponderação de bens. Logo, todo e qualquer estado de necessidade é justificante.
Teoria Diferenciadora: para essa teoria, existe dois tipos – o estado de necessidade justificante e o estado de necessidade exculpante. Como já visto anteriormente, o justificante exclui apenas a ilicitude, mas não a culpabilidade do agente; já o exculpante exclui a culpabilidade.
No entanto, há um conflito doutrinário no que tange aos limites de ambos osestados de necessidade. Temos que: 
Primeira Vertente (justificante – Zaffaroni e Fragoso): verifica-se o estado de necessidade justificante quando um bem maior está em detrimento de um bem menor (bem maior se sobrepõe ao bem menor) – p. ex., a vida em relação ao patrimônio (X quebra uma porta para sair de um incêndio – nessa situação hipotética, houve um dano àquele imóvel no momento em que X quebra a porta; mas, lembrando que, foi para se salvar do incêndio).
Segunda Vertente (exculpante – Assis Toledo): verifica-se o estado de necessidade exculpante quando temos um bem menor se sobrepondo ao bem maior (ou seja, um patrimônio sendo protegido em detrimento de uma vida). Segundo Zaffaroni e Fragoso, quando há uma igualdade de bens, também se configura o estado de necessidade exculpante.
Salvar de perigo atual: tal como visto na redação do artigo, “(...) quem pratica o fato para salvar de perigo atual (...)”. Vários doutrinadores discutem o que seria o perigo atual no estado de necessidade, onde, a minoria da doutrina entende que: “o perigo atual não engloba no estado de necessidade: a iminência, o perigo passado, e o perigo remoto ou futuro” – logo, é só aquele perigo que está acontecendo naquela atualidade. Já a doutrina majoritária entende que: “o perigo passado e o perigo remoto ou futuro, também não estão englobados no estado de necessidade” – ou seja, não se pode falar em estado de necessidade por um perigo que já foi solucionado (p.ex., uma casa que já pegou fogo, e mesmo assim um indivíduo quebra uma porta – isso configura-se perigo passado). Portanto, para a grande parte da doutrina, a iminência de acontecer um perigo também engloba o estado de necessidade (isto é, em uma probabilidade muito grande daquele perigo ocorrer, apesar de ainda não está ocorrendo). 
Perigo provocado pelo agente: como visto no artigo, “(...) que não provocou por sua vontade (...)”. Em relação ao dolo e/ou a culpa, a doutrina também se diverge. Alguns entendem que a expressão “que não provocou por sua vontade”, abrange tanto o dolo quanto a culpa (precursores: Noronha e Nelson Hungria); outros, entendem que não – que seria especificamente com relação ao dolo, seja qualquer um de seus tipos, que dá ensejo à essa expressão (precursores: Fragoso e Rogério Grego). 
Exemplo: suponhamos que, um agente M encontra-se dentro de uma sala de cinema, e fumando um cigarro → ao ver um funcionário se aproximando, joga a bituca de cigarro no chão → ocasionando um início de incêndio. Aqui, o agente pode ser acobertado pelo estado de necessidade, pois não foi por dolo dele que o incêndio iniciou-se – não foi por vontade dele que o incêndio começou. O agente M teve uma atitude culposa (este foi imprudente), não se importando com o dolo eventual – ele só queria “se livrar” do funcionário. 
Então, se um sujeito age dolosamente, este não pode ser acobertado pelo estado de necessidade. Caso tenha cometido aquele tipo de conduta culposamente, uma corrente diz que não se pode utilizar do estado de necessidade a seu favor; a outra, diz que sim, pode ser utilizado a seu favor – estando, então, acobertado pelo estado de necessidade.
Evitabilidade do Dano: tendo em vista a seguinte redação do artigo, “(...) nem podia de outro modo evitar (...)”. Até o momento, compreendemos que no estado de necessidade o agente precisa se salvar de um perigo atual, e que tal perigo não pode ter sido provocado dolosamente pelo agente. Em relação a evitabilidade do dano temos, neste caso, a possibilidade no caso concreto do agente evitar o dano produzido pela sua conduta. E, há duas maneiras disso ocorrer: 
O agente tem como evitá-lo, deixando de praticar aquela conduta;
O agente tem como evitar, entre duas opções que tinha (danosas), podendo escolher a menos gravosa para a vítima.
LEMBRANDO1! No estado de necessidade, não há a possibilidade de escolha por parte do sujeito (se este pode escolher ou não evitar aquele dano). O sujeito deve adotar a situação menos danosa possível para a(s) vítima(s). Porém, tal situação deve ter uma proporcionalidade – se tivermos uma maneira de evitar aquele dano, guardadas as devidas proporções, o agente deve evitá-lo.
Estado de Necessidade próprio e de terceiro: a partir da seguinte redação “(...) direito próprio ou alheio (...)”. Para o estado de necessidade próprio, aquele praticado para salvar a própria pessoa de uma situação de perigo atual ou iminente, não havendo limitação alguma para sua atuação. Com relação ao estado de necessidade de terceiro, pode-se atuar em estado de necessidade para salvar a vida de um terceiro, porém, aqui, percebe-se uma única restrição: não pode o sujeito atuar para salvar um bem de terceiro, se este for um bem disponível (ele precisa ser indisponível, para tal) – salvo aquiescência do terceiro, ou seja, a sua concordância de que uma terceira pessoa atue a fim de salvaguardar o seu bem. 
Razoabilidade do Sacrifício do bem: a partir da leitura da redação do artigo “(...) cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”. Tal como visto anteriormente, temos a existência de duas teorias (unitária e diferenciadora) e que o estado de necessidade sempre será justificante. 
Porém, o agente não pode (p. ex., salvar-se de uma lesão e ocasionar a morte de alguém; ou, ainda, salvar um patrimônio e ocasionar a morte de alguém). Portanto, a redação do artigo exclui o estado de necessidade nesses casos, sendo que, entretanto, o §2º do artigo diz que “Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços”. Ou seja, se não puder ser exigido o sacrifício do bem, considerando a situação, o juiz pode reduzir a pena de 1/3 a 2/3. Diferentemente, no caso da inexigibilidade de conduta diversa, tem-se o afastamento integral da culpabilidade (e, consequentemente, não tem-se mais um crime).
Dever legal de enfrentar o perigo: segundo o §1º do art. 24, “Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo”. Existem certas profissões que, pela própria natureza delas, os seus profissionais são obrigados a enfrentar o perigo – tais como: bombeiro, policial, salva-vidas, etc. –, sabendo de antemão que devem enfrentar o perigo. Sendo assim, não podem invocar o instituto do estado de necessidade. E, inserido nesse conceito de dever legal, temos a incidência do princípio da razoabilidade. Outra questão posta a discursão em relação a quem não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo – esse dever legal é somente dessas profissões, ou quem assume o risco/dever de proteger outra pessoa contratualmente, também está incluído no conceito? Temos duas posições acerca disso: 
Nelson Hungria (doutrina majoritária): entende que, não pode estar englobado aquela pessoa que, contratualmente, assumiu o risco de enfrentar o perigo – logo, o sujeito não precisa contratualmente assumir o perigo, podendo alegar o estado de necessidade. Exemplo: em um bote, temos um segurança e seu superior → ambos percebem que o bote está furado, e que só há um colete salva-vidas disponível → aqui, o segurança é autorizado a lutar pela sua vida, e consequentemente, ocasionando a morte do seu superior – para tentar salvaguardar sua vida –, já que não tinha outra forma de ambos se salvarem. 
Costa & Silva e Bento de Faria (doutrina minoritária): compreendem em sentido contrário, onde, segundo esses dois doutrinadores, que deve estar englobado no conceito de dever legal o também dever contratual – mas, pela lógica penal, não se pode exigir algo do qual a lei não discorre. 
Classificação: 
Defensivo: a conduta do agente é dirigida ao causador do perigo. P. ex.: um cachorro bravo solto na rua → corre em direção a X → X saca uma faca → desfere golpes contra o animal → o cachorro morre. O agente X estava em um estado de necessidade, e para isso ele atacou o cachorro.
Agressivo: a conduta do agente é dirigida a bens de quem não provocou o perigo. P. ex.: Y está dirigindo um carro → atrás de Y,vem um caminhão desgovernado (este último, por estar vindo desgovernado, pode ocasionar em um acidente que pode tirar a vida de Y) → Y diante e tal situação, joga seu carro bruscamente na frente de outros carros parados no acostamento (para evitar a iminente colisão com o seu carro).
Elemento Subjetivo: é exigido esse elemento subjetivo para que se possa falar em estado de necessidade. Isto é, que o agente precisa saber ou acreditar que atua em estado de necessidade. P. ex.: um médico que é casado, tenta convencer a amante que esta precisa realizar um aborto (para esconder o adultério) → ocorre que, quando o médico convence a amante e realiza a operação, esta corria um grande risco de vida (pois a gravidez era de risco) → o médico não sabia de tal condição da gestante/amante → ao realizar o procedimento, este salva a vida da gestante → nessa situação hipotética, o médico estaria atuando em estado de necessidade, ou seja, de acordo com a norma do art. 128, I – C.P? Não, pois o médico atuou querendo realizar o procedimento na sua amante, e não para salvá-la da gestação de risco. No caso contrário, se o médico está no hospital e vê a gestante/amante com uma gravidez de alto risco (ou a mãe, ou o bebê vão sobreviver) → em vista da situação, o médico realiza o procedimento para salvar a vida da mãe → mesmo sabendo que era sua amante, e mesmo querendo realizar o procedimento, o médico atuou em estado de necessidade de terceiro.
Aberratio Criminis: para uma melhor compreensão, tomemos como exemplo o caso do cachorro raivoso – um cachorro bravo solto na rua → corre em direção a X → X saca um revólver → efetua os disparos contra o animal → o cachorro morre. No entanto, quando X efetua os disparos, a bala ricocheteia (bate no chão) e acerta uma pessoa que estava passando por ali nas proximidades. A questão é: o agente X responderá pela lesão causada a essa pessoa que passava por ali? Não, pois, conforme diz o art. 74 – C.P (prevê o resultado diverso do pretendido), a lesão causada não pode ser atribuída a esse agente X, que se encontra amparado pela causa de justificação do estado de necessidade.
Estado de Necessidade putativo: lembrando que, putatividade é quando o agente atua imaginando uma situação que de fato não está acontecendo. E, assim como disposto no §1º do art. 20, “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. O que deve ser analisado aqui é, se esse erro é desculpável (o agente não responderá por nada; caso lesione alguém, responderá a título de culpa – por lesão culposa) ou indesculpável (o agente responderá como se tivesse praticado um crime culposo, caso haja previsão no C.P).
O estado de Necessidade e as dificuldades Econômicas: alguém que esteja passando por uma dificuldade econômica, comete algum crime, estará amparado pelo estado de necessidade? Primeiramente deve ser analisado se essa dificuldade econômica inviabilizaria a própria sobrevivência daquele indivíduo (p. ex., um agente que comete um furto famélico, estará amparado pelo estado de necessidade).
Efeitos Civis do dano causado: o agente responde pelos danos causados? Retomando o exemplo do caminhão desgovernado, Y está dirigindo um carro → atrás de Y, vem um caminhão desgovernado (este último, por estar vindo desgovernado, pode ocasionar em um acidente que pode tirar a vida de Y) → Y diante e tal situação, joga seu carro bruscamente na frente de outros carros parados no acostamento (para evitar a iminente colisão com o seu carro). Neste caso, de acordo com o art. 188 – C.C, não considera-se ato ilícito a conduta daquele que atua em estado de necessidade. 
Já o art. 929 – C.C trata do direito de indenização, nos casos em que se um sujeito X atacou um bem no estado de necessidade agressivo (ou seja, o bem de um inocente), a pessoa inocente pode cobrar os danos causados por X – isto é, mesmo assim, o agente Y deve pagar o dano causado aos carros do qual ele bateu. O art. 930 – C.C já prevê o direito de regresso – ou seja, o agente Y que jogou o carro em cima daqueles que estavam no acostamento, tem o direito de regresso contra o dono do caminhão (pois, o motorista do caminhão foi o culpado do dano).
LEGÍTIMA DEFESA (art. 25 – C.P): “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Sabe-se que, o Estado não pode estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo, assim, este permite que as pessoas possam em determinadas situações agir em sua própria defesa. Porém, essa premissa não é ilimitada, pois para que se possa falar em legítima defesa (algo que não pode ser confundido com a vingança privada), é preciso que esse agente esteja em uma situação de total impossibilidade de recorrer ao Estado – e, só assim, tendo presente os requisitos legais de ordem objetiva e subjetiva, é que esse agente poderá agir em sua defesa ou de terceiros. 
Conceito: está previsto legalmente no art. 25 – C.P. 
Bens Amparados pela Legítima defesa: tem-se entendido que o instituto da legítima defesa tem aplicação na proteção de qualquer bem jurídico tutelado pela lei. Entretanto, tal instituto comporta exceções, dentre as quais:
O bem somente será passível de defesa se não for possível de socorrer-se do Estado – p. ex., se uma vítima é ameaçada e no momento em que as palavras estão sendo proferidas, esta pode agredir o agente na sua defesa da liberdade pessoal? No caso posto, o mal pronunciado à vítima não está ocorrendo, ou seja, não é atual/iminente. Assim, a vítima não pode valer-se da legítima defesa para repelir essa agressão (a ameaça), pois pode procurar o Estado nessa situação específica para se defender. Caso seja uma ameaça que esteja se tornando uma lesão iminente, ela poderia sim utilizar-se do instituto. Portanto, a ameaça de um mal futuro e grave não justifica, em tese, a legítima defesa.
Quanto aos bens jurídicos comunitários (fé pública, saúde pública, segurança do tráfego, etc.) – não são protegidos pela legítima defesa, pois são bens supra individuais, cujo portador é a sociedade; p. ex., não se pode dirigir ao prefeito da cidade, que está cometendo um crime contra o patrimônio, e agir com violência para que ele pare de fazer aquilo (aqui, o sujeito não estaria amparado pela legítima defesa). 
Espécies:
LEGÍTIMA DEFESA AUTÊNTICA OU REAL: quando a situação da agressão injusta está efetivamente ocorrendo no mundo concreto. Ou seja, existe realmente uma agressão injusta que pode ser repelida pela vítima, atendendo aos limites legais.
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA OU IMAGINÁRIA: correspondem as descriminantes putativas, já vistas anteriormente (art. 20, §1º – C.P). Ocorre quando a situação de agressão é imaginária, isto é, só existe na mente do agente (só esse agente acredita, por algum erro, que está sendo ou virá a ser agredido injustamente).
Injusta Agressão: como visto na redação do aludido artigo, a injusta agressão ocorre a bens que estejam sendo lesados ou ameaçados de lesão por uma conduta proveniente do Homem. Daqui, pode ser tirado três conclusões: 
É preciso que este ato derive do Homem – logo, a agressão por parte de um animal não configura a legítima defesa;
Não a conduta do agente pode ser amparada pelo ordenamento jurídico – p. ex., um indivíduo possui contra si um mandado de prisão expedido → caso o indivíduo que for cumprir esse mandado seja agredido pela pessoa contra a qual o mandado foi expedido, este não atuará em legítima defesa, pois o ato não pode ser amparado pelo ordenamento jurídico (que é considerado um ato legal). Na situação inversa, temos uma autoridade policial (um delegado, p. ex.) prende de forma arbitrária alguém que está apenas dando um depoimento na delegacia – ou seja, está claro que nessa situação, não há um amparo do ordenamento jurídico; assim sendo, é possível que esse indivíduo quefoi preso de forma arbitrária pelo delegado, reagir a essa prisão – aqui, sim, caberia a legítima defesa.
Não é preciso que a conduta praticada seja criminosa, para que possa ser reputada como injusta. Exemplo: a conduta em um furto de uso → embora não seja criminosa, esta é tida como ilícito de natureza civil, assim, dá ensejo a legítima defesa – uma vez que possui o status de agressão injusta.
PSIU1! INJUSTA AGRESSÃO ≠ PROVOCAÇÃO INJSUTA: por ser uma distinção subjetiva, depende de caso a caso.
Ex.: um sujeito que é nervoso por natureza (e, todos sabem que ele não gosta de ser provocado) → anda pela rua → escuta seu vizinho fazer piadas (o vizinho sabe da condição desse sujeito) → o sujeito fica extremamente irritado, partindo para a agressão contra o vizinho (pois entende que a sua honra foi violada). No caso hipotético posto, é preciso ver se o agente realmente entendia que essa agressão foi injusta ou, se pelo contrário, isso não chegou a ser uma agressão injusta, mas apenas uma provocação.
Se esse ato de “fazer piadas” foi uma mera provocação, este não permite que o agente atue em legítima defesa – restando, apenas, a condenação pela lesão e uma circunstância atenuante prevista no art. 65, III, “c” – C.P (apenas reduzindo-lhe a pena). Por outro lado, se for considerado que esse ato de “fazer piadas” consiste em uma agressão à sua honra subjetiva, terá ele atuado em legítima defesa, e assim, embora a sua conduta seja típica, não poderá ser considerada ilícita – sendo abrangida pela legítima defesa. Aquele que provoca alguém sem o intuito de agredi-lo, pode agir em defesa de sua pessoa – caso o provocado parta para o ataque. Não é permitido que essa possibilidade àquele que comete uma injusta agressão.
Outra questão trazida à tona é: será que é possível criar uma provocação para que após se atue em uma situação de legítima defesa? Suponhamos que esse vizinho, mesmo sabendo da condição desse sujeito, o provoque para que esse sujeito o agrida e possa tirar-lhe a vida. Neste caso, não poderá ser considerada a legítima defesa, pois quando a agressão for provocada intencionalmente, para logo depois ser invocada a legítima defesa, isso é considerado um abuso de direito de uma manipulação do agressor. Assim, a legítima não será considerada (aonde a provocação foi criada para gerar uma futura legítima defesa).
Meios Necessários: pode ser conceituado como, todos aqueles meios eficazes e suficientes a repulsa da agressão que está sendo praticada ou que está prestes a ocorrer – devendo possuir uma proporcionalidade e uma razoabilidade do meio empregado e à ação do agente. Tal como foi dito por Nelson Hungria: “não se trata de pesar em uma balança de farmácia, mas sim de uma aferição ajustada às condições do fato do caso vertente”. Ou seja, é preciso analisar se naquele caso concreto há uma proporcionalidade e uma razoabilidade do ato praticado do agente que está em legítima defesa. Não se pode, p. ex., atirar em um garoto de 10 anos (que entrou no quintal da vítima) para furtar algumas mangas – caso o agente atire contra a criança, faltou-lhe uma razoabilidade e uma proporcionalidade na sua conduta, mesmo que tenha sido seu único meio de se defender.
Caso contrário, há de ser descartado a necessidade do meio utilizado, e como consequência, afastar a causa de exclusão de ilicitude da legítima defesa. Por fim, quando o agente possui à sua disposição vários meios aptos a ocasionar repulsa a agressão, este deverá sempre optar pelo meio menos gravoso, sob pena de considerar como desnecessário aquele meio escolhido e utilizado – e, consequentemente, afastando a legítima defesa. 
Usar moderadamente os Meios necessários: assim, além do agente escolher o meio necessário adequada a repulsa àquela agressão, é preciso que ao agir, este faça com moderação – sob pena de ocorrer o chamado “excesso da legítima defesa”. Assim, não podemos considerar somente o número de golpes ou disparos para caracterizar essa moderação do agente. Exemplo: A está sendo injustamente agredido por B → com a finalidade de cessar essa agressão, A saca uma pistola → efetua oito disparos em direção à B → B, mesmo tendo recebido oito disparos, caminha até A → e, somente no nono disparo, B é derrubado e a agressão cessa. Aqui, verifica-se uma legítima defesa, pois A usou com moderação até que a agressão fosse cessada. 
Logo, para que possa ser verificado se o uso do meio necessário foi moderado ou não, é preciso estabelecer um marco/momento em que o agente consegue fazer cessar a agressão (que contra ele foi praticada) – tudo o que for feito após esse marco/momento, será considerado excesso. No exemplo dado, se este agente A atirou cinco vezes e conseguiu cessar a agressão, e continuar a efetuar os disparos, A responderá pelo excesso que ocasionou. 
Atualidade e Iminência da agressão: a atual seria aquela agressão que está ocorrendo do momento – p. ex., se alguém está desferindo facadas em alguém, essa pessoa pode agir em legítima defesa, pois tem-se uma agressão atual. Ao tratar-se da iminência, há controvérsias; porém, pode-se entendê-la como aquela agressão irá acontecer quase que imediatamente, sem um intervalo longo de tempo. Porque, a agressão remota ou a futura não é iminente, e assim não pode caracterizar legítima defesa – podendo caracterizar uma inexigibilidade de conduta diversa. Exemplo: dentro de um presídio, há uma rebelião carcerária ocorrendo → o agente X é ameaçado de morte pelo restante dos detentos (com a promessa de que, no dia posterior, ele será morto e utilizado para que reivindicações sejam atendidas) → o agente X desesperado e preso, não conseguindo o amparo do Estado, ocasiona a morte do líder da rebelião. No exemplo apresentado, é perceptível que a atualidade e a iminência da agressão não estão presentes, posto que, a agressão é futura e remota. Assim, seria mais correto falar em inexigibilidade de conduta diversa desse agente, ao invés de legítima defesa.
No entanto, há doutrinadores que entendem que, nesse caso ocorreria a legitima defesa (o que seria uma legítima defesa antecipada – ou, prévia/preventiva/pré-ordenada). Portanto, a situação mais coerente para o caso em questão é utilizar-se do instituto da inexigibilidade de conduta diversa. Caso o agente X não se encontrasse preso, e passasse pela mesma situação, ele não poderia agir em legítima defesa naquele momento – devendo procurar pelas autoridades, para que essa ameaça seja, então, investigada e cessada.
Defesa de Direito próprio ou alheio: a partir da leitura do artigo, pode-se compreender que há a possibilidade de não só o agente defender a si mesmo, mas também de intervir na defesa de terceiros – mesmo que esta última não seja próxima. Assim, nesses casos, em que uma pessoa intervém na defesa de um terceiro (tal ato é denominado de legítima defesa de terceiro). No momento, iremos tratar de quem o agente queria defender, e do animus (a vontade, que é o elemento subjetivo – devendo se sobressair para ser determinado se a legítima defesa irá ser própria ou de terceiros), ou seja, o que o agente queria. Exemplo: se o agente M percebe que seu desafeto P está prestes a matar S → e, aproveitando-se desse fato, M elimina P (sem que tenha vontade de agir na defesa de S) → e mesmo que tenha salvo a vida de S, o agente M responde pelo crime de homicídio (pois, o elemento subjetivo exigido encontrava-se ausente (faltou a vontade de defender o terceiro) – M não queria defender S, mas sim matar seu desafeto P). Por isso, a legítima defesa deve ser excluída.
OBS2! Não cabe a defesa do terceiro, quando o bem for considerado disponível. Isto é, quando o agente não defende um bem ou o interesse próprio, mas sim o interesse de terceiro, caso o bem seja disponível, o agente só poderá interferir nesse bem com a autorização/anuência do titular do bem – ou seja, do terceiro. Caso contrário, tal intervenção será considerada ilegítima, e assim também afasta a legítima defesa.
Elemento Subjetivo: para que se possa falar em legítima defesa, não é precisoa presença dos elementos da natureza objetiva (elencados no aludido artigo, e vistos anteriormente). Por conseguinte, além desses, é preciso que o agente saiba que está atuando nessa condição ou, pelo menos, que acredite que está agindo assim – pois, caso contrário, não poderá se cogitar na exclusão da ilicitude da conduta (não estando amparado pela legítima defesa) e sua conduta permanece contrária ao ordenamento jurídico. Pode-se concluir que, é preciso termos o animus defendendi (ou seja, a vontade de se defender, ou de defender alguém).
Agressão de Inimputáveis: se, por acaso, o sujeito queira se defender de um agente inimputável, isto é, que não está apto para os atos da vida civil? Acerca desse ponto, temos a existência de duas correntes teóricas.
1ª corrente: em relação aos inimputáveis, deve ser afastada a possibilidade da aplicação do instituto da legítima defesa, porque é mais gravoso para aquele que ataca o bem, optando pela necessidade da caracterização do estado de necessidade e não da legítima defesa. É a corrente defendida por Nelson Hungria. 
2ª corrente: segundo esta, deve ser sim caracterizada a legítima defesa e não o estado de necessidade. É a corrente defendida por Hawkins e Rogério Greco, entre outros. Pois, se o inimputável pratica um ato injusto e típico, a conduta por ele realizada não é amparada pelo ordenamento jurídico – logo, uma lesão praticada pelo inimputável, não está abrangida/defendida pelo nosso ordenamento. No entanto, deve-se ressaltar que esse é um caso especial, que merece tratamento diferenciado; e, como pode ser repelida essa forma de agressão, deve ser escolhida a forma que causa um menor dano possível (em algumas determinadas situações, desconsiderar a agressão).
Legítima defesa Recíproca: quando duas pessoas compreendem estar em legítima defesa. Com base na leitura simples do artigo, somente pode ser levantada a legítima defesa, se um dos agentes agredir injustamente o outro – não se podendo falar em legítima defesa recíproca, pois as duas agressões seriam injustas. Quem primeiro agride injustamente, poderá ser agredido ou então poderá receber uma defesa/legítima defesa; não tendo como dois indivíduos, ao mesmo tempo, exercerem a legítima defesa; fazendo com que, esse indivíduo que foi agredido inicialmente, porém no caso concreto é mais difícil de se analisar quem iniciou a contenda – assim, ambos devem ser denunciados. Portanto, não é possível admitir a legítima defesa autêntica/real contra uma legítima defesa autêntica real.
Legítima Defesa putativa versus Legítima Defesa autêntica: é possível coexistir ambas. Exemplo: A ameaça B (dizendo que vai matá-lo, da próxima vez em que se encontrassem) → B com medo, adquire um revólver para sua defesa → alguns dias depois, ambos se encontram na rua → A ao avistar B, leva a mão à cintura e dando a entender que iria sacar o revólver → oportunidade na qual, B supõe que A vai matá-lo → B saca o seu revólver, aponta para A e efetua o disparo → A não foi para matar B, mas sim para se desculpar; e, vendo que seria morto ou ferido, saca realmente sua arma e atira contra B → ambos saem feridos da situação fatídica. É perceptível neste caso que, A não estava dando início a qualquer agressão injusta (pelo contrário: A tinha ido ao encontro de B para se desculpar, e acabar com aquele mal entendido que havia entre eles); porém, B imaginando que iria ser agredido → sacou a arma e atirou contra A. Já que A foi agredido injustamente por B, sacou a sua arma e também efetuou disparos, ferindo B. Temos uma legítima defesa putativa abarcada por B, e logo em seguida, temos uma situação de legítima defesa autêntica abarcada por A.
Legítima Defesa versus Estado de Necessidade: como foi visto anteriormente, não é possível haver a possibilidade de se falar em legítima defesa recíproco. Dessa forma, somente um dos agentes irá atuar em legítima defesa. E, aqui, temos um questionamento: seria possível cogitar em uma situação, em que um dos agentes atue em legítima defesa e o outro em estado de necessidade? NÃO. Porque, o agente que se encontra no estado de necessidade pratica uma conduta amparada pelo ordenamento, e a legítima defesa exige uma agressão injusta – porém, embora não podermos falar em legítima defesa autêntica contra um estado de necessidade autêntico, também existe aqui a possibilidade um confronto entre estado de necessidade real e a legítima defesa putativa.
Excesso na Legítima Defesa: após a reforma da parte geral em 1984, o C.P passou a estender as hipóteses de excesso, que originalmente só eram aplicadas aos casos de legítima defesa, à todas as causas de ilicitude prevista no art. 23 – C.P. Quando trata-se de excesso, devemos compreender que o agente age inicialmente amparado por uma causa de justificação – ou seja, por um estado de necessidade ou por uma legítima defesa. Contudo, este ultrapassa o limite permitido em lei, causando danos fora daqueles permitidos. Logo:
Existe em todas as causas excludentes de ilicitude.
Começa como uma legítima defesa real mas após um marco (isto é, o momento em que é cessada a agressão inicial), excede.
O agente responde por todos os resultados, ou seja, por todos os atos que fizer no excesso. Segundo o §único do art. 23 – C.P, este excesso pode ser considerado doloso ou culposo. 
Será doloso em duas hipóteses: 1) Excesso doloso em stricto sensu: quando o agente, mesmo depois de cessar aquela agressão, continua o “ataque” (ou porque quer causar mais lesões, ou porque quer causar a morte do agressor inicial); 2) Erro de proibição indireto: quando o agente, também mesmo depois de cessar aquela agressão, por ter sido agredido inicialmente, em detrimento desse erro sobre o limite da causa de justificação, acredita que pode continuar até o fim (e, então, matando o seu agressor). E, como em qualquer modalidade de erro, embora o fato praticado pelo agente seja típico/ilícito/culpável, sua pena será reduzida entre os limites de 1/6 e 1/3 (art. 21, in fine – C.P). 
Será culposo quando: 1) quando o agente avalia mal a situação que envolve ele, e assim acredita que ainda está ou poderá vir a ser agredido – e, em virtude disso, dá continuidade àquela repulsa/agressão (aplica-se o art. 20, §1º, 2ª parte – C.P); 2) Excesso culposo em stricto sensu: quando o agente, em virtude de uma má avaliação da situação que o envolve, excede devido a um erro de cálculo quanto à gravidade do perigo ou ao modus da reação (o agente responde por tudo aquilo que ocasionar depois de ter cessado a agressão); nessa hipótese, pode-se cogitar em discriminante putativa ou legítima defesa putativa (pois, a situação de agressão só existe na mente do agente, por um erro quanto a situação do fato, supõe que ainda será agredido e continuar a efetuar os atos); aplica-se a regra contida no art. 20, §1º – C.P. 3) Repulsa Desmedida: quando a repulsa do agente, porque desde o início já era desnecessária – por uma má avaliação da situação que o envolve; este atua de forma ininterrupta (em um único instante, movido por aquela situação, o agente age com uma intensidade desnecessária).
Caso esse erro seja escusável/desculpável, há uma isenção de pena (art. 20, §1º, 1ª parte – C.P); se for inescusável/indesculpável, o agente responde pelas penas correspondentes aos crimes culposos (culpa imprópria) - art. 20, §1º, 2ª parte – C.P. 
Mirabete: “é culposo o excesso quando o agente queria um resultado necessário proporcional, autorizado e não o excessivo, que é proveniente de sua indesculpável precipitação”.
A conduta do agente que atua em excesso será sempre dolosa – em qualquer uma das hipóteses apresentadas –, mesmo que tenha sido negligente nas circunstâncias que o envolviam. Logo, o denominado “excesso culposo” é considerado como uma conduta dolosa, que, por uma questão de política criminal, é punido como se fosse um crime culposo – por isso que é chamado de culpa imprópria.
EXCESSO INTENSIVO: quando o agente, por consternação, medo ou susto, excede na medida requerida pela defesa – isto é, quando intensificadaimoderadamente (sendo que, poderia cessar utilizando-se de meios mais comedidos/menos lesivos); é o excesso que se refere à espécie dos meios empregados ou ao grau de sua utilização (FRAGOSO).
EXCESSO EXTENSIVO: quando o agente primeiramente faz cessar aquela agressão injusta, dá continuidade ao ataque (quando este já não era mais necessário); quando o agente tendo atuado dentro dos limites impostos pela lei/legítima defesa, após ter cessado aquela agressão, dá continuidade à repulsa – e assim, pratica em um segundo momento, uma conduta ilícita.
EXCESSO NA CAUSA: quando a inferioridade do valor do bem ou interesse defendido entra em confronto com o bem/interesse atingido por aquela repulsa (havendo uma desproporção entre o bem protegido e o agredido). Diante disso, o agente responde pelo resultado causado, tendo em vista a grande desproporção entre o que se quer defender e o que é atacado. 
EXCESSO EXCULPANTE: busca eliminar a culpabilidade do agente, ou seja, o fato é típico e antijurídico deixa de ser culpável – pois, no caso concreto, não pode ser exigido daquele agente uma outra conduta, se não aquela que ele tomou; com a reforma, atualmente é considerado como uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade. Portando, tem-se a inexigibilidade de conduta diversa. 
Excesso Exculpante ≠ Excesso Culposo! Pois, o impacto da situação no agente, em caso de excesso exculpante, é de tamanha proporção, que este não realiza uma avaliação perfeita e necessária dela – o que faz com que atue além do necessário para cessar-se aquela agressão. Tal perturbação mental leva, em certos casos, ao afastar a culpabilidade.
LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA: ocorre dentro do contexto visto até o momento, porque: se temos uma legítima defesa que, por início, é real/verdadeira e que está ocorrendo, e depois de um dado momento de um marco o agente exceda-o, cometendo um ilícito e respondendo por isso → nessa hipótese, a agressão deixa de ser permitida, e passa a ser injusta. Em relação ao agressor inicial – ou seja, aquele que viu repelida sua agressão –, pelo fato de ter sido injustamente agredido, pode alegar a excludente a seu favor. 
Legítima Defesa ≠ Aberratio Ictus (é a hipótese de legítima defesa com um erro na execução): tal como prevê o art. 73 – C.P, “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código”. Assim, pode ocorrer que, quando um agente querendo repelir a injusta agressão de um sujeito, acaba ferindo uma terceira pessoa (e não o agressor) ou ambos. Embora essa terceira pessoa tenha sido ferida ou morta, o resultado adivinho desse erro ou da aberração no ataque (aberratio ictus), esta também está amparada pela legítima defesa – não podendo, assim, o agente responder criminalmente (quanto ao terceiro, permanece a responsabilidade/efeitos civis contra o agente).
CULPABILIDADE: 
É o juízo de reprovação pessoal do fato, que recai sobre o autor do fato – isto é, se aquela conduta daquele agente é reprovável; deriva da noção de censura pessoal. De acordo com Luiz Regis Prado: “A culpabilidade é a reprovabilidade pessoal pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita. Assim, não há culpabilidade sem tipicidade e ilicitude, embora possa existir ação típica e ilícita inculpável. Devem ser levados em consideração, além de todos os elementos objetivos e subjetivos da conduta típica e ilícita realizada, também, suas circunstâncias e aspectos relativos à autoria”. É um conceito de caráter normativo, que se funda em que o sujeito podia fazer algo distinto do que fez, e que, nas circunstâncias, lhe era exigível que o fizesse.
A culpabilidade refere-se a um fato praticado, que necessita ser típico e antijurídico, e não a um modo de ser ou agir, afastando-se, de logo, o chamado Direito Penal do Autor e a criação aristotélica da “culpabilidade pela conduta de vida”, segundo a qual tanto o vício quanto a virtude são voluntários, devendo ser censurado o indivíduo que se afasta da primeira. Embora apareça em variados dispositivos, não foi conceituada no Código Penal, gerando discussões acerca de sua posição sistemática, ou seja, como integrante do conceito de crime ou não, e de suas funções. Atualmente, a doutrina majoritária conceitua o crime como fato típico, antijurídico e culpável, adotando a teoria tripartida do delito.
Ao analisarmos a definição dada por Cezar Roberto Bitencourt: “A culpabilidade, por sua vez, não se esgota nessa relação de desconformidade entre ação e ordem jurídica, mas, ao contrário, a reprovação pessoal contra o agente do fato fundamenta-se na não omissão da ação contrária ao Direito ainda e quando podia havê-la omitido, pois dele se espera uma motivação concorde com a norma legal. A essência da culpabilidade reside nesse ‘poder em lugar de...’, isto é, no ‘poder agir de outro modo’ do agente referentemente à representação de sua vontade antijurídica, e é exatamente aí — nessa liberdade de ação, nessa possibilidade de agir diferente — onde se encontra o fundamento da reprovação pessoal, que se levanta contra o autor por sua conduta contrária ao Direito”.
Para que uma conduta seja passível de sanção penal, não basta que esta seja típica e antijurídica, é basilar que seja reprovável do ponto de vista social. Esta é a leitura feita por Jescheck, quando se faz uma análise da teoria social da ação. Tal reprovação só é aplicável se a conduta praticada, poderia ter sido exercida de meio adverso ao reprovável. O juízo de valor aplicado para se determinar a reprovabilidade de uma determinada conduta, não pode ser meramente subjetivo, é imprescindível que se analise a facticidade em questão para se poder chegar ao âmago do agente e determinar, sem margens para dúvida, o que imperava em seu psicológico ao praticar tal conduta.
Teoria Normativa Pura/Finalística: o C.P a adotou; considera que a culpabilidade é composta dos seguintes elementos - imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa; tem como principal expoente teórico é o autor Hans Welzel. Para esta, o dolo e a culpa integram a conduta humana, elemento do fato típico.
Elementos: 
Imputabilidade (art. 26, caput – C.P; art. 27 – C.P; art. 28, §1º – C.P): é a capacidade de responder penalmente pelos atos ilícitos que pratica. Em regra, o agente seja imputável. A imputabilidade pode ser afastada pela menoridade, pela doença mental e pela embriaguez fortuita. A exclusão da imputabilidade fulmina na exclusão da culpabilidade, logo na impossibilidade de caracterizar o crime e no dever do Juiz de conceder a absolvição ao acusado.
Menoridade Penal (art. 27 – C.P): “Os menores de dezoito anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial”. Ainda, segundo o art. 228 – CF/88: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”. Neste prisma o critério é puramente etário, isto é, pouco importa se o menor entende ou não o caráter ilícito da sua ação ou omissão. 
Seria então possível reduzir a maioridade penal? Para alguns autores não, por se tratar de eliminação ou abolição de Direito Fundamental, o que é vedado pela própria Constituição Federal. Para outros autores seria plenamente possível, uma vez que o núcleo do direito não estaria sendo ofendido, mas limitado ou restringido, o que não constituiria abolição ou eliminação de Direito Fundamental.
Capacidade Mental (art. 26 – C.P): O código penal define o inimputável: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinarse de acordo com esse entendimento”. Neste prisma o critério é bio-psicológico. 
Para que seja configurada a inimputabilidade (a qualidade de incapaz de responderpelos seus crimes), é preciso que o a doença mental torne prejudicada a capacidade do agente de entender o caráter ilícito do fato. Há muitas doenças ou incapacidades mentais que não afetam a capacidade de discernir acerca da ilicitude dos fatos, o que deverá ser verificado no caso concreto. Uma vez caracterizada a inimputabilidade por doença ou incapacidade mental, ao agente não se aplica pena, mas Medida de Segurança, em Sentença de Absolvição (absolvição imprópria).
Semi-Imputabilidade Penal: poderá ainda haver parcial ou semi-imputabilidade (o chamado “fronteiriço”), quando a perturbação mental ou por desenvolvimento mental incompleto prejudica parcialmente o entendimento do caráter ilícito do fato pelo agente. O semi-imputável é condenado. A semi-imputabilidade não conduz à absolvição, mas à redução da pena (natureza jurídica). 
Entretanto, ainda que condenado, poderá o Juiz converter a pena em Medida de Segurança nos casos em que o tratamento da doença mental é a opção mais adequada. A medida de segurança pode ser internação (art. 97 – CP → crimes de reclusão) e tratamento ambulatorial (não exige internação → art. 97 – CP → crimes detenção). A diferenciação entre reclusão e detenção sofre duras críticas da Doutrina, pois o que deveria ser o fator de decisão seria a periculosidade do agente e não a pena prevista no tipo penal. 
Embriaguez (caso fortuito/força maior - art. 28 – C.P): há cinco tipos de embriaguez a serem consideradas. Dentre elas, temos:
Preordenada: é aquela em que o sujeito quer ingerir a substância e praticar o crime, ingere para encorajar-se. Constitui circunstância agravante contemplada no art. 61 – C.P.
Voluntária: é aquela em que o sujeito quer se embriagar, mas não deseja praticar infração penal. Quer a embriaguez, mas não desejar praticar o crime.
Culposa: é aquela em que o sujeito que ingerir a substância, mas não se embriagar, almeja o “beber socialmente.
Fortuita: o autor não quer ingerir a substância, nem tampouco se embriagar ou cometer crime. Exclui a imputabilidade, por força da ação livre na causa. No momento da ingestão da substância a ação não foi livre. A embriaguez tem de ser completa e fortuita. Se incompleta, a pena será reduzida, mas ainda assim o sujeito será condenado.
Patológica: é aquela que tem o vício. Pode excluir a imputabilidade, não pela embriaguez, mas em virtude de doença mental, pois constitui modalidade desta. A embriaguez neste caso leva em conta a teoria da ação livre na causa (“actio libera in causa”). O livre-arbítrio não é aferido no momento da prática da conduta, mas sim se ação foi livre no momento da ingestão da substância.
Potencial Consciência da Ilicitude (art. 21 – C.P): é capacidade que o indivíduo tem obter informações e dados que possam levá-lo a consciência que determinada ação ou omissão é ilícita ou lícita. Não se confunde ausência de consciência de ilicitude com ausência de potencial de consciência de ilicitude. É, então, a possibilidade de que o agente tenha, no instante da ação ou omissão, conhecimento do caráter injusto do fato. O juiz irá se orientar pelos aspectos objetivos (meio social do agente, tradição e costumes locais, formação cultural, nível intelectual, resistência emocional e psíquica, etc.).
A ausência de consciência da ilicitude, ou seja, o desconhecimento da ilicitude é uma circunstância atenuante da pena. É o caso, p. ex., de um trabalhador rural de baixa instrução e sem acesso aos meios de informação que retira um pedaço de uma planta para uso despretensioso, sendo tal ato definido como crime ambiental → aqui, pelas circunstâncias expostas, o agente não conhecia a ilicitude, mas poderia conhecê-la. Além disso, dá ensejo ao erro de proibição (invencível/inevitável) que exclui culpabilidade (caso raríssimo). É o caso de um índio não integrado e totalmente isolado da sociedade que pratica o ilícito penal, mas que na cultura local trata-se hábito comum sem qualquer tipo de censura ou repúdio. Nesta circunstância pode-se afirmar que o agente não tinha conhecimento da ilicitude e sequer teria condição de chegar a este conhecimento.
Erro de Proibição inevitável (art. 21 – C.P): PROCURAR NO LIVRO!
Exigibilidade de Conduta Diversa (art. 22 – C.P): corresponde a possibilidade razoável de se comportar em conformidade com o direito. A exigibilidade de conduta diversa é elemento da culpabilidade. Somente há reprovabilidade da conduta do agente que poderia agir de outro modo, mas optou de forma livre e consciente por praticar a infração penal. A ausência de exigibilidade de conduta diversa ou ainda, a presença de inexigibilidade de conduta diversa implica na exclusão da culpabilidade, o que impede a caracterização do crime (fato típico, ilícito e culpável) e impõe ao Juiz a elaboração de sentença de absolvição. A exigibilidade ou inexigibilidade de conduta diversa não é instituto expressamente previsto no Código Penal. O que se observa é que outros institutos acabam por viabilizar ou fundamentar a exigibilidade de conduta diversa tais como Coação Moral Irresistível e Obediência Hierárquica: “Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem”.
Obediência a ordem de superior hierárquico (art. 22 – C.P): a obediência hierárquica é causa de exclusão da exigibilidade de conduta diversa, logo causa de exclusão de culpabilidade, o que descaracterizaria o crime (fato típico, ilícito e culpável) e conduziria à Sentença de Absolvição. Entretanto, para que seja considerada como causa de exclusão de culpabilidade, a obediência hierárquica deve ter vínculo de Direito Público e o subordinado deve atender a comando ou ordem aparentemente legal. 
Ordens e comandos manifestamente ilegais, como ordenação de tortura de criminoso de um capitão a um soldado jamais poderiam ser consideradas como obediência hierárquica aceita pelo Direito Penal. Para o Direito obediência hierárquica é vinculo de Direito Público, entre dois ou mais funcionários, sendo um superior e outro subordinado. Não há obediência hierárquica entre empregado e empregador (iniciativa privada), porém neste caso poderá ser possível invocar a inexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal. 
Coação moral irresistível (vis compulsiva - art. 22 – C.P): a coação moral irresistível está inserida nas hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa, logo há exclusão da Culpabilidade. Caracteriza-se pelo vício da vontade do agente que se vê obrigado a praticar conduta ilícita, sob pena de sofrer algum mal (agressão, lesão a bem, a si mesmo ou ente querido). Ex.: Sequestro da Família de Gerente de Banco, com ameaça de morte da família, caso o gerente não se dirija até a agência bancária, saque e entregue aos criminosos grande quantidade de dinheiro. O gerente neste caso pode até optar por chamar a polícia e ignorar as ameaças dos criminosos, mas não poderia ser exigido que assim fizesse dada os riscos à vida da sua família (vontade viciada).
Na coação física Irresistível ou invencível não há vontade, não há qualquer possibilidade de escolha ou livre arbítrio do agente, trata-se de hipótese de exclusão da conduta, logo da tipicidade. Como exemplo cita-se o sujeito totalmente amarrado e imobilizado, sendo colocada arma na sua mão e posteriormente forçado o movimento de disparo através de terceiros, que ocasiona a morte de pessoa imediatamente a sua frente. Neste caso inexistiu vontade, o sujeito imobilizado portou-se como mero instrumento do crime. Na coação moral irresistível existe sim vontade por parte do agente, embora esta vontade seja viciada.
LEMBRANDO2! Coação moral irresistível (vis compulsiva) ≠ Coação física irresistível (vis absoluta).
Inexigibilidade de conduta diversa: a coação moral irresistível e a obediência hierárquica são hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa. Embora discutível, prevalece que existem causas supralegais de inexigibilidade de conduta diversa. Desse modo, sempre que se possaaceitar o fato de que o agente não poderia agir de outra forma, estará caracterizada a hipótese de inexigibilidade de conduta diversa. 
Ex.: Empregado que realiza trabalho de transporte em cavalo tido como “bravo”, sob pressão e ameaça de perda de emprego pelo patrão, e que, posteriormente, vem causar lesão corporal em populares exatamente em virtude da agressividade do animal de trabalho. Neste caso, não seria possível exigir que o trabalhador deixasse de realizar a tarefa e perdesse o emprego para evitar um eventual problema.
CONCURSO DE PESSOAS: 
Conceito: é o cometimento da infração penal por mais de uma pessoa. Tal cooperação da prática da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, participação, concurso de delinquentes ou de agentes, entre outras formas. 
Teorias: Existem ainda três teorias sobre o concurso de pessoas. São elas:
Teoria unitária: quando mais de um agente concorre para a prática da infração penal, mas cada um praticando conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado. Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo Código Penal.
Teoria pluralista: quando houver mais de um agente, praticando cada um, uma conduta diversa dos demais, ainda que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem, aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na corrupção ativa e passiva.
Teoria dualista: segundo essa teoria, quando houver mais de um agente, com diversidades de conduta, provocando-se um resultado, deve-se separar os coautores e partícipes, sendo que cada "grupo" responderá por um delito.
Coautoria e Participação: há dois posicionamentos sobre o assunto, embora ambos dentro da teoria objetiva.
Teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo penal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que prestou (entendimento majoritário). Ex.: o agente que furta os bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 – C.P, enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir, responderá apenas pela colaboração. 
Teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais ("autor executor" e "autor intelectual"). Já o partícipe é aquele colabora para a prática da conduta delitiva, mas sem realizar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos demais. Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o executa são coautores.
Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária (teoria formal), o executor de reserva é apenas partícipe – p. ex., se João atira em Pedro e mata, e logo após Mario também desfere tiros em Pedro, Mario (que é o executor de reserva) responderá apenas pela participação, pois não praticou a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último, quando, por exemplo, for o mentor do crime.
Sobre o assunto, preceitua o art. 29 – C.P que, "quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade", dessa forma deve-se analisar cada caso concreto de modo a verificar a proporção da colaboração. Além disso, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço, segundo disposição do § 1º do artigo supramencionado, e se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º – C.P). Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não houver antijuridicidade, não há o que se falar em punição ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada.
Requisitos do Concurso de Pessoas: 
Presença de dois ou mais agentes;
Nexo de causalidade material entre as condutas realizadas e o resultado obtido;
Não há necessidade de ajuste prévio entre os agentes, mas deve haver vontade de obtenção do resultado (vínculo de natureza psicológica). Ou seja, mesmo que os agentes não se conheçam pode haver o concurso de pessoas se existente a vontade de obtenção do mesmo resultado. Tal hipótese admite ainda a autoria sucessiva. Exemplo: empregada deixa a porta da casa aberta, permitindo que o ladrão subtraia os bens do imóvel. Enquanto isso, uma outra pessoa, ao ver os fatos, resolve dele aderir retirando também as coisas da casa;
Reconhecimento da prática do mesmo delito para todos os agentes;
Existência de atipicidade e antijuridicidade, já que se o fato não é punível para um dos coautores, também não será para os demais.
Autoria mediata e colateral: a autoria mediata ocorre quando o agente usa de pessoa não culpável, ou que atua sem dolo ou culpa para realizar o delito. São situações que ensejam a autoria mediata: valer-se de inimputável, coação moral irresistível, obediência hierárquica, erro de tipo escusável ou de proibição, provocados por terceiro. Porém, há inúmeros casos em que o inimputável (menor, por exemplo) não é usado como instrumento da obtenção do resultado. Quando o inimputável também quiser atingir o resultado, será coautor e tal modalidade de concurso denominar-se-á concurso impropriamente dito, concurso aparente ou pseudo concurso, já que um agente é penalmente responsável e o outro não. 
Já a autoria colateral ocorre quando dois agentes têm a intenção de obter o mesmo resultado, porém um desconhece a vontade do outro, sendo que o objetivo poderá ser atingido pela ação de somente um deles ou pela ação de ambos. Ex.: Jorge e Antônio pretendem matar Carlos, e para tanto se escondem próximo à sua residência, sem que um saiba da presença do outro, e atiram na vítima. Assim, Jorge e Antônio responderão por homicídio em autoria colateral já que um não tinha conhecimento da ação do outro (não há vínculo psicológico). 
Salienta-se que, se apenas o tiro desferido por Jorge atingir Carlos, ele responderá por homicídio consumado, ao passo que Antônio responderá por homicídio tentado. Se não for possível verificar qual tiro matou Carlos, Jorge e Antônio responderão por tentativa de homicídio. Porém, se Jorge desfere tiro em Carlos e mata, e só depois é que Antônio atira na vítima, haverá crime impossível para ele. Neste caso, se não for possível identificar qual tiro matou Carlos, ambos os agentes serão absolvidos por crime impossível (autoria incerta).
Participação por omissão e conveniência, e coautoria em crime omissivo: a participação por omissão ocorre quando a pessoa tinha o dever de evitar o resultado e não o fez. Ex.: responde por crime de incêndio o bombeiro que não cumpriu seu dever se agir para combater o fogo. Já a participação por conivência ocorre quando a pessoa não tinha o dever de evitar o resultado, nem tinha vontade de obtenção do mesmo. Neste caso, não haverá punição - concurso absolutamente negativo. Exemplo: o vendedor de uma loja sabe que seu colega está furtando dinheiro do caixa, porém, não tem obrigação de denunciá-lo já que não exerce a função de segurança, nem trabalha na mesma seção. 
A autoria em crime omissivo ocorre, por exemplo, quando duas pessoas deparam-se com alguém ferido e ambas não procuram ajuda. Nesta hipótese, responderão por coautoria em omissão de socorro. Porém, há também entendimento que não há possibilidade de coautoria nestes crimes, e sim autoria colateral, pois existem condutas individuais, sendo o dever de agir infracionável.
Participação e cumplicidade: há três visões sobre o assunto. São elas: 
Cúmplice é aquele que auxilia no cometimento de crime sem ter tal conhecimento. Ex.: dar carona a bandido sem saber que este está fugindo;
Cúmplice é aquele que colabora materialmente com a prática de infração penal;
Cúmplice

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