Buscar

CONTEXTO HISTÓRICO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CONTEXTO HISTÓRICO
Perspectivas de formação da sociedade internacional e do D.I
Direito internacional humanitário: “direito de guerra”, direito que protege civis durante um período de guerra, foi estabelecido n Idade Média.
Perspectivas de formação da sociedade internacional e do direito internacional 
1ª Perspectiva - Chaumont (autor francês)
Divide o processo de formação em dois:
- Direito Internacional clássico: período entre a Idade Média e a 2ª Guerra Mundial, cuja principal característica é a coordenação entre os Estados. É constituído por um sistema europeu de Estados, depois de Estados de civilização européia e, por fim, uma sociedade de Estados civilizados.
- Direito Internacional contemporâneo: período após a 2ª Guerra Mundial, cujas principais características são a coordenação (novamente) e a cooperação institucionalizada; é um momento de pluralismo de organizações internacionais.
Observação:
Organizações internacionais: associação internacional de Estados criada mediante um tratado. 
2ª Perspectiva – Carrión (autor espanhol)
Divide o processo de formação em vários momentos.
- 1º momento: sociedade internacional formada por Estados Católicos.
- 2º momento: sociedade internacional formada católica, após a reforma, expandiu-se, englobando os Estados não-católicos. Ela passou a ser formada pelos Estados Cristãos. 
- 3º momento: a partir do século XIX, a sociedade internacional passou a ser formada pelos Estados Civilizados.
- 4º momento: a sociedade internacional passou a ser universal, compreendendo todos os Estados, não se faz a distinção entre civilizados, semi-civilizados e não-civilizados (bárbaros). 
					1º
					
				 2º
					3º
					
					4º
Carrión, apesar de transmitir uma noção tipicamente eurocêntrica e ocidentalizada, consegue mostrar o avanço da expansão econômica e territorial. Somente no terceiro momento se formou o discurso do Direito Internacional na tentativa de delimitar cientificamente o Direito.
Pluralidade das sociedades internacionais
Somente quando os grupos humanos estabelecem entre si relações de estabilidade e permanência e têm consciência e poder de autodeterminação é que se constitui o Direito Internacional, senão é apenas dominação de um sobre o outro. Por isso, e devido ao caráter expansionista da sociedade européia, o Direito Internacional começou com uma visão eurocêntrica e cristã. Muitos dos institutos que temos hoje, como por exemplo, não exercer a pena de morte em casos de insanidade mental, são considerados próprios do direito laico, mas têm sua origem no direito canônico – o insano não consegue se arrepender, portanto não vai para o céu.
	
Asilo – Já existia nos costumes gregos. Na época se tratava de um grupo de criminosos que fugia para um templo com o objetivo de escapar a uma condenação, mas é essa a origem do nosso conceito de asilo, que protege pessoas perseguidas politicamente (asilo territorial). Ainda na Grécia, já havia o costume de celebrar tratados e do envio de delegados. 
Refúgio - Esse persegue pessoas com fundado temor, em razão de perigo à vida por raça, credo... O refúgio se baseia num princípio de não devolução, mesmo que não se reconheça o refugiado, não se pode devolvê-lo ao país de origem, ele fica como estrangeiro. 
Asilo diplomático - instituto tipicamente latino-americano. Isso acontece quando uma pessoa entra na embaixada de um país estrangeiro e pede asilo político, mas somente se considera as embaixadas e os outros territórios considerados extensão do território nacional e perseguidos políticos. Se a autoridade da embaixada não considerar o crime como sendo político, ela deve entregar a pessoa às autoridades locais. O asilo diplomático é temporário, depois de escutar as autoridades competentes, se o país territorial conceder o asilo, a pessoa recebe um salvo conduto para poder sair do país e o asilo se torna territorial. 
Extradição - Consiste na entrega de uma pessoa que cometeu um crime comum para as autoridades de outro país, para lá ser julgada. No Brasil, o pedido passa pelo Ministério da justiça e é, posteriormente, encaminhado ao Supremo para decidir. Para que se conceda a extradição, o crime deve existir tanto no país requerente como no requerido – princípio da identidade – e a pessoa só pode ser julgada por aquele crime específico – princípio da especialidade. A extradição só é possível devido à cooperação entre os países. De uma maneira geral, países de Civil Law não extraditam seus nacionais, somente naturalizados por crime ocorrido antes da naturalização. 
A influência romana no Direito Internacional é muito pequena, pois quando os romanos eram poderosos, o mundo era romano. Somente no início de sua expansão é que se formou o ius fetiale, de responsabilidade de um grupo de sacerdotes que ia à fronteira fazer as declarações de guerra na forma de um ritual. No entanto, com o crescimento do Império, esse rito passou a ser feito em Roma. Também havia o ius gentium,o direito das gentes, que regulava as relações envolvendo os estrangeiros. Como na Grécia, os romanos já possuíam o costume de celebrar tratados. Um deles era o foedus, que consistia na união com o objetivo de criar um estado de paz permanente. 
Segundo a visão de Carrión, o Direito Internacional começa a se formar e a evoluir, num primeiro momento, entre Estados Católicos. Esses Estados eram, na verdade, reinos feudais com relativa independência que tinham elementos religiosos, culturais, jurídicos e políticos em comum. O direito canônico e o Papa exerceram um importante papel na sociedade internacional nesse momento. Consolidou-se a liderança papal na Igreja Católica e vive-se um período dividido entre duas jurisdições: Estado versus Igreja. Há uma pluralidade de sistemas jurídicos: lex mercatoria, direito comercial, direito canônico, direito “estatal”. 
Modificações na Sociedade Européia: 
A guerra passou a ter algumas condições, como, por exemplo, só podia ser pública, declarada pelo príncipe. 
Ela era considerada justa quando visava a reparar uma injustiça e devia ser necessária, a única forma de se reparar essa injustiça.
 Proibiu-se a escravização dos católicos prisioneiros. 
A trégua de Deus foi uma tentativa da Igreja Católica de limitar os dias de guerra proibindo a guerra nos dias religiosos importantes.
 A Paz de Deus é o que hoje chamamos de princípio de destinação, abrange os civis e a agricultura e o campo. 
Começou-se a utilizar a arbitragem tendo o Papa como árbitro. Pelas Bulas papais, Deus criou o mundo então caberia ao Papa distribuir suas terras. A doação de terras pelo Papa era uma forma de aquisição de terras, elas não podiam já ter sido ocupadas. 
Perspectiva de formação do Direito Internacional
Voltando ao início da formação do Direito Internacional, a partir da herança resgatada do direito romano, começou a se formar o direito, começando com o direito canônico. Para requerer a anulação de um casamento, por exemplo, era necessário recorrer a um tribunal de direito canônico. 
Com a Reforma, a sociedade internacional passou a ser composta por Estados cristãos. Somente a partir desse momento é que se pode realmente falar em organização de um sistema de Estados, com o Estado se tornando a figura central no Direito Internacional. Nesse momento já se percebe a queda da hegemonia papal, conseqüentemente não era mais suficiente o Papa doar as terras. Tornou-se necessária a aquisição do território por meio do descobrimento, com um ritual de aquisição. Um momento depois, passou a ser preciso, também, consolidar o descobrimento com a construção de algumas fortificações. 
Guerra dos trinta anos entre os Estados Católicos e os Protestantes. Firmou-se a Paz de Westfalia, em que se consolidou o princípio de igualdade soberana dos Estados e, conseqüentemente, de não interferência interna, além da liberdade de culto para protestantes e católicos. Assim, afirmou-se também a noção de Estado como território relativamentedemarcado. Foi possível a configuração de um sistema de relações internacionais. Outros fatores marcantes no período da sociedade internacional formada por Estados cristãos foram a revolução industrial, o mercantilismo e a colonização do continente americano. O iluminismo acabou com o direito divino. A declaração de direitos do homem e do cidadão, nascida da revolução francesa, consolidou a perspectiva de direitos humanos. Os homens deixaram de ser servos e passara a ser cidadãos. Hobbes afirmava que mesmo com o contrato social, há certos direitos dos quais não podemos abrir mão. A revolução francesa marcou a instituição do princípio de isonomia (igualdade entre os cidadãos). O iluminismo também consolidou o pensamento individualista e acabou com o jusnaturalismo político. 
Com o fim das guerras napoleônicas, foi feito o Congresso de Viena, que introduziu o conceito de cooperação entre os Estados. Ele estabeleceu normas de relações diplomáticas e as comissões fluviais, a exemplo da Comissão do Danúbio. Entre 1815 e 1854 a balança do poder e a paz na Europa foram mantidas pelo Concerto Europeu, um sistema de consultas mútuas e conferências internacionais entre as grandes potências européias com o objetivo de preservar os acordos de Viena e definir seus ajustes. Mesmo com esses acontecimentos e, ainda, a Independência dos EUA, o Direito Internacional continuou com uma matriz Cristã, apesar iniciada a transição para uma sociedade internacional dividida em Estados civilizados. Alguns acontecimentos marcaram essa transição, como a independência dos EUA (1776), do Haiti (1804) e outros países da América Latina (1808 – 1825), a I Guerra do Ópio (1839 – 1842) e a abertura dos portos japoneses ao Ocidente (1854). 
Após 1854 o Concerto Europeu e o equilíbrio do poder foram quebrados por sucessivos acontecimentos, mas não foram eliminados, sucessivos congressos foram realizados para se resolver as crises já existentes e tentar impedir o surgimento de outras. Em 1884 foi realizada a Conferência Africana de Berlim, onde os países europeus dividiram entre eles o território africano, iniciando uma nova onda colonial. O rei belga, Leopoldo, começou a juntar recursos para libertar os africanos subsaarianos da dominação islâmica. Primeiro ocorreu a morte dos elefantes, depois a extinção da flora com a extração da borracha e, progressivamente, a destruição da população. A carta final da conferência é chamada por alguns de carta magna da colonização. A ocupação precisava ser efetiva e notificada aos outros Estados participantes (princípio da notificação). Os Estados civilizados eram os Europeus; os semi-civilizados, os periféricos sob o regime de capitulações, pelo qual a população local estava sob o jugo de um cônsul designado; e os bárbaros, aqueles países ainda sofrendo a expansão colonial. Já estava arquitetado o terceiro momento de evolução da sociedade internacional, em que só fazem parte dela os Estados civilizados e as relações internacionais dão marcadamente de relações de hegemonia e dependência entre a cultura ocidental e as outras. 
Arbitragem - um terceiro Estado não envolvido diretamente no conflito entra como mediador na conciliação, na tentativa de solucionar as controvérsias. Esse papel era desempenhado pelo Papa na Idade Média, caiu em desuso, mas foi retomado com a conferência de Haia, em 1899 e 1907. 
O Direito Internacional humanitário regula os meios e métodos de guerra, ou seja, protege civis, prédios civis, diferencia combatentes e civis, protege o combatente legítimo.
A visão de sociedade internacional dividida em Estados civilizados é uma visão tipicamente civilizatória que continua até os dias de hoje
Em 1899 e 1907 foram realizadas as Conferências de Paz de Haia, que se concentraram nos temas de solução de controvérsias e de uso da força. Ficou instituído que apenas após se tentar usar todos os meios pacíficos de resolução de conflitos é que se pode usar a força. Ainda assim, há uma limitação que proíbe que se cause sofrimento desnecessário. O ministro das relações exteriores da Argentina, Drago, e o dos EUA, Porter, propuseram a proibição do uso da força para a cobrança de dívidas, à exceção de quando o devedor se recusa a pagar. 
A Revolução Russa trouxe uma nova perspectiva traduzida na Declaração de Direitos do Povo, dos Trabalhadores e dos Explorados, redigida por Lênin. Nesse documento, privilegiam-se os direitos sociais e econômicos em detrimento dos liberais, instituiu-se direitos mais concretos, como o direito a saúde, a seguridade social. 
Fim da 1ª Guerra Mundial
 Tratado de Versalhes. Ele criou a Liga das Nações, em 1919.
 Moratória de guerra - que instituiu que se um Estado recorresse à guerra contra um dos países da Liga, ele estaria declarando guerra a todos os países da Liga. 
Com relação às colônias, as dos perdedores ficaram para os vencedores. Estabeleceu-se o sistema de mandatos, em que certas áreas ficavam sob a administração de um dos países vencedores
Segurança coletiva, graças à criação de uma instituição internacional: a Liga era o único órgão capaz de permitir a guerra. 
Pacto de Briand-Kellog, proposto pela França aos EUA, que depois foi aberto à plurilateralidade. Nesse pacto, se fazia a renúncia à guerra: se reconhecia que os Estados tinham um direito soberano à guerra, mas eles renunciavam a esse direito. Esse pacto foi extremamente aceito entre os países, pois naquele momento interessava a todos a limitação à força. Esse conceito foi se construindo aos poucos.
Fim da 2ª Guerra 
Surgimento de uma pluralidade de organizações internacionais, dentre as quais a ONU é a principal e a responsável por manter a paz internacional. Para as outras áreas específicas foram criadas organizações específicas. O Direito Internacional passa a ser liberal, pois defende a liberdade de comércio; descentralizado e oligárquico, pois ainda são os civilizados os principais atores internacionais. 
Finalmente, com o final da 2ª Guerra Mundial, institui-se a sociedade internacional formada por Estados universais. Há tribunais internacionais que julgam pessoas físicas, diferentemente da responsabilidade do estado, agora há a responsabilidade do indivíduo perante a ordem internacional. Em 1945 se deu a criação da ONU. Foram estabelecidas organizações específicas para as áreas específicas. A partir da Carta da ONU, limitou-se o uso da força: a guerra foi proibida com exceção do Conselho de Segurança e da legítima defesa. O ingresso de um Estado na ONU deve ser recomendado pelo Conselho de Segurança e aprovado pela Assembléia Geral. Os países capitalistas vetavam a entrada da China, continuava sendo Formosa o governo representativo até que a China conseguiu a bomba atômica, mudando o governo republicano para o governo comunista.
A Paz de Westfália foi extremamente importante para consolidar a soberania territorial dos Estados e um sistema de relações internacionais, os Estados passam a ser iguais. 
A ONU nasceu como uma tentativa de consertar os pontos fracos e falhos da Liga e, principalmente, com uma mentalidade oposta: a da proibição da guerra e da essencialidade de manutenção da paz e da segurança internacional. O órgão responsável por esse aspecto é o Conselho de Segurança. Ele só funcionou realmente nesse sentido em duas ocasiões durante o período da Guerra Fria: na Guerra da Coréia e na 1ª Guerra do Iraque. O Conselho de Segurança ficou paralisado pela Guerra Fria. Os outros órgãos principais são: Assembléia Geral, o Conselho Econômico e Social, a Corte Internacional de Justiça (principal órgão jurídico internacional) e o Secretariado da ONU (órgão administrativo). Ela foi criada pela Conferência de São Francisco e na época de sua criação contava com mais um órgão principal, o Conselho de Tutela, que não existe mais e que se direcionava aos países sob o regime de tutela. 
Possibilidades para o uso da força:
A legítima defesa, que visa a paralisar a agressão sofrida e que deve ser comunicada ao Conselho de Segurança. 
O Conselhode Segurança, por sua vez, tem a prerrogativa de poder decretar o envio de tropas da ONU. 
Luta pela liberdade colonial - foi adicionada posteriormente e se concretiza nas guerras de independência coloniais. 
Com a criação da ONU, houve um movimento no sentido de codificação do Direito Internacional. A ONU pede à Comissão de Direito Internacional que analise certas questões. Sobre esse aspecto temos as duas Convenções de Viena, que trataram especificamente do Direito Internacional e de sua origem. Outro assunto abordado pela Carta da ONU são os Direitos Humanos sem discriminação, reminiscência da Revolução Francesa. 
Em 1948, a Assembléia Geral aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Acompanhando-a, foi instituído o crime de genocídio, que não prescreve e que consiste no crime de homicídio com a intenção de eliminar um grupo específico ou etnia. O Conselho de Segurança ficou imobilizado com a bipolaridade da Guerra Fria. A cortina de ferro mantinha cada bloco em seu espaço territorial. Economicamente vigorava o Sistema de Bretton Woods, que estabeleceu as regras para as relações econômicas e financeiras entre os países mais industrializados. Esse sistema criou o BIRD, que depois se dividiu no Banco Mundial e o BID, e o FMI. A questão de Direitos Humanos estava muito presente, cada bloco defendendo que cumpria os direitos humanos: os capitalistas cumpriam os direitos civis e políticos e os socialistas cumpriam os direitos sociais e econômicos. 
A situação mudou com Cuba, que era um bordel dos EUA sob a ditadura de Fugencio Batista. Cuba sofreu a revolução e mudou seu sistema de governo. Com a expropriação de propriedades estrangeiras e a reforma agrária, os revolucionários atingiram os interesses norte-americanos, que por sua vez cortaram suas relações políticas e econômicas com Cuba. Em necessidade, Cuba recorreu à União Soviética, que lá instalou seus mísseis nucleares, todos voltados para os EUA. Os EUA impuseram quarentena à Cuba e à União Soviética, que acabou por retirar os mísseis. Em troca os EUA não interfeririam em Cuba. 
Nesse período, vemos uma multipolarização do bloco capitalista, com os resultados do plano Marshal começando a aparecer na Europa. Por outro lado, houve uma cisão do bloco socialista com sucesso da revolução na China. A teoria dos mundos data dessa época: o 1º mundo seria os EUA e seus aliados (Europa), o 2º mundo seria a União Soviética e seus aliados e o 3º mundo compreenderia a América Latina, a Ásia e a África. Portanto, além da divisão leste-oeste, passa a haver uma divisão entre norte e sul, ambas fortemente ideológicas. A descolonização interessava às superpotências, que disputavam a adesão dos novos países a seus sistemas político-ideológicos. 
Esse contexto levou ao movimento de descolonização, cujo ponto de partida foi a Resolução da Assembléia Geral/ONU 1514/1960 – Declaração de Independência dos Povos e Países Coloniais; e a Resolução da Assembléia Geral/ONU 1803/1962– Declaração sobre a Soberania Permanente sobre os Recursos Naturais (característica econômica da soberania do Estado). Essas duas resoluções trouxeram uma conotação econômica ao Direito Internacional. São também dois pactos que falam do direito a autodeterminação dos povos. Formou-se o Grupo dos 77, de países de independência recente, mas do qual o Brasil participava, que era o grupo de maior pressão na Assembléia Geral no sentido da descolonização e na formação de uma nova ordem econômica internacional. Os países desse Grupo dos 77 eram todos do movimento dos países não alinhados, do qual não podia fazer parte país que participava de pacto militar posicionado e do qual o Brasil nunca efetivamente fez parte, participando somente como convidado. 
Liderados pela Argélia, o movimento pressionou a ONU e conseguiu que se realizasse de uma reunião extraordinária da Assembléia Geral no sentido de formar uma Nova Ordem Econômica Internacional. Em 1974 saíram a Res. AG/ONU 3201 – Declaração e Programa de Ação para uma Nova Ordem Econômica Internacional; e a Res. AG/ONU 3281 – Carta de Direitos e Deveres Econômicos dos Estados. A NOEI incluía não só um aspecto econômico, mas também um financeiro, social e comercial. 
A respeito da atuação da Liga na descolonização, foram conferidos a certos países mandatos sobre os territórios coloniais dos perdedores da guerra. O direito a auto-afirmação dos povos constitui uma terceira possibilidade do uso da força prevista pela ONU, ele consiste na luta pela libertação colonial. Isso constituiria um conflito internacional porque não se pode confundir o território da colônia com o da metrópole. Pelo princípio da integridade territorial, estabelecido pela Unidade Africana, a ex-colônia deve manter suas fronteiras após a independência. Esse princípio causou inúmeros conflitos armados na África, que se estendem até os dias de hoje. 
Há outro princípio muito presente na ordem internacional, o princípio da eqüidade e da desigualdade compensatória. Ele consiste no reconhecimento de que os Estados são juridicamente iguais, mas economicamente desiguais; logo, os países desenvolvidos devem tentar compensar economicamente a diferença de desenvolvimento. 
A revolução tecno-científica ampliou o campo de atuação do Direito Internacional, o qual se tornou cada vez mais normativo (exemplo: atividade e nuclear e espacial). Além disso, com o fim da guerra fria, tivemos um surto de nacionalismo e a fragmentação da União Soviética, e um conseqüente aumento de novos estados. O processo de globalização está muito ligado ao projeto neoliberal, e muitos ligam esse surto de nacionalismo à expansão da globalização. Outros acreditam que o nacionalismo inseriu o Estado na globalização. De qualquer forma, vemos o nascimento de muitos novos Estados, o que contribuiu para expandir e intensificar a atuação do Direito Internacional. Percebemos a globalização também na cultura e nos meios de comunicação. 
Como fim da guerra fria, vários fatores vieram desestabilizar a ordem internacional. Os conflitos armados internacionais, regulados pela Conferência de Genebra de 49 e pelo Protocolo 1; as violações de Direitos Humanos e de Direito Internacional Humanitário e a ameaça terrorista são alguns desses fatores desestabilizadores e que contribuíram para intensificar o trabalho do Direito Internacional. A ameaça terrorista somente é definida pela doutrina, sua única regulamentação diz respeito ao dever dos Estados envolvidos. O Tribunal Penal Internacional é apenas competente para julgar crimes contra a humanidade, crimes de genocídio e crimes de guerra (o crime de agressão somente foi previsto, nunca foi efetivamente posto em prática). Tentou-se incluir o crime de terrorismo nessa lista, mas os EUA e a França, dentre outros países, foram contra. Outros fatores desestabilizadores são o subdesenvolvimento econômico e as ameaças ao meio-ambiente. Se antes vivíamos em um sistema único e bipolaridade, nos encontramos hoje em um sistema unipolar. 
�PAGE �
�PAGE �1�

Continue navegando