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REVISÃO DE DIREITO CIVIL IV AV2

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REVISÃO – DIREITO CIVIL IV
(AV2)
Posse:
 A posse (tanto de coisa móvel quanto de coisa imóvel) é a situação de fato apta a, atendida a certas exigências legais, transformar o possuidor em proprietário.
Ex.: usucapião.
A posse é encarada como um fato enquanto a propriedade é encarada como um direito.
A posse é uma situação de fato enquanto que a propriedade é uma situação de direito podendo ambas, coincidem na mesma pessoa (a mesma pessoa pode ter o poder da coisa em relação à posse e a propriedade).
A posse gera presunção de propriedade a terceiros.
A posse é considerada a exteriorização da propriedade.
Tanto a posse quanto a propriedade são protegidas pelo direito (ação possessória).
Obs.: os direitos reais são taxativos e só podem ser classificados como direito real se estiver na lei (artigo 1.225).
–> Objeto da posse:
 A posse pode incidir tanto sobre bens corpóreos quanto sobre bens incorpóreos (quase posse). A chamada posse de direitos é admitida, desde que tais direitos possam ser apropriáveis e isteriorizáveis.
Ex.: direito de autor, passe de atleta.
–> Sujeitos da posse:
 Toda pessoa pode ter a posse, pessoas humanas, pessoas jurídicas, de direito público ou de direito privado.
–> Teorias:
1) Teoria positivista (Savigny): segundo o autor, a posse resultaria da conjunção de dois elementos o corpus e animus. O primeiro seria o elemento material, traduzindo-se no poder físico da pessoa sobre a coisa. O animus por seu turno representaria o elemento intelectual a vontade de ter esta coisa como sua.
 Ao exigir o elemento subjetivo (animus) como requisito fundamental para a caracterização da posse a doutrina subjetiva considera simples detentores o locatário, o comodatário, o depositário e outros que possuem apenas o poder físico sobre as coisas.
Obs.: detenção (artigo 1.198).
2) Teoria objetiva da posse: a posse é a exteriorização da propriedade e, por isso, para caracterizar a posse basta o exercício em nome próprio do poder de fato sobre a coisa. É dizer, para que exista a posse, é necessário somente o corpus.
(Ihering).
Obs.: Artigo 1.196 do CC (considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade).
–> Distinção entre posse e detenção:
 Posse é o exercício do poder de fato em nome próprio, exteriorizando a propriedade e fazendo uso econômico da coisa.
 Detenção é o exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio.
– Aquele que adquire a posse de modo contrário ao direito é considerado detentor.
– O detentor pode ter a posse a partir do momento em que acaba a subordinação.
–> Condições da detenção:
 São havidos como detentores:
a) os que exercem o poder de fato sem intenção de agir como beneficiário do direito;
b) os que simplesmente se aproveitam da tolerância do titular do direito;
c) os mandatários ou os representantes do possuidor.
–> Classificação da posse:
 A posse pode ser direta ou indireta em relação a isso o artigo 1.197 descreve isso.
– Posse direta (imediata): exercício direto e imediato do poder sobre a coisa (corpus) decorrente de contrato. O possuidor direto pode defender sua posse contra possuidor indireto.
Ex.: locação.
– Posse indireta (mediata – apenas o animus): ela é exercida a distância é a chamada posse do proprietário. O possuidor indireto pode defender seus direitos de posse contra terceiros.
Obs.1: A posse pode ser justa ou injusta (vícios).
Obs.2: O artigo 1.200 fala que a posse justa não for precária ou clandestina.
Obs.3: A posse clandestina é adquirida a surdina.
– Posse justa: é a posse desprovida de vícios (artigo 1.200 do CC). A posse justa é mansa, pacífica, pública e adquirida sem violência.
– Posse injusta: é aquela maculada por pelo menos um dos vícios da posse.
a) posse violenta: adquirida através do emprego de violência contra a pessoa;
b) posse clandestina: é aquela adquirida as escondidas;
c) posse precária: decorrente da violação da obrigação de restituir (abuso de confiança).
 A posse injusta não deve ser considerada posse jurídica, não produzindo efeitos contra o legítimo possuidor, muito embora o possuidor injusto possa fazer manejos dos interditos possessórios contra os atos de terceiros.
–> Posse de boa-fé (artigos 1.214, 1.217 e 1.219) e posse de má-fé – artigo 1.201:
 É de boa-fé a posse se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
– Parágrafo único – o possuidor de justo título tem por si a boa-fé, salvo prova em contrário.
 Para verificar se a posse é justa ou injusta devemos nos questionar a cerca da existência dos vícios a clandestinidade, a precariedade, a violência? Se a resposta for negativa para todas, a posse é justa.
 Se o possuidor tem consciência do vício que impede a aquisição da coisa, porém, a ignora, este é um possuidor de má-fé.
 A boa-fé não impede que o possuidor de má-fé defenda a posse perante terceiros, apenas impede que a defenda contra o proprietário/possuidor indireto.
– Possuidor de má-fé (artigos 1.216, 1.218 e 1220): o possuidor de má-fé tem conhecimento do vício que macula a posse.
–> Posse originária e posse derivada:
 A posse originária é aquela que não existe vínculo com o possuidor antigo. Não há negociação.
 A posse derivada decorre de negócio jurídico. Há negociação.
–> Posse ad interdicta:
 É aquela que pode ser protegida através de interditos possessórios.
–> Posse ad usucapionem:
 É aquela que pode ser pressuposto de usucapião.
–> Natureza jurídica da posse:
 É estado de fato e não direito real.
–> Com posse:
 Um bem com diferentes possuidores.
 É uma exceção.
 As pessoas a tem de maneira individual.
Esbulho
 Quando tiro a posse do esbulhado, deve agir de má-fé. A medida contra o esbulho é a reiteração de posse.
Turbação
 É a ameaça na posse. A ação é de manutenção de posse.
–> Efeitos da posse:
1º Percepção de frutos, os frutos podem ser:
– Frutos naturais: são frutos produzidos pela natureza, que se renovam periodicamente, em razão da força orgânica da própria natureza, sem a intervenção do homem.
Ex.: colheita
– Frutos industriais (artificiais): são frutos que dependem exclusivamente da intervenção do homem.
– Frutos civis: esses frutos são a renda que o bem pode produzir, rendas provenientes da utilização da coisa.
Ex.: jurus e aluguéis.
	
	Fruto percebido
	Frutos pendentes
	Frutos colhidos por antecipação
	
Possuidor de boa-fé
	✔
	Restituir o possuidor legítimo após ter reavido o dinheiro investido na produção o seu custeio.
	Igual aos pendentes.
Depende de análise pericial técnica
	
Possuidor de má-fé
	X
Devolve ou indeniza.
Direito – despesas de produção e custeio.
	X
Direito – despesas de produção e custeio.
	X
Devolve ou indeniza.
Direito – despesas de produção e custeio.
 O possuidor de má-fé também responde pelos frutos que deixou de perceber por sua culpa.
a) frutos percebidos: são aqueles que foram colhidos;
b) frutos pendentes: são aqueles que não foram colhidos;
c) frutos colhidos por antecipação: são os frutos pendentes e foram percebidos de má-fé (a proteção em relação os frutos colhidos por antecipação protege o esbulho, pois, coíbe eventual prejuízo).
★ Deverá haver análise técnico pericial para verificar se houve a percepção antecipada do fruto.
d) frutos estantes: são frutos colhidos e armazenados para futura venda.
e) frutos percipiendo: os que deveriam ser colhidos, mas não foram.
Obs.1: A boa-fé é cessada quando acaba o contrato ou quando existe um proprietário (no ato de invasão).
Obs.2: AR -> Aviso de Recebimento, normalmente feito pelos correios.
Obs.3: A cessação da boa-fé ocorre com a citação do esbulhado para a ação de reintegração de posse ou a notificação que ele está ilegal no terreno.
A relação com os frutos do possuidor de boa-fé podem ser estipuladas por contrato, não sendo obrigatório então a aplicação doprevisto nos artigos 1.214 d Código Civil.
2º Benfeitorias:
 É toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com o propósito de melhora-la ou embeleza-la (artigo 96 do Código Civil).
Obs.1: Artigo 1.229 -> posse e benfeitoria.
Obs.2: Artigo 578 -> retenção.
	
	Benfeitoria necessária
	Útil
	Voluptária
	
Boa-fé
	Indenização
+
Retenção
	Indenização
+
Retenção
	Levar embora, se for possível, se não forem pagas.
	
Má-fé
	Indenização sem retenção.
	
Nada
	
Nada
Artigo 1.221 do Código Civil
 As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo de evicção ainda existirem.
Súmula 158 do STF
 Salvo estipulação contratual averbada no registro de imóvel não reponde o adquirente pelas benfeitorias do locador.
 Em relação ao direito de retenção e a indenização pelas benfeitorias, estas podem ser acordadas diferente do que expressa a lei no contrato.
3º Interditos possessórios:
 São as ações que podem ser ajuizadas quando há violação iminente a posse.
-> As ações possessórias subdividem-se em:
a) reintegração de posse, quando houver esbulho (perda da posse);
b) manutenção da posse, quando ocorrer turbação, ou seja, atos de agressão da posse sem haver a privação da posse;
c) interdito possessório, quando ainda não existir a agressão da posse (a mais fraca). Ainda não houve a turbação da posse.
-> Característica da posse:
 Fungibilidade.
Obs.: Quando o proprietário nunca tiver tido a posse a ação cabível para ingressa-lo nesta é a imissão na posse.
 É lícito ao autor cumular ao pedido possessório condenação em perdas e danos; e indenização dos frutos; multa, caso ocorra novamente.
Obs.1: Evitar nova turbação ou esbulho.
Obs.2: Cumprir-se tutela provisória ou final.
-> Incumbe ao autor provar (artigo 561 do Novo Código de Processo Civil):
a) sua posse;
b) a turbação ou esbulho praticado pelo réu;
c) a data da turbação ou do esbulho;
d) a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.
 Se a ação possessória for proposta até um ano e um dia da data do esbulho ou turbação ela seguirá pelo rito especial conferido às ações possessórias.
 Menos de um ano e um dia – posse nova (rito especial).
 Mais de um ano e um dia – posse velha (rito comum).
-> Aquisição da posse: é o momento de início da posse.
Artigo 1.204:
 Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
É possível detenção e posse desde que rompida à subordinação.
-> Curiosidade:
 Os contratos que envolvam hospedagem do efeito não se subordinam as leis do inquilinato, portanto a ação cabível para a retomada do imóvel é a reintegração da posse.
-> Espécies de aquisição:
 Derivada/bilateral e originário.
-> Aquisição originária:
 Não há relação jurídica com o antecessor da posse, a aquisição se da por ato unilateral.
 Nos moldes originários de aquisição não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior.
 Segundo Orlando Gomes, adquire-se a posse por modo originário quando não há consentimento de possuidor precedente.
Obs.: Se o modo de aquisição é originário, a posse apresenta-se livre dos vícios que anteriormente a contaminavam. Assim, se o antigo possuidor era titular de uma posse injusta, tais vícios desaparecem ao ser embulhado.
-> Aquisição derivada:
 Caracteriza-se aquisição derivada ou bilateral quando a posse decorre de um negócio jurídico. Neste caso, existe relação de causalidade entre a posse atual e a anterior.
 O adquirente recebe a posse adquirida com os mesmo vícios que existiam quando estava com o alienante.
 Se a posse anterior era violenta, clandestina ou precária este se conservará nas mãos do novo possuidor.
 A aquisição derivada pode ocorrer pela tradição e pela sucessão.
-> Meios de tradição da posse:
 A tradição pressupõe a existência prévia de um negócio jurídico, podendo este ser oneroso (ex.: compra e venda) ou gratuito (ex.: doação).
 Existem três tipos de tradição:
a) real: é a entrega efetiva e material da coisa;
b) simbólica: ocorre quando traduzida por atitudes, gestos, condutas indicativas da intenção de transferir a posse. Exemplos clássicos são os atos de entrega das chaves do imóvel ou do carro.
 A coisa não é efetivamente entregue, mas o simbolismo do ato é indicativo do propósito de transmitir a posse;
c) consensual: ocorre nas hipóteses de:
1. constituti possessório ou traditio brevi manu.
 Há constituti possessório quando, por exemplo, o vendedor transferindo a propriedade da coisa conserva-se em sua posse na posição de locatário.
 A cláusula de constituti possessório deve estar expressa no contrato.
 A traditio brevi manu é exatamente o inverso do constituti possessório é o caso do locatário que adquire a propriedade.
 Em ambas a hipótese não ocorre exteriorização da tradição, existe simplesmente a inversão do ânimo da vontade.
	Artigo 1.205. A posse pode se adquirida:
I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
–> Para adquirir a posse é necessária a presença de dois elementos. O elemento interno é a intenção de possuir a coisa como sua (ânimus). O elemento externo é caracterizado pela apreensão física da coisa (corpus) e pela demonstração (exteriorização) de que o possuidor exerce algum dos poderes inerentes à propriedade.
–> Aquisição da posse por terceiro: é possível, desde que o terceiro apreenda a coisa (corpus) para si, mas com intenção de fazê-lo para o adquirente, de quem ele é representante.
 A posse também pode ser adquirida em virtude de sucessão, tanto a título singular quanto universal.
Artigo 1.206:
 A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
	Artigo 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e do sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
–> Delimita a transmissão hereditária da posse restringindo o alcance do artigo 1.206 de acordo com a espécie de sucessão ocorrente.
 Há uma diferenciação entre a sucessão universal e a sucessão testamentária ou singular.
 A primeira se da quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade dos bens do de cujus o mesmo em uma parte deles. Assim, o sucessor se sub roga na posição do falecido, substituindo o seu passivo (sucessor universal).
–> Sucessor singular: ocorre quando o falecido dispõe em testamento que deixará para alguém (legatário) um bem certo e determinado, especificando-o devidamente, como casa, apartamento, joias, quadros, etc. Aqui não há uma universalidade, que pressupõe forma genérica, mas uma disposição certa e particularizada.
 Se a sucessão se der a título universal, ao receber o herdeiro a totalidade do patrimônio ou fração dele, receberá a posse no mesmo estado em que o falecido deixou. Assim, se a posse quantia vícios ou tiver obtida de má-fé, será transmitida com tais defeitos ao herdeiro universal.
 O mesmo não ocorre em se tratando de sucessão a título singular. Nessa hipótese, em que há testamento dispondo sobre o bem certo e determinado o legatário (ou sucessor a título singular) poderá unir sua posse com a do antecessor, de maneira facultativa e não obrigatória.
	Artigo 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
–> Os atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse, senão cessar a violência ou clandestinidade.
Artigo 1.209:
 A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
EXTINÇÃO DA POSSE
Artigo 1.223:
 Perde-se a posse quandocessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o artigo 1.196 (usar, fluir, vender e reaver).
Artigo 1.224:
 Só se considera perdida a posse para que não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retomar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
 Ocorre a extinção da posse em:
a) perda da coisa: o possuidor se vê privado da posse sem querer;
b) perecimento da coisa: pode ser fato natural ou fortuito (exemplo, morte de um animal), pode ocorrer o fato do possuidor (exemplo, acidente de carro que o proprietário causou) e por fato de terceiro;
c) abandono;
d) transmissão de posse para outra pessoa;
e) tomada da posse por outrem (esbulho).
USUCAPIÃO (ARTIGO 1.238)
 Usucapião é forma originária de aquisição da propriedade pelo exercício da posse com animus domini, na forma e pelo tempo exigido pela lei.
Obs.: o artigo 1238 trata-se da usucapião extraordinário.
 A usucapião extraordinária ocorre só pelo fato da posse, preenchido o requisito temporal (15 anos), sem interrupção nem oposição, independentemente de título e boa-fé.
 A posse considerada hábil para aquisição da propriedade através da usucapião é chamada de posse ad usucapionem.
 Decorrido o prazo o possuidor adquire a propriedade, extinguindo-se o domínio anterior do proprietário, bem como todos os direitos reais que eventualmente haja constituído sobre o imóvel.
 A clausula de inalienabilidade, imposta por ato de vontade não constitui impedimento para a consumação da usucapião extraordinária, porque não se exige o justo título: ele não adquire do antigo proprietário, mas contra o antigo proprietário.
 A aquisição da propriedade pela usucapião independe de sentença. Uma vez adquirida à propriedade o sujeito poderá exercer todas as prerrogativas inerentes a propriedade.
 A usucapião alegada em defesa, ainda que acolhida, não faz coisa julgada material. Isto significa que se forme a coisa julgada em torno da prescrição aquisitiva, o prescribente deverá ajuizar ação de usucapião ou se réu em ação judicial ajuizar reconvenção.
 Ingressando a sentença no registro de imóveis tem se o registro imobiliário como forma originária de aquisição da propriedade, sem que incida imposto de transmissão, exigível apenas nas aquisições derivadas.
Obs.: a sentença tem natureza declaratória.
 A usucapião possui como condição a alienabilidade do bem, portanto, em regra, os bens públicos não podem sofrer a usucapião.
Exceção:
a) bens dominicais – os bens dominicais ou do patrimônio disponível são aqueles que apesar de constituírem o patrimônio público, não possuem uma destinação pública determinada ou um fim administrativo específico, exemplo, prédio público desativado.
Parágrafo único:
 O prazo de 15 anos exigidos na usucapião extraordinária poderá ser reduzido para 10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
–> Artigo 1.239 do Código Civil:
Conceito de imóvel rural:
 É o prédio localizado tanto em área rural quanto urbana, que se destina a exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial.
 No caso da usucapião prevista no artigo 1.239 há especificamente o critério da localização, deverá o imóvel estar em zona rural e não poderá ser superior a 50 hectares.
Requisitos da usucapião de imóvel rural:
a) prazo – 05 anos ininterruptos e sem oposição;
b) área de terra em zona rural – não superior a 50 hectares;
c) deve ser produtiva por seu trabalho ou de sua família;
d) deve ser sua moradia;
e) não pode possuir outro imóvel seja rural ou urbano.
–> Artigo 1.240 do Código Civil:
 O estudo das cidades prevê duas espécies de usucapião especial, residencial e urbana.
1ª Individual;
2ª Coletiva.
 Usucapião urbana especial residencial individual, artigo 9º do Estatuto das Cidades.
Requisitos:
a) que o interessado tenha posse ad uso capionem (vontade de seu proprietário) de do artigo 250 metros quadrados por 05 anos ininterruptos.
b) utiliza-se para sua moradia ou de sua família;
c) não seja proprietário de imóvel urbano ou rural;
d) que utiliza os benefícios deste instituto pela 1ª vez.
 O direito a essa espécie de usucapião, se transmite dos herdeiros do possuidor, desde que este já decidisse no imóvel por ocasião da abertura da sucessão, ou seja,
 A usucapião residencial especial e coletiva (artigo 10 do Estatuto da Cidade).
Requisitos:
a) que população de baixa renda tenha posse a usu capionem imóvel com mais de 250 metros quadrados por 05 anos ininterruptos;
b) que os terrenos ocupados não possam ser identificados por cada possuidor;
c) que não sejam proprietários de imóveis urbanos ou rurais.
Obs.: a usucapião coletiva permite a soma da posse.
–> Usucapião decorrente de abandono de lar
Requisitos:
a) exercer por mais de 02 anos initerruptamente e sem oposição initerruptamente posse direta com exclusividade;
b) imóvel urbano de até 250 metros quadrados cuja propriedade divida com o ex-cônjuge que abandonou o lar;
c) deve utilizar como moradia sua ou de sua família;
d) não possuir outro imóvel urbano ou rural.
 Abandono de lar configura-se pelo abandono efetivo do imóvel, ou seja, pagar os tributos inerentes, por exemplo, IPTU.
 Este tipo de usucapião só pode ser requerido uma única vez pelo mesmo possuidor.
–> Artigo 1.241 do Código Civil:
Usucapião ordinária (artigo 1.242)
 Para que a propriedade seja adquirida por usucapião ordinária o seu possuidor tem de exercer posse incontestada pelo prazo de 10 anos fundado em justo título e boa-fé.
Justo título:
 Abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independentemente de registro.
 Esta modalidade de usucapião poderá ter o prazo de 05 anos, se o imóvel houver sido adquirido onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente e os possuidores tiverem estabelecido sua moradia ou realizado investimentos de interesse e econômico.
Obs.: os artigos 1.243 e 1.244 são autoexplicativos:
	Artigo 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art.1.207), contando que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
	Artigo 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
–> Artigo 1.245: para que haja transferência da propriedade do bem imóvel é necessário o Registro do Título no Cartório de Imóveis, enquanto isso não ocorrer o alienante (vendedor) continuará sendo o proprietário.
 Para a invalidação ou cancelamento do registro é necessário ingressar com ação própria para isso.
–> Artigo 1.246: prenotar – a prenotação é o protocolo de apresentação do título para o registro.
 Os efeitos do registro retroagem até a data da prenotação.
–> Artigo 1.247: a legislação pertinente – lei de registros públicos (LRP 6.015 de 1073).
–> Finalidade do registro imobiliário: conferir publicidade ao estado do imóvel para que este adquira eficácia perante terceiros. Adquirindo assim, a condição de direito real.
–> Atributos do registro:
1º publicidade;
2º presunção da fé pública que confere ao documento força probante;
3º no caso de registro de imóveis, possui a obrigatoriedade.
–> Atos do registro de imóveis:
1º matrícula: é o registro inaugural do imóvel, está prevista nos artigos 227 a 235 d a lei de registros públicos, e conseguintes na especificação do estado de um imóvel, tanto em seu aspecto físico como locação, dimensões, quanto jurídicos (proprietário, forma de aquisição).
 A matrícula só pode ser cancelada por decisão judicial ou pelo desdobro (subdivisão dos lotes) ou pela fusão.
2º registro: devemser registrados todos os atos que influenciem o uso, gozo e disposição de um imóvel, ou seja, o registro será feito sempre que houver alteração na titularidade de um imóvel ou quando houver limitação da propriedade.
Ex.: instituição do bem de família, hipoteca, servidão, usufruto, superfície etc.
3º averbação: é através da averbação que é feita a alteração em registro já existente como mudança de numeração de prédios, desmembramento e loteamento de imóveis, divórcio, contrato de locação etc.
4º Acessões imobiliárias (artigo 1249): a acessão pode se dar:
a) por formação de ilhas (artigo 1.249): é a espécie de aquisição de propriedade por acessão natural, consiste em se considerar dono na formação de terra acessória o dono do terreno ribeirinho, fronteiriço a sua formação.
 As ilhas formadas em águas públicas pertenceram ao Poder Público.
 O conceito de águas comuns e águas privadas são encontradas no Código de Águas.
– águas públicas: são de uso comum ou dominial.
– águas comuns: correntes não navegáveis.
– águas particulares: são particulares as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam.
b) por aluvião (1.250): é o aumento que as correntes dos rios depositam pouco a pouco nas terras das margens.
 A aluvião própria decorre do acumulo de resíduos na margem da sua propriedade, já a aluvião imprópria decorre da alteração do curso do rio advinda de uma aluvião própria.
c) por avulsão (artigo 1.251): é a espécie de aquisição de propriedade por acessão natural. É o aumento de terra que as correntes dos rios trazem para as terras das margens, em virtude de ter sido violentamente arrastada pela força das águas, com deslocamento de parte considerável de um prédio (terreno), que pode ser reclamada pelo antigo proprietário.
d) por abandono de álveo (leito de rio; artigo 1.252): o álveo abandonado deve originar-se de força natural, se oriundo de motivo de utilidade pública passa a pertencer o álveo abandonado a pessoa de direito público que tiver desapropriado.
e) por plantações ou construções (artigo 1.253, ss): 
1ª situação – pessoa que planta/constrói em solo próprio com matéria prima alheia.
 Se há boa-fé ocorre à aquisição da propriedade, das construções e plantações, com ressarcimento do valor da matéria prima. Se há má-fé acresce ao ressarcimento perdas e danos.
2ª situação – pessoa que planta/constrói com matéria prima própria em solo alheio.
 Se de boa-fé o proprietário do imóvel adquire as construções ou plantações, devendo ressarcir o proprietário da matéria prima. Se de má-fé, não terá direito a indenização.
Obs.: se o valor da construção exceder consideravelmente valor do terreno, aquele de boa-fé terá direito de adquirir a propriedade do solo, mediante pagamento.
 Há a má-fé do proprietário quando ele tem ciência que estão sendo realizados construções/plantações no seu terreno e se mantem inerente/calado.
3ª situação – pessoa que planta/constrói com matéria prima alheia e terreno alheio.
 Se o proprietário estiver de boa-fé ele adquirirá a propriedade das construções/plantações e deverá o plantador/construtor ressarcir o valor da matéria prima. Se o proprietário estiver de má-fé deverá indenizar por perdas e danos mais a matéria prima.
 Acessão é o modo de adquirir a propriedade.
 O sistema jurídico ainda admite ao senhor da coisa principal adquirir a propriedade das coisas acessórias que a ela aderem e que se lhe incorporem de maneira definitiva.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
(Artigo 1.260)
–> Usucapião de bem móvel: aquela que possui coisa móvel como sua coisa móvel como sua contínua e incontestadamente durante 03 anos, com justo título e boa-fé adquirida à propriedade.
 Se a posse durante 05 anos produzirá usucapião independentemente de título ou boa-fé.
–> Bem furtado/roubado não pode ser objeto de usucapião: no caso de usucapião de bem furtado/roubado o Direito não admite que isso ocorra, possibilitando a exceção nos caos de terceiro de boa-fé, mais se encontram decisões judiciais a favor e contra esta possibilidade.
Artigo 1.262
 Em relação ao cálculo do tempo de posse para a usucapião de bem móvel, no que concerne o acréscimo de tempo entre herdeiros, e a interrupção, suspensa óbice da prescrição serão utilizados os mesmos artigos para usucapião de bem imóvel, a saber: artigos 1.243 e 1.244.
DIREITO DE VIZINHANÇA
(Artigo 1277)
 Os danos causados por vizinho tem que ser ressarcidos por aquele que os causa e por aqueles que se aproveitam do dano.
 A separação das perturbações anormais da vizinhança não está subordinada a existência de uma intimação preliminar.
 Respondem solidariamente o construtor que causa danos ao prédio vizinho e o dono da obra, esta responsabilidade é objetiva, porque independe de culpa e decorre da nocividade da obra.
	Responsabilidade objetiva: decorre da imprudência, negligência e imperícia.
 O construtor que pagar danos ao prejudicado tem direitos de regresso contra o dono da obra que é o principal responsável (não é verdade concreta!).
Artigo 1.278
 Quando a violação se tratar de obra ou intervenção com a finalidade de atender interesse público, o lesado não poderá fazer cessar a perturbação, mas poderá pleitear indenização.
	Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.
 O vizinho prejudicado poderá pleitear, se for o caso, a redução das interferências danosas em seu benefício, mesmo com base ordens judiciais concessivas de intervenção, desde que demonstre o excesso das medidas concedidas.
 Não há dispositivo semelhante na legislação.
	Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.
 Pode o proprietário ou possuidor utilizar-se, ainda, da ação de dano infecto, quando o prédio vizinho ameace de ruína, exigindo judicialmente sua demolição, ou a prestação de caução suficiente, que o garante contra a possibilidade de dano iminente. Trata-se de modalidade de ação possessória.
–> Dano iminente = dano infecto: o proprietário ou possuidor tem direito de exigir do dono do prédio vizinho a demolição deste quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução em relação ao dano iminente.
–> Espécies de direito de vizinhança:
Das árvores limítrofes (estão no limite/divisa)
Artigo 1.282:
 As árvores que se encontram na divisa dos terrenos, terão a sua propriedade presumida como sendo dos proprietários dos terrenos confinantes.
Artigo 1.283:
 As raízes e os ramos das árvores que ultrapassam a divisa do prédio, poderão ser cortadas até o plano vertical divisório pelo proprietário do terreno invadido.
 Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caírem, tem que ser solo particular.
Da passagem forçada:
 O instituto da passagem forçada é de direito real e se insere no contexto das chamadas PROPTER REM.
 É um instituto que atende a específica necessidade de o dono do prédio encravado ter acesso à via pública, fonte ou porto.
 O direito de passagem forçado decorre da necessidade natural do ir e vir das pessoas, que não pode ser obstado pelo direito real de propriedade, bem como decorre da necessidade de abastecimento ou de escoamento de produção.
Artigo 1.285:
 A passagem forçada será feita mediante pagamento de indenização integral (é o que perdeu para dar passagem ao vizinho).
Da passagem de cabos e tubulações:
Artigo 1.286
 Sempre que for absolutamente necessária à passagem de cabos, tubulações e outros condutos pelo prédio vizinho, este será obrigado a suportar tal encargo (servidão forçada), desde que a obra não possa ser realizada por outro modo. É o caso de quem, habitando prédio elevado, necessita de passagem para escoamento de águas pluviais.Não havendo consenso a respeito, a realização de obras de passagem destes acessórios será determinada judicialmente e, considerando-se eventual desvalorização ou dano sofrido pelo prédio serviente, seu proprietário será devidamente indenizado.
Artigo 1.287:
 Tal qual ocorre na passagem forçada mediante indenização, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública em proveito de proprietários vizinhos, quando for impossível ou extremamente oneroso que se faça de modo diverso.
Artigo 1.288:
 O do no do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm naturalmente do superior não podendo realizar obras para atrapalhar esse fluxo. Porém, o fluxo de água a ser recebida, tem que ser o natural não podendo ter a vasão aumentada decorrente de obras realizadas pelo dono do prédio superior.
Artigo 1.289:
 Caso as águas invadam artificialmente o terreno de baixo, o proprietário pode pleitear que se desvie o curso das águas e ser indenizado pelos prejuízos sofridos.
Artigo 1.290:
 O proprietário de nascente ou do solo onde caem águas bluviais (da chuva), satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.
Artigo 1.291:
 Águas para as primeiras necessidades da vida – água para beber; para cozinhar; para higiene.
 Apesar de o artigo expressar a ideia de que não haveria problema poluir as águas que não forem indispensáveis às primeiras necessidades, isto não corresponde à veracidade.
Artigo 1.293:
 É permitido a quem quer que sejam construir canais de prédios alheios para receber as águas indispensáveis as primeiras necessidades da vida, mediante indenização ou e desde que não cause a agricultura, a indústria, o escoamento das águas e drenagem do terreno.
DIREITO DE TAPAGEM
–> Ação demarcatória: é a ação real que decorre de direito de vizinhança. Pode ser objeto de demarcação tanto o prédio rural quanto o urbano.
 Pressupõe que as partes tem um direito real sobre a coisa a ser demarcada, que os prédios sejam contíguos e que haja confusão ou risco de confusão entre os limites dos prédios confinantes.
 O procedimento de dúvida ou de ratificação diária se trata de mero procedimento administrativo registrário, podendo ser utilizada para alteração da descrição das divisas ou da área do imóvel se os vizinhos lindeiros não impugnarem a pretensão do interessado.
 A ação de demarcação é imprescritível.
Artigo 1.297:
 Até prova em contrário presume-se pertencer a ambos os proprietários confinantes os muros, cercas e os tapumes divisórios, devendo estes concorrerem em partes iguais pelas despesas de construção e manutenção.
Artigo 1.298:
 Em caso de dúvida ou confusão no estabelecimento de limites divisórios entre dois prédios, ou seja, quando o registro imobiliário não esclarecer devidamente, utilizar-se-á o critério da posse justa (não violenta, precária ou clandestina), para a distribuição da área. Assim, o proprietário terá direito, apenas, à área que não foi objeto de vício da posse.
 Se o critério da posse justa não for possível de constatação, a lei determina que a área em litígio seja dividida em porções iguais entre os titulares confinantes. Se também não for possível, adjudicar-se-á esta área litigiosa a um deles, mediante ressarcimento ao outro.
DO CONDOMÍNIO GERAL
–> Condomínio voluntário: o condomínio não é uma espécie nova de direito real, é o direito de propriedade compartilhado por mais de um titular. Diversas pessoas tem propriedade comum sobre uma coisa fisicamente indivisa.
 O direito de cada condômino, pela sua cota, se estende sobre toda a coisa.
 Sem o conhecimento dos demais, o condomínio pode gravar sua quota parte ideal, em caso de venda tem obrigação em dar preferência a tanto por tanto aos outros condôminos.
Solução de dificuldades:
a) cessação do condomínio: se os condôminos não têm mais interesse na continuação do condomínio, devem fazer cessar a comunhão pela ação de divisão (na hipótese de ser divisível), ou pela venda em hasta pública, caso a coisa seja indivisível.
b) continuação do condomínio: ajuste para permitir o uso e gozo da coisa comum.
Inovação:
 Direito de inovar o condômino não tem, a não ser com o consentimento dos outros.
 Inovar significa obrar que muda substancialmente ou formalmente a coisa comum. Caso o condômino contraria a proibição legal, podem os demais obriga-lo a exigir a supressão ou destruição das inovações, para que a coisa comum volte ao estado anterior e para que haja o ressarcimento dos danos ou prejuízos que tenham causado.
Artigo 1.314:
 Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem da posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
Artigo 1.315:
 Comprovada as despesas, o condômino deve responder por elas, pois é seu dever moral arcar com as despesas rateadas entre os condôminos, sob pena de enriquecimento ilícito.
 Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.
 O condômino pode eximir-se do pagamento das despesas e dívidas renunciando a parte ideal.
 Os condôminos que assumirem a dívida e fizerem o pagamento das despesas, adquirirá a propriedade do bem renunciado na proporção de sua quitação.
 Caso não haja o pagamento a coisa comum será dividida.
Artigo 1.318:
 A execução é sempre mais benéfica para o devedor.
Artigo 1.319:
 Não pode um único condômino perceber sozinho e manter para si os advindos do bem. Este deve repartir com os demais condôminos. Cada condômino responde individualmente pelo prejuízo que causou ao bem.
 Artigo 1.320:
 Cada coproprietário poderá exigir, a qualquer tempo, a divisão da coisa comum, procedendo-se de forma voluntária ou judicial (ação divisória), sendo que as despesas com a divisão será partilhadas por igual, entre todos. Trata-se de ação de natureza real que incide sobre bem divisível.
 Caso se trate de bem indivisível ou de divisão impossível, seja em razão de sua própria natureza, como um animal de criação, ou por força de lei, como no casamento pelo regime de comunhão de bens – seja ele urbano ou rural, e não houver acordo voluntário para sua normal alienação, proceder-se-á à sua alienação judicial para a extinção do respectivo condomínio (RT 658/93).
 No condomínio voluntário, poderá constar da convenção que o período de indivisão perdure por cinco anos, podendo ser prorrogado por igual prazo. Se o condomínio for criado por doação ou testamento, o prazo máximo de duração será o quinquenal.
SERVIDÃO, USO E HABITAÇÃO
–> Servidão (artigo 1.378): é uma das espécies de direito real sob coisa alheia que tem como titular o dono do prédio dominante em desfavor do prédio serviente. É direito diverso da propriedade que se liga ao domínio exercido pelo titular do prédio dominante.
 As servidões são constituídas por ato de vontade, podendo excepcionalmente decorrer de lei ou de ordem/decisão judicial, e tem por objetivo coisa imóvel corpórea. O ato constitutivo deve ser levado á registro.
 Deve ser recebido de forma pública se o valor exceder ao limite legal (artigo 108 do CC) ou pode ser constituída por instrumento particular, se não atingir a alçada da lei.
Espécies de servidão: as servidões podem ser classificadas de acordo com a forma como são exercidas ou de acordo com a espécie de submissão que impõe para o dono do prédio serviente.
a) Quanto á forma: as servidões são urbanas ou rústicas, contínuas ou descontínuas e aparentes e não aparentes (se permitem a sua detecção a olho vivo);
b) Quanto á espécie: elas são classificadas em afirmativas, quando obrigam ao titular do prédio serviente a tolerar atos cometidos pelo dono do prédio dominante, ou negativas, quando lhe impõe a obtenção de atos específicos.
Artigo 1.379:
 Se a servidão for utilizada de forma contínua e incontestada, e for aparente,pelo prazo de 10 anos o interessado poderá registra-la em seu nome no cartório de registro de imóveis. Se o possuidor não tiver título o prazo será de 20 anos.
Artigo 1.380:
 Dono da servidão é o titular do direito de propriedade sobre o imóvel dominante. É a ele que incumbe o ônus de realizar obras no prédio para conservação da servidão, se no contrato não for disposto de forma diferente.
Artigo 1.381:
 É possível ressalvar que as referidas despesas com obras de manutenção e/ou conservação poderão ser atribuídas ao dono do prédio serviente, se assim vier estipular no título de constituição de servidão.
Artigo 1.382:
 Quando o dono do prédio serviente tiver que arcar com os custos da conservação, este poderá se desincumbir abandonando o imóvel, total ou parcialmente a propriedade ao dono do dominante que deverá arcar com ás custa, ainda que se negue a receber.
Artigo 1.383:
 O dono do imóvel serviente não poderá atrapalhar o exercício legítimo da servidão.
Artigo 1.384:
 Pode haver a mudança da localização da servidão. Se feita pelo dono do prédio serviente, esta será as duas custas não podendo diminuir ou prejudicar os benefícios obtidos pelo dono do prédio dominante com a servidão.
 Se feita pelo dono do prédio dominante, este deverá arcar com ás custas, podendo este se beneficiar da mudança, mas nunca prejudicar o prédio serviente.
Artigo 1.385:
 A servidão deve ser exercida da forma menos gravosa para o prédio serviente, o que constitui motivo de diminuição de conflitos em sua implementação. A servidão constitui um direito real de gozo que não deve prejudicar o exercício regular da posse e propriedade do prédio serviente além do necessário.
 O titular não pode se utilizar da servidão como meio de prática de atos emulativos (que excedam os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes).
 A servidão não se presume a não ser no caso da servidão de trânsito cuja a servidão maior inclui a menor, v.g., passagem de boi e de ser humano.
Artigo 1.386:
 A divisão dos imóveis ocorre quando se trata de condomínio, pata o fim de se estabelecer as frações ideais exatas de cada titular. Havendo, pois, divisão no prédio dominante ou no serviente, a servidão antes estabelecida continuará existindo com relação às novas frações ideais estabelecidas, por possuir a característica da indivisibilidade.
–> Das extinções da servidão:
Artigo 1.387:
 Quando a servidão é registrada, esta só se extingue quando é cancelada.
 A servidão pode ser alvo de desapropriação.
 Se o prédio dominante estiver hipotecado, e constar a servidão no título hipotecário, será necessário o consentimento do credor para cancelar a servidão.
Artigo 1.388:
 O dono do prédio serviente tem direito ao cancelamento do registro da servidão pelos meios judiciais quando:
a) o titular houver renunciado a servidão;
b) tiver cessado a utilidade ou a comodidade que determinou a constituição da servidão.
c) o dono serviente resgatar a servidão (resgate é a renúncia onerosa).
Artigo 1.389:
 Também se extingue a servidão:
a) pela reunião dos dois prédios do domínio da mesma pessoa;
b) pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato ou de outro título oneroso;
c) pelo não uso dos 10 anos contínuos.
USUFRUTO
 É o direito real de gozo sobre a propriedade alheia de caráter temporário, que permite a terceiro, denominado usufrutuário, fruir e utilizar a propriedade. O proprietário, como fica despido dos atributos essenciais da propriedade, passa a ser chamado de nu-proprietário.
 O direito de usufruto é inalienável e por via de consequência, intransmissível por herança. Com a morte do usufrutuário opera-se a sua extinção o que torna o usufruto um direito de gozo temporário.
 O artigo 1.393 permite a alienação do “exercício do direito” o que não importa na alienação do usufruto.
 A cessão do exercício poderá se dar a título oneroso ou gratuito, A penhora não pode recair sobre o usufruto em si, mas pode recair sobre o exercício deste.
Artigo 1.390:
 O usufruto pode recair sobre bens móveis e imóveis em um patrimônio inteiro ou parte deste.
 O usufruto também abrange os frutos e as utilidades.
Artigo 1.391:
 O usufruto de bem imóvel deve ser registrado no cartório de registro de imóveis.
Artigo 1.392:
 Salvo em disposição contrária o usufruto se estende aos acessórios e seus acrescidos.
 Se os acessórios ou acrescidos forem consumíveis, ao término do usufruto, terão que ser restituídos.
 Se houver floresta ou recursos minerais deverá constar no contrato do usufruto a extensão do uso e exploração.
 O usufrutuário que possui direito sobre universalidade de bens (ou cota-parte) tem direito a parte do tesouro achado por outrem.
	Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.
 
–> Direitos do usufrutuário:
Artigo 1.394:
 O usufruto tem direito a posse, uso, administração e percepção dos frutos.
Artigo 1.395:
 O usufruto de títulos de crédito é tido como um quase-fruto, considerando que não há, aqui, o consumo do bem pelo seu uso natural. Nesta hipótese, de aplicação rara, o usufrutuário tem a posse direta dos títulos de crédito e em razão disso surge o direito de receber as respectivas dívidas, reaplicando-as, sendo que todas as despesas e custos com essa aplicação são por conta do próprio usufrutuário.
Artigo 1.396:
 O usufrutuário tem direito a perceber os frutos pendentes a época do início do usufruto, sem ter que pagar despesas de produção.
 Quando se encerra o usufruto os frutos pendentes pertencerão ao proprietário do imóvel que não deverá pagar pelos custos de produção.
Artigo 1.397:
 Destina ao usufrutuário a titularidade dos frutos naturais correspondentes às crias de animais existentes no bem, deduzindo-se logicamente assim que, ao término do usufruto, deverão ser entregues ao nu-proprietário somente os animais que ali havia quando do início, com a dedução das crias surgidas no período de gozo.
 O usufruto de um rebanho diz respeito a uma universalidade, podendo o titular tirar proveito de tudo que é gerado pelo rebanho, assim como alienar as respectivas crias, mantendo a quantidade original do início do usufruto (Rodrigues, 1997, p. 286).
 Em caso de perda ou deterioração, incumbe-se ao usufrutuário o dever de repor a mesma quantidade e qualidade dos animais existentes ao início do usufruto, considerando sua obrigação de zelo e vigilância em relação à coisa usufruída.
Artigo 1.398:
 Fruto civil é o proveito econômico recebido de um terceiro que faça uso do bem de sua titularidade, como se dá no caso arrendamento ou aluguel de determinado imóvel, assim como rendas auferidas em geral.
 No que respeita aos frutos civis, a norma específica que se destinam ao nu-proprietário aqueles que já estavam vencidos e não percebidos à época do início do usufruto, cabendo ao usufrutuário os frutos vencidos e não percebidos ao seu término.
Artigo 1.399:
 O usufrutuário não poderá mudar-lhe a destinação econômica do prédio sem expressa autorização do proprietário.
–> Dos deveres do usufrutuário:
Artigo 1.400:
 Nada impede que a garantia real ou fidejunsória (fiador) seja instituído um seguro. Neste caso o seguro é feito pelo usufrutuário, mas com o pagamento da indenização para o nu-proprietário.
Artigo 1.401:
 O usufrutuário caberá o dever de prestar calção em relação ao bem o qual recaíra o seu direito. Caso isso não seja possível, o proprietário deste bem se tornará seu administrador, mas terá o dever de prestar calção para o usufrutuário como garantia de que este era receber os rendimentos provenientes da exploração do bem objeto do usufruto, deduzido os custos e a taxa de administração fixada em juízo.
Artigo 1.402:
 O usufrutuário não é obrigado a pagar as indenizações resultantes ao uso regular dousufruto.

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