Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A Geometria das Transforma~oes Lineares Dependendo de como encaramos uma 11-upla, se como urn ponto ou urn vetor, o efeito geornetrico de um operador T: R" ~ R" eo de transformar cada ponto (ou vetor) de R" em algum novo ponto (ou vetor) (Figura 4.2. I). \ T(s) \ \ \ ' ' \ \ \ x \ \ \ \ \ (a) Tlcva pomos em pontos (b) Tlcva vetorcs ern vctores Figura 4 .2 . 1 EXEMPLO 3 A Transforma~~o Nula de R" em R"' Se 0 e a matriz zero 111 x 11 e se 0 co vctor nulo de R111 en tao, para cada vet or x em R" temos 't0 (x) =ox = o de modo que a rnultiplica<;iio por zero leva cada vetor em R" no vcror nulo de R'". ~6s chamamos T0 a transforma~o nula ou zero de R" em R"'. As vczcs a transformac;iio nula c dcnotada por 0. Embora isto seja a mcsma notac;ao usada para a matriz zero, a interpretac;iio corrcta fica, gcralmente, clara pelo contexte. + TA BELA 2 Operador Ilustra~o Reflexiio em tos·no y Capfwlo 4 - EspafOS Vetoriais E11clidianos • • • 1 3 9 EXEMPLO 4 0 Operador ldentldade de R" Se I e a matriz identidade 11 x 11, entiio, para cada vetor x em R" Iemos T1 (x) = f x = x de modo que a multiplicac;ao porI leva cada vetor em R• em si mesmo. Nos chamamos T1 o operador identidade de R". As vezes o operador idcntidadc e denotado por I. Embora isto seja a mesma notac;iio usada para a matriz identidade, a interpreta<;iio correta fica, geralmente, clara pelo contexte. + Entre os operadorcs lineares rnais importantes de R2 e R3 esrao os que produzem rellexocs, projcr;oes e rotar;oes. Agora nos passamos a estudar estes operadores. Reflexoes Considere o operador T: R2 ~ R2 que aplica cada vetor na sua imagem simctrica em relac;iio ao eixo y (Figura 4.2.2). (- .<. )') (x.y) ·' Figura 4 . 2 . 2 Se escrevermos w = T(x), entiio as equa<;Oes relacionando os componenres de x e de w sao w 1 = - x = - x + Oy 102 = y = Ox + y Matriz Equa~oes Canonica 111 1 = - x (10) [ -~ ~ ] do cixo y 1112 = y (-x.y)~ v.(x,y) w = T(x) . X Re[Jexiio em torno y IVs= X [ ~ -~ J l)/1 (x,y) do cixox I 1112 = -y I X ./ N (x,-y) w : T(x) RcOexiio em tomo >' y : .t lVI = y [ ~ ~ ] (y.x) da rctay = x w=T~ w2 = x ~(x.y) X / 1 40 • • • Algebra Linear com Aplica~oes TABELA J Opc.-.1dor Renexiio em 1orno do planoxy Rcncxiio em 1orno do planoxz Renex!io em 1orno do planoyz ou, em fonnalo matricial, Matriz Uustra~iio Equa~ocs Canonica z IVJ= X I 0 0 71(x.y.z) IV2 = y 0 I 0 I 0 0 - I I y w3 = -z -~ X . (x,y. -z) ,,~ t?''' IVJ = X I 0 0 IV2 = -y 0 - I 0 y IVJ= 7 0 0 l ~ X .t (- x,y,z) IVJ =-X r_ l 0 0 IV2 = y () I () • w I w, = z L 0 0 I (x. y. z) lP"' X y X rejlexiies. E.~1es opcradores sao linearcs. As Tabclas 2 e 3 !islam algumas das renex5es mais comuns. (II) Como as equac;acs em (I 0) sao lineares, T c urn operador linear e, por ( II), a malriz canllnica de T c Proje~oes Considcre o opcrador T: R2 ~ R2 que leva cada velor na sua projcr;iio onogonal sobre o eixo x (Figura 4.2.3). As equa~5es relacionando os componentes de x e de w = T (x) siio ITI = [ -~ ~] WI= X= X +Oy w: = 0 = O.r + Oy ou, em formalo nullricial, Em geral, os operadores em R2 c R3 que levam cada ve1or em seu sime1rico em relat;iio a alguma re1a ou plano sao chamados de TABELA4 Operador llustra~o Projcc;iio orlogonal y sobrc o cixo x /il(x.y) I I (x, 0) w Proje~iio o11ogonal )' X sobre o eixo y (O.y) 7 (x.y) l w M11triz Equa~oes Canonica III J = X [ ~ ~ ] 1t12 = 0 IIIJ = 0 [~ ~ ] J\12 = y X ( 12) (13) Capfwlo 4 - EspafOS Vetoriais E11clidianos • • • 1 4 1 TABELA S Matriz Ope rador Dustra~o EquafVoes Canonica l r I 0 0 Proje~ao ortogonal lVI = X sobre o planoxy ;I! (x,y. z) 0 I 0 I IV2 = Y y 1V3 = 0 0 0 0 X ~ (x, y, 0) Proje~ao ortogonal (x.O~ t?') lV I = X r I 0 0 sabre o plano xz w2= 0 0 0 0 ~ . ._ 0 0 I )' "'3 = z )' Flgur~ 4 .2.3 Proje~ao ortogonal sobre o plano yz I I I I (x. y) (x. 0) X z w X Como as equa9oes em (12) siio lineares, Te urn operador linear c, por ( 13), a rnatriz canonica de T c ITI = [~ ~] Em geral , uma projefiio (ou, mais precisamente, uma projer;iio orlogona[) de R2 ou R' e qualquer operador que leva cada vetor em sua projC9aO ortogonal sobre alguma reta ou algum plano pela origem. Pode scr mostrado que tais operadorcs siio lincares. As Tabelas 4 e 5 listam algumas da~ mais lnlsicas projec;oes em R2 e R3 Rota(:oes Urn opcrador que gira cada vetor em R2 por urn ilngulo fixado e c cham ado uma rotar;iio em R2. A Tabcla 6 da TABELA 6 Operador Uustra~o Rotar;ao pelo y (w1• w2) angulo e w \ \ 8 ~(x.y) X X O, y.z) lVI = 0 0 0 0 (x , y. z) IV2 = y 0 I 0 y IV3 = Z 0 0 I as formulas para as rotac;oos de R2• Para mostrar como dcriva- mos estes resultados, considere o operador que gira cada vetor no sent ido anti-honlrio por urn angulo positivo e fixado. Para encomrar as equa~oes relacionando x com w = T (x), seja ¢ o ilngulo entre x co cixo x posi tivo c seja r o comprimcnto co mum de x e de w (Figura 4.2.4). y • • (.t. y) Figur~ 4 . 2 .4 J>or trigonomctria b"sica, x = rcosq, . y = r scn¢ (14) e w1 = r cos(O + </> ). w2 = r sen (0 + </>) (15) Matriz Equa~es Canonica \111 =X COS e- y sen e [ cose -sene ] 1V2 = X Sene+ y COS e sen e cos e 1 4 2 • • • Algebra Linear com Aplica~oes Aplicando idenl idades 1rigonom~tricas a ( 15), resulla w1 = rcosiJcos¢- rscnllscn¢ w2 = rwntlcostf> + rcosOscnrf> e substiluindo ( 14) result a w1 = xcosO- yscn ll Wl = xscn9 + ycos9 ( 16) As equa~Ocs em ( 16) sao Ii nearcs, de modo que T e um operador linear; alcm disto, segue des1as equa<;Ocs que a matriz canonica de Te ITI = [ cos 0 - sen OJ scnO cosO EXEMPLO 5 Rota~lo Se cada vctor em R2 c rodado por um i\ngulo de n I 6 (= 30°), entiio a imagem w de urn vet.or [X] X = y w = [cosrr /6 -sen rr /6J [X] = [JJ/2 - I /2] [x] = scnrr/ 6 cos rr/6 y 1/ 2 JJ/2 y TABELA 7 Operador Rota~ao an ti-horaria em torno do eixo x positivo por urn angulo8 Rotac;ao anti -horaria em torno do eixo y positivo porum angulo 8 Rota~ao anti-horaria em torno do eixo z positivo por urn angulo8 llustra~o - - y )' }' Por exernplo, a imagern do vetor J3 - I 2 I+ J3 2 • Em geral descrevemos uma rola<;ao de vetores em R3 em rela<;iio a um raio parlindo da origem, chamado o eixo de rota~iio. A medida que urn ve1or gira ern torno do eixo de rola<;iio ele varre uma porc;iio de um cone (Figura 4.2.5a). 0 iingulo de rota~iio , que c medido na base do cone, e descrito como sendo no senti do ''hor~rio" ou ··anti-hon'irio" em relac;iio a urn ponto de vista ao Iongo do eixo de rola<;iio olhando para a origem. Por exemplo, na Figura 4.2.5a o velor w resulta da rotac;ao no sen lido anli-horario do vet or x em torno do eixo I por um angulo de 8. Assim COiliO em R2, OS angulos sao positivos se gerados por rota<;ocs no senticlo anti-horario c negativos se gc- rados por rotac;ocs no scntido honlrio. A mancira mais comum de clescrcvcr um cixo de rotac;iio geral e especificando urn ve1or niio-nulo u com pon1o inicial na origem e aponlando ao Iongo do eixo de rolac;ao. 0 sentido anti- hon'irio para a rola<;iio em lorno do cixo pode en tao ser cletermi- nado pela "regra da miio direi1a" (Figura 4.2.5b): Se o polegar cia mao dircita apon1a na dirc<;iio c sen1iclo do velor u entao os dedos da mao fechada apon1am no sentido anli-horario. Equa~o lVI = X w2 = y cos 8 - z sen 8 1V3 = )' Sen 8 + Z COS 9 w 1 = x cos 8 + z sen 8 IV2 = )' w3 =-xscn8 +zcose 1V1 = X COS 8 - )' SCn 9 w2 = x sen8 + y cos 8 lVJ = z. Matri:t Canonica I 0 0 cos 8 0 sen8 cos e 0 -sen 8 0 I 0 0 -sen8 cos8 sen8 0 cos8 cos 8 -sen 8 0 sen 8 cos 8 0 0 0 (a) Angulo de ro1a~ao Figur~ 4 . 2 .5 X Rotacao no sentido anti-horMio (b) Rcgra da mao direila Uma rolaft'io em R3 e um opemdor linear que gira cada vetor em R3 em torno de algum eixo de rotac<ao por um angulo fixado 8. Na Tabcla 7 n6s descrevemos as rotac;Oes em R 3 cujos eixos de rotac;ao sao os cixos coordcnados positivos. Para cada uma dcstas rotac;ocs, um dos componcntcs j)ermanece inalterado durante a rotar;iio c a rclac;iio entre os dois outros componentes poclc scr clcduzida cia mcsma mancira que dcduzimos ( 16). Por exemplo, na rotac;1io em torno do eixo z, os componentes z de x e de w = T (x) silo os mesmos e os componentes x e y estao rela- cionados como em ( 16). lsto fornecc as equac;;oes de rota<;iio mostradas na ultima coluna da Tabela 7. Observamos. para completar, que a matriz canonica da rotar;ao anti -horaria por urn angulo 9 em torno de um eixo em R3, determinado por um vetor arbiml rio mas writario u = (a, b, c) com ponto inicial na origem, e [ " 2 (1- cosll) + cosO ab(l - cosO) - csenO ac(l-cosO)+bsenOl llb(l - cosO) + csenO b2(1 - cosO)+ cosO be( I - cosO) - asen8 llc( t - cosO) - bsenO bc(l - cosO)+asenO c2(1-cos0)+cosll (17) A deduc;ao dcsta matriz pode ser encontrada no livro intitulado Principles of lmeractive Complller Grcrpltics, deW. M. Newmann e R. F. Sproull, editado em 1979 pcla McGraw-Hill, de Nova Torque. 0 lei tor podc achar instrutivo deduzir os resultados da Tabela 7 como casos espcciais dcstc rcsultado mais geral. Dilata~oes e Contra~oes Se k e um escalar nao-ne- gativo, entao o operador T (x ) = k x de R 2 ou de R 3 c chamado uma homotetia de razjio k ; especilicarnente, o operador e uma colllrafliO de razt1o k se 0 s; k < I e uma dilalafiiO de raziio k se k ~ I. 0 cfc ito gcomctrico de uma conlra<;iio e comprimir cada veto~ por tun fator k (Figura 4.2.6a) c o cfcito geometrico de uma <hlawc;ao c csticar cada vetor por um l~1tor k (Figura TABELA 8 Operador Ilustra~ao Contra<;iio de y fa tor k em R2 X Capftulo 4 - Esp01;os Vetoriais Euclidianos • • • 1 4 3 4.2.6b). Uma contrac;iio comprime R 2 ou R 3 unifonnemente de todas as dire<;oes na direc;iio da origem e uma dilatac;;iio expande R2 ou R3 uniformemcnte em todas as direc;iles para Ionge da origem. (a) OSk <1 Flgur~ 4 .2.6 (b) k> 1 T(x) = kx A contrac;iio mais extrema ocorre com k = 0, caso em que T (x) = k x reduz ao opcrador nulo T (x) = 0, que comprime cad a vetor a um unico ponto (a origem). Sc k = I entiio T (x) = k x rcduz ao opcrador idcntidadc T (x) = x, que deixa cada vetor inalterado; isto podcria ser considerado tanto uma contra<;iio quanto uma dilata<;ao. As Tabclas 8 c 9 listam as contrac;oes e dilata<;oes em R 2 c R 3_ Composi~ao de Transforma~oes Lineares Se TA: R" ~ Rk e T11 : Rk ~ R"' siio transl'onnm;oes lineares entiio, para cada X em R" nos podemos calcular, primeiro, T,\ (x), que e um vet or em Rk c depois calcular T0 (T11 (x)), que e um vetor em R'". Assim, a aplicac;ao de TA seguida de T0 produz uma trans- formac;ao de R" em R"'. Esta transformm;ao e chamada a com- posiflio ou a composta de T8 com TA e e denotada por T8 o TA (podemos ler "T8 bola T11 "). A ssim, (T8 o T,;)(x) = T8 (T,; (x)) ( 18) A composta Ta 0 TA e linear pois (Ta o T,;)(x) = T8 (T,;(X)) = B(Ax) = (BA)x (19) de modo que T8 o T11 c a multiplica<;ao por 8 A, que c uma trans- formac;iio linear. A Formula ( 19) tambem nos diz que a matriz canonica de T8 o T11 c 8 A. lsto podc scr dito pcla formula Tn o 1;, = TIJA (20) OBSERVAC;i\o. A Formula (20) captura uma ideia importante: Multiplicar matrizes e equiva/enre a compor as correspondentes Matriz Equa~oes Can6nica (.r,y) w1 = kx 1V2 = ky (0 < k < I ) ~(kx.ky) .r [ ~ ~ ] Dilatayiio de y \V (kx, ky) w, = kx fator kem R 2 X (.r. y) 1V2 = ky (k ~ I) .r 1 4 4 • • • Algebra Linear com Aplica~ocs TABELA9 Matriz Operador Ilustra~o Equa9iies Canonica Contra~iio de z w1 = kx fator kem R3 r.J(x.y.z) \112 = ky (0 ~ k ~ I) y. kz) Y w3 = k z X k 0 0 0 k 0 Dilata~ao de z (kx, ky. k z) IVJ = kx 0 0 k fator kem RJ w \112 = /.:y (k ~ I ) X X trcm.rformar;oes lineares,.formando os j(l(ores da dire ita para a esquerda. Existe uma forma alternativa para a F6rmula (20): Se T1 : R" -7 R k e T2 : Rk -7 R"' sao transformar,:oes lineares, entiio temos IT2 o T.J = IT2J1Td (2 1) pois a matriz canonica da composta T2 o T1 e o produto das matrizcs canonicas de T2 e de T1• EXEMPLO 6 Composl~lo de Duas Rota~oes Sejam T1 :R2 -7 R2 e T2 : R2 -7 R2 operadores lineares que rodam os vetores por angulos 81 e ~. respectivamente. Assim, a opera~ao (T1 o T1} (x} = T2 (T1(x)} primeiro roda x por urn angulo 81 e entao roda T1(x) por urn angulo 82• Segue-se que o efeito lfquido de T2 o T1 e rodar cada vetor em R2 por urn angulo 81 + 82 (Figura 4.2.7). y T2(T1(x)) __ .... - X X Figura 4 -2 .7 Assim, as matrizes canonicas destes operadores lineares sao 1.,. 1_ [cos O, -scn 01] • • _ [coso2 -sen02] " - . 17>1- . sen o, cos O, - sen Oz COS Oz IT, 0 To! = [cos(Oo + Oz) - sen(Oo + 02)] - scn(O, + 02) cos(01 + 02) (x,y. z) w3 = k z y Estas matrizes deveriam satisfazer (2 1). Com a ajuda de algu- mas identidades trigonometricas basicas, podemos mostrar que isto realmente ocorre: - sen o,] coso, = [cos9) cos01 - scn /lz scn01 - (cos02 scn 01 + scn9)cos01)] scn ~ cosO,+ cos~ scnO,- scn Oz- Oo+cosOzcosOo [ cos(Oo + Oz} - sen(Oo + 112>] = sen(Oo + Oz) oos(O, + Oz) = LTzo Tol • OBSf.RVA<;AO. Em geral, c importante a ordem pela qual compo- mos transforma<;oes lineares. I sto era de se espcrar, pois compor transfonna<;oes lineares corresponde a multipl icar as correspon- dentes matrizes canonicas e n6s sabcrnos que e relevante a ordem na qual multiplicamos rnatrizes. EXEMPLO 7 A Composl~lo nlo e Comutativa Scjam T1 : R2 -7 R2 a reflexao em torno da rcta y = x c T2 : R2 -7 R1 a proje<;ao ortogonal sobre o eixo y. A Figura 4.2.8 ilustra graficamente o efeito distinto que T1 o T2 e T2 o T 1 tem sobre um vet or x. Est a mesma conc lusao pocle ser alcan~a da mostrando que as matrizes canonicas de T1 e T2 niio comu- tam: ITo o Tzl = IToiiTzl = [~ ~][~ ~] = [~ ~] ITz o To! = ITziiTol = [~ ~] [~ ~] = [~ ~] •
Compartilhar