Buscar

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ___ DA COMARCA DE _____ DO ESTADO DO _____
JOANA, brasileira, solteira, estudante, inscrito no CPF sob n.º..., portador do RG n.º..., residente na..., CEP..., com endereço eletrônico ..., residente e domiciliada á rua ..., por intermédio de sua advogada legalmente constituída, conforme instrumento procuratório, vem à presença de Vossa Excelência, propor a presente
				AÇÃO CONDENATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA E DANOS MORAIS
Pelo rito comum, em face do FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – FNDE, com endereço sito, Setor bancário Sul, Quadra 2, bloco F, edifício PNDE – Brasília/DF – CEP: 70.070-929, representada pela Procuradoria Federal em..., cujo endereço é na Av..., e da universidade... , devidamente inscrita no CNPJ sob n.º..., com sede na..., pelos motivos de fato e de direito a seguir: 
I - GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Consoante o disposto na Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015, art. 98 e seguintes, a Promovente declara para os devidos fins e sob as penas da lei, ser pobre, não tendo como arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família pelo que requer os benefícios da justiça gratuita.
II - DA OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO OU PELA NÃO REALIZAÇÃODA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO
III – DOS FATOS
A Autora é acadêmica do curso de Engenharia de Produção na Universidade Cuiabá e, para continuar seus estudos diante de mensalidades que consomem parte substancial de sua renda, entrou para o programa do Ministério da Educação do Governo Federal denominado FIES – Fundo de Financiamento do Ensino Superior.
Para tanto, em 21 de novembro de 2011, assinou com a Ré o Contrato de Abertura de Crédito para Financiamento Estudantil – FIES n. º... 
Tal contrato só foi assinado pois não havia a necessidade de fiador, visto que a Requerente fazia jus ao financiamento sem fiador por força da renda per capita familiar
Se a Autora tivesse que apresentar fiador no ato da assinatura do contrato, teria ela desistido no negócio jurídico, pois a Requerente teria dificuldades em encontrar uma pessoa que comprove uma alta renda e propriedade de imóveis, que não tenha nenhuma restrição cadastral e que se disponha, junto com o cônjuge a comparecer pessoalmente na agência da Ré, e aguardar mais de 40 minutos para assinar o contrato. Conforme reza o contrato este deverá ser aditado semestralmente., então em 24 de maio de 2016, a Autora entrou no sistema da sua Universidade, “portal do aluno” para realizar o aditamento, como de costume, e então começaram os problemas. 
O seu sistema impedia que avançasse a página pois pedia que fosse cadastrado um fiador. Dessa forma, a Requerente procurou a Faculdade para informar que seu contrato não tem fiador e saber qual era o problema, pois ela está no último semestre e nunca ocorrera isso antes. 
Avisaram então que a partir de agora se exigia o fiador por força de uma liminar judicial, assim a Autora deveria conseguir um fiador comparecer à agência bancária para aditar o contrato. A partir de então, a Autora passou a uma busca desenfreada por um fiador. Note, MM. Julgador que, ao mesmo tempo em que o fiador deve cumprir exigências econômicas que revelam privilegiada situação financeira, esta pessoa deve ter com a Autora uma relação de confiança absoluta. Entretanto, a Requerente provém de família humilde. A mãe, falecida, e ela mora com os avós que auferem, apenas, aposentadoria do INSS. 
Dessa forma, a parte Autora procurou um tio que se dispôs a fazer, contudo, no banco eles foram informados que não seria possível, uma vez que o contrato inicial dela era sem fiador, conforme documento anexado que demonstra o impedimento de alteração do contrato.
Insta salientar que a data MÁXIMA para aditamento do contrato é 12 de setembro de 2016, a Requerente já procurou todos os meios administrativos de resolver o problema e até hoje não tem nenhuma resposta da Ré ou qualquer outro órgão.
De todo o exposto se infere que a não realização do aditamento de renovação contratual não adveio de conduta negligente da acadêmica, restando, perante este quadro, apenas a trilha do processo judicial para que esta não veja sua vida acadêmica gravemente prejudicada por conta de questões burocráticas por parte dos operacionalizadores do FIES. 
IV – DO DIREITO
a) Do direito à Educação 
O fundo de Financiamento Estudantil (FIES), criado pela Lei 10.260/2001, é destinado à concessão, para alunos carentes, de financiamento dos encargos concernentes ao curso superior em instituições particulares de ensino, visando concretizar a política pública, constitucionalmente exigida, de promoção da igualdade material e democratização do acesso aos níveis superiores de ensino “segundo a capacidade de cada um” (art. 208, V, CF). 
Contudo, dos fatos narrados se visualiza que em razão dos erros meramente operacionais, o objetivo do FIES, assim como o direito à educação da Autora, sendo vigorosamente afrontados.
A situação de ilegalidade – ocasionando seu impedimento de realizar o aditamento e matricular-se regularmente no semestre 02/2016 junto à instituição de ensino – merece ser prontamente sanada, garantindo-se à parte autora a possibilidade de frequentar o curso de Engenharia de Produção na UNIC, com o valor de todas as mensalidades financiadas por meio do FIES, sem qualquer entrave.
A educação, nos termos do art. 6º, caput, da CF, constitui um dos direitos sociais especialmente protegidos e almejados pelo Estado Brasileiro:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Já o art. 205 da Constituição traz a seguinte disposição:
Art. 205 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Sendo assim, resta claro que o impedimento sofrido pela Autora, por não ter condições de arcar com o valor da mensalidade do seu curso, fere um dos direitos fundamentais, podendo vir a causa sérios danos na continuidade de sua qualificação profissional. 
De outro giro, oportuno relembrar que o acesso ao ensino superior restou por um longo período limitado as classes sociais mais abastadas, sendo a proposta política pública inclusiva do FIES justamente a de permitir que os alunos pobres, que não tenham condições de custear a universidade particular, possam cursa-lo mediante financiamento do Poder Público e, somente após dezoito meses de conclusão da graduação, passem a pagar as parcelas deste financiamento.
Salta aos olhos, pois, que os beneficiários do FIES são pessoas de baixa renda e que não possuem condições de custear (seja parcial ou integralmente) as mensalidades de um curso universitário particular, sem prejuízo ou comprometimento de seu sustento.
Sendo assim, frisa-se que a Autora e nenhum outro estudante pode ser prejudicado por omissões e falhas operacionais atribuídas às demandadas, uma vez que, por inúmeras vezes, já fora anunciado que o SisFIES apresentou, por exemplo, erro sistêmico e demora no processamento.
b) Da ausência de culpa/ Da regulamentação administrativa do FIES
Relevante consignar que a regulamentação interna do Ministério da Educação, especificamente o art. 25, da Portaria Normativa nº 01/2010, prevê que erros operacionais por parte dos gestores do FIES e da CPSA que resultem na perda de prazo, devidamente comprovados, não geram óbices a realização de procedimentos e ainda possibilitam a prorrogação do prazo para solicitação de aditamentos:
Art. 25. Em caso de erros ou da existência de óbices operacionais por parte da Instituição de Ensino Superior (IES), da CPSA, do agente financeiro
e dos gestores do Fies, que resulte na perda de prazo para validação da inscrição, contratação e aditamento do financiamento, como também para adesão e renovação da adesão ao Fies, o agente operador, após o recebimento e avaliação das justificativas apresentadas pela parte interessada, deverá adotar as providências necessárias à prorrogação dos respectivos prazos, observada a disponibilidade orçamentária do Fundo e a disponibilidade financeira na respectiva entidade mantenedora, quando for o caso.
Em outras palavras, a própria regulamentação normativa reconhece a possibilidade da existência de erros e óbices operacionais à realização dos aditamentos, admitindo a prorrogação do prazo originalmente estipulado, com o fito de não prejudicar os alunos financiados, desde que estes não tenham dado causa a não realização.
ADMINISTRATIVO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE DO FNDE REJEITADA. FIES. FALHAS NO SISTEMA DE INFORMATIZAÇÃO DO FUNDO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO ESTUDANTE. PERIODO LETIVO DE 20.12.2. CURSO DE MEDICINA NA FAMENE. DIREITO A MATRÍCULA E REGULARIZAÇÃO CONTRATUAL. 1. Apelação do FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação em face de sentença que deferiu pretensão parcial a beneficiário do FIES para efetivação de matrícula no Curso de Medicina da FAMENE, período 2.012.2, além da regularização de pendências junto ao SisFIES. 2. Ante os termos do art. 3º, II, da Lei nº 10.260/2001, com as alterações da Lei nº 12.202;2010, a gestão do FIES caberá ao FNDE, na qualidade de agente operador. (PJE 0801954182013405000 - Relator o Desembargador Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria, 3ª Turma, j. 31.10.2013). Preliminar de ilegitimidade passiva ad causam rejeitada. 3. A jurisprudência firme desta Corte aponta que descabe responsabilização do estudante quanto à formalização de aditamento contratual, em razão de falhas no SisFIEs, tendo este legítimo direito de obter a efetivação de sua matrícula e regularização das pendências afetas ao FIES. Precedentes. 4. Apelação improvida.
(TRF-5 - AC: 00033633720124058200 AL, Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro, Data de Julgamento: 20/11/2014, Terceira Turma, Data de Publicação: 24/11/2014)
CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE ADITAMENTO DO FIES. FALHA NO SISTEMA DE INFORMATIZAÇÃO DO FNDE. AUSÊNCIA DA RESPONSABILIDADE DA ALUNA. MANUTENÇÃO DA CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Apelação contra sentença que excluiu a CAIXA da lide, e julgou procedente o pedido exordial, para determinar à FAMENE que matricule a autora no curso de Medicina, semestre 2012.2, e ao FNDE que adite o contrato SisFIES, mediante regularização da situação da autora, decorrente da falha no sistema informatizado. 2. O aditamento de renovação semestral do contrato de financiamento estudantil firmado posteriormente à data de vigência da Lei nº 12.202/2010, in casu, em 16/01/2012, relativo ao semestre 2012.2, deve ser realizado através do Sistema Informatizado SisFIES, disponível nas páginas eletrônicas do Ministério da Educação e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Resoluções nº 4 e 8/2012 do FIES), não havendo razão para manter a CAIXA no polo passivo da presente demanda. 3. A autora encontra-se adimplente e está em situação de regularidade contratual junto ao FIES, inexistindo impedimento à manutenção do financiamento da estudante. 4. Honorários advocatícios arbitrados em R$ 1.500,00, pro rata, valor razoável e de conformidade com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, não havendo razão para qualquer redução. 5. Apelação e remessa oficial improvidas.
(TRF-5 - REEX: 54055920124058200, Relator: Desembargador Federal Cesar Carvalho, Data de Julgamento: 10/06/2014, Segunda Turma, Data de Publicação: 13/06/2014) 
Por todo o exposto, não recaindo culpa na conduta da parte Autora, devem ser os requeridos compelidos a regularizar a situação da Requerente, oportunando a regularização de sua matricula no período 2016/1, a fim de não atrapalhar sua vida acadêmica. 
V - DA TUTELA DE URGÊNCIA
O Novo Código de Processo Civil dispõe no livro V, da parte geral, sobre a tutela provisória, que tem como espécies a tutela de urgência e a tutela de evidencia. Nos termos do art. 300, a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 
O primeiro requisito resta preenchido, uma vez que todas as alegações estão devidamente comprovadas pela documentação que instrui a peça vestibular. Com isso, resta claro a ausência de culpa da estudante para a não regularização de sua situação no SisFIES, impedindo o aditamento do semestre 2016/2.
Por sua vez, o perigo do dano está de plano evidenciado, uma vez que o semestre em curso (02/2016) é o último da graduação e a interessada precisa, por meio do site, realizaratividade avaliativas e todas as demais atividades acadêmicas, o que é possível somente quando o estudante se encontra devidamente matriculado. Caso isto não ocorra, todo esforço dispendido pela Autora, em relação ao curso, até o momento, restará inútil, adiando o seu objetivo de alcançar a graduação e começar a trabalhar na área escolhida.
Saliente-se que, além do óbice para a realização do aditamento 2016/2, a Requerente está sendo cobrada injustamente e, ainda, corre o risco de ter seu nome inscrito em órgão de proteção ao crédito.
Desta feita, requer-se a concessão da tutela provisória de urgência, no sentido de determinar que a UNIC proceda à regularização da matricula da Autora, viabilizando lhe a realização de todas as atividades acadêmicas, dentre elas o acesso ao portal e a participação nas matérias online, inclusive as que, por ventura, tenha perdido, e sem qualquer custo, além da inclusão de seu nome na lista de frequência, bem como para que o FNDE proceda a regularização do contrato de financiamento estudantil junto ao SisFIES, garantindo a realização do aditamento do contrato. 
VI - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) Requer o deferimento do pedido de justiça gratuita em favor da parte autora;
b) A antecipação dos efeitos da tutela provisória de urgência, no sentido de determinar que a UNIC proceda a regularização da matrícula da Autora, viabilizando lhe a realização de todas as atividades acadêmicas, dentre elas o acesso ao portal e a participação nas matérias online, inclusive as que, por ventura, tenha perdido, e sem qualquer custo, além da inclusão de seu nome na lista de frequência bem como para que o FNDE proceda a regularização do contrato de financiamento estudantil junto ao SisFIES, garantindo a realização do aditamento do contrato; 
c) A citação do réu para contestar a demanda no prazo de 5 dias;
d) Ao final, que sejam julgados procedentes os pedidos, para o fim de tornar definitivo os efeitos decorrentes da antecipação de tutela;
e) Inversão do ônus da prova conforme o art. 6º, VIII, do CDC que constitui direito básico do consumidor a facilitação da defesa dos seus direitos em juízo;
f) A Condenação do réu às custas processuais e honorários sucumbências.
VII - DAS PROVAS
R Diante do exposto requer a produção de todos os meios de provas em direito admitidos, em especial a documental.
 
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
				Nestes Termos,
				Pede deferimento.
Local e data.
Advogado XX.
OAB/UF n.ºXXXX

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando