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Etapas do processo de empreender Cátia Raulino Introdução Você sabe como se desenvolve o processo empreendedor ou processo de empreender? Ele possui fases bem definidas e serão estas fases que determinarão o sucesso ou não de um negó- cio, como você estudará a seguir. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender cada etapa do processo empreendedor. • identificar as tarefas necessárias em cada etapa do processo de empreender. 1 Os fatores que influenciam no processo empreendedor Para começar, é importante conhecer algumas características e contextos que envolvem o processo de empreender. De acordo com Chiavenato (2005, p.17) O processo empreendedor abrange todas as atividades, as funções e as ações relaciona- das com a criação de uma nova empresa. Todos os negócios operam em um ambiente geral, que é composto de uma multiplicidade de variáveis que interagem dinamicamente entre si, como variáveis econômicas, sociais, tecnológicas, culturais, legais, demográficas e ecológicas. Todas essas variáveis causam impactos profundos em todas as empresas, sem qualquer discriminação. Estes fatores mencionados pelo autor influenciam o negócio de forma muito direta, portanto são bastante importantes em nosso estudo. Outro autor, Dornelas (2015), classificou-os em: fato- res pessoais, fatores sociológicos, fatores organizacionais e questões encontradas nos ambientes em cada fase do processo empreendedor. Vamos entendê-los. Conforme o autor, os fatores pessoais têm ligação direta com experiência, educação, satis- fação e com a posição do agente no processo empreendedor. Por outro lado, os fatores sociológi- cos consideram desde a criação até as equipes nas quais o agente estará inserido. Já os fatores organizacionais serão todos internos e terão relação direta com a estrutura da empresa, a cultura, a estratégia etc. Por sua vez, as questões ligadas ao ambiente estarão relacionadas aos fatores que cada ambiente apresentará. FIQUE ATENTO! Saiba que os fatores organizacionais podem ser modificados e melhorados pelo empreendedor, por isso é tão importante identificar cada um deles. Vamos conhecer a relação entre os fatores e as fases do processo empreendedor: Figura 1 – Fatores Fatores Pessoais • realização pessoal • assumir riscos • valores pessoais • educação • experiência Fatores Pessoais • assumir riscos • insatisfação com o trabalho • ser demitido • educação • idade Fatores Sociológicos • networking • equipes • influência dos pais • família • Modelos (pessoas) de sucesso Fatores Pessoais • empreenderdor • lider • gerente • visão Fatores Organizacionais • equipe • estratégia • estrutura • cultura • produtos Inovação Evento inicial Implementação Crescimento Ambiente • oportunidade • criatividade • Modelos (pessoas) de sucesso Ambiente • competição • recursos • incubadoras • políticas públicas Ambiente • competidores • clientes • fornecedores • investidores • bancos • advogados • recursos • políticas públicas Fonte: adaptada de DORNELAS, 2015. Todos os fatores que estamos estudando precisam ser levados em consideração, pois terão uma relação direta com o sucesso do negócio como um todo. EXEMPLO Os valores pessoais estão diretamente ligados à capacidade de inovação. Uma pes- soa com valores abertos, mente aberta, sempre terá capacidade de inovação maior. A influência desses fatores nos negócios é explicitada por Chiavenato (2007, p. 168) Os fatores pessoais são importantes em todas as etapas – inovação, evento inicial, imple- mentação e crescimento -, apenas mudando o tipo de influência que exerce conforme a etapa. Os fatores sociológicos circulam nas etapas evento inicial e implementação como um fator de influência pessoal. Também os fatores organizacionais estão vinculados à eta- pa de crescimento, justamente por se tratarem da etapa de desenvolvimento do empreen- dimento, onde há influência de pessoas, estrutura, produto. Já o ambiente externo circula por todas as fases e, também, muda conforme a etapa do processo empreendedor. FIQUE ATENTO! Alguns fatores pessoais são mais difíceis de serem modificados. Falamos daqueles que estão diretamente ligados às pessoas, como por exemplo a personalidade. Vamos, porém, dar um foco maior ao estudo do processo empreendedor em si, já que o conhe- cendo você compreenderá melhor como estes fatores se relacionam com cada uma das fases. SAIBA MAIS! Leia artigo de José Dornelas sobre como os fatores podem gerar bons empreendedores. O texto está disponível em. <http://www.josedornelas.com.br/ artigos/como-fazer-mais-empreendedores-bem-sucedidos/>. 2 As quatro fases do processo empreendedor (Identificar e avaliar a oportunidade; desenvolver o plano de negócios; determinar e captar os recursos necessários e gerenciar a empresa criada) O processo empreendedor, segundo Dornelas (2015), será dividido em quatro fases. Observe que o processo se iniciará com a identificação da oportunidade e sua avaliação. Logo em seguida será desenvolvido o plano de negócios. Após, serão estabelecidos e captados os recursos para que na última fase seja necessário apenas gerenciar a empresa já criada. Antes de entrarmos em cada fase, vejamos o esquema apresentado na figura a seguir: Figura 2 – As fases do processo empreendedor • criação e abrangência da oportunidade • valores percebidos e reais da oportunidade • riscos e retornos da oportunidade • oportunidade versus habilidades e metas pessoais • situação dos competidores Identificar e avaliar a oportunidade • recursos pessoais • recursos de amigos e parentes • angels • capitalistas de risco • bancos • governo • incubadoras Determinar e captar os recursos necessários • Sumário executivo • O conceito do negócio • Equipe de gestão • Mercado e competidores • Marketing e vendas • Estrutura e operação • Análise estratégica • Plano financeiro • Anexos Desenvolver o plano de negócios • estilo de gestão • fatores críticos de sucesso • identificar problemas atuais e potenciais • implementar um sistema de controle • profissionalizar a gestão • entrar em novos mercados Gerenciar a empresa criada Fonte: adaptada de DORNELAS, 2015. Ainda segundo Dornelas (2015, p.169) Embora as fases sejam apresentadas de forma sequencial, nenhuma delas precisa ser completamente concluída para que se inicie a seguinte. Por exemplo, ao se identificar e avaliar uma oportunidade (Fase 1), o empreendedor deve ter em mente o tipo de negócio que deseja criar (Fase 4). Muitas vezes ocorre ainda outro ciclo de fases antes de se con- cluir o processo completo. EXEMPLO Um empreendedor ao elaborar o primeiro plano de negócios irá apresentá-lo a al- guém que possa tornar-se um investidor. Este investidor dá ao empreendedor como feedback várias críticas e sugere a ele que primeiramente mude a concepção do plano para depois procurá-lo novamente. Nesse caso, o processo chegou apenas até a Fase 3 e voltou novamente à Fase 1, recomeçando um novo ciclo sem a con- clusão do anterior. Quando situações como estas ocorrem, o empreendedor deve esforçar-se ainda mais à busca de melhorias. Vejamos cada uma das fases. • Fase 1 - Identificar e analisar a oportunidade: nesta fase, o empreendedor transformará sua ideia em algo real. Estudará o negócio como um todo, mercado, concorrentes e abrangência. Segundo Dornelas (2015), nesta fase poderá ser utilizado o modelo de Timmons. Essa metodologia será usada para levantar informações necessárias na ava- liação do negócio e resultará em um plano de negócios estruturado na segunda fase. FIQUE ATENTO! O modelo de Timmons também pode ser usado diretamente na criação do plano de negócios. Vamos, então, conhecercom mais detalhes esse modelo. Quadro 1 – Modelo de Timmons Oportunidade A identificação, avaliação, formatação e captura/exploração da oportunidade. Recursos Os recursos que o empreendedor dispõe ou deve buscar e que serão alocados para a exploração da oportunidade identificada Pessoas A equipe que trabalhará em conjunto com o empreendedor e transformará as idéias em um negócio de sucesso Fonte: adaptado de DORNELAS, 2015. Conforme se pode observar na figura, o modelo traz os três pontos principais que o negócio precisa para ter sucesso: uma boa oportunidade, recursos e as pessoas certas. O modelo costuma ser usado também na elaboração do plano de negócios, mas sua utilização desde a Fase 1 facilitará o processo. • Fase 2 – Desenvolver o plano de negócios: Dornelas (2006, p. 43) explica que O plano de negócios pode ser considerado a principal ferramenta de gestão do empreende- dor. Muito se fala a respeito deste documento nos dias atuais, mas poucos empreendedores sabem como elaborar um e por que o plano de negócios pode definir o sucesso ou fracasso de um negócio. Cabe lembrar que não se aplica apenas aos negócios em fase inicial de desenvolvimento, mas pode e deve ser utilizado por qualquer empresa, em qualquer estágio. É importante ressaltar que o processo de negócio pode ser executado a qualquer momento e a partir da fase que se desejar. Não é necessário obrigatoriamente seguir uma sequência rígida. Porém, no desenvolvimento do plano em si todos os aspectos devem ser levados em considera- ção: previsões, recursos, anexos, riscos, marketing, operações, financeiro etc. • Fase 3 – Determinar e captar os recursos necessários: no início do processo já foi defi- nido o valor necessário. Nessa fase, serão definidas as fontes dos recursos, podendo ser pessoais, de incubadoras, governamentais, de terceiros etc. A definição dos recur- sos e como serão captados é essencial para que o empreendedor saiba como o negócio será financiado. Figura 3 – É preciso definir a fonte de recursos Fonte: Melpomene/Shutterstock.com Definindo os recursos e sua fonte, o empreendedor poderá passar à Fase 4. • Fase 4 – Gerenciar a empresa criada: muitas vezes as três fases anteriores acontecem sem maiores problemas, porém é exatamente nesta fase que eles começam a apare- cer, e aí tudo aquilo que foi planejado precisa ser colocado em prática. Vale lembrar que nem sempre se tem a experiência necessária ou nem tudo que se planejou deu certo. Se o negócio for novo, a Fase 4 é o momento adequado para se minimizar os proble- mas iniciais, apertar os parafusos e ajustar tudo aquilo que fugiu ao planejamento. Se o negócio já estiver andando, esta fase será sempre a fase de garantir que o planeja- mento seja devidamente respeitado. SAIBA MAIS! Para que você possa compreender de forma prática o processo empreendedor, leia este artigo de José Dornelas sobre a execução prática: <http://www.josedornelas. com.br/artigos/4-3-executando-o-processo-empreendedor/>. Fechamento Ao estudar este tema você pôde entender o que é importante em cada etapa do processo de empreender e o que é necessário para ser bem-sucedido. Nesta aula, você teve a oportunidade de: • conhecer as características e o contexto do processo de empreender; • saber que fatores pessoais, sociológicos, organizacionais e questões encontradas nos ambientes podem influenciar o processo de empreender; • aprender sobre cada fase ou etapa do processo de empreender: identificar e analisar a oportunidade (Fase 1), desenvolver o plano de negócios (Fase 2), identificar e captar recursos (Fase 3) e gerenciar a empresa (Fase 4). • entender que essas fases são fundamentais e podem até mesmo ocorrer simultaneamente. Referências BARONET, John. Criatividade na concepção de empresas. In: FILION, Louis; DOLABELA, Fernando. (Org.) Boa Ideia! E Agora? São Paulo: Cultura Editores Associados, 2000. BARON, Robert; SHANE, Scott. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson Learning, 2007. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2005. DORNELAS, José. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. DORNELAS, José. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. DOLABELA, Fernando. Boa ideia! E agora? Plano de negócio, o caminho seguro para criar e geren- ciar sua empresa. São Paulo: Cultura Editores Associados, 2003. _________ Empreendedorismo. Como montar um plano de negócios simples e prático. 2011. Dispo- nível em: <http://www.josedornelas.com.br/artigos/900/>. Acesso em: 06 dez. 2016. DORNELAS, J. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. FARIA, Maria de Fátima Bruno de; ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. Estímulos e barreiras à criati- vidade no ambiente de trabalho. RAUSP - Revista de Administração da Universidade de São Paulo São Paulo, v. 31, n. 2, 50-61, 1996. FERREIRA, Manuel Portugal; SANTOS, João Carvalho; SERRA, Fernando A. Ribeiro. 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