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Terapia racional emotiva A Terapia Racional Emotiva (TRE) é uma terapia cognitivo-comportamental que tem como base a ideia de que as nossas emoções e os nossos comportamentos são resultantes das crenças do indivíduo, da interpretação que fazemos da nossa realidade. A TRE examina tanto as inferências que fazemos sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre o mundo em geral como também a nossa filosofia básica. Modelo A – B – C A- Acontecimento ativante B- Crenças C- Consequências (emocionais e comportamentais) Para a TRE, o transtorno psicológico se dá em função da avaliação irracional que o indivíduo faz da realidade. A avaliação irracional deriva das exigências, dos pensamentos absolutistas “tenho que” e “devo” sobre si mesmo, sobre os outros e sobre a vida em geral. Inferências derivadas do pensamento irracional absolutista: 1 – Catastrofismo: ressaltar em excesso o negativo. 2 – “Não posso suportar”: exagerar o insuportável de uma situação. 3 – Condenação: comprometimento do seu valor enquanto pessoa como consequência do seu comportamento. Também se aplica aos outros e à vida em geral. (quando os demais não proporcionam o que o indivíduo acredita merecer). Análise Comportamental proposta pela TRE: A- Fato, acontecimento (evento ativador); B- Crenças (mediação cognitiva); C- Consequências (emocionais e/ou comportamentais); D- Discussão sobre B (debate ou refutação: método principal para substituição da crença irracional); E- Reestruturação Cognitiva. Objetivo primordial do terapeuta: ensinar o cliente meios para compreender a si mesmo. Objetivo da TRE: superar a irracionalidade e ser o indivíduo seu próprio terapeuta. Três proposições fundamentais definem as características que estão no núcleo da terapia cognitiva: 1 – A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada. 2 – A atividade cognitiva influencia o comportamento. 3 – O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva. PRINCÍPIOS DA TCC 1 – A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos. 2 – A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura. Ingredientes básicos: cordialidade, empatia, atenção, respeito genuíno e competência. 3 – A terapia cognitiva enfatiza colaboração e participação ativa. O terapeuta encoraja o paciente a ver a terapia como um trabalho em equipe. No início, o terapeuta é mais ativo em sugerir uma direção para as sessões, mas ao longo do trabalho ele vai encorajando o paciente a tornar-se mais ativo em seu processo terapêutico. 4 – A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas. O terapeuta presta atenção especial aos obstáculos que impedem o paciente de resolver problemas e atingir metas por si mesmo. 5 – A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o presente. A atenção é voltada ao passado em três circunstâncias: quando o paciente expressa uma forte predileção em fazer isso; quando o trabalho voltado aos problemas atuais produz pouca ou nenhuma mudança cognitiva, comportamental e emocional ou quando o terapeuta julga que é importante compreender como e quando ideias disfuncionais importantes se originaram e como essas ideias afetam o paciente hoje. 6 – A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar ao paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção de recaída. O terapeuta não ajuda somente o paciente a estabelecer metas, identificar e avaliar pensamentos e crenças e planejar mudança comportamental, mas também ensina COMO fazer isso. 7 – A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado. Nem todos os pacientes fazem progresso suficiente com poucos meses de terapia e por isso alguns pacientes vão precisar de um ou dois anos e possivelmente até mais para modificar suas crenças disfuncionais muito rígidas. 8 – As sessões de terapia são estruturadas. Não importa o diagnóstico ou estágio do tratamento, o terapeuta cognitivo tende a aderir a uma estrutura estabelecida em cada sessão. 9 – A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais. 10 – A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e comportamento. O terapeuta seleciona as técnicas com base em sua formulação de caso e seus objetivos em sessões específicas. A evolução da terapia pode ser subdividida em cinco etapas: • Avaliação clínica; • Formulação e discussão; • Intervenção terapêutica; • Acompanhamento; • Encerramento. A conceituação cognitiva envolve: • Dados relevantes da infância; • Crenças centrais; • Crenças intermediárias; • Situação; • Pensamentos automáticos; • Emoção/sentimento; • Comportamento. MÉTODOS E TÉCNICAS Respiração diafragmática: • Serve para situações de ansiedade em que não se pode fazer o relaxamento. 1 – Relaxamento Progressivo (CABALLO): B Baseado na contração dos músculos. 2 – Relaxamento Passivo: Baseado somente no relaxamento dos músculos. 3 – Relaxamento Autógeno • Trabalha somente com palavras. • Indução: • Primeiro trabalha com sensação de peso e calor nas extremidades; • Regulação dos batimentos cardíacos; • Sensação de tranquilidade e confiança em si mesmo; • Concentração passiva em sua respiração. DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA – WOLPE • Ao vivo. • Imaginação. Bem aplicada, tem tendência a reduzir até 70% do medo e os 30% podem ser treinados ao vivo sem a nossa presença. WOLPE Método para eliminar hábitos neuróticos de resposta de ansiedade gradativamente. Estado fisiológico inibitório induzido no paciente através de relaxamento muscular. É, então, exposto a um estímulo fraco de eliciação da ansiedade. A exposição repetida até que o estímulo perca completamente a sua capacidade de eliciar a ansiedade. Então, estímulos progressivamente mais fortes são introduzidos e igualmente tratados. CABALLO É uma intervenção terapêutica desenvolvida para eliminar comportamentos de medo e síndromes de evitação. O procedimento consta de dois componentes: 1 – Consiste em ensinar ao paciente uma resposta contrária à ansiedade (relaxamento); 2 – Implica em uma exposição graduada ao estímulo provocador de medo. A exposição pode ser concretizada através da imaginação ou ao vivo. MODELAGEM • Consiste no uso do reforçamento diferencial para desempenhos progressivamente mais semelhantes ao desempenho final desejado. MODELAÇÃO • Consiste na observação de alguém desempenhando adequadamente os comportamento-alvo; • É utilizada juntamente com instruções, feedback e reforçamento. Curtograma Cartões de enfrentamento Têm como finalidade criar estratégias para que o paciente lide com pensamentos negativistas que, muitas vezes, o impede de resolver determinadas situações. Distorções Cognitivas ou Erros Cognitivos Falha no processamento de informações, o que faz com que o paciente mantenha seus esquemas distorcidos apesar de provas contrárias. Catastrofização: Pensar que o pior de uma situação irá acontecer sem levar em consideração a possibilidade de outros desfechos. Acreditar que o que aconteceu ou irá acontecer será terrível e insuportável. Eventos negativos que podem ocorrer são tratados como catástrofes intoleráveis, em vez de serem vistos em perspectiva. Exemplo: “Perder o emprego será o fim da minha vida”. Raciocínio Emocional (emocionalização) Presumir que sentimentos são fatos. “Sinto, logo existe”. Pensar que algo é verdadeiro porque tem um sentimento (na verdade, um pensamento) muito forte a respeito. Deixar os sentimentos guiarema interpretaçãoda realidade. Presumir que as reações emocionais necessariamente refletem a situação verdadeira. Exemplo: “Eu sinto que minha mulher não gosta mais de mim”. Polarização (pensamento tudo ou nada, dicotômico) Ver a situação em duas categorias apenas, mutuamente exclusivas, em vez de um continuum,.Perceber eventos ou pessoas em termos absolutos. Exemplo: “Deu tudo errado na festa”. Abstração Seletiva (visão de túnel, filtro mental, filtro negativo) Um aspecto de uma situação complexa é o foco da atenção, enquanto outros aspectos relevantes da situação são ignorados. Uma parte negativa (ou mesmo neutra) de toda uma situação é realçada, enquanto todo o restante positivo não é percebido. Exemplo: “Veja todas as pessoas que não gostam de mim”. Adivinhação Prever o futuro. Antecipar problemas que talvez não venham a existir. Expectativas negativas estabelecidas como fatos. Exemplo: “Não irei gostar da viagem”. Leitura Mental Presumir, sem evidências, que sabe o que os outros estão pensando, desconsiderando outras hipóteses possíveis. Exemplo: “Ela não está gostando da minha conversa”. Rotulação Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo, numa pessoa ou situação, em vez de rotular a situação ou comportamento específico. Exemplo: “Ele é uma pessoa má”. Desqualificação do positivo Experiências positivas e qualidades que conflituam com a visão negativa são desvalorizadas porque “não contam” ou são triviais. Exemplo: “Eles só estão elogiando meu trabalho porque estão com pena”. Minimização ou maximização Características e experiências positivas em si mesmo, no outro ou nas situações são minimizadas, enquanto o negativo é maximizado. Exemplo: “Eu tenho um ótimo emprego, mas todo mundo tem”. Personalização Assumir a culpa ou responsabilidade por acontecimentos negativos, falhando em ver que outras pessoas e fatores também estão envolvidos nos acontecimentos. Exemplo: “O chefe está com a cara amarrada, devo ter feito algo errado. A culpa é minha”. Hipergeneralização Perceber num evento específico um padrão universal. Uma característica específica em uma situação é avaliada como acontecendo em todas as situações. Exemplo: “Eu sempre estrago tudo”. Imperativos (“deveria” e tenho que”) Interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser, em vez de simplesmente considerar como as coisas são. Afirmações absolutistas na tentativa de prover motivação ou modificar comportamento. Demandas feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as consequências do não cumprimento dessas demandas. Vitimização Considerar-se injustiçado ou não entendido. A fonte dos sentimentos negativos é algo ou alguém, havendo recusa ou dificuldade de se responsabilizar pelos próprios sentimentos ou comportamentos. Exemplo: “Faço tudo pelos meus filhos e eles não me agradecem. Exemplo: Eu devo ser perfeito em tudo que faço”. Questionalização (E se?) Focar o evento naquilo que poderia ter sido e não foi. Culpar-se pelas escolhas do passado e questionar-se por escolhas futuras. Exemplo: “Se eu tivesse aceitado o outro emprego, estaria melhor agora”. TRANSTORNOS DE HUMOR Transtorno Depressivo Unipolar: O principal sintoma é a depressão. Transtorno Distímico: Uma forma menos severa da depressão. Transtornos bipolares: Sintomas se alternam entre mania e depressão. Transtorno ciclotímico: Uma forma menos severa da bipolaridade. 1. Episódio Depressivo único: É a característica clínica através da qual se apresentam os transtornos depressivos, entretanto, sendo único na vida da pessoa, não deve ser caracterizado como recorrente. 2. Transtorno Depressivo Recorrente: É quando ocorre mais de um Episódio Depressivo, havendo normalidade afetiva entre eles. 3. Transtorno Afetivo Bipolar: É quando se sucedem Episódios Depressivos e Episódios Eufóricos, não necessariamente nessa ordem. 4. Transtorno Distímico: É quando não existem Episódios Depressivos, mas há longos períodos de humor rebaixados. Modelo cognitivo da depressão • Tríade Cognitiva; • Esquemas ou crenças; “Padrões cognitivos relativamente estáveis formam a base da regularidade das interpretações de um conjunto específico de situações”. Os esquemas são construídos a partir das experiências iniciais do indivíduo e são ativadas por situações específicas que rememoram as experiências iniciais que foram responsáveis pela elaboração de atitudes negativistas. • Erros Cognitivos. Falha no processamento de informações, o que faz com que o paciente deprimido mantenha seus esquemas distorcidos apesar de provas contrárias. Personalização: Tendência do paciente em atribuir para si próprio acontecimentos externos, mesmo não existindo ligação alguma. Hipergeneralização: Perceber num evento específico um padrão universal. Uma característica específica numa situação é avaliada como acontecendo em todas as situações. Pensamento Dicotômico Absolutista: Tendência em colocar os eventos em lados opostos (competente/incompetente; sucesso/fracasso); Catastrofização: Pensar que o pior de uma situação irá acontecer sem levar em consideração a possibilidade de outros desfechos. Acreditar que o que aconteceu ou irá acontecer será terrível e insuportável. Eventos negativos que podem ocorrer são tratados como catástrofes intoleráveis, em vez de serem vistos em perspectiva. Raciocínio Emocional (emocionalização): Presumir que sentimentos são fatos. “Sinto, logo existe”. Pensar que algo é verdadeiro porque tem um sentimento (na verdade, um pensamento) muito forte a respeito. Deixar os sentimentos guiarem a interpretação da realidade. Presumir que as reações emocionais necessariamente refletem a situação verdadeira. Adivinhação: Prever o futuro. Antecipar problemas que talvez não venham a existir. Expectativas negativas estabelecidas como fatos. Abstração Seletiva (visão de túnel, filtro mental, filtro negativo): Um aspecto de uma situação complexa é o foco da atenção, enquanto outros aspectos relevantes da situação são ignorados. Uma parte negativa (ou mesmo neutra) de toda uma situação é realçada, enquanto todo o restante positivo não é percebido. Leitura Mental: Presumir, sem evidências, que sabe o que os outros estão pensando, desconsiderando outras hipóteses possíveis. Questionalização (E se?): Focar o evento naquilo que poderia ter sido e não foi. Culpar-se pelas escolhas do passado e questionar-se por escolhas futuras. Rotulação: Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo, numa pessoa ou situação, em vez de rotular a situação ou comportamento específico. Minimização ou maximização: Características e experiências positivas em si mesmo, no outro ou nas situações são minimizadas, enquanto o negativo é maximizado. Imperativos (“deveria” e tenho que”): Interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser, em vez de simplesmente considerar como as coisas são. Afirmações absolutistas na tentativa de prover motivação ou modificar comportamento. Demandas feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as consequências do não cumprimento dessas demandas. Ideação suicida • É necessário que o terapeuta identifique rapidamente os desejos suicidas, pois a intervenção deve ser imediata e sem possibilidades de erros. • Para uma intervenção eficaz, Beck (1997) considera como essencial que o terapeuta entenda porque o paciente considera o suicídio como única alternativa para todos os seus problemas. • A desesperança, o pessimismo, o desejo de fazer testamento e uma súbita tranquilidade são fortes indícios de ideação suicida. • Quebra do sigilo terapêutico. TRANSTORNOS DE ANSIEDADEDe acordo com Beck e Clark cinco critérios podem ser usados para diferenciar os estados anormais de medo e ansiedade. 1 –Cognição disfuncional: Um princípio central da teoria cognitiva da ansiedade está relacionada ao fato de que medo e ansiedade anormais resultam de uma falsa suposição envolvendo uma interpretação errônea de perigo de uma situação que não é comprovada por uma observação direta. A ativação das crenças disfunções (esquemas) sobre ameaça e erros de processamento cognitivo associados levam ao medo acentuado e excessivo que é incongruente com a realidade objetiva da situação.Beck e Clark, 2012, p. 17 2 –Funcionamento prejudicado: A ansiedade clínica interferirá diretamente no enfrentamento efetivo e adaptativo em face a uma ameaça percebida e, de modo mais geral, no funcionamento social e ocupacional diário do indivíduo. 3 –Manutenção: Em condições clínicas, a ansiedade persiste muito mais tempo do que seria esperado sob condições normais. Lembrando que a ansiedade estimula uma perspectiva orientada ao futuro, que envolve a antecipação de ameaça ou perigo. Beck e Clark, 2012, p. 17 3 –Manutenção: Em condições clínicas, a ansiedade persiste muito mais tempo do que seria esperado sob condições normais. Lembrando que a ansiedade estimula uma perspectiva orientada ao futuro, que envolve a antecipação de ameaça ou perigo. Beck e Clark, 2012, p. 17 4 –Alarmes falsos: Nos transtornos de ansiedade encontra-se frequentemente a ocorrência de alarmes falsos, que Barlow (2000, p.220 citado por Beck e Clark, 2012) define como “medo ou pânico acentuado que ocorre na ausência de qualquer estímulo ameaçador da vida, aprendido ou não”. Um ataque de pânico espontâneo ou inesperado é um ótimo exemplo de uma alarme falso.5 – Hipersensibilidade a estímulo: Medo é uma resposta de aversão induzida por estímulo a um sinal externo ou interno que é percebido como uma ameaça em potencial. Em condições clínicas, o medo é evocado por uma variedade mais ampla de estímulos ou situações de intensidade relativamente leve de ameaça, que seriam percebidos como inócuos a indivíduo não temeroso. Beck e Clark, 2012, p. 17 5 –Hipersensibilidade a estímulo: Medo é uma resposta de aversão induzida por estímulo a um sinal externo ou interno que é percebido como uma ameaça em potencial. Em condições clínicas, o medo é evocado por uma variedade mais ampla de estímulos ou situações de intensidade relativamente leve de ameaça, que seriam percebidos como inócuos a indivíduo não temeroso. Beck e Clark, 2012, p. 17 Transtornos de Ansiedade (DSM 5, 2014): • Transtorno de Ansiedade de Separação; • Mutismo Seletivo; • Fobia Específica; • Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social); • Transtorno do Pânico; • Agorafobia Transtorno do pânico Perturbação que envolve súbitas, crescentes e intensas reações simpáticas. Podem estar envolvidos frequentemente comportamentos de fuga ou evitação que limitam, de forma drástica, a mobilidade e a autonomia dos pacientes. Com frequência, tentam desempenhar essas atividades com auxílio de álcool ou medicamentos, o que eventualmente cria dependências químicas de forma secundária. À medida que outros ataques ocorrem, começam a surgir a ansiedade antecipatória e a ideação sobre novos ataques, o que leva, em geral, ao desenvolvimento de respostas de evitação que virão caracterizar o quadro de agorafobia. Em muitos casos, um ataque de pânico pode ser disparado durante o uso de alguma substância, como a maconha, a cocaína, as anfetaminas e os alucinógenos, em que os efeitos somáticos ou cognitivos podem ser experimentados subjetivamente de forma catastrófica. Síndromes de abstinência de substâncias sedativas, como o álcool, os benzodiazepínicos e outros hipnóticos também podem induzir ataques de pânico. De acordo com o DSM –5 (APA, 2014, p.119) o ataque de pânico é: •Surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia; 2. Sudorese; 3. Tremores ou abalos; 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento; 5. Sensações de asfixia; 6. Dor ou desconforto torácico; 7. Náusea ou desconforto abdominal; 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio; 9. Calafrios ou ondas de calor; 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento; 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo); 12. Medo de perder o controle ou enlouquecer; 13. Medo de morrer. Ainda de acordo com o DSM – 5 (APA, 2014, p.119 e 120) para o diagnóstico do transtorno do pânico é importante que pelo menos um dos ataques tenha recorrências, além de uma ou mais de uma das seguintes características: 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (por exemplo, perder o controle, ter um ataque cardíaco, enlouquecer). 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionado aos ataques (por exemplo, comportamentos que têm por finalidade evitar ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). Terapia Cognitiva para o transtorno do pânico: Para Beck e Clark (2012, p. 316) há cinco metas principais que vão definir o tratamento para o pânico na terapia cognitiva: 1- Reduzir a sensibilidade e responsividade a sensações físicas e mentais relacionadas ao pânico; 2- Enfraquecer a interpretação catastrófica errônea e os esquemas de ameaça hipervalente subjacentes de estados corporais ou mentais; 3- Aumentar as capacidades de reavaliação cognitiva que resultam em adoção de uma explicação alternativa mais benigna e realista para sintomas aflitivos; 4- Eliminar a evitação e outros comportamentos de busca de segurança mal adaptativos; 5- Aumentar a tolerância à ansiedade ou desconforto e restabelecer um senso de segurança. Beck e Clark (2012, p. 317) indicam ainda os principais elementos que devem compor o tratamento da terapia cognitiva para o transtorno do pânico. São eles: 1- Educação no modelo de terapia cognitiva do pânico; 2- Ativação do esquema e indução do sintoma; 3- Reestruturação cognitiva de interpretações errôneas; 4- Teste empírico da hipótese da explicação alternativa; 5- Exposição in vivo gradual; 6- Tolerância ao sintoma e reinterpretação da segurança; 7- Prevenção de recaída; 8- Retreinamento da respiração (opcional). TRANSTORNOS ALIMENTARES Fome: O controle da ingestão alimentar e o balanço energético são influenciados por vários fatores que, se alterados, podem resultar em distúrbios alimentares; A fome é uma sensação consciente regulada pelo hipotálamo. Existem grupos de neurônios no hipotálamo que regulam o apetite (centro da saciedade no hipotálamo medial e um centro da fome no hipotálamo lateral); Estímulos periféricos associados com o odor, paladar, contrações no estômago, taxa metabólica e temperatura corporal também são importantes na regulação do apetite; A utilização da glicose pelas células hipotalâmicas é um fator importante na regulação do apetite. Transtornos alimentares: Desvios do comportamento alimentar que podem levar ao emagrecimento extremo (caquexia) ou à obesidade, entre outros problemas físicos e incapacidades. Anorexia Nervosa Recusa a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura; Critérios Diagnósticos: Restriçãoda ingestão calórica em relação às necessidades, levando a um peso corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Peso significativamente baixo é definido como peso inferior ao mínimo normal ou, no caso de crianças e adolescentes, menor do que o minimamente esperado. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso significativamente baixo. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou da forma corporal na auto avaliação ou ausência persistente, de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. Tipo restritivo: Durante os últimos três meses, o indivíduo não se envolveu em episódios recorrentes de compulsão alimentar ou comportamento purgativo. Esse subtipo descreve apresentações nas quais a perda de peso seja conseguida essencialmente por meio de dieta, jejum e/ou exercício excessivo. Tipo compulsão alimentar purgativa: Nos últimos três meses, o indivíduo se envolveu em episódios recorrentes de compulsão alimentar purgativa. Os principais objetivos da TCC para a anorexia são: • Aceitação de um peso considerado normal; • Aumento da autoestima; • Treinamento de Habilidades Sociais; • Modificação de crenças associadas; • Diminuição da prática de exercícios. Principais dificuldades para a adesão: • Intercorrências clínicas; • Tratamento após acentuada perda de peso; • Ausência de insight sobre o problema; • Distúrbio de imagem corporal associado; • Medo de voltar a comer e perder o controle sobre o peso; • Eliminação da única evidência de sucesso; • Ganhos com a AN (anorexia nervosa). Estratégias para aumentar a adesão: • Avaliação das vantagens e desvantagens de manter a AN; • Focalização inicial em aspectos associados (ansiedade, tristeza, culpa, dificuldades interpessoais,problemas familiares); • Possibilidade de internação (aliança para evitá-la – não deve assumir forma de ameaça). A internação é prevista para um IMC abaixo de 13,5 indicando perigo de vida. • Aliança com a família e os amigos (é importante saber avaliar quando a família deve ser retirada do tratamento); • Iniciar aos poucos uma linha de questionamento que possa introduzir dúvidas no sistema de crenças. Programa de redução da restrição alimentar Estágio I • Manutenção de uma ingestão calórica mínima; • Estabelecimento de um padrão regular de alimentação (alimento = remédio); • Aumento gradual do número de refeições; • Pedir que use roupas largas e com elástico nas refeições. Estágio II • Aumento gradual do valor calórico dos alimentos; • Ingestão de alimentos com teor calórico desconhecido; • Alimentação em situações variadas; • Ingestão de beliscos; • Desencorajar a alimentação excessiva (pois pode abrir um episódio de compulsão alimentar – ECA); • Pedir ao paciente que organize sua própria alimentação. Nos casos de AN normalmente faz-se a monitoração do peso da paciente (feita geralmente pela nutricionista) com os seguintes objetivos: • Correção das crenças disfuncionais; • Avaliação da melhora; • Aprender a lidar com as variações de peso; • A equipe possui normalmente uma determinação do ganho de peso semanal necessário que, em geral, não é revelado para a paciente; • Deve-se diferenciar o aumento de peso do fato de estar engordando; • No final do tratamento, elimina-se a pesagem podendo-se utilizar ainda algumas medidas indiretas (pregas de roupas; imagem corporal...). Bulimia nervosa Episódios recorrentes de compulsão periódica seguidos de comportamento compensatório; Critérios Diagnósticos (DSM – 5) A- Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 1. Ingestão, em um período de tempo determinado (por exemplo, dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes; 2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (por exemplo, sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo). B- Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. C- A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. D- A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelos pesos corporais. E- A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa. Os principais aspectos da TCC para a bulimia são: • Baseia-se na concepção cognitiva da manutenção da bulimia; • Visa mudar não apenas o comportamento mas, também, as atitudes quanto à forma e ao peso; • Usa uma combinação de procedimentos cognitivos e comportamentais no tratamento (as técnicas mais utilizadas são a reestruturação cognitiva, automonitoração, educação, medidas de autocontrole para estabelecer um padrão alimentar regular etc...). Na bulimia em geral trabalha-se da seguinte forma: • Explicação do modelo de tratamento (psicoeducação); • Explicação da patologia (psicoeducação); • Explicação dos fatores mantenedores; • Encaminhamento, se necessário, para outros profissionais; • Automonitoração da alimentação e do peso (algunss pacientes têm dificuldade em passar para uma medição de peso semanal, tendo em vista que podem chegar a se pesar 20 vezes por dia); • Discutir e esclarecer o conceito de ECA; • Estabelecer um padrão regular de alimentação; • Diminuir a exposição a alimentos; • Prevenção de recaídas. • O tratamento da bulimia é um processo ativo que envolve três estágios: • 1o – A visão cognitiva da bulimia é delineada e as técnicas comportamentais são utilizadas para ajudar o paciente a recuperar o controle sobre o consumo alimentar. • 2o – Ênfase no exame e na modificação, com a utilização das técnicas comportamentais para acabar com qualquer tendência a fazer regimes, e para modificar as preocupações com relação à forma e ao peso. • 3o – Enfoque na manutenção da mudança – normalmente se utiliza cerca de três entrevistas com periodicidade quinzenal para a realização deste passo. O objetivo é assegurar que o progresso se mantenha em seguida ao encerramento do tratamento. Transtorno de compulsão alimentar periódica: Presença de compulsão alimentar com subsequente angústia devido à ausência de comportamentos compensatórios.
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