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Gabriela Ramos – M23 Insuficiência cardíaca INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca é a via final comum de praticamente todas as cardiopatias, por definição é uma síndrome em que o coração é insuficiente para manter as demandas metabólicas do organismo. Qualquer doença que cause necrose miocárdica, ou produza sobrecarga de pressão, ou de volume pode induzir disfunção miocárdica e insuficiência cardíaca. Podendo ocorrer por um defeito na própria bomba (coração) ou por algum desequilíbrio da demanda, como acontece em patologias que aumentam exacerbadamente a demanda metabólica e o coração não é capaz de suprir isso. Ex.: Hipertireoidismo, em que tireotoxicose pode se manifestar como uma insuficiência em que o coração está normal, mas o metabolismo está desproporcionalmente maior. O fato de um indivíduo apresentar uma insuficiência não implica que incialmente já irá apresentar sintomas, pois o corpo apresenta uma série mecanismos compensatórios que permitem que o paciente seja assintomático por um grande período de tempo. No entanto, esses mecanismos compensatórios que tentam manter a função adequada acabam piorando a doença de base que é a insuficiência cardíaca. Dessa maneira, os focos para o tratamento são justamente esses mecanismos compensatórios. A IC tem sido descrita como uma enfermidade progressiva desencadeada a partir de um insulto inicial que acomete o músculo cardíaco, com resultante perda de massa muscular ou, alternativamente, prejudica a habilidade desse miocárdio de gerar força e manter sua função adequada. CLASSIFICAÇÕES: Atualmente, a insuficiência cardíaca é classificada de acordo com a sua fração de ejeção: ➔ Fração de ejeção reduzida – disfunção sistólica ➔ Fração de ejeção preservada – disfunção diastólica Fração de ejeção = volume de ejeção/ volume diastólico final Hoje, é considerada uma fração de ejeção reduzida quando esta se encontra abaixo de 40%, e fração de ejeção preservada é aquela que está acima de 50%. Não existe uma classificação para FE entre 40% e 50%, mas esses casos são tratados como se a FE fosse reduzida. A FEVE reduzida implica um mau prognóstico. A terapêutica tem efetividade para os casos em que a fração de ejeção está reduzida, sendo a IC com fração de ejeção preservada um desafio para o seu tratamento. Existe um perfil para as pessoas com IC de FE preservada: são mulheres de meia idade, peso (?) e hipertensas. Como ocorre IC nesses pacientes com FE preservada? A disfunção nesses pacientes é predominantemente diastólica. Dessa forma, esses pacientes possuem clínica de IC, FE ecocardiograficamete > 50% e disfunção diastólica. Classificação da American Heart association: A classificação da AHA divide a doença em estágios A, B, C e D. Um paciente que evolui de um estágio para outro nunca retorna para o anterior, a evolução é sempre unidirecional. Os estágios são melhores para se usar em estudos científicos. Estágio A: paciente que ainda não tem insuficiência cardíaca, mas tem uma doença que predispõe: HAS, DM, aterosclerose etc. Nesse caso ele não tem doença cardíaca estrutural e não é sintomático. • A partir do momento em que surge uma doença cardíaca estrutural, ele deixa de ser estágio A e passa a ser estágio B. Estágio B: Presença de doença cardíaca estrutural (IM prévio, hipertrofia VE, FEVE reduzida, dilatação VE etc), no entanto o indivíduo se encontra assintomático. • A partir do momento que desenvolve sintomas migra para o estágio C Estágio C: Paciente que está sintomático ou que já esteve sintomático em algum momento. • Lembre-se que a evolução dos estágios é unidirecional, portanto mesmo um indivíduo que tinha sintomas, mas que foi tratado e está compensado e no momento se encontra assintomático é classificado como estágio C. Continuam a receber tratamento com agentes que melhoram sua história natural: beta bloqueadores e inibidores do SRAA. Estágio D: paciente que apresenta sintomas de difícil controle, sendo uma IC refratária. Classe funcional Ambulatorialmente, nós usamos outra classificação, esta avalia a IC em classe funcional I, II, III e IV: I) Pct assintomático em geral, mas que pode desenvolver sintomas ao desempenhar esforços muito acima dos habituais. II) Pct sintomático em suas atividades habituais III) Pct sintomático em atividades abaixo das habituais IV) Pct sintomático mesmo em repouso • A classe funcional PODE REGREDIR, sendo este o objetivo do tratamento. Perfil hemodinâmico Existe ainda uma classificação usada para insuficiência cardíaca aguda, tendo como finalidade a indicação terapêutica. Sendo uma classificação de acordo com o PERFIL HEMODINÂMICO. Quente e frio está relacionado a perfusão. Seco e úmido está relacionado à congestão (pulmonar ou sistêmica): QUENTE E SECO: pct bem perfundido (sem baixo débito) e sem sinais de congestão; QUENTE E ÚMIDO: Pct sem baixo débito, mas com sinais de congestão. Padrão mais comum na emergência. FRIO E ÚMIDO: pct apresenta baixo débito e sinais de congestão. FRIO E SECO: Pct com baixo débito, mas sem sinais de congestão, geralmente se trata de uma insuficiência cardíaca associada a hipovolemia. Sendo frequente em pacientes que chegam úmidos e são feitos diuréticos para seca-los, se secar demais a conduta é reidratar o pct. Todas as cardiopatias podem desencadear uma IC, mas aquelas de maior prevalência são a doença arterial coronariana e a hipertensão sistêmica. Ex.: A miocardiopatia restritiva pode gerar uma IC de FE preservada; a miocardiopatia hipertensiva pode gerar um IC inicialmente com FE preservada e depois evoluir com uma FE reduzida. DÉBITO CARDÍACO = DÉBITO SISTÓLICO X FREQUÊNCIA CARDÍACA. VALOR NORMAL ENTRE 4,5-6,5 L/MIN FISIOPATOLOGIA DA IC: Mesmo após a instalação de disfunção cardíaca, a maioria dos pacientes pode permanecer assintomática devido aos mecanismos adaptativos neuro-hormonais dentre os quais destacam-se o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e o sistema nervoso simpático (SNS). Essas adaptações ocorrem de forma imediata. A longo prazo, outro mecanismo adaptativo é o remodelamento ventricular, em que fatores neuro-hormonais, mecânicos e, possivelmente, genéticos alteram o tamanho, a forma e a função ventricular. A disfunção pode ser provocada ainda por um desbalanço entre a morte celular (por necrose ou apoptose) e a capacidade tecidual de regeneração. Quando ocorre a falência dos mecanismos adaptativos, principalmente do remodelamento ventricular, a IC torna-se francamente sintomática. Quando existe uma redução da função cardíaca, a tendência é que haja uma redução do débito cardíaco, da pressão arterial etc. Para minimizar os efeitos dessa redução mecanismos compensatórios relacionados ao SNA começam a atuar. Dessa forma, a redução do débito cardíaco com a concomitante redução da PA estimula a atividade simpática e inibem a parassimpática (ele explica como é atuação da atividade simpática, mas não consegui ouvir); a hiperatividade simpática a princípio consegue manter o DC e a PA normais, através do aumento da frequência cardíaca e a vasoconstrição periférica. Inicialmente isso tem um efeito positivo, mas a longo prazo esse aumento da vasoconstrição periférica vai prejudicar a perfusão tecidual. A hipoperfusão tecidual crônica, lesa os tecidos provocando uma resposta inflamatória. Por esta razão as células começam a produzir mediadores inflamatórios, fator de necrose tumoral e outras substâncias que atuam na resposta inflamatória, desenvolvendo nos indivíduos um quadro de inflamação sistêmica. Além disso, a inflamação aumenta o risco de trombose,estimula a apoptose celular. A caquexia cardíaca pode ser observada em situações extremas, pacientes como hipoperfusão tecidual de longa data apresentam perda efetiva de massa tecidual, sendo o mecanismo dessa caquexia provocado pela inflamação. O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) também está hiperativo, a baixa perfusão do tecido renal além do próprio estímulo simpático nos receptores (beta-1?) vai aumentar a produção de renina, o que aumenta a ativação do SRAA, há o aumento da produção de angiotensina II que é um potente vasodilatador, estimula hipertrofia muscular lisa, apoptose e substituição fibrosa, e que estimula a produção de aldosterona que promove o aumento da volemia (em uma fase inicial a retenção de sódio e de líquido está equilibrada, mas em situações mais avançadas pode existir uma maior retenção de líquido em detrimento da quantidade de sódio, o que gera um quadro de hiponatremia). Além disso, existe a produção dos peptídeos natriuréticos atriais que são substancias compensatórias produzidas pelo coração, então na presença de aumento de pressão de enchimentos cavitais ocorre a estimulação da produção desses peptídeos que são potentes vasodilatadores e estimulam a secreção de sódio e água, no entanto chega um ponto que a quantidade de peptídeo natriurético que é produzido fisiologicamente é insuficiente para compensar a vasoconstrição. DIAGNÓSTICO A) Objetivos: 1) Confirmar diagnóstico: → o sintoma mais exuberante da insuficiência cardíaca é a dispneia, que está relacionada com o aumento da pressão no capilar e a congestão pulmonar, além disso pode apresentar os quadros relacionados a congestão sistêmica. A insuficiência cardíaca esquerda é mais comum, e vai apresentar inicialmente sintomas congestivos, para que existam sintomas de baixo débito geralmente leva um tempo. Com o evoluir da insuficiência cardíaca esquerda o pct pode desenvolver uma IC direita. 2) Etiologia 3) comorbidades associadas → HAS, DAC, DM, doença cerebrovascular etc. 4) Prognóstico B) Quadro clínico: O quadro clínico pode estar associado a sintomas congestivos ou de baixo débito, sendo os sintomas de baixo débito em fases mais avançadas enquanto os de congestão são os mais comuns. Sinais e sintomas congestivos: dispneia, estertores, pressão venosa jugular elevada e edema. Sinais e sintomas de baixo débito: prejuízo na tolerância ao exercício, fadiga, sinais de hipoperfusão e disfunção renal - Insuficiência cardíaca esquerda → congestão pulmonar = dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna. - insuficiência cardíaca direita → congestão sistêmica = turgência jugular patológica, hepatomegalia, ascite, edema de MMII (edema de extremidades que se resolve durante a noite) Os sintomas mais comuns são dispneia e fadiga, mas não são específicos. Os sintomas mais específicos são ortopneia, dispneia paroxística noturna e edema, sendo menos comuns. No entanto nenhum desses sintomas pode estar presente. A respiração de Cheyne-Stokes, ou a respiração periódica, é comum na insuficiência cardíaca avançada. Edema pulmonar agudo: resulta de uma transudação de líquido para dentro dos espações alveolares devido a elevações agudas nas pressões hidrostáticas capilares. Os sintomas associados inicialmente são a tosse e a dispneia, progressiva, mas se o edema não for tratado o paciente passa a tossir um líquido róseo, espumoso, tornando-se cianótico e acidótico. Derrames pleurais são razoavelmente comuns na IC crônica. Pode ocorrer derrame pericárdico, mas é raro. Achados no exame clínico (nos pcts descompensados) • Aparência e sinais vitais: inquietação, dispneia, palidez e diaforese. aumento da FC. extra-sístoles ou arritmias. pulsus alternans (amplitude alternante de batimentos sucessivos) sinal de falência cardíaca avançada ou um grade derrame pericárdico. PA no limite inferior do normal ou abaixo. • Veias jugulares e exame do pescoço: elevação da pressão venosa jugular ou refluxo abdominojugular estão presentes em 80% dos casos de IC avançada. Avaliar os pulsos carotídeos. Pesquisar anormalidades tireoideanas • Exame pulmonar: estertores (representando líquido alveolar) • Exame cardíaco: posição do ictus (dilatação e hipertrofia). Pulsações precordiais adicionais indicando um aneurisma ventricular esquerdo. Uma elevação paraesternal indica hipertensão pulmonar grave. B1 com amplitude diminuída devido a disfunção do VE, e o componente pulmonar da segunda bulha (P2) pode estar acentuado quando há hipertensão pulmonar. Uma B3 apical nos pcts com FE baixa e pressão de enchimento ventricular aumentada. B4 em pcts com disfunção diastólica. B3 na borda esternal inferior esquerda ou direta ou abaixo do apêndice xifoide indica disfunção ventricular direita. Sopros podem sugerir uma doença valvar significativa, mas insuficiência mitral e tricúspide também são manifestações secundárias comuns de dilatação e disfunção ventricular grave. C) Exames complementares: Existem os exames complementares gerais e aqueles direcionados quanto a etiologia. ECG: Deve ser feito em todos os pacientes. Pode se apresentar de diversas maneiras, desde um ECG normal ou até com discretas alterações de repolarização ventricular, sobrecarga de câmaras, achados de necrose em pcts com miocardiopatia isquêmica em que há substituição fibrótica que provoca um distúrbio de condução em que a onda R diminui até desaparecer – amputação de onda R – formando o complexo QS, nas derivações periférica (V1-V6) observa-se que a onda R não cresce como é visto em um ECG normal. Nesses casos o mais comum é o distúrbio de condução esquerdo, então pct as vezes fica com um bloqueio completo do ramos esquerdo e isso gera um agravante, isso associado a uma fração de ejeção muito baixa gera uma dessincronia entre o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo, com o ventrículo direito se despolarizando antes do esquerdo, isso pode fazer com que esse paciente seja refratário, uma vez que com o VD se contraindo antes mesmo com o tratamento não se consegue reduzir a pressão no capilar pulmonar. Radiografia de tórax (olhar no livro) Exames laboratoriais: Ecocardiograma: exame importante para o diagnóstico e para a classificação. TRATAMENTO!!! Beta-bloqueador, IECA/BRA e antagoniastas de aldosterona são modificadores de prognóstico
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