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CAPÍTULO 3 – SISTEMAS DE PROTENSÃO 3.1 CABOS PROTENDIDOS ADERENTES E NÃO ADERENTES a) Cabos protendidos aderentes Têm suas extremidades ancoradas no concreto e o próprio cabo incorporado à viga, com aderência. Além de aplicarem o esforço de protensão ao concreto, podem ainda funcionar como armadura de concreto armado convencional, graças à aderência entre o cabo e o concreto. Essa característica é de grande importância no comportamento da viga, entre os estágios de fissuração e de ruptura. Os cabos aderentes, da mesma forma que as armaduras de concreto armado, limitam a abertura das fissuras, conduzindo a um grande número de fissuras de pequena abertura, oferecendo melhor proteção contra a corrosão das armaduras. b) Cabos protendidos não aderentes Têm suas extremidades ancoradas no concreto, porém não se acham incorporados à viga, não havendo aderência entre os cabos e o concreto. Estes cabos funcionam apenas como instrumentos de aplicação do esforço de protensão. Sua contribuição para a resistência à ruptura da peça é limitada pois não podem atuar como armadura de concreto armado, por ausência da aderência entre o concreto e os cabos. Nos cabos não aderentes, a abertura de uma fissura se dilui num comprimento muito grande do cabo. Obtém-se assim, um pequeno número de fissuras com grande abertura. O emprego de cabos não aderentes é limitado a situações em que a fissuração e a ruptura têm importância secundária, ou então quando se deseja poder substituir ou reprotender os cabos. 3.2 ARMADURA SUPLEMENTAR As estruturas de concreto protendido são também armadas com quantidades moderadas de armadura usual de concreto armado, a qual se denomina armadura suplementar ou passiva. A armadura suplementar tem as seguintes funções: • Na fase de execução Æ impede ou controla fissuras provocadas por retração do concreto; • No estágio pós-fissuratório da viga Æ controla a abertura das fissuras; • No estado limite último de ruptura Æ colabora com uma parcela do esforço de tração (a outra parcela é dada pela armadura de protensão). Cap. 3 – Sistemas de Protensão 2 de 11 3.3 SISTEMAS DE PROTENSÃO COM FIOS E CORDOALHAS DE AÇO a) Protensão com aderência inicial (ou protensão em bancada) É obtida esticando-se a armadura de protensão antes do endurecimento do concreto – armadura pré-tracionada. Os fios ou cordoalhas de protensão são esticados entre blocos de ancoragem fixos e são assim concretados. Obtém-se assim uma aderência imediata entre a armadura de protensão e o concreto. Após o concreto ter adquirido maturidade suficiente, as armaduras são desligadas dos blocos de ancoragem, de modo que a força de protensão se transfere ao concreto por aderência ou por dispositivos de ancoragem. Constroem-se pistas de protensão com comprimentos que podem chegar a mais de 200 metros, com encontros rígidos nas extremidades, servindo de blocos de ancoragens. Os cabos são ancorados em um extremo e esticados a partir do outro. As armaduras protendidas podem ser retilíneas ou poligonais. b) Protensão com aderência posterior A armadura de protensão é colocada solta no interior de bainhas dispostas no interior da peça a concretar. Após o endurecimento do concreto, a armadura de protensão é tensionada e ancorada nas extremidades da peça – armadura pós-tracionada. A aderência se obtém injetando-se as bainhas, após a protensão, com argamassa ou nata de cimento, a qual também protege contra a corrosão. Quanto à posição relativa do cabo e da peça de concreto, podemos ter: • cabos internos: são colocados no interior da peça de concreto, envolvidos por bainhas que impedem o contato com o concreto; • cabos externos: os cabos ficam no exterior da peça de concreto. c) Concreto protendido sem aderência A armadura de protensão fica solta no interior das bainhas, sendo capaz de deslizar. Pode-se prescindir da aderência, quando a armadura passiva for dimensionada com bastante folga, de modo a garantir a capacidade resistente e a capacidade de utilização. Neste caso, a armadura de protensão deve ser protegida contra a corrosão no interior das bainhas. Os cabos de protensão sem aderência permitem a substituição em caso de necessidade. Cap. 3 – Sistemas de Protensão 3 de 11 3.4 SISTEMAS DE ANCORAGENS 3.4.1 Ancoragens por aderência a) Fios ou cabos ancorados individualmente A ancoragem por aderência é empregada em geral para protensão com aderência inicial. A força a ancorar é cerca de 3 a 4 vezes maior que na ancoragem de barras de concreto armado de mesma seção transversal. A ancoragem por aderência, para forças tão elevadas, só pode ser garantida se for desenvolvida uma aderência mecânica, ou seja, quando a armadura de protensão for nervurada, para que se produza um endenteamento entre a armadura de protensão e o concreto. No caso de cordoalhas de 7 fios, o deslizamento é impedido pelo “efeito de saca-rolha”. No caso de forças elevadas, geralmente é necessário adotar uma armadura transversal para absorver estas forças, de preferência na forma de uma espiral cintando a região da ancoragem. b) Ancoragem de feixes de fios Os feixes de fios são dispostos em leque na extremidade do cabo de protensão por fora da bainha. Adota-se uma armadura em espiral em torno dos fios, que serve para cintar o concreto da região da ancoragem. A espiral deve também envolver a região de alargamento dos fios, a qual se estende até a bainha. c) Ancoragens em leque Para o caso de grandes cabos de protensão, constituídos de fios ou cordoalhas, foram desenvolvidas ancoragens em leque. Neste caso, a partir de um determinado ponto, a bainha se alarga em forma de trombeta e os fios ou cordoalhas são dispostos ordenadamente seguindo a direção do alargamento, até um ponto em que o espaçamento entre eles seja suficiente para que o concreto os envolva e a aderência necessária possa ser desenvolvida. Neste ponto, a trombeta é fechada por uma chapa perfurada, por onde os fios são introduzidos e fixados em suas posições definitivas. Cap. 3 – Sistemas de Protensão 4 de 11 Ancoragem em leque 3.4.2 Ancoragens em laço Os fios ou cordoalhas da armadura de protensão também podem ser ancorados em forma de laço. Este laço pode ser montado na fôrma antes da concretagem ou pode ser colocado em volta de blocos de concreto pré-fabricados. Cap. 3 – Sistemas de Protensão 5 de 11 As ancoragens em laço também podem ser empregadas com raios de curvatura pequenos, desde que o concreto seja blindado com uma chapa. 3.4.3 Ancoragens por meio de roscas e porcas A ancoragem por meio de roscas e porcas aplica-se ao caso de barras redondas. No caso de aços de alta resistência, a rosca é executada através de laminação a frio. Devem ser utilizadas porcas com formatos especiais a fim de evitar a supersolicitação dos primeiros fios da rosca e, também, melhorar a resistência à fadiga. Para ancoragem passiva é suficiente uma porca reforçada em forma de disco, dentro de uma espira. A Dyckerhoff & Widmann AG (Dywidag) foi a primeira a utilizar o conceito de protensão com barras, desenvolvendo barras rosqueadas denominadas Gewi e DW, nas quais as nervuras são laminadas em forma de rosca. Para ancoragem passiva, a Dywidag prefere uma placa de ancoragem retangular, a qual é diretamente aparafusada à barra, dispensando o emprego de armadura em espiral. A protensão é aplicada na barra atravésde um macaco hidráulico que se apóia na ancoragem (placa). A bomba estica o aço através do macaco até alcançar a tensão desejada. Esta bomba pode ser de acionamento manual ou elétrico, o que possibilita uma maior flexibilidade segundo as características do local da obra. Durante este processo, a porca da ancoragem é girada com uma chave de modo a ficar sempre encostada na ancoragem (placa) e assim segurar a tensão aplicada pela bomba. Uma injetora de alta pressão é utilizada para fazer a Cap. 3 – Sistemas de Protensão 6 de 11 injeção de nata de cimento dentro do tirante. A injeção permite obter de forma simples e eficaz uma proteção contra corrosão do cabo protendido. 3.4.4 Ancoragens por meio de cunhas A ancoragem por meio de cunhas é muito antiga. É necessário um endenteamento entre a armadura de protensão e a cunha, que só pode ser conseguido através de um processo controlado do grau de dureza da cunha. Distinguem-se dois tipos de cunhas: a) Cunhas deslizantes No caso de uma cunha deslizante, a armadura de protensão é esticada pelo macaco hidráulico e movimenta-se entre as cunhas que ainda estão soltas. Por ocasião do afrouxamento da força de protensão, e em consequência do movimento de recuo da armadura de protensão a ele associado, as cunhas são puxadas para dentro do bloco de ancoragem por meio das forças de atrito. Devido a este deslizamento (encunhamento), a força de protensão diminui. Em geral, o encunhamento é da ordem de vários milímetros (4 mm a 10 mm). b) Cunhas cravadas Neste caso, as cunhas são cravadas hidraulicamente após ser atingido o alongamento previsto para o cabo. Ao se afrouxar o macaco, surge ainda um pequeno encunhamento, ocasionando uma perda no alongamento dos fios de aço. As cunhas cravadas são também utilizadas como ancoragens passivas, as quais são concretadas diretamente nas fôrmas e que, por isso, não podem ser tensionadas. Cap. 3 – Sistemas de Protensão 7 de 11 Blocos de ancoragem Cunhas 3.4.5 Ancoragens ativas e ancoragens passivas a) Ancoragens ativas As ancoragens ativas mais simples são as montadas nas faces extremas da estrutura. Neste caso, pode-se montar uma placa de ancoragem sobre a superfície do concreto, de modo que em princípio, só é necessário prender à forma a bainha ou o alargamento em trombeta. Em muitos casos, os cabos chegam à extremidade da viga com diversas inclinações, quando então a face extrema da peça deve ter uma forma poligonal, pois as placas de ancoragem devem estar perpendiculares ao eixo do cabo de protensão. b) Ancoragens passivas Em muitos casos, há conveniência técnica ou econômica em se protender o cabo apenas em uma extremidade, colocando-se na outra extremidade uma ancoragem passiva. As ancoragens passivas podem ser obtidas das seguintes maneiras: Cap. 3 – Sistemas de Protensão 8 de 11 • por atrito e aderência das extremidades dos fios, em contato direto com o concreto; • por meio de laços, colocadas no interior do concreto; • por ancoragens normais usando cunhas, com as cunhas pré-cravadas; 3.5 BAINHAS DOS CABOS DE PROTENSÃO Para a protensão com aderência posterior, a armadura de protensão deve ser colocada dentro de tubos – denominados bainhas – onde possa deslizar com o mínimo de atrito possível. As bainhas são fabricadas, geralmente, com chapas de aço de 0,2 mm a 3,5 mm de espessura e possuem uma superfície ondulada em hélice, para que se possam utilizar luvas rosqueadas para as emendas. Estas ondulações transversais ajudam a enrijecer a bainha e melhorar a aderência entre o concreto e a nata de injeção, devido às saliências e reentrâncias. A bainha deve, entretanto, ter uma certa flexibilidade, para permitir as curvas dos cabos, previstas nos projetos. Cap. 3 – Sistemas de Protensão 9 de 11 Exigências relativas às bainhas: • boa rigidez e flexibilidade • estanqueidade dos cordões de solda • grandes comprimentos de fabricação • os respiros devem estar firmemente conectados à bainha 3.6 EQUIPAMENTOS DE PROTENSÃO a) Equipamentos para armaduras pré-tracionadas • Dispositivos de tracionamento – Geralmente constituídos por macacos hidráulicos. A protensão pode ser efetuada esticando-se uma cordoalha de cada vez, com macacos de pequena capacidade e longo curso, ou esticando-se todas as cordoalhas de uma só vez, empurrando-se o bloco de ancoragem móvel com um conjunto de macacos de longo curso. Cap. 3 – Sistemas de Protensão 10 de 11 • Dispositivos de mudança de direção das armaduras b) Equipamentos para armaduras pós-tracionadas A protensão da armadura pós-tracionada é feita, na maioria dos casos, através de macacos hidráulicos. Os modernos equipamentos hidráulicos permitem uma concentração de potência dificilmente alcançada por outros meios mecânicos. 3.7 INJEÇÃO DE CABOS INTERNOS PÓS-TRACIONADOS Os cabos protendidos no interior de bainhas são injetados com uma nata de cimento. A nata de injeção serve para a obtenção da aderência posterior da armadura de protensão com o concreto e como proteção contra a corrosão. Ela é um importante componente de todas as estruturas de concreto protendido com aderência posterior. A injeção deve ser aplicada continuamente até o enchimento da bainha, comprovado pela saída de nata nos respiros ou nas extremidades. Cap. 3 – Sistemas de Protensão 11 de 11 Exigências relativas às natas de cimento para injeção: • a retração deve ser pequena • devem ter boa fluidez e escoamento (recomendam-se aditivos) • o cimento e os aditivos não podem conter cloro • a quantidade de água deve ser a menor possível • agregados na forma de pó de pedra não podem ultrapassar 20% do peso do cimento Bomba de injeção
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