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Teoria do Trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PERNAMBUCO - UFPE
CAMPUS JOAQUIM AMAZONAS
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ALEF HENRIQUE ARAGÃO SANTOS
JOSÉ RICARDO GONÇALVES DE SANTANA
MARIA CAROLINA TAVARES BRAZ
VICENTE SILVESTRE DA SILVA NETO
Medida do Trabalho
RECIFE - PERNAMBUCO
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PERNAMBUCO - UFPE
CAMPUS JOAQUIM AMAZONAS
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ALEF HENRIQUE ARAGÃO SANTOS
JOSÉ RICARDO GONÇALVES DE SANTANA
MARIA CAROLINA TAVARES BRAZ
VICENTE SILVESTRE DA SILVA NETO
Medida do Trabalho
Resumo apresentado à disciplina de Teoria do Trabalho, requerido como 2º Exercício Escolar (EE) para a turma de Graduação de Engenharia de Produção da UFPE 2016.2. 
Professora: Gisele Sena
RECIFE - PERNAMBUCO
2016
INTRODUÇÃO
Medida do Trabalho
O estudo da medida do trabalho é um conceito que visa a aplicação de técnicas projetadas para mensurar o tempo em que uma atividade é desenvolvida, visando não apenas a rapidez e eficiência da ação estudada, mas os seus efeitos no trabalhador e como estes fatores podem interferir na exaustão física, fadiga, motivação a longo prazo, etc. 
Nas atividades industriais é preciso estar sempre atento à rapidez em que uma operação está sendo realizada e se esta irá de fato cumprir os prazos determinados, e essa necessidade deu origem ao estudo dos “Tempos e Movimentos”, que está aliado diretamente com o tema “Medida do Trabalho”, uma vez que o estudo do segundo é uma demanda de otimização do primeiro. 
O conceito de eficiência aqui ganha mais fatores de contribuição, não se resumindo à velocidade com que uma ação é efetuada, mas observa também os efeitos de médio e longo prazo causados pelo desgaste físico e psicológico que pode gerar em um trabalhador. 
Com a especialização das funções em linhas de montagem, por exemplo, o trabalhador estará sujeito a um desgaste muscular que pode ter consequências para sua saúde e para o seu rendimento. É natural e compreensivo que um trabalhador tenha uma eficiência variável ao longo de um dia de trabalho, ou ao longo de uma semana, ou de um mês, entretanto, se encontradas formas de produzir o mesmo resultado com ganhos de produtividade ou com menor “esforço”, estas podem ser aplicadas e terão reflexos no custo da produção. 
Assim, a pesquisa em “Medidas de Trabalho” visa obter um resultado comparativo entre diferentes maneiras de realizar uma mesma ação e qual a maneira mais eficiente em realizá-la de modo a minimizar o “trabalho” ou o “esforço”. Por exemplo, se um trabalhador precisa montar uma determinada peça e todas às vezes que vai montar uma unidade ele necessita erguer um certo componente, então é de se imaginar que, caso este componente já estivesse na altura das mãos desse montador, menor seria o esforço físico deste e o tempo necessário para a produção dessa peça.
Medidas ergonômicas de fato podem elevar e muito a produtividade de uma linha de montagem, entretanto, a simples melhor colocação de um componente de montagem mais próximo das mãos de um montador pode significar um ganho de produtividade, mas pode significar um esforço a mais para o trabalhador responsável por entregar esses componentes ao montador. Dessa forma, é necessário ponderar os esforços e a velocidade da linha de produção para evitar gargalos ou esforço desigual que a médio ou longo prazo pode gerar efeitos adversos. 
Os resultados do estudo das medidas de trabalho fornecem então material para um planejamento real da capacidade de produção, além de estabelecer os padrões médios de execução de cada atividade, de modo a equilibrar os objetivos táticos, operacionais e estratégicos, uma vez que as consequências de um determinado modo de produzir podem ter reflexos em todos os prazos de tempo. E para isso, diversos métodos foram desenvolvidos com o intuito de retratar da maneira mais adequada possível (simulações) as melhores condições para executar uma ação. Destacam-se entre esses métodos, os métodos de cronometragem, tempos predeterminados, amostragem do trabalho e os métodos fisiológicos. 
Método das Cronometragens
Os métodos de cronometragem são os mais simples e usuais do ponto de vista prático, mas devem ter um embasamento estatístico para tal, e alguns outros critérios devem ser avaliados: 
Operação com meio e fim bem definidos;
Elementos “homem” e “máquina” tratados de maneira separada;
Elementos repetitivos com periodicidade definida;
Elementos com duração que permita a cronometragem. 
Após a divisão das operações em elementos distintos, dá-se a etapa prática da medição e determina-se, por meios estatísticos, a quantidade de ciclos a serem medidos, avalia-se a velocidade do operador e determina-se as tolerâncias e o tempo padrão (relacionado a média) para a execução de uma ação. 
Obs.: A medição deve ser feita tentando retratar de fato a realidade, sem pressionar o trabalhador para um desempenho além do comum. 
Determinação do Número de Ciclos
A partir de uma média das medições anteriores, determina-se a quantidade de ciclos a serem cronometrados em um intervalo de confiança pré-estabelecido:
 Onde:
n = número de ciclos a serem cronometrados
Z = coeficiente de distribuição normal para uma probabilidade determinada*
R = amplitude da amostra
Er = erro relativo
D2 = coeficiente de distribuição normal em função do número de cronometragens realizadas*
= média das cronometragens realizadas
______________________________________________________________________
* A tabela de distribuição normal encontra-se nos anexos. 
Determinação da Velocidade do executor
A velocidade é, na maioria das vezes, determinada de maneira subjetiva, de acordo com a impressão do medidor sobre a execução daquele trabalho, e é dada em termos de percentual, sendo a velocidade normal adotada como 100%. 
Determinação das Tolerâncias 
A tolerância é a soma dos tempos “gastos” por um determinado trabalhador que não envolvem a realização de sua função, mas que são contabilizadas dentro de seu período de trabalho, tais como tempo para atendimento às necessidades pessoais e alívio da fadiga, que variam de acordo com a atividade exercida. 
Normalmente, adota-se que 5% do tempo é usado para atender às necessidades pessoais (24 minutos por dia de trabalho de 8 horas, em média), enquanto que o tempo de descanso (ou de alívio da fadiga), variam de 10% em média para trabalhos leves e em ambiente adequado, a 50% em média para trabalhos pesados em ambientes adversos. 
Determinação do Fator de Tolerância
O Fator de Tolerância pode ser visto como uma medida de eficiência prática que relaciona unicamente quanto do tempo contratado de trabalho foi de fato usado para a execução da atividade. E pode ser calculado como o inverso do tempo de trabalho descontado dos tempos para atender às necessidades pessoais e de alívio da fadiga. 
FT = 1 ⁄ (1 - P) Onde: 
FT = Fator de Tolerância
P = soma das perdas 
Assim, quanto maior o fator de tolerância, menor será a utilização do tempo de trabalho para o desempenho da função projetada. 
Determinação do Tempo Padrão
O tempo padrão leve em consideração o tempo de execução cronometrada para uma determinada ação e a distribuição das perdas por cada ciclo da atividade desempenhada. 
TP = TN x FT Onde: 
TP = Tempo Padrão
FT = Fator de Tolerância
TN = Tempo Normal, que pode ser obtido da seguinte forma: TN = TC x V, onde TC é a média dos tempos cronometrados e V é a velocidade em termos percentuais. 
O método das cronometragens é uma das maneiras de “medir o trabalho”, ou seja, mensurar o tempo necessário para que uma ação seja executada, e que leva em consideração alguns fatores primitivos do fator fisiológico. É tido como um método prático e usual, uma vez que para realizá-lo, de maneira geral basta um instrumento de cronometragem (que dá o nome desse método) e uma planilha de observações. Por isso, é um sistema que pode ser empregado em diversas situações e que trará resultadosrelativamente condizentes com a realidade. 
Método dos Tempos Predeterminados 
As tabelas de Tempos Predeterminados contêm padrões de tempos experimentalmente aferidos e correspondentes a um reduzido número de movimentos básicos que se repetem no trabalho humano. Tais movimentos permitem fazer a síntese de qualquer ciclo de trabalho na indústria. Uma vez caracterizados os movimentos, faz-se a soma dos tempos a eles correspondentes e fornecidos pela tabela para obter-se o tempo-padrão do ciclo.
As tabelas não substituem a cronometragem, mas oferecem vantagens em casos específicos quando esta não for aplicável, como no caso de prever duração um novo ciclo operatório em estudo.
As tabelas, apesar de incluírem numerosas situações, não podem comportar certas particularidades, como a forma dos objetos manipulados, sua fragilidade, sua consistência, nem medir os tempos tecnológicos. Outrossim, apesar da garantia de objetividade, as tabelas não oferecem segurança absoluta, porque a interpretação da decomposição dos movimentos reais em elementos codificados, feitos pelo analista, pode levar a erros sérios. Daí ser imperioso demorado e metódico treinamento para a formação desse especialista.
Entre os principais conjuntos de tempo predeterminados, constituídos de tabelas dos padrões de tempos relacionados aos movimentos básicos, são ora citados: MTM,QSK e CEGOS.
O MTM (Method-Time Measurement), desenvolvido originalmente por Harold B. Maynard, Gustave J. Stegemerten e John L. Schwab com o auxílio de filmagens de operações na indústria a cargo de executantes qualificados, fornece os tempos sem necessidade e fazer a avaliação com o cronômetro. É preferido ao QSK (Quick, Shea, Koehler) por ser mais simples e mais rápido como meio auxiliar de medida do trabalho. Portanto, admite movimentos básicos e os tempos necessários para sua execução, que servem de base para a medida de qualquer operação manual.
O estudo dos movimentos básicos ou micromovimentos processa-se pelo registro da operação com auxílio do método cinematográfico e com um mimicrocon, cronômetro para assinalar com exatidão no filme os intervalos de tempo. Esses intervalos do micromovimentos são padronizados para que seja dispensado o julgamento da atividade do executante.
Unidade de tempo: nas tabelas MTM, os tempos correspondem a movimentos realizados com atividade normal e são expressos em centésimo-milésimo de hora, conforme equivalência mencionada acima na cronometragem:
1cmh = 1TMU = 0,00001h = 0,0006min = 0,036s
Convenções adotadas: para facilidade do registro de movimentos do MTM, são adotadas convenções que caracterizam exatamente como um movimento foi executado, os fatores variáveis que afetam os movimentos e a maneira e sequência do seu emprego. Os símbolos dos movimentos básicos são completados por letras e números convencionais que especificam esses fatores e sequência.
Tabelas do MTM: construídas com o emprego desses símbolos, as tabelas distinguem três grupos de movimentos:
Os movimentos das mãos (ou membros superiores), em número de 8;
Os movimentos visuais (ou deslocamento dos olhos). Em número de 2;
Os movimentos do corpo e dos membros inferiores, em número de 9.
Os movimentos dos membros superiores são os mais frequentes. Qualquer dos grupos de movimentos tem tempos objetivos fixados para sua execução. Esses tempos-padrão de execução dependem:
Do tipo do movimento ou da dificuldade de execução;
Da distância percorrida; 
Do esforço empregado ou do peso do objeto movido.
Não obstante essas tabelas constituírem matéria de alta especialização e requerem desenvolvimento complexo, segue o exemplo:
Movimento Símbolo Descrição do caso Convenção
	Movimento
	Símbolo
	Descrição do caso
	Convenção
	1. Alcançar (Reach)
	R
	A) Alcançar um objeto sempre colocado no mesmo lugar, um objeto na outra mão, um objeto sobre o qual a outra mão repousa; 20 cm de distância, movimento no início (mR)
	mR20A
	2. Mover (Move)
	M
	A) Mover um objeto para um local aproximado ou indefinido; 20cm de distância, 12 kg 
B) Mover um objeto para a outra mão ou para encostá-lo em um obstáculo; 40 cm de distância, movimento no fim (Am)
	M40Am
M20B12
	3. Girar (Turn)
	T
	Girar em ângulo de 30º com pequena carga (S)
	T30S
	4. Aplicar pressão
(Apply pressure)
	AP
	Caso 1: reagarrar para aplicar a força
	AP1
	5. Agarrar (Grasp)
	G
	Caso B, tipo 1: agarrar objeto muito pequeno em superfície plana
	G1B
	6.Soltar (Release)
	RL
	Caso 1: Soltar pela abertura dos dedos
	RL1
	7. Posicionar
(Position)
	P
	Encaixe sem pressão P1, simetria S, manuseio fácil E
	P1SE
	8. Desmontar
(Disengage)
	D
	Encaixe solto D1, manuseio fácil 
	D1E
As tabelas MTM, cuja aplicação prática transpõe a dimensão deste trabalho, são reproduzidas integralmente em livros especializados ou em avulso.
Método da Amostragem do Trabalho
A amostragem do trabalho, também chamado de “ratio delay”, observações descontínuas, medida do trabalho por amostragem e observações instantâneas.
A amostragem do trabalho é um método empregado para medir o trabalho, ou seja, para determinar:
O índice de utilização de uma ou várias máquinas;
A porcentagem do tempo improdutivo ou de inatividade dos operadores, em relação às horas diárias de trabalho;
Os tempos-padrão para operações manuais de ciclo longo, sob certas circunstâncias;
O índice de desempenho no trabalho de pessoas em equipe.
Esse método permite fazer um diagnóstico mais rápido e menos dispendioso sobre a atividade e inatividade das máquinas e de seus operadores.
Amostragem de desempenho exprime o processo de amostragem para o índice de desempenho médio de atividade produtiva do operador durante o dia de trabalho.
Esse método, com fundamentos em leis de probabilidade, obtém as informações requeridas por meio de observações instantâneas e periódicas feitas ao acaso dos postos de trabalho, sem necessidade de qualquer medidor de tempo.
Para obter-se a precisão e a validade dos resultados, a aplicação desse método há de preencher as condições: caráter instantâneo das observações, números suficiente de observações e tomadas periódicas de dados feitas ao acaso ou por sorteio. O número de observações depende ao mesmo tempo da ordem de grandeza dos resultados e da precisão requeridas, cujo cálculo matemático se acha nos textos especializados.
Para ilustração, cumpre destacar algumas das vantagens oferecidas pelo estudo da amostragem:
Geralmente, as medidas de tempo repetidas de cada máquina ou operador requerem um analista, ao passo que um só observador não especialista pode fazer um estudo simultâneo de amostragem de vários operadores ou máquinas, salvo restrições, como a grande distância a percorrer pelo observador;
Permite obter uma imagem muito mais completa da realidade, já que o estudo encerra de variações que afetam os resultados;
O estudo pode ser interrompido a qualquer hora sem afetar os resultados;
Os executantes não precisam ser observados continuamente por longo período de tempo;
Os estudos de amostragem do trabalho não precisam usar aparelho de medida de tempo.
Por outro lado, oferece algumas desvantagens, sendo que as mais sérias são de ordem psicológica;
O estudo separa por completo a medida dos tempos do ensaio de simplificação e omite informações sobre o método de trabalho;
Os executantes na amostragem podem entender a chegada repentina do analista como gesto de espionagem;
Geralmente, apresenta alguma dificuldade para ser compreendido pelos operadores e supervisores;
Não fornece tantas informações minuciosas como a cronometragem, nem permite conhecer o julgamento da atividade dos executantes;
O analista costuma ser obrigado a caminhadas longas, o que só traz vantagem quando são observados simultaneamente vários executantes diferentes.
Procedimento de amostragem do trabalho
O estudo de amostragem é realizado, conforme prática adotada pelos especialistas, na sequência das fases:
Definir os objetivos do estudo – preliminarmente, cabe fazera coleta de informações sobre máquinas e operadores e as respectivas tarefas, para determinar as porcentagens do dia de atividade e das esperas, calcular o tempo-padrão de operação e obter outros dados necessários à tomada de decisões sobre a produção. É importante informar os executantes e seus supervisores sobre os objetivos do estudo, com o fim de receber a sua cooperação.
Em particular, as informações principais a serem anotadas em “folha” especial são assim ordenadas:
Atividade: operador que executa o trabalho, inclusive os movimentos do manuseio de materiais e de alcançar peças; preparo ou ajustamento de máquinas, apanhar ferramentas; máquina trabalhando;
Inatividade: operador inativo na área do posto (indagar o motivo); máquina parada (registrar causas); operador ausente do posto de trabalho (registrar motivos); operador transportando materiais.
Determinar o número de observações – uma vez estabelecidas a precisão desejada e a importância das grandezas a medir, são determinados o número de observações a fazer exatamente nas ocasiões sorteadas, o número de analista necessários e o número de dias para o estudo; há também de definir-se o itinerário a percorrer pelo analista.
Realizar as observações – o analista, nos momentos sorteados, faz as observações planejadas nos pontos escolhidos do trajeto para sondar sucessivamente cada executante, seguindo-se a anotação dos dados na “folha de observações diárias”; o resumo dos dados no fim de cada dia é representado pelo cálculo da porcentagem de ocorrência de cada tipo de atividade ou de inatividade, dividindo-se o número total de observações dessa atividade ou inatividade pelo número total de observações feitas. Esses resultados são anotados na folha “resumo de observações” feitas na sucessão dos dias, bem como são completados pelas porcentagens acumuladas para cada tipo de atividade ou inatividade.
Traçar o gráfico de porcentagens acumuladas – a repetição das sucessivas observações permite obter, com uma precisão conhecida, a porcentagem do tempo total que cada operador emprega em cada tipo de atividade ou inatividade. O gráfico é traçado, tendo por ordenadas as porcentagens de tempo e por abscissas os totais acumulados das observações feitas; obtém-se então um gráfico de linhas quebradas com tendência para certo valor (ou linhas niveladas), o que significa que foram feitas observações em número suficiente. Assim, o estudo pode ser encerrado e resta conferir a precisão dos dados.
Segue exemplo de operação industrial numa prensa, cujo estudo pela amostragem conclui os dados para o cálculo do padrão de tempo a ser abonado ao respectivo operador. Eis o cálculo em resumo (reproduzido de Ralph M. Barnes):
Tempo total de salário-base do operador (8 h/dia) = 480 min
Peças produzidas com qualidade aceitável, em 8 h = 420 peças
Porcentagem do tempo de trabalho por dia (408/480 min) = 85%
Porcentagem do tempo de inatividade por dia (72/480 min) = 15%
Desempenho ou ritmo médio 110 = 1,10
Total de tolerância concedidas = 15%
O tempo-padrão ou abonado por peça é fornecido pela fórmula:
TA = [(tt * %ttrab * r) / tpp] * % tol
tt – tempo total;
ttrab – tempo total;
r – ritmo;
ttp – total de peças produzidas;
tol – tolerância;
ou feitas substituições:
TA = [(480*0,85*1,10) / 420] * [100/(100-15)] = 1,26 min
Método Cinematográfico 
De início, cumpre registrar que o emprego do cinema no estudo do trabalho permitiu a descoberta e o preparo dos padrões de tempo MTM, bem como a decomposição exata das operações, facilitando extremamente o estudo dos movimentos e dos micromovimentos muito curtos e rápidos.
O filme cinematográfico possibilita assim uma análise minuciosa e a medida dos tempos correspondentes aos movimentos observados.
Emprego vantajoso da cinematografia é o registro permanente em filmes do método antigo de um trabalho e depois do método simplificado. Os filmes permitem comparação objetiva e segura da utilidade do estudo dos movimentos, pois podem ser projetados em velocidades normal e lenta, podem-se fazer retrocessos e paradas para se observar melhor a imagem. Em complemento, os filmes constituem excelentes recursos para o treinamento de pessoal e para fundamentar com segurança as decisões que cabem à direção da empresa.
Pode utilizar câmara especial desenvolvida pela indústria especializada para estudos de amostragem de alguns tipos de trabalho, conforme R. M. Barnes descreve magistralmente.
A observação de um filme do modo operatório de trabalho de repetição e com ciclo muito curto possibilita obter um resultado mão direita-mão esquerda mais exato e mais pormenorizado, bem como determinar com precisão o começo e o fim de cada movimento.
Um levantamento especial de modos operatórios obtido com câmera cinematográfica a velocidades (50 a 100 fotos por minuto) é chamado memomotion study. Este estudo, cujas informações obtidas são registradas em gráfico, só apresenta grandes vantagens quando se tratar de certos tipos de atividade, como:
Trabalho de ciclos irregulares ou de ciclos longos;
Atividade de vários operadores e / ou de várias máquinas em conjunto;
Necessidade de levantamento de longos períodos;
Obtenção do tempo normal para trabalhos complexos ou com a contribuição de diversos operadores.
É útil fornecer uma ideia sobre os processos de filmagem:
Processo contínuo à velocidade normal ou em câmara lenta: a análise permite medir a duração das cenas por meio da contagem das imagens e permite determinar o início e o término de cada micromovimentos;
Processo descontínuo (memo-filme): emprega a câmara cinematográfica como câmara fotográfica, acionando-se o comando para filmar em intervalos de tempo iguais ou escolhidos ao acaso.
Há disponíveis equipamentos especiais para filmagens de estudo do trabalho, assim resumidos:
Câmara de 16mm com três objetivas: comum, grande angular e teleobjetiva; tem acoplado dispositivo de medida exata de tempo e possibilita velocidade variável de filmes;
Projetos especiais com dispositivo para retroceder imagens e paralisá-las para análise etc.; opcional de célula fotoelétrica;
Tripé com rótula panorâmica, equipamento de iluminação e c.
Há uma série de particularidades dos casos de postos de trabalho, cuja medida dos tempos pode ser simplificada ou reduzida, e assim não é preciso grande rigor e precisão, já que os tempos servem para controle aproximado das atividades, para estimativa de custos ou para elaboração de orçamento. Entretanto, após a exposição feita, parece não pairar dúvida de que a aplicação dos diferentes métodos de medida do trabalho exige especialistas que preencham um mínimo de condições, tais como;
Formação e treinamento, inclusive com filmes especialmente elaborados para esse fim, que habilitem a reconhecer as variações de velocidade e de precisão na execução dos movimentos, inclusive os executantes muito lentos ou muitos rápidos;
Conhecimento da natureza e características do trabalho a medir, para obter-se adequado julgamento de ritmo pela comparação dos movimentos do executante com movimentos conhecidos como normais, bem como para avaliar a habilidade, o esforço e a precisão requeridos.
A presente exposição sobre a medida do trabalho está longe de ser completa ou de constituir um curso, mesmo porque novos métodos e aplicações levam a vislumbrar horizontes mais amplos. Tem o propósito apenas de fornecer um resumo dos seus principais aspectos, em nível de graduação, o qual precisa ser desenvolvido e aprofundado para formação e desempenho satisfatório de especialistas.
Métodos Fisiológicos
Sabemos que uma atividade física e intelectual gera respostas fisiológicas nos seres vivos de maneira geral, e que estas são proporcionais ao grau de esforço realizado. Dessa forma, os métodos fisiológicos possuem um viés mais humanístico e com embasamento médico para tentar compreender o que se passa no corpo de um trabalhador durante seu período de trabalho. 
Entretanto, além de buscar entender o que se passa durante o período em que o trabalhador está submetido à atividadelaboral, os métodos fisiológicos fazem um comparativo de suas reações antes, durante e depois da ação, e assim conseguem traçar qual o tempo ideal de recuperação, por exemplo, que é definido como o intervalo de tempo até o indicador voltar ao normal. 
Os métodos fisiológicos apesar de não serem recentes (os primeiros grandes estudos foram realizados no Max Planck Institute na Alemanha, e ganharam mais repercussão com a divulgação dos trabalhos do fisiologista estadunidense Dr. Lucin Brouha), não são praticados em larga escala, uma vez que precisa normalmente de especialistas na área médica para interpretar corretamente os dados, além do custo elevado de alguns equipamentos, o que leva esse método a ser um objeto de pesquisa na área acadêmica, mas de pouca implantação em larga escala. 
Medida da Pulsação 
A medida de pulsação visa entender a variação dos batimentos cardíacos do trabalhador durante o período de atividade e observar se os dados obtidos estão dentro dos limites considerados saudáveis e qual o desgaste que causará na saúde do trabalhador, o que ajuda a predeterminar o tempo ótimo de recuperação para uma atividade com eficiência máxima. 
Medida do Consumo de Oxigênio
Quando um ser humano dorme, diz-se que sua respiração é basal, ou seja, ela deve suprir simplesmente às necessidades básicas dos demais sistemas, estando alguns deles, como o muscular, por exemplo, em repouso. Assim, quanto menor a utilização muscular e psíquica, menor o gasto de energia e consequentemente menor a taxa de inspiração de oxigênio. Baseado nisso é que o método do consumo de oxigênio determina uma relação entre o trabalho e a quantidade de O2 que é inspirada durante o exercício de uma função e, similarmente ao método da medida de pulsação, também analisa se os valores estão dentro dos padrões considerados saudáveis e quais efeitos podem gerar na saúde do trabalhador. 
Há diversos métodos de origem fisiológica para entender o funcionamento do corpo humano durante a execução de seu trabalho, além dos citados, também o método de medição da temperatura (medido normalmente na orelha), da taxa de sudorese (suor), entre outras. 
Uma grande contribuição do estudo dos métodos fisiológicos do estudo das medidas de trabalho foi a descoberta dos benefícios que o treino físico traz como preparação à jornada de trabalho, modernização essa que aos poucos toma os ambientes corporativos e industriais e que torna mais resistentes os trabalhadores para encarar o desgaste natural do exercício de suas funções. 
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barnes, Ralph Mosser. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. Editora Edgard Blucher, 1977.
MOREIRA, Daniel A . Administração da Produção e Operações. São Paulo. Cengage Learning. 2008.
Faria, Nivaldo Maranhão. Organização do Trabalho. São Paulo. Atlas, 1984. 
MARTINS, P. G. e LAUGENI, F. P. Capítulo 4: Estudo de Tempos e Métodos. In: Administração da Produção. Petrônio Garcia Martins e Fernando P. Laugeni. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

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