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Gestão do Conhecimento
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Por que investir em Conhecimento?
As razões para investir em conhecimento ultrapassam os cálculos númericos entre investimento 
e retorno. Conhecimento gera benefícios e um exponencial retorno que vai além dos limites dos 
números: gera crescimento nas pessoas e na organização.
Dr. José Cláudio Cyrineu Terra
Quando o assunto é investir em conhecimento, 
algumas vezes ainda me deparo com céticos ou, 
em suas próprias palavras, “pragmáticos”. Estes 
são tipicamente aqueles que depois de aprender 
algumas técnicas de engenharia financeira 
começam a questionar qualquer investimento com 
o mito da racionalidade e precisão absoluta dos 
cálculos de retorno sobre o investimento e seus 
vários primos próximos, como o retorno sobre o 
capital empregado, sobre os ativos e mesmo o 
cálculo do valor presente. Nada contra o medir ou 
buscar entender o retorno, mas para cada objeto a 
sua régua.
Conhecimento é uma destas coisas meio abstratas, 
difíceis de definir, mas que quando estamos em sua 
presença o reconhecemos com grande facilidade. 
Em seus estágios mais simples, ele pode ser medido 
por meio de testes e provas. Já em seus estágios 
mais avançados pode ser apenas observado, 
referendado ou mesmo admirado. Uma outra 
característica interessante é que o conhecimento é 
muito mais facilmente percebido nos indivíduos do 
que nos grupos, nas organizações ou nos países. 
Pensar em conhecimento em um contexto supra-
indivíduo, todavia, não é uma questão de simples 
agregação dos conhecimentos individuais e 
geração de estatísticas simples, como por exemplo, 
quantas pessoas alfabetizadas, treinadas ou com 
pós-graduação. Conhecimento tem propriedades 
que transcendem os indivíduos. O conhecimento 
individual só se materializa na relação entre o 
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Por que investir em conhecimento?Gestão do Conhecimento
observador e a realidade e nos intercâmbios com 
outros indivíduos. Mais sobre este último ponto, um 
pouco mais adiante.
Depois do parágrafo acima, os pragmáticos 
realmente já abandonaram este texto. Aos que 
continuam, no entanto, incito-os a uma reflexão não 
linear sobre o porquê investir em conhecimento, 
seja do ponto de vista individual, organizacional ou 
como nação. Neste contexto, apresentamos alguns 
argumentos:
Conhecimento pode trazer retornos 
exponenciais
Nenhum outro recurso ou investimento pode trazer 
retornos exponenciais de maneira tão óbvia (exceção 
feita a atividades ilícitas). O caráter exponencial 
advém de algumas características importantes do 
recurso conhecimento. Conhecimento reutilizado 
em novos contextos pode trazer ganhos enormes 
com investimento mínimos de tempo ou de novos 
conhecimentos. Seguindo a fórmula básica na 
qual retorno se mede pela proporção entre ganhos 
marginais e investimentos marginais, a possibilidade 
do retorno exponencial fica evidente. Qual é o 
retorno, por exemplo, para uma grande corporação 
da reaplicação em várias outras fábricas de um 
novo método que reduz significativamente o custo 
operacional e que foi desenvolvido em uma de 
suas fábricas? Quanto vale o compartilhamento de 
conhecimento? Sistemas contábeis tradicionais não 
medem isto. Mas, como dizia Einstein: “nem tudo 
que é importante pode ser medido e nem tudo que 
se mede é importante”.
A assertiva que conhecimento se insere na cultura 
organizacional, prepara a organização para futuros 
imprevisíveis e garante vantagens competitivas 
duradouras
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Por que investir em conhecimento?Gestão do Conhecimento
Conhecimento está associado a círculos 
virtuosos
Semelhante ao argumento anterior, a noção 
de que o conhecimento se auto-alimenta é um 
estímulo para investir no mesmo. Quando se 
investe em conhecimento, se está investindo, de 
certa maneira, em atitude. Conhecimento não se 
repassa simplesmente como um bastão. A efetiva 
transferência de conhecimento requer uma atitude 
interessada dos indivíduos a quem o conhecimento 
se destina. Neste contexto, quando se investe 
em conhecimento, se investe também em atitude 
para o conhecimento. A diferença é sutil. Tanto o 
conhecimento, como as atitudes são energias 
potenciais que precisam ser estimuladas para 
saírem de seu estado de inércia. Uma vez, no 
entanto, que a roda começa a girar, pode-se detonar 
um processo que se auto-alimenta e que precisa 
apenas de pequenos estímulos para continuar 
seus movimentos. Em resumo, conhecimento quer 
conhecimento. 
Conhecimento é combustível para a 
transformação.
Imaginem alguém que viajou no tempo, 
primeiramente, por 1000 anos, depois por 500 
anos e assim sucessivamente até pequenas vezes 
viagens de 5 ou 10 anos nos tempos. Embora 
não seja uma novidade, este exercício não deixa 
de ser surpreendente. Escritores e cineastas já 
fizeram isto muitas vezes no contexto amplo da 
sociedade. Mas e, no contexto organizacional? 
Quem quer trabalhar em uma organização que 
não se transforme profundamente nos próximos 
2, 5 ou 10 anos? Podemos não mapear a priori 
como o conhecimento se torna o combustível da 
transformação organizacional, mas quando vemos 
a transformação efetiva, sabemos que a base de 
conhecimento é bem distinta entre os períodos de 
referência. Esta mudança na base de conhecimento 
não é, porém, facilmente medida, embora seja 
facilmente percebida. Prova dos “nove”: qual o 
sentimento e o que se observa quando, depois de 
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um bom intervalo de tempo, se visita uma empresa 
admirada e em rápida expansão?
Conhecimento é ecológico
Se falamos acima de combustível, precisamos 
complementar agora que se trata de um combustível 
ecológico. Indivíduos, organizações e nações que 
não investem em conhecimento podem se valer 
apenas dos recursos ambientais, financeiros e 
da força bruta para atingir seus objetivos. Investir 
em conhecimento é investir na sustentabilidade; 
é investir em soluções criativas; significa vender o 
intangível e o invisível. 
Por outro lado, embora se possa argumentar que 
ao longo da história da humanidade o progresso 
econômico tenha trazido mais poluição e destruição 
da natureza, nos últimos anos o conhecimento 
humano vem sendo utilizado de forma crescente 
para melhorar a relação das organizações e da 
sociedade com a natureza. Organizações de ponta 
já trabalham com o “triple bottom line”: ou seja todo 
empreendimento precisa dar retorno econômico, 
social e ambiental. Estes novos paradigmas e 
desafios complexos demandarão, cada vez mais, 
organizações aprendizes e interagem positivamente 
com seu entorno de maneira contínua e, em todas 
as suas interfaces. Neste contexto, investir em 
conhecimento é mandatório e uma questão de 
sobrevivência.
Conhecimento aumenta a flexibilidade e 
adaptabilidade organizacional
Já foi o tempo em que algumas poucas pessoas no 
topo da organização tinham a primazia do acesso 
ao conhecimento e a capacidade de ditar de forma 
isolada o destino organizacional. Embora as 
grandes linhas estratégicas ainda sejam definidas 
no alto da hierarquia, as estratégias competitivas 
se desenham e se materializam em milhares de 
ações e decisões diárias tomadas por indivíduos em 
todos os níveis hierárquicos. Daí a necessidade de 
se investir em conhecimento de maneira ampla. De 
outra forma, mesmo que a direção do topo esteja© TerraForum Consultores
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correta, a materialização das ações dos indivíduos 
na organização não pode ser guiada, mas apenas 
influenciada. E o grau de influência vai depender 
tanto da motivação dos colaboradores, como da 
capacidade de interpretação e adaptação conforme 
as efetivas necessidades organizacionais, dos 
clientes e do ambiente onde a empresa se insere. 
Em última análise, investir em conhecimento 
significa potencializar estratégias e aumentar a 
flexibilidade organizacional para aplicar estratégias 
adaptadas aos verdadeiros desafios diários dos 
trabalhadores do conhecimento.
Conhecimento é sinérgico
Eureka! Uma das propriedades mais interessantes 
do conhecimento, ao contrário, da matéria que pode 
apenas se transformar, o conhecimento pode gerar 
o novo. E isto ocorre particularmente quando um tipo 
de conhecimento cruza outro tipo de conhecimento 
seja no contexto de um mesmo indivíduo, seja no 
contexto de múltiplos indivíduos. Nenhum outro 
recurso organizacional tem esta propriedade. É 
por isto que quando uma organização investe em 
conhecimento ela também pode esperar alguns 
retornos positivos não planejados. Em termos mais 
concretos: ao ensinar, por exemplo, um colaborador 
a operar uma máquina, a organização aumentou a 
capacidade deste colaborador não apenas a operar 
a máquina, mas também em ver novas facetas 
da realidade, a desenvolver novas habilidades de 
forma autônoma e a contribuir para os desafios 
de outros, que venham a se beneficiar dos novos 
termos de referência adquiridos por este indivíduo. 
Estamos falando do conceito de “spillovers”. 
Embora amplamente estudado na literatura sobre 
gestão da inovação, a grande questão é que este 
conceito se manifesta em todos os contextos no 
qual conhecimentos são gerados e adquiridos. A 
realidade do valor gerado pelo novo conhecimento 
é sempre maior do que a primeira vista se 
observa. O novo conhecimento, finalmente, não 
substitui o velho, mas se junta a este e recria um 
conhecimento ainda mais novo e assim se passa 
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Por que investir em conhecimento?Gestão do Conhecimento
em um ciclo contínuo, por toda a eternidade. Como 
dizia Sócrates, o filósofo: “Conhecimento: algo tão 
belo, mas tão efêmero”.
Conhecimento se insere na cultura organizacional 
e garante vantagens competitivas duradouras
Organizações antenadas com os novos paradigmas 
da Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual 
sabem que não é suficiente e nem desejável pensar 
em Conhecimento apenas na perspectiva individual. 
Mais importante é o desenvolvimento de uma 
cultura organizacional na qual a criação e aplicação 
de novas idéias, assim como o compartilhamento 
rotineiro e também deliberado de conhecimento 
seja mais do que encorajado, seja uma norma de 
comportamento exigida de todos os colaboradores 
da empresa não importando seu nível hierárquico 
ou tempo na organização. Quando isto ocorre 
verdadeiramente e um ambiente de confiança se 
instaura, cria-se um novo círculo virtuoso, mais 
atitudes que demonstram confiança, geram mais 
confiança e mais atitudes baseada em confiança. 
Esta situação ideal reduz os custos de transação 
entre os indivíduos (negociações implícitas e 
explícitas nas quais as pessoas tentam estimar o que 
ganham e o que perdem com o compartilhamento) 
e aumenta o aprendizado organizacional e a 
capacidade inovadora da empresa. 
A vantagem competitiva duradoura advém 
da incapacidade de empresas concorrentes 
entenderem de fato como a empresa consegue 
criar aprender rapidamente, reter talentos e 
inovar de forma contínua. A existência do molho 
secreto da cultura voltada para o conhecimento e 
inovação é bem sabida, mas a sua emulação de 
forma deliberada, organizada, sistemática está 
muito além da capacidade da maior parte das 
organizações porque requer o entendimento de 
relações sistêmicas entre conhecimento, motivação, 
aprendizado, inovação, excelência e compromisso 
com a ética e confiança. Daí, a assertiva que 
conhecimento se insere na cultura organizacional, 
prepara a organização para futuros imprevisíveis e 
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garante vantagens competitivas duradouras. 
Considerações Finais
Logicamente, muitos podem dizer que os mesmos 
argumentos apresentados neste texto, poderiam 
ser extrapolados para a música, para a literatura e 
mesmo para qualquer coisa que produz alegria. E 
que argumentos assim não vingam na dura realidade 
das organizações e do jogo político. Apesar de a 
primeira vista dar razão aos pragmáticos, acredito 
que pequenos grupos podem mudar realidades 
muito complexas e superar obstáculos tidos como 
instransponíveis. Espero, neste sentido, que este 
pequeno texto venha a aumentar o pequeno grupo 
que vai realizar mudanças importantes no Brasil 
e em suas organizações: valorizando e investindo 
cada vez mais em conhecimento! 
RefeRência
Originalmente publicado em: Revista Banas 
Qualidade (ano 15, número 160, setembro de 
2005).
* * *
José Cláudio C. Terra é presidente da TerraForum 
Consultores. Atua como consultor e palestrante
no Canadá, nos Estados Unidos, em Portugal, na
França e no Brasil. Também é professor de vários
programas e pós-graduação e MBA e autor de
vários livros sobre o tema. Seu email é jcterra@
terraforum.com.br
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A EMPRESA
A TerraForum Consultores é uma empresa 
de consultoria e treinamento em Gestão do 
Conhecimento (GC) e Tecnologia da Informação. Os 
clientes da empresa são, em sua maioria, grandes 
e médias organizações dos setores público, privado 
e terceiro setor. A empresa atua em todo o Brasil 
e também no exterior, tendo escritórios em São 
Paulo, Brasília e Ottawa no Canadá. É dirigida pelo 
Dr. José Cláudio Terra, pioneiro e maior referência 
em Gestão do Conhecimento no país. Além disso, 
conta com uma equipe especializada e internacional 
de consultores.
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