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Estágio Operatório Concreto (7 a 12 anos)

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Disciplina: Desenvolvimento da Infância à Idade Adulta Profª: Bianca Novaes
- Os Estágios de Desenvolvimento (segundo Piaget)
* Estágio Operatório Concreto (7 a 12 anos)
“A idade média de sete anos, que coincide com 
o começo da escolaridade da criança, 
propriamente dita, marca uma modificação 
decisiva no desenvolvimento mental” (Piaget, 
2005, p.40).
As principais conquistas que a criança alcança neste estágio são o domínio das 
operações intelectuais concretas - que vem substituir as intuições do estágio anterior, 
assinalando o começo da atividade lógica- e o aparecimento de sentimentos morais e 
sociais de cooperação.
Vamos examinar, a seguir, as importantes conquistas que o aparecimento da 
linguagem possibilita à criança neste estágio de sua vida, sobre o plano social, do 
pensamento, das operações racionais e afetivo.
A) Plano Social 
Enquanto as crianças menores de sete anos, ao exercerem atividade em conjunto, 
conversam sem se escutarem e não chegam a um acordo quanto à divisão de tarefas, 
parecendo que cada uma exerce a atividade a seu modo e de forma solitária, já a criança 
após sete anos consegue exercer uma atividade em comum, conversar com as outras 
crianças e refletir também sozinha quando necessário. Este estágio da vida infantil 
caracteriza-se por um duplo progresso: concentração individual e colaboração 
efetiva na vida comum.
Consequentemente, as principais características deste estágio são:
- desaparecimento da linguagem egocêntrica
- necessidade de conexão entre idéias e de justificação lógica (sobretudo no 
nível gramatical de sua linguagem)
- jogos com regras
- reflexão
Nas palavras de Piaget:
Do ponto de vista das relações interindividuais, a criança, depois dos sete 
anos, torna-se capaz de cooperar, porque não confunde mais seu próprio 
ponto de vista com o dos outros, dissociando-os mesmo para coordená-los. 
As discussões tornam-se possíveis, porque comportam compreensão a 
respeito dos pontos de vista do adversário e busca de justificações ou provas 
para a afirmação própria. A linguagem egocêntrica desaparece quase 
totalmente e os propósitos espontâneos da criança testemunham, pela própria 
estrutura gramatical, a necessidade de conexão entre as idéias e de 
justificação lógica.” (Piaget, 2005, p.41)
Quanto ao comportamento coletivo, a criança já se torna capaz de brincar de 
jogos com regras, ou seja, aqueles jogos executados em conjunto com regras fixas que 
precisam ser obedecidas por todos os participantes do jogo. Enquanto a criança com 
menos de sete anos joga à sua própria maneira sem coordenação com os outros 
participantes, a criança com mais de sete já consegue brincar respeitando as regras 
comuns do jogo. Por exemplo, a brincadeira coletiva com bolas de gude.
Paralelamente à capacidade de cooperar efetivamente e de discutir com as outras 
pessoas em prol de um objetivo comum, a criança torna-se capaz também de exercer a 
reflexão, ou seja, ela torna-se capaz de estabelecer uma discussão consigo mesma, 
como se falasse com interlocutores ou opositores reais e exteriores. Seria a capacidade 
de discutir com os outros uma interiorização da reflexão? Ou seria antes a reflexão uma 
discussão social interiorizada? Quem teria vindo primeiro: o ovo ou a galinha? Piaget 
recusa responder essa questão, pois considera os pólos individual e social como 
estritamente indissociáveis e interdependentes: “A conduta humana é ao mesmo tempo 
social e individual” (Piaget, 2005, p.42).
Essa capacidade de reflexão não se confunde com a linguagem egocêntrica, 
porque considera pontos de vistas distintos, tal como em uma discussão com 
interlocutores reais. Trata-se de uma discussão consigo mesmo e, por isso, interiorizada. 
O desaparecimento da linguagem egocêntrica permite à criança liberar-se do 
egocentrismo social e intelectual, o que terá consequência para a inteligência (dará 
início às operações lógicas) e para a afetividade (aparecerá o sentimento moral de 
cooperação e de autonomia pessoal).
B) Plano do Pensamento
Com o desaparecimento da linguagem egocêntrica as explicações que a criança 
empregava (finalistas, animistas e artificialistas) são substituídas por explicações 
mais racionais. E ela passa a compreender a noção de conservação, porque também 
passa a entender a noção de irreversibilidade. Assim, suas principais conquistas no 
plano do pensamento são:
- princípio da identidade (explicação por identificação)
- explicações atomistas (explicações a partir da noção de que um todo é 
composto por partes)
- conservação
- reversibilidade
Se perguntarmos a uma criança com menos de sete anos por que o sol nasce, a 
criança poderá dar uma explicação antropomórfica (a crença de que os objetos 
inanimados são como os homens é um tipo de animismo), respondendo que “o sol nasce 
porque nós nascemos”. Mas após os sete anos a criança poderá nos responder que “o sol 
nasce das nuvens”, por ter identificado no sol um elemento em comum com as nuvens. 
Esse é um tipo de explicação por identificação.
E se indagarmos à criança de sete anos sobre eventos de sua experiência mais 
cotidiana, ela irá ainda mais longe, nos dando explicações atomísticas, ou seja, 
explicações baseadas na noção de que um todo é constituído por partes. Por exemplo, se 
apresentarmos diante dela um copo com água e nele introduzirmos uma pedra de açúcar 
até ser inteiramente dissolvida e lhe perguntarmos se o açúcar após derretido permanece 
na água, ela dirá que sim – pois ela já entende que o copo de água com açúcar é um 
composto (todo) que contém água e açúcar (suas partes ou elementos). Essa é uma 
explicação atomista que permite à criança compreender também a noção de 
conservação da substância, pois ela entende que, apesar de o açúcar ter desaparecido 
de sua percepção visual, ainda assim ele permanece no copo de água. Se repetirmos essa 
experiência e lhe perguntamos se o copo manterá o mesmo peso depois de a pedra de 
açúcar ter sido derretida, ela dirá que não. Somente por volta de nove anos a criança 
compreenderá que o peso permanecerá o mesmo, pois só posteriormente ela entende a 
noção de conservação do peso. Por volta dos onze anos, ela torna-se capaz de 
responder que o volume do líquido no copo permanecerá o mesmo depois de o açúcar 
ter se dissolvido, pois somente nesta fase final do estágio Operatório Concreto ela 
compreende a noção de conservação do volume.
A capacidade de compreender a noção de conservação deve-se a uma outra 
importante noção que a criança deste estágio é capaz de compreender: a noção de 
reversibilidade, ou seja, a ideia de que os fenômenos podem ser invertidos e 
retornarem a seu ponto de partida. Antes de sete anos, a criança ainda não possui a 
noção de reversibilidade (conforme vimos no estágio pré-operatório no exemplo das 
bolas coloridas que atravessam um tubo). A criança com menos de sete anos pode 
compreender, por exemplo, que se enfileiramos o carro A, o carro B e carro C, 
percorrendo uma trajetória com a mesma velocidade, primeiro chegará o A, depois o B 
e depois o C. Mas somente depois de sete anos, ela entenderá que, após terem chegado 
ao final da trajetória e retornarem de marcha-ré, chegará primeiro A, depois o B e por 
fim o C. Para Piaget, a capacidade de pensar a reversibilidade é o que permite à criança 
compreender a conservação: “Com efeito, a verdadeira razão que leva as crianças deste 
período a admitir a conservação de uma substância ou de um peso, etc., não é a 
identidade, mas, sim, a possibilidade de retorno vigoroso ao ponto de partida” (Piaget,2005, p.46).
C) Plano das Operações Racionais
Por volta dos sete anos as intuições são substituídas pelas operações racionais. 
Uma operação é quando compomos uma terceira ação a partir de duas ações (por 
exemplo, a operação aritmética de adição) e podemos invertê-la (subtração). Portanto, 
as operações racionais supõem a reversibilidade, pois jamais existem de forma isolada 
(por exemplo, a multiplicação implica a divisão).
É também neste estágio que a criança torna-se capaz de efetuar as operações 
lógicas de seriação, classe e agrupamentos. Assim, a criança com mais de sete anos já 
consegue responder corretamente se há mais tabuletas azuis ou de madeira, quando 
apresentamos diante dele uma caixa com tabuletas de madeiras azuis e vermelhas – 
porque ela já pode distinguir classes de sub-classes (classe: tabuletas de madeiras, sub-
classe: tabuletas de madeira azuis e tabuletas de madeira vermelhas). Ela poderá 
compreender também, por exemplo, que ela pode ser ao mesmo tempo brasileira e sul-
americana, porque já entende que o continente contém países. As relações de conjunto 
mais simples ela consegue compreender. A criança consegue compreender relações de 
igualdade, por exemplo, deduz que se A=B e B=C, logo, A=C, sem precisar verificar na 
realidade concreta.
Então, as principais conquistas deste período da vida infantil resumem-se a:
- operações racionais (aritméticas, geométricas, mecânicas, físicas, etc.)
- reversibilidade
– seriação
– classes e agrupamentos
D) Plano Afetivo
A capacidade de realizar agrupamentos, distinguindo pontos de vistas e os 
coordenando, traz profundas mudanças na afetividade, que passa a caracterizar-se pelo 
aparecimento de novos sentimentos morais e pela organização da vontade. 
Esses novos sentimentos morais devem-se à evolução do sentimento de respeito 
unilateral ao sentimento de respeito mútuo. O respeito unilateral que a criança do 
estágio pré-operatório sentia pelos seus superiores lhes outorgando autoridade irrestrita 
é substituído pelo sentimento de que o respeito aos outros é subordinado a regras que 
resultam de um acordo comum. Não respeito mais os outros porque são superiores e 
possuem autoridade para serem obedecidos, mas sim porque concordamos que 
determinadas regras devem ser respeitadas. Nas palavras de Piaget: “A regra é 
respeitada não mais enquanto produto de uma vontade exterior, mas como resultado de 
um acordo explícito ou tácito” (Piaget, 2005, p.54). O sentimento mútuo acarreta 
transformações quanto ao sentimento de regra nas relações entre as crianças e nas 
relações das crianças com os adultos. Assim, aparecem os sentimentos de honestidade 
(em respeito ao acordo tácito), de companheirismo e de fair play (jogo limpo), por 
exemplo. A noção de mentira passa agora a ser compreendida inteiramente, pois resulta 
da violação de um acordo estabelecido por todos e compartilhado pela criança. O 
sentimento de justiça deixa de referir-se à realização da vontade de um superior; a 
justiça agora passa a ser concebida como a realização de uma regra compartilhada por 
todos. A criança com mais de sete anos passa a conceber a justiça a partir das noções de 
justiça distributiva (fundada na igualdade estrita) e de justiça retributiva (baseada 
nas intenções e circunstâncias). A justiça distributiva baseia-se na ideia de que todos são 
iguais, logos todos merecem ser respeitados e todos devem obedecer as regras coletivas. 
A justiça retributiva leva em consideração as circunstâncias particulares de aplicação da 
lei e as intenções dos envolvidos.
Esse conjunto de novos sentimentos morais leva à passagem da moral 
hetorônima à moral autônoma, ou seja, a moral da submissão (obediência à 
autoridade) é substituída pela moral da cooperação. A moral autônoma envolve uma 
regulação dos interesses pessoais em prol de interesses que são escolhidos como mais 
importantes por se coordenarem também a valores comuns e coletivos. É por um ato da 
vontade do indivíduo que ele decide seguir a lei moral, ao invés de ceder aos seus 
caprichos individuais ou mesmo ceder ao desejo dos outros. Para que a consciência 
moral organize-se desse modo conta-se com o ato da vontade, entendido como domínio 
das vontades fortes (as que se situam no plano coletivo) sobre as vontades fracas (as que 
resultam de um desejo individual).
Assim, de um modo geral, a afetividade durante o estágio Operatório Concreto 
tem como principais características:
− sentimento de respeito mútuo
− novos sentimentos morais (honestidade, companheirismo, fair play, 
sentimento de justiça distributiva e retributiva)
- moral autônoma (ato da vontade)
- BIBLIOGRAFIA:
PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
- QUESTÃO A SER RESPONDIDA:
- Quais são as principais características do estágio Operatório Concreto, nos planos social, do 
pensamento, das operações racionais e afetivo?

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